Este documento é uma lista de canções populares portuguesas com seus títulos e primeira linha da letra. Inclui mais de 100 canções tradicionais de várias regiões de Portugal, como Alentejo, Douro, Madeira. A lista fornece os nomes das músicas e breves descrições de suas letras e temas.
4. A caminho de Viseu Verde Gaio
Letra e música: popular; (canção infantil, canção de roda) Letra e música: popular;
A E7
Indo eu, indo eu,
A
A caminho de Viseu, [Bis]
E7
Encontrei o meu amor,
A
Ai Jesus, que lá vou eu! [Bis]
[Refrão]
Ora zus, truz, truz,
Ora zás, trás, trás,
Ora chega, chega, chega,
Ora arreda lá pr’a trás! Hei-de cantar hei-de rir [bis]
hei-de ser muito alegre [bis]
Indo eu, indo eu, hei-de mandar a tristeza [bis]
A caminho de Viseu, para o demo que a leve [bis]
Escorreguei, torci um pé,
Ai que tanto me doeu! Verde gaio verde gaio verde guito [bis]
agora é que vai a meio
[Refrão] o rapaz do casaquito
Vindo eu, vindo eu, agora é que vai a meio
Da cidade de Viseu, o rapaz do casaquito
Deixei lá o meu amor, O meu amor quer que eu tenha [bis]
O que bem me aborreceu! juizo capacidade [bis]
[Refrão] tenha ele que é mais velho [bis]
eu sou de menor idade [bis]
Fernando Faria (Alternativamente C/G7)
verde gaio ...
A E7
Sei um saco de cantigas [bis]
e mais uma saquetinha [bis]
quando as quero cantar [bis]
desato-lhe a baracinha [bis]
A. Guimarães
4 105
5. Vem cantar à roda Achégate a mim, Maruxa
Letra e música: popular; (canção de campos de férias) Música: Zeca Afonso; Letra: popular: galego; Intérprete:
Zeca Afonso; (cantar galego)
Foi no grande tro-la-ró
de Viana qu’eu achei
qu’eu achei uma menina
que no tro-la-ró deixei
aguenta minha gente
que uma hora não é nada
que quem não cantar agora
cantará de madrugada
ah ah ah (Mariana)
ah ah ah (Marianinha)
vem cantar à roda
vem cantar sozinha
Eu cantar não sei Achégate a mim, Maruxa
mas hei-de aprender chégate ben, moreniña
peço ajuda ao (Manel) quérome casar contigo
para o fazer serás miña mulleriña
Mariana Adeus, estrela brilante
compañeiriña da lua
Nota - Na quadra 3 o grupo indica alguém (Mariana) que irá cantar moitas caras teño visto
a quadra 4 sozinha. Na quadra 4, quam canta sozinho escolhe o mais como a tua ningunha
seguinte.
Adeus lubeiriña triste
de espaldas te vou mirando
non sei que me queda dentro
que me despido chorando
jj
0 In: “fura fura”, 1979;
104 5
6. Agora que eu vou cantar Uma sardinha
Música: José Manuel David; Letra: popular: Alentejo; In- Letra e música: popular (?); (canção de campos de férias)
térprete: Gaiteiros de Lisboa;
Agora que eu vou cantar
viva o meu atrevimento
quem não me quiser ouvir
bote os ouvidos ao vento
Por bem cantar, mal não digas
dos que a voz aqui levantam
pois uns cantam o que sabem
e outros sabem o que cantam
José Guimarães
Uma sardinha [bis]
duas sardinhas [bis]
três sardinhas [bis]
um pau e um gato [bis]
que se esconderam [bis]
num sapato [bis]
ah xixixixiuaua [bis]
ah uauauauaxixi [bis]
de la senhorita [bis]
(luisita) [bis]
uma sardinha [bis]
duas sardinhas [bis]
três sardinhas [bis]
um pau e um gato [bis]
que se disputarm [bis]
te tal maneira [bis]
de se meterem [bis]
na banheira [bis]
ah xixixixiuaua [bis]
ah uauauauaxixi [bis]
de la senhorita [bis]
(luisita) [bis]
jj
0 In: “bocas do inferno”, 1997;
6 103
7. Três galinhas a cantar alecrim
Música: (popular francesa); Letra: popular; (canção infan- Letra e música: popular;
til)
Alecrim alecrim aos molhos
por causa de ti
choram os meus olhos
ai meu amor
quem te disse a ti
que a flor do monte
era o alecrim
Alecrim alecrim doirado
que nasce no monte
Três galinhas a cantar sem ser semeado
vão p’ro campo passear; ai meu amor
a da frent’é a primeira quem te disse a ti
logo’as outras em carreira, que a flor do monte
vão assim a passear era o alecrim
os bichinhos procurar Mariana
A. Guimarães (versão portuguesa de “A vous dirais je Maman”)
102 7
8. Alta vai a lua não ficaram senão três
dessas três que me ficaram
Letra e música: popular: Trás-os-Montes; mandei-as calçar as luvas
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
Alta vai a lua alta
não ficaram senão duas
mais q(e) sol do meio-dia;
e mais alta vai a Senhora dessas duas que ficaram
quando para Belém ia; mandei-as comer pirua
e Madalena ia trás dela deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
e alcança-la não podia; não ficaram senão uma
e alcançou-a em Belém
onde ela estaba parida; Tinha vinte e quatro freiras
e era tanta a sua pobreza fi-las andar na poeira
que nenhum cueiro tinha; elas morreram-me todas
deitou mãos à sua cabeça com uma grande borracheira
a um véu que ela trazia; Victor Almeida (Sta Marta de Penaguião)
e garrou tisourinha d’ouro
e em três tiras o partia;
uma para pela manha
e outra para o meio-dia
e outra para o meio da noite
onde Jesus envolvia
outra para o meio da noite
onde Jesus envolvia.
(Português-Mirandés)
0 In: “Música tradicional, vol 6- Terras de Miranda”;
8 101
9. Trângulo mângulo A machadinha
Música: Carlos Guerreiro; Letra: popular; Intérprete: Gai- Letra e música: popular; (dança de roda infantil)
teiros de Lisboa; (lenga-lenga)
Dm
Tinha vinte e quatro freiras Ah, ah, ah, minha machadinha,[bis]
Mandei-as fazer um doce A7
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas Quem te pôs a mão,
não ficaram senão doze Dm
Sabendo que és minha?[bis]
Dessas doze que ficaram
mandei-as vestir de bronze Sabendo que és minha, também eu sou tua,
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas Sabendo que és minha, também eu sou tua,
não ficaram senão onze Salta machadinha, p’ro meio da rua,
Salta machadinha, p’ro meio da rua.
dessas onze que ficaram
mandei-as lavar os pés No meio da rua não hei-de ficar,
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas No meio da rua não hei-de ficar,
não ficaram senão dez Eu hei-de ir à roda, escolher o meu par,
Eu hei-de ir à roda, escolher o meu par.
