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SEMEANDO AGROECOLOGIA
A cidade e a roça:
SEMEANDO AGROECOLOGIA
A cidade e a roça:
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 5
A cidade e a roça
A cidade cresce e avança cada vez mais sobre a área rural. Onde havia la-
voura anos atrás, agora encontramos concreto. O estado do Rio de Janeiro é
uma das áreas mais urbanizadas do Brasil. A baixada fluminense e os subúr-
bios do Rio de Janeiro que formam a maior parte da região metropolitana
do estado, são um bom exemplo do que o crescimento urbano desenfreado
pode gerar: prédios para todo lado, favelas, imensas comunidades, gente
para mais de metro, violência, confusão e muita desigualdade social.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA6
A alma camponesa, porém, resiste em áreas rurais ainda existentes e mesmo dentro da cidade maravilhosa. A
vontade de plantar supera as dificuldades impostas pelo crescimento da selva de pedra. Em meio à especulação
imobiliária na região metropolitana, permanecem iniciativas de famílais que procuram resgatar seus laços com a
natureza, fazendo de suas roças uma alternativa de geração de renda e de produção de alimentos. Seja em proprie-
dades familiares e terrenos em torno das cidades, em quintais ou até mesmo em lajes, a roça persiste, conservando
práticas e valores de homens, mulheres e jovens agricultores.
A Roça na Cidade
Experiências em agricultura dentro da cidade e em áreas rurais da região metropolitana permanecem e vêm
mesmo se multiplicando no Rio de Janeiro. Muitas dessas iniciativas buscam produzir alimentos em harmonia com a
natureza, valorizando o trabalho em grupo, incentivando a participação ativa dos jovens e mulheres e, dessa forma,
semeando a agricultura ecológica familiar na região.
A cidade precisa de terra para crescer. Já a roça precisa de terra para viver. Enquanto empresários e empreiteiros
querem lotear, construir e vender, agricultores querem lavrar, plantar e produzir. O Rio de Janeiro incha a cada dia, e
a pressão sobre as zonas ainda rurais em torno da cidade é grande. No entanto, experiências como a da Rede de Agri-
cultura Urbana, da Univerde, da Associação de Marapicu, da Coopagé, entre outras tantas, mostram que mesmo nas
cidades é possível viver dignamente da relação íntima com a natureza – fazendo agricultura. Tais iniciativas mostram
que é preciso ter locais de produção de alimentos próximos às áreas urbanas para que as pessoas ao redor possam
se alimentar melhor e mais barato. Mostram que se pode gerar renda e aumentar a qualidade de vida das famílias
envolvidas. Mostram também como a agricultura é uma forma rica de fortalecimento de laços de vizinhança e de vida
comunitária. E, principalmente, mostram que com criatividade as dificuldades impostas pela cidade são superadas.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 7
Plantando roça
ecológica em
faixas de dutos
O pessoal da UNIVERDE – Co-
operativa de agricultores familia-
res de Nova Iguaçu – aproveita as
faixas de dutos da Petrobras para
fazer suas lavouras. Plantam hor-
taliças e legumes sem agrotóxico,
utilizando-se de esterco animal e
restos vegetais para adubar a ter-
ra. Plantam de tudo e misturado.
­Fazem feiras e fornecem para Ali-
mentação Escolar.
Produzindo entre
a serra e a cidade
Agricultores familiares, or-
ganizados em uma cooperativa
– COOPAGÉ, produzem e co-
mercializam uma grande varie-
dade de alimentos, todos cul-
tivados em torno da cidade de
Magé. O grupo vem participan-
do ativamente de movimentos
em prol da Agroecologia e con-
ta com diversos agricultores e
agricultoras que estão inovan-
do suas práticas produtivas.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA8
A agricultura
familiar e a luta
pela terra
Há mais de 25 anos a comuni-
dade de Marapicu (assentamento
Campo Alegre) vem lutando para
fazer da agricultura familiar ban-
deira de resistência ao avanço da
cidade. Localizada em Nova Iguaçu,
a comunidade participa ativamen-
te da Escolinha de Agroecologia de
Nova Iguaçu e incentiva experiên-
cias com lavouras ecológicas.
Agricultura urbana –
pintando o cinza
de verde
Buscando aproveitar pequenos
espaços em suas residências, quin-
tais baldios, lajes e vasos, diversas
famílias da região metropolitana
fluminense praticam a arte de plan-
tar, produzindo comida, remédios
e beleza em meio ao concreto. A
maioria destas experiências se arti-
cula por meio da Rede de Agricultu-
ra Urbana – RJ.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 9
A roça em harmonia
com a natureza
A agricultura familiar
e a Agroecologia
A agricultura, seja na zona rural ou em espaços urbanos, necessita de
muita sensibilidade por parte das pessoas que a desenvolvem. Chamamos
de agricultores e agricultoras as pessoas que praticam a arte de plantar.
Chamamos de famílias agricultoras aquelas reunindo homens e mulheres,
jovens e idosos que, de maneira conjunta, promovem a agricultura, seja ela
em área rural ou urbana, geralmente em pequenos espaços ou em peque-
nas propriedades.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 9
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA10
Historicamente, a agricultura familiar sempre teve uma relação íntima com a natureza. Quando o mundo não
contava com os recursos tecnológicos que existem hoje, quase toda a comida produzida vinha dessa agricultura
feita pelas famílias camponesas.
E sabem por que ainda existe agricultura familiar? Por que a agricultura familiar não desapareceu?
A resposta está na mesa do povo. Tanto a população da cidade quanto a do campo quer diversidade de alimentos,
em quantidade e qualidade. A agricultura familiar sobrevive há tanto tempo porque está baseada numa relação de
harmonia entre as famílias produtoras e a natureza. Para os agricultores e agricultoras, a terra não é vista como simples
mercadoria, mas sim como recurso de trabalho, de sustento e chão onde criam seus filhos e cultivam suas amizades.
Essa visão mais ecológica do ambiente, que permite que se possa produzir em um mesmo lugar por tanto tempo, está
presente na cultura de muitas famílias rurais Brasil afora. Mas esse modo de ser está sendo cada vez mais ameaçado
pelo avanço da agricultura empresarial, que concentra a terra, explora todo o seu vigor e depois vai embora.
A Agroecologia se apresenta como grande aliada da agricultura familiar, uma
vez que valoriza os recursos disponíveis localmente e os conhecimentos acumu-
lados pelas famílias agricultoras. Segundo os princípios agroecológicos, o am-
biente local deve garantir todas as condições e os recursos necessários para a
produção. Esses recursos são manejados pela arte de cultivar vinda das mãos
criativas dos homens, mulheres, jovens e idosos que trabalham no campo, pro-
duzindo alimentos e gerando riquezas e renda para as famílias e comunidades.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 11
Cuidando do solo
Sem terra não dá para plantar. O solo é o grande responsável por alimentar as
plantas. Para termos plantas sadias, temos que ter um solo sadio. Sobre esse as-
sunto, o conhecimento dos agricultores não falha:
Terra boa é preta, fresca, fofa, cheirosa e cheia de bichos.
Por quê?
A cor preta indica que a terra tem bastante nutrientes, alimento para as plan-
tas. Fresca quer dizer que a terra está úmida, que tem água. Terra fofa significa
terra solta, que tem ar para as raízes. A terra é cheirosa quando não está enchar-
cada (água demais mata a planta). Já os bichos são os pequenos insetos, minho-
cas, gongolos, etc., responsáveis por dar vida e ajudar a terra a ficar preta, fresca
e fofa. Se a terra está boa para eles, está boa demais para as plantas também.
Portanto, podemos perceber se a terra está forte ou fraca verificando se está
preta, fresca, fofa, cheirosa e cheia de bichinhos.
Mas também é possível avaliar
se a terra está forte observando os
tipos de plantas que aparecem nela.
Muitas plantas nos dão sinais sobre
a qualidade da terra por isso, são co-
nhecidas como plantas indicadoras.
Algumas plantas indicadoras de fertilidade do solo
Terra forte Terra fraca
trapoeraba sapê
caruru samambaia
beldroega capim rabo-de-burro
mamona pixirica
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 11
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA12
O que fazer então para a terra se manter forte?
