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Planava em movimentos seguros e retilíneos, sob a luz da lua cheia,
embaciada pelo intenso nevoeiro. Apesar da pouca luz, contrariou a trajetória que
tinha tomado e numa curvatura à esquerda, lançou-se a pique em direção ao solo,
desbravando o nevoeiro cerrado. Poisou elegantemente no alto da cruz mais alta
da igreja abandonada, pisando o musgo húmido do granito. Num bater de asas
altivo, ajeitou-as, sacudindo qualquer vestígio de humidade. O seu olhar atento
percorria todo o horizonte alcançável, tentando achar um ponto de foco. Fixou-se
por fim nalgum ponto entre as árvores escuras. Decidiu que era hora de se
aproximar daquele foco de luz intenso.
Poisou novamente sobre a vedação. Tentava decifrar cada ruído,
movimentando a pequena cabeça em várias direções. Um vulto vindo da janela mais
próxima das traseiras, caminhava determinadamente e, em saltinhos pequenos
acompanhou-o até uma sala cheia de pessoas entusiasmadas e irrequietas,
distribuídas por quatro mesas redondas, bem ornamentadas com comida e fruta.
Algo as distinguia. Eram diferenciadas por diferentes cores. E cada habitante
possuía uma cor de acordo com a mesa onde estava sentado.
Em passo bem vincado e atirando o seu longo cabelo para trás das costas,
abre a porta da sala de convívio e percorre-a com o olhar, como se de algo
importante se tratasse. Num ápice bate a porta com força, captando a atenção de
todos os colegas.
- Alguém viu o meu irmão? – atira num tom altivo e nervoso Ashley Scholz.
Não obtinha resposta da parte de ninguém, apenas uma troca de olhares
desconfiados. – Ficaram mudos? – eleva o seu tom de voz, ao mesmo tempo que
caminha para o centro da sala. – Já não vejo o meu irmão desde ontem à noite.
Terei sido a única a reparar… – e uma quebra na voz impedem-na de continuar a
manter o seu tom autoritário.
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HORAS ANTES
Seguíamos os quatro no carro. O meu pai conduzia cautelosamente com as
duas mãos sobre o volante. A minha mãe seguia ao seu lado, com um olhar atento
sobre a estrada. Atrás, separados com o assento do meio que estava ocupado com
uma mochila minha e a mala da minha irmã, seguíamos nós os dois. O silêncio era
o nosso som de fundo, acompanhado pelo vaivém frenético dos para-brisas do
carro, que mesmo na velocidade máxima não eram suficientes, para afastar a chuva
torrencial da frente do carro.
- Não consigo perceber este tempo... nem parece verão... – lamenta a
minha mãe, passando o pano pela janela ao seu lado, que tinha embaciado.
- Podemos parar de fingir que estamos a fazer uma viagem em família e
estamos todos felizes!? – reclama a Ashley, com a seu timbre autoritário de sempre.
O silêncio continuou a protagonizar aquela viagem. Também não aceitava
o motivo para a estarmos a fazer. Apoio o braço sob o parapeito da janela do carro
e tento focar-me em algum ponto. Apesar das milhares de gotas de água que
escorrem pelo vidro, consigo perceber que já estamos fora da estrada e nos trilhos
de uma zona mais recatada e próxima da natureza. Estranhamente, há uma gota
que me capta a atenção e persigo-a com o olhar. Deslisa tão rapidamente até
encontrar outras gotas que a fazem abrandar o ritmo. Depois de ganhar mais força,
volta a deslizar de um modo muito mais lento e tranquilo até desaparecer do meu
alcance. E revejo-me naquela gota. Temos pressa de crescer e trilhamos o nosso
caminho com ânsia. Encontramos pessoas que nos dão lições de vida e aprendemos
a lidar com as situações, até alguém nos impedir de sermos nós próprios. Quando
esse dia chega, somos forçados a sofrer em silêncio. Tal como eu...
