O documento descreve como, no século XVI, as necessidades religiosas das pessoas deveriam ser satisfeitas sem a assistência dos sacerdotes, através de devoções e livros de orações disponíveis. Isso levou ao desenvolvimento de uma piedade individualista e leiga, alimentada pela Bíblia ou por fragmentos bíblicos. Assim, um clima espiritual favorável à Reforma foi criado antes mesmo dela.
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História do protestantismo
1. As profundas necessidades religiosas da época [séc. XVI]
deveriam, portanto, em muitos casos, ser satisfeitas sem a
assistência sacerdotal, espontaneamente, através de devoções,
livros de orações, que haviam sido colocados à disposição dos
fiéis, principalmente dos pais de família, mas em cujo controle
esses sacerdotes não intervinham suficientemente. Formava-se
assim, uma piedade individualista e leiga, que se entretinha nos
cultos domésticos alimentando-se na Bíblia, ou pelo menos em
fragmentos bíblicos – constituindo pura lenda o fato de que a
igreja tenha constantemente mantido seus fiéis afastados das
Sagradas Escrituras. Assim, nasceu, antes da Reforma, o clima
espiritual que deveria assegurar seu sucesso.
Émile G. Léonard “Autor Frances, séc. XX.
Protestantismo - Conceitos
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2. Protestantismo é o termo usado para aludir o movimento religioso cismático à
Igreja Católica Romana. Movimento este que produziu uma séria ruptura no
sistema religioso vigente. Os Grupos que mantiveram essa atitude cismática
(sectária) são chamados até hoje por protestantes pela Igreja Católica romana.
A reforma foi um grito de liberdade Político-Religioso, e um retorno a Bíblia.
Seitas são descritas como grupos religiosos recém-formados que se formam para
protestar a favor de elementos da sua religião originária, geralmente uma
denominação (conceito Weberiano de uma seita religiosa).
Protestantismo - Conceitos
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3. Da perspectiva europeia, o protestantismo
pode ser descrito como uma religião
moderna, isto é, a ênfase recai sobre o
indivíduo e sua relação com Deus.
Os princípios balizadores do Protestantismo
estavam sujeitos ao que Paul Tillich chama
de princípio protestante, isto é, a tese
defendida por Lutero em sua obra Da
liberdade do cristão onde afirma que todo
cristão é senhor de todas as coisas e não
está sob o domínio de coisa alguma.
Paul Tillich. Teólogo alemão-
estadounidense, um filósofo cristão.
Tillich foi contemporâneo de Karl
Barth, um dos mais influentes teólogos
protestantes do século XX.
Max Weber. Intelectual alemão,
jurista, economista e considerado
um dos fundadores da Sociologia.
Século XX.
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4. Três grandes eixos temáticos sobre os quais a reflexão dos reformadores
se deu:
A Fé: no centro do pensamento cristalizado no séc. XVI, a salvação era tida como
uma recompensa de Deus aos esforços humanos mediados pela igreja enquanto
instituição sacramental mediadora – o que encontra eco na interpretação da
famosa citação de Cipriano de Cartago: ex ecclesia nula salus. Contra isso insurgi-
se Lutero, ao afirmar a total dependência de Deus para a salvação, o
protestantismo será conhecido por compreender que o movimento sempre parte
de Deus para o ser humano mesmo antes de nossa resposta, ou seja,
inteiramente condicionada por Sua graça, portanto, sola gratia et fides será o
lema central do pensamento reformado.
Protestantismo - Conceitos
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5. A Bíblia: enquanto a salvação pela graça por meio da fé constitui-se o objeto formal
da teologia reformada, as Escrituras Sagradas são o objeto material onde está
localizado este pensamento. Por isso a insistência dos reformadores em traduzir
para as línguas vernáculas e incentivar a leitura pública da Bíblia, pois reconheciam
nela a verdade absoluta da fé Protestante. Por causa dos desvios históricos entre os
ensinamentos bíblicos e as práticas cristãs de seu tempo, os reformadores e os
ramos do protestantismo que vieram após eles defenderam veementemente a
supremacia das Escrituras quanto às questões de fé, da doutrina e da ética
referentes à vida cristã acima da tradição estabelecida – disso nasce o segundo
princípio norteador do protestantismo: sola Scriptura.