dessas dez que me ficaram
mandei-as pró dezanove Fernando Faria
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
Dm A7
não ficaram senão nove
dessas nove que ficaram
mandei-as coer biscoito
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
não ficaram senão oito
dessas oito que ficaram
manei-as pró dezassete
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
não ficaram senão sete
dessas sete que me ficaram
mandei-as contar os reis
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
não ficaram senão seis
dessas seis que me ficaram
mandei-as pró João Pinto
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
não ficaram senão cinco
dessas cinco que ficaram
mandei-as cortar tabaco
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
não ficaram senão quatro
dessas quatro que ficaram
mandei-as lá outra vez
deu-lhes o tragulotrico trangulumangulo nelas
100 9
10. A minha saia velhinha Tia Anica de Loulé
Letra e música: popular: Minho; Letra e música: popular: Algarve;
A
Tia Anica, tia Anica,
E7
Tia Anica de Loulé,
A quem deixaria ela
A
A caixinha do rapé? [Bis]
[Refrão=]
A minha saia velhinha A E7
Está toda rotinha Olé, olá,
d’andar a bailar A
Esta vida não está má,
agora tenh’uma nova
E7
feitinha na moda
Olá, olé,
p’ra eu estriar.
A
Minha mãe casai-me cedo, Tia Anica de Loulé.
enquanto sou rapariga:
Tia Anica, tia Anica,
que o milho ceifado tarde
Tia Anica da Fuseta,
não dá palha nem espiga!
A quem deixaria ela
O meu amor era torto A barra da saia preta?
e eu mandei-o cavacar:
[Refrão]
agora já tenho lenha
para fazer um jintar. Tia Anica, tia Anica,
Tia Anica de Alportel,
José Nuno Oliveira (recolhida em Marrancos, anos 70)
A quem deixaria ela
A barra do seu mantel?
[Refrão]
Fernando Faria
A E7
10 99
11. S. Simão Amores do Douro
Música: João Afonso; Letra: popular; Intérprete: João Afonso; Música: Ricardo Costa, Carla Lopes; Letra: popular; Intér-
(rimance) prete: Frei Fado d’El Rei;
Em Castela há um santo que se chama S. Simão Ó meu amor se te fores
onde vão frades e freiras ouvir a missa e sermão; Leva-me no teu coração
e também D. Maria, das mais altas que lá vão. Eu navego nos teus olhos
Ao entrar para a igreja sete frades namorou; E tu no meu coração
o que estava a dizer missa logo para trás olhou;
o que mudou o missal sete folhas lhe rasgou; O meu coração é terra
Hei-de mandar cavá-lo
o que dava as galhetes todo o vinho lhe arramou;
e o que tocava o sino do campanário saltou; Para semear saudades
quebrava sete costelas e um braço deslocou! Que tenho de te falar
Mal haja a D. Maria e mais quem na cá passou; Lá vai o rio correndo
em tão poucochinho tempo tento mal ela causou! Oh, quem mo dera agarrar
João Moças, jj
O amor é como um rio
Vai-se e não torna a voltar
Nota - segundo o livro (de 60 paginas!) que acompanha o disco, Este
Ó rio que vais correndo
romance encontra-se documentado já no século XVI em folhetos de
Levas meu bem que eu adoro
cordel.
Se te faltarem as águas
Leva as lágrimas que choro
Aí vai meu coração
Se o quiseres matar, podes:
Olha que estás dentro dele
Se o matas também morres
José Ferreira Alves
0 In: “Novas vos trago”,1999 (Amélia Muge, Brigada Victor Jara, Gaitei-
ros de Lisboa, João Afonso, Sérgio Godinho); 0 In: “Danças no tempo”, 1995;
98 11
12. Anda duermete niño Senhor da Serra
Letra e música: popular: Trás-os-Montes; Intérprete: Né La- Letra e música: popular: Beira;
deiras;
O Senhor da Serra é meu
Anda duermete niño o Senhor da Serra é meu
que viene el coco que o ganhei ao serão
a comere los niños que o ganhei ao serão
que duermen poco oh meu divino Senhor
oh meu divino Senhor
Anda duermete niño tende de mim compaixão
duerme sin miedo
tende de mim compaixão
aunque silben los aires
gruñan los perros Vira vira do norte pro sul
vira vira do norte pro sul
Anda duermete niño quando vira o norte faz o céu azul
ea la nana
vira vira e torna a virar
duerme duerme lucerito que eu nunca posso deixar de te amar
de la manãna
Oh meu divino Senhor
En la perta del cielo
oh meu divino Senhor
venden zapatos
vinde abaixo à ladeira
para los angelitos vinde abaixo à ladeira
que estan descalzos
vinde buscar a mortalha
Creissac(Jan-96) (castelhano) vinde buscar a mortalha
qu’eu já tive à cabeceira
qu’eu já tive à cabeceira
jj
0 In: Traz os Montes;
12 97
13. Ó Sapateia, meu bem, Ao passar a ribeirinha
Sapateia agora aqui,
Eu quero morrer cantando,
Letra e música: popular: Açores;
Já que cantando nasci.
A D
[Refrão] Ao passar a ribeirinha
Aí vem a Sapateia, E A
Para o balho se acabar. Pus o pé, molhei a meia,
Menina com quem balhei, F(m Bm
Bem me queira desculpar. Pus o pé, molhei a meia,
Pus o pé, molhei a meia!
[Refrão]
Namorei na minha terra,
Adeus, que me vou embora, Fui casar/ em terra alheia,
Para as bandas do além. Fui casar em terra alheia,
Quem me não conhece, chora, Porque não/ fiquei na minha!
Que fará quem me quer bem?
Fui casar em terra alheia,
[Refrão] Minha mãe/ não me ralhou;
Fernando Faria (Alternativamente G7/C, A7/D) Minha mãe já não se lembra
Do tempo/ que já passou!
A E7
Do tempo que já passou,
Do tempo/ que já lá vai,
Minha mãe já não se lembra
Quando na/morou meu pai!
Minha mãe casai-me cedo,
Que me dói/ a passarinha!
Ó filha coç’à c’o dedo,
Que eu também/ cocei a minha!
O padre da minha aldeia,
No sermão/ do mês passado,
Jurou p’la saúde dos filhos
Que nunca/ tinha pecado!
São Gonçalo de Amarante,
Que estais vi/rado pr’á vila,
Virai-vos pró outro lado,
Que vos dá/ o sol na pila!
Fui um dia ao cemitério
E pisei/ as campas todas;
Levantou-se um morto e disse
«Talvez um/ dia tu morras!»
Santo António de Lisboa,
Que pr’a mim/ foste um cabrão,
Das três pernas que me deste
Só duas/ chegam ao chão!
O cão da minha vizinha
96 13
14. Pôs-se na/ minha cadela; Sapateia
Vou fazer o mesmo à dona,
Pr’a ficar/ ela por ela...
Letra e música: popular: Açores;
Santo Cristo dos Milagres E7 A
Casai-me/ que bem podeis! Se tu suspiras, suspira,
Que eu já tenh’ as unhas gastas
E7 A
De coçar/ onde sabeis!