Produzir a terra preta:
Os mais antigos já diziam: planta sadia é sinal de terra sadia. É preciso
alimentar a terra para que as plantas recebam também uma quantidade
suficiente de alimento. Como a natureza alimenta a terra e as plantas?
As raízes buscam o alimento na terra. Os restos de folhas, galhos e troncos,
ao caírem na terra, vão se decompondo, transformando-se aos poucos em
alimento para as plantas. Com a ajuda dos bichinhos da terra (insetos, fungos,
bactérias, minhocas), essa transformação é mais rápida. E é esse alimento,
conhecido como matéria orgânica, que deixa a terra com a cor preta.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 13
Outro caso é o esterco animal,
que nada mais é do que restos de
plantas que passaram pelo estôma-
go de animais maiores e, por esta-
rem mais mastigados, são mais efi-
cientes na alimentação das plantas.
Não se esqueça de sempre usar nas
plantas o esterco bem curtido!
DICAS PARA AJUDAR A TERRA FICAR PRETA:
Compostagem
A compostagem tem o objetivo de acelerar a decomposição de restos
vegetais e disponibilizar material orgânico de boa qualidade para a nutrição
das plantas. Quem tiver acesso a esterco bovino pode utilizá-lo para mistu-
rar com os restos de folhas, grama
cortada, galhos, etc. Faça uma pi-
lha de aproximadamente 1,20 m de
largura, de comprimento que pode
variar conforme as possibilidades.
Faça uma primeira camada de 15 a
20 cm com os restos vegetais. Por
cima desta camada coloque outra
de 5 cm de esterco. Repita as cama-
das até a pilha alcançar a altura da
cintura. Cubra a pilha com palha ou
folhas secas.
Revire a pilha de 7 em 7 dias,
sempre observando a umidade.
Caso precise regue a pilha. Dentro de
60 dias observe se o composto está
pronto. Quando o material da pilha
estiver todo com cor preta, com apa-
rência de terra de cheiro agradável,
é sinal que o composto está pronto.
Pode utilizá-lo para adubação de
hortaliças, fruteiras, legumes e ou-
tras plantas.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA14
adubos verdes
Adubos verdes são plantas vivas utilizadas
para adubação do solo. Existem alguns tipos
de plantas que são capazes de tirar nutrientes
de lugares mais profundos que a maioria das
plantas não consegue alcançar. As plantas de
legume, como feijão-de-porco, guandu, mucu-
na, crotalária, são ótimas aliadas na adubação
do solo. Plantam-se essas espécies adubadeiras
junto da cultura principal ou no momento de
descanso da terra. Assim que iniciar a floração,
os adubos verdes devem ser podados e deixados
sob a terra. Vejam o caso do milho com a mu-
cuna: planta-se o milho normalmente. No mo-
mento da primeira capina, planta-se a mucuna
no meio do milho. As plantas vão conviver em
harmonia e, quando chegar a hora de colher o
milho, a mucuna já estará a ponto de dominar
toda a área (trepando sobre os pés de milho
secos). Na floração da mucuna, poda-se tudo e
deixa apodrecer em cima da terra.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 15
Não queimar
A queimada provoca o enfraquecimento da terra porque, quando se queima, vários nutrientes im-
portantes para as plantas cultivadas vão embora junto com a fumaça. Além disso, o fogo acaba com os
bichos responsáveis pela decomposição dos restos vegetais, prejudicando muito a qualidade da terra.
Deixe o material roçado ou capinado sobre o solo, ele vai apodrecer e virar alimento para as plantas. Se
o material for muito bruto, faça leiras, de modo que o material todo vá apodrecendo aos poucos. Depois
se pode até plantar, por exemplo, batata-doce ou abóbora, junto às leiras. Com certeza essas plantas
agradecerão muito.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA16
Produzir a terra fresca, fofa e cheirosa:
Se observarmos a natureza trabalhar, veremos que ela faz tudo certo
para conservar a terra rica. Devemos, portanto, tentar imitá-la.
Para a terra ficar fresca, fofa e cheirosa, temos que fazê-la ficar preta.
Para tanto, devemos deixar sobre o solo os restos vegetais que alimentam a
terra e também ajudam a reter a água. Os bichinhos da terra, que se alimen-
tam dos restos vegetais, cavoucam e fazem pequenos túneis no solo, que
ajudam a água e o ar a circularem debaixo da terra, deixando ela mais fresca
e fofa. As raízes também cumprem o papel de arejar o solo.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 17
Quando deixamos a terra descansar, estamos deixando a natureza trabalhar,
recuperar o que fizemos à terra. Isso ela faz muito bem, porém leva tempo.
Por que então ao invés de insistirmos em cansar a terra, não trabalhamos
em parceria com a natureza?
DICAS PARA AJUDAR A TERRA A FICAR FRESCA,
FOFA E CHEIROSA
Cobertura do solo
Para que a terra se conserve fres-
ca e úmida, o sol não deve bater dire-
tamente nela. O calor forte, além de
secar a terra, mata vários bichos que
vivem no solo e prejudica as raízes
rasas das plantações. A chuva forte
também ajuda a lavar os nutrientes da
terra. Mas, ao cobrir o solo, evitamos
que o calor e a chuva forte agridam
a terra. Podemos utilizar coberturas
mortas, como palha e bagaço de cana,
grama cortada, capins roçados, folhas
de árvores, etc.; ou podemos utilizar
a cobertura viva, plantas que forrem
o solo e que não prejudiquem o de-
senvolvimento da lavoura. Pode ser
a própria vegetação espontânea ou
adubos-verdes, como o feijão-de-por-
co, o amendoim forrageiro, o cudzu,
entre outros.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA18
juntando roças e árvores
A utilização de árvores ou arbustos em meio às lavouras permite que a terra não se
desgaste tanto. As árvores cumprem um papel importante no afofamento e arejamento
do solo por causa das suas raízes. Seus galhos e folhas, quando podados e manejados
corretamente, servem como adubo e cobertura do solo. Plantações consorciadas com
árvores não sentem tanto o clima seco. Os pastos também podem ter árvores, que ofe-
recem sombra e forragem aos animais e servem ainda como moirões vivos. A bananeira
gosta da sombra rala do guapuruvu, conhecido também como bandarra ou ficheira. Ár-
vore nativa da Mata Atlântica, além de fornecer sombra, bate todas as folhas uma vez
ao ano, realizando uma grande adubação no bananal. O guapuruvu também serve como
quebra-vento, protegendo as folhas sensíveis da bananeira. Por sua vez a banana é uma
ótima companheira de plantas como o café, o cacau, cupuaçu, palmitos, entre outras.
Fornece sombra e muito adubo, vindo da colheita e do manejo do bananal. É só observar
e experimentar!
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 19
Cuidando das águas
Para que se tenha vida, é preciso que se tenha água. Portanto, cuidar das nascentes e rios é
fundamental para a continuidade da agricultura. Para cuidarmos bem das águas, é preciso entender
como a natureza faz para garantir o seu fornecimento.
Ao observar como a água circula na natureza, entendemos que ela precisa voltar para a terra
para alimentar as nascentes e os rios. Compreendemos também que o rio é o principal caminho
para a água retornar para o mar e assim completar seu ciclo.
DICAS PARA A CONSERVAÇÃO DA ÁGUA
Lembrando que, quando cuidamos do solo, estamos também cuidando das águas.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 19
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA20
Preservar as
matas ciliares
Assim como os cílios protegem
nossos olhos da poeira e das impu-
rezas do ar, as matas ciliares prote-
gem os rios e córregos dos desbar-
rancamentos. Quando as margens
do rio desbarrancam, ele vai ficando
mais raso, diminuindo a infiltração
da água e aumentando os riscos de
cheias – processo conhecido como
assoreamento.
