O documento discute os benefícios do esporte para a saúde, educação e promoção da paz. Argumenta que o esporte pode ajudar na inclusão social de jovens e no desenvolvimento de valores como disciplina e trabalho em equipe. Também reflete sobre como as políticas públicas de incentivo ao esporte podem ser melhoradas, especialmente nos países em desenvolvimento.
1. O ESPORTE É PARA A PAZO ESPORTE É PARA A PAZ
BR S1.1 – Versão D – agosto de 2006
Autor: Fernando Zornitta*¹
O ESPORTE É PÁRA A PAZ – Texto faz uma reflexão sobre a atividade esportiva os seus
valores individuais, sociais e para a promoção daqueles universais - de promoção da paz e do
intercambio sociocultural, além de traçar um paralelo entre as políticas de incentivo nos países
desenvolvidos em comparação aos mais atrasados. Propõe para o “esporte ser para a paz” que
atletas, profissionais, dirigentes, arbitragem, representantes de entidades desportivas, de
governos e dos organismos internacionais, torcidas devam estar “desarmados espiritualmente”
e propõe alguns caminhos para esse desarmamento: o da consciência, o da educação e o da
punição (como para os maus árbitros; aos maus dirigentes de clubes e instituições esportivas
ou os maus governantes, ou para os integrantes das torcidas organizadas, que travam
verdadeiras guerras e promovem a balbúrdia nos estádios; para os profissionais envolvidos
que se locupletam dos recursos e não seguem os princípios da ética esportiva ou àqueles que
promovem um verdadeiro mercado de seres humanos guiando e impedindo a ascensão
profissional do atleta).
O esporte tem o poder para mudar o mundo !
Tem o poder para unir as pessoas numa só direção.
Nelson Mandela
REFLEXIONANDO SOBRE O ESPORTE
O esporte... - Que atividade é essa, a qual o ser humano pratica, uns por prazer
outros por profissão; que muitos querem praticar, mas não têm equipamentos,
espaços, incentivos; que atividade é essa que só uma em cada três crianças e jovens
praticam no mundo e que a grande maioria dos adultos não pratica, mas só assiste na
forma do esporte-espetáculo; que benefícios ele pode trazer para a saúde, para a
educação, para a conquista da cidadania, para melhorar o homem e o mundo ???
O esporte como atividade incorpora vários aspectos positivos relacionados ao
desenvolvimento humano, especialmente quando praticado nas atividades de tempo
livre, em que o indivíduo está desobrigado das atividades de trabalho e dos
compromissos de caráter social - nos seus mais preciosos momentos: os de lazer e
recreação. Oferece benefícios para a saúde, pelos diversos aspectos que lhe são afins
e relacionados – principalmente físicos, psicológicos e terapêuticos – contribuindo para
uma vida saudável; oferece importantes componentes para a educação, contribui para
promover a participação social, a disciplina e a competitividade e, assim, para o
desenvolvimento intelectual do indivíduo que o pratica.
O esporte também promove o intercâmbio sociocultural, que ocorre através da
participação da prática e dos eventos esportivos e, neste contexto, também promove
os valores humanos e universais, tais como a disciplina, o senso de equipe e de
coletividade, a solidariedade, a compreensão e a tolerância; os quais em conjunto
contribuem para a cooperação e o estabelecimento da paz.
2. O ESPORTE É PARA A PAZO ESPORTE É PARA A PAZ
Fernando Zornitta
Desde a criação dos jogos Olímpicos na Grécia, há mais de sete séculos antes de
Cristo, a chama olímpica permanece viva e propõe a incorporação de valores
individuais, sociais e universais ao esporte no caminho do crescimento humano e da
solidariedade.
O esporte desenvolve o homem e a humanidade e contribui para a paz e a cooperação
entre os povos.
Para o homem, oferece a oportunidade da exploração e a incorporação de novos
valores éticos, seja ele desenvolvido de forma descompromissada e praticado nos
momentos de lazer e recreação, seja no esporte amador, seja através de uma
formação atlética profissional - quando o praticante desenvolve plenamente o seu
potencial com estes princípios e encontra a justa oportunidade desta expressão
atlética profissional.