Cá dentro, o meu coração;
Já tenho teias de aranha E7 A
no sítio/ que bem sabeis Se tu choras, também chora,
E7 A
Fernando Faria
Vê lá se te quero, ou não. [Bis]
A D Bm E
[Refrão]
Sapateia, meu bem, Sapateia, ai
Outra vez a Sapateia,
Ó quantas vezes, ó quantas,
O jantar serve de ceia! [Bis]
O ladrão da Sapateia,
Na hora que quer partir,
Quem tem à vista o seu bem,
Dele se vai despedir.
[Refrão]
Ó Sapateia, meu bem,
Sapateia pr’a «diente»,
Adiante mais um par,
Que atrás vem muita gente.
[Refrão]
Vá de roda, fecha a roda,
Fecha de meia rodela,
Mal haja quem te dá penas,
Amada, querida, bela.
[Refrão]
Ó Sapateia, meu bem,
Ai torna a sapatear,
Uma volta não é nada,
Outra volta vamos dar.
[Refrão]
Dá-me a tua mão esquerda,
Que eu ta quero apertar,
Não te peço a mão direita,
Porque já tens a quem dar.
[Refrão]
14 95
15. San Macaio Ao romper da bela aurora
Letra e música: popular: Açores; Letra e música: popular: Beira-Alta;
G Ao romper da bela aurora
San Macaio, San Macaio deu à costa, [Bis] vem o pastor da choupana
D7 G vem gritando em altas vozes
Ai deu à costa nos baixos da Urzelina;[Bis] muito padece quem ama
G
muito padece quem ama
Toda a gente, toda a gente se salvou, [Bis]
mais padece quem namora
D7 G
vem o pastor da choupana
Ai se salvou, só morreu uma menina. [Bis] ao romper da bela aurora
San Macaio, San Macaio deu à costa, gosto de quem canta bem
Ai deu à costa lá na Ponta dos Mosteiros; é uma prenda bonita
Toda a gente, toda a gente se salvou, gosto de que canta bem
Ai se salvou, só morreu dois passageiros. é uma prenda bonita
San Macaio, San Macaio deu à costa, Não empobrece ninguém
Ai deu à costa, deu à costa na fundura; assim como não enrica
Quebrou-se-lhe, quebrou-se-lhe o tabuado, não empobrece ninguém
Ai ficou só, ficou só na pregadura. assim como não enrica
San Macaio, San Macaio deu à costa, Ao romper ...
Ai deu à costa na Baía da Feiteira;
Toda a gente, toda a gente se salvou, jj
Ai se salvou, só morreu uma feiticeira.
San Macaio, San Macaio deu à costa,
Ai deu à costa nas pedras da Fajãzinha;
Toda a gente, toda a gente se salvou,
Ai se salvou, só morreu uma galinha.
San Macaio, San Macaio já é velho,
Ai já é velho e também é marinheiro;
Andava, andava sempre perdido,
Sempre perdido por causa do nevoeiro.
San Macaio, San Macaio deu à costa,
Ai deu à costa nos baixos do Maranhão;
Toda a gente, toda a gente se salvou,
Ai se salvou, só o San Macaio não.
Fernando Faria (Alternativamente A/E7, C/G7, E/B7)
G D7
94 15
16. A plaina Rouxinol repica o canti
Letra e música: popular; Letra e música: popular: Alentejo;
dó Rouxinol repica o canti
A plaina corre ligeira e ao passar à passadeira
fá sol dó nunca mais voltes a Beja
Xária Xária Xáriá-ó o-aiii
Tornando lisa a madeira sem passar à Vidigueira
Xária Xária Xáriá-ó
Sem passar à Vidigueira
fá sol dó sem ir beber ao Falcante
No viçoso bosque em flor e ao passar à passadeira
fá dó sol o-aiii
Sente-se o mesmo rumor rouxinol repica o canti
fá
Xária Xária Xária Eu gosto muito de ouvir
cantar a quem aprendeu
sol dó
se houvera quem me ensinara
Xária Xária Xáriá-ó
o-aiii
No torno se amolda o aço quem aprendia era eu
Crissa crissa crissá-ó
jj
Com arte, amor e cansaço
Crissa crissa crissá-ó
Na birgorna do ferreiro
Bate o martelo certeiro
Crissa crissa crissa
Crissa crissa crissá-ó
O rochedo antes da aurora
Pinga pinga pingá-ó
Aos golpes do pinção chora
Pinga pinga pingá-ó
Um artista com suor
Lhe dará forma melhor
Pinga pinga pinga
Pinga pinga pingá-ó
Agrupamento 739 - Fajã de Baixo, CNE
sol d fÆ
16 93
17. Romance Da Lhoba (romance da loba) A praia
Letra e música: popular: Trás-os-Montes; Intérprete: Gai- Letra e música: popular: Açores;
teiros de Lisboa; (rimance)
A F(m
Indo ió la sierra arriba Olha a praia, fita a praia,
Delantre de mia piara D E
Indo ió la sierra arriba Olha a praia onde fica;
Delantre de minha piara A F(m
Repicand‘al mio caldeiro Fica atrás daquele outeiro,
Remando mia samarra Presa com um laço de fita.
Repicand‘al mio caldeiro
Remando mia samarra Olha a praia, fita a praia,
Olha a praia onde fica;
Quando me sai uma lhoba Na roda da tua saia,
Que era grande e parda À moda de gente rica.
Quando me sai uma lhoba
Que era grande e parda Rola a praia, rola a praia,
E lhebou-me unha cordeira Rola a praia aqui comigo;
La melhor de la piara Comigo não perdes nada,
E lhebou-me unha cordeira Nem eu perco nada contigo.
La melhor de la piara Eu gosto muito da praia,
Arriba seite cachorros Mais gosto se lá te vejo;
Abaixo pera guardiana Para irmos, bem juntinhos,
Arriba seite cachorros Apanhar um caranguejo.
Abaixo pera guardiana Menina, vamos à praia,
Se m‘agarrardes la lhoba Na praia se vende chita;
Boa cena teneis gana Uma cara, outra barata,
E se non me l‘agarrardes Uma feia, outra bonita.
Cenareis com la caiata
Esta semana que vem,
E corrian siete léguas Muito vou ter que comer;
Todas siete por arada Os miúdos de uma pulga,
E corrian siete léguas Que a carne é p’ra vender.
Todas siete por arada
E al final das siete léguas Na praia já não há moças,
Yá la lhoba va cansada Que as levou a enchente;
E al final das siete léguas Apenas escapou uma,
Yá la lhoba ya cansada Que não tem cara de gente.
Nuno Miranda (letra em Mirandês) Na praia já não há moças,
Que as levou a fiada;
Apenas escapou uma,
Na sua cama deitada.
À praia, vamos à praia,
Que à praia só vai quem quer;
Quem for solteiro à praia,
Pr’a cima já traz mulher.
0 In: “invasões bárbaras”; Fernando Faria (Ilha de Sta. Maria)
92 17
18. A D E Ribeira vai cheia
Letra e música: popular;
A
Nota - Alternativamente G/Em/C/D, C/Am/F/G
Ribeira vai cheia
E
E o barco não anda,
Tenho o meu amor
A
Lá na outra banda!
