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Seminário de Construção
CURSO DE FORMAÇÃO FEMINISTA




1 a 3 de Março de 2013, Diamantina MG.
             ABEEF – FEAB
PROGRAMAÇÃO:


                     01/03               02/03                  03/03


                                      História do
                                  feminismo, das lutas    Método (8h às 10h)
                                   feministas e auto-             -
                   Chegada e
       MANHÃ                        organização das       Proposta de grade.
                   Recepção
                                       mulheres.             (10h – 12h)
                                      (8:30h-12h)

                                  Resgate/importância
                  Apresentação        do debate do
                                                         Proposta de
                   e Abertura      Feminismo dentro
                                                      Ementa, Assessoras.
                  (14h as 16h)       das Executivas
                                                          (14h – 16h)
                        -           (14h as 15:30h)
                                                               -
        TARDE      Formação:                -
                                                      Encaminhamentos
                  Patriarcado e        Divisão em
                                                           Avaliação
                   Capitalismo         Executivas
                                                        (16:30h – 18h)
                  (16:30-18hs)       (15:30h – 17h)
                                  Repasse (17h – 18h)
                   Formação:
                  Patriarcado e
                                  Objetivos, caráter,
                   Capitalismo
                                  sujeitas e princípio.
                  (19h–20:30h)                             Sessão Pipoca e
                                      (19h – 21h)
        NOITE           -                                   Hasta Luergo
                                            -
                    Mercado
                                  Cultural (21h-00h)
                   Velho(21h-
                      00h)

   1- Apresentação e Abertura:

   Rodada de Apresentações: Bell (CR Mata Atlântica ABEEF – Lavras MG);
Andressa (CR Caatinga ABEEF – Cruz das Almas BA); Tamara (CN FEAB – Cruz das
Almas BA); Priscila (Coletivo Retalhos de Fulô – Diamantina MG); Cibele (CN ABEEF
– Belém PA); Bárbara (ABEEF – Diamantina MG); Thaís (Coletivo Retalhos de Fulô –
Diamantina MG); Bruna (ABEEF – Diamantina MG); Bruna Lara (ABEEF –
Diamantina MG); Paula (NTP de Gênero e Sexualidade FEAB – Diamantina MG);
Carina (FEAB – Lavras MG); Taís (ENEBIO – Lavras); Stephanie (Coletivo Retalhos de
Fulô – Diamantina MG); Maíra (NTP de Gênero e Sexualidade FEAB – Diamantina
MG); Bianca (NTP de Gênero e Sexualidade FEAB – Diamantina MG).
Durante a rodada de apresentações as mulheres presentes colocaram suas
expectativas para o Seminário de Construção e o que cada uma espera com a
realização deste Curso. A partir disso, conseguimos visualizar que estamos com
objetivos comuns em fortalecer a auto-organização das mulheres em nossas
executivas e coletivos e que o curso irá nos despertar a isto.

   Em seguida foram apresentadas nossa programação, a metodologia dos espaços
e os acordos coletivos.

      Onde estamos? – Paula FEAB.

    Apresentação dos Vales do Jequitinhonha e Mucurí: O processo de ocupação da
região se deu quando começou a exploração do Diamante, característica forte da
região e da cidade de Diamantina. A região é caracterizada também pela forte
presença de camponeses, muita gente ainda mora no campo e existem muitas
comunidades tradicionais, por isso a região carrega o estigma de ser o “Vale da
miséria” e pouco desenvolvida, pois a economia é voltada para o consumo próprio
tendo uma economia interna. A partir da década de 70 houve alguns projetos do
governo para o desenvolvimento da região e as localidades do cerrado, que eram
comunitárias, a partir de então passaram a ser devolutas o Estado e destinadas às
empresas privadas para produção eucalipto, expulsando os povos das suas regiões.
Outro projeto foi a usina hidrelétrica de Irapé no rio Jequitinhonha, que veio com o
intuito de trazer o progresso para região, mas trouxe muitas contradições. A região
dos Vales é dividida em baixo, médio e alto, onde o baixo caracteriza-se por um
latifúndio atrasado e é onde está localizada a maior concentração de
assentamentos do MST e onde ocorreu o Massacre de Felisburgo, em que o
latifundiário Adriano Chafik executou 5 trabalhadores rurais e deixou feridos e
escolas e barracos queimados no acampamento Terra Prometida. O massacre
completou 8 anos e Chafik encontra-se impune e a região tem se mobilizado em
torno de uma Campanha por justiça a Felisburgo. A região do médio se caracteriza
pela grande migração dos trabalhadores para trabalhar no corte de cano no
sudeste do país, onde as mulheres são conhecidas como “As viúvas dos maridos
vivos”, por passarem por dificuldades tendo seus maridos por muito tempo fora de
casa. Nos altos do Vale outro problema encontrado é a questão da compensação
ambiental, sendo a cidade de Diamantina cercada por essas áreas privadas, onde
os trabalhadores e apanhadores de Sempre Viva (cultura de flores característica da
região e base econômica) e os quilombolas sofrem muito com as expulsões. A
região apresenta uma grande quantidade de movimentos sociais organizados.
    A UFVJM: Inicialmente houve a criação da FAFEOD (Faculdade Federal de
Odontologia) com apenas com curso de odontologia, que posteriormente
transforma-se em FAFEID (Faculdade Federal Integrada de Diamantina) chegando
os cursos de agrárias e depois abrangendo a área de saúde. Em 2005 torna-se
UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucurí) com um
campus em Diamantina e outro em Teofilo Otoni. Ela foi criada com a luta da
população que reivindicava os cursos, mas de fato não visou atender a demanda da
região. Em Diamantina muitos estudantes se organizaram em coletivos, sendo o
mais antigo o Aranã de Agroecologia e o coletivo de mulheres Retalhos de Fulô. A
FEAB já é organizada a um bom tempo, inicialmente era composta por alunos de
zootecnia e enfermagem, além da Agronomia, e a ABEEF está presente desde
2001, mas passou um tempo desativada voltando as atividades em 2011. Existe
também o grupo de mobilizações chamado Estudantes em Movimento, composto
pelos estudantes de humanidades, e a ENEBIO vem aos poucos se organizando. Os
grupos organizados possuem identificação com os vales e as comunidades
presentes e estão contribuindo na luta desses povos.

