O documento fornece um resumo da religião da Umbanda no Brasil. Ele explica que a Umbanda surgiu da fusão de três raízes culturais - africana, indígena e européia - e tem como objetivo combater as forças negativas através de mensagens de caridade e amor. A Umbanda é mantida pelo mundo espiritual através de guias como caboclos, pretos velhos e crianças incorporadas em médiuns.
2. INTRODUÇÃO
É uma religião de culto milenar, que surgiu originalmente como um movimento
hermético e fechado nos Templos de Luz, nas academias iniciáticas, em civilizações
de grande evolução, e teve sua função maior revelada quando precisou se
transformar num culto gerido por magos brancos para combater o então
emengente movimento de magia negra.
Etimologicamente, o vocábulo Umbanda provém do prefixo AUM e do sufixo
BANDHÃ, ambos do sânscrito.
AUM – é o próprio símbolo sonoro significativo da Trindade do Universo
representando Espírito, Energia e Matéria.
BANDHÃ – em sua expressão mística e iniciatica, significa o movimento incessante,
força centrípeta emanada do Criador, o Ilimitado, exercendo atração na criatura
para o despertamento da consciência angélica.
AUMBANDHAN – é o conjunto das leis divinas, ou seja, a Lei Maior Divina.
7. UMBANDA GENUINAMENTE BRASILEIRA
Sendo uma religião genuinamente brasileira, a Umbanda é formada pelo
congraçamento das três raças matrizes deste povo, o negro, o índio e o branco.
8. Pesquisas revelaram que a maioria da população negra
que aqui aportaram era de procedência sudanesa e em
menor número os negros de origem banto.
Dos Sudaneses, os mais importantes foram: Iorubás ou
Nagôs, Gêges, Minas, Hauçás, Tapas, Bornus e Gruncis.
Com esses negros sudaneses entraram dois povos de
influência maometana: Fulas e Malês.
Dos negros Bantus, os mais importantes foram: Angolas,
Congos ou Cambindas, Benguelas e os de Moçambique.
Raças matrizes
Raiz Africana
Devido as várias línguas faladas em uma mesma senzala, surgiu a primeira dificuldade da
pratica de um culto. Então a solidariedade deixou de acontecer no plano doméstico para se
tornar uma solidariedade étnica.
O Nagô passou a ser a língua franca da única instituição religiosa negra no Brasil, pois os
negros escravizados eram majoritariamente iorubana.
Os chamados cultos de nações ou culto africano sofreram adaptações com o passar do
tempo, até perder suas características, dando origem ao Candomblé.
9. Nossos índios, especialmente os citados Tupy-nambás e Tupy-
Guaranis, não eram povos primitivos que estivessem no início
de sua evolução. Eram de uma raça muito antiga com origem
de milhões de anos e que estavam em franca decadência no
último ciclo de sua raça.
Sua Teogônia, era de grande pureza e elevação, prova de que
já tinham alcançado uma forte maturação espiritual.
O Nheengatu era o idioma sagrados dos Tupy-nambás e Tupy-
Guaranis. Era uma língua raiz, polida, trabalhada através de
milênios. Era um idioma polissilábico.
Segundo sua concepção religiosa, eram sobretudo um povo
monoteísta, pois acreditavam em um Deus Supremo a quem
chamavam de TUPAN.
Raiz Ameríndia
Adoravam ainda:
GUARACI (o sol) – representava o eterno masculino, o princípio vital positivo.
YACI (a lua) – representava o princípio feminino.
RUDÁ (o deus do amor e da reprodução) – A união dos dois princípios na criação da natureza.
Representavam a tríplice manifestação do poder de TUPAN.
10. O Culto de Muyrakytan
Um culto antiquissimo, pré-histórico, professado pelos primitivos e mais antigo
habitantes do Brasil.
Muyrakytan ou Murayrakitan
MURA (mar, água); YARA (senhora, deusa); KITAN (botão de flor) – Deusa que floriu das
águas.
Divindade aquática, considerada a filha de Yacy, adorada pelas mulheres
que usavam amuletos mágicos em forma de disco, confeccionados de
argila verde denominada ita-obymbaé colhida no fundo do lago sagrado
Yacy-Uaruá pelas Cunhãtay, moças virgens escolhidas desde a infância
como sacerdotisas do culto.
Este disco de nefrita perfurado no centro, representava o sexo feminino, a
parte exterior do aparelho genital da mulher, bem como, o emblema
sagrado e divino do disco lunar.
O seu equivalente para os homens era o TEMBETÁ (talismã de Guaraci) ,
também de nefrita verde, em forma de T, que os índios traziam pendente
no lábio inferior. Era um símbolo fálico que representava o Poder Criador ,
o Princípio Fecundante, o Eterno Masculino.
A muyrakytan e o tembetá juntos representavam a força mágica de TUPAN
– O Deus ÚNICO.
11. Sincretismo
Graças ao sincretismo Orixá-Santo Católico, a sobrevivência dos cultos africanos
tornou-se possível, embora, inicialmente tinha intenção de fazer desaparecer as
tradições religiosas africanas o que acabou por não ocorrer.
