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Empreendedorismo




Empreendedorismo

 Conceito, Processos de Formação Social
Conjuntura Internacional e Estudos de Caso




         Prof. Ivan Jacomassi Junior




         Material de apoio para disciplina junto

            aos cursos de formação superior.




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Empreendedorismo




                                     Índice



Tema 01 – Por que Estudar Empreendedorismo                                      04



Parte 01 – Evolução Histórica

Tema 02 – Conceitualização: “Empreendedor”                                      06

Tema 03 – História do Empreendedorismo no Mundo                                 07

Tema 04 – História do Empreendedorismo no Brasil                                09

Tema 05 – Estudo de Caso – Barão de Mauá (Profª Camila Lopes)                   11

Tema 06 – Pesquisa Complementar – Delmiro Gouveia (Prof. Oswaldo)               30



Parte 02 – Formação Social de Empreendedores

Tema 07 – Perfil Empreendedor                                                   37

Tema 08 – Educação Empreendedora                                                41

Tema 08 – Debate sobre Modelo Educacional                                       47

Tema 09 – Estudo de Caso – Voando como a Água (Prof. Gretz)                     47

Tema 10 – Pesquisa Complementar – Pirâmide de Maslow                            49



Parte 03 – Ambiente e Empreendedorismo

Tema 11 – Empreendedorismo no Mundo                                             51

Tema 12 – Fatores de Pressão sobre a Atividade Empreendedora                    52

Tema 12 – Debate sobre a Divisão da Riqueza no Mundo                            57

Tema 13 – Características do Empreendedorismo no Mundo                          58

Tema 13 – Debate sobre a Conjuntura Internacional                               65


                                             Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior   -    Pág. 2
Empreendedorismo


Tema 13 – Debate sobre os Fatores de Pressão no Brasil                            65

Tema 14 – Estudo de Caso – Empreend. e Desenvolvimento (Prof. Ronney)             66

Tema 15 – Pesquisa Complementar – Agregando Conhecimentos                         79



Parte 04 – Especial – Empreendedorismo, Burocracia e Legalidade

Tema 16 – Legalidade de Empreendimentos                                           80

Tema 17 – Documentação                                                            82

Tema 18 – Questão para Discussão – Burocracia Necessária                          90

Tema 19 – Estudo de Caso – Desburocratização                                      90




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Empreendedorismo


Tema 01 – Por que estudar Empreendedorismo ?


        Preliminarmente, antes de iniciarmos nossos estudos, devemos situar a disciplina frente
ao curso, bem como as expectativas inerentes à mesma. Veja, quando pensamos em
empreendedorismo, podemos ser induzidos a pensar que iremos aprender a abrir um negócio,
pois empreendedor é aquele que abre empresas, correto ? Errado !
        Com certeza podemos antecipar a você aluno, que o foco desta matéria NÃO É A
ABERTURA DE EMPRESAS, embora inevitavelmente tratemos deste assunto de forma até
rotineira ao longo do conteúdo. Seja em qual curso você estiver, existem duas classes de
disciplinas:

                - Específicas; e
                - Generalistas.

        As matérias específicas são típicos ferramentais de trabalho do profissional, quando o
mesmo exerce seu ofício. Exemplo: Para o curso de Engenharia existe a disciplina específica de
“Elaboração de Projetos”, que é ferramenta básica de trabalho do engenheiro. Já no mesmo
curso podemos dizer que a disciplina “Matemática” é generalista, pois não se trata da aplicação
das fórmulas em si, pois são vistas de forma abstrata, o que se faz é criar uma visão geral no
discente que possibilite a aplicação do ferramental futuramente.
        O mesmo podemos dizer de “Empreendedorismo”, não estamos aqui buscando o fim
em si, mas criando o meio.
        Aqui temos a pergunta correta: Qual meio busca a disciplina Empreendedorismo ?
        Pois bem, estaremos estudando, de forma geral, algumas dinâmicas 1:

                - Comportamento Humano;
                - Psique profissional;
                - Conjuntura nacional;
                - Mercados;
                - Legislação;

        Assim, nesta matéria estaremos buscando a construção junto ao aluno, de paradigmas 2
pessoais de comportamento favoráveis. Estaremos analisando o perfil de um indivíduo
empreendedor, suas características e individualidades.


1 Por “dinâmica” estamos inferindo relações entre diversos processos e procedimentos, no sentido de
situações em constante mudança, ou seja, não estáticas.
2 Modelo, padrão de regras, segundo as quais as pessoas procuram solucionar seus problemas e obter
sucesso.

                                                     Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior    -   Pág. 4
Empreendedorismo


        Analisaremos o perfil profissional procurado pelas empresas, e cruzando-o com as
características empreendedoras, ou seja, veremos o empreendedor frente ao mercado de
trabalho. Faremos uma avaliação da conjuntura estrutural do país e os fatores que interferem
diretamente na criação e fomento empreendedor, através de dois estudos básicos: a) As
inteligências humanas frente ao modelo educacional brasileiro e b) Os fatores de
fomento/regresso da classe empreendedora no Brasil.
        Após, faremos ainda um estudo complementar comparado da dinâmica nacional (letra
“b” parágrafo anterior) frente a outras economias no mundo e avaliaremos as conseqüências
econômico-sociais destas combinações.
        Ainda, realizaremos um diagnóstico do cenário brasileiro da burocracia x incolumidade
pública x celeridade empresarial.


Estrutura de Tópicos junto a Disciplina:


Parte 01 – Evolução Histórica
     Conceitualização: “Empreendedor”;
     História do Empreendedorismo no Mundo;
     História do Empreendedorismo no Brasil;
     Estudo de Caso: “Empreend. no Brasil e o Processo de Inovação – Profª Camila Lopes”;
     Pesquisa Complementar – Delmiro Gouveia.
Parte 02 – Formação Social de Empreendedores
     Perfil Empreendedor;
     Educação Empreendedora;
     Estudo de Caso: “Voando como a Águia – Prof. Gretz”;
     Pesquisa Complementar – Pirâmide de Maslow.
Parte 03 – Ambiente e Empreendedorismo
     Empreendedorismo no Mundo;
     Fatores de Pressão sobre a Atividade Empreendedora;
     Características do Empreendedorismo no Mundo;
     Estudo de Caso: “Empreendedorismo e Desenvolvimento – Prof. Ronney R. Mamede”.
Parte 04 – Especial: Empreendedorismo, Burocracia e Legalidade
     Legalidade de Empreendimentos;
     Documentação;
     Desafio Governamental: Equilíbrio entre Segurança e Celeridade.
     Estudo de Caso: “Desburocratização - Prof. Ivan Jacomassi Junior”.



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Empreendedorismo



Parte 01 – Evolução Histórica


       Nesta parte estaremos posicionando o discente quanto ao conceito de “Empreendedor”,
“Empreendedorismo” e “Intra-Empreendedorismo”, para depois realizar uma análise histórica
do objeto de estudo, entendendo seu reconhecimento pelos estudiosos, sua evolução e
compreendendo seu papel e postura frente à sociedade atual.


Tema 02 - Conceitualização: “Empreendedor”;


Definições:


      Empreender: Intentar, levar à efeito, dar princípio;


      Empreendedorismo: Designa estudos relativos ao Empreendedor, seu perfil profissional
       e pessoal, suas origens, seu sistema de atividades e universo de atuação.


      Empreendedor: “O Empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa
       aos fatos e tem uma visão futura da organização” (José Carlos Assis Dornelas).


       “Empreendedor” qualifica o indivíduo com características de:
                  Pró-atividade;
                  Inovação;
                  Dedicação à gestão e ao trabalho;
                  Visão de mercado;
                  Geração de riquezas.


      Intra-Empreendedorismo: O conceito de intra-empreendedorismo foi estabelecido há
       duas décadas, mas as empresas não estavam dispostas a dar aos empregados a
       liberdade para criar e, conseqüentemente, errar e oferecer-lhes um orçamento para
       financiar inovação. Além do mais, não queriam arcar com os custos dos erros que
       inevitavelmente acontecem no percurso. Hoje esse conceito já está muito difundido e
       valorizado nas organizações. O intra-empreendedorismo (intrapreneuring) é um sistema
       para acelerar as inovações dentro de grandes empresas, através do uso melhor dos seus
       talentos empreendedores. É um sistema que oferece uma maneira saudável para se
       reagir aos desafios empresariais do novo milênio.


                                                    Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior    -   Pág. 6
Empreendedorismo


       Ainda, a visão do capital em uma economia moderna sofreu profundas alterações.


                                                       Financeiro ($)
                       Capital
                                                       Intelectual


       Veja, o empreendedor muitas vezes possui pouco capital financeiro, mas maciço capital
intelectual. Empreendedorismo, sob o prisma social está além do simples ato de criar empresas,
está vinculado à geração de valor para a nação.
       O Administrador e o Empreendedor, embora semelhantes quanto ao ato de gerir
negócios, não se confundem enquanto personagens atuantes no mundo econômico, pelo fato
de a Administração ser uma Ciência Social Aplicada, um verdadeiro conjunto de técnicas e
métodos para melhoria dos negócios, enquanto que o Empreendedor corresponde a uma
espécie de habilidade, nata ou adquirida, ou um verdadeiro estado de espírito, mas
relembrando que ambas se encontram (Administração e Empreendedorismo) no objetivo
comum do desenvolvimento econômico do mercado.



        “O empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, deve saber persuadir
        terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá
        levar todos a uma situação confortável no futuro. Utilizando energia e perseverança,
        e uma grande dose de paixão constrói algo a partir do nada e continua em frente,
        apesar de obstáculos, armadilhas e da solidão. O empreendedor é alguém que
        acredita que pode colocar a sorte a seu favor, por entender que ela é produto de
        trabalho duro”.



Tema 03 - História do Empreendedorismo no Mundo


                  “Se considerarmos a evolução humana, pode-se dizer que o homem primitivo
                  já possuía uma veia empreendedora. Naquela época, para sobreviver era
                  necessário construir diversas ferramentas que tinham por objetivo agilizar a
                  caça de animais. Para se ter uma idéia, o Homo Habilis, um dos ancestrais da
                  atual raça humana, surgiu há aproximadamente 2 milhões de anos, e já
                  possuía hábitos de caça. Milhares de anos se passaram e um importante salto
                  para o empreendedorismo ocorreu com as grandes civilizações antigas. Um
                  bom exemplo são os egípcios, famosos por suas pirâmides. Para construir


                                                   Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior    -   Pág. 7
Empreendedorismo


                      uma dessas maravilhas, estima-se que eram necessários 30 mil homens e 20
                      anos de trabalho. Na agricultura pode-se observar a perspicácia desse povo,
                      que aproveitava a cheia do rio Nilo para preparar a terra para o plantio da
                      safra seguinte. Além disso, eles foram muito importantes para áreas como a
                      matemática e a engenharia.” 3


            Aproximando-nos da fase contemporânea, no início da teoria econômica com Adam
        4
Smith       até muito recentemente, os economistas explicavam o desenvolvimento das nações
como resultado de três variáveis:


    “Mão-de-obra barata, matéria prima abundante e capital disponível para investimentos.”


            Hoje se sabe que existem duas outras variáveis, provavelmente mais importantes que as
demais:


                              A “Tecnologia” 5 e o “Empreendedorismo”.


            Muito embora o ato de empreender exista há milênios, o termo Empreendedor surgiu
originalmente na França (Entrepreneur), para designar indivíduos que incentivavam brigas.
Posteriormente, entre os séculos XVII e XVIII, passou a ser empregada com objetivo de designar
pessoas ousadas, que auxiliavam no processo de desenvolvimento econômico do país, pelas
suas práticas adequadas.
            Posteriormente, no século XIX o economista francês Jean Baptiste Say conceituou o
Empreendedor como verdadeiro agente econômico, um indivíduo capaz de elevar recursos de
baixa para a alta produtividade.
            Peter Ferdinand Drucker 6 (1909 – 2005), filósofo e economista Austríaco, considerado o
pai da Administração Moderna, ampliou o conceito de empreendedorismo, articulando junto ao
conceito do profissional inovador e pró-ativo, capaz de gerar valor conforme expôs Jean, aquele
indivíduo que é capaz de aproveitar oportunidades para promover mudanças.

3 Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/empreendedorismo-origem-e-desafios-
para-o-brasil-do-seculo-xxi/33075/
4 Pai da economia moderna, é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico. Autor de
"Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", a sua obra mais conhecida, e que
continua sendo referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar que a riqueza das
nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos apenas pelo seu próprio interesse (self-interest),
promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica.
5 Termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados
e/ou utilizados a partir de tal conhecimento
6 Uma importante teoria de Drucker afirmava que a empresa que apresentasse condições de vender o
produto/serviço certo, para o cliente certo, com distribuição adequada, preço justo e momento oportuno
teria um esforço de vendas equivalente à zero, pela correta equação da oferta pela demanda.

                                                        Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior      -   Pág. 8
Empreendedorismo


        E este é um dos pontos chave do ato empreendedor, pela capacidade de responder a
fórmula do “problema”, ou seja, enquanto a maioria das pessoas a interpreta da seguinte forma:


                                 Problema = Frustração

        Par o empreendedor:


                               Problema = Oportunidade
                                                ou
                   Problema + Solução = Riqueza + Satisfação

        Enquanto a maioria das pessoas entra em profundo estado de abalo emocional diante
de circunstâncias desfavoráveis, o sujeito empreendedor vislumbra a chance de criar soluções,
conseqüentemente realizando bons negócios e instaurando um Status Quo 7 de satisfação social
pela problemática resolvida.
        Importante também diferenciar historicamente o Empreendedor do Capitalista, sendo
que o segundo, após a revolução industrial iniciada no século XVIII 8, demonstrou sua verdadeira
vocação, ou seja, a financeira pura e simples, enquanto que o primeiro possui uma conotação de
vocação ao verdadeiro desenvolvimento econômico-social.


Tema 04 – História do Empreendedorismo no Brasil


        Foi a partir do século XVII que os portugueses, percebendo a imensidão e o grande
potencial de exploração do território brasileiro, começaram a ocupar definitivamente essas
terras, distribuindo-as aos cidadãos portugueses, vindos principalmente da região de Açores.
        Dentre os homens que realizaram os mais diversos empreendimentos (muitos deles à
custa de trabalho escravo degradante), um merece destaque: Irineu Evangelista de Sousa, o
Barão de Mauá. Descendente dos primeiros empreendedores portugueses, ele foi responsável
pela fabricação de caldeiras de máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas,




7
  Expressão Latina que significa “na situação” ou “no estado”. Comumente empregada para designar uma
característica de situação ou estado emocional.
8
  A revolução industrial consistiu em um conjunto de mudanças de ordem técnica e tecnológica, que
revolucionaram a sistemática dos meios de produção, ampliando sobremaneira a capacidade de criação
de bens de consumo, mas também minimizando o papel da mão de obra.

                                                     Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior     -   Pág. 9
Empreendedorismo


armas e tubos para encanamentos de água. Foi responsável também pelos seguintes
empreendimentos:
       Organização de companhias de navegação a vapor no Rio Grande do Sul e no Amazonas;
       Implantação, em 1852, da primeira ferrovia brasileira, entre Petrópolis e Rio de Janeiro;
       Implantação de uma companhia de gás para a iluminação pública do Rio e Janeiro, em
        1854;
       Inauguração do trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do
        país, entre Petrópolis e Juiz de Fora, em 1856.


        Seu legado foi tamanho que ele ainda hoje é reconhecido como uns dos primeiros
grandes empreendedores do Brasil.
        Entretanto, o empreendedorismo começou a ganhar força de forma geral no país a
partir da década de 1990.
        Com grande volume de produtos importados, especialmente pela intensificação da
globalização econômica e instituição de uma moeda estável e valorizada (Real - R$) houve
relativo controle dos preços, mas criou-se também condições de competitividade por diversas
vezes desfavoráveis às empresas brasileiras, favorecendo a atuação de estrangeiros com perfil
diferenciado (Empreendedores).
        Destacam-se as condições adversas especialmente nos setores de brinquedos,
eletrônicos e roupas.
        Portanto, com a formação de um novo paradigma de mercado, ações antes
consideradas eficientes do ponto de vista mercadológico precisaram ser redesenhadas,
repensadas e redirecionadas, fato possível somente entre empresas com posturas inovadoras,
flexíveis e visionárias.
        Mudanças na postura e políticas internacionais brasileiras favoreceram a vinda de
investimentos estrangeiros, que potencializaram a criação de renda e PIB Nacional.
        O Brasil demonstra grande vocação empreendedora, segundo o relatório executivo de
2000 do Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2000), o país possui uma relação entre adultos
que começam um novo negócio em relação ao total populacional bastante aguerrida:


                       Brasil: 1/8 (leia-se hum para cada oito adultos);
                       EUA: 1/10;
                       Austrália: 1/12;
                       Alemanha: 1/25;
                       Reino Unido: 1/33;


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Empreendedorismo


                       Finlândia e Suécia: 1/50;
                       Irlanda e Japão: 1/100.


        Evidente que alguns fatores influenciam iniciativas deste tipo, como renda média
assalariada e estabilidade de emprego, fato que por vezes desacelera o processo empreendedor
em países ricos, mas ressalte-se que nos EUA, grande potência mundial, o empreendedorismo é
bastante difundido.
        Outro ponto a mencionar-se é que a atividade empreendedora no país está relacionada,
proporcionalmente, na sua grande maioria junto ao público jovem, sendo que mais da metade
dos empreendedores brasileiros possuem menos de 35 anos de idade, e somente 3% dos
empreendedores possuem idade acima dos 55 anos.
        Esta jovialidade certamente possui ligação direta com o fato de o empreendedorismo
ter se acelerado somente recentemente, como demonstrado no início do presente tema.
        Ainda, este perfil empreendedor demonstra fatores favoráveis e desfavoráveis:

                   Prós:
                   Iniciativa;
                   Adaptabilidade;
                   Criatividade;
                   Facilidade de lidar com tecnologia.

                   Contra:
                   Inexperiência;
                   Baixa visão de risco;
                   Impulsividade;
                   Recusa à metodologias antigas.


Tema 05 – Estudo de Caso - O Empreendedorismo no Brasil e o Processo de Inovação:
O Caso Mauá 9


Transcrição do Artigo:


        Este artigo mostra um exemplo de empreendedorismo que alia conhecimento e
inovação, ao relacionar a vida de Irineu Evangelista de Sousa (Barão de Mauá) com o tema


9 Artigo Publicado em: http://www.ead.fea.usp.br/semead/11semead/resultado/trabalhosPDF/197.pdf.
Autores: LOPES, Camila Papa. SANTOS, Moacir Bispo dos. CLARO, José Alberto Carvalho dos Santos.

                                                    Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior   -   Pág. 11
Empreendedorismo


do empreendedorismo, passando pelas leituras de McClelland, Schumpeter, Vries,
Thimmmons, Say, Dornellas, Empretec pelo Sebrae, que tratam do comportamento
empreendedor e Caldeira, que aborda especificamente a história de Mauá, utilizando-se
para tal a análise comparativa entre estes para mostrar a contribuição do Barão de Mauá
para o desenvolvimento do Brasil, pelos negócios estabelecidos no século XIX, identificando
a capacidade administrativa e o pioneirismo no processo de industrialização brasileira.
Questiona-se como o processo de inovação no Brasil deve sua história ao
empreendedorismo a partir de pioneiros que alavancaram nossa economia e
administração? Adotou-se o exemplo de Irineu Evangelista de Sousa como o empreendedor
da inovação a partir de um estudo qualitativo descritivo, de forma a contextualizar a
realidade do empreendedorismo no Brasil e como foi consolidada sua estrutura. A pesquisa
entre o que a literatura estabelece como comportamento empreendedor e a postura do
Barão de Mauá mostra quais características são consideradas no empreendedor para definir
a competência para o sucesso nos negócios, como um exemplo de que a inovação é
perpetuada pelas características empreendedoras.