É com um longo suspiro que reajo quando vejo a fachada da minha... da
nossa nova casa. Um longo espaço verde envolvente até o tornam bastante
acolhedor e simpático. A chuva continua torrencial e o pátio está vazio, como de
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esperar. O meu pai estaciona mesmo em frente da entrada principal, antecipada
por uma curta escadaria. Abro o meu chapéu-de-chuva e saio do carro. O meu olhar
vagueia triste e nostálgico. A chuva embate fortemente no meu chapéu, o que me
faz olhar para cima. Uma casa em tom pérola com umas cópulas acinzentadas com
uma inspiração asiática no topo das laterais. Tem apenas dois andares e todos são
compostos por janelas e portas castanhas.
- Hey! – ouço a minha irmã a bater no vidro do carro, esperando que eu
saísse da frente da porta para ela sair.
Afasto-me assim que me apercebo da situação e rapidamente me volto a
focar nos detalhes daquele edifício. Desta vez, o meu olhar está fixo na porta de
entrada que, para meu espanto, se abre lentamente. Acho todo aquele momento
assustador, até que dois homens decidem finalmente sair da casa, caminhando em
nossa direção.
- Boa tarde a todos. Bem-vindos ao Frostbyte Camping. – diz um dos
homens. Olho-o nos olhos e o meu corpo é invadido por um arrepio que me deixa
desconfortável. – Só faltavam vocês!
- Pedimos desculpa pelo atraso, mas o trânsito não ajudou na nossa viagem
até cá. – lamentou o meu pai, ocultando o facto de que a Ashley tentou convencê-
los a voltar atrás naquela decisão. Foi também por isso que nos atrasámos tanto. –
Bem, parece que é agora que nos despedimos.
- Vamos voltar para a entrada para que se possam despedir à vontade.
Quando se sentirem prontos, juntem-se a nós. – disse o mesmo homem que nos
tinha saudado. Mais uma vez, olho-o nos olhos e percebo que talvez não seja tão
assustador quanto pensei.
Os nossos pais pouco ou nada falaram. Assim que os dois homens do
acampamento se afastaram, abraçaram-nos e segredaram-nos algo ao ouvido. A
mim confessaram que estavam desejosos que eu voltasse ao normal e que apesar
de tudo me amam muito. Não me choquei com toda aquela situação, mas uma raiva
apoderou-se de mim. Por instantes fiquei feliz por estar prestes a entrar naquele
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espaço onde me iria manter fechado durante um mês inteiro. De certa forma iria
fazer-me bem.
Assim que a despedida terminou, afastaram-se e saíram pelo portão
enorme que ainda se mantinha aberto. O terreno do acampamento era vedado com
um muro gigante, mas só agora reparara nele. Caminhámos até à entrada do
edifício até que um barulho estranho me fez parar e olhar para trás. O portão estava
agora a fechar-se automaticamente. Estávamos presos e longe de qualquer
população e, como seria de esperar, um arrepio volta a percorrer-me o corpo.
***
Passa pouco mais do meio dia e meio e obrigaram-nos a comparecer,
naquela que se chama a sala de convívio. Estamos todos alinhados como se de uma
formatura militar se tratasse. Ninguém fala. Olho atentamente cada colega meu e
não me identifico com nenhum. Quase no meio da fila está a minha irmã,
impaciente e ao seu lado um rapaz que me faz lembrar o... Oh meu Deus, é o Alex!?
O que é que ele faz aqui? Tento manter a calma, afinal de contas devíamos estar
em silêncio.
- Bom dia, a todos mais uma vez! – inicia o senhor que nos recebeu,
acompanhado por mais quatro pessoas. Provavelmente ele seria o diretor, ou o
responsável por este acampamento. – Espero que tenham gostado das instalações
e se estejam a ambientar bem. Digam lá, estão bem-dispostos? – ninguém se atreve
a responder e demonstram todos um ar de quem não quer saber o que ele está a
dizer. – Eu fiz uma pergunta! – eleva o seu tom de voz – Quando eu me dirijo a
vocês, vocês limitam-se a responder! Estamos entendidos? – exalta-se o senhor o
que nos fez sobressaltar com a autoridade dele.