Lá na outra banda
E eu cá deste lado,
Ribeira vai cheia
E o barco parado!
Se eu tivesse amores
Que me têm dado,
Tinha a casa cheia
Até ao telhado!
Amores, amores,
Amores, só um;
E o melhor de tudo
É não ter nenhum!
Fernando Faria (Alternativamente C/G, D/A)
A E
18 91
19. Resineiro engraçado As armas do meu adufe
Letra e música: popular: Beira-Alta; Letra e música: popular: Beira; (canção de adufe)
A D A ai as armas do meu adufe
Resineiro engraçado, engraçado no falar, ai as armas do meu adufe
D A ai são de pau de laranjeira
Resineiro engraçado, engraçado no falar, ai são de pau de laranjeira
D E7 ai quem houver de tocar nele
Ó i ó ai, eu hei-de ir à terra dele, ai quem houver de tocar nele
A ai há-de ter a mão ligeira
Ó i ó ai, se ele me lá quiser levar. [Bis] ai há-de ter a mão ligeira
Já tenho papel e tinta, caneta e mata-borrão, ai o luar da meia noite
Já tenho papel e tinta, caneta e mata-borrão, ai o luar da meia noite
Ó i ó ai, pr’a escrever ao resineiro, ai guarda-te lá pro verão
Ó i ó ai, que trago no coração. ai guarda-te lá pro verão
ai quem anda cego de amores
Resineiro é casado, é casado e tem mulher, ai quem anda cego de amores
Resineiro é casado, é casado e tem mulher, ai quer escuro luar não
Ó i ó ai, vou escrever ao resineiro, ai quer escuro luar não
Ó i ó ai, quantas vezes eu quiser.
jj
Fernando Faria (Mortágua; recolha de Zeca Afonso)
A E7 D
Nota - A primeira mulher do Zeca Afonso, com que casou em Coim-
bra, era de Mortágua.
Acorde de viola: Alternativamente C/F/G7, G/C/D7
90 19
20. A senhora Chamarrita Rama
Letra e música: popular: Açores; Letra e música: popular: Alentejo;
A senhora Chamarrita C
É uma santa mulher Ó rama, ó que linda rama,
Sai de manhã para a missa F C
Entre à noite quando quer Ó rama da oliveira!
G7
Dá voltas à Chamarrita
O meu par é o mais lindo
Quem manda voltar sou eu
C
A senhora Chamarrita Que anda aqui na roda inteira!
É uma santa mulher
Dá os ossos ao marido Que anda aqui na roda inteira,
Come a carne com quem quer Aqui e em qualquer lugar,
Ó rama, que linda rama,
Se a Chamarrita não volta Ó rama do olival!
Eu grito ’aqui d’el rei’
Eu gosto muito de ouvir
(não tenho a certeza, pode haver erros.) Cantar a quem aprendeu.
Se houvera quem me ensinara,
Quem aprendia era eu!
Não m’invejo de quem tem
Parelhas, éguas e montes;
Só m’invejo de quem bebe
A água em todas as fontes.
Fui à fonte beber água,
Encontrei um ramo verde;
Quem o perdeu tinha amores,
Quem o achou tinha sede.
Debaixo da oliveira
Não se pode namorar;
A folha é miudinha,
Deixa passar o luar.
Fernando Faria (Altern. D/G/A7, A/D/E7, G/C/D7)
G7 F C
20 89
21. Y el Rey se vá a los moros, Bailinho da Madeira
A los moros Sebastiano
El Lusitano.
Letra e música: popular: Madeira;
Busca la muerte en dar muertes,
Sebastiano el Lusitano, A E7
Diziendo aora es la hora, Eu venho de lá tão longe, ai eu venho de lá tão longe,
Que un bel morir, tuta la vita honora. A
Carlos Vaz (jeito de jj)
E7 A
Nota - Este romance referente à batalha de Alcácer-Quibir foi muito Venho sempre à beira-mar, venho sempre à beira-mar.
divulgado e popular nos anos que se seguiram à batalha. E7 A
A partitura a 3 vozes pode ser encontrada (por exemplo) no “Canci- Trago aqui estas coibinhas, trago aqui estas coibinhas,
oneiro de música popular portuguesa” de Giacometti. E7 A
Pr’amanhã, pró seu jantar, pr’amanhã, pró seu jantar.
[Refrão=]
A E7
Deixem passar
A
Esta linda brincadeira,
E7
Que a gente vamos bailar
A
Pr’a gentinha da Madeira! [Bis]
A Madeira é um jardim, a Madeira é um jardim,
No mundo não há igual, no mundo não há igual.
Seus encantos não têm fim, seus encantos não têm fim,
É vila de Portugal, é vila de Portugal.
[Refrão]
Fernando Faria
A E7
88 21
22. Bela aurora Puestos entan frente a frente
Letra e música: popular: Açores; Letra e música: anónimo: renascença; (rimance)
A E Puestos entan frente a frente
A Bela Aurora da serra, [Bis] Los dos valerosos campos,
B7 E Uno es del Rey Maluco,
Não sei como não tem medo, [Bis] Otro de Sebastiano
A E El Lusitano.
Faz a cama e dorme só, [Bis] Moço, animoso y valiente,
B7 E Robusto, determinado,
Debaixo do arvoredo. [Bis] Aunque de poca experiencia
Y no bien aconsejado,
A Bela Aurora chorava, El Lusitano.
Ela no pranto dizia,
Já me morreu o meu bem, Brama que entrevistan los moros
Já não tenho companhia. Y el exercito contrario
Ya se vá llegando cerca
A Bela Aurora é prendada, Aellos (dize) Santiago,
Como outra inda não vi, El Lusitano.
Lembra-me a minha amada, Dispara la ertelharia,
Que há muito tempo perdi. La nuestra mal disparando
Encontrei a Bela Aurora, Llueven balas, llueve muerte,
Sentada no meu jardim, Saetas y mosquetazos.
Vestida de prata e oiro, El Lusitano.
A colher contas pr’a mim. Que por los lados ya todos
Quem te disse, Bela Aurora, Y con sangre de los muertos,
Que eu te queria largar, Está echo un grande lago.
Se bendita foi a hora El Lusitano.
Que te principiei a amar? Todo lo anda el buen Rey,
Dando muertes mui gallardo,
Apalpei o lado esquerdo, La espada tinta de sangre,
Não achei o coração, Lança rota, sin cavallo.
De repente me lembrou, El Lusitano.
Que estava na tua mão.
Que el suyo passado el pecho
Suspiro por ti, meu bem, Ya no puede dar un passo,
Mas que vale suspirar? A George Dalbiquerque pide
Quanto mais por ti suspiro, Le de su rucio rodado.
Menos te posso lograr. El Lusitano.
Daselo de buena gana,
Fernando Faria (alternativamente C/G/D7, D/A/E7)
Y el Rey cavalga de un salto,
A B7 E Mirale el Rey como jaze,
De espaldas casi espirando.
El Lusitano.