             “Palavras-chave: Empreendedorismo. Administração. Barão de Mauá”


Introdução


       O empreendedorismo é um tema que ganhou espaço nos estudos administrativos
nos últimos anos. A globalização e as modificações nas relações de trabalho fazem com que
indivíduos partam para áreas inexploradas, dando importância às idéias e sonhos e criando
o próprio negócio. Esse contexto, denominado empreendedorismo, pode ser definido como
um conjunto de hábitos e características pessoais que tem como base a captação de idéias e
iniciativas, transformando-as em oportunidades de negócio.
       Este trabalho tem como premissa que o empreendedorismo também é uma
característica pessoal, uma vez que muitos estudos realizados sobre a personalidade dos
empreendedores concluem que o sucesso do empreendimento depende dos seus
comportamentos.
       Pela história de empreendedores famosos, observa-se que estes indivíduos
ultrapassaram seus limites, enfrentando e superando as dificuldades, tanto da época quanto
pessoais e desenvolveram negócios lucrativos e duradouros. Mesmo quando não tiveram



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Empreendedorismo


êxito em um primeiro momento, não desistiram e recomeçaram. Nesse sentido se
apresenta a história do Barão/Visconde de Mauá.
       Os empreendedores são pessoas diferentes, com comportamentos que se
diferenciam do senso comum, possuem motivação singular, são apaixonados pelas
atividades que desenvolvem, não se contentam em ser mais, querem ser reconhecidos,
admirados, referenciados e imitados, querem deixar seu legado, sua história, e muitos o
deixam.
       O estudo do empreendedorismo compreende a análise do ser humano a partir do
desenvolvimento e execução de idéias e oportunidades, bem como a criação do negócio
pelas iniciativas individuais. Este campo de estudos tem sido explorado de forma crescente
nos últimos anos, à medida que se passou a enxergar a importância do indivíduo e do
estímulo à criatividade.
       No geral, os empreendedores são pessoas que se dispõem a vislumbrar e criar
oportunidades e fazer acontecer, lutar pela sua consecução, para por em prática suas idéias
e gerar um ou mais negócios. Além disso, os empreendedores são essenciais no mercado,
pois eles são agentes de inovação, estimulam a criatividade.
       Considerando que os indivíduos se desenvolvem a partir de sua relação com o meio
ambiente, a partir da conduta cultural e social, observa-se que seu comportamento pode
ser definido como “contínuo desenvolvimento orgânico” constituído pela produção de uma
forma particular de padrão cultural, ou seja, como a cultura influencia comportamentos
direcionados a criação de negócios e como este comportamento contribui para definir o
ambiente de negócios de forma temporal e regional.
       Faz-se uma reflexão sobre a relação do comportamento humano e a atitude
empreendedora, como um fator intrínseco ao conhecimento, algo que pode ser
desenvolvido ao decorrer da vida de um indivíduo e da cultura onde ele cresceu,
conceituada como uma programação coletiva da mente, conhecimentos, que distinguem os
indivíduos.
       Os empreendedores realizam leituras e interpretações diferenciadas da realidade e
colocam em prática seus conhecimentos para gerar inovação com diferentes aplicações, em
espaços e momentos históricos distintos. O conhecimento traz a capacidade de identificar
oportunidades e o empreendedorismo de colocá-las em prática, a partir de
comportamentos humanos.




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Empreendedorismo


       Este artigo aborda o comportamento empreendedor pela história de Irineu
Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, cujo título é atribuído às suas obras inovadoras, que
contribuíram para o processo de desenvolvimento do Brasil.


Metodologia


       O artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa qualitativa descritiva, definida por
Charoux (2006) como pesquisa que descreve e classifica características de uma situação e
estabelece conexões entre a base teórico-conceitual existente ou mesmo de outros
trabalhos já realizados. Para a autora: “Esse tipo de pesquisa pressupõe uma boa base de
conhecimentos anteriores sobre o problema estudado, já que a situação-problema é
conhecida, bastando descrever seu comportamento. As respostas encontradas nesse tipo
de pesquisa informam como determinado problema ocorre”.
       A descrição baseia-se na história de Irineu Evangelista, o Barão de Mauá, sua
trajetória no mundo dos negócios e como seu comportamento empreendedor influenciou
no processo de inovação no Brasil.
       Parte-se do conteúdo teórico sobre empreendedorismo e comportamento
empreendedor, em seguida é feito um levantamento histórico sobre as inovações
propiciadas por Mauá e por fim é apresentada uma análise comparativa entre as
características do comportamento do Barão de Mauá evidenciadas na obra de Caldeira com
as teorias sobre o empreendedorismo como forma de identificar quais dessas características
embasaram o alcance do sucesso nos negócios, também para mostrar a relação entre
conhecimento, empreendedorismo e inovação.


O Estudo teórico do Empreendedorismo


       O empreendedorismo pode ser analisado por meio de focos de estudo, destacando-
se a fenomenologia, que observa atitudes e características do indivíduo, que formam suas
competências para conduzir a teoria a partir do que o indivíduo faz, o que o motiva; e
outros que focam o comportamento empreendedor por uma definição e a ele são
relacionadas   atitudes    concernentes     a   atividade   empresarial.    O   conceito    de
empreendedorismo provém da palavra empreendedor (Entrepreneur) tem origem francesa e
significa “aquele que assume riscos e começa algo novo” (HIRISH, 1986).




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Empreendedorismo


       Para Carland, Hoy e Boulton (1984), o empreendedorismo constitui-se em um
conjunto de comportamentos e de hábitos que podem ser adquiridos, praticados e
reforçados nos indivíduos, ao submetê-los a um programa de capacitação adequado de
forma a torná-los capazes de gerir e aproveitar oportunidades, melhorar processos e
inventar negócios. O espírito do empreendedorismo compreende a busca permanente de
novos produtos, conceitos, métodos e mercados, aliados com habilidades na execução de
todas as atividades operacionais, contemplando um plano gestor para gerir as compras,
produção, vendas, entregas, administração, planejamento, cronogramas, orçamentos,
contabilidade etc.
       Filion (1997) conceitua o empreendedor como um indivíduo criativo, que possui a
capacidade de determinar e alcançar objetivos, com alto nível de consciência do ambiente
em que atua, usando as mudanças como forma para identificar oportunidades de negócio.
       Mintzberget al (2000) relaciona o empreendedorismo a estratégias de inovação,
definindo como características do empreendedor a busca por oportunidades, centralização
de poder, capacidade de lidar com o risco para conquistar lucros e sucesso nos negócios,
sendo estimulado pela necessidade de realização.
       Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE,
2008), o empreendedorismo é a arte de fazer acontecer com criatividade e motivação. Consiste
no prazer de realizar com sinergismo e inovação qualquer projeto pessoal ou organizacional, em
desafio permanente às oportunidades e riscos. É assumir um comportamento proativo diante de
questões que precisam ser resolvidas. O empreendedorismo é o despertar do indivíduo para o
aproveitamento integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. É a busca do
autoconhecimento em processo de aprendizado permanente, em atitude de abertura para
novas experiências e novos paradigmas.
       A teoria relacionada ao empreendedorismo considerada mais importante é a do
economista austríaco Schumpeter, que associa o empreendedor ao desenvolvimento
econômico, a inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. Os estudos
sobre o comportamento do empreendedor versam pela hipótese de que o sucesso do novo
empreendimento depende essencialmente disto. “O empreendedor é o agente do processo
de destruição criativa. É o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor
capitalista, constantemente criando novos produtos, novos mercados e, implacavelmente,
sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros” (SCHUMPETER, 1934).
       Para Schumpeter (1934), o empreendedorismo constitui-se na busca de inovações
como um diferencial competitivo, a partir da percepção e identificação de oportunidades de


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negócio, no desejo de concretizar e tornar um sucesso novo ou novos empreendimentos,
mas também de gerar inovação em processos e utilizar recursos de formas variadas visando
resultados positivos. Neste foco, o autor define o empreendedor como o agente do
processo de “destruição criativa”, um indivíduo que tem como competência a criação de
novidades de forma que estas possam contribuir para o desenvolvimento de um país, o
motor do capitalismo que gera riquezas e cria produtos, processos e mercados sustentáveis.
       Say (1983), representante da escola clássica francesa - que estuda o empreendedor
e o lucro, define o empreendedor como aquele que é remunerado pelo lucro. Para o autor,
o empreendedor é responsável por reunir todos os fatores de produção e descobrir, no
valor dos produtos, a reorganização de todo capital empregado, o valor dos salários, os
juros, o aluguel, bem como os lucros que lhe pertencem, ou seja, uma definição de
empreendedorismo centrada nos negócios.
       Para   McClelland    (1961)   não    existe   uma   relação    condicionante     entre
empreendedorismo e a abertura de negócios, mas o que contribui para essa associação é a
necessidade de realização do indivíduo, que é o ponto chave para o desenvolvimento de
suas demais características que o tornam empreendedor.


Comportamento Empreendedor


       Os indivíduos considerados como empreendedores têm um comportamento
diferenciado, conforme se observa nas definições de empreendedorismo. Neste contexto,
são analisados e discutidos seus comportamentos para facilitar o entendimento das
variáveis do empreendedorismo, como um conjunto de características psicológicas e sociais
relativamente estáveis que influenciam a maneira pela qual o indivíduo interage com seu
ambiente (LEZANA; TONELLI, 1998)
       Para Gerber (1996), a personalidade empreendedora transforma uma condição
qualquer em oportunidade, como por exemplo, mudanças no ambiente físico, uma chuva,
pode representar uma oportunidade para um indivíduo de vender guarda-chuva, enquanto
que a grande maioria dos indivíduos irá reclamar pelo incômodo.
       Um dos primeiros trabalhos realizados sobre as características comportamentais dos
empreendedores foi desenvolvido por David McClelland, na Universidade de Harvard, em
1961, uma teoria sobre a motivação psicológica, baseada na crença de que o estudo da
motivação contribui significativamente para o entendimento do empreendedor. Segundo
sua teoria, os indivíduos são motivados por três grupos de necessidades:

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Empreendedorismo




                 1. Necessidade de realização
                 2. Necessidade de poder
                 3. Necessidade de afiliação


       Um estudo mais direcionado para a formação do empreendedor foi elaborado a
partir da teoria de McClelland, resultando num curso realizado pelas Organizações das
Nações Unidas - ONU para a formação de empreendedores que pudessem criar negócios de
sucesso. Este curso foi trazido para Brasil na década de 80, sendo denominado Empretec
pelo Sebrae, com uma metodologia que testa os comportamentos empreendedores. Estes
comportamentos foram divididos em quatro grupos de características: necessidades,
conhecimentos, habilidades e valores, gerando quarenta características empreendedoras,
conforme Quadro 1 (NANNI et al., 2006).


   GRUPO DAS NECESSIDADES                       GRUPO DOS CONHECIMENTOS
   1. Aprovação/Reconhecimento                  9. Aspectos técnicos relacionados com o
                                                negócio
   2. Independência/Autonomia                   10. Experiência na área comercial
   3. Desenvolvimento pessoal                   11. Escolaridade
   4. Segurança                                 12. Experiência em empresas
   5. Auto-realização                           13. Formação complementar
   6. Qualidade e eficiência                    14. Vivência com situações novas
   7. Poder/Status
   8. Inovação/iniciativa
   GRUPO DAS HABILIDADES                        GRUPO DOS VALORES
   15. Identificação de novas oportunidades-    28. Existenciais
   visionárias
   16. Valoração de oportunidades               29. Estéticos
   17. Criatividade                             30. Intelectuais
   18. Comunicação persuasiva                   31. Morais
   19. Negociação                               32. Éticos
   20. Aquisição de Informações                 33. Religiosos
   21. Resolução de problemas                   34. Autoconfiança
   22. Alcançar metas                           35. Autenticidade


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   23. Motivação e decisão                        36. Lealdade
   24. Organização                                37. Ambição
   25. Flexibilidade                              38. Disposição ao risco
   26. Controle racional dos impulsos             39. Perseverança – persistência
   27. Resiliência                                40. Familiares


       De acordo com McClelland (1961), a necessidade de realização é a que o indivíduo
tem de testar seus limites, de executar um bom trabalho. É a necessidade relativa às
realizações pessoais. Indivíduos com alta necessidade de realização geram mudanças em
suas vidas, estabelecem metas realistas e realizáveis e buscam situações competitivas. O
estudo comprovou que a necessidade de realização é a primeira identificada entre os
empreendedores bem sucedidos. A segunda é a necessidade de realização que impulsiona
as pessoas a criar um empreendimento. A necessidade de afiliação existe apenas quando há
alguma preocupação em estabelecer, manter ou recuperar relações emocionais positivas
com outros indivíduos. A necessidade de poder é caracterizada principalmente pela forte
preocupação em exercer poder sobre outros indivíduos.
       McClelland (1972) relaciona o comportamento dos empreendedores à necessidade
de sucesso, de reconhecimento, e ao desejo de poder e de controle, pela vontade do
indivíduo de se superar e evoluir, o que relaciona características psicológicas e atitudinais
tais como tendência ao risco, iniciativa e desejo de reconhecimento.
       Outro enfoque sobre o comportamento dos empreendedores é a pesquisa de
Abraham Zaleznik e Manfred Kets de Vries (KETS DE VRIES, 1997), que caracterizaram os
empreendedores como pessoas profundamente influenciadas por uma infância turbulenta e
conflitante, cujas vidas eram sofridas com temas reais ou imaginários de pobreza,
depravação, morte significativa e solidão. Deste modo, acreditam que o empreendedor é
motivado por sentimentos persistentes de insatisfação, rejeição e impotência, derivados de
conflitos relacionados com os pais. Esta situação geraria uma ação psicológica que
necessitaria de compensação para aliviar estes conflitos dolorosos, os quais poderiam
induzir a uma ação auto-destrutiva, impulsionando-o à esforços criativos e inovativos. Estes
últimos se associam com o desenvolvimento de esforços relacionados com a criação e
desenvolvimento de empreendimentos.
       Os autores também consideram o empreendedor como um ator em um teatro
empresarial, que inclui necessidade de aplauso, e defesas psicológicas, tais como projeção e
ruptura.   Assim       estabeleceram    seis   elementos    constituintes   da      personalidade


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empreendedora: meio ambiente turbulento; esquiva em relação as normas autoritárias dos
pais; sentimento de rejeição; sentimentos dolorosos de raiva, hostilidade e culpa;
identidade confusa (identificação com a personalidade causadora de dor); adota modelos
reativos para sentimentos dolorosos (culpa, rebelião e impulsividade).
       A partir dos seis elementos, acreditam que o sucesso do negócio é afetado pela
personalidade do empreendedor, que precisa se identificar fortemente com o
empreendimento e depende disto para manter sua auto-estima e sua necessidade de
controle (MANTOVANI; BORGES, 2006).
       Outro estudioso sobre comportamento empreendedor é Thimmons (1994), que
junto com seus colaboradores, pesquisou os atributos de personalidade dos
empreendedores. Seu estudo representa uma síntese de mais de 50 pesquisas compiladas
da literatura acerca de atributos e comportamentos dos empreendedores bem sucedidos.
Verifica-se a seguir uma síntese de suas constatações:


       1. Comprometimento, determinação e perseverança;
       2. Guiados pela auto-realização e crescimento;
       3. Senso de oportunidade e orientação por metas;
       4. Tomam iniciativas por responsabilidades pessoais;
       5. Persistência na resolução de problemas;
       6. Conscientização e senso de humor;
       7. Buscam obter feedback;
       8. Controle racional dos impulsos;
       9. Tolerância ao stress, ambigüidade e incerteza;
       10. Procuram correr riscos moderados;
       11. Pouca necessidade de status e poder;
       12. Íntegros e confiáveis;
       13. Decididos, urgentes e pacientes;
       14. Lidam bem com o fracasso;
       15. Formador de equipes.


       Dornelas (2001) resume as características dos empreendedores no Brasil:


       1. Busca de oportunidades e iniciativas;
       2. Persistência;

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       3. Correr riscos calculados;
       4. Exigência de qualidade e eficiência;
       5. Comprometimento;
       6. Busca de informações;
       7. Estabelecimento de metas;
       8. Planejamento e monitoramento sistemático;
       9. Persuasão e rede de contatos;
       10. Independência e Autoconfiança.


       Segundo Bastos (1998), o comportamento empreendedor parte de um mecanismo
que indivíduos utilizam para dar resposta a um determinado evento na busca de satisfazer
um conjunto de necessidades relativas ao sucesso nos negócios. Assim, o processo
comportamental do empreendedorismo tem início a partir da identificação de uma
oportunidade com a necessidade de assumir riscos e estruturar o negócio, pelo
conhecimento e ação.


Uma breve análise histórica de Irineu Evangelista de Sousa


       Para retratar a realidade histórica e de que forma este evoluiu no Brasil no âmbito
do empreendedorismo, faz um retrocesso por volta dos anos de 1680 e 1777, onde os
limites do Sul do Brasil eram disputados entre Espanhóis e Portugueses, e as diferenças
eram resolvidas na guerra, ficando a divisa no lugar determinado pelo último combate, até
que uma nova investida ou tratado de paz negociado na Europa modificasse a situação.
Nesta época, os Portugueses se instalaram às margens do Prata bem em frente a Buenos
Aires, os Espanhóis chegaram a tomar a ilha de Santa Catarina, mas nenhum dos dois lados
conseguia sacramentar suas vitórias, e a fronteira alterava-se a cada investida bem-sucedida
do adversário.
       Desde o início, estas terras tinham se mostrado como excelentes criadouros natural
de gado, com milhares de cavalos e bois se multiplicando soltos e sem donos, atrativo para
aventureiros a busca de riqueza e brigas constantes. A coroa portuguesa, interessada na
ocupação do território, distribuía generosamente títulos de terra na zona de litígio (apesar
de que a assinatura do Rei naquela região não dizia muita coisa), a maioria dos portugueses
eram da região de Açores (super-povoada na época). Em meio a este contexto, em 1792,
chegou o avô materno de Irineu Evangelista de Sousa, José Batista de Carvalho, que

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Empreendedorismo


estabeleceu um rancho numa sesmaria de 4 mil hectares entre o arroios Grande e
Chasqueiro a 500km de Montevidéu, logo depois o avô paterno, Manuel Jerônimo.
       Em 1810, o pai de Irineu Evangelista, João Evangelista de Ávila e Sousa casou-se com
Mariana Batista de Carvalho, e em 1813 nasceu Irineu. Para manter o crescimento de seus
negócios, João Evangelista de Ávila e Sousa, em 1819, saiu em uma excursão ao território
uruguaio para a busca de mais gado e foi morto por um tiro (versões pouco claras chegaram
para os familiares), ficando sua mãe viúva pela primeira vez com 24 anos. Tentou tocar os
negócios e preferiu ensinar Irineu a ler e escrever a ter que fazer os serviços da fazenda, e
este aproveitou o conhecimento oferecido pela mãe e logo dominou as letras e mostrou
uma predileção pela matemática.
       Três anos após a morte do pai, sua mãe casa pela segunda vez com João Jesus e
Silva, que não aceitava crianças de um outro pai. A solução foi casar sua irmã Guilhermina,
com menos de doze anos com José Machado da Silva e mandar Irineu para o Rio de Janeiro
para trabalhar no comércio com um tio seu (por parte de mãe) que tinha o mesmo nome de
seu avô.
       Nesse contexto iniciou a história do empreendedor, que chegou no Rio com nove
anos de idade e foi instalar-se na casa de n°155 da Rua Direita, que era o armazém e a sede
dos negócios de João Rodrigues Pereira de Almeida, onde aprendeu todas as funções do
armazém, sendo ensinado pelos mais velhos de casa que estranhavam a origem do menino,
pois na época raros nativos do Brasil trabalhavam no comércio, sendo esta profissão
exercida por mão-de-obra vinda direta da Metrópole, fato este manipulado pela Coroa, pois
evitava que habitantes da colônia controlassem a atividade comercial.
       Logo vislumbrou a possibilidade de ser o caixeiro de escritório, tendo que dominar a
contabilidade e passar por um exame da Real Junta de Comércio e Navegação, para ser
reconhecido pelo patrão, que era de família importante do Sul e Pereira de Almeida
negociava charque com ela, seu tio era homem de grande prestígio e respeito por comandar
uma Nau de Pereira de Almeida e este último tomava conta de seu armazém bem de perto
e conhecia seus funcionários e rendimentos. A empresa era bem prestigiada e estava
envolvida em uma série de atividades complexas, negociando simultaneamente com
centenas de pessoas nos três continentes. Pereira de Almeida era ao mesmo tempo
comerciante, banqueiro, industrial, armador, além de cortesão e manipulador político,
trabalhar em uma empresa como esta na época era o objetivo de qualquer caixeiro que
quisesse vencer na vida. Com uma frota registrada em seu nome de treze navios, a base de
todo o comércio de Pereira de Almeida era o tráfego de escravos.