- Sim. – respondemos todos em uníssono, visto que não tínhamos outra
solução a não ser cães amestrados.
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- Muito bem. Devem-me total respeito a mim e a toda a equipa docente
responsável por este acampamento. Passo a apresentar-nos. Eu sou o Jeremy, o
vosso psicólogo durante um mês. Irei fazer o acompanhamento dos vossos
progressos. Do meu lado direito: Mike e Caroline. Eles serão os vossos monitores e
são eles que ficarão responsáveis pelas vossas atividades. Do meu lado esquerdo:
Isabella e Simon. São os caseiros, os únicos habitantes de Frostbyte ou Ghost Town,
como quiserem. Devem-lhes o maior respeito, eles serão responsáveis por vocês tal
como nós.
- Olá a todos, sejam bem-vindos. – começa Mike, dando um paço em frente.
– Não se assustem, vocês vão gostar das atividades que temos para vocês. Apesar
de terem horas de acordar e horas de recolher, que a Carol já vos vai dar
conhecimento, vão se sentir num sítio diferente de casa.
- É isso mesmo. – concorda amavelmente Caroline. Ela era baixinha mas
bastante expressiva. – Vão divertir-se acima de tudo. Bem, a parte chata é que terão
de acordar às sete da manhã para poderem estar no pequeno-almoço às oito em
ponto. Os pequenos-almoços deixam de ser servidos quinze minutos depois da hora
marcada. Às nove em ponto terão de se apresentar aqui para as atividades e
reunirem-se em equipas. A vossa hora de almoço é às doze e trinta. Depois tal como
no pequeno-almoço, quinze minutos depois deixam de ser servidos. Terão uma
hora e meia de descanso. São livres para fazerem o que quiserem. Às duas e meia
terão novamente de se apresentar aqui para as atividades novamente em equipas…
- Tenho uma questão! – atreve-se um dos rapazes a falar.
- Como é que te chamas? – pergunta Mike.
- Sky. – Mike faz-lhe sinal para colocar a dúvida – Como é que são feitas as
equipas?
- Uma ótima questão, Sky. As equipas foram feitas por nós e serão as
mesmas até ao final. São distinguidas por cores e no final das regras vamos dar-vos
a conhecer o vosso grupo. – esclarece Mike – Dando continuidade ao que a minha
querida colega estava a dizer, o jantar é servido às oito em ponto, seguindo as
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mesmas regras de todas as outras refeições. Depois do jantar estão dispensados de
quaisquer atividades, desde que não vos sejam comunicadas antecipadamente. A
hora do recolher, obrigatória... – realça com mais ênfase - ... é às dez e meia. Quem
não recolher será severamente punido.
- Vocês habituam-se. – afirma sarcasticamente Jeremy, no seu fato largo.
- Serão três equipas. – interrompe Caroline, sem antes lançar um olhar
reprovador ao modo como o psicólogo se dirigiu a nós. – As equipas estarão nos
folhetos que iremos agora distribuir. Procurem o resto dos elementos e juntem-se.
EQUIPAS FROSTBYTE CAMPING 2015
EQUIPA CASTANHA - LEXY, BLUE, SKY, ALEX
EQUIPA BRANCA - DILAN, TAYLOR, MASON, CHARLIE
EQUIPA VERDE - ASHLEY, ADAM, JULIE E FRANK
Fiquei aliviado por ter a minha irmã comigo, pois seria mais fácil viver
aquele pesadelo com ela a meu lado. Na verdade, a Ash sempre me ajudou a
superar todos os meus medos e conseguiu sempre tornar-me mais seguro de mim
próprio. Ela é a minha âncora, tal como eu sou a dela. Não consigo sequer imaginar
a minha vida sem ela e tenho a certeza que a minha irmã teria dificuldades em
sobreviver sem mim. Somos inseparáveis… tanto é que estamos nesta instituição
parva que acolhe durante um mês “jovens problemáticos e desordeiros”. É tão
irónico – e ao mesmo tempo triste – eu estar aqui. Fui sincero com os meus pais, fui
sincero comigo próprio e decidi escolher o meu caminho, contra tudo e contra
todos. E a recompensa que recebo é uma entrada neste acampamento. Como é que
me podem meter no mesmo saco que os restantes? Eu não cometi nenhum crime,
não fui desordeiro, nem tampouco problemático. Fui só eu. Como quis ser sempre.
