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O PRÉ-MODERNISMOO PRÉ-MODERNISMO
1902 - 19221902 - 1922
IMOBILISMO x MODERNIZAÇÃOIMOBILISMO x MODERNIZAÇÃO
PRÉ-MODERNISMOPRÉ-MODERNISMO
• ORIGENS:
• Mudanças políticas (Abolição da Escravatura e
a Proclamação da República) não provocam
alterações significativas na estrutura
econômica do país = café = base da economia
brasileira = política do café com leite (SP +
MG).
PRÉ-MODERNISMOPRÉ-MODERNISMO
• ORIGENS:
• Mudanças que começavam a modificar a
fisionomia da sociedade brasileira: urbanização
das metrópoles + a imigração + o crescimento
industrial + a emergência de uma classe média
reformista e uma nova geração de militares
influenciados pelo ideário positivista + massa
popular insatisfeita.
PRÉ-MODERNISMOPRÉ-MODERNISMO
• CONCLUSÃO:
• CONTEXTO = CONFLITO ENTRE AS
FORÇAS CONSERVADORAS (O PASSADO)
E AS NOVAS FORÇAS SOCIAIS
(NECESSIDADE DE MUDANÇA)
A denominação do períodoA denominação do período
• Pré-modernismo = época eclética (de
mistura de tendências, estilos e visões) =
chocam-se várias correntes e estilos,
indefinidos entre o academicismo e a
inovação.
Características do períodoCaracterísticas do período
• Imobilismo x modernização.
• Resquícios culturais do século XIX x busca de
novas formas de expressão.
• Desejo de uma redescoberta crítica do Brasil.
Escritores do períodoEscritores do período
• Parnasianos = influentes, com idéias
formalistas e uma concepção da literatura
como “sorriso da sociedade” (estilo artificial).
Destaques: Olavo Bilac (na poesia) – Coelho
Neto (na prosa).
Escritores do períodoEscritores do período
• Simbolistas = Inexpressivos, pouca
ressonância de sua arte, fortemente
vinculados à matriz européia do movimento.
Destaques = Cruz e Sousa e Alphonsus de
Guimaraens.
Escritores do períodoEscritores do período
• Realistas = Utilizam uma técnica literária
marcada pela objetividade, verossimilhança,
crítica social, análise psicológica. Destaques:
Monteiro Lobato = com a reabilitação do
caboclo paulista – Lima Barreto = fixação do
universo suburbano carioca – Simões Lopes
Neto = incorporou à ficção brasileira o
vaqueano sul-rio-grandense, além de
registrar-lhe a fala regional.
Escritores do períodoEscritores do período
• Intérpretes do Brasil = Euclides da Cunha e
Graça Aranha = Ambos valem-se da literatura,
o primeiro, com uma linguagem literária
refinada, e o segundo, com a utilização da
estrutura ficcional do romance, para
questionar a realidade brasileira e debater o
futuro da nação. Suas obras estão muito perto
do ensaio.
Escritores do períodoEscritores do período
• Intérpretes do Brasil = Especialmente Os
sertões , de Euclides da Cunha, tornou-se um
divisor de águas na imagem que a
intelectualidade nacional tinha a respeito de
país e de seu povo.
Escritores do períodoEscritores do período
• Pré-Modernista = o único pré-modernista
propriamente dito, no sentido de empregar
recursos técnicos ou temas inovadores, antes
da Semana de Arte Moderna é, até certo
ponto, o poeta Augusto dos Anjos = em sua
obra, apesar das influências cientificistas,
parnasianas e simbolistas, há também um
inesperado gosto pelo coloquial e pela
“sujeira da vida”, o que permite incluí-lo entre
os precursores de uma das correntes da
poesia moderna.
Euclides da Cunha & CanudosEuclides da Cunha & Canudos
Euclides da Cunha (1866-1909)Euclides da Cunha (1866-1909)
• Principais obras: Os sertões (1902);
Contrastes e confrontos (1907); À margem
da história (1909).
