Em ambientes de forte pendor tecnológico e acelerada mudança, as organizações usam as aptidões para a gestão de projetos de TI de forma explorar oportunidades de negócio realizando a maioria dos projetos no contexto de um programa ou portfólio de projetos. O conceito de capacidade dinâmica é particularmente relevante em ambientes de difícil previsibilidade, A gestão do portfólio de projetos é o exemplo perfeito desse tipo de ambiente. A capacidade para a gestão do portfólio de projetos (Capacidade de GPP) visa garantir o alinhamento entre o portfólio de projetos e a estratégia da organização. Os processos centrais da Capacidade de GPP estão diretamente relacionados com as mudanças na composição dos recursos da organização. O presente trabalho apresenta um modelo teórico que permite compreender melhor a forma como as organizações criam as capacidades dinâmicas necessárias a uma eficaz gestão do portfólio de projetos de TI da organização.
1. Capacidade Para a Gestão do Portfólio de Projetos
Uma Abordagem Teórica
CAPSI / 2013
Fernando Albuquerque Pereira 1, Cristiane Drebes Pedron 2, Mário Maciel Caldeira 3.
1) ISEG, Portugal
fnap@outlook.com
2) ISEG, Portugal
cdpedron@gmail.com
3) ISEG, Portugal
caldeira@iseg.utl.pt
2. • Índice
• Resource Base View (Pressupostos e Conceitos)
• Capacidades Dinâmicas Como uma Extensão da RBV
• Gestão Organizacional de Projetos, Programas e Portfólios
• Maturidade e Gestão do Portfólio de Projetos da Organização
• A Gestão do Portfólio de Projetos e as Capacidades Dinâmicas da Organização
• Modelo Teórico Para a Gestão do Portfólio de Projetos de TI
• Conclusões e Desenvolvimento Futuro
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3. Resource Based View (Pressupostos e
Conceitos)
• A Resource Base View assenta em 2 pressupostos:
• A competitividade da organização baseia-se nos seus recursos, competências e
capacidades
• A mobilidade de recursos entre empresas competidoras é imperfeita
Recursos organizacionais são todos os factores tangíveis ou intangíveis, ativos,
capacidades, processos organizativos atributos, informação e conhecimento, que a
organização detém, controla, ou aos quais tem acesso [Barney 1991; Peteraf 1993; Oliver,
1997; Hafeez et al. 2002; Teoh 2010]
• A criação de valor depende da competência da organização para selecionar gerir e
organizar os recursos que melhor se adequam às suas necessidades, sendo esse processo de
seleção que permite às empresas a criação de capacidades [Teoh 2010]
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4. Resource Based View (Pressupostos e
Conceitos)
O mercado competitivo não conduz à eliminação das diferenças entre empresas [Zott, 2003].
Essa heterogeneidade competitiva persiste porque os competidores diferem nos recursos e
nas capacidades que detêm ou controlam [Helfat e Peteraf, 2003]
Essa heterogeneidade persistente em relação aos recursos e capacidades estratégicas que
controlam cria condições para:
Imitação imperfeita [Barney 1991]
Custos de cópia elevados [Caldeira e Ward 2003]
Que permitem à empresa auferir de vantagens competitivas, ie. operar com
desempenhos e obter rendimentos superiores aos dos seus concorrentes [Peteraf 1993;
Caldeira e Ward 2003]
Uma vantagem competitiva diz-se sustentável:
Quando perdura durante um período relativamente longo de tempo [Porter 1985;
Jacobsen 1988]
Quando continua a existir depois de terem cessado os esforços dos concorrentes para
a imitarem [Lippman e Rumelt 1982; Barney 1991]
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5. Resource Based View (Pressupostos e
Conceitos)
Competências
organizacionais
Recursos
Seleccionados e
Combinados no
Contexto da
Organização
Capacidades
Organizacionais
Vantagens
Competitivas
Criação
de Valor
Competências são atributos transversais à organização tendo por objetivo a criação de
capacidades e de vantagens competitivas [Caldeira e Ward 2003]
Capacidades são a aplicação de competências no âmbito de uma determinada estratégia
de valor [Peppard e Ward 2004], e possuem 2 características que as distinguem da
execução casual, e que permitem a sua identificação e a medição dos resultados da sua
utilização [Helfat e Winter 2011]
Têm um propósito especifico [Amit e Schoemaker 1993, Dosi et al. 2000, Winter
2003, Helfat et al. 2007]
Representam uma prática e um padrão de comportamento que possibilita a execução
repetida e com qualidade de determinadas atividades especificas [Dosi et al. 2000,
Winter 2003]
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6. Capacidades Dinâmicas Como uma
Extensão da RBV
Capacidades Heterogéneas
Capacidades Homogéneas
Únicas, idiossincráticas, costumizadas
e/ou especificas da organização
Comuns a uma determinada industria e
indiferenciadas em relação às empresas
competidoras
Criadoras de Vantagem
Competitiva
Capacidades
Organizacionais
A vantagem competitiva é o objetivo, a Sustentabilidade é um estado que tem de ser
mantido de forma continuada
Devido ao Dinamismo dos Mercados [Drnevich e Kriauciunas 2011] a sustentabilidade
depende do conjunto de recursos, mas também de de mecanismos de aprendizagem,
seleção e acumulação de novas aptidões e capacidades (Reconfiguração) [Pavlou e Sawy
2011].
