Este documento discute a educação nutricional de crianças pré-escolares em uma creche em Vista Alegre do Alto. Ele descreve uma palestra e atividades realizadas para ensinar as crianças sobre hábitos alimentares saudáveis e avaliar seu estado nutricional. A maioria das crianças (73,13%) foi classificada como eutrófica, enquanto 8,96% apresentaram baixo peso, sobrepeso ou obesidade.
1. EDUCAÇÃO NUTRICIONAL DOS PRÉ-ESCOLARES DA CRECHE CORAÇÃO DE JESUS
DE VISTA ALEGRE DO ALTO.
Orientanda: Carla de Souza Fiorin – Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
Orientadora: Profa. Heloisa Helena Marconi de Faria – Centro Universitário de Rio Preto –
UNIRP.
INTRODUÇÃO
Atualmente, sabe-se que tantos conhecimentos como fatores psicológicos, sociais,
culturais e econômicos são determinantes do hábito alimentar. Por isso a necessidade de
uma conscientização de uma alimentação saudável deve-se iniciar desde os primeiros anos
de vida da criança, começando pela família e estendendo-se por todo período escolar. Com
base nestas considerações a conscientização de uma alimentação equilibrada e saudável é
importante desde a educação infantil, já que, se faz necessário por proporcionar os
nutrientes necessários para o desenvolvimento integral da criança (ALBIERO, 2008). Uma
alimentação saudável deve ser variada, balanceada e moderada. Isto significa comer
diferentes tipos de alimentos todos os dias, nas quantidades certas para receber as calorias
e os nutrientes indispensáveis à saúde (PRIGOL, 2007, p. 25).
É importante que as crianças aprendam a comer de forma correta desde os primeiros
anos de vida, e principalmente, a formação de hábitos alimentares saudáveis é fundamental,
uma vez que estes, por sua vez, são formados na infância e, geralmente, se mantêm por
toda vida (PRIGOL, 2007).
Diversos estudos já publicados constataram que, em decorrência de algumas
características sociais podem exercer influência no consumo alimentar. Dentre estas,
podemos citar pessoas de diferentes culturas, que, ao respeitar hábitos e costumes,
combinam os alimentos que farão parte de suas refeições de maneiras distintas. Outro
exemplo está também relacionado ao fator sexo, idade e até mesmo fatores genéticos da
qual também podem exercer grande influência no consumo alimentar, alterando o valor
energético consumido, a freqüência e o horário de realização das refeições, a quantidade e
a proporção de macronutrientes. O próprio local de realização da refeição ou do lanche pode
definir o consumo, por limitar ou ampliar a escolha de alimentos (GAUCHE; CALVO; ASSIS,
2006).
É importante destacar também que em se tratando de hábitos alimentares, estes, por
sua vez, se constitui como práticas que se consolidam na infância e tendem a permanecer
ao longo da vida. Os fatores fisiológicos, sócio culturais e psicológicos influenciam na
formação desses hábitos, além de serem condicionados em partes, pela disponibilidade de
alimentos (MORGAN et.al. 1981). Em virtude da importância e da necessidade de
estabelecer uma boa alimentação, a criança por si só não é o único agente responsável pela
2. formação os próprios hábitos alimentares, uma vez que a família tem um papel crucial,
cabendo a eles à contribuição para o fornecimento de escolhas saudáveis e, o
comprometimento em propor-lhes alimentos adequados para a saúde.
Dessa forma, os pais precisam, entretanto, promover refeições estruturadas e
lanches que consistam em variedades de escolhas saudáveis e, gentilmente, firmar limites
levando em consideração o comportamento apropriado para cada refeição; claramente,
existe a necessidade de estabelecer um balanço a ingestão de alimentos e o gasto calórico
(DECKELBAUM; WILLIAM, 2001). Apesar da responsabilidade familiar se constituir como a
desencadeadora da formação do hábito alimentar da criança, as atitudes alimentares dos
pais também são um dos fatores que influenciam as atitudes alimentares infantil, sendo que,
embora não possamos afirmar a proporção da similaridade das preferências alimentares
entre pais e filhos, podemos considerar que este aspecto pode decorrer devido à genética
ou aos fatores ambientais.