***
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Depois de nos termos juntado à restante equipa, tivemos oportunidade de
conhecer o resto da casa. Era enorme e com uma decoração invejável, entre o
antigo e o moderno. Uma das atividades que teremos de cumprir é a remodelação
da cave, que tem um aspeto terrível e assustador. Nas quatro semanas que se
seguem há várias tarefas que terão de ser feitas, mas a maioria delas só serão
reveladas amanhã, depois do pequeno-almoço. Hoje há uma festa de boas-vindas…
mais uma vez, a ironia reina. Ao que parece querem perceber se somos capazes de
estar numa festa sem vigilância – mas, como é óbvio, eles estarão à espreita.
De qualquer das formas não era isso que me preocupava e enchia a cabeça
naquele momento. Só conseguia pensar no facto do Alex estar também no
acampamento. Já supus mil e uma situações que o pudessem ter trazido para cá,
mas não encontro uma resposta. A única solução era perguntar-lhe e decidi deixar
esse momento para a festa, pois com a confusão seria difícil repararem que já nos
conhecíamos.
***
O resto do dia foi inteiramente livre e depois do jantar foram todos
preparar-se para a festa que iria começar às nove e meia da noite. Durante todo o
dia não vi o Alex, mas enquanto estava a jantar ele deixou-me um bilhete na mesa
onde o meu grupo estava com a seguinte mensagem: Vem ter comigo ao quarto
número 3 durante a festa. Precisamos de falar. Paralisei.
Percebi que também ele queria falar comigo depois de toda a confusão que
nos envolveu e fiquei aliviado por perceber que talvez fosse possível declararmos
paz. Não queria mais confusões.
- Então, Adam? Anima-te. Não fiques a pensar no que aqueles abutres
fizeram connosco. – diz-me Ash, interrompendo-me as memórias daquele dia. –
Vamos dançar?
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- Hm… - hesitei, com uma vontade imensa de lhe contar que iria falar com
o Alex. – Pode ser! Mas vou primeiro à casa-de-banho, okay? - perguntei, tentando
esconder a verdade.
Ash acenou com a cabeça, dirigindo-se de seguida para a pista de dança.
Para um acampamento extremamente severo – já diria a minha mãe -, a festa que
tinham organizado estava bastante apelativa aos jovens. Não havia álcool, como é
óbvio, mas a música tinha uma boa onda e o ambiente estava estranhamente
amigável. Foi aí que percebi que mais cedo ou mais tarde também eu teria de me
integrar nos três grupos presentes. Afinal de contas, serão eles a minha família nas
próximas quatro semanas.
Deixo o jardim e entro dentro de casa. Estava vazia. Decido então subir as
escadas e procurar o quarto número três, que não ficava muito longe do meu, o
número um. Bato à porta e o tom entoa em todo o andar, fazendo-me olhar para
trás, com receio que alguém me estivesse a seguir. O corredor estava vazio e,
baixinho, sussurro o nome de Alex.
- Estás aí? – pergunto.
Ninguém responde. Encho-me de coragem e coloco as minhas mãos na
maçaneta da porta. Coloco-a para baixo e o rugido da mesma causa-me um
pequeno arrepio. Respiro fundo e entro, mas o quarto está vazio. Onde estará ele?
Olho à volta para confirmar o que já sabia e preparo-me para voltar para a festa,
talvez ele estivesse lá. Antes de me virar para a porta ouço um pequeno barulho
que me faz paralisar. Segundos depois, perco as forças e caio no chão. Coloco a
minha mão direita na barriga e rapidamente percebo que estou a sangrar. Tento
olhar para cima, mas num instante dou por mim a desligar-me daquela situação.
PRÓXIMO CAPÍTULO: 24 DE OUTUBRO.