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7. Capacidades Dinâmicas Como uma
Extensão da RBV
Capacidades Heterogéneas
Capacidades Homogéneas
Únicas, idiossincráticas, costumizadas
e/ou especificas da organização
Deteção – Identificar novas
Comuns a uma determinada industria eameaças e oportunidades
indiferenciadas em relação às empresas
competidoras
Aprendizagem e Adaptação
Criadoras de Vantagem
Competitiva
– Aproveitar novas
oportunidades e enfrentar com
eficácia as novas ameaças
Capacidades
Organizacionais
Capacidades Operacionais
Usadas para o funcionamento diário e
permitindo às organizações executar uma
atividade de forma continuada
Integração, Inovação
Reconfiguração – Garantir a
manutenção da
competitividade através da
Representam um esforço intencional para
criar, modificar ou reconfigurar as criação, reforço,
capacidades operacionais de forma a reconfiguração da base de
Criadoras de
recursos
potenciar a criação de novos produtos e
Sustentabilidade
Capacidades Dinâmicas
serviços
A vantagem competitiva é o objetivo, a Sustentabilidade é um estado
Coordenação – Colocar em
prática as atividades e os
recursos relacionados com as
quenovas capacidades
tem de ser
operacionais
mantido de forma continuada
Devido ao Dinamismo dos Mercados [Drnevich e Kriauciunas 2011] a sustentabilidade
depende do conjunto de recursos, mas também de de mecanismos de aprendizagem,
seleção e acumulação de novas aptidões e capacidades (Reconfiguração) [Pavlou e Sawy
2011].
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8. Gestão Organizacional de Projetos,
Programas e Portfólios
As organizações usam os projetos como veiculo de mudança [Hyvari 2006] e como
instrumento para a concretização da estratégia de negócio [Morris e Jamieson 2004;
Srivannaboon 2006; Shenhar et al. 2007]. Como forma de coordenar e priorizar a utilização dos
recursos as organizações executam múltiplos projetos em simultâneo.
Um portfólio de projetos é:
Uma coleção de projetos, programas ou outro tipo de trabalho com o intuito de melhorar a
eficácia da gestão e o alinhamento com os objetivos de negócio [Patanakul e Milosevic 2008; PMI
2008; Killen et al. 2008]
Um instrumento usado para a concretização de negócio das empresas [Archer e Ghasemzadeh
1999; Morris e Jamieson 2004; Srivannaboon 2006; Shenhar et al., 2007]
Ao contrário dos projetos e programas, o portfólio não é temporário [PMI 2008c]
A gestão do portfólio de projetos (GPP) é um processo dinâmico durante o qual os projetos em
execução [Kao et al., 2006]:
São continuamente revistos e modificados
Novos projetos são avaliados, prioritizados e selecionados
Os recursos são alocados e realocados entre os diversos projetos
Os objetivos calendarizados são redefinidos, de forma adaptar as necessidades à disponibilidade
de recursos, mantendo o equilíbrio do portfólio
Esse dinamismo e a permanente necessidade de reconfiguração exige processos de decisão ágeis.
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9. A Gestão do Portfólio de Projetos e as
Capacidades Dinâmicas da Organização
A GPP é suportada por capacidades organizativas especificas (Capacidades de GPP)
As Capacidades de GPP [Killen et al. 2008]:
Consistem na combinação de estruturas organizativas, processos específicos e pessoas
envolvidas na gestão do portfólio de projetos
Visam garantir a gestão eficaz do portfólio de projetos
À semelhança das restantes capacidades da organização, a Capacidade de GPP pode dividirse em Capacidade Operacional e Capacidade Dinâmica
A Capacidade Dinâmica cria a base sobre a qual, de uma forma consistente, a
Capacidade Operacional se vai transformando no sentido de:
Criar e desenvolver as capacidades operacionais que melhor se adequam aos projetos da
organização (tipo de projeto, contexto especifico e cultura da organização)
Melhorar a eficiência da gestão do portfolio de projetos de TI (Processo de decisão)
Aumentar a eficácia com que os projetos contribuem para o desempenho de negócio da
organização
O conceito de capacidade dinâmica ajudam a explicar a contribuição da Capacidade de
GPP para a obtenção de vantagens competitivas [Killen e Hunt 2010]
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10. Modelo Teórico Para a Gestão do Portfólio
de Projetos de TI
A Eficácia da gestão do portfólio, mede-se pelo resultado, isto é, pelo nível de retorno financeiro que é
gerado pelos investimentos efectuados nos projetos que integram o portfólio [Killen et al. 2008]
Se a organização conjugar três competências:
Alinhamento - Selecionar e realizar os projetos que têm maior
impacto estratégico (eficácia)
Maximização de Recursos - Alocar de forma continuada os
recursos aos projetos onde são mais necessários (eficiência)
Controlo do Risco do Portfólio - Balanceando projetos
arriscados mas de alta rentabilidade, com outros projetos menos
arriscados
A organização criará as condições para realizar projetos:
Com menores custos e durações menores
Com uma maior taxa de sucesso
O que se repercutirá positivamente no retorno financeiro
dos projetos realizados
Capacidade de GPP
Alinhamento
do Portfolio
com a
Estratégia
Disponibilidade dos
Recursos
Para os
Projetos
Maximizar o
Uso dos
Recursos
Gestão
Eficaz do
Portfólio
Controlar o
Risco
Essas três competências que integram a Capacidade Operacional para a GPP dependem competência para
disponibilizar recursos para os projetos e da existência de uma Capacidade Dinâmica para a Alocação e
Realocação de Recursos.
