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FORMAÇÃO DE PASTAGENS
Herbert Vilela
1. INTRODUÇÃO
A área de pastagem com espécies cultivadas no Brasil, está em torno de 115 milhões de hectares,
destacando-se nesta categoria a predominância de capim Brachiaria, enquanto a área com pastagem
nativa é de 144 milhões, onde predominam centenas de espécies nativas. Anualmente, semeiam- se
cerca de 5,5 milhões de hectares para formação de pastagem, quer na forma de renovação ou formação
propriamente dita (Zimmer & Euclides, 2000). Estas áreas que abrigam numericamente: 191,2 milhões de
bovinos, 18,7 milhões de ovinos, 10,6 milhões de caprinos, 9,6 milhões de eqüinos, 2 milhões de muares,
1,3 milhões de asininos e 1,5 milhões de bubalinos. Estes números proporcionam uma taxa de lotação de
1,10 cabeças por hectare (Anualpec, 2004). A produção bovina atual é da ordem de 8 milhões de
toneladas/ano de equivalente carcaça, com uma taxa de abate de 20,87% (CNA, 2004).
A omissão de critérios técnicos na utilização dos recursos naturais e das pastagens, pela exploração da
pecuária, vem causando severas alterações no meio ambiente através de vários tipos ações antrópicas:
Redução da vegetação clímax - uso generalizado do fogo como meio auxiliar no manejo de pastagens e
desmatamento mecânico e/ou químico com uso indiscriminado de máquinas, fogo e herbicidas;
Aumento do processo de erosão - super-pastejo e uso de gramíneas inadequadas a certas áreas e
regiões. Não há obediência aos limites de declividade, para formação e utilização de pastagens, não há
proteção dos topos das elevações e falta meios para o controle da erosão;
Redução da água fluvial - não há adequada proteção vegetal às nascentes e ao longo dos cursos
d'água resultando, consequentemente, em "assoreamento" destes mananciais.
As ações antrópicas devem e podem ser evitadas para que os acidentes associados a degradação das
pastagens e suas conseqüências sócio-econômicas sejam minimizadas ou evitadas. Um recurso que
deve ser adotado pelos atores destas ações seria primariamente, o uso do sistema agropastoril,
integração lavoura e pecuária, principalmente devido ao uso do plantio direto. Contudo, a adoção do
primeiro plantio direto nos cerrados é impedido geralmente, pela necessidade de se fazer uma "toillet" na
área, como eliminar certos arbustos, preparo do solo propriamente dito, nivelamento e plantio, por meio
de implementos como arados, grades e compactadores.
A integração lavoura pecuária, em áreas com declividades moderadas, tornou-se um sistema
importante devido ao uso do plantio direto. O plantio direto traz as seguintes vantagens para o sistema:
maior conservação da água e menor variação na temperatura do solo;
maior capacidade de supressão física das ervas daninhas (reduz o uso de herbicidas pós-emergentes)
especificamente para a palhada de Brachiaria;
controle de doenças (mofo branco, podridão de Fusarium, e podridão de Rhizoctonia), por ação
alelopática causada pela microflora do solo sobre os patógenos, maior longevidade na cobertura do solo
em razão da lenta decomposição de seus resíduos. Por isto e pelo ponto de vista de sustentabilidade os
agrossistemas (agropastoril e outros) têm recebidos nos últimos anos atenção especial a partir do
entendimento agronômico, econômico, ecológico e social (SISTEMA SANTA FÉ, CNPAF, EMBRAPA).
O Sistema Barreirão (SISTEMA BARREIRÃO, CNPAF, EMBRAPA) que foi o usado em um passado
próximo, para a recuperação de pastagens degradadas é hoje substituído pelo Sistema Santa Fé, mais
moderno e com várias alternativas, sendo mais direcionado para o sistema agropastoril. Por exemplo,
uma das alternativas é colocar a semente da forrageira a ser plantada junto com o adubo usado para o
plantio do grão, antecedida ou não de dessecamento (herbicida) das plantas existentes na área (ervas
e/ou forrageiras), ou o plantio da forrageira entre as linhas de plantio do grão. Para retardar o crescimento
da forrageira, em ambos os casos, para evitar a competição pela luz entre ela e a cultura de grão, se usa
uma sub dosagem de um herbicida seletivo para folha estreita. Antes da colheita dos grãos pode haver a
necessidade de nova aplicação de herbicida para facilitar a colheita do grão, devida ao volume da
forrageira. Após a colheita do grão, se usa a forragem para pastejo, fenação e/ou silagem. Uma
característica deste sistema é que após o primeiro ano, anualmente se faz o plantio de grão sobre a
forrageira dessecada, que foi plantada simultaneamente com a cultura anterior e também se faz o re-
semeio da mesma forrageira ou de nova forrageira. Outra variação do sistema agropastoril é a aplicação
do herbicida ao final do ciclo da cultura do grão (normalmente soja) para acelerar a queda das folhas
senescentes e em seguida fazer o plantio da gramínea forrageira. Neste caso tem-se menor competição
por luz entre a soja e a forrageira, e consequentemente maior produção de grãos. A implantação da
cultura do grão deve ser feita o mais cedo possível.
Os conceitos de formação e de renovação de pastagens devem ser bem caracterizados. Ambos se
referem ao estado atual de uso, da área em questão, como pastagem. O conceito de formação de
pastagem é aplicado quando não há presença de pastagem cultivada na área. Por outro lado, o conceito
de renovação de pastagem é aplicado á diferentes situações e que estão em função do grau de
degradação da pastagem cultivada. Assim, tem-se pastagens caraterizadas pela menor produção
quantitativa e qualitativa de forragem a época de crescimento vegetativo, até situações em que há
pequena produtividade da pastagem pela predominância de plantas invasoras e com processos erosivos
acelerados. Entre estas gradações, há situações intermediárias, que podem determinar a intensidade em
que ocorrerá a renovação. Pode haver situações em que o estado de degradação da pastagem está
caracterizado por apresentar apenas redução na produção de forragem, o que pode ser ajustado pela
adubação corretiva do solo. Há, por outro lado, o extremo da degradação, o que envolve, além do preparo
de solo, o plantio, a correção da acidez e a adubação corretiva (de formação).
A intensidade da agricultura, à base de forragens, nas distintas regiões pastoris do Brasil, é
determinada pelo solo e clima, em união com os princípios que regulam a produção e utilização destas.
Embora as plantas forrageiras de regiões secas sejam diferentes daquelas de regiões úmidas, os
princípios básicos de manejo que norteiam a sua utilização serão os mesmos, qualquer que seja a região.
O objetivo deste trabalho é discutir técnicas agronômicas envolvidas com formação e adubação de
pastagens, exigências das plantas forrageiras, descrição das principais gramíneas e leguminosas
recomendadas, suas limitações e potencialidades, e sementes forrageiras.
2. FORMAÇÃO DE PASTAGEM - TÉCNICAS AGRONÔMICAS
2.1. PREPARO DO SOLO
Dependendo do tipo de vegetação existente na área e do grau de declividade tem-se a destoca, com
lâminas em tratores pesados com ou sem auxilio de correntes, para áreas com cobertura vegetal do tipo
cerrado denso e com pouca declividade. Conquanto, estas áreas no Brasil estão se tornando cada vez
mais escassas (IBGE, 2004).
Em áreas cobertas com tipos de vegetação que, predominantemente são baixas, como naquelas
cobertas por cerrados ralos, campos nativos e de pastagens degradadas, com pequeno grau de
declividade, deve-se como primeira medida, fazer aração com arado tipo aiveca. Esta aração irá também
promover uma incorporação do calcário, da matéria orgânica superficial, das sementes de ervas daninhas
e ainda promover uma maior descompactação deste solo. De acordo com a potência disponível no trator,
pode-se usar arados com duas ou quatro aivecas. Sendo que a potência requerida variará de 70 a
110HP. Ainda, a aiveca poderá ser lisa ou recortada, se o solo for caracterizado como arenoso ou
argiloso. O arado tipo aiveca deve ser dotado de um opcional que permita que a aiveca se desarme
quando encontrar algum tipo de resistência. Após a aração, proceder a uma gradagem de nivelamento,
antes do plantio. Esta operação deve ser feita, se possível, durante o período de seca. Segundo a textura
do solo, nos arenosos recomenda-se fazer uma compactação do solo com rolo compactador, antes e
após plantio. Este cuidado é muito importante, pela característica das sementes forrageiras (pequeno
tamanho), principalmente das gramíneas. Normalmente, em solos areno-argilosos ou francos é
recomendada uma compactação imediatamente após o plantio. Poderá também ocorrer situações de
plantio direto após o dessecamento da vegetação existente, principalmente em se tratando de pastagem
degradada e campos nativos.
Após as operações de limpeza, sempre proceder à conservação do solo, nos casos pertinentes. Áreas
com declividade inferior a 8%, não é necessário conservação do solo, por constituir a cobertura da
pastagem uma medida eficiente neste sentido, exceção em solos arenosos. Neste caso deve-se usar
cordão em contorno. Estas áreas são, hoje, as mais usadas para o sistema agropastoril, em que se usa o
plantio direto. Áreas com declividades entre 8 e 18%, devem ser preparadas com construção de cordão
em contorno, sem gradiente, aração e uso de plantas que protejam bem o solo (estoloníferas),
independente da textura do solo. Áreas com declividade entre 18 e 35%, as operações de desmatamento
e/ou destoca e abertura de sulcos para plantio devem ser feitas apenas em 2/3 da superfície inferior da
elevação. A parte superior (1/3), se possuir alguma vegetação arbustiva, deve ser cercada por um período
superior a cinco anos e não receber nenhum tratamento mecânico ou químico, independentemente da
textura do solo. Nestas áreas, não havendo vegetação arbustiva, deve-se proceder ao plantio de plantas
arbóreas frutíferas e/ou leguminosas. A parte inferior (2/3 inferior), deve-se usar espécies forrageiras
estoloníferas e não fazer nenhum tipo de conservação de solo, para evitar acidentes com animais, devido
a altura dos degraus formados pelos terraços. Áreas com declividade acima de 35%, não devem ser
utilizadas na forma de pastagens e se o são devem ser transformadas em sistema Silviopastoril.
2.2. AMOSTRAGEM DO SOLO
Após a limpeza da área deve-se proceder a amostragem do solo para as análises química de macro e
micros elementos, e a análise física. A amostra do solo para ser representativa, a área a ser amostrada
deve ser o mais homogênea possível. Assim, a propriedade (fazenda) ou a área a ser amostrada deverá
ser subdividida em glebas ou talhões homogêneos. Nesta subdivisão ou estratificação, levam-se em
conta o tipo de vegetação, a posição geográfica (topo do morro, meia encosta, baixada, etc.), as
características perceptíveis do solo (cor, textura, condição de drenagem, etc.) e o histórico da área
(cultura atual e anterior, produtividade observada, uso de fertilizantes e corretivos, etc.). Para maior
eficiência na amostragem, o tamanho da gleba não deve ser superior a 10ha. Portanto, glebas
homogêneas, mas muito grandes, devem ser subdivididas em sub-glebas de 10ha. Para as análises do
solo trabalha-se com amostras simples e amostras compostas. A amostra simples é o volume de solo
coletado em um ponto da gleba e a composta é a mistura homogênea das várias amostras simples
coletadas da gleba. As amostras simples são obtidas através de um caminhamento em zig-zag na gleba
em pelo menos 21 pontos e posteriormente homogeneizada (misturada) para formar a amostra composta.
Para que a amostra composta seja representativa da gleba, deve ser coletadas de 20 a 30 amostras
simples por gleba. Para a maioria dos solos, as amostras simples devem ser coletadas na camada de 0 a
20cm, devendo levar em consideração os locais de maior concentração do volume de raízes. Antes da
coleta da amostra simples deve-se limpar a superfície do solo, remover os restos vegetais sem, contudo,
remover a camada superficial do solo. O tamanho da amostra composta para ser remetida ao laboratório
de análise deve ser de pouco menos de meio litro (aproximadamente ¼ de litro) e ser seca a sombra
antes da remessa (CFCSMG, 1999).
Como exemplo, será tomado os resultados analíticos da amostra de solo de uma gleba da Fazenda
Paraíso (Quadro1), para o desenvolvimento de cálculos de correção de acidez e de fertilização.
