1) A civilização romana era marcadamente urbana, tendo espalhado o modelo de cidade por todo o Império através da fundação e organização de novos centros populacionais.
2) As cidades romanas seguiam um padrão urbanístico com ruas retilíneas e uma praça central (fórum), e continham edifícios públicos como termas, anfiteatros e templos.
3) O Império Romano alcançou grande extensão e duração graças em parte ao prestígio do imper
1. 1
A herança da Antiguidade Clássica
O modelo romano
Por Raul Silva
Como foi possível uma cidade dominar quase todo o mundo conhecido e mantê-lo unido
durante séculos?
Alicerçada em múltiplos fatores, a unidade do mundo romano contou, em primeiro lugar,
com o prestígio do próprio imperador, figura emblemática e sagrada, símbolo da paz e da
unidade. Contou, também, com a sabedoria dos juristas que, fazendo do Direito uma ciência,
criaram um conjunto de leis notável que serviu de suporte à administração e à justiça.
Nenhuma outra disciplina revela melhor o sentido de organização deste povo, a sua
capacidade para adequar a teoria à prática e daí retirar benefícios. Mas, acima de tudo, a
unidade do Império construiu-se com espírito de abertura e tolerância bem como a
capacidade de estender, aos povos conquistados, o estatuto superior da cidadania.
Determinados a manter a paz o que tinham conseguido pela guerra, os Romanos espalharam
por todo o Império a sua cultura: os padrões urbanísticos, as construções arquitectónicas, as
concepções artísticas, as grandes obras literárias, tornaram-se no património comum de todo
o mundo romano e no legado cultural que mais marcou a nossa civilização.
Este processo de aculturação fez-se sentir claramente na Península Ibérica. Aqui, os Romanos
desenvolveram a vida urbana, fomentaram as atividades económicas, incutiram valores e
hábitos, em suma, transformaram em romanos povos anteriormente hostis.
Cidades, obras de arte, pontes e estradas lembram, no nosso território, a presença de Roma.
Nenhum vestígio, porém, permanece mais vivo do que a língua em que se registam estas
palavras.
CADERNODIÁRIO
EXTERNATO LUÍS DE
CAMÕES
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23deOutubrode2015
2. 2
CADERNODIÁRIO23deOutubrode2015
Roma
da cidade ao
Império
Na história de Roma, o termo império
tanto pode significar a vasta extensão
de terras e povos sob um mesmo
governo, como o período de tempo em
que o chefe desse território era um
imperador.
Porém, se a fase do império se estende
entre 27 a.C. -, ascensão de Octávio,
primeiro imperador romano - e 476 d.
C. - queda do Império Romano do
Ocidente -, a história de Roma
remonta ao século VIII a. C., tendo
por base civilizacional a monarquia
etrusca que dotou a cidade de
infraestruturas (muralhas, esgotos e
uma trama urbana) e de uma
organização social e política.
Os Romanos conquistaram,
progressivamente, as margens do mar
Mediterrâneo (da Península Ibérica e
Norte de África ao Próximo Oriente),
até que, cercando-o, o consideraram
como um lago romano - mare nostrum.
Roma foi, portanto, uma cidade
conquistadora, que se tornou capital de
um vasto império.
O Império Romano caraterizou-se pela
grande extensão e durabilidade,
acolhendo uma enorme diversidade de
povos.
Outra lição que podemos retirar é que a
civilização romana é indissociável da
ideia de cidade ou urbe. À medida que
os generais romanos iam expandindo o
território conquistado, iam também
fundando ou reorganizando centros
urbanos à imagem e semelhança de
Roma.
Roma impunha o seu domínio a essas
cidades, garantindo-lhes uma certa
autonomia administrativa ao mesmo
tempo que lhes exigia impostos e
riquezas.
Ao contrário do que acontecia na
Grécia Antiga, o Império Romano era
um Estado único, ou seja, uma
federação de cidades com os seus
territórios circundantes, com um
governo central em Roma, a grande
urbe para onde tudo convergia.