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11. Modelo Teórico Para a Gestão do Portfólio
de Projetos de TI
A Capacidade de Alocação e Realocação de Recursos potencia e agiliza o processo de tomada de decisão,
diminuído a inercia estrutural nos processos de decisão relacionados com a alocação de recursos [Helfat et al.
2007]
Essa agilidade, flexibiliza o
processo de gestão do
portfólio, dotando-o de
competências que permitem:
Identificação
Avaliação
Decisão
Aprendizagem
Melhora:
A resposta a alterações da
dinâmica interna e externa do
portfólio
Disponibilidade dos recursos
para os projetos
Capacidade de Alocação e
Realocação de Recursos
Capacidade de GPP
Alinhamento
do Portfolio
com a
Estratégia
Deteção de
Ameaças e
Oportunidades
Avaliação do
Impacto das
Ameaças e
Oportunidades
Aprendizagem e
Gestão do
Conhecimento
Agilidade na
Alocação e
Realocação
de Recursos
Disponibilidade dos
Recursos
Para os
Projetos
Maximizar o
Uso dos
Recursos
Gestão
Eficaz do
Portfólio
Controlar o
Risco
O grau de realocação de recursos não é resultado de ações “ad-hoc” com o intuito de resolver problemas
[Winter 2003], e depende da existência de processos e práticas estruturais, culturais e tecnológicas.
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12. Modelo Teórico Para a Gestão do Portfólio
de Projetos de TI
A Capacidade de Alocação e Realocação de Recursos assenta sobre um conjunto de processos (boaspráticas), tecnologias que potenciam e agilizam o funcionamento desses processos, e pessoas.
Processos
Capacidade de Alocação e
Realocação de Recursos
Capacidade de GPP
Práticas de Aprendizagem Organizacional
Práticas de Gestão de Portfólio
Práticas de Gestão de Projeto
Alinhamento
do Portfolio
com a
Estratégia
Deteção de
Ameaças e
Oportunidades
Tecnologias
Infraestrutura Tecnológica
Sistemas de Informação e Suporte à Gestão do
Portfólio
Pessoas
Cultura Organizacional
Práticas de Gestão de Recursos Humanos
Avaliação do
Impacto das
Ameaças e
Oportunidades
Aprendizagem e
Gestão do
Conhecimento
Agilidade na
Alocação e
Realocação
de Recursos
Disponibilidade dos
Recursos
Para os
Projetos
Maximizar o
Uso dos
Recursos
Gestão
Eficaz do
Portfólio
Controlar o
Risco
Se a organização conseguir criar uma Capacidade de Alocação e Realocação de Recursos eficaz, isso terá
um reflexo positivo na flexibilidade da sua Capacidade de GPP e na eficácia da gestão do portfólio
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13. Conclusões e Desenvolvimento Futuro
• A bibliografia permitiu encontrar suficiente suporte teórico para:
• Fundamentar a aplicação do conceito de capacidades dinâmicas á gestão do portfólio
de projetos de TI, e
• Construir o modelo teórico
• O próximo passo é a validação empírica do modelo com os objetivos de:
• Verificar se as organizações com agilidade na alocação e realocação de recursos serão
capazes de uma maior eficácia na gestão do portfólio de projetos
• Criar um modelo de maturidade para a Capacidade de Alocação e Realocação de
Recursos no contexto da Gestão do Portfólio de Projetos de TI
• Colmatar uma lacuna teórica existente em relação à forma como funcionam os
processos de alocação e realocação de recursos no contexto da gestão do portfólio de
projetos TI
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Isto é, a vantagem competitiva é aquilo que as organizações procuram (o objetivo), a sustentabilidade é algo dinâmico que tem de ser mantido
As empresas tem recursos, esses recursos quando combinados no contexto da organização permitem que a organização desenvolva capacidades que lhes vão permitir criar vantagens competitivas e criar valor. As organizações usam competências
O balanceamento dos projetos tem pelo menos duas vertentes: Projetos mais arriscados e potencialmente mais rentáveis, com projetos menos arriscados (O grau de risco do portfolio deve ser minimizado, ou controlado de acordo com aquilo que é o perfil de risco da instituiçãoProjetos com objetivos de longo prazo (estratégicos) com projetos de curto prazo (Tácticos ou operacionais)
Modelo de maturidade que identifique os processos, tecnologias, cultura organizacional, práticas de gestão de recursos humanos e de gestão de conhecimento