O documento discute como a teologia feminista pode enriquecer a mariologia, criticando aspectos da mariologia tradicional que colocam Maria em um nível impossível de alcançar para as mulheres reais ou enfatizam a submissão feminina. A teologia feminista busca mostrar o lado humano de Maria e como ela pode servir como modelo de fé e libertação para as mulheres.
A contribuição a mariologia da interpretação feminista
1. A contribuição a mariologia da interpretação feminista.
O feminismo geralmente é visto com um pouco de reserva e de preconceito.
Dado que muitas vezes é interpretado "a priori" como as mulheres daquele
movimento que querem roubar o lugar dos homens. Seria necessário purificar a visão
em relação ao movimento feminista e em particular dentro da teologia. Não podemos
julgar todo um movimento na sua pluriformidade de expressão simplesmente porque
tivemos uma experiência não muito interessante com alguma companheira inflamada
pela causa. O mais interessante seria falar em feminismos visto que o movimento è
amplo compreendendo periodos históricos diferentes e mentalidades diferentes, em
paises diferentes não se pode dize que a mesma coisa o feminismo europeu, o norte
americano ou o latino americano.
A denuncia do feminismo se ponderada, e percebida acima dos preconceitos,
nos podem dar contribuições interessantes, principalmente no relacionar-se, como
também no fazer teologia.
Com todas as discussões no ambito das ciencias sobre o sujeito que deve ser
levado em consideração além do metodo, e das carateristicas objetivas, mas também
a subejtividade joga uma sua influencia sobre o resultado de uma analise. Do ponto
de vista do ser no mundo é muito diferente o ponto de vista, dependendo das classes
sociais, do genero e da condição existencial. A perspectiva e a forma de ver o mundo
a Weltanschauung de uma mulher negra da periferia de uma pais subdesenvolvido e
muito diferente de uma branca norte americana de classe media.
A teologia feminista nas sua amplitude de correntes denunciou que o fazer
teologia por muitos séculos era um privilégio exlcusivamente dos homens. Por acaso,
essa seria uma forçatura? Acredito que não ! Realmente o fazer teologia formalmente
era um trabalho feito somente por homens, o que em parte deixava o trabalho
incompleto. Com certeza as mulheres hoje nas catedras de universidade deram a sua
contribuição ao teologizar, seja na intuição, como com o afetivo. E com a sua
presença no ambiente teológico também o rosto da teologia muda de expressão, se
tornando mais inclusiva e plural.
A grande influência da experiência dessas mulheres que reclamam a categoria
genero, que insistem sobre o particular da experiencia colocada em comum ao invês
do universalismo. Que resgata as mulheres seja na História da Salvação, manifestada
nas Sagradas Escrituras, que Deus se serve também das mulheres para encarnar a sua
mensagem. As mulheres que descobrem em Jesus, não um opressor das mulheres,
mas observam nele o prototipo da masculinidade exemplar, que é solidário com as
mulheres propondo assim um projeto novo de humanidade.
Essa mesma teologia feminista terá a sua mensagem para dizer em respeito a
Mariologia. Instaurando uma critica seria a "mariologia tradicional" que sempre
voltada para o céu se esquecerá da Virgem Maria no seu contexto humano, que a
elevará tanto ao ponto que nenhuma outra mulher poderá seguir a sua estrada, porque
é praticamente impossivel a uma mulher sexuada se espelhar em Maria seria um ideal
impossivel. Visto que não é possivel a mulher ser Virgem e Mãe ao mesmo tempo ou
escolhe uma ou a outra estrada.
2. Toda a mariologia tradicional é centrada em Maria, Virgem-Mãe, são duas
coisas que não se realizam em nenhuma outra mulher. O caminho para as mulheres
ou se torna mãe dentro do matrimônio, ou assume a vida consagrada pela virgindade,
mas jamais uma mulher poderá atingir na plenitude o exemplo de Maria. O ideal
colocado é por demais elevado para uma mulher atingir, é um ideal metafisico.
Segundo as teológas a condição sexual dos cantores das glórias de Maria influência e
em muito a mariologia inspirada por esses mestres, de cunho sacerdotal e celibatário,
tornando impossível a uma mulher sexuada seguir totalmente o exemplo de Maria.
Para conciliar as duas possibilidades sem esquizofrenia é necessário ler a
maternidade e a virgindade em chave não estritamente biológica.
Outro elemento que é fator de exaltação é a humildade de Maria, pregada
constantemente pelos sacerdotes, que pode parecer um subordinamento da mulher,
sendo essa indicativa para o lugar da mulher na Igreja, sempre submissa e sempre
disposta ao serviço e não propriamente a assumir a atividade ministerial.
Nesses e outros aspectos se faz necessário mostrar o rosto humano de Maria, a
mulher de Nazaré, que faz parte do povo de Deus e da sua caminhada.
O Magnificat como é lido em chave teologico-libertadora principalmente na
América Latina é um contributo interessante da Teologia da Libertação-feminista e
oferece uma chave para ler Maria nossa irmã de caminhada no processo de libertação
do povo. A mulher que reconhece o Deus Libertador que ouve o clamor do oprimido
e vem em seu socorro.