   2- Formação: Patriarcado e Capitalismo – Amanda (Ex-FEAB – BH
      MG)

    O debate foi iniciado com uma pergunta a todas de quanto entendíamos sobre
as relações patriarcais, algumas meninas apresentaram que ainda possuem
conhecimento superficial e foi falado da importância sobre nos aprofundarmos na
questão para entendermos a estruturação da sociedade machista que vivemos.
Amanda fala sobre a importância de nos aprofundarmos nos estudos e realizarmos
leituras.
    Num primeiro momento foi realizada a leitura individual dos textos: “Divisão
sexual do trabalho e relações sociais de sexo” (Dicionário Crítico do Feminismo de
Daniele Kergoat) e “O trabalho das mulheres na sociedade capitalista – Alguns
enfoques para reflexão” (Elaine Bezerra e Érica Dumont). Logo após iniciamos um
debate, apontando alguns pontos do texto como a diferenciação do trabalho, as
dúvidas sobre o surgimento da família e a apropriação do trabalho doméstico e
jornada dupla das mulheres.
    Em seguida, Amanda iniciou uma explanação colocando a importância de
entender o que é o sistema capitalista e como o trabalho funda o ser social (nossa
capacidade de se humanizar). O trabalho é a capacidade do homem modificar a
matéria e a forma como cada sociedade organiza o seu trabalho define as sua
relações e a medida que realizamos novas formas de trabalho criamos novas
relações sociais. Para compreender melhor o contexto de como surge a sociedade
baseada no patriarcado precisamos voltar à história holística e fazer as análises
sociais, baseando-se no livro “A origem da família, da propriedade privada e do
Estado” de Friedrich Engels.
Na Sociedade de Coletores o homem colhia o que era produzido pela natureza e
não existia a relação de mediação capital para transformação da natureza com o
trabalho, ao passo que essa mediação foi se desenvolvendo foi iniciando-se o
processo de humanização, que é o fundante da sociedade. Assim, iniciam-se os
primeiros modos de produção (idade da pedra lascada, idade do fogo, etc) e vão se
desenvolvendo junto as primeiras formas de família, que nem sempre foi colocada
como a base da nossa sociedade. A primeira forma de relação entre os seres
humanos em processo de humanização é a tribo ou os grupos, onde viviam livres e
sem relação de posse tanto materiais quanto para as pessoas. O primeiro
rompimento que existe nessa forma de organização é a Família Consanguínea,
onde as relações sexuais deixam de existir entre pais e filhos, na verdade este é um
pré-estágio do modelo de família que mais tarde vem a se tornar monogâmica.
   Tempos após, no segundo rompimento, surge a Família Panaluana, quando as
relações sexuais não ocorrem mais entre irmãos e apenas nas categorias que
surgem de primos e tios, o trabalho começa a ficar mais avançado e surgem
princípios de posses, onde os homens disputam territórios e saem para caças e a
mulher começa a controlar a prole tendo que determinar quem são filhos, tios,
primos e sobrinhos. A partir de então mulher fica mais voltada para o ambiente
privado e o homem começa a assumir a responsabilidade de determinar o que
seria a propriedade. Apesar da mulher e do homem desempenharem diferentes
funções de trabalho, nenhum dos dois é determinado como superior ou inferior, a
força do homem para a caça não é determinante para estas relações, é uma
característica biológica que não delimita nada. Nesta fase também é inventado o
ciúme e o amor, e a invenção do incesto cumpre o papel de criar um padrão de
família. Começa-se a existir o sentimento da propriedade.
   O terceiro rompimento é o que cria a Família Sindiásmisca, quando as relações
passam a se dar entre pares, mas essa condição é dada somente para a mulher e o
homem continua sendo poligâmico. Nesta fase a propriedade privada é firmada e o
papel do homem é controlar os meios e os territórios, fazendo com que o trabalho
do homem seja mais importante do que o da mulher em controlar e reproduzir a
prole. Assim, já se estabelece uma divisão sexual do trabalho com condições de
superioridade para o trabalho do homem.
   A família monogâmica por fim é estabelecida no quarto rompimento, as
relações sexuais passam a ser em pares tanto para o homem quanto para a
mulher. Este modelo de família se mantém até os dias de hoje e é capaz de manter
o controle da propriedade privada. A necessidade de estabelecer esse tipo de
família surge para manter uma relação de parentesco e direito a herança dos bens
materiais, onde cada vez mais a mulher fica voltada ao espaço privado para
reproduzir e para que o homem tenha certeza de quem é sua linhagem que terá
direito à sua herança. Neste momento o trabalho desempenhado pela mulher é
colocado em condição de subordinação quanto ao homem, temos então o
Patriarcado, que é a síntese das relações sociais que colocam a mulher neste papel
e determina ao homem poder de decisão, onde seu trabalho é mais valoroso por
estabelecer a moeda de troca das posses.
   O patriarcado é apropriado e reestruturado pelo sistema capitalista para
manter sua estrutura de exploração do trabalho e produção de valores. O
Capitalismo quando implantado gera desigualdades sociais tanto na forma de
trabalho quanto no acesso as riquezas geradas por ele, onde há uma divisão social
do trabalho que na verdade é primeiramente estabelecida na divisão sexual do
trabalho. Esta divisão tem como princípios a separação, que divide o que é do
homem e o que é da mulher, e a hierarquização, que coloca o trabalho do homem
como superior ao da mulher. Dessa forma, a divisão se baseia nos gêneros, os
quais são construídos socialmente e culturalmente e não biologicamente, como
descrevemos aqui.
   Ao fim da explanação da Amanda, foi debatido entre todas as mulheres como
este modelo capitalista patriarcal influencia diretamente em nossas realidades e
como no caso do curso das agrárias as divisões das nossas atividades são claras. Há
também reflexos destes modelos dentro da nossa militância, onde práticas
machistas são também naturalizadas como em toda sociedade e que mesmo
reconhecendo e afirmando que elas existem nós precisamos ainda avançar muito
para desconstruí-las. Para isso é necessário a auto-organização das mulheres,
porque só nós que sentimos na pele essas divisões e o machismo que sofremos
podemos protagonizar a luta contra o patriarcado e estabelecer as nossas pautas e
necessidades. É necessário também avançarmos nos espaços mistos para levarmos
as pautas para os companheiros e que eles consigam avançar para desconstruir o
machismo nas suas práticas, mas antes precisamos nos fortalecer e criar
identidade para colocar, com preparo e propriedade, quais são as nossas
demandas para debate com eles.