Outro fator que também se destaca como influenciador é a televisão, podendo ser
considerado como o meio de comunicação que mais interfere nas preferências alimentares,
principalmente o público infantil, pois, sabe-se que boa parte das crianças passam muito
tempo assistindo televisão, cujos anúncios veiculados estimulam a criança a consumir
alimentos com alto grau de processamento, teor de micronutrientes limitado, alta densidade
calórica e grande quantidade de sal, açúcar e gordura, especialmente as saturadas e o
colesterol (TUMA; COSTA; SCHMITZ, 2005).
As práticas de marketing das indústrias de alimentos exercem grande influência na
formação de hábitos alimentares, em crianças e adolescentes. Sabe-se comprovadamente,
que as propagandas de alimentos, e outras formas de publicidade estimulam e determinam
as escolhas individuais (PERTENSEN, 2005).
Além da família, a escola, é indiscutivelmente outro agente indispensável para
promover a educação nutricional, uma vez que, é na infância que se fixam atitudes e
práticas alimentares difíceis de modificar na fase adulta (GOUVEIA, 1999).
Segundo Motta, Boog (1988), a educação nutricional está dentro da educação em
saúde para obter algumas informações de atitudes para a população como: não fumar,
praticar esportes, apreciar a vida e ter uma alimentação saudável. A educação nutricional
incentiva o consumo de alimentos saudáveis como frutas, verduras, legumes e recomenda
evitar alimentos que faz mal a saúde como: guloseimas, gorduras e alimentos artificiais.
Para Kenndy (1996), a educação nutricional na escola possui uma série de
vantagens, pois auxilia a criança e o adolescente a atingir o máximo de seu potencial de
aprendizado e boa saúde capacitando-os a adotar hábitos alimentares saudáveis e
efetivamente o padrão de consumo alimentar e o estado nutricional da população.
3. Partindo destes princípios, a educação nutricional tornou objeto de estudo de
diversos autores, ao qual foi explanada nesta característica por se constituir como um dos
temas de grande influência para o desenvolvimento humano e mais especificamente , o
infantil.
Considerando o contexto escolar como instituição cabível a promover a promover a
educação nutricional, é na sala de aula que este trabalho tende a resultar aprendizagens
significativas por meio de metodologias lúdicas e dinâmicas, explorando a criatividade e a
imaginação das crianças. Além disso, o ambiente de ensino, quando aliado à prática da
Educação nutricional é capaz transformar-se num local favorável à convivência saudável, ao
desenvolvimento psico-afetivo e ao trabalho dos pais, crianças, educadores e responsáveis,
transformando a merenda escolar em recurso estratégico para uma aprendizagem interativa
com os alimentos (ALBIERO, 2008).
É dessa forma que, com a ruptura da centralização familiar quando ingressa na
escola a criança passa a ampliar seu currículo de contato, tomando suas próprias decisões
e realizando também suas escolhas alimentares. Além disso, por estar iniciando o processo
de afirmação de identidade alimentar, as crianças representam um grupo pronto para
receber diversas informações dentre elas as que dizem respeito aos melhores alimentos que
devem ser consumidos em função de suas necessidades de desenvolvimento e saúde
(ALBIERO, 2008).
Portanto, a alimentação na escola deve ser um local de estímulos e divulgação de
informações sobre alimentação, nutrição e saúde, que produza e forneça refeições e
lanches de qualidade, englobando aspectos nutricionais e higiênicos, que visam à
segurança alimentar do aluno e da comunidade escolar, respeitando o prazer e o hábito
cultural (PERTENSEN, 2005).
É neste sentido que o presente trabalho tem como objetivo principal promover a
formação de hábitos alimentares saudáveis e a prevenção do estado nutricional inadequado
dos escolares para melhor qualidade de vida.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo tem como característica metodológica além da pesquisa bibliográfica, a
utilização de outros materiais e métodos utilizados, bem como: a realização de palestra com
o tema “Criança Saudável é criança feliz”, abrangendo uma discussão em torno de como
deve se proceder uma boa alimentação, mostrando a importância de optar por escolhas de
alimentos ricos em nutrientes capazes de nos proporcionar saúde e bem-estar. A palestra
contou com a participação dos funcionários e dos pré-escolares da Creche Coração de
Jesus. Para a realização da mesma foi utilizada a Pirâmide dos alimentos, da qual foi
confeccionada com papéis, tecidos e diversas figuras.
4. Para complementar e enriquecer ainda mais, diversas atividades foram propostas
para as crianças com o intuito de avaliar a compreensão das crianças a respeito do tema
discutido. Além da palestra foi realizado um teatro, cujo tema era “Comer brincando com a
turma da Marianinha”, este, por sua vez, também teve como participação as monitoras e os
alunos da Creche , das quais utilizaram roupas e acessórios apropriados.