Preservar as matas dos topos de
morros, boqueirões e em
torno de nascentes
A vegetação nesses lugares é essencial para a infiltra-
ção da água da chuva, responsável pelo abastecimento das
nascentes e rios. Sem a mata, a água que cai nesses luga-
res penetra muito pouco no solo, escorrendo morro abaixo
e enchendo rapidamente os rios e córregos, podendo causar
enchentes, além de não abastecer devidamente o lençol fre-
ático e as nascentes.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 21
Cuidando das sementes
Não se pratica agricultura sem sementes, embora existam plantas que
se reproduzem por outros meios, como as estacas, por exemplo. A maioria
das sementes utilizadas nas roças vem de frutos e grãos. A semente é o que
garante nossas futuras lavouras. É a partir dela que as novas plantas que
continuarão a nos alimentar nascem e se reproduzem.
Durante anos e anos, agricultores e agricultoras foram introduzindo as
práticas de melhoramento dos cultivos, entre elas, a seleção das plantas que
produziam melhor nas suas regiões. Existem hoje vários tipos de plantas,
como milhos, feijões, mandiocas, quiabos, que são fruto do melhoramento
realizado pelas mãos camponesas ao longo da história. As sementes dessas
plantas, guardadas e repassadas de geração para geração, são chamadas
Brasil afora de crioulas, caipiras, nativas, locais, dentre outros termos. São
adaptadas aos locais onde foram criadas, assim como às condições de culti-
vo da agricultura familiar.
O caso do milho cateto
Esse milho é uma variedade crioula
muito utilizada no Rio de Janeiro. É um
milho que produz bem, mesmo em terra
não muito fértil. Tolera a seca e é resis-
tente às pragas e doenças. Apesar de não
produzir grandes espigas, o milho cateto
ou catete acompanha há vários anos mui-
tas famílias agricultoras em função das
vantagens que ele oferece em situações
de poucos recursos.
Desde que a gente nasceu planta esse milho. Essas
sementes são do tempo dos velhos, nunca deixamos a planta
acabar... Aí a gente vem zelando, zelando. Eu me casei e fomos
zelando, tem mais de 50 anos...
Manoel Martins, 74 anos, e dona Virginia Clemente Martins, 79 anos
Agricultores familiares de Tapinoã – Araruama (RJ)
O milho híbrido não
serve pra gente porque é um milho
fraco, não alimenta as galinhas e nem engorda
os porcos. O milho híbrido deixa os ovos com a gema
branca, sem gosto... O híbrido é um milho grande, mas
sem nutrientes.
Dona Genoveva Menezes de Souza
Agricultora familiar de Tapinoã – Araruama, comentando
sobre o milho híbrido.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 21
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA22
Já as sementes crioulas, cultivadas no local e melhoradas ao longo do tem-
po pelos agricultores familiares, não exigem muitos recursos financeiros para
serem plantadas. Todo ano novas sementes são geradas para a nova roça. Por
isso temos que zelar pelas sementes que nossos pais e avós cuidaram. Além
de nos darem plantas mais adaptadas e resistentes, nos dão independência e
segurança. Portanto, para fortalecer a agricultura familiar ecológica, é cada vez
mais necessário conservar as sementes crioulas.
Hoje muitas sementes crioulas estão se per-
dendo. Muitos agricultores estão sendo levados
a trocar as sementes crioulas por sementes hí-
bridas produzidas por grandes empresas. Para
serem produtivas essas sementes necessitam
de adubos químicos e agrotóxicos, tudo produ-
zido pelas mesmas empresas. Quando utiliza-
dos os produtos químicos, as sementes híbridas
até produzem bastante, mas não se consegue
tirar plantas delas. E, ano após ano, é preciso
comprar das empresas novas sementes, crian-
do uma situação de dependência do agricultor.
Dicas para guardar
sementes
Para evitar carunchos, gorgulhos e tra-
ças que atacam os grãos, guarde sempre
as sementes em recipientes com o míni-
mo de ar possível e coloque junto folhas
de louro, dentes de alho ou folhas de eu-
calipto. Uma boa dica para se controlar o
caruncho do feijão é colocar um pouco de
pimenta-do-reino junto das sementes e
fechar bem o recipiente.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 23
Plantando de tudo um pouco
Uma característica da agricultura familiar sempre foi a presença de vá-
rios tipos de lavouras nas propriedades. Plantar de tudo um pouco é funda-
mental para suprir os gastos das famílias. Nessa situação, a roça fornece a
maior parte da alimentação dos animais e das pessoas que plantam.
Na roça ou na cidade, os agricultores e agricultoras sempre buscam
misturar as plantas, aproveitando os espaços e enriquecendo a mesa.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 23
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA24
Combinando os animais
e a roça
A criação animal é importante fonte
de alimentos para a agricultura familiar. O
gado, a galinha, o porco, a cabra, as abe-
lhas, o peixe e muitos outros tipos de cria-
ções estão presentes nas comunidades
camponesas. Além de fornecerem a carne,
o leite, o mel, o ovo e vários outros produ-
tos, as criações fornecem o esterco para
adubar as lavouras. A sabedoria dos agri-
cultores e agricultoras familiares ensina ESTERCO
CRIAÇÃO
LAVOURA
O trator de galinhas
O trator de galinhas nada mais
é que um galinheiro móvel. Utili-
zando bambu, canos de PVC ou
tela de arame, pode-se fabricar
um galinheiro com estrutura bem
leve para funcionar como um
preparador de canteiros para o
cultivo de hortaliças. O objetivo é
que possamos, movimentar o ga-
linheiro conforme as galinhas vão
revirando a terra. As galinhas ali-
mentam-se de ervas indesejáveis,
como a tiririca, e de insetos que
podem prejudicar as hortaliças.
Elas ciscam bastante, afofando a
terra, e adubam o solo com seu
esterco. Esse processo, além de
ajudar no preparo da terra para
plantio, enriquece a alimentação
das galinhas.
três BENEFÍCIOS DA LAVOURA VARIADA:
1 - Variedade de produtos: plantando de tudo um pouco, ou até
mesmo de tudo um muito, dependendo da situação, a família garante
grande parte do consumo de alimentos da casa ao longo do ano. Caso
uma cultura não produza o esperado, têm-se as outras para compen-
sar. Outra vantagem é poder comercializar os produtos também du-
rante o ano inteiro. Numa feira, por exemplo, quanto mais variada a
banca, maior a chance de venda.
que combinar as criações animais com as plantações é
um bom negócio. As plantas alimentam os animais, e os
animais alimentam as plantas. E tanto as plantas quanto
os animais geram renda e alimentam a família.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 25
2 - Aproveitamento do espaço: quando se tem pequenas propriedades,
até mesmo quintais ou outros espaços pequenos, o plantio diversificado aju-
da no aproveitamento da área. Combinando o tempo de crescimento da
planta e o formato delas, consegue-se aproveitar bastante o terreno.
3 - Controle de pragas e doenças:
quanto mais tipos de plantas convi-
verem próximas umas das outras,
mais tipos de bichos aparecerão na
roça. Quanto mais bichos na roça,
menos chances de uma determina-
da planta ser atacada por pragas.
Tem bicho que se alimenta de plan-
ta, e tem bicho que se alimenta de
outros bichos. Uma roça com grande
variedade de plantas atrai tanto os
bichos que comem planta, quanto
os bichos que comem bichos, equi-
librando o ambiente. Chamamos
esse fenômeno de controle biológi-
co. Além desse controle, ainda po-
demos utilizar plantas que repelem
algumas das pragas.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA26
Plantas repelentes
Os insetos não gostam de cheiro for-
te, como o de cravo-de-defunto, arruda,
hortelã, alecrim, mastruz, alho e girassol.
Se plantadas dentro do roçado, essas
plantas afugentam a paquinha, o pulgão,
os vermes do solo, a lagarta, o besouro,
dentre outros bichos. Para afugentar a
saúva, é bom plantar gergelim ou batata-
doce próximo do formigueiro.