Responder:
a) Reconheça o caráter urbano da
civilização romana.
Pesquisar:
https://www.youtube.com/watch?
v=UFZ_ihWq8CY
As cidades romanas
e o modelo cultural
Pierre Grimal, A Civilização Romana
“Se é verdade que, apesar de toda a
fantasia e nostalgia, a civilização
romana continua a ser, para nós, um
fenomeno urbano, não nos
surpreenderá verificar que, durante o
Império, as cidades, tanto no Ocidente
como no Oriente, conheceram uma
prosperidade sem precedentes. De tal
modo que, no pensamento dos
Romanos, a realidade fundamental a
vida política é a cidade e o Império, do
ponto de vista jurídico, nao é mais do
que uma federação de cidades. (...)
No Oriente, onde o regime da cidade
era antigo e, em muitos aspetos
semelhante ao da organização da
própria Roma, a vida municipal
desenvolveu-se dentro dos quadros
tradicionais. (...)
No Ocidente, as condições, na origem,
eram muito diferentes, contudo, o
quadro das províncias não se afastaa
muito do que apresentam as províncias
orientais. As cidades recuperam muito
rapidamente do seu atraso. Na Gália,
por exemlo, bastaram um ou duas
gerações para que a burguesia local
conseguisse criar conjuntos urbanos
capazes de albergar uma numerosa
população.”
“De todas os cantos da
terra e dos mares afluem
a Roma os produtos de
todas as nações, e tudo o
que pode produzir a
indústria dos Gregos e
dos Bárbaros (...).
Tantos navios de
transporte vêm abordar
ao cais do Tibre, que
Roma é como que o
mercado universal do
mundo. Os frutos da Índia
e da Arábia (...), os
tecidos da Babilónia, (...)
chegam a Roma em
grande quantidade e com
muita facilidade.”
Públio Aristides, Elogio de Roma
Roma
A cidade romana eram protegidas por um
muro defensivo. Organizava-se em torno de
dois eixos e ruas perpendiculares. O Fórum
Romano era o centro político e religioso da
cidade.
3. 3
CADERNODIÁRIO23deOutubrode2015
Roma
um Império de
cidades
O sentido prático dos Romanos
evidenciou-se na utilização de um
conjunto de regras para a planificação
e organização das cidades, cuja origem
se pensa estar ligada a fundação de
aquartelamentos militares. O
racionalismo urbanístico obedecia a
uma planta retangular, retilínea, na
qual duas ruas ou eixos principais se
cruzam, do que resulta a criação de
uma praça central, centro da vida
política, chamada fórum.
Este modelo, presente em Roma,
tornou-se um padrão urbanístico que
se repetia nas restantes cidades do
Império.
A padronização e o pragmatismo
estendiam-se, também, à arquitetura,
podendo distinguir-se os elementos da
cidade romana consoante a sua função.
Sendo o Império Romano um mundo
de cidades, estas cumpriam a função de
agradar ao cidadão, que assim dispunha
de:
Termas: estabelecimento públicos onde
se podia tomar banhos de água quente,
tépida e fria, receber massagens, fazer
depilação, praticar desporto, ler e
conviver socialmente.
Anfiteatros: locais de duelo entre
gladiadores e de lutas entre feras e
homens, podendo também ser
inundados para simular batalhas navais.
Circos: estádios utilizados para as
corridas de cavalos e de carros puxados
por cavalos.
Teatros: locais para representação de
tregédias, comédias e farsas, sendo
também utilizados como locais de
reunião política dos cidadãos.
As construções comemorativas,
caraterizadas pela imponência, tinham
uma intenção propagandística, servindo
de exaltação do poder imperial através
de monumentos como:
Arco do triunfo: monumento
comemorativo de uma vitória militar.
Coluna: celebrava também o sucesso de
uma conquista.