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Empreendedorismo


        Com menos de cinco anos de experiência e com quatorze anos de idade, Irineu já
assumia a complexa rede de negócios do patrão. Por volta de 1828, houve um revés e as
coisas mudaram para Pereira de Almeida, pois o tráfico de escravos estava acabando e a
guerra com a Argentina, tornando a província Cisplatina no Uruguai, levaram o Banco do
Brasil a ser um alvo para as perdas governamentais, fazendo com que o comerciante
perdesse tudo que tinha, para consolar o Imperador que distribuía títulos de nobreza
criados a granel, concedeu-lhe o título de Barão de Ubá, onde foi morrer (1830) em sua
fazendo defendida por Irineu junto ao credor escocês Richard Carruthers. Assim, Irineu
começou a trabalhar em 1829, Carruthers & CO, uma das maiores empresas de Carruthers,
que o incentivou a aprender inglês e contabilidade da forma inglesa (em libras), e teve
contatos com a maçonaria. Logo se destacou dos demais, aprendendo as minúcias do ofício
e pela orientação de Carruthers. Leu muitos livros, dentre eles Adam Smith – A Riqueza das
Nações - o original em Inglês que aproveitava para discutir com seu patrão.
        Após completar 22 anos, Irineu recebeu uma participação no capital da empresa e
uma procuração de Carruthers, que lhe deu todos os poderes para administrar os negócios
como se a firma fosse apenas dele. Em 25 de Outubro de 1837, Irineu comprou sua primeira
casa.
        O cenário Nacional continuava complicado e várias revoltas eclodiam nas províncias
(Cabanagem/PA, Balaiada/MA, Sabinada/BA, Carneiradas/PE, Farroupilhas/RS) sempre se
repetindo a história: liberais contra conservadores republicanos. Irineu se envolveu em uma
destas revoltas fornecendo roupas e dinheiro a revoltosos (na fortaleza de Santa Cruz/RJ) e
isto lhe causou problemas em 1839, indo assim visitar seu amigo e sócio Carruthers na
Inglaterra a fim de acalmar os problemas. Em sua viagem à Inglaterra, apresentou grande
entusiasmo por novidades. Teve como anfitrião um amigo de juventude (João Henrique
Reynell de Castro), que contribuiu para abrir o seu caminho da fortuna. Assistiu a
inauguração da ferrovia em 1830, entre Liverpool e Manchester, viu que os ingleses
produziam fábricas com rapidez, mecanizando assim o desenvolvimento. Também notou
que a ferrovia trazia consigo outros negócios (ferros e máquinas), sendo foco dos
banqueiros ingleses. Menos de 20 anos depois da inauguração do trecho entre Liverpool e
Manchester, havia 10 mil quilômetros de ferrovias na Inglaterra, com um investimento
aproximado de 250 milhões de libras esterlinas.
        Percorreu fábricas de tecidos, estaleiros, fundições, estradas de ferro e bancos, se
mostrava muito interessado em novos conhecimentos empíricos, perguntava sobre tudo e
estudava manuais de funcionamento e catálogos, manteve também vários contatos

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econômicos, estudando os movimentos da época na Grande Potência Inglaterra. Em sua
percepção, vislumbrava o desenvolvimento do Brasil e na volta de sua viagem da Inglaterra,
abriu a empresa que deveria captar dinheiro na Inglaterra para ser investido no Brasil,
visando a modernidade. Apesar da viagem para a Europa, os ânimos dos comerciantes do
partido Conservador continuavam os mesmos perante a posição de Irineu e estes
publicaram uma carta em 21 de Outubro de 1842, no Jornal do Comércio, com a notícia de
que não tinha conexões com os rebeldes do Rio Grande do Sul, que eram os únicos homens
em armas que o governo central precisava derrotar para consolidar seu poder. O efeito de
tal carta foi devastador perante os amigos, pois a fama de traidor da causa logo se
instaurou. Apesar disto, Irineu foi tido como traidor pelos amigos e era mal visto pelos
governantes da época.
       Em 11 de Agosto de 1846, adquiriu o estabelecimento de fundição e estaleiros da
Ponta de Areia em Niterói/RJ. Pensava em transformar a mesma em um estabelecimento de
ponta, a moda inglesa, para tanto, teve que trazer a preço de ouro (propriamente dito)
trabalhadores ingleses, pois não existia mão de obra qualificada na época, além de ter a
regra de que uma pessoa de tez branca, não carregava nada e tinha que sempre ter um
escravo que o fizesse. A falta de matéria-prima também o fez pensar fora da caixa, fazendo
uma logística (hoje banal), mas que para a época saltava aos olhos, e passou a trazer
minério de ferro de Minas Gerais no lombo de burros, importação de carvão, e peças para
os defeitos nas máquinas.Firmou um contrato com o ministério do Império para canalizar o
rio Maracanã com tubos de ferro, e como é de praxe, o governo não pagava e teve que
diversificar a produção fazendo pregos, sinos para igrejas, máquinas de serrar, peças para
engenhos de açúcar, guindastes, etc. Passou a aceitar serviços de reparos em navios e
montou uma empresa no Rio Grande do Sul para operar um vapor que havia sido construído
por ele.
       De forma inovadora na época, começou a administrar os funcionários de forma
igualitária e distribuía lucros, incentivando que os mesmos abrissem seus próprios negócios
ou aumentar o leque de opções (assumia prejuízos). Da mesma fábrica, saíram engenhos de
açúcar completos (movidos a vapor), pontes de ferro, canhões de bronze para navios de
guerra, navios a vapor completos, fornos siderúrgicos e bombas de sucção.
       Em 1849, o Uruguai se viu em sérios problemas, pois nenhum dos países que o
subsidiavam queriam continuar a fazê-lo, tendo neste momento o crescimento do temor de
invasão Argentina na figura do ditador na época (Juan Manuel de Rosas). O embaixador do
Uruguai no Brasil na época (Andrés Lamas) pediu ajuda e o governo viu na figura de Irineu a

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forma de ajudar sem ser notado. Com isto, Irineu emprestou dinheiro para financiar a
guerra contra a Argentina. Em Fevereiro de 1852 o exército de Rosas foi derrotado sem um
único tiro, pois acertos monetários foram feitos nos bastidores com comandantes
desertores argentinos. Este fato fez com que o governo Uruguaio reconhecesse uma dívida
pública junto a Irineu e a partir de 15 de Maio de 1852, ele tornou-se o maior credor do
governo Uruguaio e com direito sobre a aduana. Com isto, a navegação do Rio Prata foi
aberta, fluindo o comércio local.
       Aproveitando a situação do fechamento do tráfico de escravos e notando um grande
valor monetário na praça sem um destino certo, Irineu em 1851, abriu o Banco Commercial,
vislumbrando as aplicações em um futuro promissor de progressos intermináveis (fábricas,
telégrafos, estradas de ferro). Começou a comprar a moeda nacional (réis) fazendo um
câmbio favorável a quem vendia e trocava por libras esterlinas (moeda forte). A corrida ao
banco foi muito grande, em pouco tempo estava quase que com toda moeda nacional em
seus cofres ao troco da libra. Começou a faltar (réis) para negócios nacionais e ele mais que
depressa começou a vender (réis) e comprar (libras), dando primeiro golpe no câmbio.
Nessa época, chegou no Brasil informes de que os americanos queriam abrir o Amazonas
para livre exploração e navegação, tal fato alarmou as defesas brasileiras e o governo
convocou mais uma vez Irineu, propondo que o mesmo abrisse na região norte uma
empresa de exploração / navegação do rio Amazonas, explorando assim o comércio dos
povoados ribeirinhos muito dispersos, desafio este aceito por ele.
       Em 1852, Irineu ganhou a concorrência entre três empresas para fornecer a
Iluminação a gás das ruas da cidade do Rio de Janeiro e fundou a empresa Imperial
Companhia de navegação a vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. Ainda neste ano, quatro
meses antes do prazo prometido para o governo, começou a funcionar a Companhia de
Navegação e Comércio do Amazonas. Em 1853, o dia da queda do gabinete de Itaboraí,
Irineu levou um grupo de jornalistas e embaixadores para fazerem uma pequena viagem
inaugural, sendo esta a primeira viagem de trem a ser noticiada na história do Brasil.
       Foi assim que foi agraciado com o primeiro título de Nobreza – Barão de Mauá, em
30 de Abril de 1854, em cerimônia pomposa com a presença da família Real, quando
inaugurou a Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis.
       Em 31 de Julho de 1854, três meses após a inauguração da estrada de ferro, o Barão
de Mauá inaugurou uma nova forma de Banco, o Banco Internacional a Mauá Mac Gregor &
CIA, com a proposta de auxiliar todas as operações na Europa e também fornecer crédito



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para operações locais, onde iria competir com os financiadores tradicionais (os bancos
europeus), criando assim a primeira agência de Câmbio a funcionar em âmbito nacional.
       No mesmo ano da inauguração do Banco Internacional Mauá, comprou uma fábrica
de velas e sabão de um francês com problemas financeiros. Adquiriu a Companhia
Fluminense de Transportes (34 carroças de burro, mais de 100 mulas). Entrou com um
aporte técnico em uma concessão para explorar ouro no Maranhão. Também montou uma
fábrica de diques flutuantes, sugerido por um de seus funcionários de Ponta de Areia. Em
Agosto de 1855, o Barão de Mauá assumiu uma posição de deputado (como suplente) pelo
partido Liberal. Nunca compactuou com o discurso amoral que dominava a época (interesse
público), colocando-se abertamente como empresário, colecionando derrotas atrás de
derrotas nesta área. Com visão de negócios, estabeleceu para seus engenheiros a tarefa de
estudarem os caminhos para nova estrada de ferro ligando o porto de Santos ao interior
Paulista, possibilitando assim o escoamento da produção. Em 1856, recebeu a concessão da
construção da estrada de ferro. Decorridos 06 anos após o final da guerra no Uruguai, Mauá
resolveu transformar seu escritório de representação em Montevidéu numa mistura de
empresa comercial e casa bancária.
       Em 1857, algumas de suas aquisições não se mostravam lucrativas, entre elas a
Companhia Fluminense de Transporte, a Mineradora do Maranhão, a Santos-Jundiaí e a
Companhia de diques flutuantes. Além disso, grande incêndio (narrado pela família como
criminoso a mando dos ingleses) devastou a fábrica de Ponta de Areia, destruindo moldes
da construção de navios. Em 1858 inaugurou mais um Banco, em Buenos Aires, na
Argentina, expandindo os negócios do Uruguai. Em 1865 depois de vários percalços, vendeu
a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro e passou por sérias dificuldades. Em
1867, criou a Mauá & CIA, uma empresa comercial como nas origens de sua formação,
tendo como base a desativação de seu império para saldar dívidas e problemas sofridos.
Juntou seu numerário e mesmo com a derrocada, possuía no conjunto da obra a quantia de
115 mil contos de réis, equivalente a 12 milhões de libras esterlinas e 60 milhões de dólares.
       Em 1874, recebeu uma carta tornando-o o Visconde de Mauá, devido a seu
empenho na instalação dos cabos submarinos de telégrafo que ligou o Brasil à Europa. Em
1875, fechou o Banco do Uruguai e foi perseguido pelo povo, perdendo tudo, porém
liquidou todos os seus negócios e saldou todas suas dividas, vendendo seus pertences
pessoais. Afastou-se da vida pública e morreu completamente esquecido pela sociedade em
21 de outubro de 1889, sendo levado de Petrópolis para ser enterrado no cemitério da
Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco, em Catumbi, no Rio de Janeiro, sendo o

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féretro deslocado de trem através dos trilhos da estrada de ferro de sal fundação, The Rio
de Janeiro & Northern Railway.


Análise do comportamento do Barão de Mauá a partir das teorias sobre empreendedorismo


       O exemplo do Barão de Mauá retrata sua trajetória como o primeiro grande
empreendedor brasileiro numa época adversa, o Brasil no Século XIX. Analisando o contexto
histórico do país, observa-se que muito de seu desenvolvimento deve-se a inovação criada
por Irineu Evangelista, que aproveitou as oportunidades que teve para trazer ao Brasil
conhecimentos e desenvolvimento do capitalismo.
       Para Lira (2005), nos dias atuais, a administração possui a disposição uma infinidade
de técnicas que visam diminuir ao máximo os riscos de insucesso de um novo negócio.
Porém, no século XIX e início do século XX, os únicos meios possíveis de analisar um negócio
eram alguns cálculos financeiros e o bom senso. Esta situação fazia com que os riscos,
principalmente nos negócios pioneiros, fossem difíceis de mensurar por se tratar de um
caminho ainda não percorrido e, portanto, sem parâmetros de comparação.
       Embora as pesquisas na área de empreendedorismo constatem diferenças entre
aspectos considerados cruciais pelo fato de que as características empreendedoras variam
em função da atividade que o empreendedor desenvolve em uma dada época ou de acordo
com a fase de crescimento da empresa, a análise histórica mostra Mauá como um ícone da
inovação e seu comportamento é embasado pelas teorias do empreendedorismo, sendo seu
comportamento distinto a outros empreendedores, que em alguns estudos, são observados
como indivíduos que não eram receptivos ao conhecimento. Segundo Caldeira (1990, p.35):


                        “Em 38 anos de trabalho duro, tinha enfrentado muitas crises, e
                        nelas venceu muito mais que perdeu. Sentia-se jovem o
                        suficiente para ousar na hora das dificuldades, aproveitar os
                        momentos complicados para triturar adversários mais fracos.
                        Sempre sonhara grande, grande demais para que o conselho
                        tornasse mais prudente seu estilo arrojado.”


       Mauá    possui   algumas    características   identificadas   como    comportamento
empreendedor nas teorias estudadas.
       Ainda segundo Caldeira (1990, p.17-18):

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                        “Administrar sozinho tal volume de negócios e dinheiro era
                        tanto uma obrigação imposta por seus métodos de trabalho
                        quanto um prazer – ao menos em dias como aquele. Nas noites
                        solitárias em seu escritório, Mauá sentia a grandeza dos
                        criadores de mundo. Ninguém no Brasil havia chegado aonde
                        chegou. Tinha todo o direito de agir como um verdadeiro
                        imperador, pois não devia nada a ninguém. Enquanto a noite
                        avançava, Mauá instigava os corajosos, punia os medrosos,
                        ordenava batalhas de negócios – sem nunca ser contestado.
                        Esse comportamento impositivo era para ele da natureza das
                        coisas. Para quem começara rigorosamente do nada e lutara
                        sempre sozinho, não era estranho o habito de contar apenas
                        consigo mesmo.”


       Para Caldeira (1990), Mauá tinha dedicação ao conhecimento, estudando para
conseguir obter o dinheiro e antes de passar para a prática, ele precisava da certeza de que
suas impressões suportavam o crivo dos números. Enquanto o mercado corria atrás de
opiniões, ele foi buscar o domínio do conhecimento e evidenciou suas características
empreendedoras para alavancar o desenvolvimento do Brasil. Segundo Lira (2005, p.15):


                        “... na biografia de Mauá notamos um foco no progresso com
                        um direcionamento maior para o desenvolvimento industrial,
                        logístico e estrutural do país. Com a criação das primeiras
                        indústrias, primeira estrada de ferro e criação do primeiro
                        banco a financiar novos empreendimentos, Mauá reforça sua
                        condição de personalidade referência na história brasileira e
                        com perfil voltado para o empreendedorismo.”


       A partir da análise sobre as características de Mauá com a literatura abordada, foi
feito um quadro consolidado com a porcentagem de características empreendedoras
apresentadas no seu exemplo, conforme comparativo adiante:




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Características empreendedoras     Características empreendedoras
   encontradas na literatura     encontradas na Biografia por Caldeira   resultado % atendido

                                          McClelland

              3                                   3                             100%

                                       Zaleznik & Vries

              6                                   3                                 50%

                                          Thimmons

             15                                   15                            100%

                                           Dornellas

             10                                   10                            100%

                                    Empretec necessidades

              8                                   8                             100%

                                   Empretec conhecimento

              5                                   5                             100%

                                     Empretec habilidade

              9                                   9                             100%

                                       Empretec valores

              7                                   7                             100%

                                           Autores

             63                                   60                                95%




       Tomando como base o quadro 3 pela comparação percentual entre itens ressaltados
perante quesitos dos autores, presentes ao longo da pesquisa, entendemos que Irineu
Evangelista de Sousa atende quase que na plenitude aos quesitos estipulados pelos autores
estudados na personalidade empreendedora.
       Assim, mostra-se que dentre os comportamentos evidenciados ao longo da
pesquisa, o Barão de Mauá apresentava 95%, sendo considerado um exemplo potencial
para o estudo do empreendedorismo no Brasil, sendo que seus traços apontavam para o
desenvolvimento em larga escala, não sendo limitado a um tipo de negócio ou empresa,
mas contribuindo com a administração de um país.


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Considerações Finais


       Este artigo mostrou o contexto de um empreendedor como forma de exemplificar
como o empreendedorismo influencia a realidade dos negócios no Brasil. O comportamento
empreendedor é abordado sob a ótica dos indivíduos e da cultura onde se inserem, sendo a
inovação, iniciativa e a resiliência traços que definem o sucesso dos negócios.
       O contexto analisado nos tempos contemporâneos mostra que a herança cultural
deixada pelos pioneiros que alavancaram os negócios no Brasil é a de que o
empreendedorismo é um tema de nossa cultura, que traduz a necessidade de procurar
oportunidades pela diversidade que possuímos.
       A administração de negócios nesse ambiente precisa de características e
comportamentos de indivíduos que conseguem lidar com adversidades e identificar
oportunidades mesmo com a turbulência do mercado. O centro do poder associa-se com a
política, gerando burocracias difíceis de serem colocadas em prática ao mesmo tempo em
que se alcança o sucesso nos negócios, mas os empreendedores têm encontrado formas de
conciliar tal cenário, a partir do próprio conhecimento, gerando inovações que podem
mudar o rumo da história
       A análise sobre o Barão de Mauá permite observar que ele foi um dos homens mais
ricos em sua época no continente sul-americano, com a competência para identificar
oportunidades e gerar inovação, alavancando a economia do Brasil a partir de
conhecimentos obtidos em diferentes setores e colocando em prática tudo o que sabia em
seus empreendimentos.
       Embora tenha terminado sua vida sem nada, a grande herança que deixou foi a
inovação criada pelo conhecimento, que constitui um dos meios que consolida o
comportamento empreendedor, a busca incessante por oportunidades e por concretizar
negócios. Mauá apresentou formas de inovação que atualmente ainda geram dúvidas
quanto a sua execução, tamanha inovação apresentada em seus empreendimentos, cujos
resultados ainda podemos nos beneficiar.


Ação dos Discentes no Estudo de Caso


       Os alunos deverão responder ao solicitado, de forma fundamentada pela matéria.




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1) Quais características empreendedoras, na sua opinião, faltaram ao Barão de Mauá ?
Justifique.

2) Você concorda com todas atribuições positivas realizadas no artigo ao Barão de Mauá ?
Justifique.

3) Se tivéssemos uma parcela maior da população com características empreendedoras, o
que mudaria em nosso país ?

4) Comente as características do Barão de Mauá, considerando as qualidades do
empreendedor apresentadas junto ao “Tema 02” da Apostila (Página 03 – Características do
Empreendedor).


Tema 06 – Pesquisa Complementar 10


Artigo: Delmiro Gouveia – Herói Esquecido 11

1) Pesquise e demonstre qualidades empreendedoras junto à outro personagem histórico
no empreendedorismo brasileiro, chamado Delmiro Gouveia. Observação: Esta comparação
é mais complexa, pois este personagem possui menor expressão do que o anterior (Barão
de Mauá), além de uma passagem mais polêmica. O objetivo do trabalho é enriquecer o
conhecimento pessoal e “provocar” o discente a uma reflexão sobre alguns pontos
polêmicos na história brasileira.


Texto 12


        “Delmiro Gouveia foi o maior de todos os grandes empreendedores brasileiros.


10 Autor: Oswaldo Pacetta. Publicado aos 05/07/2010.
11 Fontes do Autor:
     “Delmiro Gouveia e o sonho de industrialização do semi-árido” - AUTOR: JOSE ROMERO DE
        ARAUJO CARDOSO”.
     “Delmiro Gouveia – O perfil do empreendedor” – AUTORA: TELMA DE BARROS CORREIA.
     “CULTURA historia (14/07/2007) – “Gloria e tragédia de Delmiro Gouveia”. AUTOR: J.C. ALENCAR
        ARARIPE – Especial para Cultura, escritor e jornalista.
     “Ousadia no Nordeste – a saga empreendedora de Delmiro Gouveia” AUTOR: DAVI ROBERTO
        BANDEIRA DA SILVA.

12 Os fatos e opiniões expressados pelo autor são de responsabilidade exclusiva do mesmo, o presente
artigo encontra-se apenso para estudo das atitudes empreendedoras, não sendo nossa intenção fomentar
o debate sobre ideologias políticas.