Três grandes eixos temáticos sobre os quais a reflexão dos reformadores
se deu:
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6. Três grandes eixos temáticos sobre os quais a reflexão dos reformadores
se deu:
A Igreja: o Protestantismo subverte a ordem medieval onde a igreja era a
instituição mediadora entre Deus e o ser humano. Por Igreja, os reformadores
entendem o evento da Palavra de Deus dirigida ao ser humano que os reúne por
sua graça. Nas expressão do teólogo Karl Barth: a Igreja não é nem a comunidade,
nem o agrupamento visível dos que crêem em Jesus Cristo, nem o órgão que os
representa sob qualquer forma de governo. Mas o evento que reúne dois ou três
em nome de Jesus Cristo, isto é, pelo poder do apelo que lhes dirige e pelo
mandato que lhe confia. Sendo assim, a Igreja encontra-se onde a Palavra de
Deus é proclamada e, como resposta todos são chamados à adoração como
resposta. Sem mediações institucionais ou clericais funda-se o terceiro pilar do
Protestantismo: O sacerdócio universal de todos os santos.
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7. Protestantismo:
A Teologia de Martinho Lutero
Lutero foi, como Agostinho, um daqueles pensadores
cuja teologia está intimamente ligada com sua vida que
não se pode entender uma separadamente da outra.
A Peregrinação Espiritual
Lutero entrou no monástério em 1505 devido a um voto
feito a Santa Ana durante uma tempestade. Há
historiadores que afirmam que ele não temia a morte;
mas sim, a perspectiva dele morrer sem estar preparado
para a mesma.
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8. Protestantismo:
A Teologia de Martinho Lutero
A nova criação
Lutero cria que, em Jesus Cristo, nós ouvimos a palavra que nos liberta da escravidão
do pecado, da monte, e do diabo. Esta é a palavra da justificação. Justificação é,
antes de tudo o decreto de absolvição que Deus ponuncia sobre nós. Declarando-nos
justificados.
Os dois reinos
O entendimento de Lutero sobre o relacionamento entre igreja e Estado é
geralmente declarado como a doutrtina dos dois reinos, ou dois domínios. A doutrina
dos dois reinos não significa o que é entendido hoje pela separação da igreja e
Estado. Ao contrário, é uma doutrina que está intimamente relacionada com a
distinção de lutero entre a lei e o evangelho, e que não pode ser entendida separada
dessa distinção.
Deus estabeleceu dos Reinos. Ambos estão sob o domínio de Deus. Um sob a lei, o
outro sob o evangelho.
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9. Protestantismo:
A Teologia de Martinho Lutero
A Peregrinação Espiritual
Lutero entrou no monástério em 1505 devido a um voto feito a Santa Ana durante
uma tempestade. Há historiadores que afirmam que ele não temia a morte; mas sim,
a perspectiva dele morrer sem estar preparado para a mesma.
Com o propósito que o trouxera ao monastério; Lutero chega até Roma, onde viu o
abuso em relíquias e outros meios de obter mérito diante do divino. Ele chegará a
roma cheio de esperança e fé; saiu com uma dolorosa dúvida de que os meios de
salvação oferecidos pela igreja fossem, de fato, válidos.
Foi transferido para Wittenberg, onde conheceu Johann Von Staupitz, seu tutor.
Apesar de confiar todos os seus pecados ao seu tutor, Lutero continuava a se afligir
devido entender que alguns pecados poderiam ficar ocultos, não confessados, e por
conseguinte, não perdoados. Aqui estava um meio alternativo de salvação, que
confiava não no perdão de pecados individuais, mas simplesmente em se entregar
completamente a Deus.
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10. Protestantismo:
A Teologia de Martinho Lutero
A Tarefa do Teologo
No início de 1518, na obra “Controversia de Heindenberg”, Lutero apresentou o que
se tornou um programa inteiro para uma abordagem da teologia. Propos que há dois
tipos de teologia: uma “teologia da glória” e uma “teologia da cruz.
A Palavra de Deus
No início de 1518, na obra “Controversia de Heindenberg”, Lutero apresentou o que
se tornou um programa inteiro para uma abordagem da teologia. Propos que há dois
tipos de teologia: uma “teologia da glória” e uma “teologia da cruz.
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11. A Teologia de Martinho Lutero
A Lei e o evangelho
O principal contraste que Lutero vê na Escritura não é aquele entre os dois
testamentos, mas o que existe entre a lei e o evangelho. A lei é a vontade de Deus, e
é conhecida por meio da lei natural, que é conhecida por todos nas instituições civis.