A formação atlética e a profissionalização esportiva podem também ajudar a diminuir
o imenso abismo da inclusão do jovem que busca e não encontra espaço para o
exercício pleno da cidadania e que imprescinde, para isso, do exercício de uma
profissão digna e alinhada com a sua vocação.
A problemática juvenil é uma das maiores preocupações nos países desenvolvidos
(que têm políticas próprias e recursos) e, nos países mais atrasados, é uma panacéia
que não encontra saídas pela premência da atenção a outros problemas, sempre
considerados mais urgentes, tais como a inclusão econômica no mercado globalizado,
o combate a pobreza, a fome, a saúde, o déficit habitacional; a expansão da infra-
estrutura – dentre outros fatores que desviam a atenção e os recursos (seja para as
prioridades ou para outras antiéticas, tais como na mal versação e na corrupção).
O esporte como política pública, por outro lado, pode ajudar na conquista da cidadania
para aqueles que estão à margem da sociedade e propiciar a sua inclusão social. Por
conseqüência também oferece a oportunidade de um antídoto ético ao rumo que
estamos apontando para a convivência humana em sociedade nas grandes cidades e,
também é uma forma de “prevenção dos conflitos sociais”– que normalmente têm
origens na exclusão social e são expressados pelo vandalismo (como ocorreu na
França) que evolui numa espiral ascendente e incontrolável, mas que traz a
mensagem do descontentamento dos excluídos – dentre eles os jovens - para com a
sua complicada inserção no processo civilizatório, no mundo globalizado que avança
no rumo da economia e sem olhar para eles e para as suas idéias – com variantes no
problemas da imigração, da inclusão social, do desemprego, da diferença de
oportunidades – dentre tantos outros.
O esporte, além dos seus benefícios individuais e coletivos pode ser um bom caminho
para o jovem que quer se profissionalizar e a formação atlética, uma porta de saída
para a solução das questões próprias desta faixa etária – sendo a principal dentre
essas, a da sua difícil inclusão social.
O esporte é uma ponte mágica para a inclusão social, uma vez que desenvolvamos a
capacidade e a habilidade de reconhecer no indivíduo o talento e acompanhemos a
sua evolução atlética, profissional, social e humana.
Independentemente da modalidade esportiva ou da categoria que o indivíduo se
identifica e se dedica, uma série de fatores pode contribuir de forma positiva para que
o desportista e a equipe de esporte desenvolvam os seus potenciais atléticos e, dentre
estas, a principal é a “oportunidade de poder praticar”, que é revestida de vários
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aspectos, de acordo com as sociedades em que se nasce e se está inserido, que pode
também variar de indivíduo para indivíduo.
Para uns, a distância de um prato de comida pode significar esta falta de oportunidade
(a luta pela sobrevivência), para outros o condicionante poderá ser o espaço físico ou
o equipamento para a prática esportiva; para outros uma orientação adequada.
Entretanto, para a grande maioria da população nos países do terceiro mundo é o
conjunto destes elementos.
Segundo a ONU, só um em cada 3 crianças e jovens no mundo praticam alguma
atividade esportiva. No Brasil e nos países mais atrasados esta proporção é maior: de
1 em cada 6 e em outros países pode chegar a 1 em cada 10 ou mais.
Embora estes indicadores, as políticas públicas de incentivo ao esporte podem ser um
divisor de águas para os países mais atrasados, que mesmo com poucos recursos
conseguem manter e incentivar iniciativas e programas.
Tanto nos países considerados como desenvolvidos, “de primeiro mundo” - como os
EUA, a Alemanha, a França e a Itália, por exemplo; assim como em outros países
considerados “subdesenvolvidos”, “de terceiro mundo” – tais como a China, Cuba e a
Rússia – o esporte é contemplado culturalmente e pelas políticas públicas,
independentemente dos indicadores econômicos e de desenvolvimento (que os
colocam num patamar de inferioridade ou de superioridade); a postura pública e os
investimentos são metodicamente efetuados para a constância e a efetividade das
iniciativas populares e dos programas que envolvem o esporte – independentemente
do volume dos recursos financeiros aplicados. Esta é uma postura pública que rompe
barreiras e possibilita que o esporte seja valorizado e a população tenha vez de
praticar.