Cuidando da saúde da roça
Para que uma planta seja sadia, tem que estar bem alimen-
tada, ter espaço para suas raízes crescerem (solo bem cuida-
do) e não sofrer por falta de água. Também é importante que
a planta venha de sementes de qualidade e seja cultivada na
companhia de outras, como nos consórcios. Seguindo estes
passos, o agricultor provavelmente não terá que se preocupar
com pragas e doenças. Mas, caso aconteça, aí vão algumas
dicas caseiras para evitar esses problemas:
Calda sulfocálcica
Essa calda é utilizada para tratar doenças causadas por fungos, além de combater ácaros,
cochonilhas e outros insetos sugadores de plantas. É também repelente de brocas que atacam
os troncos de árvores frutíferas. Para preparar 100 litros de calda são necessários:
- 20 kg de enxofre;
- 10 kg de cal virgem;
- 100 litros de água;
- 1 tonel de ferro de 200 litros;
- lenha suficiente para ferver a água por mais de uma hora.
1º PASSO: Faça uma marca na metade do tonel que corresponde a 100 litros. Bote os 20 kg
de enxofre no tonel sobre o fogo e vá misturando água até formar uma pasta.
2º PASSO: Vá despejando a cal virgem e a água aos poucos. Tome cuidado com os respingos
de água quente.
3º PASSO: Vá completando, também aos poucos, o volume com água até chegar a 100 li-
tros, sempre mexendo bem e com o fogo bem forte. Quanto mais forte o fogo, melhor fica a
calda. Mantenha o volume sempre em 100 litros (use a marca no tonel), acrescentando água.
4º PASSO: Quando a calda ficar grossa e com uma cor que lembra o vinho de jabuticaba,
está pronta. É só deixar esfriar, coar e guardar em baldes de plástico ou garrafões escuros, bem
tampados.
Se ficar bem fechada, a calda continua com sua força toda por mais de quatro meses.
Recomendações de uso:
Hortaliças e fruteiras – para cada 10 litros de água – 100 ml de calda. Aplicar de 15 em 15
dias, nas horas mais frescas do dia.
ATENÇÃO: Não aplique a calda em plantas da família das abóboras, dos pepinos, dos me-
lões, etc. Nunca aplique a calda sobre a floração das plantas. Lave bem as mãos e os recipien-
tes após o manuseio, utilizando suco de limão ou vinagre (a calda é corrosiva). Muito cuidado
com os olhos.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA26
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 27
Manipueira
É o líquido leitoso que escorre das raízes da mandioca no mo-
mento da prensagem para a fabricação de farinha.
- controle de ácaros: diluir 1 litro de manipueira em 2 litros de
água – aplicar 1 vez por semana.
- controle de insetos: 1 litro de manipueira para 1 litro de água –
aplicar 1 vez por semana.
- controle de carrapatos: 1 litro de manipueira + 1 litro de óleo
de mamona + 2 litros de água – aplicar 1 vez por semana.
- adubação foliar: 1 litro de manipueira para 4 litros de água –
aplicar 1 vez na semana.
Macerado de samambaia
Para o controle de ácaros, cochonilhas e pulgões, coloque
500 g de folhas frescas ou 100 g de folhas secas de samambaia
em 1 litro de água e deixe em repouso por 1 dia. Ferver por
meia hora. Para aplicação, diluir 1 litro da mistura de samam-
baia em 10 litros de água.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA28
Gerando renda e dignidade na roça
A agricultura familiar ecológica tem grande potencial de geração de ren-
da. É uma agricultura capaz de produzir alimentos variados, de qualidade e
respeitando a natureza. Esses produtos têm alta capacidade de abastecer os
mercados próximos às áreas produtoras: são vendidos na porta de casa, na
comunidade, para fregueses na cidade ou nas feiras.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA28
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 29
As feiras são ótima alternativa de renda para os agricultores e agricul-
toras familiares. As famílias agricultoras levam para as feiras uma grande
variedade de produtos. Se a família não tem abóbora hoje, tem mandio-
ca, quiabo, maxixe e couve. A feira sempre oferece oportunidades de ven-
da para quem planta de tudo um pouco. Além disso, esse tipo de mercado
aproxima o consumidor da realidade camponesa. O freguês passa a confiar
no agricultor e o agricultor passa a confiar no freguês. A relação é duradoura
e benéfica para os dois lados.
Rede Ecológica de
Consumidores
Formada por um grupo de consu-
midores do Rio de Janeiro que desde
2001 realiza compras coletivas de
produtos perecíveis e não perecíveis
vindos da produção familiar agroe-
cológica fluminense e de várias re-
giões do País. Além das compras, a
rede organiza visitas aos agricultores
(desenvolvendo o turismo rural e as
relações de solidariedade campo–ci-
dade); oficinas de reaproveitamento
de materiais reciclados (trabalhando
a educação ambiental e evitando a
utilização de materiais descartáveis);
e encontros de produtores e consu-
midores, além de estimular práticas
agroecológicas, como compostagem
e hortas caseiras. A rede se insere
também em campanhas, abaixo-
assinados e participa dos fóruns de
cooperativismo popular e economia
solidária do Rio de Janeiro.
Eu sempre venho à feira. Compro de tudo: ovo, mel,
verduras, legumes e frutas. O preço é justo e confio na qua-
lidade dos produtos. Conheço há muito tempo estas pessoas,
inclusive já fui várias vezes tomar cafezinho na casa delas e
conhecer a roça...
Consumidora da feira da agricultura familiar de
Casimiro de Abreu (RJ).
Muitos consumidores hoje buscam produtos diferenciados, produzidos de
maneira mais artesanal e natural, sem o uso de substâncias químicas, abrindo
grande canal de comercialização para a agricultura familiar ecológica.
Muitos agricultores familiares também estão vendendo seus produtos
diretamente para alimentação escolar. Através da Lei n° 11947/09, no míni-
mo 30% dos alimentos da merenda escolar das redes municipais e estaduais
de ensino, tem que vir da agricultura familiar. Mais uma oportunidade para
comercialização.
Eu tiro de 1.000 a 1.500 reais por mês
fazendo feira uma vez por semana. Não pago
aluguel, tenho água à vontade e como o que eu plan-
to. Onde eu iria ter esta condição trabalhando empre-
gado por um salário mínimo na cidade?
David Couto, agricultor familiar do Assentamento Visconde
Casimiro de Abreu (RJ).
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA30
Feira da Roça de Nova Iguaçu
Após muitas dificuldades, agricultores da Baixada Fluminen-
se, apoiados pela Emater e pela Comissão Pastoral da Terra, con-
quistaram um espaço para comercializar seus produtos, demanda
antiga da região. Depois de muito pressionarem o poder público,
conseguiram organizar a feira na Praça Rui Barbosa, no centro do
município. Com um caráter cultural e agroecológico, a feira conta
também com a participação do movimento da economia solidá-
ria. Participam da feira agricultores familiares das comunidades de
Marapicu, Campo Alegre, Fazenda São Bernardino, Jaceruba, Ge-
neciano, entre outras.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 31
Organização e participação
Para que os produtos da agricultura familiar cheguem com mais facilidade à
mesa do povo e para que os camponeses sejam mais valorizados e vivam com
maior dignidade, não basta produzir. É preciso também se organizar e participar
dos espaços de decisão na comunidade e na região.
Trilhar o caminho da Agroecologia, seja na cidade ou no campo, exige dar as
mãos para a natureza e seguir junto dela. Exige dar as mãos aos companheiros
e companheiras agricultores e fortalecer a caminhada. Exige comunhão e muita
garra para vencer as dificuldades. A profissão da agricultura tem sido uma das
mais difíceis, porém é de grande nobreza. Nada é mais nobre e gratificante do que
trabalhar com anatureza para colocar o pão de cada dia na sua própria mesa e na
mesa de milhares de famílias.
Mulheres e homens do campo, a terra está nas mãos de vocês e vocês estão
nas mãos dela.