Uma vês que a instituição civil não consegue cumpir a lei (queda), logo, aquilo que
provém do caráter (bom) de Deus se torna uma notícia ruim para o homem. Por isso,
O evangelho é o “sim “ de Deus, a fim de aplacar a ira de Deus sobre as instituições.
A condição humana
Para Lutero, a primeiro coisa a ser dita sobre nós em nosso estado presente é que
somos pecadores. Isto não significa simplesmente que nós tenhamos pecado (no
passado), mas ao contrário, que toda a nossa natureza é comprometida pelo pecado
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12. A Teologia de Martinho Lutero
Os dois Reinos
O entendimento de Lutero sobre o relacionamento entre a igreja e Estado é
geralmente declarado como a doutrina dos dois reinos, ou dois domínios. A doutrina
dos dois reinos não significa o que é entendido hoje pela declaração da separação
entre a igreja e Estado. Basicamente, o que Lutero tem a dizer a respeito da igreja e
do Estado é que Deus estabeleceu dois reinos. Ambos são criação de Deus, e ambos
estão sob o Governo de Deus.
É importante dizer que um está sob a leis – em sua primeira função, ou função civil –
e outro está sob o evangelho. A ordem civil foi estabelecida por Deus para restringir
os perversos e limitar as consequências mais extremas do pecado. Seu regente não
tem que ser um cristão, pois, a lei básica pela qual se deve governar pode ser
discernida pela razão natural.
Os crentes, entretanto, pertencem ao reino do evangelho, onde governadores civis
não tem autoridade.
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13. Protestantismo:
A Teologia de Martinho Lutero
Os dois Reinos
O entendimento de Lutero sobre o relacionamento entre a igreja e Estado é
geralmente declarado como a doutrina dos dois reinos, ou dois domínios. A doutrina
dos dois reinos não significa o que é entendido hoje pela declaração da separação
entre a igreja e Estado. Basicamente, o que Lutero tem a dizer a respeito da igreja e
do Estado é que Deus estabeleceu dois reinos. Ambos são criação de Deus, e ambos
estão sob o Governo de Deus.
É importante dizer que um está sob a leis – em sua primeira função, ou função civil –
e outro está sob o evangelho. A ordem civil foi estabelecida por Deus para restringir
os perversos e limitar as consequências mais extremas do pecado. Seu regente não
tem que ser um cristão, pois, a lei básica pela qual se deve governar pode ser
discernida pela razão natural.
Os crentes, entretanto, pertencem ao reino do evangelho, onde governadores civis
não tem autoridade.
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14. O cinema, o teatro, a dança, as belas
roupas, as festas, os muitos enfeites, todos
mudaram de lado, estão (também) no
'caminho estreito'. Aliás, agora, por causa
da multidão que aderiu, tiveram que
'alargar' a estrada para caber tanta gente...
De forma iconográfica, sejamos sinceros,
não dá para retratar atualmente o
caminho largo e o estreito.
Não há, pelo menos na estética, nenhuma
diferença. Ressalva seja feita: o cassino
não mudou de lado. Ainda.
ALENCAR, Gedeon. Protestantismo
tupiniquim: hipóteses sobre a (não)
contribuição evangélica à cultura
brasileira. São Paulo: Arte editorial, 2005.
OS DOIS CAMINHOS
Protestantismo:
A Teologia de Martinho Lutero
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16. Protestantismo: Movimento Reformado
Calvino era um humanista formado em línguas e direito. A
teologia de Calvino não difere em essência da teologia de
Lutero, mas era estruturada num sistema mais sólido e
consistente, no centro do qual se acha a importância que
Calvino dá a soberania e a liberdade de Deus.
Zuínglio foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas
reformadas suíças. Independentemente de Martinho
Lutero, que era doctor biblicus, Zuínglio chegou a
conclusões semelhantes pelo estudo das escrituras do
ponto de vista de um erudito humanista. Zuínglio não
deixou uma igreja organizada, mas as suas doutrinas
influenciaram as confissões calvinistas.
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17. Protestantismo: Anabatismo
• A maioria dos reformistas tentava introduzir as mudanças numa base territorial,
para atrair multidões para suas igrejas. Com o anabatismo, a reforma produziu uma
corrente radical que questionou a validade das igrejas regionais, ou locais. Se os
homens se salvavam somente pela fé, então devia afirmar que só os adultos
capazes de viver essa fé podiam contar-se entre os eleitos
• Muitos defendiam que só os eleitos podiam proclamar que pertenciam à igreja, e
que esta era algo totalmente da sociedade em seu conjunto. Em Zurique, um grupo
encabeçado por Conrad Grebel seguiu alógica dessa afirmação, rejeitou o batismo
de crianças e se separou da comunidade da cidade. A teologia racionalista de
Zuinglio era muito vulnerável a esses argumentos, mas justificou a supressão do
grupo, muitos cujos foram executados.