Mas le dize que se salve,
Pues todo es roto en pedaços,
0 In: (?)1600;
22 87
23. Por riba se ceifa o pão Canário
Letra e música: popular: Beira-Baixa; Intérprete: Gaiteiros Letra e música: popular: Trás-os-Montes; (rimance)
de Lisboa; (canção de cegada)
Por riba se ceifa o pão
ai, por baixo fica o restolho
menina não se enamora
ai do rapaz que embisga o olho
Já o sol se vai pondo
ai, lá pra trás do cabecinho
bem pudera o nosso amo
ai mandá-lo mais ligeirinho
(Penha Garcia) Esta manhã fui à caça
lindo canário cacei
para trazer de presente
à filha do nosso rei
A filha do nosso rei
ela era brasileira
mandou fazer uma gaiola
da mais fininha madeira
Depois da gaiola feita
seu canário meteu dentro
quer de dia quer de noite
era o seu divertimento
Canário já se morreu
já lá vai para o deserto
diziam as moças todas
e morreu com o bico aberto
Canário já se morreu
já lo vão ir a enterrar
diziam as moças todas
e morreu por confessar
J.João (Constantim (Miranda); cantado pela Sr. Maria Cristal 1982)
0 In: Cancioneiro popular Português-Giacometti; “bocas do inferno”,
1997;
86 23
24. Cantar dos Reis (Donões, Montalegre) Porque não me vês Joana
Letra e música: popular: Trás-os-Montes; (reis, janeiras, Letra e música: popular: Alentejo; Intérprete: Vitorino;
canção de Natal)
Porque não me vês Joana
Aqui vem as três rosinhas Pois sabem que meu desejo
quatro ou cinco ou seis Crece quando não te vejo
se o senhor nos dá licensa
Cresce se estou na cidade
vimos lhe cantar os reis
E não me deixa no mato
Os três reis do oriente Não sei se me resguarde
já chegaram a Belém E de tudo me recato
visitar o Deus Menino
Não me custa tan barato
que Nossa Senhora tem
O dia que te não vejo
O menino está no berço Que não morra de desejo
coberto c’o cobertor
Victor Almeida (Elvas)
eos anjinhos estão cantando
louvado sej’o Senhor
O Senhor por ser Senhor
nasceu nos tristes palheiros
deixou cravos deixou rosas
deixou lindos travesseiros
também deixou a abelhinha
abelhinha com o seu mel
para fazer um docinho
ao divino Emanuel
Você diz que tem bom vinho
có có có
venha-nos dar de beber
rintintin
florin-tintin
traililairo
J.Joao
0 In: “Não há terra que resista - Contraponto”, 1979;
24 85
25. Pézinho do pico Cantiga da Roda
Letra e música: popular: Açores; Letra e música: popular: Beira-Baixa; Intérprete: Filipa
Pais;
A E
Eu fui ao Pico, piquei-me, Ai, borda d’água, borda d’água
A ai, borda d’água, Santarém
Ai sim piquei-me, piquei-me lá num silvado. [Bis] borda d’água, Santarém...
E ai, vale mais uma bord’água
Nunca mais eu vou ao Pico, ai, que quanto Lisboa tem.
A borda d’água, Santarém...
Ai sem o Pico, sem o Pico ser podado. [Bis] Ai, ó mar largo, ó mar largo
Eu fui ao Pico, piquei-me, ai, ó mar largo sem ter fundo;
Ai sim piquei-me, piquei-me lá num picão. ó mar largo sem ter fundo...
O pico nasce da silva, ai, vale mais andar no mar largo
Nasce da silva e a silva nasce do chão. ai, que andar nas bocas do mundo.
ó mar largo sem ter fundo...
Ó meu amor nada, nada,
Ó meu amor nada, nada, nada não.
Nada trago em meu peito,
Ai em meu peito, de que te faça quinhão.
Ponha aqui o seu pézinho,
Ai ponha aqui, ponha aqui, que não faz mal.
Que esta moda do pézinho,
Ai foi do Pico, foi do Pico pr´ó Faial.
Fernando Faria ((Pico))
A E
Nota - Alternativamente G/D, C/G, D/A
0 In: “l’amar”, 1994;
84 25
26. Casei-me cun pastori Pezinho da vila
Letra e música: popular: Trás-os-Montes; (rimance) Letra e música: popular: Açores;
Eu casei-me cun pastori Eu nasci à Sexta-Feira
pansando de ser sinhora... de barbas e cabeleira
mais parecia o Anti-Cristo
O trin-drin-drina, até o senhor padre cura
O trin-drin-dró.
que é homem de sabedura
(E)soutor die pur la manhana nunca tal houvera visto
pega no cerron pastora... Ponha aqui o seu pezinho
Alhá no meio d’l camino devagar devagarinho
la caiata me curtou... se vai à Ribeira Grande
eu tenho uma carta escrita
i a chegar aí’ malhadal para ti cara bonita
sopas de sebo de dou... não tenho por quem a mande
Os/los curdeiros eran tantos
las ouveilhas muitas mais... Fui-me casar às Capelas
Qúe até nubravan al sol... por ser fraco das canelas
com uma mulher sem nariz
Vi venir un cabalheiru estas gentes das Fajãs
con sou cabalho andadori... já me deram os parabans
L’primeira cousa que m(e) dixo p´lo casamento que eu fiz
de namoro me falou... Eu fui de Lisboa a Sintra
Vai-te con Dius cabalheiru à casa da tia Jacinta
you só quiero al miu pastori... p’ra me fazer uns calçons
mas a pobre criatura
L’tou pastor ten/tien outra falta esqueceu-se da abertura
que tu nun la sabes no(n)... p’ra fazer as precisons
Ya tien la cabeça branca
d(e) andar con eilha i al sol... Eu fui até Vila Franca
escachado numa tranca
Vai-te con Dius cabalheiru à morte duma galinha
you só quiero al miu pastori... o que ela tinha no papo
sete cães e um macaco
L’tou pastor ten/tien outra falta
e um soldado da marinha
que tu nun la sabes no(n)...
ten los/l’s olho(s) regaladus Toda a moça qu’é bonita
d(e) oulhar pa l’(s) raius del sol... s’ela chora s’ela grita
nunca houvera de nascer
Vai-te con Dius cabalheiru
é coma a maçã madura
you só quiero al miu pastori...
da quinta do padre cura
L’ tou pastor tien outra falta todos a querem comer
que tu nun la sabes non...
Ya tene los dientes negros
de morder no rocostrones...
Vai-te con Dius cabalheiro
0 In: “Música tradicional, vol 6- Terras de Miranda”;
26 83
27. O sol perguntou à lua you só quiero al miu pastori...
L’ tou pastor tien outra falta
Letra e música: popular:Açores; que tu nun la sabes non(n)...
ten l’spinaço cobrado
Gm Gm7 D#dim D7
de mudar las canhiçonas...
O Sol perguntou à Lua
O Sol perguntou à Lua Vai-te con Dius cabalheiru
Gm Gm7 D#dim D7 you só quiero al miu pastori...