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Empreendedorismo


         Suas prodigiosas realizações empresariais ocorreram no fim do século 19 e inicio do
século 20, no nordeste, totalmente dominado pelos famigerados coroneizinhos da política
local, numa época em que dominavam o trabalho escravo, a ignorância, o atraso, a miséria
da população e onde, até a energia elétrica necessária a uma de suas empresas, teve que
produzi-la com seus próprios recursos. Essa sua indústria não foi seu maior
empreendimento, mas foi a menina de seus olhos e a causa principal de suas desavenças.
         Nasceu em junho de 1863, em Ipu, Ceará. Ao longo de sua laboriosa caminhada,
dadas as condições e ambiente em que realizou sua obra, tornou-se o mais admirável
protagonista da historia do empreendedorismo brasileiro. Não poupou esforços, coragem e
ousadia em sua luta para criar no nordeste um pólo de desenvolvimento econômico, com
justiça social e com a obstinada determinação de livrar a economia da região, primária e
primitiva, da mentalidade, costumes e práticas arcaicas.
         Foi, na sua juventude, bilheteiro de estação de trem, da “Pernambuco Railway”,
servidor da Alfândega e também se dedicou à mecânica primária, o famoso “conserta tudo”,
profissão que exerceu, como meio de sobrevivência.
         Iniciou-se, como empresário, no comércio de peles, vencendo nesse ramo que, na
época, era dificílimo. Intensificou as exportações de peles (de bodes e cabras) para os
Estados Unidos a tal ponto que precisou criar uma vasta rede de agentes, por todo o
nordeste para aquisição da matéria prima de seu negocio. Quando estabeleceu seu próprio
abatedouro, toda a carne dos animais abatidos era distribuída gratuitamente aos seus
trabalhadores e à população carente circundante.
         Destacou-se também pelo grande sucesso de sua usina açucareira, graças à adoção
de inovações tecnológicas dignas dos países mais industrializados de então. Na usina
Beltrão, além de refinar o açúcar, o vendia em tabletes, coisa muito “chique” no Brasil desse
tempo.
         A criação do Mercado do Derby em Recife, já seria suficiente para defini-lo, em tudo
e por tudo, como um empreendedor do século 21 nascido no século 19.
         Mediante acordo com o governador de Pernambuco, recebeu grande área pública,
completamente abandonada, para dotá-la de todas as melhorias que o poder constituído
havia se esquecido de providenciar e, depois de fazer aterros, sanear o mangue e abrir ruas,
criar esse empreendimento com tudo o que o caracterizava como uma variação, adaptada à
época, é claro, do que seria, hoje, um misto de Supermercado, Shopping Center, Centro de
Convenções e dos parques de diversão mais incrementados. O exploraria por 25 anos e,
cumprido esse prazo, o entregaria para o Estado de Pernambuco. Esse “parque de diversão

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permanente”, como então, era chamado, dispunha de hotel, mercado, chafarizes, água
tratada encanada, sistema de esgotos, área livre ajardinada, de 400 metros, para o
velódromo, em frente a fachada principal do edifício. Em prédio a parte, instalações para
jogos, café, teatro, carrosséis, barraquinhas, tudo permanentemente animado por retretas e
iluminado pela luz elétrica, pela primeira vez introduzida na cidade do Recife.
       Além dos atrativos para hospedagem e entretenimento, o Mercado do Derby,
comprando em grandes quantidades, diretamente das fontes produtoras, evitando os
atravessadores que encarecem os produtos e mercadorias, vendia a preços bem inferiores
aos da concorrência.
       Os concorrentes cartelizados, sem ter consciência do que fosse um cartel, mas
cientes de suas vantagens em - através de acordo de preço único entre os produtores ou
distribuidores - eliminar a livre concorrência, um dos fundamentos do capitalismo
democrático, não gostaram nada desse “modernoso cabra da peste”. Não sabiam o que era
nem morriam de amores por capitalismo democrático ou selvagem, mas se enfureceram
com a idéia de reduzir suas margens de lucro abusivas, por causa desse tal Delmiro. Estavam
criados os primeiros atritos graves entre o empresário à frente de seu tempo e os
coroneizinhos retrógrados de então.
       Informado de uma conspiração para matá-lo, viajou para o Rio de Janeiro onde
tentou em vão, a interferência do Vice-Presidente da Republica. Este era chefe situacionista
de Pernambuco e comandava, entre outros, o prefeito de Recife.
       Delmiro não aceitou o descaso do Vice-Presidente que, em vez de agir com a
dignidade do cargo, agiu como chefe da jagunçada.
       Num encontro casual entre ambos, em plena Rua do Ouvidor, aproximou-se dele e o
responsabilizou pelo que lhe viesse acontecer de mal. Destratado pelo Vice-Presidente,
agrediu-o a golpes de bengala. Caiu na armadilha do coronelato de Pernambuco. Por essa
reação impensada deu pretexto a que fosse considerado um criminoso e passou a condição
de “procurado pela policia”, para alegria de seus inimigos invejosos e venais. Resumindo,
Delmiro chegou a ser preso. A prisão se deu com escandaloso aparato: um comandante e 50
praças da policia. Enquanto estava na prisão, o Mercado do Derby, jóia preciosa tanto como
projeto arquitetônico quanto como empreendimento sem igual no Brasil de então, foi
criminosamente incendiado, na madrugada de 1º de janeiro de 1900
       Valendo-se da liberdade concedida, três dias após o incêndio, através de habeas
corpus, Delmiro Gouveia embarca para a Europa de onde volta no ano seguinte e se
“refugia” em um vilarejo, no interior de Alagoas, onde pretendia continuar no comercio de

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peles. Esse vilarejo por nome Vila da Pedra, distante 280 km de Maceió e 20 Km da
cachoeira de Paulo Afonso era formada por meia dúzia de casebres em torno de um terminal
ferroviário, a estação de trem que ligava Jatobá a Piranhas e ficava na confluência de três
Estados: Pernambuco, Alagoas e Bahia.
       Por essa época (1901/1902), Delmiro conheceu a filha da amasia do governador
pernambucano, S. Gonçalves. Apaixonaram-se, pô! Na época, casar-se com um homem
separado da esposa anterior, era inadmissível. A anterior não foi visitá-lo quando esteve
preso, razão porque nunca mais voltou para seu lar. Em face da total resistência da família
da moça e com a concordância da mesma, é claro, fugiram e foram morar na Usina Beltrão,
fabrica de açúcar de Tacarauna, no bairro de Santo Amaro. Outra vez, o intrépido
empresário alimenta a ira torpe de seus inimigos.
       Acusaram-no de rapto e sedução: mobilizaram a policia e a Justiça para enquadrá-lo,
”nos termos da lei” e o levarem pra cadeia. O casal não teve alternativa senão fugir. Foram
para Vila da Pedra, Alagoas, que ficava próxima ao rio São Francisco, no sertão alagoano
onde pretendia continuar suas atividades empresariais.
       Em Pedra, não deu outra: o seu empreendimento teve tal sucesso que o levou a criar,
em 1904, a firma IONA & CIA. para organizar e incrementar suas exportações de peles de
bode e de cabra, couros de boi, mamona em bagas e caroço de algodão.
       Para essa vila eram enviadas peles e couros vindos do Ceará. Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Bahia. Eram tratadas e enfardadas. Seguiam de
trem até Piranhas. Desciam o São Francisco até Penedo e, por mar, seguiam até Maceió de
onde eram embarcadas para os Estados Unidos.
       Delmiro tinha um sonho: a industrialização do semi-árido alagoano e, em 1909,
iniciou estudos para a utilização econômica da cachoeira de Paulo Afonso. Quatro anos
após, janeiro de 1913 coroava de êxito mais um de seus audaciosos empreendimentos:
captava energia da usina hidroelétrica, na queda de Angicos e iniciava o abastecimento da
Vila com água da cachoeira, Em junho de l913 a Vila passa a ser iluminada com a energia
elétrica da usina. Em 1914 inaugura em Vila da Pedra a fabrica de linha de coser da marca
Estrela, que iria vencer, na concorrência de mercado, a linha Corrente, produzida pela
multinacional inglesa Cotton Machine. Rítimo alucinante mesmo para nossos dias.
       Ele, que já enfrentava a prepotência das oligarquias estaduais e a violência dos
coronéis, passou a enfrentar a fúria da multinacional poderosa. A linha de coser Estrela
começou a dominar o mercado não só no Brasil como também na Argentina, Equador e
Peru. Chegou a exportar para colônias inglesas.

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       Não só para atender as necessidades de sua nova e prospera indústria, mas também
na sua crença de que faria de Pedra, um pólo de industrialização do nordeste, abriu as
primeiras estradas no interior nordestino, ao todo, 520 km pelas quais rodaram também os
primeiros automóveis vistos na região, com os quais equipou seus vendedores-viajantes.
Eram cinco importados, que, para a época, foram motivo de alvoroço e festas por onde
passavam. As estradas que construiu eram de tão boa qualidade “que sua frota podia
desenvolver a espantosa velocidade de 60 km por hora!”, dinamizando, assim, o trabalho de
venda de sua produção.
       Mesmo empenhado na consolidação de sua fabrica de linhas, Delmiro não descuidou
de outras áreas como a agricultura, a difusão da pratica de irrigação das terras secas, a
pecuária e a propagação da cultura da palma forrageira como alimento para os rebanhos.
       Agiu também nas áreas de desenvolvimento e saneamento urbanos, educação,
saúde e projetos sociais.
       Dotou Pedra de água encanada, luz elétrica, vilas de casas para seus trabalhadores,
médico, escolas, cinemas, parques de patinação e banda de musica.
       A par dessas iniciativas, atacou duramente os costumes retrógrados, indo às raias do
pitoresco nessa sua obstinação: “em Pedra fez do banho uma obrigação diária; não se
fumava em cachimbos de barro, não se podia cuspir no chão, não se entrava numa casa com
chapéu na cabeça, não se tomava cachaça e não se explorava a prostituição. Homens e
mulheres tinham que andar limpos e calçados”. É claro que dava a seus empregados salários
e condições para cumprirem a risca esse código de conduta.
       É necessário atentar para a época, inicio do século passado e para o ambiente, o
interior de uma região dominada pelo atraso, pela ignorância e pela miséria extrema, para
entender que esse código não exprimia autoritarismo, mas preocupação em acelerar o
desenvolvimento integrado do árido alagoano, como ponto de partida para o
desenvolvimento integrado do nordeste.
       Na catastrófica seca de 1915, grande numero de flagelados chegava a Vila da Pedra,
em busca de socorro. Delmiro Gouveia mandou montar tendas ao redor da vila e deu aos
retirantes toda a acolhida e tratamento de que tanto careciam, sem descuidar de enquadrá-
los no código de conduta já referido.
       O “coronel” José Rodrigues de Lima, de Piranhas, chefe político, fazendeiro,
pecuarista e latifundiário, não se sentia bem com a vizinhança de Delmiro, industrial,
atuando no seu “criatório” e comercializando, em Vila da Pedra, produtos agrícolas a preços
inferiores aos seus. Era o protótipo dos avôs dos coronéis do PFL, hoje conhecido como

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DEMO. O “coronézinho” José Rodrigues era o próprio DEMÔNIO. Foi um dos articuladores
de ciladas, armadilhas e emboscadas contra Delmiro Gouveia.
       Delmiro Gouveia, nas varias viagens que fez aos Estados Unidos e Europa, verificou a
nova revolução industrial decorrente do uso da energia elétrica.
       Quando conheceu a cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco, do qual Vila das
Pedras ficava próxima, teve a visão audaciosa que só os grandes empreendedores acolhem
com fé e buscam tenazmente sua realização: construir ali uma usina hidrelétrica.
       Com o apoio dos irmãos Rossbach, da L. H. Rossbach Brothers, de Nova Iorque, que
era a grande importadora dos produtos agrícolas e mercadorias produzidas pelas empresas
de Delmiro, organizou a Cia. Agro-Fabril Mercantil através da qual concretizou a construção
da hidrelétrica no salto de Angicos, da Cachoeira de Paulo Afonso, no lado alagoano que,
quatro anos após sua concepção, passou a gerar energia elétrica em janeiro de 1913.
       Na Inglaterra pesquisou e escolheu as mais modernas máquinas da indústria Dobson
& Barlow, que importaria para sua fábrica de linha de coser de alta qualidade e resistência,
além de fios e cordões de algodão cru em novelos, fios encerados e fitas gomadas para
embrulhos. Inaugurada em 1914, foi mais um empreendimento de grande sucesso desse
empresário do século 21 nascido no século 19.
       Essa fábrica, a Cia Agro-Fabril passou a vencer a concorrência e quebrar o monopólio
dos ingleses no setor. Os ingleses, nessa época, eram os americanos do pós-guerra
(1939/1945): donos ou pretensos donos do mundo, que impunham seu jugo aos países
satélites ou através de dispendiosas operações militares ou através dos lacaios e traíras
remunerados que eles tinham o hábito de entronizar nos seus domínios.
       Com a produção de mais de 20.000 carretéis/dia, as linhas Estrela ganharam
rapidamente o mercado nacional além do de alguns países vizinhos. A Cotton Machine,
produtora das linhas de coser Corrente, afamadas até hoje, partiu para a concorrência
desleal. Por exemplo, aproveitando um vacilo do Delmiro, registrou a marca Estrela na
Argentina e no Chile, causando alguns problemas e custos adicionais à Agro-Fabril que se viu
obrigada a re-embalar com novo rotulo seus produtos já nas lojas desse dois vizinhos.
       A pouca eficiência dessa e outras rasteiras para derrubar o concorrente brasileiro
levou a Cotton Machine a investir alto na tentativa obstinada de comprar o parque
empresarial de Vila da Pedra, em pleno sertão de Alagoas. Delmiro Gouveia recusou todas
as propostas apresentadas e informou aos gringos que não venderia sua fabrica por dinheiro
nenhum.



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       A 10 de outubro de 1917, três anos após a inauguração do parque industrial de
Pedra, na calada da noite, no terraço de sua casa, o “empresário do século 21 nascido no
século 19” era assassinado com três balaços disparados por pistoleiros de aluguel. O crime
foi desvendado, 66 anos depois, quando todos os envolvidos já eram falecidos. Não
faltaram inocentes tomados como “bodes expiatórios”, que passaram longos anos na prisão,
sem nada deverem.
       Finalmente, usando seus métodos preferenciais, os liberais de então que ainda não
eram Neo, mas já agiam por meio de marginais contratados, usando matadores de ofício,
conseguiram deter o inigualado empreendedor brasileiro e iniciar o desmantelamento da
mais notável experiência de industrialização que o nordeste havia conhecido até os anos 70
do século passado.
       Como se vê, não é de hoje que a ALIANÇA de interesses estrangeiros escusos, com
traidores regiamente remunerados e partidos da entrega e da traição fartamente
financiados, atua contra os interesses nacionais.
       Depois de sua morte, a Cotton Machine colocou em prática um indecoroso e
prolongado dumping nos mercados de linhas de coser, vendendo suas mercadorias da marca
Corrente a preços 50% inferiores ao seu custo de fabricação, com o objetivo de quebrar a
concorrente e comprá-la a preço de banana podre em fim de feira. Há que se reconhecer que
não se tratou de Privataria já que a Cia Agro-Fabril não era estatal. Foi apenas uma grande
patifaria. Não precisavam mais enfrentar o destemido Delmiro Gouveia que os derrotaria
outra vez. Ele tinha sido “misteriosamente” abatido.
       Com a anuência do Presidente Washington Luiz, o complexo fabril de Vila da Pedra
foi vendido, em 1930, para a Cotton Machine, transação realizada em sua sede ou matriz,
em Paisley, Escócia.
       Vale lembrar que a industrialização no Estado de São Paulo se iniciou nos anos 30,
com o governo Vargas e se consolidou nos anos 60/70 do século passado e não na dinastia
tucana como alguns querem nos fazer crer.
       Concretizada a transação, a empresa inglesa contratou, ainda em 1930, uma firma
especializada em demolição, para por abaixo, a marretadas, o parque empresarial de Vila da
Pedra. As máquinas moderníssimas foram embarcadas para a Escócia. Os destroços do que
restou foram levados em carros puxados por juntas de boi, numa viagem de 20 kilometros,
até as barrancas do São Francisco, onde foram lançados.
       Num ato demagogo, pra acalmar a população local revoltada, o Presidente fantoche
e submisso, convenceu os ingleses a não levar adiante seu intento de dinamitar a usina

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hidrelétrica de Angicos, encravada nos penhascos do Rio São Francisco, onde pode ser vista e
visitada, até hoje.
        Washington Luiz, representante fiel dos aristocratas rurais de S. Paulo dessa época,
versões estilizadas dos coronéis do nordeste, foi o Presidente deposto e exilado pela
revolução de 1930, comandada por Getulio Vargas.
        Em 1932 tais aristocratas, com o apoio dos ingleses, que estavam perdendo seu
mando e desmandos no Brasil, tentaram uma contra-revolução para depor Getulio. Foram
derrotados, para o bem do Brasil e dos brasileiros, que puderam ser retirados da Senzala
assim que os mandarins da Casa Grande foram contidos ... Mas essa é outra historia.”




Parte 02 – Formação Social de Empreendedores


        Nesta parte estaremos estudando o processo social de criação e formação de
empreendedores, ou seja, já conhecemos suas características e relevância coletiva, agora
vamos aprender como a sociedade gera e fomenta esta classe de pessoas.
        Ainda, faremos uma análise do perfil educacional brasileiro frente a este desafio e
trabalharemos na formulação de propostas.
        Trabalhando no processo de enriquecimento do perfil profissional dos discentes,
faremos uma abordagem do comportamento de sucesso baseado na proposta do Prof.
Gretz, chamada “As 20 Atitudes da Águia”.


Tema 07 - Perfil Empreendedor


        Considere a frase:


             “O empreendedor não faz o que gosta e sim o que precisa ser feito”


        Ainda, vide um famoso provérbio chinês:


                             “Há três coisas que nunca voltam atrás:
             A flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.”


        Um empreendedor não apenas conhece, mas VIVE estes pensamentos.



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       Veremos mais sobre as qualidades empreendedoras (aprofundando o Tema 02) no
estudo de caso.


Estilos de Decisão – Empreendedor


       O empreendedor torna-se latente pelo seu estilo de decisão, notadamente agressivo
quando necessário, mas com dificuldade de identificar, por vezes, momentos de necessário
retraimento e conservadorismo. Assim, o espírito empreendedor pode por vezes suplantar a
cautela, tornando-se perigoso se não “domesticado”. Devemos lembrar que embora o
empreendedor esteja associado à diversas qualificações positivas, não vincula-se à
perfeição.
                           13
       Segundo Cohen            existem oito estilos de decisão, todas aplicáveis ao
empreendedor:


    Intuitivo: tenta projetar o futuro;
    Planejador: situa-se onde está e para onde quer ir;
    Perspicaz: afirma que além da percepção necessita de conhecimento;
    Objetivo: sabe qual o problema a ser resolvido;
    Cobrador: tem certeza do que quer e deseja medir os resultados;
    Mão-na-Massa: envolve-se de forma pessoal nas ações;
    Meticuloso: agrega diversas opiniões para tomada de decisão;
    Estrategista: decide sempre por ações que acompanham a estratégia geral.


       Não existe uma definição para o melhor ou pior tipo de decisão, cada situação cria
condições para sua aplicação ou não. Entretanto, devemos citar inicialmente como mais
favoráveis às empresas modernas os estilos “estrategista” e “meticuloso”.
       Isto porque estas atitudes conduzem a decisão tomada em consonância às regras
gerais definidas na alta administração, mantendo a coerência dos departamentos frente ao
cliente, além de agregar opiniões dos membros da equipe, favorecendo o grupo.
       Isto pode significar, no caso da decisão estrategista, que a decisão tomada pode
mesmo não vir a ser a melhor para um departamento de forma isolada, mas que beneficie a
empresa como um todo.


13 Allan R. Cohen é vice-presidente acadêmico do Babson College, obteve o graduação na Harvard
Business School e é autor de vários best-sellers.

                                                 Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior   -   Pág. 38
Empreendedorismo




Síndrome do Empregado e Anti-Empreendedorismo


       Para sabermos melhor o que é ser um empreendedor, devemos também estudar o
que NÃO é ser um.
       Esta terminologia surgiu com o personagem “Seu André”, do livro O Segredo de
Luisa, autor Fernando Dolabela.


                       “O livro: O Segredo de Luísa, escrito por Fernando Dolabela,
                       publicado em 1999, trata da realização do sonho de abrir uma
                       empresa. É um romance que envolve a vida sentimental da
                       personagem principal Luísa, junto com a concretização da sua
                       idéia de ter o seu próprio negócio. O autor relata desde a
                       concepção da idéia de Luísa até a realização da abertura da
                       empresa.      No     decorrer   da    narração,    envolve    outros
                       personagens, que são essenciais na vida de Luísa. O livro expõe
                       parte da vida da personagem principal, Luísa – uma moça
                       muito inteligente - não só no lado profissional, mas também os
                       seus sentimentos de amor, alegria, medo, solidão, tristeza e
                       tantos outros que fazem parte da vida de qualquer pessoa.”


                            http://pt.shvoong.com/books/792877-segredo-lu%C3%ADsa/


                       “Fernando Dolabela é Consultor e professor da Fundação Dom
                       Cabral, ex-professor da UFMG, consultor da CNI-IEL Nacional,
                       do CNPq, e da AED (Agência de Educação para o
                       Desenvolvimento) e dezenas de universidades, participa com
                       publicações        nos   maiores     congressos     nacionais       e
                       internacionais.”


                                          http://fernandodolabela.wordpress.com/curriculo/



       O personagem, tentando explicar a ineficácia dos trabalhadores da indústria, disse:
“eles estão contaminados pela síndrome do empregado”.


                                                  Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior     -   Pág. 39
Empreendedorismo


        Diagnóstico:


             Funcionário infeliz;
             Visão limitada;
             Não vê oportunidades;
             Não é criativo;
             Faz mais do que aprende;
             Não possui auto-suficiência;
             Não cria network;
             Domina somente parte do processo;
             Medo de assumir riscos;
             Não identifica ameaças ao negócio.


        Esta problemática cria sérios transtornos, fazendo com que as pessoas não se
desenvolvam e não colaborem para o desenvolvimento de seu país.
        Em especial, podemos dizer que as condutas mais prejudiciais ao sucesso
profissional do indivíduo são a “não criação de network” e “infelicidade”, a primeira pela
limitação inerente ao isolamento e a segunda pelo comprometimento do rendimento
intelectual, inclusive na vida pessoal.
        Ainda, existe o chamado “anti-empreendedorismo”, que corresponde a atitudes que
não apenas prejudicam o indivíduo em si, mas afetam toda a organização 14:


     É fanático por modismos de gestão. Como forma de compensar a incapacidade
        natural, se utiliza disso para criar uma falsa imagem de dinamismo e engajamento
        empresarial.

     Adora frases feitas. Com aversão a qualquer tipo de risco e enfrentamento, opta por
        equipar o palavrório com o obvio “lulante”, como forma de conseguir exposição e
        visibilidade falando muito e não dizendo nada.

     Gosta de “performar”. Da mesma família da embromação, significa parecer fazer
        algo, mas sem nada conclusivo ou concreto. Trata-se apenas de um jogo de cena.