Quadro 1 - Resultados analíticos da amostra de uma gleba do solo da fazenda paraíso (amostras
obtidas em uma camada com 20cm de profundidade).
Características Unidades
Classificação
Baixo Médio Alto
Cálcio Trocável (Ca) 2 cmolc/dm³ - 1,51 -
Magnésio Trocável (Mg) 2 cmolc/dm³ - 0,60 -
Acidez Trocável (Al) 2 cmolc/dm³ - 0,51 -
Acidez Potencial (H+Al) 4 meq/100 cm³ - 5 -
Potássio Disponível (K) 1 mg/dm³ - 50 -
Fósforo Disponível (P) 1 mg/dm³ 6,0 - -
Fósforo rem (P-rem) 3 mg/L 4,0 - -
Zinco disponível (Zn) 1 mg/dm³ 4 - -
Cobre disponível (Cu) 1 mg/dm³ 0,4 - -
Boro disponível (B) 1 mg/dm³ 0,20 - -
Manganês disponível (Mn) 1 mg/dm³ 4 - -
Ferro disponível (Fe) 1 mg/dm³ - 32 -
Enxofre disponível (S) 5 mg/dm³ 6,0 - -
Soma de bases (SB) 4 cmol c /dm³ - 2,26 -
Saturação por bases (V) 6 % 42
(Solo Textura Média) 40% argila - - -
1 Método Mehlich-1. 2 Método KCl 1mol/L. 3 P-rem. 4 Método Ca(OAc) 2. 5 Método Hoeft et al, 1973. 6
V = 100 x SB/T.
2.3 CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO
2.3.1 Tipos de corretivos
Os benefícios da correção com calcário ou silicato de cálcio e magnésio são melhoria no pH do solo,
que irá proporcionar maior disponibilidade de fósforo para a planta, redução dos valores de Al+++ trocável
e aumento dos níveis de Ca e/ou Mg no solo. Os Calcários são classificados em função do teor de MgO
neles, assim eles podem ser calcíticos (< 5% = < 5dag/kg de MgO), magnesianos (5-12% = 5-12dag/kg
de MgO) e dolomíticos (>12% = >12dag/kg de MgO).
Os Silicatos são classificados conforme sua origem, a qual determina o teor de SiO2 total e solúvel. Os
valores dos óxidos (CaO e MgO) nos Silicatos também variam conforme a origem e podem variar de 26 a
43% de CaO e de 2,9 a 19,1% MgO (KONDORFER et al, 2004).
Quanto ao Silicato, ele pode fornecer ao solo conforme sua origem, o Si solúvel (até 43% de SiO2
solúvel), que é disponível para as plantas (RAIJ, 1991), e se torna muito importante em solos
intemperizados de cerrado, normalmente com nível crítico deste elemento (<18ppm) para as plantas
acumuladoras deste elemento, como também o cálcio e o magnésio.
Em situações em que se faz uso do calcário, ou seja, em áreas cujo grau de declividade permitir,
(devido a necessidade de sua incorporação) procede-se a sua aplicação no início das chuvas, seguida de
incorporação, a uma profundidade de 20 a 30cm, de preferência com arado tipo aiveca. Após a aração,
recomenda-se proceder a uma gradagem de nivelamento, logo antes do plantio.
O silicato da cálcio e magnésio, por apresentar comportamento semelhante ao dos carbonatos, pode
substituir os calcários. Assim sendo, a dose de silicato a ser aplicada nos solos, deve ser baseada em
qualquer dos métodos de recomendação de calagem (Alumínio, Saturação por bases, Ca +Mg, etc.). A
forma de aplicação é a mesma do calcário sem ser necessário contudo, a sua incorporação, e apresenta
efeito residual longo (5 anos), (KONDORFER et al, 2004).
O uso do silício, segundo Kondorfer et al (2004), traz os seguintes benefícios ao solo:
corrige a acidez (aumenta o pH);
reduz o efeito do Al+++ trocável;
aumenta os teores de Ca e Mg;
aumenta ainda mais a disponibilidade de fósforo e microelementos, pelo fato do Si fornecido ao solo
competir para fixação destes, liberando-os para a planta;
reduz o efeito tóxico do Fe, Mn e Alumínio;
aumenta a saturação por bases; e
aumenta o teor de Si solúvel no solo.
Ainda, confere a planta maior tolerância as pragas (sugadores e mastigadores) e doenças
(principalmente fungos) devida a maior resistência da parede celular pela presença de sílica amorfa
nesta, maior resistência ao acamamento e ainda maior taxa fotossintética devida a melhoria da
arquitetura foliar pela presença de maior quantidade de silício nos tecidos de sustentação/suporte do
caule e das folhas.
De modo geral, os solos brasileiros apresentam níveis muito baixos em fósforo, com grande quantidade
de fósforo na forma indisponível à planta, quando o pH é baixo. Em pH maior, esse fósforo torna-se
disponível. Talvez esse seja o grande benefício de se fazer calagem em solos de cerrado. O malefício
que uma calagem pode trazer ao solo é o de reduzir a disponibilidade de micronutrientes, podendo levar a
planta a alguma deficiência (cobre, zinco, manganês ou boro).
2.3.2. PRNT dos corretivos
Para o cálculo da quantidade de corretivo deve-se conhecer algumas características do corretivo
usado. Uma delas é o poder relativo de neutralização total (PRNT). O PRNT tem haver com a
percentagem de CaO e MgO e a granulometria do corretivo. Para se conhecer o PRNT é necessário
também conhecer a reatividade (RE) e o teor de neutralizantes. A reatividade varia de zero a 100% e está
em função do número da peneira (granulometria) que o classificou. Por exemplo, um corretivo retido na
peneira ABNT nº 10 (partículas >2mm), sua RE é zero. Passando na peneira ABNT nº 20 (partículas entre
0,84 -2,0mm) e sendo retido na peneira ABNT nº 50 (partículas entre 0,30 - 0,84mm) sua RE é de 60%.
Se todo o corretivo passar na peneira ABNT nº 50 (partículas menores que 0,30mm) a RE é de 100%.
O teor de neutralizantes é obtido do poder de neutralização (PN) e ele é expresso em equivalente de
carbonato de cálcio, de acordo com a legislação vigente. Portanto, o PRNT é determinado pela seguinte
expressão:
PRNT = PN x RE/100.
Tomando como exemplo um corretivo com 38% de CaO e 10% de MgO o seu PN será de 93%. Para
se determinar este valor toma-se primeiramente os pesos atômicos dos elementos: (Ca = 40,08), (O =
16), (C = 12,01) e (Mg = 24,32).
Em relação ao [CaO] - Peso atômico do óxido = 56,08.
Em relação ao [MgO] - Peso atômico do óxido = 40,32.
Como o PN é expresso em equivalente de CaCO3 tem-se: Em relação ao [CaCO3] - Peso atômico sal
= 100,09. O PN para o CaO será: 100,09/56,08 = 1,784, relação entre sal e óxido.
Se tem 38% de CaO no corretivo tem-se: 1,784 x 38 = 67,79%.
Consequentemente o PN para o MgO será: 100,09/40,32 = 2,482 relação entre sal e óxido. Se tem
10% de MgO no corretivo tem-se: 2,482 x 10 = 24,82.
Portanto o PN é de 67,79 + 24,82 = 92,61%, por arredondamento tem-se; PN = 93%. A sua RE será de
65,60% considerando que cerca de 26% do corretivo passou entre a peneira 20 e 50 (60 x 26 = 15,6) e
50% passou na peneira ABNT nº 50. Portanto a sua RE será de (60 x 26% = 15,6) + (50 x 100% = 50) =
65,60 e consequentemente o PRNT = PN x RE/100, será de 93% x 65,60% = 61,00.
Os poderes neutralizantes da acidez (PN) para o calcário é de 67%, para a cal virgem é de 125%, para
cal hidratada é de 94% e para os silicatos de Ca e Mg (escórias de alto forno) é de aproximadamente
65%.
2.3.3 Método de correção da acidez.
a. Saturação por bases
Quadro 2 - Interpretação de análise de solos pelos índices de saturação.
Atributos
Interpretação de Análise de Solos - Saturação
Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto
Por Bases V < 20 21 - 40 41 - 60 61 - 80 > 80
Por Alumínio < 15 16 - 30 31 - 50 51 -75 > 75
pH em água < 4,5 4,5 - 5,4 5,5 - 6,0 6,1 - 7,0 > 7,0
pH em CaCl2 < 4,3 4,4 - 5,0 5,1 - 5,5 5,6 - 6,0 > 6,0
Neste método considera-se a relação existente entre o pH e a saturação por bases (V). Quando se
quer, com a correção, alcançar definido valor de saturação por bases, pretende-se corrigir a acidez do
solo até definido pH, considerado adequado a certa cultura. Para este método deve-se conhecer os
valores de Ca, Mg, e K trocáveis e, em alguns casos, de Na trocável, além da acidez potencial (H + Al).
Para se calcular a necessidade do corretivo a ser usada, vale-se da fórmula:
NC = T (V2 - V1)/100 x PRNT através do método de saturação de bases.
Em que: T = capacidade de troca de cátions do solo a pH 7. Obtém-se o T somando os valores de Ca +
Mg + K + H + Al/100cm³, obtidos na análise do solo. Como na fórmula anterior de capacidade de troca de
cátions (T) todos os valores são representados com meq/100cm³, há necessidade de transformação do K,
portanto:
T = 1,5 + 0,6 + 0,127 ?+ 5,0 + 0,51
T = 7,73 meq/100cm³
Nota-se que o teor de K (Quadro 1) é expresso em mg/dm³ ou ppm é necessário transforma-lo em
meq/100cm³ de solo: 1 meq = 50 / 390,9 = 0,127 ? (peso atômico do K = 39,09).
Ainda: V2 = percentagem de saturação de bases desejada (obtida por dados de pesquisa para
pastagem). Variam em pastagem de 60 para as leguminosas mais exigentes a 40 para as de menor grau.
Para gramíneas variam de 50 a 40, segundo seus graus de exigências. V1 = percentagem de saturação
de bases do solo.
V1 = 100 x SB/T, em que SB = Ca + Mg + K meq/100cm³ = 2,26
V1 = 100 x 2,26/7,73 = 29,63
Portanto: T = 7,73, V2 = 60,00, V1 = 29,63
Necessidade do corretivo (NC) = T (V2 - V1)/100 = 7,73 (60,0 - 29,63)/100
NC = 2,31t/ha de calcário dolomítico por hectare com PRNT = 100%.
b. Neutralização do Al 3+ e da elevação dos teores de Ca2++ Mg2+
A necessidade de corretivo para uma camada de 0 - 20cm de solo é assim calculada:
NC = Y x Al + [X - (Ca + Mg)] = t por hectare com PRNT de 100%.
O valor Y varia em função da textura do solo (Quadro 3).
Quadro 3 - Valores de Y baseados na textura do solo.
Classisicação do Solo Argila % Valores de Y
Arenoso 0 a 15 0,0 a 1,0
Textura Média 15 a 35 1,0 a 2,0
Argiloso 35 a 60 2,0 a 3,0
Muito Argiloso 60 a 100 3,0 a 4,0
Aproximadamente, o valor X varia de acordo com a cultura: valor 1 - para eucalípto, valor 2 - para
maioria das culturas e pastagens, valor 3 - para cafeeiro. Detalhando para as forrageiras tem-se:
Valores de X que variam de 2,5 a 1 para as leguminosas mais exigentes e as menos exigentes.
Valores de X de 2 a 1,5 para as gramíneas mais e menos exigentes.
Portanto, para uma pastagem de uma gleba da Fazenda Paraíso (Quadro 1):
NC = 3 x 0,51 + [2,5 - 1,1]
NC = 1,53 + 1,40
NC = 2,93/ha de corretivo.
2.3.4 Escolha do corretivo (CFSEMG, 1999).
A necessidade calculada (NC) de corretivo com os critérios ou métodos anteriormente apresentados
indica a quantidade de CaCO3 ou de calcário PRNT = 100% a ser incorporado por hectare, na camada de
0 a 20cm de profundidade. Portanto, indica a quantidade de corretivo teórica. Na realidade, a
determinação da quantidade de corretivo a ser usada por área deve levar em consideração os seguintes
critérios:
A percentagem da superfície do terreno a ser coberta na correção (SC, em %).