• A medida que a Bíblia era posta ao alcance de todo o mundo, movimentos
separatistas dessa espécie começaram a propagar-se como rastilho de pólvora
entre os pobres urbanos e rurais de muitos lugares da Europa
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19. Protestantismo: Anglicanismo
• Vários fatores contribuíram para a introdução da Reforma
Protestante na Inglaterra: o anticlericalismo de uma grande parcela
do povo e dos governantes, as idéias do pré-reformador João Wycliff,
a penetração de ensinos luteranos a partir de 1520, o Novo
Testamento traduzido por William Tyndale (1525) e a atuação de
refugiados que voltaram de Genebra. Todavia, quem deu o passo
decisivo para que a Inglaterra começasse a tornar-se protestante foi o
rei Henrique VIII. (Alderi Souza de Matos).lderi Souza de Matos
Henrique VIII (1491-1547) começou a reinar em 1509. Sendo muito católico, em 1521
escreveu um folheto contra Lutero que lhe valeu o título de “defensor da fé”. Era
casado com a princesa espanhola Catarina de Aragão, viúva do seu irmão, que não
conseguiu dar-lhe um filho varão, mas somente uma filha, Maria. Henrique pediu ao
papa Clemente VII que anulasse o seu casamento com Catarina para que pudesse casar-
se com Ana Bolena (Anne Boleyn), mas o papa não pode atendê-lo nesse desejo. Uma
das principais razões foi o fato de que Catarina era tia do sacro imperador germânico
Carlos V. Em 1533, Thomas Cranmer (1489-1556) foi nomeado arcebispo de Cantuária e
poucos meses depois declarou nulo o casamento do rei. (Alderi Souza de Matos).lderi Souza
de Matos
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20. • Em 1534, o parlamento aprovou o Ato de Supremacia, pelo qual a Igreja Católica
inglesa desvinculou-se de Roma e o rei foi declarado “Protetor e Único Chefe
Supremo da Igreja da Inglaterra.” O bispo John Fisher e o ex-chanceler Thomas
More opuseram-se a essas medidas e foram executados (1535); os numerosos
mosteiros do país foram extintos e suas propriedades confiscadas (1536-1539).
Nos anos seguintes, Henrique ainda teria outras quatro esposas: Jane Seymour,
Ana de Cleves, Catarina Howard e Catarina Parr. (Alderi Souza de Matos).lderi Souza
de Matos
Protestantismo: Anglicanismo
• Henrique morreu na fé católica e foi sucedido no trono por Eduardo VI (1547-
1553), o filho que teve com Jane Seymour. Os tutores do jovem rei implantaram a
Reforma na Inglaterra e puseram fim às perseguições contra os protestantes.
Foram aprovados dois importantes documentos escritos pelo arcebispo Cranmer,
o Livro de Oração Comum(1549; revisto em 1552) e os Quarenta e Dois
Artigos (1553), uma síntese das teologias luterana e calvinista. Eduardo era
doentio e morreu ainda jovem, sendo sucedido por sua irmã Maria Tudor (1553-
1558), conhecida como “a sanguinária”, filha de Catarina de Aragão. Maria
perseguiu os líderes protestantes e muitos foram levados à fogueira. Os mártires
mais famosos foram Hugh Latimer, Nicholas Ridley e Thomas Cranmer. Muitos
outros, os chamados “exilados marianos”, foram para Genebra, Estrasburgo e
outras cidades protestantes. (Alderi Souza de Matos).lderi Souza de Matos
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22. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
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Introdução
O sentido positivo/negativo original do termo “puritano” e o sentido pejorativo atual
(rigidez, moralismo, intolerância).
Ênfase principal: preocupação com a pureza e integridade da igreja, do indivíduo e da
sociedade.
Movimento muito influente na Inglaterra; principal tradição religiosa na história dos
Estados Unidos.
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23. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
Alderi Souza de Matos
Definições
Movimento em prol da reforma completa da Igreja da Inglaterra que teve início no
reinado de Elizabete I (1558) e continuou por mais de um século como uma grande força
religiosa na Inglaterra e também nos Estados Unidos. “Uma versão militante da fé
reformada” (Dewey D. Wallace, Jr.).