14 Fonte: http://www.baguete.com.br/blog/negocios-e-gestao/20/08/2010/humor-corporativo-conheca-
o-anti-empreendedor

                                                  Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior   -   Pág. 40
Empreendedorismo


    É bajulador. Inseguro por natureza, e consciente de que o seu disfarce mais cedo ou
       mais tarde será revelado, adora agradar. Ninguém escapa. Chefes, chefes dos
       chefes, secretárias dos chefes, colegas, amigos e inimigos. Ele estará sempre lá,
       elogiando qualquer coisa e dizendo o que se deseja escutar.


    É incapaz de demonstrar descontentamento. Questionado sobre como vão as coisas,
       responde recorrendo imediatamente ao seu arsenal de auto-ajuda corporativa. Algo
       como... Está tudo ótimo, a cada dia melhor!, ou, Desafios foram feitos para serem
       vencidos !


    Espanta-se com posturas francas e verdadeiras. Acostumado a atuar, ao invés de
       trabalhar, não consegue entender os colegas que não agem como se estivessem
       num palco.


    Idolatra superiores, gurus e ícones empresariais. Como não
       consegue ter uma postura crítica e construtiva sobre o mundo
       empresarial ao seu redor, perde a capacidade de encarar essas
       pessoas como seres humanos falíveis.


    Odeia os realizadores e obstinados. Estes são os seus maiores inimigos, a origem de
       toda a pressão do dia-a-dia.


       Nós mesmos, se realizarmos uma auto avaliação realista poderemos encontrar
alguns destes lapsos em nosso comportamento. Mas saliente-se que isto não é incorrigível,
o primeiro passo para solução é assumir o problema e então trabalhar para resolvê-lo.


Tema 08 – Educação Empreendedora


Modelo Educacional


       Antigamente acreditava-se que o empreendedorismo era uma habilidade inata, e
quem a herdasse pelo nascimento poderia obter sucesso e riqueza, sendo desaconselhável
àqueles não privilegiados aventurar-se em empreender negócios. Atualmente sabe-se que
qualquer um pode desenvolver competências empreendedoras, bastando apenas a


                                               Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior   -   Pág. 41
Apostila Empreendedorismo - Prof. Ivan Jacomassi Junior
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Apostila Empreendedorismo - Prof. Ivan Jacomassi Junior