A que profundidade será incorporado o corretivo (PF, em %).
O poder relativo de neutralização total do corretivo a usado (PRNT, em %).
Portanto, a quantidade de corretivo a ser usado será (QC, em t/ha):
SC em pastagem é 100 por ser aplicado em toda a superfície do solo.
PF em pastagem a profundidade de aplicação é de 0 a 20cm
QC = NC x SC/100 x PF/20 x 100/PRNT = 2,93 x 1 x 1 x 100/90 = 3,257t/ha.
O corretivo é comercializado com base no peso do material, portanto a escolha do corretivo deve levar
em consideração também o uso de critérios técnicos (qualidade do corretivo) e econômicos, procurando
maximizar os benefícios e minimizar os custos.
Preço por tonelada efetiva = Preço por tonelada na propriedade/PRNT
Em relação a qualidade do corretivo deve levar em conta o poder de neutralização (PN) que está em
função de sua natureza geológica, sua granulometria e o teor de nutrientes, especialmente de cálcio e de
magnésio. O PN avalia o teor de materiais neutralizantes do corretivo, ou seja, a capacidade de reação
dos ânions presentes. Considera-se o CaCO3 como padrão igual a 100%. Determina-se o PN por
neutralização direta com ácido clorídrico, sendo expresso em %.
2.3.5 Época e modo de aplicação do corretivo (CFSEMG, 1999)
O calcário por ser material de baixa solubilidade, de reação lenta, ele deve ser aplicado 2 a 3 meses
antes do plantio, para que as reações esperadas se processem. Não havendo umidade suficiente no solo
não haverá reações com o solo. Os silicatos de cálcio e magnésio oriundos de fornos de fabricação de
aço especial, podem ser usados logo antes do plantio por apresentarem reação alta, mas requerem
também umidade no solo. O calcário deve ser distribuído uniformemente sobre a superfície do solo,
manualmente ou por meio de máquinas próprias e incorporado com arado ou grade até uma profundidade
de 15 ou 20cm. Em relação aos silicatos basta apenas uma gradagem para sua incorporação. A análise
do solo, 3 ou 4 anos depois da sua correção, pode indicar sobre a necessidade ou não de nova aplicação
de corretivo de acidez.
Imbuído no sentido de diminuir o custo da correção da acidez (quantidade de corretivo e modo de
aplicação) muitos agricultores tem usado o corretivo no sulco de plantio, prática denominada de "Filler".
Para fornecer os nutrientes cálcio e magnésio em solos deficitários nestes elementos, pode-se usar o
"Filler". Há contudo, trabalhos de pesquisa mostrando a ineficiência deste método, pelo risco de
desenvolvimento do sistema radicular localizado, podendo ocasionar tombamento da planta e maior
estres "déficit" hídrico.
Cuidado especial deve ser tomado em relação á aplicação de excesso de corretivo. A super-calagem
pode causar a precipitação de vários nutrientes do solo, como o fósforo, zinco, cobre, manganês e ferro,
além de causar danos as propriedades físicas do solo. O fato mais comum que causa super calagem é
aplicar o corretivo na camada de 0 a 10cm de profundidade, levando a duplicação da quantidade de
corretivo calculada. Caso muito comum é usar 500g de corretivo por cova (40 x 40 x 40cm = 64dm²),
significando uma dose 3,125 vezes maior do que a indicada, que é de 5t/ha ou seja de 160g/cova.
2.4 ADUBAÇÃO DE CORREÇÃO OU DE FORMAÇÃO
2.4.1. Macro nutrientes
Cálculo das adubações corretivas ou de formação para o fósforo e o potássio antes de se proceder a
implantação da pastagem.
Em relação ao fósforo, o tipo de solo (textura e pH) vai afetar o equilíbrio de fósforo, conforme o
seguinte esquema:
P - não lábil ? P - lábil ? P - solução ? P - planta
O P - não lábil representa as formas de fósforo precipitados (solos ricos em Al e Fe) ou absorvidos no
solo com elevada energia (caso de solo argiloso). O P-lábil é representado por alguma forma que está em
equilíbrio com o P-solução, podendo, assim, repor para a solução os íons fosfatos (HPO³¯ ou HPO4 à
medida que estes são absorvidos pela planta. Portanto, de acordo com o tipo de solo, tem-se a
disponibilidade e a quantidade de fósforo recomendada (Quadro 4).
Quadro 4 - Classes de interpretação da disponibilidade e das quantidades a ser aplicadas de fósforo de
acordo com teor de argila do solo. (CFSEMG,1999) (Análise feita em uma camada de 20cm de solo e
extraído pelo método MEHLICH-1).
% de Argila no
solo
Níveis críticos de Fósforo disponível em mg/dm³
= ppm
Quantidade de Fósforo para os níveis críticos (kg/ha de
P2O5)
60 -100% 2,8 - 5,4 baixo 8,1- 12,0 bom 120 50
35 - 60% 4,1 - 8,0 baixo 12,1- 18,0 bom 110 40
15 - 35% 6,7- 12,0 baixo 20,1- 30,0 bom 90 30
0 - 15% 10,1- 20,0 baixo 30,1- 45,0 bom 70 20
Reportando ao Quadro 4, solos com textura média (40% argila) mas que apresentam em sua
subsuperfície (0-20cm) níveis de P2O5 disponível que variam de 4,1 a 8,0, necessitam cerca de 110kg de
P2O5 para corrigir este nível baixo. Em relação ao solo arenoso, os níveis críticos são maiores, porque
este tipo de solo não tem poder de retê-lo e, posteriormente, fornecê-lo gradativamente para a solução do
solo.
Como princípio geral de fertilização com fosfatos, a colocação do fertilizante sempre deve ser feita
próxima á semente, como não deve ser diferente das outras culturas, mas também de acordo com a
capacidade tampão do solo, ou seja, a quantidade de argila presente neste solo. Portanto, de acordo com
a quantidade de P remanescente (P-rem, mg/L), que é uma função do poder tampão do solo, deve-se
proceder a correção da quantidade de fósforo a ser aplicada pelos fatores correspondentes (Quadro 5).
Quadro 5 - Fatores usados para correção da quantidade de fósforo a ser aplicada. (CFSEMG,1999)
Premanescente - mg/L 0 a 4 4,1 a 10 11a 19 19,1 a 30 31 a 44 45 a 60
Fator 1,3 1,15 1 0,85 0,7 0,6
Reportando ao Quadro 4, a quantidade de P-rem é da ordem de 4, necessitando usar o fator 1,3 para
se determinar a quantidade de fósforo recomendada. Portanto, a quantidade é de cerca de 140kg/ha de
P2O5.
Algumas fontes de fósforo disponíveis no mercado brasileiro são apresentados no Quadro 6.
Quadro 6 - Fertilizantes fosfatados, garantias mínimas e especificações.
Fertilizante Garantia Mínima Forma do Nutriente
Escória de Thomas 12% P2O5 P2O5 sol. em ácido cítrico
Fosfato bicalcico 38% P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O
Fosfato monoamônico (MAP)
48% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O
44% de P2O5 P2O5 sol em H2O
9% de N N na forma de NH4 +
Fosfato diamônico(DAP)
45% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O
38% de P2O5 P2O5 sol. em H2O
% de N N na forma de NH4+
Fosfato natural
24% de P2O5 P2O5 Total
4% de P2O5 P2O5 sol em H2O
Fosfato natural parcialmente acidulado
25% de P2O5 P2O5 Total
18% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O
Super-fosfato simples
18% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O
16% de P2O5 P2O5 sol. em H2O
Super-fosfato triplo
41% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O
37% de P2O5 P 2 O 5 sol. em H2O
Termofosfato magnesiano
17% de P2O5 P2O5 Total
14% de P2O5 P2O5 sol. em acido cítrico
Hiperfosfato
28% de P2O5 P2O5 Total
12% de P2O5 P2O5 sol. em acido cítrico
Quanto ao potássio, este não apresenta problema em relação ao tipo de solo, como o fósforo. Contudo,
solos ácidos são pobres em potássio disponível, por causa da excessiva lixiviação que pode ocorrer. A
adubação com potássio deve ser feita em cobertura, quando a forrageira cobrir 60 a 70% do solo, visando
melhor aproveitamento do fertilizante. Os níveis críticos de K e a quantidade recomendada como corretivo
são apresentados no Quadro 7.
Quadro 7 - Classes de interpretação da disponibilidade para o Potássio (CFSEMG,1999), (Análise feita
nas amostras de solo na camada de 0,20cm de solo).
Nível Crítico de Potássio Disponível 1 no Solo mg/dm³ ou ppm Quantidade Corretiva Recomendakg/ha de K2O
< 15 - muito baixo 200
16 - 40 - baixo 150
41 - 70 - médio 100
71 - 120 - bom 50
> 120 - muito bom 0
1 Método Mehlich-1
Portanto, são necessários 100kg de K2O por hectare, para corrigir o nível de potássio encontrado na
análise (Quadro 1).
Algumas fontes de potássio, disponíveis mercado brasileiro são apresentadas no Quadro 8.
Quadro 8 - Fertilizantes potássicos, garantias mínimas.
Fertilizante Garantia Mínima Forma do Nutriente Observações
Cloreto de potássio 58% K2O K2O sol. em água 45 a 48% de Cl
Sulfato de potássio 48% K2O K2O sol. em água 15 a 17% de S e 1,2% Mg
Sulfato de potássio e Magnésio 18%de K2O K2O sol. em água 23% de S e 4,5% Mg
Nitrato de potássio 44% de K2O K2O sol. em água 13% de N, forma Nítrica
Referindo-se ao nitrogênio, a solubilidade dos sais de N é alta em toda faixa de pH. Contudo, a
mineralização do N é maior em pH de 6 a 8, por causa da presença favorável dos microorganismos no
solo. Em relação à quantidade de N recomendada, esta difere de fósforo e potássio, devido ao seu
comportamento no solo. Portanto, o nitrogênio é aplicado parceladamente e anualmente, e não depende
da análise do solo. Atenção deve ser dada à aplicação de N, no que se refere a acidez do solo. Verificar
regularmente este aspecto. Trabalhos de pesquisa mostram a ineficiência do fósforo e do potássio em
solos pobres em matéria orgânica e consequentemente limitante em nitrogênio, principalmente em áreas
com pastagem degradada. Existe uma grande interação entre fósforo e potássio com o nitrogênio nestas
condições de solo.
Após as aplicações de corretivo e de fósforo e potássio (corretivos) recomenda-se a aplicação de N em
cobertura, parcelado em 2 a 4 vezes no período de primavera com pequena intensidade (20-30% após
primeira chuva), de verão com maior intensidade (60-70%) e de outono com baixa intensidade (10-20%),
nas seguintes quantidades por aplicação: médias produções de forragem usar de 50 a 70kg de N/ha, para
altas de 71 a 150kg de N/ha e ainda para produções mais elevadas de 151 a 200kg de N/ha. Sempre
aplicar a lanço e em cobertura quando o solo estiver coberto com forragem (60 a 70%). Dar preferencia
ao sulfato de amônio, para evitar perdas de nitrogênio. Usar uréia em condições de boa cobertura vegetal,
com bom nível de umidade no solo e sem sol pleno e dias não muito quentes.
As fontes de nitrogênio disponíveis no mercado brasileiro são apresentadas no Quadro 9.
Quadro 9 - Alguns fertilizantes nitrogenados, garantias mínimas.
Fertilizante Garantia Mínima Formas do Nutriente Observaões
Amônia anidra 82% de N Amoniacal - NH4+
Nitrato de amônio 32% de N 50% Amoniacal e 50% nítrica - NO3-
Nitrato de cálcio 14% de N Nítrica (NO3-) e 1,5% Amoniacal 18% de Ca
Sulfato de amônio 20% de N Amoniacal - NH4+ 23% de S
Uréia 44% de N Amídica (NH2)
Quanto ao cálcio e magnésio, eles se encontram em formas disponíveis em pH acima de 5. Solos
muito ácidos são pobres nestes elementos (Quadro 10). De modo geral, quando se faz a correção da
acidez com calcário ou silicato, as quantidades exigidas em cálcio e magnésio são alcançadas.