   3- Formação: História do feminismo, das lutas feministas e auto-
      organização das mulheres. – Érica (MMM MG)

   A companheira Érica fez uma introdução explicando a necessidade de realizar
um estudo aprofundado de cada momento histórico onde se começa a
necessidade de organização das mulheres, levando em consideração o surgimento
do Feminismo a partir de quando as mulheres se compreendem dentro da
contradição da divisão sexual do trabalho e se organizaram para desestruturar de
alguma forma os princípios patriarcais.
   Num primeiro momento foi colocada a análise de 3 ondas feministas, que é
uma forma de separar a história, mas não quer dizer que tenha ocorrido
obrigatoriamente nessa ordem em todo tempo e lugar. Essas ondas perpassam
uma pelas outras e em alguns lugares alguns elementos não passaram pelo mesmo
processo, como é o caso do Brasil, mas são necessárias para compreender como
surgiram as vertentes feministas existentes hoje.
    A primeira onda do feminismo ocorreu entre os séculos 19 e 20, de 1868 a
1879. Era o momento onde estouravam a Revolução francesa e Norte Americana
pela luta por direitos entre Republicanos, onde também muitas pessoas se
organizavam para exigir seus direitos e as mulheres começaram a despertar para as
contradições vividas por elas. Algumas mulheres começaram a se organizar dando
origem ao Movimento de mulheres sufragistas, que reivindicavam o direito ao
voto, acesso à escola e às heranças e bens patrimoniais. Essa movimentação então
ficou conhecida como o Sufrágio Universal, pois as pautas giravam em torno de
direitos universais que os homens tinham e que as mulheres também começaram a
exigir. Porém, era um movimento de mulheres burguesas, que se por um lado
conquistariam alguns direitos às mulheres como um todo, por outro demarcavam
seus interesses de classe quando reivindicava controlar suas próprias riquezas e
isto não era de acesso a classe proletária. Mas ainda assim as mulheres
trabalhadoras começam a apoiar as sufragistas em busca de seus direitos
universais.
    Em 1879 foi publicada a primeira obra que colocou um olhar das mulheres
proletárias dentro do feminismo, o livro chamado “A mulher e o socialismo” de
August Bebel, mas foram descritas formas utópicas colocando que a opressão das
mulheres teria um fim automaticamente quando se atingisse o socialismo. Esta
teoria foi defendida pelo Partido Democrático Alemão, que percebeu que
precisava acrescentar as pautas das mulheres em suas formulações. A partir de
então muitas trabalhadoras começam a aproximar do socialismo e se interessar em
fazer parte do partido. Porém, nesta época era ilegal pela constituição a mulher
participar dos partidos e assim surge a primeira auto-organização das mulheres,
que não podendo entrar na política eram excluídas dos partidos e foram “forçadas”
a buscar sua forma de organização política.
    Em 1910 as mulheres socialistas auto-organizadas eram cerca de 75 mil
mulheres e com suas manifestações elas conquistaram o direito a fazer parte dos
partidos políticos mudando as leis do país. Depois dessa conquista algumas
entraram para o partido, mas a maioria continuou com a auto-oganização
originando o Movimento de Mulheres Sociais Democratas, que tinha como
lideranças a Clara Zctek e a Alexandra Kolontai. Até então as reivindicações eram
os direitos universais, mas as feministas socialistas se diferenciavam das burguesas
porque além disso elas pautavam um rompimento na estrutura do sistema de
sociedade, enquanto as burguesas visavam sua autonomia individual. Dessa forma
as socialistas ficaram conhecidas como Feministas Radicais e as burguesas como
Feministas Liberais. “O gênero une, a classe separa!”
A segunda onda do feminismo começa em 1960 e termina na década 70. Entre
o fim da primeira onde e o início da segunda existe uma lacuna muito grande na
luta das mulheres. Elas já haviam conquistado direito ao voto e à escola, mas
quando as feministas radicais começam a se distinguir enquanto movimento em
1910, o Partido Social Democrático Alemão tirou como tarefa destituir os
movimentos feministas que tivesse um discurso autônomo do partido, pelo fato
também de que eles haviam decidido por entrar na Primeira Guerra Mundial e o
Movimento Feminista não apoiava. Então as feministas foram desmobilizadas até o
início dos anos 60, quando surgem novos movimentos. Esses movimentos
possuíam caráter muito parecido com os da primeira onda, continuavam lutando
por pautas universais, mas a auto-organização das mulheres era mais forte e sua
importância mais clara.
    No Brasil era época de Ditadura Militar e os movimentos feministas surgem
junto aos partidos e movimentações em combate à ditadura. É um período de
grande efervescência dos protestos e quando as feministas ganham bastante
espaço.
    A segunda onde é um período curto, o qual é mais marcado pelo ressurgimento
do movimento feminista. A palavra chave desta fase é IGUALDADE, mas mulheres
queriam ter o mesmo espaço na esfera pública que os homens e tiveram
conquistas como a pílula anticoncepcional e o direito de usarem calças.