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  • 1. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT Chapter 1 Welcome to Ghost Town *** CREATED AND WRITTEN BY JOTA www.umabrisapassageira.blogspot.pt RUTHE www.thestrawberrystreet.blogspot.pt YOU CAN READ THIS STORY ON BRISA PASSAGEIRA www.umabrisapassageira.blogspot.pt WATTPAD www.wattpad.com/user/mynameisjota
  • 2. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT Planava em movimentos seguros e retilíneos, sob a luz da lua cheia, embaciada pelo intenso nevoeiro. Apesar da pouca luz, contrariou a trajetória que tinha tomado e numa curvatura à esquerda, lançou-se a pique em direção ao solo, desbravando o nevoeiro cerrado. Poisou elegantemente no alto da cruz mais alta da igreja abandonada, pisando o musgo húmido do granito. Num bater de asas altivo, ajeitou-as, sacudindo qualquer vestígio de humidade. O seu olhar atento percorria todo o horizonte alcançável, tentando achar um ponto de foco. Fixou-se por fim nalgum ponto entre as árvores escuras. Decidiu que era hora de se aproximar daquele foco de luz intenso. Poisou novamente sobre a vedação. Tentava decifrar cada ruído, movimentando a pequena cabeça em várias direções. Um vulto vindo da janela mais próxima das traseiras, caminhava determinadamente e, em saltinhos pequenos acompanhou-o até uma sala cheia de pessoas entusiasmadas e irrequietas, distribuídas por quatro mesas redondas, bem ornamentadas com comida e fruta. Algo as distinguia. Eram diferenciadas por diferentes cores. E cada habitante possuía uma cor de acordo com a mesa onde estava sentado. Em passo bem vincado e atirando o seu longo cabelo para trás das costas, abre a porta da sala de convívio e percorre-a com o olhar, como se de algo importante se tratasse. Num ápice bate a porta com força, captando a atenção de todos os colegas. - Alguém viu o meu irmão? – atira num tom altivo e nervoso Ashley Scholz. Não obtinha resposta da parte de ninguém, apenas uma troca de olhares desconfiados. – Ficaram mudos? – eleva o seu tom de voz, ao mesmo tempo que caminha para o centro da sala. – Já não vejo o meu irmão desde ontem à noite. Terei sido a única a reparar… – e uma quebra na voz impedem-na de continuar a manter o seu tom autoritário.
  • 3. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT HORAS ANTES Seguíamos os quatro no carro. O meu pai conduzia cautelosamente com as duas mãos sobre o volante. A minha mãe seguia ao seu lado, com um olhar atento sobre a estrada. Atrás, separados com o assento do meio que estava ocupado com uma mochila minha e a mala da minha irmã, seguíamos nós os dois. O silêncio era o nosso som de fundo, acompanhado pelo vaivém frenético dos para-brisas do carro, que mesmo na velocidade máxima não eram suficientes, para afastar a chuva torrencial da frente do carro. - Não consigo perceber este tempo... nem parece verão... – lamenta a minha mãe, passando o pano pela janela ao seu lado, que tinha embaciado. - Podemos parar de fingir que estamos a fazer uma viagem em família e estamos todos felizes!? – reclama a Ashley, com a seu timbre autoritário de sempre. O silêncio continuou a protagonizar aquela viagem. Também não aceitava o motivo para a estarmos a fazer. Apoio o braço sob o parapeito da janela do carro e tento focar-me em algum ponto. Apesar das milhares de gotas de água que escorrem pelo vidro, consigo perceber que já estamos fora da estrada e nos trilhos de uma zona mais recatada e próxima da natureza. Estranhamente, há uma gota que me capta a atenção e persigo-a com o olhar. Deslisa tão rapidamente até encontrar outras gotas que a fazem abrandar o ritmo. Depois de ganhar mais força, volta a deslizar de um modo muito mais lento e tranquilo até desaparecer do meu alcance. E revejo-me naquela gota. Temos pressa de crescer e trilhamos o nosso caminho com ânsia. Encontramos pessoas que nos dão lições de vida e aprendemos a lidar com as situações, até alguém nos impedir de sermos nós próprios. Quando esse dia chega, somos forçados a sofrer em silêncio. Tal como eu... É com um longo suspiro que reajo quando vejo a fachada da minha... da nossa nova casa. Um longo espaço verde envolvente até o tornam bastante acolhedor e simpático. A chuva continua torrencial e o pátio está vazio, como de