  • 1. Empreendedorismo Empreendedorismo Conceito, Processos de Formação Social Conjuntura Internacional e Estudos de Caso Prof. Ivan Jacomassi Junior Material de apoio para disciplina junto aos cursos de formação superior. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 1
  • 2. Empreendedorismo Índice Tema 01 – Por que Estudar Empreendedorismo 04 Parte 01 – Evolução Histórica Tema 02 – Conceitualização: “Empreendedor” 06 Tema 03 – História do Empreendedorismo no Mundo 07 Tema 04 – História do Empreendedorismo no Brasil 09 Tema 05 – Estudo de Caso – Barão de Mauá (Profª Camila Lopes) 11 Tema 06 – Pesquisa Complementar – Delmiro Gouveia (Prof. Oswaldo) 30 Parte 02 – Formação Social de Empreendedores Tema 07 – Perfil Empreendedor 37 Tema 08 – Educação Empreendedora 41 Tema 08 – Debate sobre Modelo Educacional 47 Tema 09 – Estudo de Caso – Voando como a Água (Prof. Gretz) 47 Tema 10 – Pesquisa Complementar – Pirâmide de Maslow 49 Parte 03 – Ambiente e Empreendedorismo Tema 11 – Empreendedorismo no Mundo 51 Tema 12 – Fatores de Pressão sobre a Atividade Empreendedora 52 Tema 12 – Debate sobre a Divisão da Riqueza no Mundo 57 Tema 13 – Características do Empreendedorismo no Mundo 58 Tema 13 – Debate sobre a Conjuntura Internacional 65 Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 2
  • 3. Empreendedorismo Tema 13 – Debate sobre os Fatores de Pressão no Brasil 65 Tema 14 – Estudo de Caso – Empreend. e Desenvolvimento (Prof. Ronney) 66 Tema 15 – Pesquisa Complementar – Agregando Conhecimentos 79 Parte 04 – Especial – Empreendedorismo, Burocracia e Legalidade Tema 16 – Legalidade de Empreendimentos 80 Tema 17 – Documentação 82 Tema 18 – Questão para Discussão – Burocracia Necessária 90 Tema 19 – Estudo de Caso – Desburocratização 90 Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 3
  • 4. Empreendedorismo Tema 01 – Por que estudar Empreendedorismo ? Preliminarmente, antes de iniciarmos nossos estudos, devemos situar a disciplina frente ao curso, bem como as expectativas inerentes à mesma. Veja, quando pensamos em empreendedorismo, podemos ser induzidos a pensar que iremos aprender a abrir um negócio, pois empreendedor é aquele que abre empresas, correto ? Errado ! Com certeza podemos antecipar a você aluno, que o foco desta matéria NÃO É A ABERTURA DE EMPRESAS, embora inevitavelmente tratemos deste assunto de forma até rotineira ao longo do conteúdo. Seja em qual curso você estiver, existem duas classes de disciplinas: - Específicas; e - Generalistas. As matérias específicas são típicos ferramentais de trabalho do profissional, quando o mesmo exerce seu ofício. Exemplo: Para o curso de Engenharia existe a disciplina específica de “Elaboração de Projetos”, que é ferramenta básica de trabalho do engenheiro. Já no mesmo curso podemos dizer que a disciplina “Matemática” é generalista, pois não se trata da aplicação das fórmulas em si, pois são vistas de forma abstrata, o que se faz é criar uma visão geral no discente que possibilite a aplicação do ferramental futuramente. O mesmo podemos dizer de “Empreendedorismo”, não estamos aqui buscando o fim em si, mas criando o meio. Aqui temos a pergunta correta: Qual meio busca a disciplina Empreendedorismo ? Pois bem, estaremos estudando, de forma geral, algumas dinâmicas 1: - Comportamento Humano; - Psique profissional; - Conjuntura nacional; - Mercados; - Legislação; Assim, nesta matéria estaremos buscando a construção junto ao aluno, de paradigmas 2 pessoais de comportamento favoráveis. Estaremos analisando o perfil de um indivíduo empreendedor, suas características e individualidades. 1 Por “dinâmica” estamos inferindo relações entre diversos processos e procedimentos, no sentido de situações em constante mudança, ou seja, não estáticas. 2 Modelo, padrão de regras, segundo as quais as pessoas procuram solucionar seus problemas e obter sucesso. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 4
  • 5. Empreendedorismo Analisaremos o perfil profissional procurado pelas empresas, e cruzando-o com as características empreendedoras, ou seja, veremos o empreendedor frente ao mercado de trabalho. Faremos uma avaliação da conjuntura estrutural do país e os fatores que interferem diretamente na criação e fomento empreendedor, através de dois estudos básicos: a) As inteligências humanas frente ao modelo educacional brasileiro e b) Os fatores de fomento/regresso da classe empreendedora no Brasil. Após, faremos ainda um estudo complementar comparado da dinâmica nacional (letra “b” parágrafo anterior) frente a outras economias no mundo e avaliaremos as conseqüências econômico-sociais destas combinações. Ainda, realizaremos um diagnóstico do cenário brasileiro da burocracia x incolumidade pública x celeridade empresarial. Estrutura de Tópicos junto a Disciplina: Parte 01 – Evolução Histórica  Conceitualização: “Empreendedor”;  História do Empreendedorismo no Mundo;  História do Empreendedorismo no Brasil;  Estudo de Caso: “Empreend. no Brasil e o Processo de Inovação – Profª Camila Lopes”;  Pesquisa Complementar – Delmiro Gouveia. Parte 02 – Formação Social de Empreendedores  Perfil Empreendedor;  Educação Empreendedora;  Estudo de Caso: “Voando como a Águia – Prof. Gretz”;  Pesquisa Complementar – Pirâmide de Maslow. Parte 03 – Ambiente e Empreendedorismo  Empreendedorismo no Mundo;  Fatores de Pressão sobre a Atividade Empreendedora;  Características do Empreendedorismo no Mundo;  Estudo de Caso: “Empreendedorismo e Desenvolvimento – Prof. Ronney R. Mamede”. Parte 04 – Especial: Empreendedorismo, Burocracia e Legalidade  Legalidade de Empreendimentos;  Documentação;  Desafio Governamental: Equilíbrio entre Segurança e Celeridade.  Estudo de Caso: “Desburocratização - Prof. Ivan Jacomassi Junior”. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 5
  • 6. Empreendedorismo Parte 01 – Evolução Histórica Nesta parte estaremos posicionando o discente quanto ao conceito de “Empreendedor”, “Empreendedorismo” e “Intra-Empreendedorismo”, para depois realizar uma análise histórica do objeto de estudo, entendendo seu reconhecimento pelos estudiosos, sua evolução e compreendendo seu papel e postura frente à sociedade atual. Tema 02 - Conceitualização: “Empreendedor”; Definições:  Empreender: Intentar, levar à efeito, dar princípio;  Empreendedorismo: Designa estudos relativos ao Empreendedor, seu perfil profissional e pessoal, suas origens, seu sistema de atividades e universo de atuação.  Empreendedor: “O Empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização” (José Carlos Assis Dornelas). “Empreendedor” qualifica o indivíduo com características de:  Pró-atividade;  Inovação;  Dedicação à gestão e ao trabalho;  Visão de mercado;  Geração de riquezas.  Intra-Empreendedorismo: O conceito de intra-empreendedorismo foi estabelecido há duas décadas, mas as empresas não estavam dispostas a dar aos empregados a liberdade para criar e, conseqüentemente, errar e oferecer-lhes um orçamento para financiar inovação. Além do mais, não queriam arcar com os custos dos erros que inevitavelmente acontecem no percurso. Hoje esse conceito já está muito difundido e valorizado nas organizações. O intra-empreendedorismo (intrapreneuring) é um sistema para acelerar as inovações dentro de grandes empresas, através do uso melhor dos seus talentos empreendedores. É um sistema que oferece uma maneira saudável para se reagir aos desafios empresariais do novo milênio. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 6
  • 7. Empreendedorismo Ainda, a visão do capital em uma economia moderna sofreu profundas alterações. Financeiro ($) Capital Intelectual Veja, o empreendedor muitas vezes possui pouco capital financeiro, mas maciço capital intelectual. Empreendedorismo, sob o prisma social está além do simples ato de criar empresas, está vinculado à geração de valor para a nação. O Administrador e o Empreendedor, embora semelhantes quanto ao ato de gerir negócios, não se confundem enquanto personagens atuantes no mundo econômico, pelo fato de a Administração ser uma Ciência Social Aplicada, um verdadeiro conjunto de técnicas e métodos para melhoria dos negócios, enquanto que o Empreendedor corresponde a uma espécie de habilidade, nata ou adquirida, ou um verdadeiro estado de espírito, mas relembrando que ambas se encontram (Administração e Empreendedorismo) no objetivo comum do desenvolvimento econômico do mercado. “O empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, deve saber persuadir terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar todos a uma situação confortável no futuro. Utilizando energia e perseverança, e uma grande dose de paixão constrói algo a partir do nada e continua em frente, apesar de obstáculos, armadilhas e da solidão. O empreendedor é alguém que acredita que pode colocar a sorte a seu favor, por entender que ela é produto de trabalho duro”. Tema 03 - História do Empreendedorismo no Mundo “Se considerarmos a evolução humana, pode-se dizer que o homem primitivo já possuía uma veia empreendedora. Naquela época, para sobreviver era necessário construir diversas ferramentas que tinham por objetivo agilizar a caça de animais. Para se ter uma idéia, o Homo Habilis, um dos ancestrais da atual raça humana, surgiu há aproximadamente 2 milhões de anos, e já possuía hábitos de caça. Milhares de anos se passaram e um importante salto para o empreendedorismo ocorreu com as grandes civilizações antigas. Um bom exemplo são os egípcios, famosos por suas pirâmides. Para construir Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 7
  • 8. Empreendedorismo uma dessas maravilhas, estima-se que eram necessários 30 mil homens e 20 anos de trabalho. Na agricultura pode-se observar a perspicácia desse povo, que aproveitava a cheia do rio Nilo para preparar a terra para o plantio da safra seguinte. Além disso, eles foram muito importantes para áreas como a matemática e a engenharia.” 3 Aproximando-nos da fase contemporânea, no início da teoria econômica com Adam 4 Smith até muito recentemente, os economistas explicavam o desenvolvimento das nações como resultado de três variáveis: “Mão-de-obra barata, matéria prima abundante e capital disponível para investimentos.” Hoje se sabe que existem duas outras variáveis, provavelmente mais importantes que as demais: A “Tecnologia” 5 e o “Empreendedorismo”. Muito embora o ato de empreender exista há milênios, o termo Empreendedor surgiu originalmente na França (Entrepreneur), para designar indivíduos que incentivavam brigas. Posteriormente, entre os séculos XVII e XVIII, passou a ser empregada com objetivo de designar pessoas ousadas, que auxiliavam no processo de desenvolvimento econômico do país, pelas suas práticas adequadas. Posteriormente, no século XIX o economista francês Jean Baptiste Say conceituou o Empreendedor como verdadeiro agente econômico, um indivíduo capaz de elevar recursos de baixa para a alta produtividade. Peter Ferdinand Drucker 6 (1909 – 2005), filósofo e economista Austríaco, considerado o pai da Administração Moderna, ampliou o conceito de empreendedorismo, articulando junto ao conceito do profissional inovador e pró-ativo, capaz de gerar valor conforme expôs Jean, aquele indivíduo que é capaz de aproveitar oportunidades para promover mudanças. 3 Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/empreendedorismo-origem-e-desafios- para-o-brasil-do-seculo-xxi/33075/ 4 Pai da economia moderna, é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico. Autor de "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", a sua obra mais conhecida, e que continua sendo referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos apenas pelo seu próprio interesse (self-interest), promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica. 5 Termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento 6 Uma importante teoria de Drucker afirmava que a empresa que apresentasse condições de vender o produto/serviço certo, para o cliente certo, com distribuição adequada, preço justo e momento oportuno teria um esforço de vendas equivalente à zero, pela correta equação da oferta pela demanda. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 8
  • 9. Empreendedorismo E este é um dos pontos chave do ato empreendedor, pela capacidade de responder a fórmula do “problema”, ou seja, enquanto a maioria das pessoas a interpreta da seguinte forma: Problema = Frustração Par o empreendedor: Problema = Oportunidade ou Problema + Solução = Riqueza + Satisfação Enquanto a maioria das pessoas entra em profundo estado de abalo emocional diante de circunstâncias desfavoráveis, o sujeito empreendedor vislumbra a chance de criar soluções, conseqüentemente realizando bons negócios e instaurando um Status Quo 7 de satisfação social pela problemática resolvida. Importante também diferenciar historicamente o Empreendedor do Capitalista, sendo que o segundo, após a revolução industrial iniciada no século XVIII 8, demonstrou sua verdadeira vocação, ou seja, a financeira pura e simples, enquanto que o primeiro possui uma conotação de vocação ao verdadeiro desenvolvimento econômico-social. Tema 04 – História do Empreendedorismo no Brasil Foi a partir do século XVII que os portugueses, percebendo a imensidão e o grande potencial de exploração do território brasileiro, começaram a ocupar definitivamente essas terras, distribuindo-as aos cidadãos portugueses, vindos principalmente da região de Açores. Dentre os homens que realizaram os mais diversos empreendimentos (muitos deles à custa de trabalho escravo degradante), um merece destaque: Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. Descendente dos primeiros empreendedores portugueses, ele foi responsável pela fabricação de caldeiras de máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas, 7 Expressão Latina que significa “na situação” ou “no estado”. Comumente empregada para designar uma característica de situação ou estado emocional. 8 A revolução industrial consistiu em um conjunto de mudanças de ordem técnica e tecnológica, que revolucionaram a sistemática dos meios de produção, ampliando sobremaneira a capacidade de criação de bens de consumo, mas também minimizando o papel da mão de obra. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 9
  • 10. Empreendedorismo armas e tubos para encanamentos de água. Foi responsável também pelos seguintes empreendimentos:  Organização de companhias de navegação a vapor no Rio Grande do Sul e no Amazonas;  Implantação, em 1852, da primeira ferrovia brasileira, entre Petrópolis e Rio de Janeiro;  Implantação de uma companhia de gás para a iluminação pública do Rio e Janeiro, em 1854;  Inauguração do trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do país, entre Petrópolis e Juiz de Fora, em 1856. Seu legado foi tamanho que ele ainda hoje é reconhecido como uns dos primeiros grandes empreendedores do Brasil. Entretanto, o empreendedorismo começou a ganhar força de forma geral no país a partir da década de 1990. Com grande volume de produtos importados, especialmente pela intensificação da globalização econômica e instituição de uma moeda estável e valorizada (Real - R$) houve relativo controle dos preços, mas criou-se também condições de competitividade por diversas vezes desfavoráveis às empresas brasileiras, favorecendo a atuação de estrangeiros com perfil diferenciado (Empreendedores). Destacam-se as condições adversas especialmente nos setores de brinquedos, eletrônicos e roupas. Portanto, com a formação de um novo paradigma de mercado, ações antes consideradas eficientes do ponto de vista mercadológico precisaram ser redesenhadas, repensadas e redirecionadas, fato possível somente entre empresas com posturas inovadoras, flexíveis e visionárias. Mudanças na postura e políticas internacionais brasileiras favoreceram a vinda de investimentos estrangeiros, que potencializaram a criação de renda e PIB Nacional. O Brasil demonstra grande vocação empreendedora, segundo o relatório executivo de 2000 do Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2000), o país possui uma relação entre adultos que começam um novo negócio em relação ao total populacional bastante aguerrida:  Brasil: 1/8 (leia-se hum para cada oito adultos);  EUA: 1/10;  Austrália: 1/12;  Alemanha: 1/25;  Reino Unido: 1/33; Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 10
  • 11. Empreendedorismo  Finlândia e Suécia: 1/50;  Irlanda e Japão: 1/100. Evidente que alguns fatores influenciam iniciativas deste tipo, como renda média assalariada e estabilidade de emprego, fato que por vezes desacelera o processo empreendedor em países ricos, mas ressalte-se que nos EUA, grande potência mundial, o empreendedorismo é bastante difundido. Outro ponto a mencionar-se é que a atividade empreendedora no país está relacionada, proporcionalmente, na sua grande maioria junto ao público jovem, sendo que mais da metade dos empreendedores brasileiros possuem menos de 35 anos de idade, e somente 3% dos empreendedores possuem idade acima dos 55 anos. Esta jovialidade certamente possui ligação direta com o fato de o empreendedorismo ter se acelerado somente recentemente, como demonstrado no início do presente tema. Ainda, este perfil empreendedor demonstra fatores favoráveis e desfavoráveis: Prós:  Iniciativa;  Adaptabilidade;  Criatividade;  Facilidade de lidar com tecnologia. Contra:  Inexperiência;  Baixa visão de risco;  Impulsividade;  Recusa à metodologias antigas. Tema 05 – Estudo de Caso - O Empreendedorismo no Brasil e o Processo de Inovação: O Caso Mauá 9 Transcrição do Artigo: Este artigo mostra um exemplo de empreendedorismo que alia conhecimento e inovação, ao relacionar a vida de Irineu Evangelista de Sousa (Barão de Mauá) com o tema 9 Artigo Publicado em: http://www.ead.fea.usp.br/semead/11semead/resultado/trabalhosPDF/197.pdf. Autores: LOPES, Camila Papa. SANTOS, Moacir Bispo dos. CLARO, José Alberto Carvalho dos Santos. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 11
  • 12. Empreendedorismo do empreendedorismo, passando pelas leituras de McClelland, Schumpeter, Vries, Thimmmons, Say, Dornellas, Empretec pelo Sebrae, que tratam do comportamento empreendedor e Caldeira, que aborda especificamente a história de Mauá, utilizando-se para tal a análise comparativa entre estes para mostrar a contribuição do Barão de Mauá para o desenvolvimento do Brasil, pelos negócios estabelecidos no século XIX, identificando a capacidade administrativa e o pioneirismo no processo de industrialização brasileira. Questiona-se como o processo de inovação no Brasil deve sua história ao empreendedorismo a partir de pioneiros que alavancaram nossa economia e administração? Adotou-se o exemplo de Irineu Evangelista de Sousa como o empreendedor da inovação a partir de um estudo qualitativo descritivo, de forma a contextualizar a realidade do empreendedorismo no Brasil e como foi consolidada sua estrutura. A pesquisa entre o que a literatura estabelece como comportamento empreendedor e a postura do Barão de Mauá mostra quais características são consideradas no empreendedor para definir a competência para o sucesso nos negócios, como um exemplo de que a inovação é perpetuada pelas características empreendedoras. “Palavras-chave: Empreendedorismo. Administração. Barão de Mauá” Introdução O empreendedorismo é um tema que ganhou espaço nos estudos administrativos nos últimos anos. A globalização e as modificações nas relações de trabalho fazem com que indivíduos partam para áreas inexploradas, dando importância às idéias e sonhos e criando o próprio negócio. Esse contexto, denominado empreendedorismo, pode ser definido como um conjunto de hábitos e características pessoais que tem como base a captação de idéias e iniciativas, transformando-as em oportunidades de negócio. Este trabalho tem como premissa que o empreendedorismo também é uma característica pessoal, uma vez que muitos estudos realizados sobre a personalidade dos empreendedores concluem que o sucesso do empreendimento depende dos seus comportamentos. Pela história de empreendedores famosos, observa-se que estes indivíduos ultrapassaram seus limites, enfrentando e superando as dificuldades, tanto da época quanto pessoais e desenvolveram negócios lucrativos e duradouros. Mesmo quando não tiveram Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 12
  • 13. Empreendedorismo êxito em um primeiro momento, não desistiram e recomeçaram. Nesse sentido se apresenta a história do Barão/Visconde de Mauá. Os empreendedores são pessoas diferentes, com comportamentos que se diferenciam do senso comum, possuem motivação singular, são apaixonados pelas atividades que desenvolvem, não se contentam em ser mais, querem ser reconhecidos, admirados, referenciados e imitados, querem deixar seu legado, sua história, e muitos o deixam. O estudo do empreendedorismo compreende a análise do ser humano a partir do desenvolvimento e execução de idéias e oportunidades, bem como a criação do negócio pelas iniciativas individuais. Este campo de estudos tem sido explorado de forma crescente nos últimos anos, à medida que se passou a enxergar a importância do indivíduo e do estímulo à criatividade. No geral, os empreendedores são pessoas que se dispõem a vislumbrar e criar oportunidades e fazer acontecer, lutar pela sua consecução, para por em prática suas idéias e gerar um ou mais negócios. Além disso, os empreendedores são essenciais no mercado, pois eles são agentes de inovação, estimulam a criatividade. Considerando que os indivíduos se desenvolvem a partir de sua relação com o meio ambiente, a partir da conduta cultural e social, observa-se que seu comportamento pode ser definido como “contínuo desenvolvimento orgânico” constituído pela produção de uma forma particular de padrão cultural, ou seja, como a cultura influencia comportamentos direcionados a criação de negócios e como este comportamento contribui para definir o ambiente de negócios de forma temporal e regional. Faz-se uma reflexão sobre a relação do comportamento humano e a atitude empreendedora, como um fator intrínseco ao conhecimento, algo que pode ser desenvolvido ao decorrer da vida de um indivíduo e da cultura onde ele cresceu, conceituada como uma programação coletiva da mente, conhecimentos, que distinguem os indivíduos. Os empreendedores realizam leituras e interpretações diferenciadas da realidade e colocam em prática seus conhecimentos para gerar inovação com diferentes aplicações, em espaços e momentos históricos distintos. O conhecimento traz a capacidade de identificar oportunidades e o empreendedorismo de colocá-las em prática, a partir de comportamentos humanos. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 13
  • 14. Empreendedorismo Este artigo aborda o comportamento empreendedor pela história de Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, cujo título é atribuído às suas obras inovadoras, que contribuíram para o processo de desenvolvimento do Brasil. Metodologia O artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa qualitativa descritiva, definida por Charoux (2006) como pesquisa que descreve e classifica características de uma situação e estabelece conexões entre a base teórico-conceitual existente ou mesmo de outros trabalhos já realizados. Para a autora: “Esse tipo de pesquisa pressupõe uma boa base de conhecimentos anteriores sobre o problema estudado, já que a situação-problema é conhecida, bastando descrever seu comportamento. As respostas encontradas nesse tipo de pesquisa informam como determinado problema ocorre”. A descrição baseia-se na história de Irineu Evangelista, o Barão de Mauá, sua trajetória no mundo dos negócios e como seu comportamento empreendedor influenciou no processo de inovação no Brasil. Parte-se do conteúdo teórico sobre empreendedorismo e comportamento empreendedor, em seguida é feito um levantamento histórico sobre as inovações propiciadas por Mauá e por fim é apresentada uma análise comparativa entre as características do comportamento do Barão de Mauá evidenciadas na obra de Caldeira com as teorias sobre o empreendedorismo como forma de identificar quais dessas características embasaram o alcance do sucesso nos negócios, também para mostrar a relação entre conhecimento, empreendedorismo e inovação. O Estudo teórico do Empreendedorismo O empreendedorismo pode ser analisado por meio de focos de estudo, destacando- se a fenomenologia, que observa atitudes e características do indivíduo, que formam suas competências para conduzir a teoria a partir do que o indivíduo faz, o que o motiva; e outros que focam o comportamento empreendedor por uma definição e a ele são relacionadas atitudes concernentes a atividade empresarial. O conceito de empreendedorismo provém da palavra empreendedor (Entrepreneur) tem origem francesa e significa “aquele que assume riscos e começa algo novo” (HIRISH, 1986). Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 14
  • 15. Empreendedorismo Para Carland, Hoy e Boulton (1984), o empreendedorismo constitui-se em um conjunto de comportamentos e de hábitos que podem ser adquiridos, praticados e reforçados nos indivíduos, ao submetê-los a um programa de capacitação adequado de forma a torná-los capazes de gerir e aproveitar oportunidades, melhorar processos e inventar negócios. O espírito do empreendedorismo compreende a busca permanente de novos produtos, conceitos, métodos e mercados, aliados com habilidades na execução de todas as atividades operacionais, contemplando um plano gestor para gerir as compras, produção, vendas, entregas, administração, planejamento, cronogramas, orçamentos, contabilidade etc. Filion (1997) conceitua o empreendedor como um indivíduo criativo, que possui a capacidade de determinar e alcançar objetivos, com alto nível de consciência do ambiente em que atua, usando as mudanças como forma para identificar oportunidades de negócio. Mintzberget al (2000) relaciona o empreendedorismo a estratégias de inovação, definindo como características do empreendedor a busca por oportunidades, centralização de poder, capacidade de lidar com o risco para conquistar lucros e sucesso nos negócios, sendo estimulado pela necessidade de realização. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2008), o empreendedorismo é a arte de fazer acontecer com criatividade e motivação. Consiste no prazer de realizar com sinergismo e inovação qualquer projeto pessoal ou organizacional, em desafio permanente às oportunidades e riscos. É assumir um comportamento proativo diante de questões que precisam ser resolvidas. O empreendedorismo é o despertar do indivíduo para o aproveitamento integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. É a busca do autoconhecimento em processo de aprendizado permanente, em atitude de abertura para novas experiências e novos paradigmas. A teoria relacionada ao empreendedorismo considerada mais importante é a do economista austríaco Schumpeter, que associa o empreendedor ao desenvolvimento econômico, a inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. Os estudos sobre o comportamento do empreendedor versam pela hipótese de que o sucesso do novo empreendimento depende essencialmente disto. “O empreendedor é o agente do processo de destruição criativa. É o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros” (SCHUMPETER, 1934). Para Schumpeter (1934), o empreendedorismo constitui-se na busca de inovações como um diferencial competitivo, a partir da percepção e identificação de oportunidades de Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 15
  • 16. Empreendedorismo negócio, no desejo de concretizar e tornar um sucesso novo ou novos empreendimentos, mas também de gerar inovação em processos e utilizar recursos de formas variadas visando resultados positivos. Neste foco, o autor define o empreendedor como o agente do processo de “destruição criativa”, um indivíduo que tem como competência a criação de novidades de forma que estas possam contribuir para o desenvolvimento de um país, o motor do capitalismo que gera riquezas e cria produtos, processos e mercados sustentáveis. Say (1983), representante da escola clássica francesa - que estuda o empreendedor e o lucro, define o empreendedor como aquele que é remunerado pelo lucro. Para o autor, o empreendedor é responsável por reunir todos os fatores de produção e descobrir, no valor dos produtos, a reorganização de todo capital empregado, o valor dos salários, os juros, o aluguel, bem como os lucros que lhe pertencem, ou seja, uma definição de empreendedorismo centrada nos negócios. Para McClelland (1961) não existe uma relação condicionante entre empreendedorismo e a abertura de negócios, mas o que contribui para essa associação é a necessidade de realização do indivíduo, que é o ponto chave para o desenvolvimento de suas demais características que o tornam empreendedor. Comportamento Empreendedor Os indivíduos considerados como empreendedores têm um comportamento diferenciado, conforme se observa nas definições de empreendedorismo. Neste contexto, são analisados e discutidos seus comportamentos para facilitar o entendimento das variáveis do empreendedorismo, como um conjunto de características psicológicas e sociais relativamente estáveis que influenciam a maneira pela qual o indivíduo interage com seu ambiente (LEZANA; TONELLI, 1998) Para Gerber (1996), a personalidade empreendedora transforma uma condição qualquer em oportunidade, como por exemplo, mudanças no ambiente físico, uma chuva, pode representar uma oportunidade para um indivíduo de vender guarda-chuva, enquanto que a grande maioria dos indivíduos irá reclamar pelo incômodo. Um dos primeiros trabalhos realizados sobre as características comportamentais dos empreendedores foi desenvolvido por David McClelland, na Universidade de Harvard, em 1961, uma teoria sobre a motivação psicológica, baseada na crença de que o estudo da motivação contribui significativamente para o entendimento do empreendedor. Segundo sua teoria, os indivíduos são motivados por três grupos de necessidades: Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 16