    A terceira onda do feminismo começa no início da década de 70,
especificamente no marco do Maio de 68 na Europa, e dura até os dias de hoje.
Essa fase se caracteriza como um momento indenitário das mulheres e vem muito
expandir a cultura, como por exemplo, as mulheres negras do Movimento Panteras
Negras começam a exigir espaço. O marco é o reconhecimento de a
impossibilidade de fundar uma igualdade dentro do sistema patriarcal para
conquistar os direitos universais, pois os moldes da educação, da política e da vida
pública em si estavam todos voltados para o perfil do homem. Feministas
começam a afirmar “Nós somos diferentes” e ocorre um rompimento com o
universal e surgimento dos feminismos identitários, como de mulheres negras e de
lésbicas.
    A palavra agora é DIFERENÇA, porque o universal é masculino. Muitas
pluralidades dentro do feminismo começaram a surgir e surgem até hoje, o que
torna essa uma onda muito complexa, onde psicanalítica explica de diversas
formas. Começa a ocorrer, por exemplo, distinções entre o feminismo e o
feminino, e existem movimentos de mulheres que além de reivindicarem os
direitos universais pautam o direito de exercer a feminilidade. E é nesta fase que
surgem conquistas e pautas contemporâneas como autonomia do corpo, aborto,
políticas públicas voltadas para mulheres, creches, etc.
    Diante das linhas identitárias podemos separar três princípios que surgem na
terceira onda: o Universalismo, o Diferencialismo e o Pós-modernismo. Dentro
disso, Érica nos conduziu a leitura individual de textos do Dicionário Crítico
Feminista, que explicam esses princípios. Logo após assistimos um vídeo sobre a
Terceira Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, que traz as pautas e
organicidade do movimento, e por último nos dividimos em três grupos para
discussão sobre os princípios e como eles estão presentes nos movimentos atuais
que conhecemos para socialização posterior.
   Grupo 1: Uma das principais pautas que vemos presentes com ideais
universalistas é a igualdade de salário, da equidade nas representações e no acesso
às políticas públicas. Mas na realidade os princípios universalistas e diferencialistas
hoje em dia se misturam muito nos movimentos e não conseguimos visualizar
mulheres que pautem ou um principio ou outro. Porque mesmo quando se fala na
busca por esses direitos universalistas, o olhar voltado para as especificidades da
mulher existe na maioria desses movimentos que conhecemos, como MMC e
MMM.
   Érica: É difícil observar um movimento que não traz a pauta universal, hoje o
universal reivindica dentro das diferenças, a exemplo da saúde no parto e da forma
de educação. Mas é preciso pensar de forma não colonizada, ou seja, pensar a
nossa realidade primeiro e lutar por pautas em torno dela, não adianta se espelhar
em movimentos avançados lá fora que não condizem com nossa necessidade do
presente. Um exemplo é a Marcha das Vadias, que apesar de apresentar pautas
pertinentes não veio dialogando com as pautas da classe trabalhadora em nosso
país.
   Grupo 2: O diferencialismo traz pautas que nos identifica como mulheres para
conseguir a igualdade, e esse é a crítica. Identidade como processo de
reconhecimento das diferenças, fortalecimento e construção da identidade das
mulheres para atingir a igualdade. Onde se pauta a Igualdade dentro das
diferenças. Este principio está bastante presente em todas as reivindicações dos
movimentos atuais.
   Érica: O acesso à educação não necessariamente é nossa identidade, mas sim o
acesso à educação não sexista é o que esse principio vem trazer. As forma de
identidade são complexas porque há várias, precisamos cuidado de não ir se
dividindo demais porque hoje as demandas é muito identitária e acaba dividindo
mais do que se juntando as mulheres e nisso e feminismo pode se perder. Se nossa
luta é contra o liberalismo e o capitalismo, devemos pensar no individual mas
tendo interesse em construir enquanto classe. As coisas andam junto para nossa
identidade de classe.
   Grupo 3: Foi muito complexo entender as especificidades do Pós-Modernismo e
a teoria queer, muito porque nunca foi discutido antes entre as executivos e os
outros grupos. Parece uma forma de ter identidade de varias coisas, identificar-se
com que quiser e lutar contra a não esteriotipação. Esse principio é identificado
nos grupos que pautam é a diversidade sexual.
Érica: O sexo é uma construção social, nós nos tornamos homens e mulheres.
Este princípio afirma isso fortemente e coloca que a sociedade comunista é uma
sociedade sem sexo, onde cada um é livre para ser e exercer da forma que quiser.
Assim age o queer, que é ausência de sexo. Ainda é preciso se aprofundar e estudar
essa teoria para entender melhor as propostas. Mas na opinião politica pessoal,
pensar a sociedade como queer é muito idealista, pois torna-se uma abstração
muito irreal de ser praticada e pautada dentro da sociedade nesses moldes, porque
a sociedade ainda nos difere e precisamos romper a estrutura patriarcal que
ocasiona isto primeiro.