O potássio concorre com o magnésio no sítio de absorção pela planta. Adubações com potássio
reduzem o teor de magnésio na planta. Níveis maiores de magnésio no solo reduzem, por outro lado, o
teor de proteína na planta, por afetar a sua síntese. Níveis deficientes de magnésio na planta causam a
tetania das pastagem. Os íons de potássio, de amônio reduzem a absorção do íon de magnésio.
Portanto, tem-se uma interação entre elementos em suas absorções (ROBINSON, 1989). Contudo, se for
necessário adicionar mais cálcio e magnésio ao solo, a forma mais simplificada para se determinar a
quantidade de Ca + Mg é baseada no nível crítico deles, que é expresso em cmol c/dm³.
Quadro 10 - Classes de interpretação de fertilidade do solo para o complexo de troca catiônica
(CFSEMG,1999) (Amostra de uma camada de solo de 20cm).
Características Unidade
Classificação
Baixo Médio Bom
Cálcio Trocável
cmolc/dm³
0,41 - 1,20 1,21 - 2,40 2,41 - 4,00
Magnésio Trocável 0,16 - 0,45 0,46 - 0,90 0,91 - 1,50
As fontes de cálcio e magnésio mais comuns são os calcários e os silicatos de cálcio e magnésio.
Portanto, para calcular a quantidade de calcário ou de silicato para se adicionar ao solo, com o fim de
fornecer cálcio e magnésio, vale-se da fórmula: Q de corretivo de Ca + Mg = 2 [ - ] cmol c /dm³ Ca + Mg =
t de calcário ou silicato de cálcio e magnésio (PRNT = 100%) por hectare.
Tomando o solo da Fazenda Paraíso (Quadro 1) como exemplo, procede-se da seguinte forma para se
calcular a quantidade de Ca e Mg para este solo:
Ca = 1,51 cmol c/dcm³ e Mg = 0,60 cmol c/dm³ de solo.
Aplicando a fórmula tem-se: Q.C.= 2 [ - ]cmol c/dm³ de Ca + cmol c/dm³ de Mg = t de corretivo. Q.C. = 2
- 1,51 + 0,60 = zero como corretivo de cálcio e magnésio. Portanto não é necessária a correção de Ca e
Mg neste solo.
Em relação ao enxofre baseado em fósforo remanescente, pode variar de muito baixo a muito bom. Em
solo com 15mg/L de P-remanescente, o enxofre disponível deve estar em torno de 6,0mg/dm³ 6ppm, o
que é considerado nível médio no solo. O enxofre é o último macronutriente colocado em escala de
importância para a adubação de pastagem. Normalmente, o enxofre contido nos superfosfatos e sulfatos
pode ser o suficiente para pastagem, se o solo não for muito deficiente. O gesso (sulfato de cálcio, 16%
de Ca e 13% de S) é muito usado para eliminar o Al trocável, fornecer Ca às subsuperfícies mais
profundas (>20cm) e fornecer quantidade apreciável de S ao solo.
As fontes de cálcio, magnésio e enxofre disponíveis no mercado brasileiro são apresentadas no
Quadro 11.
Quadro 11 - Fertilizantes com macronutrientes secundários (cálcio, magnésio e enxofre), garantias
mínimas.
Fertilizante Garantia Mínima Formas do Nutriente Observações
Carbonato de magnésio 27% Mg MgCO3 -
Cloreto de cálcio 24% de Ca CaCl 2 . 2H2O -
Enxofre 95% de S Enxofre total -
Óxido de magnésio 55% de Mg Na forma de MgO -
Sulfato de cálcio(gesso) 16% de Ca Forma elementar 14% de S
Sulfato de magnésio 9% de Mg Solúvel em água 13% de S
Plantas deficientes em enxofre apresentam níveis elevados de nitrogênio solúvel (amidas, amino
ácidos solúveis, asparagina, arginina, glutamina), nitrato e baixos níveis de nitrogênio protéico, pois o
enxofre faz parte de amino ácidos essenciais (metionina e cisteina), (BALSALOBRE, 2004).
2.4.2 Micronutrientes
Para interpretar a disponibilidade de micronutrientes (Zn, B, Cu, Fe, Mo, Co e Mn), tem-se poucas
informações, mesmo sendo freqüente a deficiência de Zn e/ou B em várias regiões brasileiras. Contudo
tem-se algumas referências de níveis muito baixo, baixo, crítico e bom de certos micronutrientes no solo
(Quadro 12).
Quadro 12 - Classes de interpretação da disponibilidade para os micronutrientes (CFSEMG,1999).
Amostra obtida no perfil de 0 a 20cm do solo.
Micronutriente
Classificação e Unidade mg/dm³ = ppm
Muito baixo Baixo Crítico Bom
Zn disponível (Zn) 3 <= 2,0 2,0 - 4,0 4,0 >4,0
B disponível (B) 1 <= 0,5 0,5 - 1,0 1,0 >1,0
Cu disponível (Cu) 3 <= 0,30 0,30 - 0,60 0,6 > 0,6
Fe disponível (Fe) 3 <= 20 20 - 30 30 >30
Mo disponível (Mo) 4 < 0,10 0,10 - 0,20 0,20 > 0,20
Co disponível (Co) 2 0,10 0,10 - 0,25 0,25 >0,25
Mn disponível(Mn) 3 <= 2,5 2,5 - 5,0 5,0 >5,0
1 Extração por água quente 2 Acido acético 3 Extração rotineira de Carolina do Norte 4 Extração por oxalato de amônio
Quanto a correção do solo no que se refere aos micronutrientes (Zn, B, Cu, Fe, Mo, Co e Mn)
principalmente, quando se trata de leguminosas, deve-se usar, de preferencia as fritas (oxi-silicatos) como
o FTE (Frited trace elements). As formulações de micronutrientes são apresentadas no Quadro 13. Para
forrageiras mais produtivas e para leguminosas recomenda-se 80kg/ha de FTE- BR.12 à época da
correção do solo.
Quadro 13 - Formulações comerciais de micronutrientes mais comuns
Produtos
Concentração - %
Zn B Cu Fe Mn Mo Cu
FTE-BR.8 7 2,5 1 5 10 0,1 -
FTE-BR.9 6 2 0,8 6 3 0,1 -
FTE-R.10 7 2,5 1 4 4 0,1 0,1
FTE-BR.12 9 1,8 0,8 3 2 0,1 -
BR.EXTRA 15 2,5 1 3 3 0,1 -
FTE-BR.13 7 1,5 2 2 2 0,1 -
FTE-BR.15 8 2,8 0,8 - - 0,1 -
FTE-BR.16 3,5 1,5 3,5 - - 0,1 -
FTE-BR24 18 3,6 1,6 6 4 0,2 -
MICRONUTRI-121 12 1 - - - 0,6 0,15
MICRONUTRI-155 15 5 - - 6%de Mg - -
MICRONUTRI-301 30 1 1 - - - -
ZINCOP 101 10 2 10 - - - -
ZINCOP 210 20 - 10 5 - - -
NUTRIZINCO I 30 - - 2 - - -
NUTRIZINCO II 20 - - - - - 6% de S
As fontes de micronutrientes (B, Cu, Mo, Zn, Co, Fe, Mn) disponíveis no mercado brasileiro são
apresentadas no Quadro 14.
Quadro 14 - Fertilizantes contendo micronutrientes, garantias mínimas.
Fertilizante Garantia Mínima FORMAS DO NUTRIENTE OBSERVAÇÕES
Bórax 11%B Borato de sódio(Na2 B4 O7 .10H2O) Solúvel em água
Ácido bórico 17% B Ácido (H3 BO3 ) Solúvel em água
Sulfato de cobre 13% Cu Sulfato Sol. em água - 17% de S
Fosfato cúprico 32% Cu Fosfato de amônio e cobre 5% de P2 O5 sol. em CNA
Óxido cúprico 75% Cu Óxido ( Cu O) 13% de S
Molibdato de sódio 39% Mo Na2MoO4.2H2O Sol. em água
Sulfato de zinco 20% Zn ZnSO4 .7H2O Sol. em água - 17% S
Óxido de zinco 75% Zn Zinco total (ZnO) Não solúvel em água
Cloreto de cobalto 34% Co Co Cl 2 .2H2O Solúvel em água
Óxido de cobalto 75% Co Cobalto total (CoO) Não solúvel em água
Sulfato ferroso 19% Fe FeSO4 .7H2O Sol. em água-10% S
Sulfato manganoso 26% Mn MnSO4 .3H2O Sol. Em água-15%S
3. LITERATURA CONSULTADA
ANUALPEC 2004. Anuário da pecuária brasileira. FNP Consultoria & Agroinformativos. São Paulo, 2004. p.376.
BALSABORE, M.A.A. Enxofre pastagens.2004. In: www.milkpoint.com.br/radarestécnicos/artigo. São Paulo, 07-2004.
CARNEIRO, A.M. Forragicultura. Escola Veterinária da UFMG. Belo Horizonte. p.5 - 86 (Bol. Técnico). 1996.
KITCHEL, et al. Reforma ou recuperação de pastagem. 1997. In: www.milkpoint.com.br/radarestécnicos/artigo. São Paulo,
07-2004.
KONDORFER, G.H., PEREIRA, H.S., CAMARGO, M.S. 2004. Silicatos de cálcio e magnésio na agricultura. Boletim Técnico
n°1- 3 ed. Instituto de Ciências Agrárias. UFU. p.28.
LOBATO, E., SANZONOWICS, C. Adubação Testada em Pastagem. In: Mattos, B.B; Werner, J.C; YAMADA, T ;
MALAVOLTA, E. Eds. Calagem e Adubação de Pastagens. Piracicaba. Associação Brasileira para Pesquisa do Potássio e do
Fosfato. 1986 p. 145 - 179.
MALAVOLTA, E. 1979. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo, Editora Agronômica Ceres. 1981. 254 p.
MONTEIRO, F.A., WERNER, J.C. Ciclagem de nutrientes minerais em pastagens. In: Simpósio sobre Ecossistema de
Pastagem. Jaboticabal. S.P 1990. Anais. Jaboticabal UNESP. FCAV/FUNEP. 1990. p. 149 - 192.
OLIVEIRA et al. Efeito de fósforo e nitrogênio em pastagem estabelecida em cerrado. 2001. In:
milkpoint.com.br/radarestécnicos/artigo, 07-2004. São Paulo.
RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE CORRETIVOS E FERTILIZANTES DE MINAS GERAIS. CFSEMG, 5ª aproximação
- Viçosa - 1999. 176 p.
ROBINSON et al. Magnésio em Pastagens. In: milkpoin t.com.br radarestecnicos. São Paulo, 07- 2004.
TOWNSEND, C.R. et al. Nutrientes limitantes em solos de pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv Marandu em
Porto Velho, RO. In: Reunião Anual da SBZ, 37, Anais... Viçosa: 2000. p.158-159.
VILELA, H., DUARTE VILELA, BARBOSA F.A, BENEDETTI E. Efeito de níveis de adubação de manutenção sobre a
produção de pastagem de Panicum maximum e leguminosas em pastejo. Aspectos agronômicos. In: ZOOTEC2004. Anais...
Brasília, 2004. CD
VILELA, H., VALENTE, J.O., PAULINELLI, M.T. Fosfato e sulfato de cálcio na recuperação de pastagem. Arquivo Brasileiro
de Medicina Veterinária e Zootecnia. 1999. 5(1):121-124.
VILELA, H. Pastagem em Cerrado - produção de carne e leite. In: Encontro sobre Formação e Manejo de Pastagem em
área de Cerrados, 1, Uberlândia, 1982, Anais...
WERNER, J.C. Adubação de Pastagens. Nova Odessa, Instituto de Zootecnia, 1984. 49 p (Bol.Técnico, 18).
WERNER, J.C., PAULINO, V.T., CANTARELLA, H., ANDRADE, N.O., QUAGGIO, J.A. Recomendações de Adubação e
Calagem - FORRAGEIRAS, I.A.C., Campinas - SP. pg. 263-273 . 1996 (Bol. Técnico, 100)
ZIMMER, A.H. e EUCLIDES FILHO, K. As pastagens e a pecuária de corte brasileira. In: Simpósio Internacional sobre
Produção Animal em Pastejo, 1, Anais... Viçosa: 1997. p. 379.