O repórter da guerraO repórter da guerra
• Em 1897, graças a artigos publicados no
jornal O Estado de São Paulo, recebe um
convite para ir ao front de Canudos (no sertão
baiano), como correspondente de guerra.
Assistiu aos últimos dias da resistência do
arraial sertanejo e escreveu suas reportagens
ainda dentro de uma ótica republicana radical.
Nos anos seguintes, refletiu melhor sobre o
que havia presenciado e o resultado = um
livro monumental cheio de paixão, ciência e
amargura: Os sertões (1902).
Os sertõesOs sertões
• “Quem volta da região assustadora
• De onde eu venho, revendo inda na mente,
• Muitas cenas do drama comovente
• Da guerra despiedada e aterradora.”
[Euclides da Cunha]
A composição de Os sertõesA composição de Os sertões
• Proposta: explicar racionalmente a “grande
tragédia nacional” que observara. Pede ajuda à
ciência da época. Estuda geografia, botânica,
antropologia, sociologia, etc. Fontes
exclusivamente européias, impregnadas da
perspectiva colonialista (Europa imperialista).
Resultado = erros interpretativos do autor,
sobretudo nas duas primeiras partes de sua
obra.
Visão deVisão de Os sertõesOs sertões
• VISÃO DETERMINISTA:
• Determinismo geográfico:
• O homem é produto do meio natural.
• O clima desempenha papel preponderante
na formação do meio.
• Existe a impossibilidade de se constituir uma
verdadeira civilização em zonas tórridas
como o sertão.
Visão deVisão de Os sertõesOs sertões
• Determinismo racial:
• Os cruzamentos raciais enfraquecem a
espécie.
• O sertanejo é caso típico de hibridismo racial
(composto de elementos de origem diversa).
• A miscigenação induz os homens à
bestialidade e a toda espécie de impulsos
criminosos.
Visão deVisão de Os sertõesOs sertões
• Conclusão = Contradição: as observações
eram justas e brilhantes ; as teorias,
medíocres (teorismo vazio – digressão
subjetiva – tese desprovida de
demonstração).
Classificação deClassificação de Os sertõesOs sertões
• Situa-se entre o ensaio, a narração e a
poesia lírica.
• Obedecendo a um típico esquema
determinista divide-se a obra em três
partes:
• A TERRA – O HOMEM – A LUTA
A TERRA – 1ª ParteA TERRA – 1ª Parte
• Predominância da visão cientificista e
naturalista.
• Leitura difícil = informação científica & estilo
barroco.
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detalhes: a vegetação pobre, o chão calcinado,
a imobilidade e a repetição da paisagem árida.
A TERRA – 1ª ParteA TERRA – 1ª Parte
• A linguagem é poderosamente retórica e
transforma a natureza em elemento
dramático:
• “Ajusta-se sobre os sertões o cautério das
secas; esterilizam-se os ares urentes,
empedra-se o chão, gretado, recrestado;
ruge o Nordeste nos ermos; e, como um
cilício dilacerador, a caatinga estende sobre
a terra as ramagens de espinhos...”
O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte
• Visão determinista = formação racial do
sertanejo e os males da mestiçagem.
• Mistura de raças = retrocesso:
• “De sorte que o mestiço – traço de união entre
as raças – é quase sempre um desequilibrado
(...) sem a energia física dos ascendentes
selvagens, sem a altitude intelectual dos
ancestrais superiores.”
O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte
• Entretanto, contrastando com essa
incapacidade do mestiço para a civilização
moderna, os sertanejos nordestinos seriam
diferentes por ter há muito se isolado no
amplo interior do país. Abandonados há três
séculos, sem contatos maiores com o litoral
desenvolvido, os sertanejos – ao contrário do
que ocorrera com os mestiços urbanos – não
haviam sido corrompidos.
O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte
• Por isso, apesar de seu atraso mental, o
sertanejo surge como um titã:
• “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não
tem o raquitismo exaustivo dos mestiços
neurastênicos do litoral. A sua aparência,
entretanto, ao primeiro lance de vista revela o
contrário. (...) É desgracioso, desengonçado,
torto. Hércules-Quasímodo.”
