2. Margaret Mead foi uma antropóloga
cultural norte americana que viveu no
Séc. XX (1901/1978) e que ficou
conhecida pelo seu trabalho de campo na
Polinésia. Concentrou os estudos em
problemas de crianças, personalidade e
cultura. No seu livro “Adolescência, Sexo
e Cultura em Samoa” estudou os
costumes desse povo e a passagem das
crianças à vida adulta, verificando que
essa transição era mais suave do que nos
jovens americanos. Assim, estudou mais
três sociedades primitivas, na Nova
Guiné, verificando que essa transição era
diferente dependendo dos diferentes
hábitos culturais. Assim, foi-nos proposto
que fizessemos um trabalho sobre essa
transição em duas culturas diversas.
3. Os Aborígenes
A palavra “aborígene” significa o primeiro povo que
viveu num determinado lugar. Presentemente é
usada para designar os nativos da Austrália. Estes
são negros e magros, têm nariz largo e cabelo
escuro ondulado. Chegaram à Austrália há milhares
de anos, vindos provavelmente das ilhas do Pacífico.
Há várias etnias como os Aljauara, os Aranda, os
Gurindji, os Mudbara, os Pintubi e os Uarramunga,
entre outras. Algumas tribos abandonaram o
nomadismo e trabalham em quintas, fazendo
trabalho remunerado. Os outros não têm residência
permanente, vagueiam pelo deserto caçando e
apanhando os seus alimentos. As suas armas são os
Bumerangues.
4. O Bumerangue é um pau de arremeso em
madeira. Há duas espécies: uma é muito pesada e
é atirada diretamente ao alvo; a outra é mais
leve e tem uma forma especial de modo a que,
quando é habilmente lançado, seja possível fazê-
lo regressar ao atirador.
Os Aborígenes foram muito maltratados pelos
primeiros homens brancos que foram para a
Austrália, originários da Grã-Bretanha.
Presentemente, têm direitos de cidadania
australianos.
Na cultura e nas crenças Aborigenes a terra e
toda a criação formaram-se por espíritos
totêmicos ancestrais e sagrados. Esse
acontecimento é referido como “o Tempo do
Sonho”, numa tentativa de tradução aproximada.
5. Os clãs identificam-se com um totem, que é a
representação da divindade de que se dizem
descendentes. Tem a figura de um animal, uma planta
ou de um objeto, que não podem ser mortos, comidos
ou destruídos, porque são sagrados.
A criança recebe logo à nascença um tóteme, que a
liga diretamente com o tempo da criação e o mundo
espiritual (o Tempo dos Sonhos) e com todos os
seres vivos.
O parto é considerado “coisa de mulher” e era
realizado com todos os rituais e tradições como ficar
de cócoras sobre um buraco preparado no chão
coberto de folhas macias. A parturiente era ajudada
por outras mulheres que lhe davam apoio físico e
emocional.
6. Há cerca de 30-40 anos passou a ser
obrigatório que as mulheres aborígenes no
final de gravidez fossem para um hospital para
reduzir a mortalidade materna e neonatal. Se
essa decisão ajudou a salvar muitas vidas,
destruíu os rituais tradicionais do nascimento
e aumentou a ansiedade nas jovens mães,
tornando os partos mais complicados e
prolongados.
O ideal, talvez, fosse uma “mistura” de
tradição e ciência; o médico respeitar os
rituais tradicionais, intervindo apenas nas
situações mais complicadas.
Os casamentos fazem-se entre segundos
primos. Só muito excepcionalmente são
possíveis uniões entre clãs.
7. Os aborígines Mardudjara
●
Estes aborígenes levam os rapazes de uma
certa idade à reclusão, onde são depois
imobilizados por um ancião, enquanto outro
retira o prepúcio do pênis sem anestesia.
Depois, o rapaz ajoelha-se sobre um
escudo próximo a uma fogueira e tem que
comer a própria pele crua, sem mastigar.