  • 4. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT esperar. O meu pai estaciona mesmo em frente da entrada principal, antecipada por uma curta escadaria. Abro o meu chapéu-de-chuva e saio do carro. O meu olhar vagueia triste e nostálgico. A chuva embate fortemente no meu chapéu, o que me faz olhar para cima. Uma casa em tom pérola com umas cópulas acinzentadas com uma inspiração asiática no topo das laterais. Tem apenas dois andares e todos são compostos por janelas e portas castanhas. - Hey! – ouço a minha irmã a bater no vidro do carro, esperando que eu saísse da frente da porta para ela sair. Afasto-me assim que me apercebo da situação e rapidamente me volto a focar nos detalhes daquele edifício. Desta vez, o meu olhar está fixo na porta de entrada que, para meu espanto, se abre lentamente. Acho todo aquele momento assustador, até que dois homens decidem finalmente sair da casa, caminhando em nossa direção. - Boa tarde a todos. Bem-vindos ao Frostbyte Camping. – diz um dos homens. Olho-o nos olhos e o meu corpo é invadido por um arrepio que me deixa desconfortável. – Só faltavam vocês! - Pedimos desculpa pelo atraso, mas o trânsito não ajudou na nossa viagem até cá. – lamentou o meu pai, ocultando o facto de que a Ashley tentou convencê- los a voltar atrás naquela decisão. Foi também por isso que nos atrasámos tanto. – Bem, parece que é agora que nos despedimos. - Vamos voltar para a entrada para que se possam despedir à vontade. Quando se sentirem prontos, juntem-se a nós. – disse o mesmo homem que nos tinha saudado. Mais uma vez, olho-o nos olhos e percebo que talvez não seja tão assustador quanto pensei. Os nossos pais pouco ou nada falaram. Assim que os dois homens do acampamento se afastaram, abraçaram-nos e segredaram-nos algo ao ouvido. A mim confessaram que estavam desejosos que eu voltasse ao normal e que apesar de tudo me amam muito. Não me choquei com toda aquela situação, mas uma raiva apoderou-se de mim. Por instantes fiquei feliz por estar prestes a entrar naquele
  • 5. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT espaço onde me iria manter fechado durante um mês inteiro. De certa forma iria fazer-me bem. Assim que a despedida terminou, afastaram-se e saíram pelo portão enorme que ainda se mantinha aberto. O terreno do acampamento era vedado com um muro gigante, mas só agora reparara nele. Caminhámos até à entrada do edifício até que um barulho estranho me fez parar e olhar para trás. O portão estava agora a fechar-se automaticamente. Estávamos presos e longe de qualquer população e, como seria de esperar, um arrepio volta a percorrer-me o corpo. *** Passa pouco mais do meio dia e meio e obrigaram-nos a comparecer, naquela que se chama a sala de convívio. Estamos todos alinhados como se de uma formatura militar se tratasse. Ninguém fala. Olho atentamente cada colega meu e não me identifico com nenhum. Quase no meio da fila está a minha irmã, impaciente e ao seu lado um rapaz que me faz lembrar o... Oh meu Deus, é o Alex!? O que é que ele faz aqui? Tento manter a calma, afinal de contas devíamos estar em silêncio. - Bom dia, a todos mais uma vez! – inicia o senhor que nos recebeu, acompanhado por mais quatro pessoas. Provavelmente ele seria o diretor, ou o responsável por este acampamento. – Espero que tenham gostado das instalações e se estejam a ambientar bem. Digam lá, estão bem-dispostos? – ninguém se atreve a responder e demonstram todos um ar de quem não quer saber o que ele está a dizer. – Eu fiz uma pergunta! – eleva o seu tom de voz – Quando eu me dirijo a vocês, vocês limitam-se a responder! Estamos entendidos? – exalta-se o senhor o que nos fez sobressaltar com a autoridade dele. - Sim. – respondemos todos em uníssono, visto que não tínhamos outra solução a não ser cães amestrados.