Nos países sem tradição e sem a cultura para a valorização do esporte, as políticas
são aleatórias e mais voltadas para o incentivo aos eventos isolados e de grande
repercussão na mídia – um engodo que faz parecer que há um incentivo aos esportes.
Embora isso, somas astronômicas são gastas para promover e divulgar estes eventos,
que envolvem um número insignificante de atletas, e somas mínimas para a sua
realização - somas estas que se pulverizadas poderiam desenvolver os vários núcleos
esportivos ao nível comunitário local e fomentar a prática esportiva para todos.
No Brasil (embora o país tenha certa tradição em algumas modalidades esportivas),
bem como de resto na maioria dos países mais atrasados, ainda não foi sedimentada
a cultura do esporte, como um grande aliado na construção da cidadania, para que
favoreça a incorporação de outros valores humanos e para que contribua para
melhorar a humanidade, enquanto oferece a oportunidade da manifestação do
potencial atlético, da inclusão social - de maneira objetiva, coletiva e de uma nação
que vê no esporte um aliado no processo de inclusão social “de fato e de direito”. A
percepção da sua importância já ocorreu a nível público no país, entretanto, as
políticas estão erradas. São centralizadoras e não incentivam as iniciativas locais, que
ocorrem a nível das comunidades e da sociedade civil organizada; não ocupam
equipamentos já existentes e não oferecem a orientação profissional necessária.
No Brasil, historicamente as políticas públicas são de cima para baixo e executadas de
forma desarticuladas em mega programas utópicos, sem continuidade e que se
perdem nos discursos, na mal versação dos recursos e que não chegam a se
concretizar nunca.
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Isso ocorre porque historicamente os governos, embora sabendo da importância do
esporte e querendo fazer, mas sem competência para tal, sempre implantam políticas
e programas em dessintonia com os anseios da sociedade e com o “público alvo dos
projetos e programas” e trocam os pés pelas mãos, perdendo-se na burocracia e
gastando preciosos recursos nos meios sem atingir os fins.
A “sociedade” nestes países é vista como um ser amorfo que precisa de paternalismo
pois, numa falsa democracia, não tem voz senão através de partidos políticos (embora
uma ínfima parcela da população participe deles) e que normalmente são governadas
pelos incompetentes e despreparados representantes oriundos dos partidos políticos,
que mal administram a coisa pública.
“Mudar o mundo com as crianças”, propõe a campanha institucional da UNICEF. Mas
como, se são justamente elas que mais sofrem por não terem acesso aos benefícios
que uma adequada política mundial, das nações, dos estados, dos municípios e das
instituições, que as priorizem e, dentro deste contexto, que incentivem o discurso do
“sports for all”, como propôs o Fórum de Roma (novembro de 2004) como tema
central.
A melhor política de incentivo, seja ela global, nacional, regional ou local para a
promoção do esporte será aquela que incentivar o que vem da sociedade, pois é ela
que sabe onde o calo aperta, é nela que estão as forças sociais que podem promover
as mudanças – para melhor é claro - e para benefício direto das pessoas, das
comunidades e em função do desenvolvimento local, regional, nacional e mundial.
Governos sérios e comprometidos com o esporte e com a inclusão social, devem
construir juntos com a sociedade as políticas e, juntos com ela, executarem os
projetos e programas, para que os princípios do movimento olímpico atinjam os seus
nobres objetivos e o esporte ajude a mudar o homem e o mundo para melhor.