ZIMMER, A.H., EUCLIDES, V.P.B. Importância das pastagens para o futuro da pecuária de corte no Brasil. IN: Simpósio de
Forragicultura e Pastagens: Temas em Evidência. Anais... Lavras: 2000. p. 1-49.

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Formação de pastagens

  • 1. FORMAÇÃO DE PASTAGENS Herbert Vilela 1. INTRODUÇÃO A área de pastagem com espécies cultivadas no Brasil, está em torno de 115 milhões de hectares, destacando-se nesta categoria a predominância de capim Brachiaria, enquanto a área com pastagem nativa é de 144 milhões, onde predominam centenas de espécies nativas. Anualmente, semeiam- se cerca de 5,5 milhões de hectares para formação de pastagem, quer na forma de renovação ou formação propriamente dita (Zimmer & Euclides, 2000). Estas áreas que abrigam numericamente: 191,2 milhões de bovinos, 18,7 milhões de ovinos, 10,6 milhões de caprinos, 9,6 milhões de eqüinos, 2 milhões de muares, 1,3 milhões de asininos e 1,5 milhões de bubalinos. Estes números proporcionam uma taxa de lotação de 1,10 cabeças por hectare (Anualpec, 2004). A produção bovina atual é da ordem de 8 milhões de toneladas/ano de equivalente carcaça, com uma taxa de abate de 20,87% (CNA, 2004). A omissão de critérios técnicos na utilização dos recursos naturais e das pastagens, pela exploração da pecuária, vem causando severas alterações no meio ambiente através de vários tipos ações antrópicas: Redução da vegetação clímax - uso generalizado do fogo como meio auxiliar no manejo de pastagens e desmatamento mecânico e/ou químico com uso indiscriminado de máquinas, fogo e herbicidas; Aumento do processo de erosão - super-pastejo e uso de gramíneas inadequadas a certas áreas e regiões. Não há obediência aos limites de declividade, para formação e utilização de pastagens, não há proteção dos topos das elevações e falta meios para o controle da erosão; Redução da água fluvial - não há adequada proteção vegetal às nascentes e ao longo dos cursos d'água resultando, consequentemente, em "assoreamento" destes mananciais. As ações antrópicas devem e podem ser evitadas para que os acidentes associados a degradação das pastagens e suas conseqüências sócio-econômicas sejam minimizadas ou evitadas. Um recurso que deve ser adotado pelos atores destas ações seria primariamente, o uso do sistema agropastoril, integração lavoura e pecuária, principalmente devido ao uso do plantio direto. Contudo, a adoção do primeiro plantio direto nos cerrados é impedido geralmente, pela necessidade de se fazer uma "toillet" na área, como eliminar certos arbustos, preparo do solo propriamente dito, nivelamento e plantio, por meio de implementos como arados, grades e compactadores. A integração lavoura pecuária, em áreas com declividades moderadas, tornou-se um sistema importante devido ao uso do plantio direto. O plantio direto traz as seguintes vantagens para o sistema: maior conservação da água e menor variação na temperatura do solo; maior capacidade de supressão física das ervas daninhas (reduz o uso de herbicidas pós-emergentes) especificamente para a palhada de Brachiaria; controle de doenças (mofo branco, podridão de Fusarium, e podridão de Rhizoctonia), por ação alelopática causada pela microflora do solo sobre os patógenos, maior longevidade na cobertura do solo em razão da lenta decomposição de seus resíduos. Por isto e pelo ponto de vista de sustentabilidade os agrossistemas (agropastoril e outros) têm recebidos nos últimos anos atenção especial a partir do entendimento agronômico, econômico, ecológico e social (SISTEMA SANTA FÉ, CNPAF, EMBRAPA). O Sistema Barreirão (SISTEMA BARREIRÃO, CNPAF, EMBRAPA) que foi o usado em um passado próximo, para a recuperação de pastagens degradadas é hoje substituído pelo Sistema Santa Fé, mais moderno e com várias alternativas, sendo mais direcionado para o sistema agropastoril. Por exemplo, uma das alternativas é colocar a semente da forrageira a ser plantada junto com o adubo usado para o plantio do grão, antecedida ou não de dessecamento (herbicida) das plantas existentes na área (ervas e/ou forrageiras), ou o plantio da forrageira entre as linhas de plantio do grão. Para retardar o crescimento da forrageira, em ambos os casos, para evitar a competição pela luz entre ela e a cultura de grão, se usa uma sub dosagem de um herbicida seletivo para folha estreita. Antes da colheita dos grãos pode haver a necessidade de nova aplicação de herbicida para facilitar a colheita do grão, devida ao volume da forrageira. Após a colheita do grão, se usa a forragem para pastejo, fenação e/ou silagem. Uma característica deste sistema é que após o primeiro ano, anualmente se faz o plantio de grão sobre a forrageira dessecada, que foi plantada simultaneamente com a cultura anterior e também se faz o re- semeio da mesma forrageira ou de nova forrageira. Outra variação do sistema agropastoril é a aplicação do herbicida ao final do ciclo da cultura do grão (normalmente soja) para acelerar a queda das folhas
  • 2. senescentes e em seguida fazer o plantio da gramínea forrageira. Neste caso tem-se menor competição por luz entre a soja e a forrageira, e consequentemente maior produção de grãos. A implantação da cultura do grão deve ser feita o mais cedo possível. Os conceitos de formação e de renovação de pastagens devem ser bem caracterizados. Ambos se referem ao estado atual de uso, da área em questão, como pastagem. O conceito de formação de pastagem é aplicado quando não há presença de pastagem cultivada na área. Por outro lado, o conceito de renovação de pastagem é aplicado á diferentes situações e que estão em função do grau de degradação da pastagem cultivada. Assim, tem-se pastagens caraterizadas pela menor produção quantitativa e qualitativa de forragem a época de crescimento vegetativo, até situações em que há pequena produtividade da pastagem pela predominância de plantas invasoras e com processos erosivos acelerados. Entre estas gradações, há situações intermediárias, que podem determinar a intensidade em que ocorrerá a renovação. Pode haver situações em que o estado de degradação da pastagem está caracterizado por apresentar apenas redução na produção de forragem, o que pode ser ajustado pela adubação corretiva do solo. Há, por outro lado, o extremo da degradação, o que envolve, além do preparo de solo, o plantio, a correção da acidez e a adubação corretiva (de formação). A intensidade da agricultura, à base de forragens, nas distintas regiões pastoris do Brasil, é determinada pelo solo e clima, em união com os princípios que regulam a produção e utilização destas. Embora as plantas forrageiras de regiões secas sejam diferentes daquelas de regiões úmidas, os princípios básicos de manejo que norteiam a sua utilização serão os mesmos, qualquer que seja a região. O objetivo deste trabalho é discutir técnicas agronômicas envolvidas com formação e adubação de pastagens, exigências das plantas forrageiras, descrição das principais gramíneas e leguminosas recomendadas, suas limitações e potencialidades, e sementes forrageiras. 2. FORMAÇÃO DE PASTAGEM - TÉCNICAS AGRONÔMICAS 2.1. PREPARO DO SOLO Dependendo do tipo de vegetação existente na área e do grau de declividade tem-se a destoca, com lâminas em tratores pesados com ou sem auxilio de correntes, para áreas com cobertura vegetal do tipo cerrado denso e com pouca declividade. Conquanto, estas áreas no Brasil estão se tornando cada vez mais escassas (IBGE, 2004). Em áreas cobertas com tipos de vegetação que, predominantemente são baixas, como naquelas cobertas por cerrados ralos, campos nativos e de pastagens degradadas, com pequeno grau de declividade, deve-se como primeira medida, fazer aração com arado tipo aiveca. Esta aração irá também promover uma incorporação do calcário, da matéria orgânica superficial, das sementes de ervas daninhas e ainda promover uma maior descompactação deste solo. De acordo com a potência disponível no trator, pode-se usar arados com duas ou quatro aivecas. Sendo que a potência requerida variará de 70 a 110HP. Ainda, a aiveca poderá ser lisa ou recortada, se o solo for caracterizado como arenoso ou argiloso. O arado tipo aiveca deve ser dotado de um opcional que permita que a aiveca se desarme quando encontrar algum tipo de resistência. Após a aração, proceder a uma gradagem de nivelamento, antes do plantio. Esta operação deve ser feita, se possível, durante o período de seca. Segundo a textura do solo, nos arenosos recomenda-se fazer uma compactação do solo com rolo compactador, antes e após plantio. Este cuidado é muito importante, pela característica das sementes forrageiras (pequeno tamanho), principalmente das gramíneas. Normalmente, em solos areno-argilosos ou francos é recomendada uma compactação imediatamente após o plantio. Poderá também ocorrer situações de plantio direto após o dessecamento da vegetação existente, principalmente em se tratando de pastagem degradada e campos nativos. Após as operações de limpeza, sempre proceder à conservação do solo, nos casos pertinentes. Áreas com declividade inferior a 8%, não é necessário conservação do solo, por constituir a cobertura da pastagem uma medida eficiente neste sentido, exceção em solos arenosos. Neste caso deve-se usar cordão em contorno. Estas áreas são, hoje, as mais usadas para o sistema agropastoril, em que se usa o plantio direto. Áreas com declividades entre 8 e 18%, devem ser preparadas com construção de cordão em contorno, sem gradiente, aração e uso de plantas que protejam bem o solo (estoloníferas), independente da textura do solo. Áreas com declividade entre 18 e 35%, as operações de desmatamento e/ou destoca e abertura de sulcos para plantio devem ser feitas apenas em 2/3 da superfície inferior da elevação. A parte superior (1/3), se possuir alguma vegetação arbustiva, deve ser cercada por um período superior a cinco anos e não receber nenhum tratamento mecânico ou químico, independentemente da textura do solo. Nestas áreas, não havendo vegetação arbustiva, deve-se proceder ao plantio de plantas arbóreas frutíferas e/ou leguminosas. A parte inferior (2/3 inferior), deve-se usar espécies forrageiras