A arquitetura romana era idealizada em
prol da cidade, pelo que a maioria dos
edifícios tinha um cariz utilitário:
Basílica: tribunal público e sala de
reuniões, transformadas, mais tarde, em
igrejas.
Templos: a religião politeísta exigia que
estivessem implantados por todo o
Império, seguindo o modelo
arquitetónico grego.
Aquedutos: construções para o
transporte e abastecimento de água dos
rios às cidades.
Estradas: as vias de comunicação
pavimentadas facilitou a circulação de
pessoas e bens pelo Império.
Em todas estas construções
arquitetónicas, os Romanos imprimiram
robustez e monumentalidade.
Responder:
a) Descreva os elementos
urbanísticos da cidade romana.
Pesquisar:
https://www.youtube.com/watch?
v=IQrbyB3XH_Q&list=WL&index=14
A cidade
e o ruído das termas
Séneca, Cartas a Lucílio
“Imagina todas as espécies de vozes. (...)
Enquanto os desportistas treinam e se
exercitam nos halteres, (...) ouço
gemidos; de cada vez que retomam o
fôlego, segue-se um silvo e uma
respiração aguda. Quando se trata de
um preguiçoso ou de alguém que se
contenta com uma frição barata, ouço
uma mão a bater nos ombros (...). Se,
além disso, surgir um jogador que
comece a contar as boladas, está tudo
acabado! Acrescente-se ainda o
quezilento, e o ladrão apanhado em
flagrante, e o homem que se diverte a
ouvir a sua própria voz enquanto toma
banho. Juntem-se a tudo isto as pessoas
que saltam para a piscina salpicando os
outros de água. Mas todas estas pessoas
têm, pelo menos, uma voz normal.
Agora imagina a voz aguda e estridente
dos depiladores (...) que de repente dão
gritos, sem nunca se calarem, a não ser
quando depilam as axilas aos outros,
obrigando-os, então, a gritar por sua
vez. Há ainda os gritos variados dos
pasteleiros, vendedores de salsichas e de
patés e de todos os moços de taberna
que anunciam as suas mercadorias
numa melopeia caraterística.”
“A prudência romana
empregou-se
principalmente em coisas
que pouco atenção
receberam dos Gregos –
pavimentação das
estradas, construção de
aquedutos e esgotos. Os
Romanos calcetam as
estradas abertas através
de montes e vales (...). Os
esgotos, feitos de
pesadas pedras (...). O
fornecimento de água
por meio de aquedutos é
tão abundante, que pode
dizer-se que os rios
correm para as cidades.”
Estrabão, Geografia
Conimbriga
Quando os Romanos chegaram, na
segunda metade do séc. I a.C.,
Conimbriga era um povoado florescente.
Graças à paz estabelecida na Lusitania
operou-se uma rápida romanização.
4. 4
CADERNODIÁRIO23deOutubrode2015
O imperador
como factor de
unidade
A enorme extensão do Império
Romano exigia um poder forte,
centralizado, capaz de irradiar a
autoridade máxima de Roma e,
simultaneamente, de assegurar a
ordem e a segurança nas províncias.
Nos primeiros cinco séculos (VI a I
a.C.) essa tarefa coube ao regime
republicano. Nesse período, o poder
político foi exercido por um conjunto
de instituições. O Senado era uma
assembleia constituída por 300 notáveis
da ordem senatorial, com poder de
validar as leis votadas nos comícios, de
administrar as províncias, controlar o
tesouro, decidir da política externa (paz
e guerra) e controlar a atuação dos
magistrados (funções administrativas e
legislativas). Os Comícios eram
assembleias de caráter popular
representativa do povo de Roma.
Elegiam magistrados e votavam as leis
propostas por estes. Os magistrados
eram funcionários de importância
variada que tinham a seu cargo o poder
executivo, judicial e militar. Eram eleitos
por um ano e seguiam uma carreira
pública ascendente até ao cargo mais
ambicionado, o de cônsul, que
permitiria aceder ao Senado.