Quando’a, quando havera amanha cer
Quando’a, quando havera amanhacer L’tou pastor tien outra falta
que tu nun ia sabes no(n)...
À vista dos olhos teus Ten las costillas afundidas
À vista dos olhos teus de matar los furmigones...
Que vem, que vem o Sol cá fazer
Que vem, que vem o Sol cá fazer Vai-te con Dius cabalheiro
you só quiero al miu pastori...
D7 Gm
E o Sol préguntou à Lua L’ tou pastor tien outra falta
Gm7 D#dim D7 que tu nun ia sabes no(n)...
quando havera amanha cer Ya tene/tiene ias piernas turtas
de chancar los barrancones...
Tó Campos
Vai-te con Dius cabalheiro
Gm D#dim D7 Gm7 You só quiero al miu pastori...
3 3
L’ tou pastor tien outra falta
que tu nun la sabes no(n)...
Lá maior falta que l’tene
não ten bicha nem cujones...
I anda cá palomba branca
anda cá mi(e) branca flori...
Furmaremos un palaiçio
de vantanas alredori...
(Mirandés-português-castellano)
82 27
28. Cerigoça De amores que não são firmes,
Bravo meu bem, tenho medo que me pelo.
Letra e música: popular: Trás-os-Montes; Esta moda diz que é bravo,
Bravo meu bem, mas eu vou cantar o manso.
Ai la cerigoça Para ver se, mansamente,
la beila be(n) la moça. Bravo meu bem, o teu bem-querer alcanço.
Ai la cerigoça
la quiero ver bailar Ó Bravo, três vezes bravo,
(bis) Bravo meu bem, ó Bravo, hás-de amansar.
Tudo o que é bravo se amansa,
Se venira(n) los moços Bravo meu bem, também te hei-de apanhar.
del outro lugar
echa-se la pierna
i volve-se la echar
Ai
...
Arreda-t(e) alha Pedro,
alhega-t(e) aca Juan,
Angarabitaremos,
Angarabitaran.
(bis)
(Mirandés-castelhano)
0 In: “Música tradicional, vol 6- Terras de Miranda”;
28 81
29. Os bravos Chamarrita
Letra e música: popular: Açores; (balada açoreana) Letra e música: popular: Madeira;
Am E Chamarrita chama chama
Eu fui à terra do bravo já dormi na tua cama
Am já dormi na tua cama
Bravo meu bem já tua boca beijei
E já logrei os teus carinhos
Para ver se embravecia e mais coisinhas qu’eu sei
Am E já logrei os teus carinhos
Cada vez fiquei mais manso e mais coisinhas que sei
Am Chamarrita assim assim
Bravo meu bem chamarrita assim ou não
E dava-te o meu coração
Para a tua companhia lanceolado e com’ma fita
Eu fui à terra do bravo para que te não esqueças
Bravo meu bem do bailo da chamarrita
Com o meu vestido vermelho para que te não esqueças
O que eu vi de lá mais bravo do bailo da chamarrita
Bravo meu bem (não tenho a certeza, pode haver erros.)
Foi um mansinho coelho
As ondas do mar são brancas
Bravo meu bem
E no meio amarelas
Coitadinho de quem nasce
Bravo meu bem
P’ra morrer no meio delas
Eu fui à terra do bravo
Bravo meu bem
Para ver se embravecia
Quiz bem a quem me quer mal
Bravo meu bem
Quiz bem a quem me não queria
Joaquim Leal, jj , Fernando Faria (Ilha Terceira)
Am E
Outras quadras - Dizes o teu amor bravo,
Bravo meu bem, não é mais do que o meu bem.
É bravo, porque não quer,
Bravo meu bem, que eu olhe pr’a mais ninguém.
Eu fui à terra do Bravo,
Bravo meu bem, vestidinha de amarelo.
80 29
30. Charamba Ó rosa, arredonda a saia
Letra e música: popular: Açores; Letra e música: popular;
Am G7 C [Refrão=]
Esta é a vez primeira, a vez primeira A
F E Ó Rosa, arredonda a saia,
Que neste auditório canto, E7
Am G7 C Ó Rosa, arredonda-a bem!
Em nomede Deus começo, de Deus começo, Ó Rosa, arredonda a saia,
F E A
Padre, Filho, Espír’to Santo. Olha a roda que ela tem!
Senhora dona de casa, dona de casa, Olha a roda que ela tem,
Folha de malva cheirosa, Olha a roda que ela tinha!
Dai-me licença qu’eu cante, ai qu’eu cante, Ó Rosa, arredonda a saia,
Na vossa sala formosa. Que fique bem redondinha!
Boa noite, meus senhores, minhas senhoras, lindas flores [Refrão]
Que aqui estais neste salão,
Eu p’ra todos vou cantar e a todos quero saudar, A saia que traz vestida,
Do fundo do coração. É bonita e bem feita,
Não é curta, nem comprida,
Eu vesti um vestido novo, vestido novo, Não é larga, nem estreita.
Para vir aqui cantar,
A charamba está no baile, ai está no baile, [Refrão]
É o meu bem e o meu par. Fernando Faria (Alternativamente C/G7, D/A7, E/B7)
À vista trago quem amo, ai a quem amo, A E7
Bem vejo quem ’stou querendo,
Defronte está quem adoro, ai quem adoro,
Quero bem a quem ’stou vendo.
A ausência tem uma filha, tem uma filha
Que se chama saudade,
Eu sustento mãe e filha, ai mãe e filha,
Bem contra a minha vontade.
Em te vendo, vejo a Deus, ai vejo a Deus,
Não sei se perco, se não,
Trago a Deus dentro do peito, ai no meu peito,
E a ti no meu coração.
Fernando Faria (Ilha Terceira)
G7 F Am C E
30 79
31. O que manto de tristeza Chin-glin-din
Letra e música: popular: Alentejo; Letra e música: popular: Trás-os-Montes; (rimance)
Oh que manto de tristeza Indo you pa la mi(e) (a)rada
pela terra se espalhou atras de ias mies chabacas,
quando a neve apareceu
caída do céu cun ei chin-dilin-glin-dina
cun ei chin-dilin-glan-daba
foi Deus que a mandou
cun ei chin-dilin-glin-dina
Era meia-noite e fui-me deitar se m(e) olvidou la guilhada
a neve a cair era sem cessar
disse à minha esposa you virei atras pur eilha
i achei la puerta fechada...
o que acontecia
amanhã verás como está cun ei chin-guilin-glin-dina
quando for de dia cun ei chin-dilin-glan-daba
disse à minha esposa Que yes aquelho mujeri
o que acontecia que (e)sta d(e)ba’la nuestra cama
amanhã verás como está
quando for de dia cun ei chin-guilin-glin-dina
cun ei chin-guilin-glan-daba
jj cun ei chin-guilin-glin-dina
se m(e) olvidou la guilhada.
i (y)es l’gato d’l cunventu
que ven pa la nuestra gata...
Trai la (e)scupeta mujeri
qu(e) l’hei dar uma (e)scupetada...
Não haças* isso marido
que desconjuntas la cama...