OS VALORES INTRÍNSECOS DO ESPORTE
Se pararmos para pensar sobre os valores humanos envolvidos na prática esportiva,
podemos identificar sem titubear, vários aspectos positivos. Dentre estes, os
pertinentes à formação do indivíduo, os educativos e culturais; os pertinentes à saúde
e ao condicionamento físico; os pertinentes à formação do caráter e da personalidade
(psicológicos e sociais); além de outros tão significativos quanto estes, mas de maior
amplitude – universais, tais como a fraternidade, a promoção da paz e elevação do
espírito humano – individualmente e da humanidade como um todo.
Enquanto praticamos o esporte, condicionamos o nosso corpo, a nossa mente e o
nosso espírito também, buscando forças e harmonia para realizarmos a atividade e
superarmos os nossos próprios limites; atendemos a regras e nos colocamos frente a
frente com o inesperado, aceitamos os desafios da competição – do ganhar ou perder
(mas sempre procurando apreender com ambos), buscamos essa superação dos
limites (físicos e psicológicos), nos deparamos com descobertas – enquanto o
praticamos e vivenciamos outras realidades - em outros lugares e com outras
pessoas. Também nos condicionamos aos valores da solidariedade, da amizade, do
companheirismo, enquanto participamos de equipes, de clubes, de competições e
convivendo com pessoas e culturas diferentes durante longos períodos, em nome do
esporte.
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5. O ESPORTE É PARA A PAZO ESPORTE É PARA A PAZ
Fernando Zornitta
O esporte é pedagógico, é uma forma de educação que trabalha corpo e a mente;
ajuda no processo do crescimento individual, da descoberta, da superação e de
conscientização do indivíduo, ajuda a fortalecer a identidade do desportista, enquanto
mexe com a auto-estima (que é baixa no início do processo e quando o educando é
oriundo de comunidades carentes e que vai do conflito à superação); ajuda a
exercitar o protagonismo juvenil, enquanto faz o jovem ter atitudes e ser sujeito da
construção da sua própria história.
O esporte ajuda na formação da consciência social do desportista e pode orientar para
a correta intervenção na sua realidade - da percepção à ação até a participação social
- e influenciar positivamente a outros jovens e as demais forças da comunidade.
Outros e variados aspectos positivos do esporte também podem ser ponderados. Os
eventos esportivos, por exemplo, representam e são muito mais do que simples
competições. Congregam pessoas, entidades, governos, comunidades para em nome
do esporte, elevar o espírito humano, aproximar povos, confraternizar e fazer
vivenciar momentos ímpares em que o homem, ele mesmo, só ou coletivamente,
busca a superação, o equilíbrio, a perfeição - que nos ajudam enfim, a fazer uma
aproximação da imagem e semelhança com que fomos criados.
O jogo, a competição é o momento de colocar o corpo, a mente e o espírito numa
conjugação de esforços pela vitória, o que traz em si a mensagem da superação e da
elevação do homem a um estágio superior ao que ele era antes do evento.
Para aquele que compete, entender o processo da formação atlética, do ato de jogar e
da competição e, incorporar esses valores, será tão fundamental como são as regras
que deve conhecer e se ater ou o equipamento necessário para a prática esportiva.
Tudo isso deve ser compreendido por completo pelo atleta que compete e joga, a
partir de uma bagagem que envolve um conjunto de elementos, dos quais fazem
parte a sua formação atlética e as suas próprias experiências.
Para o atleta com “A” maiúsculo, some-se a esse entendimento, o perfeito domínio
técnico da modalidade esportiva a qual se dedica, o condicionamento físico adequado
e constante, a educação e o preparo psicológico para a prática atlética, a sua
participação social (na família, na escola, na igreja, com as amizades e com outros
grupos sociais), some-se ainda, uma correta alimentação, o acompanhamento por
profissionais das diversas áreas do conhecimento humano (educação física, psicologia,
medicina, nutrição, fisioterapia – dentre outros) durante a sua evolução esportiva e
nas respectivas fases do desenvolvimento humano. Estes é que são os pressupostos
básicos do Atleta (com “A” maiúsculo) e para a correta prática da atividade atlética, o
que podemos chamar de “formação atlética integral”.