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 31
A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA32
A cidade e a roça:
Semeando agroecologia
Edição:
Projeto Semeando Agroecologia
Texto:
Thiago Michelini Barbosa
Coordenação editorial:
Adriana Galvão Freire, Marcio Mattos de Mendonça,
Paulo Petersen e Silvio Almeida
Revisão ortográfica e gramatical:
Rosa Peralta
Projeto gráfico:
I Graficci Comunicação & Design
Ilustrações:
Ayssa
Fotos:
Marcela Pepino
Impressão:
Reproset
Tiragem:
1.000 exemplares
AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia
Rua das Palmeiras, 90 – Botafogo – RJ
CEP 22270-070 – Rio de Janeiro
www.aspta.org.br
E-mail: urbana@aspta.org.br
Realização:
Patrocínio:
Quantidade de páginas:
Formato:
Tipologia:
Corpo/entrelinha:
Papel de miolo:
Papel de capa:
32
21 x 28cm
Calibri
11/15
Offset 75g
Cartão Supremo 240g
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A cidade e a roça semeando agroecologia - aspta

  • 2.
  • 4.
  • 5. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 5 A cidade e a roça A cidade cresce e avança cada vez mais sobre a área rural. Onde havia la- voura anos atrás, agora encontramos concreto. O estado do Rio de Janeiro é uma das áreas mais urbanizadas do Brasil. A baixada fluminense e os subúr- bios do Rio de Janeiro que formam a maior parte da região metropolitana do estado, são um bom exemplo do que o crescimento urbano desenfreado pode gerar: prédios para todo lado, favelas, imensas comunidades, gente para mais de metro, violência, confusão e muita desigualdade social.
  • 6. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA6 A alma camponesa, porém, resiste em áreas rurais ainda existentes e mesmo dentro da cidade maravilhosa. A vontade de plantar supera as dificuldades impostas pelo crescimento da selva de pedra. Em meio à especulação imobiliária na região metropolitana, permanecem iniciativas de famílais que procuram resgatar seus laços com a natureza, fazendo de suas roças uma alternativa de geração de renda e de produção de alimentos. Seja em proprie- dades familiares e terrenos em torno das cidades, em quintais ou até mesmo em lajes, a roça persiste, conservando práticas e valores de homens, mulheres e jovens agricultores. A Roça na Cidade Experiências em agricultura dentro da cidade e em áreas rurais da região metropolitana permanecem e vêm mesmo se multiplicando no Rio de Janeiro. Muitas dessas iniciativas buscam produzir alimentos em harmonia com a natureza, valorizando o trabalho em grupo, incentivando a participação ativa dos jovens e mulheres e, dessa forma, semeando a agricultura ecológica familiar na região. A cidade precisa de terra para crescer. Já a roça precisa de terra para viver. Enquanto empresários e empreiteiros querem lotear, construir e vender, agricultores querem lavrar, plantar e produzir. O Rio de Janeiro incha a cada dia, e a pressão sobre as zonas ainda rurais em torno da cidade é grande. No entanto, experiências como a da Rede de Agri- cultura Urbana, da Univerde, da Associação de Marapicu, da Coopagé, entre outras tantas, mostram que mesmo nas cidades é possível viver dignamente da relação íntima com a natureza – fazendo agricultura. Tais iniciativas mostram que é preciso ter locais de produção de alimentos próximos às áreas urbanas para que as pessoas ao redor possam se alimentar melhor e mais barato. Mostram que se pode gerar renda e aumentar a qualidade de vida das famílias envolvidas. Mostram também como a agricultura é uma forma rica de fortalecimento de laços de vizinhança e de vida comunitária. E, principalmente, mostram que com criatividade as dificuldades impostas pela cidade são superadas.
  • 7. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 7 Plantando roça ecológica em faixas de dutos O pessoal da UNIVERDE – Co- operativa de agricultores familia- res de Nova Iguaçu – aproveita as faixas de dutos da Petrobras para fazer suas lavouras. Plantam hor- taliças e legumes sem agrotóxico, utilizando-se de esterco animal e restos vegetais para adubar a ter- ra. Plantam de tudo e misturado. ­Fazem feiras e fornecem para Ali- mentação Escolar. Produzindo entre a serra e a cidade Agricultores familiares, or- ganizados em uma cooperativa – COOPAGÉ, produzem e co- mercializam uma grande varie- dade de alimentos, todos cul- tivados em torno da cidade de Magé. O grupo vem participan- do ativamente de movimentos em prol da Agroecologia e con- ta com diversos agricultores e agricultoras que estão inovan- do suas práticas produtivas.
  • 8. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA8 A agricultura familiar e a luta pela terra Há mais de 25 anos a comuni- dade de Marapicu (assentamento Campo Alegre) vem lutando para fazer da agricultura familiar ban- deira de resistência ao avanço da cidade. Localizada em Nova Iguaçu, a comunidade participa ativamen- te da Escolinha de Agroecologia de Nova Iguaçu e incentiva experiên- cias com lavouras ecológicas. Agricultura urbana – pintando o cinza de verde Buscando aproveitar pequenos espaços em suas residências, quin- tais baldios, lajes e vasos, diversas famílias da região metropolitana fluminense praticam a arte de plan- tar, produzindo comida, remédios e beleza em meio ao concreto. A maioria destas experiências se arti- cula por meio da Rede de Agricultu- ra Urbana – RJ.
  • 9. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 9 A roça em harmonia com a natureza A agricultura familiar e a Agroecologia A agricultura, seja na zona rural ou em espaços urbanos, necessita de muita sensibilidade por parte das pessoas que a desenvolvem. Chamamos de agricultores e agricultoras as pessoas que praticam a arte de plantar. Chamamos de famílias agricultoras aquelas reunindo homens e mulheres, jovens e idosos que, de maneira conjunta, promovem a agricultura, seja ela em área rural ou urbana, geralmente em pequenos espaços ou em peque- nas propriedades. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 9
  • 10. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA10 Historicamente, a agricultura familiar sempre teve uma relação íntima com a natureza. Quando o mundo não contava com os recursos tecnológicos que existem hoje, quase toda a comida produzida vinha dessa agricultura feita pelas famílias camponesas. E sabem por que ainda existe agricultura familiar? Por que a agricultura familiar não desapareceu? A resposta está na mesa do povo. Tanto a população da cidade quanto a do campo quer diversidade de alimentos, em quantidade e qualidade. A agricultura familiar sobrevive há tanto tempo porque está baseada numa relação de harmonia entre as famílias produtoras e a natureza. Para os agricultores e agricultoras, a terra não é vista como simples mercadoria, mas sim como recurso de trabalho, de sustento e chão onde criam seus filhos e cultivam suas amizades. Essa visão mais ecológica do ambiente, que permite que se possa produzir em um mesmo lugar por tanto tempo, está presente na cultura de muitas famílias rurais Brasil afora. Mas esse modo de ser está sendo cada vez mais ameaçado pelo avanço da agricultura empresarial, que concentra a terra, explora todo o seu vigor e depois vai embora. A Agroecologia se apresenta como grande aliada da agricultura familiar, uma vez que valoriza os recursos disponíveis localmente e os conhecimentos acumu- lados pelas famílias agricultoras. Segundo os princípios agroecológicos, o am- biente local deve garantir todas as condições e os recursos necessários para a produção. Esses recursos são manejados pela arte de cultivar vinda das mãos criativas dos homens, mulheres, jovens e idosos que trabalham no campo, pro- duzindo alimentos e gerando riquezas e renda para as famílias e comunidades.
  • 11. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 11 Cuidando do solo Sem terra não dá para plantar. O solo é o grande responsável por alimentar as plantas. Para termos plantas sadias, temos que ter um solo sadio. Sobre esse as- sunto, o conhecimento dos agricultores não falha: Terra boa é preta, fresca, fofa, cheirosa e cheia de bichos. Por quê? A cor preta indica que a terra tem bastante nutrientes, alimento para as plan- tas. Fresca quer dizer que a terra está úmida, que tem água. Terra fofa significa terra solta, que tem ar para as raízes. A terra é cheirosa quando não está enchar- cada (água demais mata a planta). Já os bichos são os pequenos insetos, minho- cas, gongolos, etc., responsáveis por dar vida e ajudar a terra a ficar preta, fresca e fofa. Se a terra está boa para eles, está boa demais para as plantas também. Portanto, podemos perceber se a terra está forte ou fraca verificando se está preta, fresca, fofa, cheirosa e cheia de bichinhos. Mas também é possível avaliar se a terra está forte observando os tipos de plantas que aparecem nela. Muitas plantas nos dão sinais sobre a qualidade da terra por isso, são co- nhecidas como plantas indicadoras. Algumas plantas indicadoras de fertilidade do solo Terra forte Terra fraca trapoeraba sapê caruru samambaia beldroega capim rabo-de-burro mamona pixirica A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 11
  • 12. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA12 O que fazer então para a terra se manter forte? Produzir a terra preta: Os mais antigos já diziam: planta sadia é sinal de terra sadia. É preciso alimentar a terra para que as plantas recebam também uma quantidade suficiente de alimento. Como a natureza alimenta a terra e as plantas? As raízes buscam o alimento na terra. Os restos de folhas, galhos e troncos, ao caírem na terra, vão se decompondo, transformando-se aos poucos em alimento para as plantas. Com a ajuda dos bichinhos da terra (insetos, fungos, bactérias, minhocas), essa transformação é mais rápida. E é esse alimento, conhecido como matéria orgânica, que deixa a terra com a cor preta.