5. Para finalizar o projeto, foi realizada uma avaliação nutricional com uma amostra de
crianças na idade pré-escolar de 4 a 6 anos de idade, matriculadas na Creche Coração de
Jesus de Vista Alegre do Alto. As medidas de peso e estatura das crianças foram realizadas
pela nutricionista da mesma instituição. O estado nutricional foi avaliado a partir dos
indicadores antropométricos peso para altura (P/A) e peso por idade (P/I), utilizando como
referência National Center of Health Statistics (NCHS 2000).
Com base nos valores adquiridos por meio desta avaliação, utilizou-se as curvas de
IMC do NCHS 2000, tanto para as crianças do sexo feminino quanto para o sexto
masculino, sendo que, no que se refere às curvas de IMC, estas, por sua vez são indicados
o seu uso com crianças a partir dos 2 anos de idade.
Gráfico 1 - Crianças eutróficas, baixo peso, sobrepeso e obesidade.
Avaliação Nutricional
80
73,13%
70
60
50
Eutrófico
Baixo peso
40
Sobrepeso
Obesidade
30
20
8,96% 8,96% 8,96%
10
0
Eutrófico Baixo peso Sobrepeso Obesidade
RESULTADOS E DISCUSSÃO
6. Com base no que diz respeito à avaliação nutricional, foi possível constatar que a
Creche Coração de Jesus é uma instituição que dentre as suas prioridades de trabalho em
relação à educação, cuidados e bem-estar infantil, a alimentação é uma das quais se
estabelece como referência crucial, proporcionando às crianças da creche uma alimentação
com base na qualidade e no desenvolvimento infantil.
Durante a explanação do projeto observou-se tamanho entusiasmo por parte das
crianças em relação às atividades, sendo que as mesmas empenharam-se e participaram
de todas as etapas do projeto. Com isso foi possível constatar o sucesso decorrente do
aprendizado das crianças, a atenção e a preocupação por parte delas em absorver todos os
detalhes.
CONCLUSÃO
Como conclusão preliminar, percebemos que cada etapa desse trabalho foi essencial
para conscientizar pais, professores, e principalmente às crianças dos benefícios para a
promoção de hábitos alimentares saudáveis, afinal, alimentação saudável é sinônimo de
saúde, bem-estar e qualidade de vida.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de hábitos alimentares. Revista do Professor, Porto Alegre, nº 95, p. 25-27, jul./set. 2008.
DECKELBAUM, R.J.; WILLIAM, C.L. Childhood obesity: The health issue. Obes. Res
2001; 9:239 – 43.
GAUCHE, H; CALVO, M. C. M; ASSIS, M. A. A. Ritimo circadianos de consumo
alimentar nos lanches e refeições de adultos: aplicação do semanário alimentar.
Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo. php?script= sci_arttext&pid=
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GOUVEIA, E.L.C. Nutrição Saúde e Comunidade. 2º ed. ver. e ampl. Editora Reuniter
LTDA, 1999. 247p.
KENNEDY, E. Healthy Meals, Health Food Choice, Health Children: USDA’s Team
Nutrition. Prev Med, 25:50 – 60, 1996.
MORGAN, K.J.; ZABIK, M.E; LEVEILLE, G.A. The role of breakfast in nutrient intake of 5-
to 12-year-old children. American Journal of Clinical Nutrition, v.34, p. 1418- 1427, 1981.
MOTTA, D. G.; BOOG, M. C. Educação Nutricional. e. 2, ed. IBRASA, 1988, p. 24 – 5.
PERTESEN, Camila P. Obesidade infantil. Revista qualidade em alimentação nutrição.
N.21, p.08 – 16 Fev/Mar/Abril/Maio/Jun. 2005.
PRIGOL, Liz Edna. Educação Alimentar: Currículo escolar orienta os alunos para uma
adequada nutrição. Revista do Professor, Porto Alegre, nº 91, p. 25- 30, jul./set. 2007.
TUMA, R. C. F. B; COSTA, T. H. M; SCHMITZ, B. A. S. Avaliação antopométrica e
dietética de pré-escolares em três creches de Brasília, Distrito Federal. Disponível em:
<http:// www.scielo.br/pdf/rbsmi/v5n4/27760.pdf>. Acesso em: 09 de abr. 2009, p. 419-428.