   4- Resgate/importância do debate do Feminismo dentro das
      Executivas – Cibele (CN ABEEF) e Tamara (CN FEAB)

   Bruna Lara realizou uma introdução sobre a importância da discussão de gênero
dentro das executivas e de fazermos um resgate histórico para entender como os
debates foram inseridos. Em seguida Cibele contextualizou essa importância com
os espaços de formação que tivemos no seminário, comparando os elementos das
questões de gênero e de divisão sexual do trabalho que ocorre em nossos cursos.
   Foi feito um resgate de como surge a Universidade e como ela está a serviço do
capital mantendo relação com o patriarcado e como esse perfil vem sendo
modificado. Os cursos das agrárias surgiram para atender uma demanda do campo
e desenvolvimento do agronegócio e fortemente as relações da divisão sexual do
trabalho estiveram e estão presentes na formação. Dessa forma, existe opressão
dentro das universidades e os professores a reproduzem.
   O quadro de inserção das mulheres no mercado de trabalho e nas instituições
de ensino foi se alterando com o decorrer dos anos e das lutas das mulheres.
Assim, em 2010 55% dos estudantes eram mulheres, não só em cursos que eram
definidos como “femininos”. Mas anterior a isto, em 2003, tivemos uma
movimentação do M.E. muito forte pautando o papel da mulher dentro das
universidade, não houveram muitos avanços em questão de conquistas, porém foi
o ponta pé inicial para fomentar essa discussão nas executivas.
   Tamara fez um link com esse contexto fazendo um resgate histórico da
percepção da mulher em relação à agricultura e mostrando que com o desenvolver
do agronegócio e da revolução verde para atender as demandas do capital, quando
surge o curso de agronomia, a realidade é toda voltada para o trabalho masculino.
Hoje, por mais que as mulheres tenham conquistado seu espaço e direito de cursar
e exercer a profissão de agrônoma, elas estão restritas a laboratórios, salas de aula
e muitas vezes à atividades desvinculadas com a própria área de atuação sala de
aula, levando em conta também que nem sempre consegue se formar. Dentro da
FEAB historicamente não foi diferente. O espaço político sempre foi
hegemonicamente masculino e os estudantes de agronomia organizados
cumpriam com esse papel. A medida que foi avançando a inserção das mulheres
no curso de agronomia, foi crescendo aos poucos a presença das mulheres nos
espaços da FEAB. O debate de gênero na FEAB começou a surgir na década de 90,
através das poucas companheiras que tentavam inserir a pauta. Sendo a FEAB uma
entidade que visa a construção do socialismo através da formação de seus sujeitos,
já tinham certa clareza de que para avançar no socialismo era necessário avançar
no feminismo também.
    Em 1998, Tatiana Veloso, que foi CN pela escola de Cruz das Almas, conseguiu
trazer bons avanços para a Federação, como sendo a primeira mulher que levou
para o espaço da CONCLAEA o debate de gênero e a inserção da bandeira em
nome da FEAB. Mas nesta época ainda era dificultoso garantir o debate dentro da
Federação, pois ele sempre era realizado junto com outras bandeiras e não era
aprofundado. Além disso, existiam contradições muito fortes em relação aos
próprios companheiros que discursavam sobre a importância do debate de
feminismo, mas tinham práticas machistas dentro dos espaços.
    A partir de 2000 começa ser pautada a necessidade de uma plenária de
mulheres, com o intuito de auto-organização, mas foi só em 2005 que foi
deliberado um espaço na grade do CONEA do ano seguinte para a plenária.
Durante esse período surgiram os questionamentos sobre dividir ou não a plenária,
alguns afirmavam que isso dividiria a luta, mas as mulheres que já tinham algum
acúmulo sobre a auto-organização por participarem de espaços dos movimentos
sociais ou outros coletivos conseguiram afirmar que era preciso primeiro fortalecer
quem está desfavorecido dentro desse sistema machista e patriarcal, garantindo a
realização da auto-organização na FEAB.
    Em 2006 ocorreu o primeiro espaço de formação feminista numa PNEB que foi
misto, onde se conseguiu realizar debates voltados para a temática separado das
outras bandeiras. E no CONEA de Cuiabá houve a plenária de mulheres, que foi um
espaço um pouco desajustado, pois era algo muito novo e as mulheres estavam em
processo de reconhecimento, apenas algumas mulheres já tinham tido aquela
experiência em outros espaços da militância, mas foi muito importante para o
começo dessa discussão. Depois de ele ser realizado houveram algumas polêmicas
sobre sua legitimação e se continuaria na grade no ano seguinte, mas as
companheiras lutaram e conseguiram garanti-lo. A partir de então, as mulheres
começaram a tocar junto as lutas do 8 de março e foram impulsionadas a se
organizarem em coletivos e se aprofundar, compreendendo seus papeis na
executiva. As pautas que antes não saiam do falatório que deveriam avançar,
começaram a ser estimuladas e concretizadas.
    Em 2007 as deliberações reafirmavam a importância das mulheres se auto-
organizarem dentro da FEAB. A plenária de mulheres trouxe uma formação mais
profunda sobre as questões de gênero e feminismo, o espaço paralelo para
homens também consegue acumular mais. Durante o período foram surgindo
diversos debates mais profundos, como até a questão do aborto. Já em 2008, no