Qui(e)n t(e) agarrara mujeri
n(a) aqueilha sierra granada...
con tres carros de lheinha
outros tres de retrama...
i un airico castelhano
que atiçara bien la chama...
umas tanazes de tres ganchos
para revolver las brasas...
Qui(e)n t(e) agarrara marido
no meiu d(e) aqueilha sala...
cun las pernas amarilhas
i la cor demudada...
los claristas a la puerta
0 In: “Música tradicional, vol 6- Terras de Miranda”;
78 31
32. salga meu maridu salga... Ó patrão dê-me um cigarro
i you pur tras lhurando
nin que fuera d(e) mala gana...
Letra e música: popular: Alentejo; Intérprete: Vitorino;
(Mirandés-português-castelhano)
Ó patrão dê-me um cigarro
Acabou-se o tabaco
E o trigo que eu hoje entarro
Fumando dá mais um saco
Canta o melro no silvado
E o rouxinol na ribeira
Ó minha pombinha branca
Quero ir à tua beira
Quero ir à tua beira
Quero viver a teu lado
Rola o pombo na azinheira
Canta o pardal no telhado
Se a morte fosse interesseira
Ai de nós o que seria
O rico comprava a morte
Só o pobre é que morria.
0 In: “semear salsa ao reguinho”, 1975;
32 77
33. Ó minha amora madura Chula
Letra e música: popular; Letra e música: popular;
C G7 C
Ó minha amora madura
quem foi que te amadurou? Tenho a chula no meu corpo, [Bis]
Foi o sol e a geada G7 C
e o calor que ela apanhou. Tenho o vira nos meus braços, [Bis]
C G7 C
E o calor que ela apanhou Quando trabalhar por gosto [Bis]
debaixo da silveirinha; G7 C
Ó minha amora madura Nem vou saber de cansaços. [Bis]
minha amora madurinha.
[Refrão:]
Há silvas que dão amoras C G7
há outras que as não dão Pr’a melhor está bem, está bem,
há amores que são leais C
e há outros que o não são Pr’a pior já basta assim! [Bis]
jj Dizes que gostas de mim,
O teu gosto é só engano,
Tu cortas na minha vida
Como a tesoura no pano.
[Refrão]
Ai que linda troca de olhos,
Fizeram-me agora ali,
Trocaram-se uns olhos meus
Por uns outros que eu bem vi.
[Refrão]
Meu amor não me falou,
Fez-me linda companhia,
Ai às quatro é de noite
E às cinco é de dia.
[Refrão]
Não tenho cama nem casa,
Ando por quatro caminhos,
Dois que cheiram mal se vem,
Outros dois com mais cheirinhos.
Fernando Faria (Alternativamente E/B7, F/C7, D/A7, A/E7)
G7 C
76 33
34. Delicada da cintura Ó menino ó
Letra e música: popular: Alentejo; Intérprete: Vitorino; Letra e música: popular: Trás-os-Montes; Intérprete: Bri-
Delicada da cintura gada Vitor Jara; (canção de embalar)
Como a palha do centeio Ó ó ó ó menino ó
Tu é que és a criatura o teu pai foi ao eiró
Por quem eu tanto vareio com ’ma vara d’aguião
Os olhos do meu amor p’ra matar o perdigão
São duas azeitoninhas ÓóóóÓóóóÓóóó
Fechados são dois botões
Abertos duas rosinhas Ó ó ó ó menino ó
teu pai foi ao eiró
Eu gosto dos figos lampos tua a mãe à borboleta
Da figueira rebeldia logo te vem dar a teta
Gosto das moças do campo
Olha a minha simpatia jj
Nas ondas do meu cabelo
Vou-me deitar a afogar
É p’ra que saibas amor
Que há ondas sem ser no mar
Victor Almeida (Redondo)
0 In: “Não há terra que resista - Contraponto”, 1979;
34 75
35. O menino está dormindo Diz a laranja ao limão
Letra e música: popular; (canção de Natal) Letra e música: popular: Alentejo; Intérprete: Vitorino;
Diz a laranja ao limão
Qual de nós será mais doce
Sou fiel ao meu amor
Assim ele p’ra mim fosse
Assim ele p’ra mim fosse
Fiel ao meu coração
Qual de nós será mais doce
Diz a laranja ao limão
O menino está dormindo
Victor Almeida (Elvas)
Nas palhinhas despidinho
Os anjos lh’estão cantando
Por amor tão pobrezinho
O menino está dormindo
Nos braços da virgem pura
Os anjos lh’estão cantando
Hossana lá na altura
O menino está dormindo
Nos braços de São José
Os anjos lh’estão cantando
Gloria tibi Domine
O menino está dormindo
Um sono de amor profundo
Os anjos lh’estão cantando
Viva o Salvador do Mundo
J.João
0 In: “Não há terra que resista - Contraponto”, 1979;
74 35
36. Em 25 de Março O Menino
Música: Vitorino; Letra: popular: romanceiro de José Leite Música: Francisco Ribeiro; Letra: popular; Intérprete: Ma-
de Vasconcelos; (rimance) dredeus; (canção infantil)
Em vinte e cinco de Março
ouve uma grande paixão
disparceram três rapazes
deste povo d’Armação
Té aqui não são chegados
nem à praia à costa deram
té aqui não são chegados
nem à praia à costa deram
Té aqui não há espera Meu Padre-nosso pequenino
nem tão pouco que esperar que tem a chave do menino
os nomes de todos três -Quem lha deu, quem lha daria,
eu os vou d’explicar foi S.Pedro, Santa Maria
O primeiro é José da Silva Cruzei montes, cruzei fontes,
José da Silva Negrão que o pecado não encontre
lá posto ao mar a pescar nem de dia nem de noite
para a sua perdição nem ao pino do meio dia
O segundo era José Cravo Já os galos pretos cantam
José Cravo encarnado já os anjos se alevantam
fazia linda cintura já o Senhor subiu à cruz
sem andar muito apertado para sempre
Amen
O terceiro era João Barreiro Jesus
uma cara sem sinais
jj(Ago-95)
era o pai da pobreza
não no podia ser mais
Abalaram todos três
dentro daquele barquinho
a bebida que levaram
uma garrafa de vinho
Abalaram todos três
não levavam a certeza
que o mar que se levantava
d’altura da fortaleza
A. Guimarães (Arranjos: Pedro Caldeira Cabral)
0 In: “Romances”; 1991; 0 In: MadreDeus-Existir 90;
36 73
37. Oliveira da serra Entrai pastores
Letra e música: popular: Alentejo; Letra e música: popular; (canção de Natal)
A Entrai pastores, entrai
À oliveira da serra, por este portal sagrado
A vinde adorar o Menino
O vento leva a flor. [Bis] numas palhinhas deitado
E7 A
Pastorinhos do deserto
Ó-i-ó-ai, só a mim ninguém me leva,
todos correm para o ver
E7 A
trazem mil e um presentes
Ó-i-ó-ai, para o pé do meu amor. [Bis] para o menino comer
À oliveira da serra, O meu Menino Jesus
O vento leva a ramada. convosco é que eu estou bem
Ó-i-ó-ai, só a mim ninguém me leva, nada deste mundo quero
Ó-i-ó-ai, para o pé da minha amada. nada me parece bem
Fernando Faria (Altern. G/D7, C/G7) Alegrem-se o céu e a terra
A E7 cantemos com alegria
já nasceu o Deus Menino
filho da Virgem Maria
Deus menino já nasceu
andai ver o rei dos reis
ele é quem governa o céu
quer que vós o adoreis
Ah meu menino Jesus
que lindo amor perfeito
se vem muito cansadinho
vem descansar em meu peito
J.João
72 37
38. Entrudo Olhos pretos
Letra e música: popular: Beira-Baixa; Letra e música: popular: Açores; (balada açoreana)
Ó entrudo, ó entrudo C
Ó entrudo chocalheiro Olhos pretos são gentios,
Que não deixas assentar G7 C
As mocinhas ao soleiro São gentios, são gentios da Guiné.