O Império Romano crescera, e muitos
problemas de âmbito militar,
económico, social e político, já não
eram de todo resolvidos pelas
instituições republicanas. Eclodiram,
então, várias guerras civis, a maior parte
das vezes promovidas pela oligarquia
senatorial romana que, ora dava o seu
apoio a determinados governadores, ora
alinhava ao lado de certos generais.
O Senado foi fazendo cada vez mais
concessões políticas, chegando a confiar
a um reduzido número de homens um
vasto poder, esvaziando de funções as
instituições republicanas. Júlio César,
general responsável pela conquista da
Gália, foi nomeado ditador vitalício, em
45 a.C., controlando o Senado e o
exército. Mas, acusado de pretender
eliminar as instituições e liberdades da
república romana, é assassinado no ano
seguinte.
O período imperial só se inicia com
Octávio. Em tempo de guerra civil,
soube conservar e servir-se das
instituições tradicionais para eliminar os
seus rivais e sedimentar o seu poder. Em
40 a.C., o Senado confia-lhe o
imperium, autoridade suprema civil e
militar. Foi nomeado Princeps Senatus,
acumulando vários cargos e obtendo o
direito de veto e a supremacia sobre o
poder legislativo. É nomeado Princeps
Civitatis, concentrando várias
magistraturas (poder de comandar o
exército, de convocar o Senado e
administrar a justiça). É saudado como
Imperator (título concedido a generais
vitoriosos) e ganha o título de Augustus
(divino). O culto do imperador será
adotado por todo o Império e reforçou
os laços entre os habitantes do Império,
unidos pela mesma devoção.
Responder:
a) Explique a importância assumida
pelo imperador como elemento
de coesão política.
O Imperador
e os seus poderes
Os Feitos do Divino Augusto
“Alcancei duas vezes a ovação e três o
triunfo, e vinte e uma vezes fui
proclamado imperador. (...) Fui príncipe
do Senado (...). Fui pontífice máximo
(...)
Um lei determinou que a minha pessoa
seria, para sempre, inviolável e possuiria
o poder dos tribunos da plebe (...).
Depois de ter extinguido a guerra civil,
e de ter assumido, por consenso
universal, o poder supremo, passei a
República do meu poder para o arbítrio
do Senado e do Povo Romano. Por esse
motivo, e para me honrar, recebi o
título de Augustus por decisão do
Senado. Depois dessa época, fiquei
acima de todos os em autoridade (...).
Estave eu no meu terceiro consulado
quando o Senado, a ordem equestre e o
Povo Romano inteiro me designaram
Pai da Pátria (...).”
“Augusto permitiu (...)
que algumas cidades de
província erguessem
templos em sua honra,
com a condição de
associarem o culto de
Roma ao do soberano,
tolerou a superstição
privada que dele fazia
objeto; mas satisfez-se
em ser reverenciado pelo
Senado e pelo povo na
sua natureza humana
(...).”
Edward Gibbon, Declínio e Queda
do Império Romano
Octávio César Augusto
Sobrinho-neto de Júlio César. Foi o primeiro
Imperador Romano. Acumulou nas suas mãos
as várias magistraturas. Inaugurou um nova
epoca da historia de Roma, marcada pelo
poder pessoal de um imperador.
5. 5
CADERNODIÁRIO23deOutubrode2015
A Romanização
na Península
Iberica
Com o objetivo de melhor
administrarem o Império, os Romanos
remodelaram ou fundaram cidades,
muito embora atribuindo-lhes estatutos
jurídicos diferentes. A maior parte da
Península Ibérica era, até à chegada
dos Romanos, uma região de pequenos
povoados. Estas atraíam as populações
indígenas, que aí se adaptavam ao
modo de vida romano. Durante o
reinado de Augusto (primeiro
imperador romano) a instalação de
grandes contingentes com a fundação
de diversas colónias; a política de
urbanização, não só das novas cidades,
mas também de alguns povoados
indígenas, como, por exemplo,
Conímbriga, constitui outro
importante contributo na afirmação de
um novo modo de vida.