CONEA, a FEAB demonstra a vontade de construir um curso de formação feminista
e avançar no debate das companheiras. No CONEA de 2009, o debate de gênero
começou a voltar um olhar para as mulheres camponesas e a necessidade de nos
aproximarmos das mulheres da Via Campesina para engrandecer o debate. Além
disso, muitas demandas foram geradas para formação da militância, como debater
mais patriarcado, aborto, relações de gênero, lei Maria da Penha, etc. Em 2010, no
CONEA, começou a se firmar as parcerias com os movimentos sociais e a se
identificar com a MMM. Citaram a importância do trabalho de base ser realizado
pautando a questão de gênero para a militância nova. Surge também a demanda
de entender as reconfigurações da divisão sexual do trabalho e inserção das
mulheres.
   Em 2011, houve o espaço de auto-organização, o espaço paralelo misto para
homens e para as mulheres que não se sentem contempladas na auto-organização
e posteriormente um espaço de formação de gênero, esta estrutura da plenária de
mulheres foi um avanço e vem se mantendo. Neste ano conseguiu-se deliberar
pela inserção na frente da descriminalização da mulher legalização do aborto.
Outro avanço foi a criação de um NTP de Gênero e Sexualidade, que antes era
junto com Juventude, Cultura, Valores, Raça e Etnia, que seria divido no ano
seguinte. Foi deliberado também que a próxima escola que assumisse a instância
acumulasse para a proposta da realização de um curso de formação para as
mulheres, pois muitas demandas precisavam ser acumuladas e as plenárias de
gênero durante o CONEA não estavam sendo suficiente para garantir os debates,
levando em conta também a renovação da militância e de que sempre era preciso
retroceder nos debates para os militantes novos acompanharem. Outra questão
importante que aparece nas deliberações de 2011 é sobre a garantia da equidade
de homens e mulheres nos espaços de formação promovidos pela federação.
   Ainda antes do CONEA de 2012, houve a possibilidade de construir o curso
junto com a ABEEF, que havia deliberado em seu ultimo congresso a construção de
um curso em Belém do Pará, mas não foi possível realizar. Na PENEB de 2012 NTP,
que estava com Cuiabá, trouxe um acúmulo sobre a necessidade de avançar
também na questão da diversidade sexual e que esse curso que seria realizado pela
FEAB fosse misto para suprir também tal demanda. Esse fator gerou algumas
divergências no CONEA de Cruz das Almas, onde discutiu-se em que lugar seria
esse curso e como aconteceria. A princípio ficou definida a possibilidade de ser
misto, mas o encaminhamento sobre sua forma foi deixado para ser definido até a
PS em conversa com a ABEEF, que a essa altura já havia deliberado pela construção
do curso em Diamantina. Neste CONEA Diamantina assumiu o NTP de Gênero e
Sexualidade e em conversa com a ABEEF e o coletivo Retalhos de Fulô, levou para a
PS a proposta de ser Comissão Organizadora do curso da FEAB e que ele fosse
auto-organizativo para suprir as demandas de formação das mulheres e para
realiza-lo junto com a ABEEF e assim foi deliberado. Na PS de 2012 a FEAB se
inseriu na Campanha contra a violência às mulheres, lançada pela Via Campesina,
acreditando ser uma forma de trabalhar a questão de gênero nas escolas e
incentivar a organização das mulheres com uma pauta concreta.
    Fazendo uma avaliação geral, a pauta de gênero e feminismo dentro da FEAB só
avançou de fato depois que conseguiu realizar os espaços de auto-organização
dentro da Federação, além das formações mistas também. Houve uma inversão na
lógica das bandeiras que eram trabalhadas todas juntas por um NTP, pois antes
dentro dele o debate de gênero era superficial e de 2005 para cá começou a ser
mais aprofundado até que as outras temáticas que passaram a não ser mais tão
trabalhadas. Assim, em 2013, Diamantina inaugura um NTP só de Gênero e
Sexualidade. Outro avanço também é que no passar desses períodos a questão do
feminismo se volta para um recorte classista, colocando-nos nas lutas com os
movimentos e deixando claro qual feminismo queremos. Avançamos em muitas
pautas do que antes se restringia apenas aos debates internos da universidade.
Ainda existem desafios como a necessidade de elaborar materiais de acúmulo,
formar as mulheres em renovação e combater as práticas contraditórias dos
militantes nos espaços e fora deles. E assim, dentro da demanda de acumular e nos
aprofundar em tantas pautas, principalmente para nivelar o debate das mulheres e
fazer com que a formação feminista esteja presente nas escolas para além dos
espaços do CONEA, a construção de um curso de formação feminista está sendo
consolidada.
    A companheira Thaís da ENEBIO trouxe um pouco sobre sua aproximação da
executiva, que ocorreu no primeiro período, citou que nos encontros regionais e
nacionais nos quais participou sempre teve o espaço de gênero, que vem
avançando dentro da entidade apesar de ainda estar com um discurso superficial.
Esses fatores ocorrem também por ser uma entidade ainda nova que está
definindo seus debates. Infelizmente não tiraram como centralidade para este ano
a construção do curso feminista junto com a FEAB e a ABEEF, muito porque
precisam amadurecer o debate dentro da entidade, mas as companheiras próximas
e que se interessam em acumular com o curso estão se dispondo a participar.
    Em seguida, Cibele fez um apanhado histórico sobre a inserção da discussão