F C
Eu quero ir para o monte (bis)
Ai da Guiné, por serem negros,
Que no monte é que estou bem (bis)
G7</chr> <chr>C
Eu quero ir para o monte (bis)
Onde não veja ninguém, Da Guiné, por serem negros, gentios por não ter fé. [Bis]
que no monte é que estou bem Olhos pretos, cheios de ardor,
Estas casas são caiadas (bis) Ai quanto amor, diz à gente com o olhar.
Quem seria a caiadeira (bis) Ai olhos pretos, do meu encanto,
Foi o noivo mais a noiva (bis) Ai quanto pranto tu fizeste derramar.
Com o ramo de laranjeira, Eu amei dois olhos pretos,
quem seria a caiadeira Que me foram, que me foram dois traidores.
Victor Almeida
Quem diz que é firme, que o preto é firme,
Ai quem diz que o preto é firme, entende pouco de amores.
Olhos pretos são cativos,
São cativos do império brasileiro.
Não há paixão ai, ai como a última,
Não há paixão como a última, nem amor como o primeiro.
Fernando Faria (ilha Terceira)
G7 F C
Nota - Alternativamente: A/E7/D, D/A7/G
38 71
39. Olhei para o céu Entrudo
Letra e música: popular; (canção de Natal) Letra e música: popular: Beira-Baixa; Intérprete: Zeca Afonso;
Eu hei-de dar ao Menino
Uma fitinha pró chapéu F#m
E ele também me há-de dar Ó entrudo Ó entrudo
Um lugarzinho no ceu E F#m
Ó entrudo chocalheiro
Olhei para o céu E
Estava estrelado Que não deixas assentar
Vi o Deus Menino
F#m
Em palhas deitado
as mocinhas ao solheiro
Em palhas deitado
Em palhas estendido Eu quero ir para o monte
Filho duma rosa Eu quero ir para o monte
Dum cravo nascido Que no monte é qu’eu estou bem
Que no monte é qu’eu estou bem
Grupo1A
Eu quero ir para o monte
Eu quero ir para o monte
Onde não veja ninguém
Que no monte é qu’eu estou bem
Estas casa são caiadas
Estas casa são caiadas
Quem seria a caiadeira
Quem seria a caiadeira
Foi o noivo mais a noiva
Foi o noivo mais a noiva
Com um ramo de laranjeira
Quem seria a caiadeira
Joaquim Leal, Fernando Faria
F#m E
0 In: “traz outro amigo também” 1970;
70 39
40. Este linho é mourisco O ladrão
Letra e música: popular: Minho; Letra e música: popular: Açores;
Bm F(7 Bm
Ó ladrão, ladrão, ó ladrão maldito,
F(7 Bm
Ó ladrão, ladrão, ó ladrão maldito,
F(7 Bm
Tu juras e negas o que me tens dito,
Tu juras e negas o que me tens dito.
O pai do ladrão
Era sapateiro,
Este linho é mourisco Fazia sapatos,
e a fita dele namora Ganhava dinheiro.
quem daqui não tem amores
pega o chapéu vá-se embora Ó ladrão, ladrão,
Ó ladrão malvado,
Ai-a-li-o-lai-o-lai-lalolé(?) Tu juras e negas
lai-a-ró meu bem O que me tens dado.
regala-te o meu amor
regala-te e passa bem Ó ladrão, ladrão,
Já lá vai pr’ó Pio,
O minha mãe dos trabalhos No meio do caminho,
para quem trabalho eu Deu um assobio.
trabalho mato meu corpo
não tenho nada de meu O ladrão está morto,
Quem o mataria?
Mondadeiras lá de baixo Foram as pimpolhas
mondai o meu linho bem De Santa Maria.
não olheis para a portela
Fernando Faria (alternativamente Am/E7, Gm/D7)
que a merenda logo vem
Bm
jj
40 69
41. Oh que janela tão alta Eu hei-de amar uma pedra
Letra e música: popular; Intérprete: Vitorino; Letra e música: popular: Alentejo; Intérprete: Vitorino, Ja-
nita Salomé; (rimance)
Oh que janela tão alta
feita de cal e areia Eu hei-de amar uma pedra
oh que menina tão linda deixar o teu coração
numa janela tão feia uma pedra sempre é mais firme
tu és falsa e sem razão
Janela de pau de pinho
que a meu respeito te abriste Tu és falsa e sem razão
torna-te a cerrar janela eu hei-de amar uma pedra
disfarça que me não viste eu hei-de amar uma pedra
deixar o teu coração
Além naquela janela
eu a fiz eu a risquei Quando eu estava de abalada
a menina que lá mora meu amor para te ver
só por morte deixarei armou-se uma trovada
mais tarde deu em chover
A. Guimarães (Arranjos: Pedro Caldeira Cabral)
Mais tarde deu em chover
sem fazer frio nem nada
meu amor para te ver
quando eu estava de abalada
jj
0 In: “Romances”; 1991; 0 In: “Romances”, 1991;
68 41
42. Foi na noite de Natal Oh oh meu menino
Letra e música: popular; (canção de Natal) Letra e música: popular:Trás-os-Montes; (canção de Natal)
Foi na noite de Natal
noite de santa alegria
caminhando vai José
caminhando vai Maria
Ambos vão para Belém
mais de noite que de dia
e chegaram a Belém
já toda a gente dormia [refrão:]
Oh oh meu menino
Buscou lume S.José Oh oh meu amor
pois a noite estava fria qu’as vossas palavras
e ficou ao desamparo nos matam com dor
sozinha a Virgem Maria
Filhos de pai rico
Quando S.José voltou em bercinhos doirados
já viu a Virgem Maria e só vós meu menino
com o Deus Menino nos braços em palhinhas deitado
que toda a gente alumia
[refrão]
J.João
[A] Senhora lavava
S. José estendia
e o menino chorava
com o frio que fazia
[refrão]
jj
Nota - Esta música que ouvi na zona de Miranda do Douro, é por ve-
zes tocada em gaita de fole (tio Pascoal) (e penso que isto se reflecte
na própria melodia).
Disseram-me que era cantada quando dão o Menino a beijar no Na-
tal.
42 67