Este sincretismo apresenta diferença entre alguns estados e regiões do Brasil,
porém, geralmente temos:
Orixalá – sincretizado com Jesus, denominado Pai Oxalá;
Ogum – São Jorge;
Oxossi – São Sebastião;
Xangô – São Jerônimo;
Yorimá – São Cipriano;
Yori – São Cosme e São Damião;
Yemanjá – Nossa Senhora.
12. As fusões da Raiz Afro e Ameríndia
O culto banto dos africanos aqui no Brasil começou a receber as influência dos
outros cultos, principalmente do Nagô.
Do lado ameríndio, o primitivo Culto de Muyrakitan foi sendo esquecido, deixando
como herança, mais ainda conservados seus aspectos puros, o Culto da Yurema.
Com o passar dos tempos ocorreu uma mistura dos ritos africanos e ameríndios, a
essa fusão, denominou-se Adjunto de Jurema, o que na realidade, já era uma
degeneração do verdadeiro Culto da Yurema.
Essas práticas religiosas que envolviam ervas, rezas, invocações, oferendas e
cânticos, passou a ser chamado pelos brancos de Pajelança.
Da fusão do culto dos bantos e o Adjunto de Jurema, originou-se algum tempo
depois, outra espécie de rito, chamado de Candomblé de Caboclo, onde a
influência ameríndia era superior. Com a predominância do uso da feitiçaria, surge
a prática do Catimbó, uma degeneração maior ainda.
13. FUNDAÇÃO DA UMBANDA
Devido a situação criada pela fusão, degeneração e mistura das raizes afro e ameríndia,
em paralelo com a situação do Espiritismo no Brasil, o Astral Superior resolveu
disciplinar os rituais de baixa estirpe impregnados de sentimentos de ódio e vingança.
Dando origem a Poderoso Movimento de Luz, realizado por espíritos que se
apresentaram como: Caboclos, Pretos Velhos e Crianças, obedecendo ordens
superiores, lançando a UMBANDA.
Sendo a Umbanda uma religião sincrética, pois é a fusão de quatro culturas religiosas
(Culto de nação, Pajelança, Espiritismo e Cristianismo), ela foi criada e arquitetada para
combater o mau uso das forças negativas, a magia negra, com bases sólidas na
caridade.
Embora a fundação oficial, seja considerada como sendo em 15 de novembro de 1908,
pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio Fernandino de Moraes,
Matta e Silva relata que conheceu em 1935, um médium com 61 anos de nome
Nicanor, que afirmava receber desde os 16 anos o Caboclo Cobra Coral e Pai Jacob e
que desde o princípio suas sessões eram de linha branca da Umbanda, ou seja, desde
1890.
14. TRIANGULO DAS FORMAS
A Umbanda é uma poderosa Corrente Espiritual que tem dentro de si os aspectos:
religioso, filosófico, científico, simbólico, mitológico, ritualístico, litúrgico,
terapêutico e de magia, para a defesa das forças antagônicas. Essa poderosa
Corrente Espiritual é mantida pelo Astral, através dos espíritos de Caboclos, Pretos
Velhos e Crianças.
O triangulo fluídico representa os três aspectos em que a Lei da Umbanda trabalho
no Universo Astral ou no mundo da forma. As sete linhas se exteriorizam através das
TRÊS FORMAS ordenadas pela lei.
15. FUNDAMENTOS DA UMBANDA
Um Deus Supremo – Fonte Criadora Universal;
Culto aos Orixás – Manifestações Divinas;
Mediunismo – Contato entre o mundo físico e o espiritual;
Manifestação de Entidades ou Guias – Trabalhos espirituais incorporados a
médiuns;
Uma Doutrina, uma Regra e uma Conduta moral e espiritual;
Obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como:
FRATERNIDADE, CARIDADE E RESPEITO AO PRÓXIMO E A SI MESMO;
Crença na imortalidade da alma;
Crença na reencarnação e nas leis cármicas.
Apesar de variarem de acordo com a casa, esses são os fundamentos praticados
pela maioria de seus adeptos.
16. AS 7 LINHAS DE UMBANDA
As linhas da Lei de Umbanda, correspondem a 7, que é o número sagrado de todos os
símbolos, composto do ternário e do quaternário, dando origem as Variantes da Unidade
que constitui o Sagrado Setenário.
Linha tem como significado, Faixas de Frequencia Vibratória, que se interpenetram e se
estendem, onde os Orixás atuam. São nessas Faixas Vibratórias que se encontram as
Entidades e todos os seres, dentro da lei de afinidade.
Divisão das Linhas:
1ª - Oxalá – Representa o princípio, a Fé;
2ª - Yemanjá – Representa o Amor e a Geração;
3ª - Xangô – Representa a Justiça (coordena as Leis Cármicas);
4ª - Oxossi – Representa o Conhecimento, a Fartura e o Trabalho;
5ª - Ogum – Representa a Lei;
6ª - Omulú / Obaluayê – Representa a Evolução e a Saúde;
7ª - Yansã – Representa a Maturidade, Humildade e a Bondade .
17. Fontes de consulta:
www.umbandadobrasil.no.comunidades.net
Senhora da Luz Velada – por Maria G. Costa (YACYAMARA) , neta de Matta e Silva;
WorkShop de Apometria da Fraternidade do Grande Coração;
TEDES – Apostila de estudo / Umbanda
Autor: Jorge Botelho
Trabalho elaborado e apresentado por
Edna Lira