  • 17. Empreendedorismo 1. Necessidade de realização 2. Necessidade de poder 3. Necessidade de afiliação Um estudo mais direcionado para a formação do empreendedor foi elaborado a partir da teoria de McClelland, resultando num curso realizado pelas Organizações das Nações Unidas - ONU para a formação de empreendedores que pudessem criar negócios de sucesso. Este curso foi trazido para Brasil na década de 80, sendo denominado Empretec pelo Sebrae, com uma metodologia que testa os comportamentos empreendedores. Estes comportamentos foram divididos em quatro grupos de características: necessidades, conhecimentos, habilidades e valores, gerando quarenta características empreendedoras, conforme Quadro 1 (NANNI et al., 2006). GRUPO DAS NECESSIDADES GRUPO DOS CONHECIMENTOS 1. Aprovação/Reconhecimento 9. Aspectos técnicos relacionados com o negócio 2. Independência/Autonomia 10. Experiência na área comercial 3. Desenvolvimento pessoal 11. Escolaridade 4. Segurança 12. Experiência em empresas 5. Auto-realização 13. Formação complementar 6. Qualidade e eficiência 14. Vivência com situações novas 7. Poder/Status 8. Inovação/iniciativa GRUPO DAS HABILIDADES GRUPO DOS VALORES 15. Identificação de novas oportunidades- 28. Existenciais visionárias 16. Valoração de oportunidades 29. Estéticos 17. Criatividade 30. Intelectuais 18. Comunicação persuasiva 31. Morais 19. Negociação 32. Éticos 20. Aquisição de Informações 33. Religiosos 21. Resolução de problemas 34. Autoconfiança 22. Alcançar metas 35. Autenticidade Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 17
  • 18. Empreendedorismo 23. Motivação e decisão 36. Lealdade 24. Organização 37. Ambição 25. Flexibilidade 38. Disposição ao risco 26. Controle racional dos impulsos 39. Perseverança – persistência 27. Resiliência 40. Familiares De acordo com McClelland (1961), a necessidade de realização é a que o indivíduo tem de testar seus limites, de executar um bom trabalho. É a necessidade relativa às realizações pessoais. Indivíduos com alta necessidade de realização geram mudanças em suas vidas, estabelecem metas realistas e realizáveis e buscam situações competitivas. O estudo comprovou que a necessidade de realização é a primeira identificada entre os empreendedores bem sucedidos. A segunda é a necessidade de realização que impulsiona as pessoas a criar um empreendimento. A necessidade de afiliação existe apenas quando há alguma preocupação em estabelecer, manter ou recuperar relações emocionais positivas com outros indivíduos. A necessidade de poder é caracterizada principalmente pela forte preocupação em exercer poder sobre outros indivíduos. McClelland (1972) relaciona o comportamento dos empreendedores à necessidade de sucesso, de reconhecimento, e ao desejo de poder e de controle, pela vontade do indivíduo de se superar e evoluir, o que relaciona características psicológicas e atitudinais tais como tendência ao risco, iniciativa e desejo de reconhecimento. Outro enfoque sobre o comportamento dos empreendedores é a pesquisa de Abraham Zaleznik e Manfred Kets de Vries (KETS DE VRIES, 1997), que caracterizaram os empreendedores como pessoas profundamente influenciadas por uma infância turbulenta e conflitante, cujas vidas eram sofridas com temas reais ou imaginários de pobreza, depravação, morte significativa e solidão. Deste modo, acreditam que o empreendedor é motivado por sentimentos persistentes de insatisfação, rejeição e impotência, derivados de conflitos relacionados com os pais. Esta situação geraria uma ação psicológica que necessitaria de compensação para aliviar estes conflitos dolorosos, os quais poderiam induzir a uma ação auto-destrutiva, impulsionando-o à esforços criativos e inovativos. Estes últimos se associam com o desenvolvimento de esforços relacionados com a criação e desenvolvimento de empreendimentos. Os autores também consideram o empreendedor como um ator em um teatro empresarial, que inclui necessidade de aplauso, e defesas psicológicas, tais como projeção e ruptura. Assim estabeleceram seis elementos constituintes da personalidade Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 18
  • 19. Empreendedorismo empreendedora: meio ambiente turbulento; esquiva em relação as normas autoritárias dos pais; sentimento de rejeição; sentimentos dolorosos de raiva, hostilidade e culpa; identidade confusa (identificação com a personalidade causadora de dor); adota modelos reativos para sentimentos dolorosos (culpa, rebelião e impulsividade). A partir dos seis elementos, acreditam que o sucesso do negócio é afetado pela personalidade do empreendedor, que precisa se identificar fortemente com o empreendimento e depende disto para manter sua auto-estima e sua necessidade de controle (MANTOVANI; BORGES, 2006). Outro estudioso sobre comportamento empreendedor é Thimmons (1994), que junto com seus colaboradores, pesquisou os atributos de personalidade dos empreendedores. Seu estudo representa uma síntese de mais de 50 pesquisas compiladas da literatura acerca de atributos e comportamentos dos empreendedores bem sucedidos. Verifica-se a seguir uma síntese de suas constatações: 1. Comprometimento, determinação e perseverança; 2. Guiados pela auto-realização e crescimento; 3. Senso de oportunidade e orientação por metas; 4. Tomam iniciativas por responsabilidades pessoais; 5. Persistência na resolução de problemas; 6. Conscientização e senso de humor; 7. Buscam obter feedback; 8. Controle racional dos impulsos; 9. Tolerância ao stress, ambigüidade e incerteza; 10. Procuram correr riscos moderados; 11. Pouca necessidade de status e poder; 12. Íntegros e confiáveis; 13. Decididos, urgentes e pacientes; 14. Lidam bem com o fracasso; 15. Formador de equipes. Dornelas (2001) resume as características dos empreendedores no Brasil: 1. Busca de oportunidades e iniciativas; 2. Persistência; Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 19
  • 20. Empreendedorismo 3. Correr riscos calculados; 4. Exigência de qualidade e eficiência; 5. Comprometimento; 6. Busca de informações; 7. Estabelecimento de metas; 8. Planejamento e monitoramento sistemático; 9. Persuasão e rede de contatos; 10. Independência e Autoconfiança. Segundo Bastos (1998), o comportamento empreendedor parte de um mecanismo que indivíduos utilizam para dar resposta a um determinado evento na busca de satisfazer um conjunto de necessidades relativas ao sucesso nos negócios. Assim, o processo comportamental do empreendedorismo tem início a partir da identificação de uma oportunidade com a necessidade de assumir riscos e estruturar o negócio, pelo conhecimento e ação. Uma breve análise histórica de Irineu Evangelista de Sousa Para retratar a realidade histórica e de que forma este evoluiu no Brasil no âmbito do empreendedorismo, faz um retrocesso por volta dos anos de 1680 e 1777, onde os limites do Sul do Brasil eram disputados entre Espanhóis e Portugueses, e as diferenças eram resolvidas na guerra, ficando a divisa no lugar determinado pelo último combate, até que uma nova investida ou tratado de paz negociado na Europa modificasse a situação. Nesta época, os Portugueses se instalaram às margens do Prata bem em frente a Buenos Aires, os Espanhóis chegaram a tomar a ilha de Santa Catarina, mas nenhum dos dois lados conseguia sacramentar suas vitórias, e a fronteira alterava-se a cada investida bem-sucedida do adversário. Desde o início, estas terras tinham se mostrado como excelentes criadouros natural de gado, com milhares de cavalos e bois se multiplicando soltos e sem donos, atrativo para aventureiros a busca de riqueza e brigas constantes. A coroa portuguesa, interessada na ocupação do território, distribuía generosamente títulos de terra na zona de litígio (apesar de que a assinatura do Rei naquela região não dizia muita coisa), a maioria dos portugueses eram da região de Açores (super-povoada na época). Em meio a este contexto, em 1792, chegou o avô materno de Irineu Evangelista de Sousa, José Batista de Carvalho, que Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 20
  • 21. Empreendedorismo estabeleceu um rancho numa sesmaria de 4 mil hectares entre o arroios Grande e Chasqueiro a 500km de Montevidéu, logo depois o avô paterno, Manuel Jerônimo. Em 1810, o pai de Irineu Evangelista, João Evangelista de Ávila e Sousa casou-se com Mariana Batista de Carvalho, e em 1813 nasceu Irineu. Para manter o crescimento de seus negócios, João Evangelista de Ávila e Sousa, em 1819, saiu em uma excursão ao território uruguaio para a busca de mais gado e foi morto por um tiro (versões pouco claras chegaram para os familiares), ficando sua mãe viúva pela primeira vez com 24 anos. Tentou tocar os negócios e preferiu ensinar Irineu a ler e escrever a ter que fazer os serviços da fazenda, e este aproveitou o conhecimento oferecido pela mãe e logo dominou as letras e mostrou uma predileção pela matemática. Três anos após a morte do pai, sua mãe casa pela segunda vez com João Jesus e Silva, que não aceitava crianças de um outro pai. A solução foi casar sua irmã Guilhermina, com menos de doze anos com José Machado da Silva e mandar Irineu para o Rio de Janeiro para trabalhar no comércio com um tio seu (por parte de mãe) que tinha o mesmo nome de seu avô. Nesse contexto iniciou a história do empreendedor, que chegou no Rio com nove anos de idade e foi instalar-se na casa de n°155 da Rua Direita, que era o armazém e a sede dos negócios de João Rodrigues Pereira de Almeida, onde aprendeu todas as funções do armazém, sendo ensinado pelos mais velhos de casa que estranhavam a origem do menino, pois na época raros nativos do Brasil trabalhavam no comércio, sendo esta profissão exercida por mão-de-obra vinda direta da Metrópole, fato este manipulado pela Coroa, pois evitava que habitantes da colônia controlassem a atividade comercial. Logo vislumbrou a possibilidade de ser o caixeiro de escritório, tendo que dominar a contabilidade e passar por um exame da Real Junta de Comércio e Navegação, para ser reconhecido pelo patrão, que era de família importante do Sul e Pereira de Almeida negociava charque com ela, seu tio era homem de grande prestígio e respeito por comandar uma Nau de Pereira de Almeida e este último tomava conta de seu armazém bem de perto e conhecia seus funcionários e rendimentos. A empresa era bem prestigiada e estava envolvida em uma série de atividades complexas, negociando simultaneamente com centenas de pessoas nos três continentes. Pereira de Almeida era ao mesmo tempo comerciante, banqueiro, industrial, armador, além de cortesão e manipulador político, trabalhar em uma empresa como esta na época era o objetivo de qualquer caixeiro que quisesse vencer na vida. Com uma frota registrada em seu nome de treze navios, a base de todo o comércio de Pereira de Almeida era o tráfego de escravos. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 21
  • 22. Empreendedorismo Com menos de cinco anos de experiência e com quatorze anos de idade, Irineu já assumia a complexa rede de negócios do patrão. Por volta de 1828, houve um revés e as coisas mudaram para Pereira de Almeida, pois o tráfico de escravos estava acabando e a guerra com a Argentina, tornando a província Cisplatina no Uruguai, levaram o Banco do Brasil a ser um alvo para as perdas governamentais, fazendo com que o comerciante perdesse tudo que tinha, para consolar o Imperador que distribuía títulos de nobreza criados a granel, concedeu-lhe o título de Barão de Ubá, onde foi morrer (1830) em sua fazendo defendida por Irineu junto ao credor escocês Richard Carruthers. Assim, Irineu começou a trabalhar em 1829, Carruthers & CO, uma das maiores empresas de Carruthers, que o incentivou a aprender inglês e contabilidade da forma inglesa (em libras), e teve contatos com a maçonaria. Logo se destacou dos demais, aprendendo as minúcias do ofício e pela orientação de Carruthers. Leu muitos livros, dentre eles Adam Smith – A Riqueza das Nações - o original em Inglês que aproveitava para discutir com seu patrão. Após completar 22 anos, Irineu recebeu uma participação no capital da empresa e uma procuração de Carruthers, que lhe deu todos os poderes para administrar os negócios como se a firma fosse apenas dele. Em 25 de Outubro de 1837, Irineu comprou sua primeira casa. O cenário Nacional continuava complicado e várias revoltas eclodiam nas províncias (Cabanagem/PA, Balaiada/MA, Sabinada/BA, Carneiradas/PE, Farroupilhas/RS) sempre se repetindo a história: liberais contra conservadores republicanos. Irineu se envolveu em uma destas revoltas fornecendo roupas e dinheiro a revoltosos (na fortaleza de Santa Cruz/RJ) e isto lhe causou problemas em 1839, indo assim visitar seu amigo e sócio Carruthers na Inglaterra a fim de acalmar os problemas. Em sua viagem à Inglaterra, apresentou grande entusiasmo por novidades. Teve como anfitrião um amigo de juventude (João Henrique Reynell de Castro), que contribuiu para abrir o seu caminho da fortuna. Assistiu a inauguração da ferrovia em 1830, entre Liverpool e Manchester, viu que os ingleses produziam fábricas com rapidez, mecanizando assim o desenvolvimento. Também notou que a ferrovia trazia consigo outros negócios (ferros e máquinas), sendo foco dos banqueiros ingleses. Menos de 20 anos depois da inauguração do trecho entre Liverpool e Manchester, havia 10 mil quilômetros de ferrovias na Inglaterra, com um investimento aproximado de 250 milhões de libras esterlinas. Percorreu fábricas de tecidos, estaleiros, fundições, estradas de ferro e bancos, se mostrava muito interessado em novos conhecimentos empíricos, perguntava sobre tudo e estudava manuais de funcionamento e catálogos, manteve também vários contatos Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 22
  • 23. Empreendedorismo econômicos, estudando os movimentos da época na Grande Potência Inglaterra. Em sua percepção, vislumbrava o desenvolvimento do Brasil e na volta de sua viagem da Inglaterra, abriu a empresa que deveria captar dinheiro na Inglaterra para ser investido no Brasil, visando a modernidade. Apesar da viagem para a Europa, os ânimos dos comerciantes do partido Conservador continuavam os mesmos perante a posição de Irineu e estes publicaram uma carta em 21 de Outubro de 1842, no Jornal do Comércio, com a notícia de que não tinha conexões com os rebeldes do Rio Grande do Sul, que eram os únicos homens em armas que o governo central precisava derrotar para consolidar seu poder. O efeito de tal carta foi devastador perante os amigos, pois a fama de traidor da causa logo se instaurou. Apesar disto, Irineu foi tido como traidor pelos amigos e era mal visto pelos governantes da época. Em 11 de Agosto de 1846, adquiriu o estabelecimento de fundição e estaleiros da Ponta de Areia em Niterói/RJ. Pensava em transformar a mesma em um estabelecimento de ponta, a moda inglesa, para tanto, teve que trazer a preço de ouro (propriamente dito) trabalhadores ingleses, pois não existia mão de obra qualificada na época, além de ter a regra de que uma pessoa de tez branca, não carregava nada e tinha que sempre ter um escravo que o fizesse. A falta de matéria-prima também o fez pensar fora da caixa, fazendo uma logística (hoje banal), mas que para a época saltava aos olhos, e passou a trazer minério de ferro de Minas Gerais no lombo de burros, importação de carvão, e peças para os defeitos nas máquinas.Firmou um contrato com o ministério do Império para canalizar o rio Maracanã com tubos de ferro, e como é de praxe, o governo não pagava e teve que diversificar a produção fazendo pregos, sinos para igrejas, máquinas de serrar, peças para engenhos de açúcar, guindastes, etc. Passou a aceitar serviços de reparos em navios e montou uma empresa no Rio Grande do Sul para operar um vapor que havia sido construído por ele. De forma inovadora na época, começou a administrar os funcionários de forma igualitária e distribuía lucros, incentivando que os mesmos abrissem seus próprios negócios ou aumentar o leque de opções (assumia prejuízos). Da mesma fábrica, saíram engenhos de açúcar completos (movidos a vapor), pontes de ferro, canhões de bronze para navios de guerra, navios a vapor completos, fornos siderúrgicos e bombas de sucção. Em 1849, o Uruguai se viu em sérios problemas, pois nenhum dos países que o subsidiavam queriam continuar a fazê-lo, tendo neste momento o crescimento do temor de invasão Argentina na figura do ditador na época (Juan Manuel de Rosas). O embaixador do Uruguai no Brasil na época (Andrés Lamas) pediu ajuda e o governo viu na figura de Irineu a Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 23
  • 24. Empreendedorismo forma de ajudar sem ser notado. Com isto, Irineu emprestou dinheiro para financiar a guerra contra a Argentina. Em Fevereiro de 1852 o exército de Rosas foi derrotado sem um único tiro, pois acertos monetários foram feitos nos bastidores com comandantes desertores argentinos. Este fato fez com que o governo Uruguaio reconhecesse uma dívida pública junto a Irineu e a partir de 15 de Maio de 1852, ele tornou-se o maior credor do governo Uruguaio e com direito sobre a aduana. Com isto, a navegação do Rio Prata foi aberta, fluindo o comércio local. Aproveitando a situação do fechamento do tráfico de escravos e notando um grande valor monetário na praça sem um destino certo, Irineu em 1851, abriu o Banco Commercial, vislumbrando as aplicações em um futuro promissor de progressos intermináveis (fábricas, telégrafos, estradas de ferro). Começou a comprar a moeda nacional (réis) fazendo um câmbio favorável a quem vendia e trocava por libras esterlinas (moeda forte). A corrida ao banco foi muito grande, em pouco tempo estava quase que com toda moeda nacional em seus cofres ao troco da libra. Começou a faltar (réis) para negócios nacionais e ele mais que depressa começou a vender (réis) e comprar (libras), dando primeiro golpe no câmbio. Nessa época, chegou no Brasil informes de que os americanos queriam abrir o Amazonas para livre exploração e navegação, tal fato alarmou as defesas brasileiras e o governo convocou mais uma vez Irineu, propondo que o mesmo abrisse na região norte uma empresa de exploração / navegação do rio Amazonas, explorando assim o comércio dos povoados ribeirinhos muito dispersos, desafio este aceito por ele. Em 1852, Irineu ganhou a concorrência entre três empresas para fornecer a Iluminação a gás das ruas da cidade do Rio de Janeiro e fundou a empresa Imperial Companhia de navegação a vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. Ainda neste ano, quatro meses antes do prazo prometido para o governo, começou a funcionar a Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas. Em 1853, o dia da queda do gabinete de Itaboraí, Irineu levou um grupo de jornalistas e embaixadores para fazerem uma pequena viagem inaugural, sendo esta a primeira viagem de trem a ser noticiada na história do Brasil. Foi assim que foi agraciado com o primeiro título de Nobreza – Barão de Mauá, em 30 de Abril de 1854, em cerimônia pomposa com a presença da família Real, quando inaugurou a Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. Em 31 de Julho de 1854, três meses após a inauguração da estrada de ferro, o Barão de Mauá inaugurou uma nova forma de Banco, o Banco Internacional a Mauá Mac Gregor & CIA, com a proposta de auxiliar todas as operações na Europa e também fornecer crédito Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 24
  • 25. Empreendedorismo para operações locais, onde iria competir com os financiadores tradicionais (os bancos europeus), criando assim a primeira agência de Câmbio a funcionar em âmbito nacional. No mesmo ano da inauguração do Banco Internacional Mauá, comprou uma fábrica de velas e sabão de um francês com problemas financeiros. Adquiriu a Companhia Fluminense de Transportes (34 carroças de burro, mais de 100 mulas). Entrou com um aporte técnico em uma concessão para explorar ouro no Maranhão. Também montou uma fábrica de diques flutuantes, sugerido por um de seus funcionários de Ponta de Areia. Em Agosto de 1855, o Barão de Mauá assumiu uma posição de deputado (como suplente) pelo partido Liberal. Nunca compactuou com o discurso amoral que dominava a época (interesse público), colocando-se abertamente como empresário, colecionando derrotas atrás de derrotas nesta área. Com visão de negócios, estabeleceu para seus engenheiros a tarefa de estudarem os caminhos para nova estrada de ferro ligando o porto de Santos ao interior Paulista, possibilitando assim o escoamento da produção. Em 1856, recebeu a concessão da construção da estrada de ferro. Decorridos 06 anos após o final da guerra no Uruguai, Mauá resolveu transformar seu escritório de representação em Montevidéu numa mistura de empresa comercial e casa bancária. Em 1857, algumas de suas aquisições não se mostravam lucrativas, entre elas a Companhia Fluminense de Transporte, a Mineradora do Maranhão, a Santos-Jundiaí e a Companhia de diques flutuantes. Além disso, grande incêndio (narrado pela família como criminoso a mando dos ingleses) devastou a fábrica de Ponta de Areia, destruindo moldes da construção de navios. Em 1858 inaugurou mais um Banco, em Buenos Aires, na Argentina, expandindo os negócios do Uruguai. Em 1865 depois de vários percalços, vendeu a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro e passou por sérias dificuldades. Em 1867, criou a Mauá & CIA, uma empresa comercial como nas origens de sua formação, tendo como base a desativação de seu império para saldar dívidas e problemas sofridos. Juntou seu numerário e mesmo com a derrocada, possuía no conjunto da obra a quantia de 115 mil contos de réis, equivalente a 12 milhões de libras esterlinas e 60 milhões de dólares. Em 1874, recebeu uma carta tornando-o o Visconde de Mauá, devido a seu empenho na instalação dos cabos submarinos de telégrafo que ligou o Brasil à Europa. Em 1875, fechou o Banco do Uruguai e foi perseguido pelo povo, perdendo tudo, porém liquidou todos os seus negócios e saldou todas suas dividas, vendendo seus pertences pessoais. Afastou-se da vida pública e morreu completamente esquecido pela sociedade em 21 de outubro de 1889, sendo levado de Petrópolis para ser enterrado no cemitério da Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco, em Catumbi, no Rio de Janeiro, sendo o Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 25
  • 26. Empreendedorismo féretro deslocado de trem através dos trilhos da estrada de ferro de sal fundação, The Rio de Janeiro & Northern Railway. Análise do comportamento do Barão de Mauá a partir das teorias sobre empreendedorismo O exemplo do Barão de Mauá retrata sua trajetória como o primeiro grande empreendedor brasileiro numa época adversa, o Brasil no Século XIX. Analisando o contexto histórico do país, observa-se que muito de seu desenvolvimento deve-se a inovação criada por Irineu Evangelista, que aproveitou as oportunidades que teve para trazer ao Brasil conhecimentos e desenvolvimento do capitalismo. Para Lira (2005), nos dias atuais, a administração possui a disposição uma infinidade de técnicas que visam diminuir ao máximo os riscos de insucesso de um novo negócio. Porém, no século XIX e início do século XX, os únicos meios possíveis de analisar um negócio eram alguns cálculos financeiros e o bom senso. Esta situação fazia com que os riscos, principalmente nos negócios pioneiros, fossem difíceis de mensurar por se tratar de um caminho ainda não percorrido e, portanto, sem parâmetros de comparação. Embora as pesquisas na área de empreendedorismo constatem diferenças entre aspectos considerados cruciais pelo fato de que as características empreendedoras variam em função da atividade que o empreendedor desenvolve em uma dada época ou de acordo com a fase de crescimento da empresa, a análise histórica mostra Mauá como um ícone da inovação e seu comportamento é embasado pelas teorias do empreendedorismo, sendo seu comportamento distinto a outros empreendedores, que em alguns estudos, são observados como indivíduos que não eram receptivos ao conhecimento. Segundo Caldeira (1990, p.35): “Em 38 anos de trabalho duro, tinha enfrentado muitas crises, e nelas venceu muito mais que perdeu. Sentia-se jovem o suficiente para ousar na hora das dificuldades, aproveitar os momentos complicados para triturar adversários mais fracos. Sempre sonhara grande, grande demais para que o conselho tornasse mais prudente seu estilo arrojado.” Mauá possui algumas características identificadas como comportamento empreendedor nas teorias estudadas. Ainda segundo Caldeira (1990, p.17-18): Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 26
  • 27. Empreendedorismo “Administrar sozinho tal volume de negócios e dinheiro era tanto uma obrigação imposta por seus métodos de trabalho quanto um prazer – ao menos em dias como aquele. Nas noites solitárias em seu escritório, Mauá sentia a grandeza dos criadores de mundo. Ninguém no Brasil havia chegado aonde chegou. Tinha todo o direito de agir como um verdadeiro imperador, pois não devia nada a ninguém. Enquanto a noite avançava, Mauá instigava os corajosos, punia os medrosos, ordenava batalhas de negócios – sem nunca ser contestado. Esse comportamento impositivo era para ele da natureza das coisas. Para quem começara rigorosamente do nada e lutara sempre sozinho, não era estranho o habito de contar apenas consigo mesmo.” Para Caldeira (1990), Mauá tinha dedicação ao conhecimento, estudando para conseguir obter o dinheiro e antes de passar para a prática, ele precisava da certeza de que suas impressões suportavam o crivo dos números. Enquanto o mercado corria atrás de opiniões, ele foi buscar o domínio do conhecimento e evidenciou suas características empreendedoras para alavancar o desenvolvimento do Brasil. Segundo Lira (2005, p.15): “... na biografia de Mauá notamos um foco no progresso com um direcionamento maior para o desenvolvimento industrial, logístico e estrutural do país. Com a criação das primeiras indústrias, primeira estrada de ferro e criação do primeiro banco a financiar novos empreendimentos, Mauá reforça sua condição de personalidade referência na história brasileira e com perfil voltado para o empreendedorismo.” A partir da análise sobre as características de Mauá com a literatura abordada, foi feito um quadro consolidado com a porcentagem de características empreendedoras apresentadas no seu exemplo, conforme comparativo adiante: Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 27
  • 28. Empreendedorismo Características empreendedoras Características empreendedoras encontradas na literatura encontradas na Biografia por Caldeira resultado % atendido McClelland 3 3 100% Zaleznik & Vries 6 3 50% Thimmons 15 15 100% Dornellas 10 10 100% Empretec necessidades 8 8 100% Empretec conhecimento 5 5 100% Empretec habilidade 9 9 100% Empretec valores 7 7 100% Autores 63 60 95% Tomando como base o quadro 3 pela comparação percentual entre itens ressaltados perante quesitos dos autores, presentes ao longo da pesquisa, entendemos que Irineu Evangelista de Sousa atende quase que na plenitude aos quesitos estipulados pelos autores estudados na personalidade empreendedora. Assim, mostra-se que dentre os comportamentos evidenciados ao longo da pesquisa, o Barão de Mauá apresentava 95%, sendo considerado um exemplo potencial para o estudo do empreendedorismo no Brasil, sendo que seus traços apontavam para o desenvolvimento em larga escala, não sendo limitado a um tipo de negócio ou empresa, mas contribuindo com a administração de um país. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 28