O processo de aculturação desenvolvido
na sequência da chegada das primeiras
legiões romanas à Península Ibérica
parece ter tido nos próprios soldados os
principais agentes. A instalação na
Península de antigos soldados que aqui
tinham combatido, terão constituído,
um primeiro e importante passo em
todo o processo. No entanto, a
participação de auxiliares hispânicos no
exército romano terá contribuído de
igual modo para a habitação dos
naturais a esta nova existência.
Outra componente de agentes de
romanização era constituída pelos
inúmeros comerciantes que se
encontravam na Península Ibérica, nas
proximidades dos acampamentos
militares, durante todo o período da
conquista.
O processo de constituição de alianças
promovido por diferentes governadores
das províncias hispânicas terá
constituído outra forma de,
progressivamente, ambientar as
populações locais ao modo de vida
romano. A constituição de uma escola
para os filhos dos chefes indígenas e a
organização de um exército regular de
forte componente indígena constituíram
outros fatores de romanização.
No período de guerras civis em Roma, a
emigração de romanos para a Hispânia
passou a ter um caráter diferente. Não
se tratava já de emigrantes que
tentavam a sorte num novo território,
mas sim de emigrantes políticos,
exilados da sua cidade. Tratava-se, pois,
de uma emigração de elite.
As estradas constituem uma das mais
famosas e impressionantes realizações
do poder imperial de Roma.
Constituíram um dos elementos
materiais mais poderosos da
administração romana, para além das
cidades, criando-se, pela primeira vez
na História, um espaço económico livre
de barreiras à escala europeia.
Por fim, a concessão da plena cidadania
romana a todos os homens livres do
Império, em 212 d.C, permitiu a
elevação das províncias e seus
habitantes ao mesmo estatuto dos
dominadores. Participando dos mesmos
direitos e da mesma dignidade dos
conquistadores, os habitantes do
Império passaram a olhar-se como
verdadeiros romanos.
Os Lusitanos
e o nível civilizacional
Estrabão, Geografia
“A norte do Tejo estende-se a Lusitânia,
habitada pela mais poderosa das nações
ibéricas e que entre todas por mais
tempo deteve as armas romanas. (...)
Os Lusitanos são excelentes para armar
emboscadas e descobrir pistas, são ágeis
e destros. O escudo de que se servem é
pequeno (...). Armam-se com um
punhal ou grande faca. (...)
Os Lusitanos sacrificam frequentemente
aos deuses, examinam as entranhas sem
as arrancar do corpo das vítimas,
observam também as veias do peito e
tiram certas indicações do simples
contacto. Consultam até em certos
casos as entranhas humanas, servindo-
se para isto dos prisioneiros de guerra,
que revestem previamente duma veste
para o sacrifício (...).
Todos estes montanheses são sóbrios,
bebem geralmente só água, deitam-se
no chão (...). Nas três quartas partes do
ano, o único alimento na montanha são
as glandes de carvalho, que, secas,
quebradas e pisadas, servem para fazer
pão, que pode guardar-se por muito
tempo. (...)”
Responder:
a) Enumere os fatores que mais
contribuíram para o processo de
romanização.
“As colónias nao vêm do
exterior para a nossa
cidade e não têm raí´zes
próprias mas são como
produtos da cidade e
possuem direitos e
instituições do povo
romano (...).
Esta condição é
considerado como
melhor e preferível por
causa da grandeza do
povo romano, do qual
essas colónias parecem
imagens em miniatura,
por assim dizer
reproduções.”
Aulo Gélio, Noites Áticas
Romanização
Processo de transmissão da cultura romana
aos povos do Império. A romanização foi um
processo lento, que embora desigual, atingiu
todo o espaço político romano.