O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte
• O isolamento do sertanejo o mantém preso a
valores arcaicos como o messianismo. A
“tutela do sobrenatural” rege a vida cotidiana,
e as vicissitudes do meio intensificam a
religiosidade e a consciência mágica do
mundo. Um mundo de profetas, de
iluminados, de místicos que se tornam
líderes naturais, expressando os valores da
comunidade.
O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte
• Antônio Conselheiro = “A sua biografia
compendia e resume a existência da
sociedade sertaneja”. O chefe dos fanáticos é
um personagem-síntese: figura bizarra para
os padrões urbanos, com uma oratória
impressionante. Para Euclides, Canudos era
apenas o produto previsível do fanatismo
religioso e do arcaísmo do pensamento
sertanejo, que o Conselheiro traduzia.
A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte
• É a parte mais importante e dramática da
obra. Euclides não esconde a comoção
diante da violência de parte a parte, que gera
banhos diários de sangue. Não consegue
deixar de admirar a tenaz resistência de uma
cidade (“Jerusalém de taipa”), que logo se
transforma em uma “Tróia de taipa”. Passa a
ver os “titãs de cobre” que a defendem o
“cerne rijo da nacionalidade”.
A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte
• Percebe que o meio é o principal aliado do
sertanejo: “As caatingas não o escondem
apenas, amparam-no”. Compreende a
inutilidade dos métodos clássicos de combate,
usados pelo Exército, diante da mobilidade e
da luta não-convencional dos inimigos.
Espanta-se diante da guerrilha sertaneja e das
sucessivas derrotas que ela impõe às tropas
legais, superiormente armadas.
A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte
• Emociona-se ao ouvir as rezas e os cânticos
que emergem do arraial bombardeado, ao
anoitecer, quando todo o Alto-Comando
julgava Canudos já sem resistência. A obra
adquire então uma grandeza sombria e os
últimos momentos do confronto apresentam
uma terrível dramaticidade. Com dinamite, os
soldados atacam os casebres ainda em pé,
explodindo e queimando seus moradores.
A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte
• “Canudos não se rendeu. Exemplo único em
toda a História, resistiu até o esgotamento
completo. (...) caiu no dia cinco, ao
entardecer, quando caíram os seus últimos
defensores, que todos morreram. Eram quatro
apenas: um velho, dois homens feitos e uma
criança, na frente dos quais rugiam
raivosamente cinco mil soldados.”
A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte
A interpretação da guerraA interpretação da guerra
• Conjunto de equívocos, demências e
crueldades. Uma pungente (dolorosa) guerra
civil e não um conflito entre a reação e o
progresso, entre a Monarquia e a República,
como as elites intelectuais, políticas e militares,
bem como a opinião pública do país,
acreditavam.
A interpretação da guerraA interpretação da guerra
• Tragédia de erros resultantes de uma profunda
cegueira de ambos os lados. Para os adeptos
de Conselheiro, os soldados eram agentes do
demônio e deveriam ser destruídos. Para o
Exército, os sertanejos eram jagunços
primitivos a serviço da causa monárquica e
tinham de ser exterminados.
A interpretação da guerraA interpretação da guerra
• Na verdade, os guerrilheiros de Canudos
eram uns pobres-diabos, filhos da ignorância
e das crendices de uma civilização parada no
tempo há três séculos. Precisavam de
professores, não de tiros de canhão. Já as
tropas do governo, que representavam a
civilização moderna do país, foram incapazes
de perceber a verdadeira natureza dos
inimigos e trataram de destruí-los com
barbárie e horror.
A interpretação da guerraA interpretação da guerra
• Os sertões adquire, assim, um caráter de
denúncia. Trata-se de um “grito de aviso à
consciência nacional”. Tal perspectiva é
anunciada na nota preliminar que abre o livro:
• “Aquela campanha lembra um refluxo para o
passado. E foi, na significação integral da
palavra, um crime. Denunciemo-lo.”
A interpretação do BrasilA interpretação do Brasil
• Contradição:
• Fervor patriótico com a vitória do Exército x
Trágico fim do povoado de Canudos.
• Confronto = divisão estrutural do país.