Movimento religioso protestante dos séculos 16 e 17 que buscou “purificar” a Igreja da
Inglaterra em linhas mais reformadas. O movimento foi calvinista quanto à teologia e
presbiteriano ou congregacional quanto ao governo eclesiástico (Donald K. McKim).
Pessoas preocupadas com a reforma mais plena da Igreja da Inglaterra na época de
Elizabete e dos Stuarts em virtude de sua experiência religiosa particular e do seu
compromisso com a teologia reformada (I. Breward).
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24. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
Alderi Souza de Matos
Antecedentes (raízes)
O puritanismo é uma mentalidade ou atitude religiosa que começou cedo na história da
Inglaterra.
Desde o século 14, surgiu uma tradição de profundo apreço pelas Escrituras e
questionamento de dogmas e práticas da igreja medieval com base nas mesmas.
Começou com o “pré-reformador” João Wycliffe e os seus seguidores, os lolardos.
Publicação da primeira Bíblia Inglesa completa em 1384, na época do “Grande Cisma”.
Wycliffe afirmou a autoridade suprema das Escrituras, definiu a igreja verdadeira como o
conjunto dos eleitos, questionou o papado e a transubstanciação.
O protestantismo inglês sofreu a influência de Lutero e especialmente da teologia
reformada continental, a Reforma Suíça de Zurique (Zuínglio, Bullinger) e Genebra
(Calvino, Beza).
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25. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
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Antecedentes (raízes)
Começou com o trabalho teológico da primeira geração de reformadores ingleses,
influenciados pela Reforma Suíça.
Ênfases: colocação da verdade antes da tradição e da autoridade; insistência na liberdade
de servir a Deus da maneira que se julgava mais acertada (ver Lloyd-Jones, O puritanismo
e suas origens).
William Tyndale (†1536) – compromisso com as Escrituras, ênfase na teologia do pacto.
Tradutor da Bíblia – NT (1525); cruelmente perseguido; estrangulado e queimado em
Antuérpia, na Bélgica.
John Hooper (†1555) – as Escrituras devem regular a estrutura eclesiástica e o
comportamento pessoal.
John Knox (†1572) – reforma completa da igreja e do estado.
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26. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
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História
Henrique VIII (1509-1547) – criou a Igreja Anglicana, uma igreja nacional inglesa de
orientação nitidamente católica. Em 1539, impôs os Seis Artigos, com severas punições
para os transgressores (“o açoite sangrento de seis cordas”). Incluíam a
transubstanciação, a comunhão em uma só espécie, o celibato clerical, votos de
castidade para leigos, missas particulares, confissão auricular, etc.
Reações: Miles Coverdale, John Hooper e outros, que tiveram de fugir do país e foram
para a Suíça. Sob a influência continental, começaram a se opor ao cerimonialismo
religioso.
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27. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
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História
Eduardo VI (1547-1553) – nessa época, a influência dos partidários de uma reforma
profunda da igreja inglesa se tornou mais forte. John Hooper dispôs-se a aceitar um
bispado que lhe foi oferecido, mas não a ser investido no ofício do modo prescrito, com o
uso das vestes litúrgicas. Acabou sendo lançado na prisão por algum tempo. Foi o
primeiro a expor claramente o argumento acerca das vestes. Não eram coisas indiferentes,
e sim resquícios do catolicismo. Começa a surgir uma nítida distinção entre anglicanismo
e puritanismo.
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28. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
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História
Maria I (1553-1558) – tentou restaurar a Igreja Católica na Inglaterra e perseguiu os
líderes protestantes. Muitos foram executados – Hugh Latimer (†1555), Nicholas Ridley
(†1555) e Thomas Cranmer (†1556) – mártires marianos.
Outros fugiram para o continente (Genebra, Zurique, Frankfurt), entre eles John Knox e
William Whittingham, o principal responsável pela Bíblia de Genebra. Nesse período
surgiram em Londres as primeiras igrejas independentes.
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29. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
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História
Elizabete I (1558-1603) – inicialmente esperançosos, os puritanos se decepcionaram
amargamente. A rainha insistiu em controlar a igreja, manteve os bispos e as cerimônias.