  • 13. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 13 Outro caso é o esterco animal, que nada mais é do que restos de plantas que passaram pelo estôma- go de animais maiores e, por esta- rem mais mastigados, são mais efi- cientes na alimentação das plantas. Não se esqueça de sempre usar nas plantas o esterco bem curtido! DICAS PARA AJUDAR A TERRA FICAR PRETA: Compostagem A compostagem tem o objetivo de acelerar a decomposição de restos vegetais e disponibilizar material orgânico de boa qualidade para a nutrição das plantas. Quem tiver acesso a esterco bovino pode utilizá-lo para mistu- rar com os restos de folhas, grama cortada, galhos, etc. Faça uma pi- lha de aproximadamente 1,20 m de largura, de comprimento que pode variar conforme as possibilidades. Faça uma primeira camada de 15 a 20 cm com os restos vegetais. Por cima desta camada coloque outra de 5 cm de esterco. Repita as cama- das até a pilha alcançar a altura da cintura. Cubra a pilha com palha ou folhas secas. Revire a pilha de 7 em 7 dias, sempre observando a umidade. Caso precise regue a pilha. Dentro de 60 dias observe se o composto está pronto. Quando o material da pilha estiver todo com cor preta, com apa- rência de terra de cheiro agradável, é sinal que o composto está pronto. Pode utilizá-lo para adubação de hortaliças, fruteiras, legumes e ou- tras plantas.
  • 14. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA14 adubos verdes Adubos verdes são plantas vivas utilizadas para adubação do solo. Existem alguns tipos de plantas que são capazes de tirar nutrientes de lugares mais profundos que a maioria das plantas não consegue alcançar. As plantas de legume, como feijão-de-porco, guandu, mucu- na, crotalária, são ótimas aliadas na adubação do solo. Plantam-se essas espécies adubadeiras junto da cultura principal ou no momento de descanso da terra. Assim que iniciar a floração, os adubos verdes devem ser podados e deixados sob a terra. Vejam o caso do milho com a mu- cuna: planta-se o milho normalmente. No mo- mento da primeira capina, planta-se a mucuna no meio do milho. As plantas vão conviver em harmonia e, quando chegar a hora de colher o milho, a mucuna já estará a ponto de dominar toda a área (trepando sobre os pés de milho secos). Na floração da mucuna, poda-se tudo e deixa apodrecer em cima da terra.
  • 15. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 15 Não queimar A queimada provoca o enfraquecimento da terra porque, quando se queima, vários nutrientes im- portantes para as plantas cultivadas vão embora junto com a fumaça. Além disso, o fogo acaba com os bichos responsáveis pela decomposição dos restos vegetais, prejudicando muito a qualidade da terra. Deixe o material roçado ou capinado sobre o solo, ele vai apodrecer e virar alimento para as plantas. Se o material for muito bruto, faça leiras, de modo que o material todo vá apodrecendo aos poucos. Depois se pode até plantar, por exemplo, batata-doce ou abóbora, junto às leiras. Com certeza essas plantas agradecerão muito.
  • 16. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA16 Produzir a terra fresca, fofa e cheirosa: Se observarmos a natureza trabalhar, veremos que ela faz tudo certo para conservar a terra rica. Devemos, portanto, tentar imitá-la. Para a terra ficar fresca, fofa e cheirosa, temos que fazê-la ficar preta. Para tanto, devemos deixar sobre o solo os restos vegetais que alimentam a terra e também ajudam a reter a água. Os bichinhos da terra, que se alimen- tam dos restos vegetais, cavoucam e fazem pequenos túneis no solo, que ajudam a água e o ar a circularem debaixo da terra, deixando ela mais fresca e fofa. As raízes também cumprem o papel de arejar o solo.
  • 17. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 17 Quando deixamos a terra descansar, estamos deixando a natureza trabalhar, recuperar o que fizemos à terra. Isso ela faz muito bem, porém leva tempo. Por que então ao invés de insistirmos em cansar a terra, não trabalhamos em parceria com a natureza? DICAS PARA AJUDAR A TERRA A FICAR FRESCA, FOFA E CHEIROSA Cobertura do solo Para que a terra se conserve fres- ca e úmida, o sol não deve bater dire- tamente nela. O calor forte, além de secar a terra, mata vários bichos que vivem no solo e prejudica as raízes rasas das plantações. A chuva forte também ajuda a lavar os nutrientes da terra. Mas, ao cobrir o solo, evitamos que o calor e a chuva forte agridam a terra. Podemos utilizar coberturas mortas, como palha e bagaço de cana, grama cortada, capins roçados, folhas de árvores, etc.; ou podemos utilizar a cobertura viva, plantas que forrem o solo e que não prejudiquem o de- senvolvimento da lavoura. Pode ser a própria vegetação espontânea ou adubos-verdes, como o feijão-de-por- co, o amendoim forrageiro, o cudzu, entre outros.
  • 18. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA18 juntando roças e árvores A utilização de árvores ou arbustos em meio às lavouras permite que a terra não se desgaste tanto. As árvores cumprem um papel importante no afofamento e arejamento do solo por causa das suas raízes. Seus galhos e folhas, quando podados e manejados corretamente, servem como adubo e cobertura do solo. Plantações consorciadas com árvores não sentem tanto o clima seco. Os pastos também podem ter árvores, que ofe- recem sombra e forragem aos animais e servem ainda como moirões vivos. A bananeira gosta da sombra rala do guapuruvu, conhecido também como bandarra ou ficheira. Ár- vore nativa da Mata Atlântica, além de fornecer sombra, bate todas as folhas uma vez ao ano, realizando uma grande adubação no bananal. O guapuruvu também serve como quebra-vento, protegendo as folhas sensíveis da bananeira. Por sua vez a banana é uma ótima companheira de plantas como o café, o cacau, cupuaçu, palmitos, entre outras. Fornece sombra e muito adubo, vindo da colheita e do manejo do bananal. É só observar e experimentar!
  • 19. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 19 Cuidando das águas Para que se tenha vida, é preciso que se tenha água. Portanto, cuidar das nascentes e rios é fundamental para a continuidade da agricultura. Para cuidarmos bem das águas, é preciso entender como a natureza faz para garantir o seu fornecimento. Ao observar como a água circula na natureza, entendemos que ela precisa voltar para a terra para alimentar as nascentes e os rios. Compreendemos também que o rio é o principal caminho para a água retornar para o mar e assim completar seu ciclo. DICAS PARA A CONSERVAÇÃO DA ÁGUA Lembrando que, quando cuidamos do solo, estamos também cuidando das águas. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 19
  • 20. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA20 Preservar as matas ciliares Assim como os cílios protegem nossos olhos da poeira e das impu- rezas do ar, as matas ciliares prote- gem os rios e córregos dos desbar- rancamentos. Quando as margens do rio desbarrancam, ele vai ficando mais raso, diminuindo a infiltração da água e aumentando os riscos de cheias – processo conhecido como assoreamento. Preservar as matas dos topos de morros, boqueirões e em torno de nascentes A vegetação nesses lugares é essencial para a infiltra- ção da água da chuva, responsável pelo abastecimento das nascentes e rios. Sem a mata, a água que cai nesses luga- res penetra muito pouco no solo, escorrendo morro abaixo e enchendo rapidamente os rios e córregos, podendo causar enchentes, além de não abastecer devidamente o lençol fre- ático e as nascentes.