  • 29. Empreendedorismo Considerações Finais Este artigo mostrou o contexto de um empreendedor como forma de exemplificar como o empreendedorismo influencia a realidade dos negócios no Brasil. O comportamento empreendedor é abordado sob a ótica dos indivíduos e da cultura onde se inserem, sendo a inovação, iniciativa e a resiliência traços que definem o sucesso dos negócios. O contexto analisado nos tempos contemporâneos mostra que a herança cultural deixada pelos pioneiros que alavancaram os negócios no Brasil é a de que o empreendedorismo é um tema de nossa cultura, que traduz a necessidade de procurar oportunidades pela diversidade que possuímos. A administração de negócios nesse ambiente precisa de características e comportamentos de indivíduos que conseguem lidar com adversidades e identificar oportunidades mesmo com a turbulência do mercado. O centro do poder associa-se com a política, gerando burocracias difíceis de serem colocadas em prática ao mesmo tempo em que se alcança o sucesso nos negócios, mas os empreendedores têm encontrado formas de conciliar tal cenário, a partir do próprio conhecimento, gerando inovações que podem mudar o rumo da história A análise sobre o Barão de Mauá permite observar que ele foi um dos homens mais ricos em sua época no continente sul-americano, com a competência para identificar oportunidades e gerar inovação, alavancando a economia do Brasil a partir de conhecimentos obtidos em diferentes setores e colocando em prática tudo o que sabia em seus empreendimentos. Embora tenha terminado sua vida sem nada, a grande herança que deixou foi a inovação criada pelo conhecimento, que constitui um dos meios que consolida o comportamento empreendedor, a busca incessante por oportunidades e por concretizar negócios. Mauá apresentou formas de inovação que atualmente ainda geram dúvidas quanto a sua execução, tamanha inovação apresentada em seus empreendimentos, cujos resultados ainda podemos nos beneficiar. Ação dos Discentes no Estudo de Caso Os alunos deverão responder ao solicitado, de forma fundamentada pela matéria. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 29
  • 30. Empreendedorismo 1) Quais características empreendedoras, na sua opinião, faltaram ao Barão de Mauá ? Justifique. 2) Você concorda com todas atribuições positivas realizadas no artigo ao Barão de Mauá ? Justifique. 3) Se tivéssemos uma parcela maior da população com características empreendedoras, o que mudaria em nosso país ? 4) Comente as características do Barão de Mauá, considerando as qualidades do empreendedor apresentadas junto ao “Tema 02” da Apostila (Página 03 – Características do Empreendedor). Tema 06 – Pesquisa Complementar 10 Artigo: Delmiro Gouveia – Herói Esquecido 11 1) Pesquise e demonstre qualidades empreendedoras junto à outro personagem histórico no empreendedorismo brasileiro, chamado Delmiro Gouveia. Observação: Esta comparação é mais complexa, pois este personagem possui menor expressão do que o anterior (Barão de Mauá), além de uma passagem mais polêmica. O objetivo do trabalho é enriquecer o conhecimento pessoal e “provocar” o discente a uma reflexão sobre alguns pontos polêmicos na história brasileira. Texto 12 “Delmiro Gouveia foi o maior de todos os grandes empreendedores brasileiros. 10 Autor: Oswaldo Pacetta. Publicado aos 05/07/2010. 11 Fontes do Autor:  “Delmiro Gouveia e o sonho de industrialização do semi-árido” - AUTOR: JOSE ROMERO DE ARAUJO CARDOSO”.  “Delmiro Gouveia – O perfil do empreendedor” – AUTORA: TELMA DE BARROS CORREIA.  “CULTURA historia (14/07/2007) – “Gloria e tragédia de Delmiro Gouveia”. AUTOR: J.C. ALENCAR ARARIPE – Especial para Cultura, escritor e jornalista.  “Ousadia no Nordeste – a saga empreendedora de Delmiro Gouveia” AUTOR: DAVI ROBERTO BANDEIRA DA SILVA. 12 Os fatos e opiniões expressados pelo autor são de responsabilidade exclusiva do mesmo, o presente artigo encontra-se apenso para estudo das atitudes empreendedoras, não sendo nossa intenção fomentar o debate sobre ideologias políticas. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 30
  • 31. Empreendedorismo Suas prodigiosas realizações empresariais ocorreram no fim do século 19 e inicio do século 20, no nordeste, totalmente dominado pelos famigerados coroneizinhos da política local, numa época em que dominavam o trabalho escravo, a ignorância, o atraso, a miséria da população e onde, até a energia elétrica necessária a uma de suas empresas, teve que produzi-la com seus próprios recursos. Essa sua indústria não foi seu maior empreendimento, mas foi a menina de seus olhos e a causa principal de suas desavenças. Nasceu em junho de 1863, em Ipu, Ceará. Ao longo de sua laboriosa caminhada, dadas as condições e ambiente em que realizou sua obra, tornou-se o mais admirável protagonista da historia do empreendedorismo brasileiro. Não poupou esforços, coragem e ousadia em sua luta para criar no nordeste um pólo de desenvolvimento econômico, com justiça social e com a obstinada determinação de livrar a economia da região, primária e primitiva, da mentalidade, costumes e práticas arcaicas. Foi, na sua juventude, bilheteiro de estação de trem, da “Pernambuco Railway”, servidor da Alfândega e também se dedicou à mecânica primária, o famoso “conserta tudo”, profissão que exerceu, como meio de sobrevivência. Iniciou-se, como empresário, no comércio de peles, vencendo nesse ramo que, na época, era dificílimo. Intensificou as exportações de peles (de bodes e cabras) para os Estados Unidos a tal ponto que precisou criar uma vasta rede de agentes, por todo o nordeste para aquisição da matéria prima de seu negocio. Quando estabeleceu seu próprio abatedouro, toda a carne dos animais abatidos era distribuída gratuitamente aos seus trabalhadores e à população carente circundante. Destacou-se também pelo grande sucesso de sua usina açucareira, graças à adoção de inovações tecnológicas dignas dos países mais industrializados de então. Na usina Beltrão, além de refinar o açúcar, o vendia em tabletes, coisa muito “chique” no Brasil desse tempo. A criação do Mercado do Derby em Recife, já seria suficiente para defini-lo, em tudo e por tudo, como um empreendedor do século 21 nascido no século 19. Mediante acordo com o governador de Pernambuco, recebeu grande área pública, completamente abandonada, para dotá-la de todas as melhorias que o poder constituído havia se esquecido de providenciar e, depois de fazer aterros, sanear o mangue e abrir ruas, criar esse empreendimento com tudo o que o caracterizava como uma variação, adaptada à época, é claro, do que seria, hoje, um misto de Supermercado, Shopping Center, Centro de Convenções e dos parques de diversão mais incrementados. O exploraria por 25 anos e, cumprido esse prazo, o entregaria para o Estado de Pernambuco. Esse “parque de diversão Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 31
  • 32. Empreendedorismo permanente”, como então, era chamado, dispunha de hotel, mercado, chafarizes, água tratada encanada, sistema de esgotos, área livre ajardinada, de 400 metros, para o velódromo, em frente a fachada principal do edifício. Em prédio a parte, instalações para jogos, café, teatro, carrosséis, barraquinhas, tudo permanentemente animado por retretas e iluminado pela luz elétrica, pela primeira vez introduzida na cidade do Recife. Além dos atrativos para hospedagem e entretenimento, o Mercado do Derby, comprando em grandes quantidades, diretamente das fontes produtoras, evitando os atravessadores que encarecem os produtos e mercadorias, vendia a preços bem inferiores aos da concorrência. Os concorrentes cartelizados, sem ter consciência do que fosse um cartel, mas cientes de suas vantagens em - através de acordo de preço único entre os produtores ou distribuidores - eliminar a livre concorrência, um dos fundamentos do capitalismo democrático, não gostaram nada desse “modernoso cabra da peste”. Não sabiam o que era nem morriam de amores por capitalismo democrático ou selvagem, mas se enfureceram com a idéia de reduzir suas margens de lucro abusivas, por causa desse tal Delmiro. Estavam criados os primeiros atritos graves entre o empresário à frente de seu tempo e os coroneizinhos retrógrados de então. Informado de uma conspiração para matá-lo, viajou para o Rio de Janeiro onde tentou em vão, a interferência do Vice-Presidente da Republica. Este era chefe situacionista de Pernambuco e comandava, entre outros, o prefeito de Recife. Delmiro não aceitou o descaso do Vice-Presidente que, em vez de agir com a dignidade do cargo, agiu como chefe da jagunçada. Num encontro casual entre ambos, em plena Rua do Ouvidor, aproximou-se dele e o responsabilizou pelo que lhe viesse acontecer de mal. Destratado pelo Vice-Presidente, agrediu-o a golpes de bengala. Caiu na armadilha do coronelato de Pernambuco. Por essa reação impensada deu pretexto a que fosse considerado um criminoso e passou a condição de “procurado pela policia”, para alegria de seus inimigos invejosos e venais. Resumindo, Delmiro chegou a ser preso. A prisão se deu com escandaloso aparato: um comandante e 50 praças da policia. Enquanto estava na prisão, o Mercado do Derby, jóia preciosa tanto como projeto arquitetônico quanto como empreendimento sem igual no Brasil de então, foi criminosamente incendiado, na madrugada de 1º de janeiro de 1900 Valendo-se da liberdade concedida, três dias após o incêndio, através de habeas corpus, Delmiro Gouveia embarca para a Europa de onde volta no ano seguinte e se “refugia” em um vilarejo, no interior de Alagoas, onde pretendia continuar no comercio de Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 32
  • 33. Empreendedorismo peles. Esse vilarejo por nome Vila da Pedra, distante 280 km de Maceió e 20 Km da cachoeira de Paulo Afonso era formada por meia dúzia de casebres em torno de um terminal ferroviário, a estação de trem que ligava Jatobá a Piranhas e ficava na confluência de três Estados: Pernambuco, Alagoas e Bahia. Por essa época (1901/1902), Delmiro conheceu a filha da amasia do governador pernambucano, S. Gonçalves. Apaixonaram-se, pô! Na época, casar-se com um homem separado da esposa anterior, era inadmissível. A anterior não foi visitá-lo quando esteve preso, razão porque nunca mais voltou para seu lar. Em face da total resistência da família da moça e com a concordância da mesma, é claro, fugiram e foram morar na Usina Beltrão, fabrica de açúcar de Tacarauna, no bairro de Santo Amaro. Outra vez, o intrépido empresário alimenta a ira torpe de seus inimigos. Acusaram-no de rapto e sedução: mobilizaram a policia e a Justiça para enquadrá-lo, ”nos termos da lei” e o levarem pra cadeia. O casal não teve alternativa senão fugir. Foram para Vila da Pedra, Alagoas, que ficava próxima ao rio São Francisco, no sertão alagoano onde pretendia continuar suas atividades empresariais. Em Pedra, não deu outra: o seu empreendimento teve tal sucesso que o levou a criar, em 1904, a firma IONA & CIA. para organizar e incrementar suas exportações de peles de bode e de cabra, couros de boi, mamona em bagas e caroço de algodão. Para essa vila eram enviadas peles e couros vindos do Ceará. Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Bahia. Eram tratadas e enfardadas. Seguiam de trem até Piranhas. Desciam o São Francisco até Penedo e, por mar, seguiam até Maceió de onde eram embarcadas para os Estados Unidos. Delmiro tinha um sonho: a industrialização do semi-árido alagoano e, em 1909, iniciou estudos para a utilização econômica da cachoeira de Paulo Afonso. Quatro anos após, janeiro de 1913 coroava de êxito mais um de seus audaciosos empreendimentos: captava energia da usina hidroelétrica, na queda de Angicos e iniciava o abastecimento da Vila com água da cachoeira, Em junho de l913 a Vila passa a ser iluminada com a energia elétrica da usina. Em 1914 inaugura em Vila da Pedra a fabrica de linha de coser da marca Estrela, que iria vencer, na concorrência de mercado, a linha Corrente, produzida pela multinacional inglesa Cotton Machine. Rítimo alucinante mesmo para nossos dias. Ele, que já enfrentava a prepotência das oligarquias estaduais e a violência dos coronéis, passou a enfrentar a fúria da multinacional poderosa. A linha de coser Estrela começou a dominar o mercado não só no Brasil como também na Argentina, Equador e Peru. Chegou a exportar para colônias inglesas. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 33
  • 34. Empreendedorismo Não só para atender as necessidades de sua nova e prospera indústria, mas também na sua crença de que faria de Pedra, um pólo de industrialização do nordeste, abriu as primeiras estradas no interior nordestino, ao todo, 520 km pelas quais rodaram também os primeiros automóveis vistos na região, com os quais equipou seus vendedores-viajantes. Eram cinco importados, que, para a época, foram motivo de alvoroço e festas por onde passavam. As estradas que construiu eram de tão boa qualidade “que sua frota podia desenvolver a espantosa velocidade de 60 km por hora!”, dinamizando, assim, o trabalho de venda de sua produção. Mesmo empenhado na consolidação de sua fabrica de linhas, Delmiro não descuidou de outras áreas como a agricultura, a difusão da pratica de irrigação das terras secas, a pecuária e a propagação da cultura da palma forrageira como alimento para os rebanhos. Agiu também nas áreas de desenvolvimento e saneamento urbanos, educação, saúde e projetos sociais. Dotou Pedra de água encanada, luz elétrica, vilas de casas para seus trabalhadores, médico, escolas, cinemas, parques de patinação e banda de musica. A par dessas iniciativas, atacou duramente os costumes retrógrados, indo às raias do pitoresco nessa sua obstinação: “em Pedra fez do banho uma obrigação diária; não se fumava em cachimbos de barro, não se podia cuspir no chão, não se entrava numa casa com chapéu na cabeça, não se tomava cachaça e não se explorava a prostituição. Homens e mulheres tinham que andar limpos e calçados”. É claro que dava a seus empregados salários e condições para cumprirem a risca esse código de conduta. É necessário atentar para a época, inicio do século passado e para o ambiente, o interior de uma região dominada pelo atraso, pela ignorância e pela miséria extrema, para entender que esse código não exprimia autoritarismo, mas preocupação em acelerar o desenvolvimento integrado do árido alagoano, como ponto de partida para o desenvolvimento integrado do nordeste. Na catastrófica seca de 1915, grande numero de flagelados chegava a Vila da Pedra, em busca de socorro. Delmiro Gouveia mandou montar tendas ao redor da vila e deu aos retirantes toda a acolhida e tratamento de que tanto careciam, sem descuidar de enquadrá- los no código de conduta já referido. O “coronel” José Rodrigues de Lima, de Piranhas, chefe político, fazendeiro, pecuarista e latifundiário, não se sentia bem com a vizinhança de Delmiro, industrial, atuando no seu “criatório” e comercializando, em Vila da Pedra, produtos agrícolas a preços inferiores aos seus. Era o protótipo dos avôs dos coronéis do PFL, hoje conhecido como Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 34
  • 35. Empreendedorismo DEMO. O “coronézinho” José Rodrigues era o próprio DEMÔNIO. Foi um dos articuladores de ciladas, armadilhas e emboscadas contra Delmiro Gouveia. Delmiro Gouveia, nas varias viagens que fez aos Estados Unidos e Europa, verificou a nova revolução industrial decorrente do uso da energia elétrica. Quando conheceu a cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco, do qual Vila das Pedras ficava próxima, teve a visão audaciosa que só os grandes empreendedores acolhem com fé e buscam tenazmente sua realização: construir ali uma usina hidrelétrica. Com o apoio dos irmãos Rossbach, da L. H. Rossbach Brothers, de Nova Iorque, que era a grande importadora dos produtos agrícolas e mercadorias produzidas pelas empresas de Delmiro, organizou a Cia. Agro-Fabril Mercantil através da qual concretizou a construção da hidrelétrica no salto de Angicos, da Cachoeira de Paulo Afonso, no lado alagoano que, quatro anos após sua concepção, passou a gerar energia elétrica em janeiro de 1913. Na Inglaterra pesquisou e escolheu as mais modernas máquinas da indústria Dobson & Barlow, que importaria para sua fábrica de linha de coser de alta qualidade e resistência, além de fios e cordões de algodão cru em novelos, fios encerados e fitas gomadas para embrulhos. Inaugurada em 1914, foi mais um empreendimento de grande sucesso desse empresário do século 21 nascido no século 19. Essa fábrica, a Cia Agro-Fabril passou a vencer a concorrência e quebrar o monopólio dos ingleses no setor. Os ingleses, nessa época, eram os americanos do pós-guerra (1939/1945): donos ou pretensos donos do mundo, que impunham seu jugo aos países satélites ou através de dispendiosas operações militares ou através dos lacaios e traíras remunerados que eles tinham o hábito de entronizar nos seus domínios. Com a produção de mais de 20.000 carretéis/dia, as linhas Estrela ganharam rapidamente o mercado nacional além do de alguns países vizinhos. A Cotton Machine, produtora das linhas de coser Corrente, afamadas até hoje, partiu para a concorrência desleal. Por exemplo, aproveitando um vacilo do Delmiro, registrou a marca Estrela na Argentina e no Chile, causando alguns problemas e custos adicionais à Agro-Fabril que se viu obrigada a re-embalar com novo rotulo seus produtos já nas lojas desse dois vizinhos. A pouca eficiência dessa e outras rasteiras para derrubar o concorrente brasileiro levou a Cotton Machine a investir alto na tentativa obstinada de comprar o parque empresarial de Vila da Pedra, em pleno sertão de Alagoas. Delmiro Gouveia recusou todas as propostas apresentadas e informou aos gringos que não venderia sua fabrica por dinheiro nenhum. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 35
  • 36. Empreendedorismo A 10 de outubro de 1917, três anos após a inauguração do parque industrial de Pedra, na calada da noite, no terraço de sua casa, o “empresário do século 21 nascido no século 19” era assassinado com três balaços disparados por pistoleiros de aluguel. O crime foi desvendado, 66 anos depois, quando todos os envolvidos já eram falecidos. Não faltaram inocentes tomados como “bodes expiatórios”, que passaram longos anos na prisão, sem nada deverem. Finalmente, usando seus métodos preferenciais, os liberais de então que ainda não eram Neo, mas já agiam por meio de marginais contratados, usando matadores de ofício, conseguiram deter o inigualado empreendedor brasileiro e iniciar o desmantelamento da mais notável experiência de industrialização que o nordeste havia conhecido até os anos 70 do século passado. Como se vê, não é de hoje que a ALIANÇA de interesses estrangeiros escusos, com traidores regiamente remunerados e partidos da entrega e da traição fartamente financiados, atua contra os interesses nacionais. Depois de sua morte, a Cotton Machine colocou em prática um indecoroso e prolongado dumping nos mercados de linhas de coser, vendendo suas mercadorias da marca Corrente a preços 50% inferiores ao seu custo de fabricação, com o objetivo de quebrar a concorrente e comprá-la a preço de banana podre em fim de feira. Há que se reconhecer que não se tratou de Privataria já que a Cia Agro-Fabril não era estatal. Foi apenas uma grande patifaria. Não precisavam mais enfrentar o destemido Delmiro Gouveia que os derrotaria outra vez. Ele tinha sido “misteriosamente” abatido. Com a anuência do Presidente Washington Luiz, o complexo fabril de Vila da Pedra foi vendido, em 1930, para a Cotton Machine, transação realizada em sua sede ou matriz, em Paisley, Escócia. Vale lembrar que a industrialização no Estado de São Paulo se iniciou nos anos 30, com o governo Vargas e se consolidou nos anos 60/70 do século passado e não na dinastia tucana como alguns querem nos fazer crer. Concretizada a transação, a empresa inglesa contratou, ainda em 1930, uma firma especializada em demolição, para por abaixo, a marretadas, o parque empresarial de Vila da Pedra. As máquinas moderníssimas foram embarcadas para a Escócia. Os destroços do que restou foram levados em carros puxados por juntas de boi, numa viagem de 20 kilometros, até as barrancas do São Francisco, onde foram lançados. Num ato demagogo, pra acalmar a população local revoltada, o Presidente fantoche e submisso, convenceu os ingleses a não levar adiante seu intento de dinamitar a usina Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 36
  • 37. Empreendedorismo hidrelétrica de Angicos, encravada nos penhascos do Rio São Francisco, onde pode ser vista e visitada, até hoje. Washington Luiz, representante fiel dos aristocratas rurais de S. Paulo dessa época, versões estilizadas dos coronéis do nordeste, foi o Presidente deposto e exilado pela revolução de 1930, comandada por Getulio Vargas. Em 1932 tais aristocratas, com o apoio dos ingleses, que estavam perdendo seu mando e desmandos no Brasil, tentaram uma contra-revolução para depor Getulio. Foram derrotados, para o bem do Brasil e dos brasileiros, que puderam ser retirados da Senzala assim que os mandarins da Casa Grande foram contidos ... Mas essa é outra historia.” Parte 02 – Formação Social de Empreendedores Nesta parte estaremos estudando o processo social de criação e formação de empreendedores, ou seja, já conhecemos suas características e relevância coletiva, agora vamos aprender como a sociedade gera e fomenta esta classe de pessoas. Ainda, faremos uma análise do perfil educacional brasileiro frente a este desafio e trabalharemos na formulação de propostas. Trabalhando no processo de enriquecimento do perfil profissional dos discentes, faremos uma abordagem do comportamento de sucesso baseado na proposta do Prof. Gretz, chamada “As 20 Atitudes da Águia”. Tema 07 - Perfil Empreendedor Considere a frase: “O empreendedor não faz o que gosta e sim o que precisa ser feito” Ainda, vide um famoso provérbio chinês: “Há três coisas que nunca voltam atrás: A flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.” Um empreendedor não apenas conhece, mas VIVE estes pensamentos. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 37
  • 38. Empreendedorismo Veremos mais sobre as qualidades empreendedoras (aprofundando o Tema 02) no estudo de caso. Estilos de Decisão – Empreendedor O empreendedor torna-se latente pelo seu estilo de decisão, notadamente agressivo quando necessário, mas com dificuldade de identificar, por vezes, momentos de necessário retraimento e conservadorismo. Assim, o espírito empreendedor pode por vezes suplantar a cautela, tornando-se perigoso se não “domesticado”. Devemos lembrar que embora o empreendedor esteja associado à diversas qualificações positivas, não vincula-se à perfeição. 13 Segundo Cohen existem oito estilos de decisão, todas aplicáveis ao empreendedor:  Intuitivo: tenta projetar o futuro;  Planejador: situa-se onde está e para onde quer ir;  Perspicaz: afirma que além da percepção necessita de conhecimento;  Objetivo: sabe qual o problema a ser resolvido;  Cobrador: tem certeza do que quer e deseja medir os resultados;  Mão-na-Massa: envolve-se de forma pessoal nas ações;  Meticuloso: agrega diversas opiniões para tomada de decisão;  Estrategista: decide sempre por ações que acompanham a estratégia geral. Não existe uma definição para o melhor ou pior tipo de decisão, cada situação cria condições para sua aplicação ou não. Entretanto, devemos citar inicialmente como mais favoráveis às empresas modernas os estilos “estrategista” e “meticuloso”. Isto porque estas atitudes conduzem a decisão tomada em consonância às regras gerais definidas na alta administração, mantendo a coerência dos departamentos frente ao cliente, além de agregar opiniões dos membros da equipe, favorecendo o grupo. Isto pode significar, no caso da decisão estrategista, que a decisão tomada pode mesmo não vir a ser a melhor para um departamento de forma isolada, mas que beneficie a empresa como um todo. 13 Allan R. Cohen é vice-presidente acadêmico do Babson College, obteve o graduação na Harvard Business School e é autor de vários best-sellers. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 38
  • 39. Empreendedorismo Síndrome do Empregado e Anti-Empreendedorismo Para sabermos melhor o que é ser um empreendedor, devemos também estudar o que NÃO é ser um. Esta terminologia surgiu com o personagem “Seu André”, do livro O Segredo de Luisa, autor Fernando Dolabela. “O livro: O Segredo de Luísa, escrito por Fernando Dolabela, publicado em 1999, trata da realização do sonho de abrir uma empresa. É um romance que envolve a vida sentimental da personagem principal Luísa, junto com a concretização da sua idéia de ter o seu próprio negócio. O autor relata desde a concepção da idéia de Luísa até a realização da abertura da empresa. No decorrer da narração, envolve outros personagens, que são essenciais na vida de Luísa. O livro expõe parte da vida da personagem principal, Luísa – uma moça muito inteligente - não só no lado profissional, mas também os seus sentimentos de amor, alegria, medo, solidão, tristeza e tantos outros que fazem parte da vida de qualquer pessoa.” http://pt.shvoong.com/books/792877-segredo-lu%C3%ADsa/ “Fernando Dolabela é Consultor e professor da Fundação Dom Cabral, ex-professor da UFMG, consultor da CNI-IEL Nacional, do CNPq, e da AED (Agência de Educação para o Desenvolvimento) e dezenas de universidades, participa com publicações nos maiores congressos nacionais e internacionais.” http://fernandodolabela.wordpress.com/curriculo/ O personagem, tentando explicar a ineficácia dos trabalhadores da indústria, disse: “eles estão contaminados pela síndrome do empregado”. Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 39
  • 40. Empreendedorismo Diagnóstico:  Funcionário infeliz;  Visão limitada;  Não vê oportunidades;  Não é criativo;  Faz mais do que aprende;  Não possui auto-suficiência;  Não cria network;  Domina somente parte do processo;  Medo de assumir riscos;  Não identifica ameaças ao negócio. Esta problemática cria sérios transtornos, fazendo com que as pessoas não se desenvolvam e não colaborem para o desenvolvimento de seu país. Em especial, podemos dizer que as condutas mais prejudiciais ao sucesso profissional do indivíduo são a “não criação de network” e “infelicidade”, a primeira pela limitação inerente ao isolamento e a segunda pelo comprometimento do rendimento intelectual, inclusive na vida pessoal. Ainda, existe o chamado “anti-empreendedorismo”, que corresponde a atitudes que não apenas prejudicam o indivíduo em si, mas afetam toda a organização 14:  É fanático por modismos de gestão. Como forma de compensar a incapacidade natural, se utiliza disso para criar uma falsa imagem de dinamismo e engajamento empresarial.  Adora frases feitas. Com aversão a qualquer tipo de risco e enfrentamento, opta por equipar o palavrório com o obvio “lulante”, como forma de conseguir exposição e visibilidade falando muito e não dizendo nada.  Gosta de “performar”. Da mesma família da embromação, significa parecer fazer algo, mas sem nada conclusivo ou concreto. Trata-se apenas de um jogo de cena. 14 Fonte: http://www.baguete.com.br/blog/negocios-e-gestao/20/08/2010/humor-corporativo-conheca- o-anti-empreendedor Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 40
  • 41. Empreendedorismo  É bajulador. Inseguro por natureza, e consciente de que o seu disfarce mais cedo ou mais tarde será revelado, adora agradar. Ninguém escapa. Chefes, chefes dos chefes, secretárias dos chefes, colegas, amigos e inimigos. Ele estará sempre lá, elogiando qualquer coisa e dizendo o que se deseja escutar.  É incapaz de demonstrar descontentamento. Questionado sobre como vão as coisas, responde recorrendo imediatamente ao seu arsenal de auto-ajuda corporativa. Algo como... Está tudo ótimo, a cada dia melhor!, ou, Desafios foram feitos para serem vencidos !  Espanta-se com posturas francas e verdadeiras. Acostumado a atuar, ao invés de trabalhar, não consegue entender os colegas que não agem como se estivessem num palco.  Idolatra superiores, gurus e ícones empresariais. Como não consegue ter uma postura crítica e construtiva sobre o mundo empresarial ao seu redor, perde a capacidade de encarar essas pessoas como seres humanos falíveis.  Odeia os realizadores e obstinados. Estes são os seus maiores inimigos, a origem de toda a pressão do dia-a-dia. Nós mesmos, se realizarmos uma auto avaliação realista poderemos encontrar alguns destes lapsos em nosso comportamento. Mas saliente-se que isto não é incorrigível, o primeiro passo para solução é assumir o problema e então trabalhar para resolvê-lo. Tema 08 – Educação Empreendedora Modelo Educacional Antigamente acreditava-se que o empreendedorismo era uma habilidade inata, e quem a herdasse pelo nascimento poderia obter sucesso e riqueza, sendo desaconselhável àqueles não privilegiados aventurar-se em empreender negócios. Atualmente sabe-se que qualquer um pode desenvolver competências empreendedoras, bastando apenas a Prof. Esp. Ivan Jacomassi Junior - Pág. 41