A mesma divisão anterior se manifestou entre os líderes imbuídos de convicções
protestantes – alguns, como Matthew Parker, Richard Cox, Edmund Grindal e John
Jewel, protestaram no início, mas acabaram acomodando-se ao status quo. Aceitaram
bispados e outras posições eclesiásticas sob o argumento de que, se recusassem esses
ofícios, Elizabete nomearia católicos romanos em lugar
deles. Outros, como Thomas Sampson, Miles Coverdale, John Foxe e Lawrence
Humphrey, desafiaram a rainha.
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30. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
Alderi Souza de Matos
História
Os puritanos surgem com esse nome no contexto da “Controvérsia das Vestimentas”
(1563-1567) – protesto contra vestimentas clericais (propunham o uso de togas
genebrinas) e cerimônias como ajoelhar-se à Ceia do Senhor, dias santos e sinal da cruz
no batismo. Nas décadas seguintes, intensificaram-se as medidas disciplinares da igreja e
do
estado contra os puritanos estritos (“não-conformistas”). Cristalizou-se o anglicanismo
clássico, cujo principal teórico foi Richard Hooker, com sua obra Leis de Política
Eclesiástica (1593). Em 1593 foi aprovado o rigoroso “Ato contra os Puritanos”.
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31. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
Alderi Souza de Matos
História
Tiago I (1603-1625) – esse rei havia recebido uma educação calvinista na Escócia, o que
encheu de esperanças os puritanos. Eles lhe apresentaram a Petição Milenária, que foi
totalmente rejeitada na Conferência de Hampton Court (1604). Alguns puritanos se
desligaram inteiramente da Igreja da Inglaterra, entre eles um grupo que foi para a
Holanda e depois para a América, fundando em 1620 a Colônia de Plymouth, em
Massachusetts.
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32. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
Alderi Souza de Matos
História
Carlos I (1625-1649) – esse rei manteve a política de repressão contra os puritanos, o que
levou um grupo não-separatista a ir para Massachusetts em 1630. No final do seu reinado,
entrou em guerra contra os presbiterianos escoceses e contra os puritanos ingleses. Estes
eram maioria no Parlamento e convocaram a Assembléia de Westminster (1643-49), que
elaborou os famosos e influentes documentos da fé reformada.
Infelizmente, os puritanos não formavam um movimento coeso. Estavam divididos
principalmente no que se refere à forma de governo da igreja. Existiam vários grupos:
presbiterianos, congregacionais, episcopais, batistas. Alguns eram separatistas e outros
não-separatistas, como os “independentes” (congregacionais moderados). A Guerra Civil
terminou com a derrota e execução do rei.
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33. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
Alderi Souza de Matos
História
Oliver Cromwell – congregacional, líder das forças parlamentares que derrotaram o rei
Carlos I. Tornou-se o “Lorde Protetor” da Inglaterra. Durante o Protetorado ou
imunidade Puritana (1649-1658), a Igreja da Inglaterra foi inicialmente presbiteriana e
depois congregacional. Todavia, as rivalidades religiosas levaram ao restabelecimento
da monarquia – a Restauração.
Carlos II (1660-1685) - expulsou cerca de 2000 ministros puritanos da Igreja da
Inglaterra. A Grande Expulsão (1662) marcou o fim do puritanismo anglicano. Embora
perseguidos, sobreviveram como dissidentes (“dissenters”) fora da igreja estatal e
eventualmente criaram igrejas batistas, congregacionais e presbiterianas.
Tiago II (1685-1689) – tentou restaurar o catolicismo, mas foi derrotado pelo holandês
Guilherme de Orange, esposo de sua filha Maria – a Revolução Gloriosa.
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34. Protestantismo: Os Puritanos
Sua Origem e sua História
Alderi Souza de Matos
História
Guilherme e Maria (1689-1702) – mediante um decreto, foi concedida tolerância
aos “dissenters” (presbiterianos, congregacionais e batistas), cerca de um décimo da
população. A essa altura, os melhores dias do puritanismo já haviam ficado para
trás.
O puritanismo americano foi muito dinâmico e influente por pouco mais de um
século, desde os primórdios na Nova Inglaterra (1620) até o Grande Despertamento
(1740).
Alguns nomes notáveis dessa tradição foram John Cotton, William Bradford, John
Winthrop, John Eliot, Thomas Hooker, Cotton Mather e Jonathan Edwards.
Herdeiros recentes da tradição puritana: Charles H. Spurgeon, D. M. Lloyd-Jones, J.