  • 3. estoloníferas e não fazer nenhum tipo de conservação de solo, para evitar acidentes com animais, devido a altura dos degraus formados pelos terraços. Áreas com declividade acima de 35%, não devem ser utilizadas na forma de pastagens e se o são devem ser transformadas em sistema Silviopastoril. 2.2. AMOSTRAGEM DO SOLO Após a limpeza da área deve-se proceder a amostragem do solo para as análises química de macro e micros elementos, e a análise física. A amostra do solo para ser representativa, a área a ser amostrada deve ser o mais homogênea possível. Assim, a propriedade (fazenda) ou a área a ser amostrada deverá ser subdividida em glebas ou talhões homogêneos. Nesta subdivisão ou estratificação, levam-se em conta o tipo de vegetação, a posição geográfica (topo do morro, meia encosta, baixada, etc.), as características perceptíveis do solo (cor, textura, condição de drenagem, etc.) e o histórico da área (cultura atual e anterior, produtividade observada, uso de fertilizantes e corretivos, etc.). Para maior eficiência na amostragem, o tamanho da gleba não deve ser superior a 10ha. Portanto, glebas homogêneas, mas muito grandes, devem ser subdivididas em sub-glebas de 10ha. Para as análises do solo trabalha-se com amostras simples e amostras compostas. A amostra simples é o volume de solo coletado em um ponto da gleba e a composta é a mistura homogênea das várias amostras simples coletadas da gleba. As amostras simples são obtidas através de um caminhamento em zig-zag na gleba em pelo menos 21 pontos e posteriormente homogeneizada (misturada) para formar a amostra composta. Para que a amostra composta seja representativa da gleba, deve ser coletadas de 20 a 30 amostras simples por gleba. Para a maioria dos solos, as amostras simples devem ser coletadas na camada de 0 a 20cm, devendo levar em consideração os locais de maior concentração do volume de raízes. Antes da coleta da amostra simples deve-se limpar a superfície do solo, remover os restos vegetais sem, contudo, remover a camada superficial do solo. O tamanho da amostra composta para ser remetida ao laboratório de análise deve ser de pouco menos de meio litro (aproximadamente ¼ de litro) e ser seca a sombra antes da remessa (CFCSMG, 1999). Como exemplo, será tomado os resultados analíticos da amostra de solo de uma gleba da Fazenda Paraíso (Quadro1), para o desenvolvimento de cálculos de correção de acidez e de fertilização. Quadro 1 - Resultados analíticos da amostra de uma gleba do solo da fazenda paraíso (amostras obtidas em uma camada com 20cm de profundidade). Características Unidades Classificação Baixo Médio Alto Cálcio Trocável (Ca) 2 cmolc/dm³ - 1,51 - Magnésio Trocável (Mg) 2 cmolc/dm³ - 0,60 - Acidez Trocável (Al) 2 cmolc/dm³ - 0,51 - Acidez Potencial (H+Al) 4 meq/100 cm³ - 5 - Potássio Disponível (K) 1 mg/dm³ - 50 - Fósforo Disponível (P) 1 mg/dm³ 6,0 - - Fósforo rem (P-rem) 3 mg/L 4,0 - - Zinco disponível (Zn) 1 mg/dm³ 4 - - Cobre disponível (Cu) 1 mg/dm³ 0,4 - - Boro disponível (B) 1 mg/dm³ 0,20 - - Manganês disponível (Mn) 1 mg/dm³ 4 - - Ferro disponível (Fe) 1 mg/dm³ - 32 - Enxofre disponível (S) 5 mg/dm³ 6,0 - - Soma de bases (SB) 4 cmol c /dm³ - 2,26 - Saturação por bases (V) 6 % 42 (Solo Textura Média) 40% argila - - - 1 Método Mehlich-1. 2 Método KCl 1mol/L. 3 P-rem. 4 Método Ca(OAc) 2. 5 Método Hoeft et al, 1973. 6
  • 4. V = 100 x SB/T. 2.3 CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO 2.3.1 Tipos de corretivos Os benefícios da correção com calcário ou silicato de cálcio e magnésio são melhoria no pH do solo, que irá proporcionar maior disponibilidade de fósforo para a planta, redução dos valores de Al+++ trocável e aumento dos níveis de Ca e/ou Mg no solo. Os Calcários são classificados em função do teor de MgO neles, assim eles podem ser calcíticos (< 5% = < 5dag/kg de MgO), magnesianos (5-12% = 5-12dag/kg de MgO) e dolomíticos (>12% = >12dag/kg de MgO). Os Silicatos são classificados conforme sua origem, a qual determina o teor de SiO2 total e solúvel. Os valores dos óxidos (CaO e MgO) nos Silicatos também variam conforme a origem e podem variar de 26 a 43% de CaO e de 2,9 a 19,1% MgO (KONDORFER et al, 2004). Quanto ao Silicato, ele pode fornecer ao solo conforme sua origem, o Si solúvel (até 43% de SiO2 solúvel), que é disponível para as plantas (RAIJ, 1991), e se torna muito importante em solos intemperizados de cerrado, normalmente com nível crítico deste elemento (<18ppm) para as plantas acumuladoras deste elemento, como também o cálcio e o magnésio. Em situações em que se faz uso do calcário, ou seja, em áreas cujo grau de declividade permitir, (devido a necessidade de sua incorporação) procede-se a sua aplicação no início das chuvas, seguida de incorporação, a uma profundidade de 20 a 30cm, de preferência com arado tipo aiveca. Após a aração, recomenda-se proceder a uma gradagem de nivelamento, logo antes do plantio. O silicato da cálcio e magnésio, por apresentar comportamento semelhante ao dos carbonatos, pode substituir os calcários. Assim sendo, a dose de silicato a ser aplicada nos solos, deve ser baseada em qualquer dos métodos de recomendação de calagem (Alumínio, Saturação por bases, Ca +Mg, etc.). A forma de aplicação é a mesma do calcário sem ser necessário contudo, a sua incorporação, e apresenta efeito residual longo (5 anos), (KONDORFER et al, 2004). O uso do silício, segundo Kondorfer et al (2004), traz os seguintes benefícios ao solo: corrige a acidez (aumenta o pH); reduz o efeito do Al+++ trocável; aumenta os teores de Ca e Mg; aumenta ainda mais a disponibilidade de fósforo e microelementos, pelo fato do Si fornecido ao solo competir para fixação destes, liberando-os para a planta; reduz o efeito tóxico do Fe, Mn e Alumínio; aumenta a saturação por bases; e aumenta o teor de Si solúvel no solo. Ainda, confere a planta maior tolerância as pragas (sugadores e mastigadores) e doenças (principalmente fungos) devida a maior resistência da parede celular pela presença de sílica amorfa nesta, maior resistência ao acamamento e ainda maior taxa fotossintética devida a melhoria da arquitetura foliar pela presença de maior quantidade de silício nos tecidos de sustentação/suporte do caule e das folhas. De modo geral, os solos brasileiros apresentam níveis muito baixos em fósforo, com grande quantidade de fósforo na forma indisponível à planta, quando o pH é baixo. Em pH maior, esse fósforo torna-se disponível. Talvez esse seja o grande benefício de se fazer calagem em solos de cerrado. O malefício que uma calagem pode trazer ao solo é o de reduzir a disponibilidade de micronutrientes, podendo levar a planta a alguma deficiência (cobre, zinco, manganês ou boro). 2.3.2. PRNT dos corretivos
  • 5. Para o cálculo da quantidade de corretivo deve-se conhecer algumas características do corretivo usado. Uma delas é o poder relativo de neutralização total (PRNT). O PRNT tem haver com a percentagem de CaO e MgO e a granulometria do corretivo. Para se conhecer o PRNT é necessário também conhecer a reatividade (RE) e o teor de neutralizantes. A reatividade varia de zero a 100% e está em função do número da peneira (granulometria) que o classificou. Por exemplo, um corretivo retido na peneira ABNT nº 10 (partículas >2mm), sua RE é zero. Passando na peneira ABNT nº 20 (partículas entre 0,84 -2,0mm) e sendo retido na peneira ABNT nº 50 (partículas entre 0,30 - 0,84mm) sua RE é de 60%. Se todo o corretivo passar na peneira ABNT nº 50 (partículas menores que 0,30mm) a RE é de 100%. O teor de neutralizantes é obtido do poder de neutralização (PN) e ele é expresso em equivalente de carbonato de cálcio, de acordo com a legislação vigente. Portanto, o PRNT é determinado pela seguinte expressão: PRNT = PN x RE/100. Tomando como exemplo um corretivo com 38% de CaO e 10% de MgO o seu PN será de 93%. Para se determinar este valor toma-se primeiramente os pesos atômicos dos elementos: (Ca = 40,08), (O = 16), (C = 12,01) e (Mg = 24,32). Em relação ao [CaO] - Peso atômico do óxido = 56,08. Em relação ao [MgO] - Peso atômico do óxido = 40,32. Como o PN é expresso em equivalente de CaCO3 tem-se: Em relação ao [CaCO3] - Peso atômico sal = 100,09. O PN para o CaO será: 100,09/56,08 = 1,784, relação entre sal e óxido. Se tem 38% de CaO no corretivo tem-se: 1,784 x 38 = 67,79%. Consequentemente o PN para o MgO será: 100,09/40,32 = 2,482 relação entre sal e óxido. Se tem 10% de MgO no corretivo tem-se: 2,482 x 10 = 24,82. Portanto o PN é de 67,79 + 24,82 = 92,61%, por arredondamento tem-se; PN = 93%. A sua RE será de 65,60% considerando que cerca de 26% do corretivo passou entre a peneira 20 e 50 (60 x 26 = 15,6) e 50% passou na peneira ABNT nº 50. Portanto a sua RE será de (60 x 26% = 15,6) + (50 x 100% = 50) = 65,60 e consequentemente o PRNT = PN x RE/100, será de 93% x 65,60% = 61,00. Os poderes neutralizantes da acidez (PN) para o calcário é de 67%, para a cal virgem é de 125%, para cal hidratada é de 94% e para os silicatos de Ca e Mg (escórias de alto forno) é de aproximadamente 65%. 2.3.3 Método de correção da acidez. a. Saturação por bases Quadro 2 - Interpretação de análise de solos pelos índices de saturação. Atributos Interpretação de Análise de Solos - Saturação Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto Por Bases V < 20 21 - 40 41 - 60 61 - 80 > 80 Por Alumínio < 15 16 - 30 31 - 50 51 -75 > 75 pH em água < 4,5 4,5 - 5,4 5,5 - 6,0 6,1 - 7,0 > 7,0 pH em CaCl2 < 4,3 4,4 - 5,0 5,1 - 5,5 5,6 - 6,0 > 6,0 Neste método considera-se a relação existente entre o pH e a saturação por bases (V). Quando se quer, com a correção, alcançar definido valor de saturação por bases, pretende-se corrigir a acidez do solo até definido pH, considerado adequado a certa cultura. Para este método deve-se conhecer os valores de Ca, Mg, e K trocáveis e, em alguns casos, de Na trocável, além da acidez potencial (H + Al). Para se calcular a necessidade do corretivo a ser usada, vale-se da fórmula:
  • 6. NC = T (V2 - V1)/100 x PRNT através do método de saturação de bases. Em que: T = capacidade de troca de cátions do solo a pH 7. Obtém-se o T somando os valores de Ca + Mg + K + H + Al/100cm³, obtidos na análise do solo. Como na fórmula anterior de capacidade de troca de cátions (T) todos os valores são representados com meq/100cm³, há necessidade de transformação do K, portanto: T = 1,5 + 0,6 + 0,127 ?+ 5,0 + 0,51 T = 7,73 meq/100cm³ Nota-se que o teor de K (Quadro 1) é expresso em mg/dm³ ou ppm é necessário transforma-lo em meq/100cm³ de solo: 1 meq = 50 / 390,9 = 0,127 ? (peso atômico do K = 39,09). Ainda: V2 = percentagem de saturação de bases desejada (obtida por dados de pesquisa para pastagem). Variam em pastagem de 60 para as leguminosas mais exigentes a 40 para as de menor grau. Para gramíneas variam de 50 a 40, segundo seus graus de exigências. V1 = percentagem de saturação de bases do solo. V1 = 100 x SB/T, em que SB = Ca + Mg + K meq/100cm³ = 2,26 V1 = 100 x 2,26/7,73 = 29,63 Portanto: T = 7,73, V2 = 60,00, V1 = 29,63 Necessidade do corretivo (NC) = T (V2 - V1)/100 = 7,73 (60,0 - 29,63)/100 NC = 2,31t/ha de calcário dolomítico por hectare com PRNT = 100%. b. Neutralização do Al 3+ e da elevação dos teores de Ca2++ Mg2+ A necessidade de corretivo para uma camada de 0 - 20cm de solo é assim calculada: NC = Y x Al + [X - (Ca + Mg)] = t por hectare com PRNT de 100%. O valor Y varia em função da textura do solo (Quadro 3). Quadro 3 - Valores de Y baseados na textura do solo. Classisicação do Solo Argila % Valores de Y Arenoso 0 a 15 0,0 a 1,0 Textura Média 15 a 35 1,0 a 2,0 Argiloso 35 a 60 2,0 a 3,0 Muito Argiloso 60 a 100 3,0 a 4,0 Aproximadamente, o valor X varia de acordo com a cultura: valor 1 - para eucalípto, valor 2 - para maioria das culturas e pastagens, valor 3 - para cafeeiro. Detalhando para as forrageiras tem-se: Valores de X que variam de 2,5 a 1 para as leguminosas mais exigentes e as menos exigentes. Valores de X de 2 a 1,5 para as gramíneas mais e menos exigentes. Portanto, para uma pastagem de uma gleba da Fazenda Paraíso (Quadro 1): NC = 3 x 0,51 + [2,5 - 1,1] NC = 1,53 + 1,40 NC = 2,93/ha de corretivo.