A interpretação do BrasilA interpretação do Brasil
• Conclusão:
• Há dois Brasis completamente estranhos
entre si, o do litoral e o do sertão.
• O Brasil do sertão jazia ignorado ou
esquecido pela consciência culta nacional.
A interpretação do BrasilA interpretação do Brasil
• Ponto de vista:
• Para a civilização litorânea, os jagunços (o
povo de Canudos) eram facínoras
(bandidos).
• Para Euclides, eram irmãos (compatriotas)
que deveriam ser integrados à
nacionalidade.
A interpretação do BrasilA interpretação do Brasil
• Para Euclides, as duas sociedades brasileiras,
separadas pela raça, pelo meio e pela
história, deveriam se aproximar e se integrar
pacífica e lentamente. Sob esse prisma, a
perspectiva de aproximação entre os dois
Brasis, defendida pelo escritor na sua obra-
prima, se tornaria, depois de 1930, o projeto
político nuclear da nação.
Gênero LiterárioGênero Literário
• Os sertões é uma combinação única de
ensaio sociológico, estudo científico,
reabilitação histórica, panfleto, reportagem
de guerra e literatura, o que torna impossível
enquadrá-lo nos limites de um gênero
qualquer.
O estilo literário deO estilo literário de Os sertõesOs sertões
• Senso do dramático.
• Confere às ações uma plasticidade vigorosa e
assustadora, buscando sempre o contraste
violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite
do ser humano.
• Efeito persuasivo (exemplos individuais para
reforçar uma idéia geral).
• Traduz o horror da guerra, a exemplo de
Tolstói e Stendhal.
A linguagem barrocaA linguagem barroca
• Gosto pelo ornamental e pelo excesso
vocabular.
• Léxico (vocabulário) arcaico.
• Presença contínua de antíteses, paradoxos,
comparações e metáforas.
• Jogo binário entre períodos extensos e
períodos curtíssimos e a insistência na frase
de efeito, sentenciosa e escultural.
• Linguagem com ritmo poético.
A importância deA importância de Os sertõesOs sertões
• “Escrevi este livro para o futuro” (Euclides
da Cunha) = Pôs em xeque todas as
concepções que a intelectualidade brasileira
tinha a respeito de seu próprio país,
passando a influenciar decisivamente a
discussão política sobre os destinos da
nação. Influencia, de forma marcante, o
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Pre modernismo (1)(1)

  • 1. O PRÉ-MODERNISMOO PRÉ-MODERNISMO 1902 - 19221902 - 1922 IMOBILISMO x MODERNIZAÇÃOIMOBILISMO x MODERNIZAÇÃO
  • 2. PRÉ-MODERNISMOPRÉ-MODERNISMO • ORIGENS: • Mudanças políticas (Abolição da Escravatura e a Proclamação da República) não provocam alterações significativas na estrutura econômica do país = café = base da economia brasileira = política do café com leite (SP + MG).
  • 3. PRÉ-MODERNISMOPRÉ-MODERNISMO • ORIGENS: • Mudanças que começavam a modificar a fisionomia da sociedade brasileira: urbanização das metrópoles + a imigração + o crescimento industrial + a emergência de uma classe média reformista e uma nova geração de militares influenciados pelo ideário positivista + massa popular insatisfeita.
  • 4. PRÉ-MODERNISMOPRÉ-MODERNISMO • CONCLUSÃO: • CONTEXTO = CONFLITO ENTRE AS FORÇAS CONSERVADORAS (O PASSADO) E AS NOVAS FORÇAS SOCIAIS (NECESSIDADE DE MUDANÇA)
  • 5. A denominação do períodoA denominação do período • Pré-modernismo = época eclética (de mistura de tendências, estilos e visões) = chocam-se várias correntes e estilos, indefinidos entre o academicismo e a inovação.
  • 6. Características do períodoCaracterísticas do período • Imobilismo x modernização. • Resquícios culturais do século XIX x busca de novas formas de expressão. • Desejo de uma redescoberta crítica do Brasil.