I. Packer, James M. Boice e outros.
HaroldoXSilva
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35. Protestantismo no Brasil
Panorama Histórico Geral
Um dos estudos de referência nesta área é o historiador
francês Émile Leonard que no período de 1948-1950 veio ao
Brasil como convidado da Universidade de São Paulo para
lecionar na cadeira de História Moderna e Contemporânea da
FFCL. Embora fosse quase desconhecido no Brasil, veio
recomendado pelo influente Prof. Lucien Febvre do Collège de
France – um dos mais respeitados historiadores do
protestantismo na França.
HaroldoXSilva
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Andrey A. Mendonça
36. Protestantismo no Brasil
Panorama Histórico Geral
Segundo Leonard, um ambiente propício se formava no Brasil na segunda
metade do séc. XIX para o estabelecimento do protestantismo. Alguns
desses fatores, entretanto, podemos listar num período anterior como:
1.O abandono em que se encontravam um grande número de regiões pela
insuficiência do clero;
2.O enfraquecimento da vida espiritual do clero, isto é, a dissolução dos
costumes e o indiferentismo religioso – um clero mais ignorante e menos
respeitado;
3.Seguindo-se à decadência moral observou-se o declínio do espírito
apostólico, ou seja, a desdenho com a missão;
4. A atrativa remuneração dos negócios e do ensino em detrimento de
uma vida sacerdotal abnegada o que levou muitos sacerdotes a funções
cada vez mais seculares;
HaroldoXSilva
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Andrey A. Mendonça
37. Protestantismo no Brasil
Panorama Histórico Geral
Reunidos a esses fatores, temos ainda a situação em que encontramos a
sociedade brasileira. Desenvolvendo uma piedade supersticiosa, uma grande
mportância às festas profanas e o crescimento dos cultos familiares isentos de
ntervenção clerical, o Brasil preparava-se a cada dia para a entrada da
propaganda protestante em seu território. Conforme lemos nessa citação
elatada pelo Rev. Kidder, metodista norte-americano que percorreu o Brasil no
nício do séc. XIX, do seu encontro com um clérigo católico:
Disse-nos que o catolicismo estava quase abandonado no Brasil, como no resto do
mundo. Asseguramos-lhe que havíamos tido abundantes provas de sua existência e
influência, mas ele parecia considerá-las apenas exterioridades vazias. Explicou-nos que
era nulo o espírito de religião, tanto no clero como no povo. [...] Perguntamos-lhe que
notícia daríamos ao mundo religioso com respeito ao Brasil. – Diga que estamos em
trevas, atrasados, quase abandonados. – Mas que desejam a luz? – Que nada sejamos.
Que esperamos em Deus, o pai das luzes, respondeu-nos o sacerdote. (LÉONARD, Émile G.
op. cit., p, 37)
HaroldoXSilva
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38. Protestantismo no Brasil
Panorama Histórico Geral
Outros fatores estão interligados como o liberalismo crescente entre a
sociedade brasileira influenciada pelo espírito europeu – especialmente
vindo da Inglaterra que, para muitos jovens promissores brasileiros, havia
salvado a coroa portuguesa. O espírito jansenista que influenciou diversos
sacerdotes brasileiros (destacamos aqueles formados em Coimbra) os quais
viviam um clima de rigor espiritual, amor às Escrituras e uma ênfase a uma
espiritualidade viva e comunitária – contrária à situação da maior parte do
clero brasileiro como já observado.
O jansenismo foi um movimento de caráter dogmático, moral e disciplinar, que
assumiu também contornos políticos, que se desenvolveu principalmente na França e
na Bélgica, nos séculos XVII e XVIII, em reação a certas doutrinas e práticas no seio da
Igreja Católica. Tem esse nome por ter sua origem nas idéias do bispo de Ypres,
Cornelius Jansen. A doutrina jansenista baseia-se numa leitura pouco crítica da
teologia de S. Agostinho e nas propostas do teólogo Miguel Baio, e apresenta um
nítido parentesco com as doutrinas protestantes, sobretudo as calvinistas, sobre a
graça, a natureza humana e a predestinação. O ponto central e essencial é uma
antropologia pessimista, que vê no pecado original a corrupção da natureza humana,
doravante incapaz de qualquer obra boa e fatalmente inclinada para o mal.
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O ESTABELECIMENTO OFICIAL DO PROTESTANTISMO NO BRASIL
A primeira denominação a se estabelecer oficialmente em nossa pátria foram os
Congregacionais. Figura emblemática deste momento é o Rev. Robert Reid
Kalley, médico, escocês e diplomata, Kalley é um divisor de águas entre a fase da
simples distribuição de bíblias que já havia no país e o início da evangelização.
