Este documento discute três mitos sobre acessibilidade na web: 1) que poucos usuários se beneficiam, 2) que sites acessíveis têm pouco retorno financeiro, 3) que acessibilidade é difícil de implementar em e-commerces. Ele analisa sites de e-commerces e conclui que nenhum tem acessibilidade total, mas alguns estão mais acessíveis que outros.
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Acessibilidade Web e seus mitos
* Hudson Lima
Continuando o nosso tema de "Acessibilidade Web e seus
mitos" da edição passada, falaremos agora do Mito II: “Na
prática, o número de usuários beneficiados com a
acessibilidade é relativamente muito pequeno.” A própria
Lêda Spelta, amiga com deficiência visual, já nos revela
que a resposta a este mito está no valor do investimento
feito para deixar o site acessível, para pouco retorno
financeiro.
Desde o surgimento da Internet, na década de 1990, a
maioria das empresas tem estabelecido uma presença
online para vender/divulgar seus produtos e serviços.
Infelizmente, esta migração deixou de fora muitos usuários
com deficiência. Como a informação digital/conteúdo e as
atividades normais e de negócios são cada vez mais
realizadas online, isto torna importante que sejam
considerados todos os usuários, independente de terem ou não, deficiências.
Mas será que o empresário que vende pela Internet se importa em saber se a pessoa que
está comprando é ou não PcD. Acho que não, pois para ele o interesse imediato éapenas
que a venda do produto se transforme em lucro. No entanto, se ele souber quem são as
pessoas que acessam o seu site e quais as dificuldades que enfrentam para realizar a
compra, poderá tomar providências no sentido de resolver esse problema e,
automaticamente, converter qualquer acesso ao site em uma venda de produto.
Hoje em dia, podemos comprovar que, ao desenvolver um site/aplicativo para vender
nossos produtos/serviços, temos primeiro que pensar no perfil do público a ser atendido.
Atualmente, devido ao aumento do acesso à banda larga e a dispositivos móveis (como
celulares, tablets e notebooks) as classes C, D e E, têm entrado nesse ramo de
comercialização online, correspondendo quase a 60 % de todo potencial de consumo.
Sendo assim, se lembrarmos que 14% da população possui alguma deficiência, podemos
concluir que, com a inserção de novas tecnologias, está aumentando cada vez mais o
potencial de consumo dessas pessoas. Um exemplo prático é o comércio eletrônico (e-
commerce), onde o Brasil faturou R$ 28,8 bilhões em 2013. Além disso, 9,1 milhões de
pessoas fizeram compras online pela primeira vez no ano passado, o que eleva para 51,3
milhões o número de consumidores que, ao menos uma vez, já utilizaram a Internet para
adquirir algum produto. O valor gasto em média é de R$ 327,00 nas compras on-line.
Figura 1 : Dados da empresa E-bit sobre os e-commerces, empresa especializada em
informações do comércio eletrônico, e divulgados em 12/03/2014.
Mas infelizmente, não temos dados de quantas pessoas que tiveram esse acesso,
possuíam alguma deficiência, ou deixou de comprar devido a alguma dificuldade no
sistema web ou pela falta de acessibilidade nessas lojas virtuais.
Se você perguntar para qualquer pessoa que possui alguma deficiência, dificilmente irá
ouvir que ela não possui um telefone celular, utiliza computadores para se comunicar, e
que frequenta shoppings, cinemas, lojas, teatros ou restaurantes. Se compararmos com a
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2. que frequenta shoppings, cinemas, lojas, teatros ou restaurantes. Se compararmos com a
Internet, essas mesmas pessoas adorariam realizar as tarefas de todos os dias, como
comprar, estudar e interagir utilizando a Internet, mas para isso, é de fundamental
importância que qualquer tarefa seja simples e intuitiva, só assim será possível que
qualquer pessoa possa adquirir um produto/serviço pela Internet, sem auxílio de ninguém.
Um exemplo prático disto é o próprio site do Google, que só de acessar já conseguimos
entender a sua utilização, pois tem o foco na usabilidade e na acessibilidade,atingindo
desde pessoas com baixa instrução até pessoas com vasta experiência na Internet. Ao
acessar o site do Google (https://www.google.com.br), o foco já estádiretamente ligado ao
sistema de busca, podendo ser utilizado num teclado virtual e até a voz como meio de
inserção de informações, sendo assim, uma das principais ferramentas utilizadas hoje
para encontrar qualquer coisa na Internet.