  • 7. Escritores do períodoEscritores do período • Parnasianos = influentes, com idéias formalistas e uma concepção da literatura como “sorriso da sociedade” (estilo artificial). Destaques: Olavo Bilac (na poesia) – Coelho Neto (na prosa).
  • 8. Escritores do períodoEscritores do período • Simbolistas = Inexpressivos, pouca ressonância de sua arte, fortemente vinculados à matriz européia do movimento. Destaques = Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
  • 9. Escritores do períodoEscritores do período • Realistas = Utilizam uma técnica literária marcada pela objetividade, verossimilhança, crítica social, análise psicológica. Destaques: Monteiro Lobato = com a reabilitação do caboclo paulista – Lima Barreto = fixação do universo suburbano carioca – Simões Lopes Neto = incorporou à ficção brasileira o vaqueano sul-rio-grandense, além de registrar-lhe a fala regional.
  • 10. Escritores do períodoEscritores do período • Intérpretes do Brasil = Euclides da Cunha e Graça Aranha = Ambos valem-se da literatura, o primeiro, com uma linguagem literária refinada, e o segundo, com a utilização da estrutura ficcional do romance, para questionar a realidade brasileira e debater o futuro da nação. Suas obras estão muito perto do ensaio.
  • 11. Escritores do períodoEscritores do período • Intérpretes do Brasil = Especialmente Os sertões , de Euclides da Cunha, tornou-se um divisor de águas na imagem que a intelectualidade nacional tinha a respeito de país e de seu povo.
  • 12. Escritores do períodoEscritores do período • Pré-Modernista = o único pré-modernista propriamente dito, no sentido de empregar recursos técnicos ou temas inovadores, antes da Semana de Arte Moderna é, até certo ponto, o poeta Augusto dos Anjos = em sua obra, apesar das influências cientificistas, parnasianas e simbolistas, há também um inesperado gosto pelo coloquial e pela “sujeira da vida”, o que permite incluí-lo entre os precursores de uma das correntes da poesia moderna.
  • 13. Euclides da Cunha & CanudosEuclides da Cunha & Canudos
  • 14. Euclides da Cunha (1866-1909)Euclides da Cunha (1866-1909) • Principais obras: Os sertões (1902); Contrastes e confrontos (1907); À margem da história (1909).
  • 15. O repórter da guerraO repórter da guerra • Em 1897, graças a artigos publicados no jornal O Estado de São Paulo, recebe um convite para ir ao front de Canudos (no sertão baiano), como correspondente de guerra. Assistiu aos últimos dias da resistência do arraial sertanejo e escreveu suas reportagens ainda dentro de uma ótica republicana radical. Nos anos seguintes, refletiu melhor sobre o que havia presenciado e o resultado = um livro monumental cheio de paixão, ciência e amargura: Os sertões (1902).
  • 16. Os sertõesOs sertões • “Quem volta da região assustadora • De onde eu venho, revendo inda na mente, • Muitas cenas do drama comovente • Da guerra despiedada e aterradora.” [Euclides da Cunha]
  • 17. A composição de Os sertõesA composição de Os sertões • Proposta: explicar racionalmente a “grande tragédia nacional” que observara. Pede ajuda à ciência da época. Estuda geografia, botânica, antropologia, sociologia, etc. Fontes exclusivamente européias, impregnadas da perspectiva colonialista (Europa imperialista). Resultado = erros interpretativos do autor, sobretudo nas duas primeiras partes de sua obra.
  • 18. Visão deVisão de Os sertõesOs sertões • VISÃO DETERMINISTA: • Determinismo geográfico: • O homem é produto do meio natural. • O clima desempenha papel preponderante na formação do meio. • Existe a impossibilidade de se constituir uma verdadeira civilização em zonas tórridas como o sertão.
  • 19. Visão deVisão de Os sertõesOs sertões • Determinismo racial: • Os cruzamentos raciais enfraquecem a espécie. • O sertanejo é caso típico de hibridismo racial (composto de elementos de origem diversa). • A miscigenação induz os homens à bestialidade e a toda espécie de impulsos criminosos.