Foi desta forma que em 11 de junho de 1958, Kalley batizou o primeiro brasileiro
(Pedro Nolasco de Andrade), esta data marca a fundação com catorze membros
da primeira comunidade protestante do Brasil – oficialmente registrada em 23
de outubro de 1863 na Secretaria do Império com o nome de Igreja Evangélica
Fluminense.
Após os Congregacionais abrirem o caminho, foi a vez dos Presbiterianos, agora vindo dos
Estados Unidos, o Rev. Ashbel Green Simonton foi o primeiro a desembarcar em terras
tupiniquins. Da mesma forma de Kalley (e aconselhado por este), iniciou seu ministério
como capelão entre os estrangeiros de língua saxônica que aqui vinham. Porém, em meio
a um momento delicado politicamente falando, devido a pressão dos órgãos católicos,
Simonton continua seu trabalho no Rio de Janeiro e envia seu cunhado, Rev. Blackford
para São Paulo. Na nova cidade este é recebido por W. D. Pitt – americano colaborador de
Kalley que havia se mudado para São Paulo para dedicar-se ao comércio.
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O ESTABELECIMENTO OFICIAL DO PROTESTANTISMO NO BRASIL
Porém, todos esses esforços foram mínimos em alcance real, pois a maior parte
dessas comunidades ficou restrita à poucas conversões de estrangeiros (em sua
maioria). O grande deslanchar estava para acontecer, não nas capitais, mas no
interior de São Paulo através de um homem chamado por Léonard de “apóstolo
brasileiro”: João Manuel da Conceição. Que iria não apenas conquistar pessoas
isoladamente, mas famílias inteiras se converteriam a fé Protestante através do
seu testemunho.
João Manuel da Conceição nasceu em São Paulo em 1822, tornou-se padre em
1845 em Sorocaba no seminário diocesano. Por causa de sua amizade com
estrangeiros protestantes e seu gosto pela leitura das Escrituras foi tachado de
“padre protestante” pela diocese que tratou de mudar-lhe de paróquia
constantemente pensando assim diminuir sua influência sobre os fiéis. Foi após
um período em Brotas, no interior de São Paulo, que ele, numa crise de
consciência muito parecida com a que acometeu Lutero dois séculos antes,
solicitou dispensa de suas funções sacerdotais e refugiou-se em um pequeno
sítio na cidade de Rio Claro.
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O ESTABELECIMENTO OFICIAL DO PROTESTANTISMO NO BRASIL
Após a morte de Conceição, o presbiterianismo ganha um novo e importante
aliado na propagação do protestantismo, o engenheiro e antigo oficial Miguel
Vieira Ferreira de uma das maiores famílias do Maranhão. Ele é descrito por
Léonard como “cientista e homem de negócios, agrônomo, ideólogo e
filantropo”. Republicano, foi responsável pela fundação de um tipo de
universidade popular – a escola do povo. Sua conversão foi fruto de uma
experiência mística enquanto assistia um culto na capela presbiteriana do Rio
em abril de 1874. Ele relatou uma visão que o levou a batizar-se por uma ordem
divina. Daí em diante tornou-se um dos grandes propagandistas da fé
protestante do presbiterianismo brasileiro.
De certa forma, ele foi responsável pela fomentação de um protestantismo
místico. E o fez ao narrar em suas homilias sua experiência de conversão,
tornando-a um padrão a ser experimentado pelos cristãos verdadeiros. Logo
suas idéias foram motivo de discussões dentro da comunidade do Rio que levou
o assunto a Missão americana. A resposta foi dada de pronto: “Deus não se
dirige mais diretamente aos homens desde que lhes deu as Escrituras como
regra de fé”.
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O ESTABELECIMENTO OFICIAL DO PROTESTANTISMO NO BRASIL
Desta forma termina-se uma era, a fase de implantação do protestantismo
brasileiro e estão abertas as portas, graças a esses pioneiros, para que outras
missões se estabeleçam no país. Mas lembremo-nos que logo após este período,
a grande expansão protestante no Brasil se deu através de conversões
espontâneas como produto da leitura das milhares de Bíblias distribuídas pelas
sociedades bíblicas que aqui atuaram. Isso demonstra que, desce cedo, o caráter
informal e independente de mediações esteve presente criando a forma tão
peculiar do protestantismo brasileiro.
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Andrey A. Mendonça