A teologia feminista por sua vez revela esse rosto humano de Maria que é
próxima as mulheres de carne e osso, mas ainda sim próxima a todos os que sofrem.
Maria que como a serva do Senhor está ao lado dos que sofrem, os pobres do
Senhor(anawin) que como ela só podem esperar em Deus, e Ele quem dá forças para
seguir lutando e enfrentando as dificuldades da vida, o pecado e as perseguições.
Seguindo o Concilio Ecumenico Vaticano II que nos ensinará que Maria nem
tanto o céu e nem tanto a terra. Porque, ao mesmo tempo que é a escolhida para ser a
mãe de Deus, e vai compreendida na sua singolaridade, na vida e na missão e na
união com Cristo, mas também se coloca como modelo a ser seguido, por cada um de
nós. Ao mesmo tempo que pela sua missão no modo que coopera com o Filho na
Obra rendentora, é a criatura mais próxima a Ele, é a mais próxima dos seres
humanos , porque intercede por eles, e os endereça no seguimento do seu Filho.
Os mesmo ensinamentos do Concilio ressaltam que Maria na sua dimensão
antropologica é modelo do ser humano que na liberdade criatural sendo consciente e
responsável quer responder ao chamado de Deus e colabora com Ele para a
realização do seu projeto, de modo que em Maria, o humano e o Divino, trabalham
juntos na construção de um mundo novo.
Deus que é Todo poderoso quer contar com a colaboração da sua criatura e
espera uma resposta, consciente, livre e responsável. Mostra Maria como sujeito
ativo, o seu "fiat" que não é simplesmente passivo e de submissão, mas é consciente e
responsável, sendo parceira de Deus, na nova humanidade redenta por Cristo.
Outra leitura tradicional que pode ser aprofundada é aquela feita por Santo
Irineu colocando o paralelismo entre Maria e Eva, Cristo e Adão, lendo em antitese,
3. obediencia e desobediencia. Não temos autoridade para deslegitimar um Padre da
Igreja, e nem é intenção, o fato é que por séculos essa leitura vem sendo somente
repetida sem usar a criatividade teológica ou ver as coisas de um outro angulo. Seria
muito mais interessante estabelecer um paralelismo do sim ler em chave da fé
obediencia: o sim de Abraão e o sim de Maria. Ambos do povo hebreu, ambos fazem
um salto na fé confiando na promessa de Deus. Ambos decidem conscientemente de
seguir Deus e são sustentados por Ele. Nessa perspectiva se pode dizer que como
Abraão é nosso Pai, na fé, assim também Maria Santissima é nossa Mãe na fé.
Esses entre outros seriam alguns aspectos que a teologia feminista ajuda a
enriquecer a teologia em geral em quanto ciência propiciando um lato horizonte e
sobretudo uma ciência que consiga ser inclusiva e menos excludente perceber
sobretudo o marginalizado o esquecido o não nominado.
Frei Emerson Aparecido Rodrigues, Ofmcap.
4. Bibliografia
CONCILIO ECUMENICO VATICANO II, Lumen Gentium,(21 novembre 1964),
Costituzione Dommatica sulla Chiesa, in EV1,284-465.
Studi
AQUINO P. , A Teologia, a Igreja e a mulher na América Latina, São Paulo,1997.
BERTOLA M., Antropologia, in Nuovo Dizionario di Mariologia, p. 88-91.
BOFF L., O rosto materno de Deus - Ensaio interdisciplinar sobre o feminino e
suas formas religiosas, Petrópolis, 1979.
CARRETO C., Maria a mulher que acreditou. São Paulo, 7ª ed.,1980.
CISLAGHI A., Teologia femminista, in Dizionari San Paolo Teologia a cura di G.
Barbaglio- G. Bof- S. Dianich,1692-1707.
DE FIORES S., Maria nella teologia contemporanea, Roma, 1987.
__________, Maria nel mistero di Cristo e della Chiesa, Roma, 1995.
__________,Paradigma antropologico, in Maria Nuovissimo Dizionario, p. 1242-
1260.
DOMEZI M.C., A Assunta sinal de esperança e de inculturação, in Il Dogma
dell’Assunzione di Maria. Problemi attuali e tentativi di ricomprensione. Atti del
XVII Simposio Internazionale Mariologico. Roma, 6-9 ottobre 2009. A cura di
Toniolo Ermanno M., Marianum, 2010.501-516.
GEBARA, I- BINGEMER M.C
, 1987 .
HALKES C., Maria ieri oggi domani, Brescia, 1995.
JHONSON E., Vera nostra sorella. Una teologia di Maria nella comunione dei santi,
Brescia, 2005.
NAVARRO PUERTO M., Dimensión simbólica de la Assunción en el contexto
occidental, in Il Dogma dell’Assunzione di Maria. Problemi attuali e tentativi di
ricomprensione. Atti del XVII Simposio Internazionale Mariologico. Roma, 6-9
ottobre 2009. A cura di Toniolo Ermanno M., Marianum, 2010.287-316.
SEMERARO M., Teologia femminista, in Lexicon Dizionario Teologico
Enciclopedico, Piemme, 1040-1041.