  • 20. Visão deVisão de Os sertõesOs sertões • Conclusão = Contradição: as observações eram justas e brilhantes ; as teorias, medíocres (teorismo vazio – digressão subjetiva – tese desprovida de demonstração).
  • 21. Classificação deClassificação de Os sertõesOs sertões • Situa-se entre o ensaio, a narração e a poesia lírica. • Obedecendo a um típico esquema determinista divide-se a obra em três partes: • A TERRA – O HOMEM – A LUTA
  • 22. A TERRA – 1ª ParteA TERRA – 1ª Parte • Predominância da visão cientificista e naturalista. • Leitura difícil = informação científica & estilo barroco. • Descrição do meio físico opressivo feita com detalhes: a vegetação pobre, o chão calcinado, a imobilidade e a repetição da paisagem árida.
  • 23. A TERRA – 1ª ParteA TERRA – 1ª Parte • A linguagem é poderosamente retórica e transforma a natureza em elemento dramático: • “Ajusta-se sobre os sertões o cautério das secas; esterilizam-se os ares urentes, empedra-se o chão, gretado, recrestado; ruge o Nordeste nos ermos; e, como um cilício dilacerador, a caatinga estende sobre a terra as ramagens de espinhos...”
  • 24. O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte • Visão determinista = formação racial do sertanejo e os males da mestiçagem. • Mistura de raças = retrocesso: • “De sorte que o mestiço – traço de união entre as raças – é quase sempre um desequilibrado (...) sem a energia física dos ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual dos ancestrais superiores.”
  • 25. O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte • Entretanto, contrastando com essa incapacidade do mestiço para a civilização moderna, os sertanejos nordestinos seriam diferentes por ter há muito se isolado no amplo interior do país. Abandonados há três séculos, sem contatos maiores com o litoral desenvolvido, os sertanejos – ao contrário do que ocorrera com os mestiços urbanos – não haviam sido corrompidos.
  • 26. O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte • Por isso, apesar de seu atraso mental, o sertanejo surge como um titã: • “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista revela o contrário. (...) É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo.”
  • 27. O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte • O isolamento do sertanejo o mantém preso a valores arcaicos como o messianismo. A “tutela do sobrenatural” rege a vida cotidiana, e as vicissitudes do meio intensificam a religiosidade e a consciência mágica do mundo. Um mundo de profetas, de iluminados, de místicos que se tornam líderes naturais, expressando os valores da comunidade.
  • 28. O HOMEM - 2ª ParteO HOMEM - 2ª Parte • Antônio Conselheiro = “A sua biografia compendia e resume a existência da sociedade sertaneja”. O chefe dos fanáticos é um personagem-síntese: figura bizarra para os padrões urbanos, com uma oratória impressionante. Para Euclides, Canudos era apenas o produto previsível do fanatismo religioso e do arcaísmo do pensamento sertanejo, que o Conselheiro traduzia.
  • 29. A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte • É a parte mais importante e dramática da obra. Euclides não esconde a comoção diante da violência de parte a parte, que gera banhos diários de sangue. Não consegue deixar de admirar a tenaz resistência de uma cidade (“Jerusalém de taipa”), que logo se transforma em uma “Tróia de taipa”. Passa a ver os “titãs de cobre” que a defendem o “cerne rijo da nacionalidade”.
  • 30. A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte • Percebe que o meio é o principal aliado do sertanejo: “As caatingas não o escondem apenas, amparam-no”. Compreende a inutilidade dos métodos clássicos de combate, usados pelo Exército, diante da mobilidade e da luta não-convencional dos inimigos. Espanta-se diante da guerrilha sertaneja e das sucessivas derrotas que ela impõe às tropas legais, superiormente armadas.
  • 31. A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte • Emociona-se ao ouvir as rezas e os cânticos que emergem do arraial bombardeado, ao anoitecer, quando todo o Alto-Comando julgava Canudos já sem resistência. A obra adquire então uma grandeza sombria e os últimos momentos do confronto apresentam uma terrível dramaticidade. Com dinamite, os soldados atacam os casebres ainda em pé, explodindo e queimando seus moradores.