Figura 2 : Tela principal do site do Google
No Brasil, podemos indicar o site da Secretária dos Direitos Humanos do Governo Federal
(www.sdh.gov.br) que possui a sua acessibilidade e usabilidade pensada nas pessoas que
possuem alguma deficiência, onde a utilização do site, ao ser acessado via teclado, tem
como primeira ação a opção de teclas de atalhos para acessar o conteúdo, o menu, a
busca e o rodapé, facilitando a pessoas com deficiência visual a busca de informação. As
cores utilizadas no site são pensadas em melhorar o contraste, facilitando a leitura para
pessoas com baixa visão ou daltonismo.
Figura 3 : Site da Secretaria de Direitos Humanos
Priorizar as necessidades de um segmento e prestar um atendimento direcionado a
diferentes perfis, são alternativas de sucesso para qualquer serviço/produto na Internet.
Quanto mais a página principal dos sites for limpa, intuitiva, com carregamento rápido nos
diversos dispositivos, com destaque para o campo de busca e o menu lateralcom suas
opções muito bem organizadas, facilitando o acesso ao detalhe de um produto/serviço,
com certeza mais usuários irão retornar e, consequentemente, aumentarãoas vendas e a
utilização dos serviços públicos e, principalmente, a satisfação da experiência do usuário.
Sites dos E-commerces: será que são acessíveis ?
Um bom exemplo foi analisar o site dos principais e-commerces (sugestões dos leitores)
durante o mês de março – assim como fizemos nas edições anteriores com os sites dos
principais bancos, cidades do Estado de São Paulo e montadoras de veículos.
No caso dos sites de e-commerces, analisados agora, infelizmente, como já era previsto,
nenhuma deles possui uma opção de acessibilidade incorporada, facilitando qualquer
pessoa com deficiência a encontrar mais informações sobre como comprar qualquer
produto.
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3. produto.
A maior dificuldade de um e-commerce é disponibilizar de forma acessível todos os
produtos que um usuário possa escolher, levando em conta que ele utiliza de diferentes
dispositivos para realizar a consulta e a compra de um produto/serviço. Aliás, só
lembrando, em todos os rankings organizados até agora, nenhum site foi considerado
100% acessível.
Já estamos na terceira edição da Reação que publicamos as listas do "Observatório
Brasileiro de Acessibilidade Web", uma parceria minha com a Revista Reação, enfocando
a acessibilidade, usabilidade dos principais sites de empresas públicas e privadas de
interesse de qualquer pessoa para comprar ou utilizar produtos e serviços.
Lembramos que utilizamos como índice dos testes, os padrões de acessibilidade do W3C
e do Emag 3.0 para essa verificação.
O ranking de Acessibilidade Web dos principais e-commerces ficou assim:
Posição: Ecommerce: Nota/Março
1 Lojas Kalunga 5.5
2 Lojas Ricardo Eletro 5.5
3 Lojas FNAC 5.4
4 Lojas Shop Fácil 5.4
5 DrogaRaia 5.4
6 DrogaSil 5.4
7 Lojas NetShoes 5.1
8 Lojas Magazine Luiza 4.8
9 Lojas Americanas 4.6
10 Lojas Compra Fácil 4.5
11 Hering 4.0
12 Lojas Ponto Frio 3.9
13 Lojas Walmart 3.9
14 Lojas Colombo 3.7
15 Lojas Submarino 3.6
16 Lojas Fast Shop 3.6
17 Lojas Sephora 3.6
18 Livraria Saraiva 3.6
19 Lojas Extra 3.5
20 Lojas TokStok 3.5
21 Casas Bahia 3.2
22 Lojas Polishop 3.2
23 Lojas Onofre 3.2
24 Lojas Marisa 2.9
25 Livraria Cultura 2.5
*Hudson Lima é funcionário público em Sorocaba/SP e integra o Grupo de Trabalho sobre
acessibilidade web do W3C.
E-mail: hudsonaugusto@gmail.com
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