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 
Francielle Ribeiro Alves
 João da Cruz e Sousa,
considerado o mestre do
simbolismo brasileiro, nasceu em
Desterro, hoje cidade de
Florianópolis – SC. Filho de
escravos alforriados, nasceu livre.
Foi criado como filho adotivo do
Marechal-de-Campo Guilherme
Xavier de Sousa e Clarinda
Fagundes de Sousa, de quem
herdou o sobrenome.
 “Missal” foi publicada em 1893 e
marcou o início do Simbolismo no
Brasil. Missal só não passou
despercebida, enquanto obra, por
força de uma pequena parte da crítica
e de um público ainda mais restrito. O
mérito só veio com o tempo e com o
reconhecimento da genialidade de
seu autor. Os textos de Missal são
escritos em prosa, cabe lembrar que
a poesia brasileira praticamente
desconhecia a prosa entre suas
publicações, poucos ou quase
ninguém havia lido Charles
Baudelaire (um dos iniciadores do
Simbolismo), o que gerou um certo
estranhamento quanto a Missal.
 
 A musicalidade, repetição quanto ao jogo de verbos, de
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sugerindo imagens sinestésicas.
“Torvo, trêmulo e triste na noite, esse bêbado que eu via
constantemente à porta dos cafés e dos teatros, parara em
frente do cais deserto, na alta, profunda hora solitária.
Espadaúdo, de grande estatura, ombros fortes como um
cossaco, costumava sempre bater a cidade em marchas
vertiginosas, na andadura bamba dos ébrios, indo pernoitar
depois ali, perto das vagas, amigas eternas de sua nevrose..”
 “O seu aspecto, ao mesmo tempo piedoso e feroz,
traduzia a expressão terrível que deixa o bronze
inflamado da Dor calcinando naturezas nervosas e
violentas.”
 Jogo de Contrastes e de antíteses
“E a luz do astro noturno e branco, da Verônica do Azul,
congelada de mágoas, envolvia a face atormentada do bêbado
como num longo sudário de piedades eternas…”
 Apreço pela temática da noite
 “Nos límpidos espaços nem um movimento, um frêmito
leve de aragem perturbava a harmoniosa tranqüilidade
da noite clara, por entre os finos rendilhados prateados
das estrelas.”
 “Um luar baço, enevoado, de quando em quando
brilhava, abria, rasgando as nuvens, num clarão que
iluminava amplas fachas do céu de um tom esverdeado,
como folhagens tenras e frescas laçadas pela chuva.”
 Os poemas de Cruz e Sousa abandonam o significado
explícito e lógico para buscar a ilogicidade e a
sugestão vaga, regras, aliás, de fundamental
importância para a poética simbolista. A multiplicidade
de imagens e de sonoridades gera uma explosão
sensorial no leitor, conduzindo-o a um estado de
espanto geral e de choque diante do inusitado. As
imagens, aparentemente inconciliáveis, múltiplas e
repetidas, despertam um psiquismo intenso. Essa
fusão de abstrações cria o sensorialismo simbolista.
 Podemos entender que “Bêbado” é ,senão, a
representação do poeta Simbolista. Este bêbado que “
gesticulava e falava [...] proferia palavras[...] confusas”
um ser nebuloso que possui a “alma sem humor”, uma
névoa em seu entendimento (razão), “visões de
sonâmbulo” é como o poeta simbolista, que há de vagar
sozinho, com as suas visões oblíquas, do alto da sua
torre de marfim, distante das pessoas e suas visões
comuns acerca da vida e todas as coisas do mundo.
“E ele gesticulava e falava, movia os braços, proferia
palavras ásperas e confusas, como os tartamudos.”
“Um desses seres tenebrosos, quase sinistros, a quem
faltou um pouco de graça, um pouco de ironia e riso para
florir e iluminar a vida.”
“Porque o álcool, pondo uma névoa no entendimento,
apaga, desfaz a ação presente das idéias e fá-las recuar
ao passado, levantando e fazendo viver, trazendo à flor do
espírito, indecisamente, embora, as perspectivas, as
impressões e sensações do passado.”
 CAPOBIANCO, Juan Marcello. Cruz e Sousa em 1893:
A incompreensão crítica de Missal e Broquéis.. UFF.
Revista Philologus, Ano 20, N° 58 – Supl.: Anais do VI
SINEFIL. Rio de Janeiro: CiFEFiL, jan./abr.2014
 CLEMENTE, Elvo. Elementos Simbolistas em Missal e
Broquéis. Puc- RS. 1993.