  • 21. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 21 Cuidando das sementes Não se pratica agricultura sem sementes, embora existam plantas que se reproduzem por outros meios, como as estacas, por exemplo. A maioria das sementes utilizadas nas roças vem de frutos e grãos. A semente é o que garante nossas futuras lavouras. É a partir dela que as novas plantas que continuarão a nos alimentar nascem e se reproduzem. Durante anos e anos, agricultores e agricultoras foram introduzindo as práticas de melhoramento dos cultivos, entre elas, a seleção das plantas que produziam melhor nas suas regiões. Existem hoje vários tipos de plantas, como milhos, feijões, mandiocas, quiabos, que são fruto do melhoramento realizado pelas mãos camponesas ao longo da história. As sementes dessas plantas, guardadas e repassadas de geração para geração, são chamadas Brasil afora de crioulas, caipiras, nativas, locais, dentre outros termos. São adaptadas aos locais onde foram criadas, assim como às condições de culti- vo da agricultura familiar. O caso do milho cateto Esse milho é uma variedade crioula muito utilizada no Rio de Janeiro. É um milho que produz bem, mesmo em terra não muito fértil. Tolera a seca e é resis- tente às pragas e doenças. Apesar de não produzir grandes espigas, o milho cateto ou catete acompanha há vários anos mui- tas famílias agricultoras em função das vantagens que ele oferece em situações de poucos recursos. Desde que a gente nasceu planta esse milho. Essas sementes são do tempo dos velhos, nunca deixamos a planta acabar... Aí a gente vem zelando, zelando. Eu me casei e fomos zelando, tem mais de 50 anos... Manoel Martins, 74 anos, e dona Virginia Clemente Martins, 79 anos Agricultores familiares de Tapinoã – Araruama (RJ) O milho híbrido não serve pra gente porque é um milho fraco, não alimenta as galinhas e nem engorda os porcos. O milho híbrido deixa os ovos com a gema branca, sem gosto... O híbrido é um milho grande, mas sem nutrientes. Dona Genoveva Menezes de Souza Agricultora familiar de Tapinoã – Araruama, comentando sobre o milho híbrido. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 21
  • 22. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA22 Já as sementes crioulas, cultivadas no local e melhoradas ao longo do tem- po pelos agricultores familiares, não exigem muitos recursos financeiros para serem plantadas. Todo ano novas sementes são geradas para a nova roça. Por isso temos que zelar pelas sementes que nossos pais e avós cuidaram. Além de nos darem plantas mais adaptadas e resistentes, nos dão independência e segurança. Portanto, para fortalecer a agricultura familiar ecológica, é cada vez mais necessário conservar as sementes crioulas. Hoje muitas sementes crioulas estão se per- dendo. Muitos agricultores estão sendo levados a trocar as sementes crioulas por sementes hí- bridas produzidas por grandes empresas. Para serem produtivas essas sementes necessitam de adubos químicos e agrotóxicos, tudo produ- zido pelas mesmas empresas. Quando utiliza- dos os produtos químicos, as sementes híbridas até produzem bastante, mas não se consegue tirar plantas delas. E, ano após ano, é preciso comprar das empresas novas sementes, crian- do uma situação de dependência do agricultor. Dicas para guardar sementes Para evitar carunchos, gorgulhos e tra- ças que atacam os grãos, guarde sempre as sementes em recipientes com o míni- mo de ar possível e coloque junto folhas de louro, dentes de alho ou folhas de eu- calipto. Uma boa dica para se controlar o caruncho do feijão é colocar um pouco de pimenta-do-reino junto das sementes e fechar bem o recipiente.
  • 23. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 23 Plantando de tudo um pouco Uma característica da agricultura familiar sempre foi a presença de vá- rios tipos de lavouras nas propriedades. Plantar de tudo um pouco é funda- mental para suprir os gastos das famílias. Nessa situação, a roça fornece a maior parte da alimentação dos animais e das pessoas que plantam. Na roça ou na cidade, os agricultores e agricultoras sempre buscam misturar as plantas, aproveitando os espaços e enriquecendo a mesa. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 23
  • 24. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA24 Combinando os animais e a roça A criação animal é importante fonte de alimentos para a agricultura familiar. O gado, a galinha, o porco, a cabra, as abe- lhas, o peixe e muitos outros tipos de cria- ções estão presentes nas comunidades camponesas. Além de fornecerem a carne, o leite, o mel, o ovo e vários outros produ- tos, as criações fornecem o esterco para adubar as lavouras. A sabedoria dos agri- cultores e agricultoras familiares ensina ESTERCO CRIAÇÃO LAVOURA O trator de galinhas O trator de galinhas nada mais é que um galinheiro móvel. Utili- zando bambu, canos de PVC ou tela de arame, pode-se fabricar um galinheiro com estrutura bem leve para funcionar como um preparador de canteiros para o cultivo de hortaliças. O objetivo é que possamos, movimentar o ga- linheiro conforme as galinhas vão revirando a terra. As galinhas ali- mentam-se de ervas indesejáveis, como a tiririca, e de insetos que podem prejudicar as hortaliças. Elas ciscam bastante, afofando a terra, e adubam o solo com seu esterco. Esse processo, além de ajudar no preparo da terra para plantio, enriquece a alimentação das galinhas. três BENEFÍCIOS DA LAVOURA VARIADA: 1 - Variedade de produtos: plantando de tudo um pouco, ou até mesmo de tudo um muito, dependendo da situação, a família garante grande parte do consumo de alimentos da casa ao longo do ano. Caso uma cultura não produza o esperado, têm-se as outras para compen- sar. Outra vantagem é poder comercializar os produtos também du- rante o ano inteiro. Numa feira, por exemplo, quanto mais variada a banca, maior a chance de venda. que combinar as criações animais com as plantações é um bom negócio. As plantas alimentam os animais, e os animais alimentam as plantas. E tanto as plantas quanto os animais geram renda e alimentam a família.
  • 25. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 25 2 - Aproveitamento do espaço: quando se tem pequenas propriedades, até mesmo quintais ou outros espaços pequenos, o plantio diversificado aju- da no aproveitamento da área. Combinando o tempo de crescimento da planta e o formato delas, consegue-se aproveitar bastante o terreno. 3 - Controle de pragas e doenças: quanto mais tipos de plantas convi- verem próximas umas das outras, mais tipos de bichos aparecerão na roça. Quanto mais bichos na roça, menos chances de uma determina- da planta ser atacada por pragas. Tem bicho que se alimenta de plan- ta, e tem bicho que se alimenta de outros bichos. Uma roça com grande variedade de plantas atrai tanto os bichos que comem planta, quanto os bichos que comem bichos, equi- librando o ambiente. Chamamos esse fenômeno de controle biológi- co. Além desse controle, ainda po- demos utilizar plantas que repelem algumas das pragas.