6. 6
CADERNODIÁRIO23deOutubrode2015
A Romanização
a aculturação dos
povos dominados
No Império Romano, os povos
conquistados renderam-se à
superioridade civilizacional romana,
adotando, ainda que de um modo
lento, os seus valores, a sua cultura e o
seu modo de vida, até alcançarem a
cidadania romana. Este processo
designou-se por romanização.
A Península Ibérica (Hispânia) foi
conquistada entre 218 a.C. e 19 d.C., o
que corresponde a mais de dois séculos
de lutas. Enquanto na zona sudeste da
península os Romanos se
estabeleceram com relativa facilidade,
na zona central e norte da Hispânia, as
tribos indígenas lutaram contra a
dominação romana. A partir de então,
Octávio César Augusto dividiu a
península em três províncias: a
Lusitanea, a Tarraconensis e a Baetica.
Porém, a dominação romana não
correspondeu exclusivamente a uma
ocupação geográfica violenta: muito
antes de o território da Península
Ibérica estar completamente pacificado,
já a cultura romana havia sido
absorvida por vários povos indígenas.
À medida que se reorganizava o
território após as conquistas, um
conjunto de elementos foram fixados,
acabando por contribuir para a
romanização.
A Romanização implicou uma profunda
transformação dos modos de vida –
material e cultural – dos povos da região
onde se situa o atual território
português:
• a alteração da propriedade fundiária
(que de comunitária passou a
individual);
• a introdução de novas culturas, como
a oliveira e a vinha;
• a introdução de uma economia
comercial e monetária (onde havia
uma economia pobre, ligada à
pastorícia e à troca direta, os
Romanos criaram uma agricultura
intensiva, orientada para a
exportação);
• o desenvolvimento de actividades
ligadas à exploração mineira, à pesca
e à indústria conserveira;
• a introdução de um novo estilo de
vida, copiado dos Romanos, mais
pacífico e civilizado, testemunhado
pela existência de teatros, anfiteatros,
estádios, termas, balneários públicos e
fóruns;
• a integração da religião romana nos
cultos indígenas;
• a difusão da língua latina, falada e
escrita, da qual derivou a língua
portuguesa, constitui, porventura, o
mais duradouro dos legados da
Civilização Romana.
Responder:
a) Distinga as particularidades da
romanização na Península
Ibérica.
Pesquisar:
https://www.youtube.com/watch?
v=HJdiEBhXoJo&index=10&list=WL
A Romanização
e a ação de um
governador
Tácito, Vida de Agrícola
“A fim de que estes homens incultos, e
por isso inclinados a guerrear, se
acostumassem a uma vida agradável e
pacífica (…), exortou-os (…) e ajudou-
os a empreenderem a construção de
templos, fóruns, habitações. Deste
modo, uma rivalidade de prestígio
substituía a violência.
Entretanto, iniciava os filhos dos
notáveis no estudo das letras, (...) de tal
maneira que os mais inclinados outrora
a rejeitar a língua de Roma ardiam
agora de zelo em falá-la com
eloquência. Depois, mesmo os nossos
trajes tinham honra em usar e a toga
multiplicou-se; progressivamente,
acabaram por apreciar até aos nossos
vícios, as delícias dos banhos e o
refinamento dos banquetes; e estes
noviços levaram a sua inexperiência ao
ponto de chamar civilização ao que não
era mais do que um aspeto da sua
rejeição.”
“O mundo inteiro parece
estar em festa. Deixou já
a sua armadura de ferro
para se entregar com
toda a liberdade à beleza
e à alegria de viver. Todas
as cidades renunciaram
às antigas rivalidades;
melhor dizendo,
anima-as agora um
mesmo espírito de
emulação: tornar-se a
mais bela, a mais
encantadora. Em todo o
lado se podem ver
ginásios, fontes, edifícios
públicos, templos,
oficinas e escolas.”
Públio Aristides, Elogio de Roma
A rede viária
A rede viária romana foi essencial para o
deenvolvimento do comércio. A Península
Ibérica formou um só espaço economico que,
por sua vez, partilhava do dinamismo do
Império