  • 6. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT - Muito bem. Devem-me total respeito a mim e a toda a equipa docente responsável por este acampamento. Passo a apresentar-nos. Eu sou o Jeremy, o vosso psicólogo durante um mês. Irei fazer o acompanhamento dos vossos progressos. Do meu lado direito: Mike e Caroline. Eles serão os vossos monitores e são eles que ficarão responsáveis pelas vossas atividades. Do meu lado esquerdo: Isabella e Simon. São os caseiros, os únicos habitantes de Frostbyte ou Ghost Town, como quiserem. Devem-lhes o maior respeito, eles serão responsáveis por vocês tal como nós. - Olá a todos, sejam bem-vindos. – começa Mike, dando um paço em frente. – Não se assustem, vocês vão gostar das atividades que temos para vocês. Apesar de terem horas de acordar e horas de recolher, que a Carol já vos vai dar conhecimento, vão se sentir num sítio diferente de casa. - É isso mesmo. – concorda amavelmente Caroline. Ela era baixinha mas bastante expressiva. – Vão divertir-se acima de tudo. Bem, a parte chata é que terão de acordar às sete da manhã para poderem estar no pequeno-almoço às oito em ponto. Os pequenos-almoços deixam de ser servidos quinze minutos depois da hora marcada. Às nove em ponto terão de se apresentar aqui para as atividades e reunirem-se em equipas. A vossa hora de almoço é às doze e trinta. Depois tal como no pequeno-almoço, quinze minutos depois deixam de ser servidos. Terão uma hora e meia de descanso. São livres para fazerem o que quiserem. Às duas e meia terão novamente de se apresentar aqui para as atividades novamente em equipas… - Tenho uma questão! – atreve-se um dos rapazes a falar. - Como é que te chamas? – pergunta Mike. - Sky. – Mike faz-lhe sinal para colocar a dúvida – Como é que são feitas as equipas? - Uma ótima questão, Sky. As equipas foram feitas por nós e serão as mesmas até ao final. São distinguidas por cores e no final das regras vamos dar-vos a conhecer o vosso grupo. – esclarece Mike – Dando continuidade ao que a minha querida colega estava a dizer, o jantar é servido às oito em ponto, seguindo as
  • 7. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT mesmas regras de todas as outras refeições. Depois do jantar estão dispensados de quaisquer atividades, desde que não vos sejam comunicadas antecipadamente. A hora do recolher, obrigatória... – realça com mais ênfase - ... é às dez e meia. Quem não recolher será severamente punido. - Vocês habituam-se. – afirma sarcasticamente Jeremy, no seu fato largo. - Serão três equipas. – interrompe Caroline, sem antes lançar um olhar reprovador ao modo como o psicólogo se dirigiu a nós. – As equipas estarão nos folhetos que iremos agora distribuir. Procurem o resto dos elementos e juntem-se. EQUIPAS FROSTBYTE CAMPING 2015 EQUIPA CASTANHA - LEXY, BLUE, SKY, ALEX EQUIPA BRANCA - DILAN, TAYLOR, MASON, CHARLIE EQUIPA VERDE - ASHLEY, ADAM, JULIE E FRANK Fiquei aliviado por ter a minha irmã comigo, pois seria mais fácil viver aquele pesadelo com ela a meu lado. Na verdade, a Ash sempre me ajudou a superar todos os meus medos e conseguiu sempre tornar-me mais seguro de mim próprio. Ela é a minha âncora, tal como eu sou a dela. Não consigo sequer imaginar a minha vida sem ela e tenho a certeza que a minha irmã teria dificuldades em sobreviver sem mim. Somos inseparáveis… tanto é que estamos nesta instituição parva que acolhe durante um mês “jovens problemáticos e desordeiros”. É tão irónico – e ao mesmo tempo triste – eu estar aqui. Fui sincero com os meus pais, fui sincero comigo próprio e decidi escolher o meu caminho, contra tudo e contra todos. E a recompensa que recebo é uma entrada neste acampamento. Como é que me podem meter no mesmo saco que os restantes? Eu não cometi nenhum crime, não fui desordeiro, nem tampouco problemático. Fui só eu. Como quis ser sempre. ***