feminista na ABEEF, com contribuições da Aremita (Ex-ABEEF), que viveu alguns
desses momentos. Primeiro ela trouxe o contexto da inserção das mulheres no
curso e dos desafios que enfrentam, muito parecido com a Agronomia, assim como
a inserção das mulheres dentro da ABEEF. Levando em consideração que em 1971
a ABEEF surge e se delibera com um cunho socialista e uma visão de transformação
da sociedade, o debate do feminismo como forma de libertação das mulheres para
acumular à essas transformações não era pautado com força dentro da entidade.
Só em 2002 foi definida a bandeira de feminismo e começou a discutir as
questões mais para dentro da ABEEF. Mas foi em 2004 foi o marco da questão de
gênero e feminismo no CBEEF em Cuiabá, onde houve uma tentativa de abuso
sexual e com isso as mulheres da ABEEF promoveram uma reunião de mulheres
para discutir o que estava acontece. Uma carta foi redigida pelas mulheres e lida
na plenária final sobre a necessidade de começar a debater esse tema e
repudiando o acontecimento, mas foram bastante hostilizadas pelos
companheiros.
    Havia dentro da ABEEF uma cultural com a temática floresGay e florestona,
onde homens se vestiam de mulher e mulheres de homem de uma forma
personalista e machista, sem nenhum debate político. Avançando no debate sobre
o que estava sendo as reproduções deste espaço, foi deliberada a sua proibição a
partir de 2005. Porém, mesmo ele não existindo na grade muitas pessoas ainda o
realizava durante as culturais. Esse ano foi também a época que teve de maneira
mais efetiva a proposta de grupo de trabalhra com as questões de gênero, porém,
naquele momento não foi possível internalizar, ate mesmo pelas barreiras
impostas pelos próprios militantes.
    A ABEEF participou do encontro de mulheres da UNE, porém não conseguiu
levar o acúmulo para dentro da executiva e disputar um espaço. A auto-
organização das mulheres começou a ocorrer em paralelo a espaços do congresso,
onde eram feitas cartas de acúmulo pelas companheiras para leitura na plenária
final, sempre ressaltando a importância desse espaço. E em 2006 a carta citava a
importância da aproximação coma as mulheres dos movimentos sociais para
conseguir avançar nos debates.
    No CBEEF de 2007, em Aracaju, as meninas sentaram e decidiram a importância
de uma medida mais efetiva do espaço dentro do congresso. Assim, em 2008, em
Belém, foi colocado pela primeira vez um espaço de gênero dentro da grade do
CBEEF. No primeiro momento foi um espaço misto de formação e depois foi
separado, os meninos foram ver um filme e as mulheres foram para um espaço de
auto-organização. Avaliando, não foi um espaço muito proveitoso, pois houve
alguns problemas no funcionamento, assim foi definido que tinha a necessidade de
uma companheira estar acompanhando o espaço dos meninos também.
    Em 2009, em Botucatu, foi realizado um espaço misto com o resgate do
histórico da opressão da mulher, mas houveram dificuldades por ser colocado não
ter ganho político dentro da executiva. Mas neste ano a bandeira de gênero é
consolidada. Jacqueline nos contou que em 2009, o espaço foi muito importante
para as mulheres, pois foi um momento de compreensão entre as companheiras,
citando as opressões, porém, sem cunho politico.
    Em 2010, em Lavras, surge a criação de um grupo de e-mails entre as mulheres
da ABEEF para conseguir aproximar o debate e trazer para dentro da ABEEF. Houve
o espaço misto de formação, que depois foi dividido, e a socialização foi feita
através do Teatro do Oprimido, onde foi relatado situações das meninas e dos
meninos dentro do curso. Durante o congresso essa questão da sexualidade foi
aflorada durante uma cultural, com uma brincadeira que chama passa-pulso, só
que foi durante o curso de coordenadores que o debate foi politizado e essa
brincadeira não foi compreendida na cultural por não ter existido um debate
anterior, causou alguns constrangimentos e uma escola se retirou no congresso,
mas a partir de então começou a ocorrer intervenções sobre sexualidade. Na
plenária final, ocorreu uma divergência no debate de gênero, pois os meninos
reclamaram que as meninas não estavam conseguindo tocar os espaços e as
meninas se retiraram da plenária. Depois dos debates foi ressaltado que o
feminismo que seria trabalhado dentro da ABEEF seria um feminismo marxista.
    Em 2011, em Cuiabá, foi deliberada a ideia do um curso de formação feminista
e dentro disso foi feita pelas mulheres uma chuva de ideias sobre os temas para
esse curso, por exemplo, patriarcado, mercado de trabalho, aborto e etc. Foi
sugerido que seria ou em Lavras ou em Belém, devido ao acúmulo, porém no
decorrer do ano Belém não teve como construir esse curso.
    Em 2012, foi ressaltada a importância de concretizar o curso e de conseguir
fazer em parceria com a FEAB, onde a ABEEF de Diamantina se propôs a ser
comissão organizadora deste curso. Porém algumas divergências estavam
existindo, pois a FEAB começava a visualizar um curso misto e a ABEEF já havia
definido a necessidade de fazê-lo auto-organizado para as mulheres. Mas no
CONEA de 2012, quando a FEAB de Diamantina pegou o NTP de Gênero e
Sexualidade, as executivas conseguiram se conversar e propor um curso com sede
em Diamantina realizado junto pelas duas executivas e com principio auto-
organizativo.