Assim, segundo a tradição, ele livra-se da
criança e torna-se um homem completo.
Depois da circuncisão estar cicatrizada , os
homens sofrem outra intervenção cirúrgica:
o pênis é cortado na parte inferior,
próximo aos testículos, e o sangue que
escorre deve cair sobre uma fogueira, para
o purificar.
8. Os índios Sateré-Mawé
Os índios Sateré-Mawé são nativos da
Amazónia, divididos em vários clãs
cujo território fica na região das
terras altas do rio Maués-Açu. São
chamados regionalmente "Mawés''. O
primeiro nome - Sateré - quer dizer
"lagarta de fogo" e é uma referência
ao clã mais importante dessas tribos,
de onde tradicionalmente vem a linha
sucessória dos chefes políticos. O
segundo nome - Mawé - quer dizer
"papagaio inteligente e curioso".
A sua língua integra o tronco
linguístico Tupi. São pacíficos,
valentes, corajosos e destemidos.
9. As suas principais ocupações são a caça,
pesca e o cultivo do Guaraná, uma
trepadeira silvestre que os Sateré-Mawé
transformam em arbusto cultivado,
introduzindo a sua plantação. O guaraná é
uma planta nativa daquela região e é
muito importante para a economia e
alimentação dessas tribos. Depois de
secarem e pisarem os frutos com uma
pedra, obtêm uma bebida que dá tanta
força que os índios podem ir à caça sem
ter necessidade de outros alimentos de
um dia para o outro. Tem também efeitos
terapêuticos pois é diurético, baixa a
febre e é analgésico. É ainda conhecido
pelas suas propriedades de bebida
estimulante, regulador intestinal, tônico
cardio-vascular e afrodisíaco.
10. O comércio do guaraná sempre foi
intenso na região, atualmente não só
realizado pelos Sateré-Mawé como
também por “brancos” instalados em
cidades vizinhas. No entanto há uma
diferença na qualidade do produto, sendo
o dos índios de inegualável qualidade pois
é produzido com os conhecimentos e
apuro das suas práticas tradicionais.
Também o artesanato dos Sateré-Mawé
é muito rico e procurado.
A sua alimentação é baseada em farinha
de mandioca, peixe, carne, banana, feijão,
guaraná e arroz.
11. Ritual de passagem a guerreiro
A tribo dos Sateré-Mawé tem um dos mais
dolorosos rituais indígenas de iniciação
masculina à vida de adultos/guerreiros,
que é o ritual da formiga Tucandeira
(também conhecida por formiga 24, pois são
as horas de dor intensa que aqueles que são
picados sofrem). Além da dor, a vítima fica
nauseas, vómitos e arritmia cardíaca; e isto
só com a picada de uma formiga.
As luvas são construídas com folhas e várias
formigas aprisionadas que, desesperadas por
se libertarem, dão ferroadas muito
dolorosas. O jovem guerreiro irá sofrer os
sintomas dessas picadas por vários dias, mas
só assim será considerado um guerreiro da
tribo pois prova a sua força, coragem e
resistência à dor.
12. Durante o ritual os membros da tribo
cantam e dançam para distrair e dar
coragem ao futuro guerreiro.
Para completar o ritual são necessárias
cerca de 20 sessões. Os jovens começam
o ritual cedo para o terminarem perto
dos 18 anos. É considerado como “uma
vacina” pois acreditam que essas picadas
funcionam também como proteção contra
várias doenças.
13. Embora o ritual da Tuncadeira seja
tradicionalmente masculino, nos
últimos anos tem sido aceite que
algumas meninas/mulheres, ou até
mesmo pessoas que não sejam
indígeneas participem. Tornou-se
assim um género de batismo, chamado
“Encontro dos Guerreiros” e uma
forma dos Sateré-Mawé perservarem
a sua cultura e tradições.