 CRUZ E SOUSA, João da. PÉREZ, José (org.). Missal,
Evocações. In: Cruz e Sousa: Prosa. 2 ed. São Paulo :
Cultura, 1945. v. 2. pp.5-126. (Série Clássica Brasileiro-
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  • 2.  João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis – SC. Filho de escravos alforriados, nasceu livre. Foi criado como filho adotivo do Marechal-de-Campo Guilherme Xavier de Sousa e Clarinda Fagundes de Sousa, de quem herdou o sobrenome.
  • 3.  “Missal” foi publicada em 1893 e marcou o início do Simbolismo no Brasil. Missal só não passou despercebida, enquanto obra, por força de uma pequena parte da crítica e de um público ainda mais restrito. O mérito só veio com o tempo e com o reconhecimento da genialidade de seu autor. Os textos de Missal são escritos em prosa, cabe lembrar que a poesia brasileira praticamente desconhecia a prosa entre suas publicações, poucos ou quase ninguém havia lido Charles Baudelaire (um dos iniciadores do Simbolismo), o que gerou um certo estranhamento quanto a Missal.
  • 5.  A musicalidade, repetição quanto ao jogo de verbos, de substantivos e de adjetivos, todos produzindo e sugerindo imagens sinestésicas. “Torvo, trêmulo e triste na noite, esse bêbado que eu via constantemente à porta dos cafés e dos teatros, parara em frente do cais deserto, na alta, profunda hora solitária. Espadaúdo, de grande estatura, ombros fortes como um cossaco, costumava sempre bater a cidade em marchas vertiginosas, na andadura bamba dos ébrios, indo pernoitar depois ali, perto das vagas, amigas eternas de sua nevrose..”
  • 6.  “O seu aspecto, ao mesmo tempo piedoso e feroz, traduzia a expressão terrível que deixa o bronze inflamado da Dor calcinando naturezas nervosas e violentas.”  Jogo de Contrastes e de antíteses “E a luz do astro noturno e branco, da Verônica do Azul, congelada de mágoas, envolvia a face atormentada do bêbado como num longo sudário de piedades eternas…”
  • 7.  Apreço pela temática da noite  “Nos límpidos espaços nem um movimento, um frêmito leve de aragem perturbava a harmoniosa tranqüilidade da noite clara, por entre os finos rendilhados prateados das estrelas.”  “Um luar baço, enevoado, de quando em quando brilhava, abria, rasgando as nuvens, num clarão que iluminava amplas fachas do céu de um tom esverdeado, como folhagens tenras e frescas laçadas pela chuva.”
  • 8.  Os poemas de Cruz e Sousa abandonam o significado explícito e lógico para buscar a ilogicidade e a sugestão vaga, regras, aliás, de fundamental importância para a poética simbolista. A multiplicidade de imagens e de sonoridades gera uma explosão sensorial no leitor, conduzindo-o a um estado de espanto geral e de choque diante do inusitado. As imagens, aparentemente inconciliáveis, múltiplas e repetidas, despertam um psiquismo intenso. Essa fusão de abstrações cria o sensorialismo simbolista.
  • 9.  Podemos entender que “Bêbado” é ,senão, a representação do poeta Simbolista. Este bêbado que “ gesticulava e falava [...] proferia palavras[...] confusas” um ser nebuloso que possui a “alma sem humor”, uma névoa em seu entendimento (razão), “visões de sonâmbulo” é como o poeta simbolista, que há de vagar sozinho, com as suas visões oblíquas, do alto da sua torre de marfim, distante das pessoas e suas visões comuns acerca da vida e todas as coisas do mundo. “E ele gesticulava e falava, movia os braços, proferia palavras ásperas e confusas, como os tartamudos.”
  • 10. “Um desses seres tenebrosos, quase sinistros, a quem faltou um pouco de graça, um pouco de ironia e riso para florir e iluminar a vida.” “Porque o álcool, pondo uma névoa no entendimento, apaga, desfaz a ação presente das idéias e fá-las recuar ao passado, levantando e fazendo viver, trazendo à flor do espírito, indecisamente, embora, as perspectivas, as impressões e sensações do passado.”
  • 11.  CAPOBIANCO, Juan Marcello. Cruz e Sousa em 1893: A incompreensão crítica de Missal e Broquéis.. UFF. Revista Philologus, Ano 20, N° 58 – Supl.: Anais do VI SINEFIL. Rio de Janeiro: CiFEFiL, jan./abr.2014  CLEMENTE, Elvo. Elementos Simbolistas em Missal e Broquéis. Puc- RS. 1993.  CRUZ E SOUSA, João da. PÉREZ, José (org.). Missal, Evocações. In: Cruz e Sousa: Prosa. 2 ed. São Paulo : Cultura, 1945. v. 2. pp.5-126. (Série Clássica Brasileiro- Portuguesa, Os mestres da língua, 14).