  • 26. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA26 Plantas repelentes Os insetos não gostam de cheiro for- te, como o de cravo-de-defunto, arruda, hortelã, alecrim, mastruz, alho e girassol. Se plantadas dentro do roçado, essas plantas afugentam a paquinha, o pulgão, os vermes do solo, a lagarta, o besouro, dentre outros bichos. Para afugentar a saúva, é bom plantar gergelim ou batata- doce próximo do formigueiro. Cuidando da saúde da roça Para que uma planta seja sadia, tem que estar bem alimen- tada, ter espaço para suas raízes crescerem (solo bem cuida- do) e não sofrer por falta de água. Também é importante que a planta venha de sementes de qualidade e seja cultivada na companhia de outras, como nos consórcios. Seguindo estes passos, o agricultor provavelmente não terá que se preocupar com pragas e doenças. Mas, caso aconteça, aí vão algumas dicas caseiras para evitar esses problemas: Calda sulfocálcica Essa calda é utilizada para tratar doenças causadas por fungos, além de combater ácaros, cochonilhas e outros insetos sugadores de plantas. É também repelente de brocas que atacam os troncos de árvores frutíferas. Para preparar 100 litros de calda são necessários: - 20 kg de enxofre; - 10 kg de cal virgem; - 100 litros de água; - 1 tonel de ferro de 200 litros; - lenha suficiente para ferver a água por mais de uma hora. 1º PASSO: Faça uma marca na metade do tonel que corresponde a 100 litros. Bote os 20 kg de enxofre no tonel sobre o fogo e vá misturando água até formar uma pasta. 2º PASSO: Vá despejando a cal virgem e a água aos poucos. Tome cuidado com os respingos de água quente. 3º PASSO: Vá completando, também aos poucos, o volume com água até chegar a 100 li- tros, sempre mexendo bem e com o fogo bem forte. Quanto mais forte o fogo, melhor fica a calda. Mantenha o volume sempre em 100 litros (use a marca no tonel), acrescentando água. 4º PASSO: Quando a calda ficar grossa e com uma cor que lembra o vinho de jabuticaba, está pronta. É só deixar esfriar, coar e guardar em baldes de plástico ou garrafões escuros, bem tampados. Se ficar bem fechada, a calda continua com sua força toda por mais de quatro meses. Recomendações de uso: Hortaliças e fruteiras – para cada 10 litros de água – 100 ml de calda. Aplicar de 15 em 15 dias, nas horas mais frescas do dia. ATENÇÃO: Não aplique a calda em plantas da família das abóboras, dos pepinos, dos me- lões, etc. Nunca aplique a calda sobre a floração das plantas. Lave bem as mãos e os recipien- tes após o manuseio, utilizando suco de limão ou vinagre (a calda é corrosiva). Muito cuidado com os olhos. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA26
  • 27. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 27 Manipueira É o líquido leitoso que escorre das raízes da mandioca no mo- mento da prensagem para a fabricação de farinha. - controle de ácaros: diluir 1 litro de manipueira em 2 litros de água – aplicar 1 vez por semana. - controle de insetos: 1 litro de manipueira para 1 litro de água – aplicar 1 vez por semana. - controle de carrapatos: 1 litro de manipueira + 1 litro de óleo de mamona + 2 litros de água – aplicar 1 vez por semana. - adubação foliar: 1 litro de manipueira para 4 litros de água – aplicar 1 vez na semana. Macerado de samambaia Para o controle de ácaros, cochonilhas e pulgões, coloque 500 g de folhas frescas ou 100 g de folhas secas de samambaia em 1 litro de água e deixe em repouso por 1 dia. Ferver por meia hora. Para aplicação, diluir 1 litro da mistura de samam- baia em 10 litros de água.
  • 28. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA28 Gerando renda e dignidade na roça A agricultura familiar ecológica tem grande potencial de geração de ren- da. É uma agricultura capaz de produzir alimentos variados, de qualidade e respeitando a natureza. Esses produtos têm alta capacidade de abastecer os mercados próximos às áreas produtoras: são vendidos na porta de casa, na comunidade, para fregueses na cidade ou nas feiras. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA28
  • 29. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 29 As feiras são ótima alternativa de renda para os agricultores e agricul- toras familiares. As famílias agricultoras levam para as feiras uma grande variedade de produtos. Se a família não tem abóbora hoje, tem mandio- ca, quiabo, maxixe e couve. A feira sempre oferece oportunidades de ven- da para quem planta de tudo um pouco. Além disso, esse tipo de mercado aproxima o consumidor da realidade camponesa. O freguês passa a confiar no agricultor e o agricultor passa a confiar no freguês. A relação é duradoura e benéfica para os dois lados. Rede Ecológica de Consumidores Formada por um grupo de consu- midores do Rio de Janeiro que desde 2001 realiza compras coletivas de produtos perecíveis e não perecíveis vindos da produção familiar agroe- cológica fluminense e de várias re- giões do País. Além das compras, a rede organiza visitas aos agricultores (desenvolvendo o turismo rural e as relações de solidariedade campo–ci- dade); oficinas de reaproveitamento de materiais reciclados (trabalhando a educação ambiental e evitando a utilização de materiais descartáveis); e encontros de produtores e consu- midores, além de estimular práticas agroecológicas, como compostagem e hortas caseiras. A rede se insere também em campanhas, abaixo- assinados e participa dos fóruns de cooperativismo popular e economia solidária do Rio de Janeiro. Eu sempre venho à feira. Compro de tudo: ovo, mel, verduras, legumes e frutas. O preço é justo e confio na qua- lidade dos produtos. Conheço há muito tempo estas pessoas, inclusive já fui várias vezes tomar cafezinho na casa delas e conhecer a roça... Consumidora da feira da agricultura familiar de Casimiro de Abreu (RJ). Muitos consumidores hoje buscam produtos diferenciados, produzidos de maneira mais artesanal e natural, sem o uso de substâncias químicas, abrindo grande canal de comercialização para a agricultura familiar ecológica. Muitos agricultores familiares também estão vendendo seus produtos diretamente para alimentação escolar. Através da Lei n° 11947/09, no míni- mo 30% dos alimentos da merenda escolar das redes municipais e estaduais de ensino, tem que vir da agricultura familiar. Mais uma oportunidade para comercialização. Eu tiro de 1.000 a 1.500 reais por mês fazendo feira uma vez por semana. Não pago aluguel, tenho água à vontade e como o que eu plan- to. Onde eu iria ter esta condição trabalhando empre- gado por um salário mínimo na cidade? David Couto, agricultor familiar do Assentamento Visconde Casimiro de Abreu (RJ).
  • 30. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA30 Feira da Roça de Nova Iguaçu Após muitas dificuldades, agricultores da Baixada Fluminen- se, apoiados pela Emater e pela Comissão Pastoral da Terra, con- quistaram um espaço para comercializar seus produtos, demanda antiga da região. Depois de muito pressionarem o poder público, conseguiram organizar a feira na Praça Rui Barbosa, no centro do município. Com um caráter cultural e agroecológico, a feira conta também com a participação do movimento da economia solidá- ria. Participam da feira agricultores familiares das comunidades de Marapicu, Campo Alegre, Fazenda São Bernardino, Jaceruba, Ge- neciano, entre outras.
  • 31. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 31 Organização e participação Para que os produtos da agricultura familiar cheguem com mais facilidade à mesa do povo e para que os camponeses sejam mais valorizados e vivam com maior dignidade, não basta produzir. É preciso também se organizar e participar dos espaços de decisão na comunidade e na região. Trilhar o caminho da Agroecologia, seja na cidade ou no campo, exige dar as mãos para a natureza e seguir junto dela. Exige dar as mãos aos companheiros e companheiras agricultores e fortalecer a caminhada. Exige comunhão e muita garra para vencer as dificuldades. A profissão da agricultura tem sido uma das mais difíceis, porém é de grande nobreza. Nada é mais nobre e gratificante do que trabalhar com anatureza para colocar o pão de cada dia na sua própria mesa e na mesa de milhares de famílias. Mulheres e homens do campo, a terra está nas mãos de vocês e vocês estão nas mãos dela. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA 31
  • 32. A cidade e a roça: SEMEANDO AGROECOLOGIA32 A cidade e a roça: Semeando agroecologia Edição: Projeto Semeando Agroecologia Texto: Thiago Michelini Barbosa Coordenação editorial: Adriana Galvão Freire, Marcio Mattos de Mendonça, Paulo Petersen e Silvio Almeida Revisão ortográfica e gramatical: Rosa Peralta Projeto gráfico: I Graficci Comunicação & Design Ilustrações: Ayssa Fotos: Marcela Pepino Impressão: Reproset Tiragem: 1.000 exemplares AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia Rua das Palmeiras, 90 – Botafogo – RJ CEP 22270-070 – Rio de Janeiro www.aspta.org.br E-mail: urbana@aspta.org.br Realização: Patrocínio:
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  • 34. Quantidade de páginas: Formato: Tipologia: Corpo/entrelinha: Papel de miolo: Papel de capa: 32 21 x 28cm Calibri 11/15 Offset 75g Cartão Supremo 240g
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