  • 7. 2.3.4 Escolha do corretivo (CFSEMG, 1999). A necessidade calculada (NC) de corretivo com os critérios ou métodos anteriormente apresentados indica a quantidade de CaCO3 ou de calcário PRNT = 100% a ser incorporado por hectare, na camada de 0 a 20cm de profundidade. Portanto, indica a quantidade de corretivo teórica. Na realidade, a determinação da quantidade de corretivo a ser usada por área deve levar em consideração os seguintes critérios: A percentagem da superfície do terreno a ser coberta na correção (SC, em %). A que profundidade será incorporado o corretivo (PF, em %). O poder relativo de neutralização total do corretivo a usado (PRNT, em %). Portanto, a quantidade de corretivo a ser usado será (QC, em t/ha): SC em pastagem é 100 por ser aplicado em toda a superfície do solo. PF em pastagem a profundidade de aplicação é de 0 a 20cm QC = NC x SC/100 x PF/20 x 100/PRNT = 2,93 x 1 x 1 x 100/90 = 3,257t/ha. O corretivo é comercializado com base no peso do material, portanto a escolha do corretivo deve levar em consideração também o uso de critérios técnicos (qualidade do corretivo) e econômicos, procurando maximizar os benefícios e minimizar os custos. Preço por tonelada efetiva = Preço por tonelada na propriedade/PRNT Em relação a qualidade do corretivo deve levar em conta o poder de neutralização (PN) que está em função de sua natureza geológica, sua granulometria e o teor de nutrientes, especialmente de cálcio e de magnésio. O PN avalia o teor de materiais neutralizantes do corretivo, ou seja, a capacidade de reação dos ânions presentes. Considera-se o CaCO3 como padrão igual a 100%. Determina-se o PN por neutralização direta com ácido clorídrico, sendo expresso em %. 2.3.5 Época e modo de aplicação do corretivo (CFSEMG, 1999) O calcário por ser material de baixa solubilidade, de reação lenta, ele deve ser aplicado 2 a 3 meses antes do plantio, para que as reações esperadas se processem. Não havendo umidade suficiente no solo não haverá reações com o solo. Os silicatos de cálcio e magnésio oriundos de fornos de fabricação de aço especial, podem ser usados logo antes do plantio por apresentarem reação alta, mas requerem também umidade no solo. O calcário deve ser distribuído uniformemente sobre a superfície do solo, manualmente ou por meio de máquinas próprias e incorporado com arado ou grade até uma profundidade de 15 ou 20cm. Em relação aos silicatos basta apenas uma gradagem para sua incorporação. A análise do solo, 3 ou 4 anos depois da sua correção, pode indicar sobre a necessidade ou não de nova aplicação de corretivo de acidez. Imbuído no sentido de diminuir o custo da correção da acidez (quantidade de corretivo e modo de aplicação) muitos agricultores tem usado o corretivo no sulco de plantio, prática denominada de "Filler". Para fornecer os nutrientes cálcio e magnésio em solos deficitários nestes elementos, pode-se usar o "Filler". Há contudo, trabalhos de pesquisa mostrando a ineficiência deste método, pelo risco de desenvolvimento do sistema radicular localizado, podendo ocasionar tombamento da planta e maior estres "déficit" hídrico. Cuidado especial deve ser tomado em relação á aplicação de excesso de corretivo. A super-calagem pode causar a precipitação de vários nutrientes do solo, como o fósforo, zinco, cobre, manganês e ferro, além de causar danos as propriedades físicas do solo. O fato mais comum que causa super calagem é aplicar o corretivo na camada de 0 a 10cm de profundidade, levando a duplicação da quantidade de corretivo calculada. Caso muito comum é usar 500g de corretivo por cova (40 x 40 x 40cm = 64dm²), significando uma dose 3,125 vezes maior do que a indicada, que é de 5t/ha ou seja de 160g/cova. 2.4 ADUBAÇÃO DE CORREÇÃO OU DE FORMAÇÃO
  • 8. 2.4.1. Macro nutrientes Cálculo das adubações corretivas ou de formação para o fósforo e o potássio antes de se proceder a implantação da pastagem. Em relação ao fósforo, o tipo de solo (textura e pH) vai afetar o equilíbrio de fósforo, conforme o seguinte esquema: P - não lábil ? P - lábil ? P - solução ? P - planta O P - não lábil representa as formas de fósforo precipitados (solos ricos em Al e Fe) ou absorvidos no solo com elevada energia (caso de solo argiloso). O P-lábil é representado por alguma forma que está em equilíbrio com o P-solução, podendo, assim, repor para a solução os íons fosfatos (HPO³¯ ou HPO4 à medida que estes são absorvidos pela planta. Portanto, de acordo com o tipo de solo, tem-se a disponibilidade e a quantidade de fósforo recomendada (Quadro 4). Quadro 4 - Classes de interpretação da disponibilidade e das quantidades a ser aplicadas de fósforo de acordo com teor de argila do solo. (CFSEMG,1999) (Análise feita em uma camada de 20cm de solo e extraído pelo método MEHLICH-1). % de Argila no solo Níveis críticos de Fósforo disponível em mg/dm³ = ppm Quantidade de Fósforo para os níveis críticos (kg/ha de P2O5) 60 -100% 2,8 - 5,4 baixo 8,1- 12,0 bom 120 50 35 - 60% 4,1 - 8,0 baixo 12,1- 18,0 bom 110 40 15 - 35% 6,7- 12,0 baixo 20,1- 30,0 bom 90 30 0 - 15% 10,1- 20,0 baixo 30,1- 45,0 bom 70 20 Reportando ao Quadro 4, solos com textura média (40% argila) mas que apresentam em sua subsuperfície (0-20cm) níveis de P2O5 disponível que variam de 4,1 a 8,0, necessitam cerca de 110kg de P2O5 para corrigir este nível baixo. Em relação ao solo arenoso, os níveis críticos são maiores, porque este tipo de solo não tem poder de retê-lo e, posteriormente, fornecê-lo gradativamente para a solução do solo. Como princípio geral de fertilização com fosfatos, a colocação do fertilizante sempre deve ser feita próxima á semente, como não deve ser diferente das outras culturas, mas também de acordo com a capacidade tampão do solo, ou seja, a quantidade de argila presente neste solo. Portanto, de acordo com a quantidade de P remanescente (P-rem, mg/L), que é uma função do poder tampão do solo, deve-se proceder a correção da quantidade de fósforo a ser aplicada pelos fatores correspondentes (Quadro 5). Quadro 5 - Fatores usados para correção da quantidade de fósforo a ser aplicada. (CFSEMG,1999) Premanescente - mg/L 0 a 4 4,1 a 10 11a 19 19,1 a 30 31 a 44 45 a 60 Fator 1,3 1,15 1 0,85 0,7 0,6 Reportando ao Quadro 4, a quantidade de P-rem é da ordem de 4, necessitando usar o fator 1,3 para se determinar a quantidade de fósforo recomendada. Portanto, a quantidade é de cerca de 140kg/ha de P2O5. Algumas fontes de fósforo disponíveis no mercado brasileiro são apresentados no Quadro 6. Quadro 6 - Fertilizantes fosfatados, garantias mínimas e especificações. Fertilizante Garantia Mínima Forma do Nutriente Escória de Thomas 12% P2O5 P2O5 sol. em ácido cítrico Fosfato bicalcico 38% P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O
  • 9. Fosfato monoamônico (MAP) 48% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O 44% de P2O5 P2O5 sol em H2O 9% de N N na forma de NH4 + Fosfato diamônico(DAP) 45% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O 38% de P2O5 P2O5 sol. em H2O % de N N na forma de NH4+ Fosfato natural 24% de P2O5 P2O5 Total 4% de P2O5 P2O5 sol em H2O Fosfato natural parcialmente acidulado 25% de P2O5 P2O5 Total 18% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O Super-fosfato simples 18% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O 16% de P2O5 P2O5 sol. em H2O Super-fosfato triplo 41% de P2O5 P2O5 sol. em CNA + H2O 37% de P2O5 P 2 O 5 sol. em H2O Termofosfato magnesiano 17% de P2O5 P2O5 Total 14% de P2O5 P2O5 sol. em acido cítrico Hiperfosfato 28% de P2O5 P2O5 Total 12% de P2O5 P2O5 sol. em acido cítrico Quanto ao potássio, este não apresenta problema em relação ao tipo de solo, como o fósforo. Contudo, solos ácidos são pobres em potássio disponível, por causa da excessiva lixiviação que pode ocorrer. A adubação com potássio deve ser feita em cobertura, quando a forrageira cobrir 60 a 70% do solo, visando melhor aproveitamento do fertilizante. Os níveis críticos de K e a quantidade recomendada como corretivo são apresentados no Quadro 7. Quadro 7 - Classes de interpretação da disponibilidade para o Potássio (CFSEMG,1999), (Análise feita nas amostras de solo na camada de 0,20cm de solo). Nível Crítico de Potássio Disponível 1 no Solo mg/dm³ ou ppm Quantidade Corretiva Recomendakg/ha de K2O < 15 - muito baixo 200 16 - 40 - baixo 150 41 - 70 - médio 100 71 - 120 - bom 50 > 120 - muito bom 0 1 Método Mehlich-1 Portanto, são necessários 100kg de K2O por hectare, para corrigir o nível de potássio encontrado na análise (Quadro 1). Algumas fontes de potássio, disponíveis mercado brasileiro são apresentadas no Quadro 8. Quadro 8 - Fertilizantes potássicos, garantias mínimas. Fertilizante Garantia Mínima Forma do Nutriente Observações Cloreto de potássio 58% K2O K2O sol. em água 45 a 48% de Cl
  • 10. Sulfato de potássio 48% K2O K2O sol. em água 15 a 17% de S e 1,2% Mg Sulfato de potássio e Magnésio 18%de K2O K2O sol. em água 23% de S e 4,5% Mg Nitrato de potássio 44% de K2O K2O sol. em água 13% de N, forma Nítrica Referindo-se ao nitrogênio, a solubilidade dos sais de N é alta em toda faixa de pH. Contudo, a mineralização do N é maior em pH de 6 a 8, por causa da presença favorável dos microorganismos no solo. Em relação à quantidade de N recomendada, esta difere de fósforo e potássio, devido ao seu comportamento no solo. Portanto, o nitrogênio é aplicado parceladamente e anualmente, e não depende da análise do solo. Atenção deve ser dada à aplicação de N, no que se refere a acidez do solo. Verificar regularmente este aspecto. Trabalhos de pesquisa mostram a ineficiência do fósforo e do potássio em solos pobres em matéria orgânica e consequentemente limitante em nitrogênio, principalmente em áreas com pastagem degradada. Existe uma grande interação entre fósforo e potássio com o nitrogênio nestas condições de solo. Após as aplicações de corretivo e de fósforo e potássio (corretivos) recomenda-se a aplicação de N em cobertura, parcelado em 2 a 4 vezes no período de primavera com pequena intensidade (20-30% após primeira chuva), de verão com maior intensidade (60-70%) e de outono com baixa intensidade (10-20%), nas seguintes quantidades por aplicação: médias produções de forragem usar de 50 a 70kg de N/ha, para altas de 71 a 150kg de N/ha e ainda para produções mais elevadas de 151 a 200kg de N/ha. Sempre aplicar a lanço e em