O atleta, para ser um verdadeiro Atleta, necessita desta “formação integral” (sem que
seja esquecido nenhum destes elementos), a qual possa lhe oferecer estes
componentes numa combinação e formulação específicas para cada modalidade
esportiva e para que o esporte como atividade humana possa atingir os seus maiores
benefícios e assim ajudar a mudar o mundo para melhor - para ser mais igualitário,
mais ético, mais justo e numa linha indutora da paz.
Estado, sociedade, entidades e indivíduos devem promover e oferecer a oportunidade
da formação esportiva como uma atividade elementar e como parte dos princípios e
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6. O ESPORTE É PARA A PAZO ESPORTE É PARA A PAZ
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dos componentes básicos da formação, do desenvolvimento humano e da inclusão
social.
O ESPORTE É PARA A PAZ E NÃO PARA A GUERRA
Os jogos, desde os tempos gregos até os atuais, representam o momento do embate,
do confronto em que todos participam desarmados daquele espírito que tem orientado
a humanidade durante o seu processo civilizatório – numa perspectiva de caos –
guiado pela economia e pela irracional forma de avançar, consumindo e destruindo
com os recursos naturais, oprimindo povos em estágio de evolução mais atrasados
numa disputa por mais poder, por mais ter (em vez de mais ser); envolvendo-se em
conflitos, disputas e em guerras sem qualquer fundamentação lógica.
O esporte tem o poder de mudar o mundo. Tem o poder para unir as pessoas numa
só direção, conforme afirmou o líder sul-africano Nelson Mandela.
Indubitavelmente o esporte é para a paz, para a elevação dos valores humanos e ele
tem esse poder intrínseco de unir as pessoas numa só direção, conforme afirmou
Mandela.
Prova incontestável disso são os Jogos Olímpicos, os Jogos Pan-americanos – dentre
tantos outros promovidos pelo sistema olímpico, que congregam nações e povos na
linha da paz.
E, poucas atividades humanas têm esse poder de unir as pessoas em uma só direção
e harmonizar o mundo.
O grande e positivo paradoxo, o qual causou perplexidade ao mundo, foi observar
num mesmo momento em que a humanidade conjugava esforços para a promoção da
paz nos Jogos Olímpicos, as guerras, os litígios e as invasões - como a do Iraque -
ocorriam simultaneamente no mundo (e foram mostrados concomitantemente pelos
meios de comunicação de massa), enquanto que na Grécia, durante os jogos, o
mundo todo se manifestava no sentido oposto, com o espírito vivo da paz e
celebrando a vida através dos esportes, pregando a solidariedade, o intercâmbio
sociocultural a confraternização e a elevação do espírito humano apaziguado e no
rumo da harmonia.
Se o esporte é para a paz e não para a guerra e se o poder do esporte para a sua
promoção existe, o espírito humano de todos os envolvidos – atletas, profissionais,
dirigentes, arbitragem, torcidas, representantes de entidades desportivas, de
governos e dos organismos internacionais, devem estar também “desarmados
espiritualmente” e o desarmamento tem três caminhos, sendo dois bons: o da
consciência e o da educação e um necessário: o da repressão e da punição.
Aqueles que promovem o litígio, o conflito e a guerra nos esportes, sejam eles os
maus atletas (por falta de ética, doping, agressões – muito comum no futebol) ou os
maus árbitros (por corrupção, despreparo ou mau caratismo mesmo); sejam eles os
maus dirigentes de clubes e instituições esportivas ou os maus governantes (que mal
versam os recursos públicos, que não estabelecem as políticas corretas e se
corrompem); sejam eles os integrantes das torcidas organizadas, que se degladeiam
e promovem a balbúrdia nos estádios ou sejam eles os próprios profissionais
envolvidos que se locupletam dos recursos e não seguem os princípios da ética
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7. O ESPORTE É PARA A PAZO ESPORTE É PARA A PAZ
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esportiva ou ainda, aqueles que promovem um verdadeiro mercado de seres humanos
guiando e impedindo a ascensão profissional do atleta. *²
Estes devem ser moralmente e criminalmente punidos, além de catalogados num
banco de dados para acesso ao conhecimento público, impedindo a continuação das
suas ações contrárias à paz e a boa prática do esporte.