  • 32. A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte • “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento completo. (...) caiu no dia cinco, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
  • 33. A LUTA – 3ª ParteA LUTA – 3ª Parte
  • 34. A interpretação da guerraA interpretação da guerra • Conjunto de equívocos, demências e crueldades. Uma pungente (dolorosa) guerra civil e não um conflito entre a reação e o progresso, entre a Monarquia e a República, como as elites intelectuais, políticas e militares, bem como a opinião pública do país, acreditavam.
  • 35. A interpretação da guerraA interpretação da guerra • Tragédia de erros resultantes de uma profunda cegueira de ambos os lados. Para os adeptos de Conselheiro, os soldados eram agentes do demônio e deveriam ser destruídos. Para o Exército, os sertanejos eram jagunços primitivos a serviço da causa monárquica e tinham de ser exterminados.
  • 36. A interpretação da guerraA interpretação da guerra • Na verdade, os guerrilheiros de Canudos eram uns pobres-diabos, filhos da ignorância e das crendices de uma civilização parada no tempo há três séculos. Precisavam de professores, não de tiros de canhão. Já as tropas do governo, que representavam a civilização moderna do país, foram incapazes de perceber a verdadeira natureza dos inimigos e trataram de destruí-los com barbárie e horror.
  • 37. A interpretação da guerraA interpretação da guerra • Os sertões adquire, assim, um caráter de denúncia. Trata-se de um “grito de aviso à consciência nacional”. Tal perspectiva é anunciada na nota preliminar que abre o livro: • “Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo.”
  • 38. A interpretação do BrasilA interpretação do Brasil • Contradição: • Fervor patriótico com a vitória do Exército x Trágico fim do povoado de Canudos. • Confronto = divisão estrutural do país.
  • 39. A interpretação do BrasilA interpretação do Brasil • Conclusão: • Há dois Brasis completamente estranhos entre si, o do litoral e o do sertão. • O Brasil do sertão jazia ignorado ou esquecido pela consciência culta nacional.
  • 40. A interpretação do BrasilA interpretação do Brasil • Ponto de vista: • Para a civilização litorânea, os jagunços (o povo de Canudos) eram facínoras (bandidos). • Para Euclides, eram irmãos (compatriotas) que deveriam ser integrados à nacionalidade.
  • 41. A interpretação do BrasilA interpretação do Brasil • Para Euclides, as duas sociedades brasileiras, separadas pela raça, pelo meio e pela história, deveriam se aproximar e se integrar pacífica e lentamente. Sob esse prisma, a perspectiva de aproximação entre os dois Brasis, defendida pelo escritor na sua obra- prima, se tornaria, depois de 1930, o projeto político nuclear da nação.
  • 42. Gênero LiterárioGênero Literário • Os sertões é uma combinação única de ensaio sociológico, estudo científico, reabilitação histórica, panfleto, reportagem de guerra e literatura, o que torna impossível enquadrá-lo nos limites de um gênero qualquer.
  • 43. O estilo literário deO estilo literário de Os sertõesOs sertões • Senso do dramático. • Confere às ações uma plasticidade vigorosa e assustadora, buscando sempre o contraste violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite do ser humano. • Efeito persuasivo (exemplos individuais para reforçar uma idéia geral). • Traduz o horror da guerra, a exemplo de Tolstói e Stendhal.
  • 44. A linguagem barrocaA linguagem barroca • Gosto pelo ornamental e pelo excesso vocabular. • Léxico (vocabulário) arcaico. • Presença contínua de antíteses, paradoxos, comparações e metáforas. • Jogo binário entre períodos extensos e períodos curtíssimos e a insistência na frase de efeito, sentenciosa e escultural. • Linguagem com ritmo poético.
  • 45. A importância deA importância de Os sertõesOs sertões • “Escrevi este livro para o futuro” (Euclides da Cunha) = Pôs em xeque todas as concepções que a intelectualidade brasileira tinha a respeito de seu próprio país, passando a influenciar decisivamente a discussão política sobre os destinos da nação. Influencia, de forma marcante, o chamado “Romance de 30”.