cobertura quando o solo estiver coberto com forragem (60 a 70%). Dar preferencia ao sulfato de amônio, para evitar perdas de nitrogênio. Usar uréia em condições de boa cobertura vegetal, com bom nível de umidade no solo e sem sol pleno e dias não muito quentes. As fontes de nitrogênio disponíveis no mercado brasileiro são apresentadas no Quadro 9. Quadro 9 - Alguns fertilizantes nitrogenados, garantias mínimas. Fertilizante Garantia Mínima Formas do Nutriente Observaões Amônia anidra 82% de N Amoniacal - NH4+ Nitrato de amônio 32% de N 50% Amoniacal e 50% nítrica - NO3- Nitrato de cálcio 14% de N Nítrica (NO3-) e 1,5% Amoniacal 18% de Ca Sulfato de amônio 20% de N Amoniacal - NH4+ 23% de S Uréia 44% de N Amídica (NH2) Quanto ao cálcio e magnésio, eles se encontram em formas disponíveis em pH acima de 5. Solos muito ácidos são pobres nestes elementos (Quadro 10). De modo geral, quando se faz a correção da acidez com calcário ou silicato, as quantidades exigidas em cálcio e magnésio são alcançadas. O potássio concorre com o magnésio no sítio de absorção pela planta. Adubações com potássio reduzem o teor de magnésio na planta. Níveis maiores de magnésio no solo reduzem, por outro lado, o teor de proteína na planta, por afetar a sua síntese. Níveis deficientes de magnésio na planta causam a tetania das pastagem. Os íons de potássio, de amônio reduzem a absorção do íon de magnésio. Portanto, tem-se uma interação entre elementos em suas absorções (ROBINSON, 1989). Contudo, se for necessário adicionar mais cálcio e magnésio ao solo, a forma mais simplificada para se determinar a quantidade de Ca + Mg é baseada no nível crítico deles, que é expresso em cmol c/dm³. Quadro 10 - Classes de interpretação de fertilidade do solo para o complexo de troca catiônica (CFSEMG,1999) (Amostra de uma camada de solo de 20cm). Características Unidade Classificação Baixo Médio Bom Cálcio Trocável cmolc/dm³ 0,41 - 1,20 1,21 - 2,40 2,41 - 4,00 Magnésio Trocável 0,16 - 0,45 0,46 - 0,90 0,91 - 1,50
  • 11. As fontes de cálcio e magnésio mais comuns são os calcários e os silicatos de cálcio e magnésio. Portanto, para calcular a quantidade de calcário ou de silicato para se adicionar ao solo, com o fim de fornecer cálcio e magnésio, vale-se da fórmula: Q de corretivo de Ca + Mg = 2 [ - ] cmol c /dm³ Ca + Mg = t de calcário ou silicato de cálcio e magnésio (PRNT = 100%) por hectare. Tomando o solo da Fazenda Paraíso (Quadro 1) como exemplo, procede-se da seguinte forma para se calcular a quantidade de Ca e Mg para este solo: Ca = 1,51 cmol c/dcm³ e Mg = 0,60 cmol c/dm³ de solo. Aplicando a fórmula tem-se: Q.C.= 2 [ - ]cmol c/dm³ de Ca + cmol c/dm³ de Mg = t de corretivo. Q.C. = 2 - 1,51 + 0,60 = zero como corretivo de cálcio e magnésio. Portanto não é necessária a correção de Ca e Mg neste solo. Em relação ao enxofre baseado em fósforo remanescente, pode variar de muito baixo a muito bom. Em solo com 15mg/L de P-remanescente, o enxofre disponível deve estar em torno de 6,0mg/dm³ 6ppm, o que é considerado nível médio no solo. O enxofre é o último macronutriente colocado em escala de importância para a adubação de pastagem. Normalmente, o enxofre contido nos superfosfatos e sulfatos pode ser o suficiente para pastagem, se o solo não for muito deficiente. O gesso (sulfato de cálcio, 16% de Ca e 13% de S) é muito usado para eliminar o Al trocável, fornecer Ca às subsuperfícies mais profundas (>20cm) e fornecer quantidade apreciável de S ao solo. As fontes de cálcio, magnésio e enxofre disponíveis no mercado brasileiro são apresentadas no Quadro 11. Quadro 11 - Fertilizantes com macronutrientes secundários (cálcio, magnésio e enxofre), garantias mínimas. Fertilizante Garantia Mínima Formas do Nutriente Observações Carbonato de magnésio 27% Mg MgCO3 - Cloreto de cálcio 24% de Ca CaCl 2 . 2H2O - Enxofre 95% de S Enxofre total - Óxido de magnésio 55% de Mg Na forma de MgO - Sulfato de cálcio(gesso) 16% de Ca Forma elementar 14% de S Sulfato de magnésio 9% de Mg Solúvel em água 13% de S Plantas deficientes em enxofre apresentam níveis elevados de nitrogênio solúvel (amidas, amino ácidos solúveis, asparagina, arginina, glutamina), nitrato e baixos níveis de nitrogênio protéico, pois o enxofre faz parte de amino ácidos essenciais (metionina e cisteina), (BALSALOBRE, 2004). 2.4.2 Micronutrientes Para interpretar a disponibilidade de micronutrientes (Zn, B, Cu, Fe, Mo, Co e Mn), tem-se poucas informações, mesmo sendo freqüente a deficiência de Zn e/ou B em várias regiões brasileiras. Contudo tem-se algumas referências de níveis muito baixo, baixo, crítico e bom de certos micronutrientes no solo (Quadro 12). Quadro 12 - Classes de interpretação da disponibilidade para os micronutrientes (CFSEMG,1999). Amostra obtida no perfil de 0 a 20cm do solo. Micronutriente Classificação e Unidade mg/dm³ = ppm Muito baixo Baixo Crítico Bom Zn disponível (Zn) 3 <= 2,0 2,0 - 4,0 4,0 >4,0 B disponível (B) 1 <= 0,5 0,5 - 1,0 1,0 >1,0
  • 12. Cu disponível (Cu) 3 <= 0,30 0,30 - 0,60 0,6 > 0,6 Fe disponível (Fe) 3 <= 20 20 - 30 30 >30 Mo disponível (Mo) 4 < 0,10 0,10 - 0,20 0,20 > 0,20 Co disponível (Co) 2 0,10 0,10 - 0,25 0,25 >0,25 Mn disponível(Mn) 3 <= 2,5 2,5 - 5,0 5,0 >5,0 1 Extração por água quente 2 Acido acético 3 Extração rotineira de Carolina do Norte 4 Extração por oxalato de amônio Quanto a correção do solo no que se refere aos micronutrientes (Zn, B, Cu, Fe, Mo, Co e Mn) principalmente, quando se trata de leguminosas, deve-se usar, de preferencia as fritas (oxi-silicatos) como o FTE (Frited trace elements). As formulações de micronutrientes são apresentadas no Quadro 13. Para forrageiras mais produtivas e para leguminosas recomenda-se 80kg/ha de FTE- BR.12 à época da correção do solo. Quadro 13 - Formulações comerciais de micronutrientes mais comuns Produtos Concentração - % Zn B Cu Fe Mn Mo Cu FTE-BR.8 7 2,5 1 5 10 0,1 - FTE-BR.9 6 2 0,8 6 3 0,1 - FTE-R.10 7 2,5 1 4 4 0,1 0,1 FTE-BR.12 9 1,8 0,8 3 2 0,1 - BR.EXTRA 15 2,5 1 3 3 0,1 - FTE-BR.13 7 1,5 2 2 2 0,1 - FTE-BR.15 8 2,8 0,8 - - 0,1 - FTE-BR.16 3,5 1,5 3,5 - - 0,1 - FTE-BR24 18 3,6 1,6 6 4 0,2 - MICRONUTRI-121 12 1 - - - 0,6 0,15 MICRONUTRI-155 15 5 - - 6%de Mg - - MICRONUTRI-301 30 1 1 - - - - ZINCOP 101 10 2 10 - - - - ZINCOP 210 20 - 10 5 - - - NUTRIZINCO I 30 - - 2 - - - NUTRIZINCO II 20 - - - - - 6% de S As fontes de micronutrientes (B, Cu, Mo, Zn, Co, Fe, Mn) disponíveis no mercado brasileiro são apresentadas no Quadro 14. Quadro 14 - Fertilizantes contendo micronutrientes, garantias mínimas. Fertilizante Garantia Mínima FORMAS DO NUTRIENTE OBSERVAÇÕES Bórax 11%B Borato de sódio(Na2 B4 O7 .10H2O) Solúvel em água Ácido bórico 17% B Ácido (H3 BO3 ) Solúvel em água Sulfato de cobre 13% Cu Sulfato Sol. em água - 17% de S Fosfato cúprico 32% Cu Fosfato de amônio e cobre 5% de P2 O5 sol. em CNA
  • 13. Óxido cúprico 75% Cu Óxido ( Cu O) 13% de S Molibdato de sódio 39% Mo Na2MoO4.2H2O Sol. em água Sulfato de zinco 20% Zn ZnSO4 .7H2O Sol. em água - 17% S Óxido de zinco 75% Zn Zinco total (ZnO) Não solúvel em água Cloreto de cobalto 34% Co Co Cl 2 .2H2O Solúvel em água Óxido de cobalto 75% Co Cobalto total (CoO) Não solúvel em água Sulfato ferroso 19% Fe FeSO4 .7H2O Sol. em água-10% S Sulfato manganoso 26% Mn MnSO4 .3H2O Sol. Em água-15%S 3. LITERATURA CONSULTADA ANUALPEC 2004. Anuário da pecuária brasileira. FNP Consultoria & Agroinformativos. São Paulo, 2004. p.376. BALSABORE, M.A.A. Enxofre pastagens.2004. In: www.milkpoint.com.br/radarestécnicos/artigo. São Paulo, 07-2004. CARNEIRO, A.M. Forragicultura. Escola Veterinária da UFMG. Belo Horizonte. p.5 - 86 (Bol. Técnico). 1996. KITCHEL, et al. Reforma ou recuperação de pastagem. 1997. In: www.milkpoint.com.br/radarestécnicos/artigo. São Paulo, 07-2004. KONDORFER, G.H., PEREIRA, H.S., CAMARGO, M.S. 2004. Silicatos de cálcio e magnésio na agricultura. Boletim Técnico n°1- 3 ed. Instituto de Ciências Agrárias. UFU. p.28. LOBATO, E., SANZONOWICS, C. Adubação Testada em Pastagem. In: Mattos, B.B; Werner, J.C; YAMADA, T ; MALAVOLTA, E. Eds. Calagem e Adubação de Pastagens. Piracicaba. Associação Brasileira para Pesquisa do Potássio e do Fosfato. 1986 p. 145 - 179. MALAVOLTA, E. 1979. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo, Editora Agronômica Ceres. 1981. 254 p. MONTEIRO, F.A., WERNER, J.C. Ciclagem de nutrientes minerais em pastagens. In: Simpósio sobre Ecossistema de Pastagem. Jaboticabal. S.P 1990. Anais. Jaboticabal UNESP. FCAV/FUNEP. 1990. p. 149 - 192. OLIVEIRA et al. Efeito de fósforo e nitrogênio em pastagem estabelecida em cerrado. 2001. In: milkpoint.com.br/radarestécnicos/artigo, 07-2004. São Paulo. RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE CORRETIVOS E FERTILIZANTES DE MINAS GERAIS. CFSEMG, 5ª aproximação - Viçosa - 1999. 176 p. ROBINSON et al. Magnésio em Pastagens. In: milkpoin t.com.br radarestecnicos. São Paulo, 07- 2004. TOWNSEND, C.R. et al. Nutrientes limitantes em solos de pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv Marandu em Porto Velho, RO. In: Reunião Anual da SBZ, 37, Anais... Viçosa: 2000. p.158-159. VILELA, H., DUARTE VILELA, BARBOSA F.A, BENEDETTI E. Efeito de níveis de adubação de manutenção sobre a produção de pastagem de Panicum maximum e leguminosas em pastejo. Aspectos agronômicos. In: ZOOTEC2004. Anais... Brasília, 2004. CD VILELA, H., VALENTE, J.O., PAULINELLI, M.T. Fosfato e sulfato de cálcio na recuperação de pastagem. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 1999. 5(1):121-124. VILELA, H. Pastagem em Cerrado - produção de carne e leite. In: Encontro sobre Formação e Manejo de Pastagem em área de Cerrados, 1, Uberlândia, 1982, Anais... WERNER, J.C. Adubação de Pastagens. Nova Odessa, Instituto de Zootecnia, 1984. 49 p (Bol.Técnico, 18). WERNER, J.C., PAULINO, V.T., CANTARELLA, H., ANDRADE, N.O., QUAGGIO, J.A. Recomendações de Adubação e Calagem - FORRAGEIRAS, I.A.C., Campinas - SP. pg. 263-273 . 1996 (Bol. Técnico, 100) ZIMMER, A.H. e EUCLIDES FILHO, K. As pastagens e a pecuária de corte brasileira. In: Simpósio Internacional sobre Produção Animal em Pastejo, 1, Anais... Viçosa: 1997. p. 379.
  • 14. ZIMMER, A.H., EUCLIDES, V.P.B. Importância das pastagens para o futuro da pecuária de corte no Brasil. IN: Simpósio de Forragicultura e Pastagens: Temas em Evidência. Anais... Lavras: 2000. p. 1-49.