  • 8. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT Depois de nos termos juntado à restante equipa, tivemos oportunidade de conhecer o resto da casa. Era enorme e com uma decoração invejável, entre o antigo e o moderno. Uma das atividades que teremos de cumprir é a remodelação da cave, que tem um aspeto terrível e assustador. Nas quatro semanas que se seguem há várias tarefas que terão de ser feitas, mas a maioria delas só serão reveladas amanhã, depois do pequeno-almoço. Hoje há uma festa de boas-vindas… mais uma vez, a ironia reina. Ao que parece querem perceber se somos capazes de estar numa festa sem vigilância – mas, como é óbvio, eles estarão à espreita. De qualquer das formas não era isso que me preocupava e enchia a cabeça naquele momento. Só conseguia pensar no facto do Alex estar também no acampamento. Já supus mil e uma situações que o pudessem ter trazido para cá, mas não encontro uma resposta. A única solução era perguntar-lhe e decidi deixar esse momento para a festa, pois com a confusão seria difícil repararem que já nos conhecíamos. *** O resto do dia foi inteiramente livre e depois do jantar foram todos preparar-se para a festa que iria começar às nove e meia da noite. Durante todo o dia não vi o Alex, mas enquanto estava a jantar ele deixou-me um bilhete na mesa onde o meu grupo estava com a seguinte mensagem: Vem ter comigo ao quarto número 3 durante a festa. Precisamos de falar. Paralisei. Percebi que também ele queria falar comigo depois de toda a confusão que nos envolveu e fiquei aliviado por perceber que talvez fosse possível declararmos paz. Não queria mais confusões. - Então, Adam? Anima-te. Não fiques a pensar no que aqueles abutres fizeram connosco. – diz-me Ash, interrompendo-me as memórias daquele dia. – Vamos dançar?
  • 9. WWW.UMABRISAPASSAGEIRA.BLOGSPOT.PT - Hm… - hesitei, com uma vontade imensa de lhe contar que iria falar com o Alex. – Pode ser! Mas vou primeiro à casa-de-banho, okay? - perguntei, tentando esconder a verdade. Ash acenou com a cabeça, dirigindo-se de seguida para a pista de dança. Para um acampamento extremamente severo – já diria a minha mãe -, a festa que tinham organizado estava bastante apelativa aos jovens. Não havia álcool, como é óbvio, mas a música tinha uma boa onda e o ambiente estava estranhamente amigável. Foi aí que percebi que mais cedo ou mais tarde também eu teria de me integrar nos três grupos presentes. Afinal de contas, serão eles a minha família nas próximas quatro semanas. Deixo o jardim e entro dentro de casa. Estava vazia. Decido então subir as escadas e procurar o quarto número três, que não ficava muito longe do meu, o número um. Bato à porta e o tom entoa em todo o andar, fazendo-me olhar para trás, com receio que alguém me estivesse a seguir. O corredor estava vazio e, baixinho, sussurro o nome de Alex. - Estás aí? – pergunto. Ninguém responde. Encho-me de coragem e coloco as minhas mãos na maçaneta da porta. Coloco-a para baixo e o rugido da mesma causa-me um pequeno arrepio. Respiro fundo e entro, mas o quarto está vazio. Onde estará ele? Olho à volta para confirmar o que já sabia e preparo-me para voltar para a festa, talvez ele estivesse lá. Antes de me virar para a porta ouço um pequeno barulho que me faz paralisar. Segundos depois, perco as forças e caio no chão. Coloco a minha mão direita na barriga e rapidamente percebo que estou a sangrar. Tento olhar para cima, mas num instante dou por mim a desligar-me daquela situação. PRÓXIMO CAPÍTULO: 24 DE OUTUBRO.