Enquanto esta não for a diretriz e estes não forem os princípios a serem seguidos na
prática esportiva, infelizmente continuaremos a ver atletas se agredirem pela vitória,
as torcidas travarem guerras, os árbitros se corromperem, os clubes e os
atravessadores (conhecidos como “empresários”) continuarem a se manter
economicamente pelo “comercio de seres humanos”, os governos mal versarem os
recursos designados para o esporte (que acabam é financiando os meios de
comunicação do esporte espetáculo) e a cultura de paz cada vez mais se afastar dos
seus objetivos universais.
E, neste contexto, todos temos um papel relevante a desenvolver: governo e
organismos internacionais estabelecendo os princípios, as estratégias e as diretrizes
de uma correta política de ação, os profícuos projetos e os programas de incentivo a
todas as iniciativas e práticas esportivas; sociedade e suas organizações, indicando as
necessidades, mobilizando as comunidades, as pessoas, os atletas, os educadores, os
profissionais das diversas especialidades e áreas do conhecimento envolvidos com o
esporte, para traçarem juntos com os governos e organizações nacionais e
internacionais as corretas políticas públicas e privadas, a formulação e a eleição dos
projetos e programas e, para ajudar na execução dos mesmos.
Ajudando nesse processo, os meios de comunicação e os comunicadores, que têm de
ser mais críticos e comprometidos com o esporte e menos com o espetáculo
esportivo, que não consegue abarcar todos os valores do esporte.
E, só assim, com a participação cidadã, das organizações da sociedade civil, dos
organismos nacionais e internacionais, dos governos, dos atletas e dos profissionais
envolvidos e comprometidos com o esporte, seguindo os princípios, as estratégias e
as corretas políticas, desarmando e punindo os antiéticos e os trogloditas, o esporte
poderá ser para a paz.
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*¹ Fernando Zornitta – Doutorando pela Universidade de Barcelona, com Especialização em Lazer e
Recreação da Escola Superior de Educação Física da UFRGS em Porto Alegre, Especialização em Turismo (pelo Centro
de Treinamento da OMT/ONU Para a Europa - SIST Roma/Itália); Estágio de Aperfeiçoamento em Planejamento
Turístico (Laboratório de Geografia Econômica da Universidade de Messina - Messina/Itália), diplomado em Arquitetura
e Urbanismo; com cursos da OMT em Roma de Sub-especialização em Marketing Turístico em Sub-especialização em
Relações Públicas e Publicidade para o Turismo e Sub-especialização em Técnica de Organização de Congressos. É
Técnico de Realização Audiovisual, Instituto Dragão do Mar (Fortaleza-CE). Foi professor (Marketing Turístico II e
Elementos de Ciência do Meio Ambiente em Curso Universitário de Turismo e em cursos de extensão). Co-idealizador,
fundador e participante do Movimento GREEN WAVE, da APOLO - Associação de Cinema e Vídeo e da UNISPORTS -
Esportes, Lazer e Cidadania.
E-mails: fzornitta@hotmail.com / fzornitta@uol.com.br / zornitta_fernando@yahoo.es
*² Prática comum no Brasil e motivo de projeto de pesquisa com o título QUEM É QUEM NO FUTEBOL
BRASILEIRO, do mesmo autor deste artigo, através da ong UNISPORTS - Esportes, Lazer e Cidadania que
personificará os diversos atores envolvidos na modalidade esportiva do futebol, desde o atleta, aos profissionais
até identificar os "parasitas" que vivem do esforço da atividade do atleta intermediando negócios e contaminando
o esporte.
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Os conceitos apresentados no texto O ESPORTE É PARA A PAZ são de inteira responsabilidade do autor. Fica
autorizada a reprodução total ou parcial do texto para fins didáticos e/ou par publicação em quaisquer veículos, desde
que sempre citada a fonte e citada a autoria do mesmo
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