   5- Divisão entre as Executivas e Repasses / Construção do Sujeita,
      Objetivo e Caráter.

   A ABEEF, a FEAB, a ENEBIO e o Coletivo Retalhos de Fulô sentaram entre si para
avaliarem como anda a construção do feminismo dentro dos grupos a nível
regional e nacional e quais conquistas e avanços têm elencados para a construção
desse curso, visualizando assim as sujeitas para o curso, os objetivos e o caráter.
Em seguida ABEEF (Cibele) e FEAB (Tamara) repassaram sobre o mapeamento das
mulheres inseridas nas executivas por região e como as escolas estão tocando os
coletivos de mulheres e colocaram os pontos que visualizam para a construção do
curso, assim como fez a ENEBIO e o coletivo.
   Foram elencadas demandas para as executivas como: conseguir dialogar e
contemplar tanto as sujeitas novas no debate quanto aquelas que possuem um
acúmulo maior; fazer a Federação entender a necessidade e importância desse
curso; suprir as demandas dos debates que foram acumulando na FEAB; conseguir
quebrar tabus dentro das executivas; levar o cuidado para a forma que esse debate
vai ser inserido para as companheiras de primeiro contato; fazer com que o curso
capacite as mulheres para realizarem formação nas escolas e regionais.
       Diante das demandas das executivas, foram contemplados e compartilhados
os seguintes pontos de encaminhamento para a forma do curso:

Sujeitas
    Cursistas: Companheiras que estejam orgânicas nas executivas, mas que
      façam parte do processo de renovação e tenham ainda algum tempo de
      militância pela frente, e que estejam interessadas e dispostas em repassar
      para as escolas o acúmulo adquirido no curso (construtoras e
      multiplicadoras).
    CPP: Mulherada que tenha mais acúmulo do debate e na executiva junto
      com a Comissão Organizadora e aquelas que estiveram no Seminário de
      Construção.
    Homens (apoio estrutural): Companheiros que tenham clareza do debate e
      compreendam o processo pedagógico que é a participação deles na
      construção desse espaço para que as mulheres possam estar tocando a
      formação. Esses nomes devem ser tirados por indicação da CO e CN.

Objetivos
   Tornar mais evidente e clara a linha de feminismo que queremos seguir
      (recorte de classe).
   Acumular e instrumentalizar as mulheres para o debate de gênero e
      feminismo para que possam difundir o conhecimento nos grupos.
   Gerar material de acúmulo para as executivas.
   Potencializar a auto-organização das escolas e para além das executivas, nos
      grupos e coletivos que as mulheres estão inseridas.
   Enxergarmo-nos dentro das executivas como movimento feminista.
   Aproximar dos movimentos de mulheres e dos grupos que pautem
      feminismo com recorte de classe, além de entender o que são e qual papel
      cumprem os diferentes movimentos feministas.
   Fortalecer a Campanha da Via Campesina contra violência às mulheres.

Caráter
    Formativo intensivo/progressivo (Intenção de que traga uma formação
      aprofundada, mas que tenha cuidado em fazer um resgate inicial e inserir os
      debates progressivamente para que todas consigam acompanhar, levando
      em conta de que algumas podem estar mais aprofundadas que outras.)
 Representativo (nomes por indicação para representar as cidades e regiões)

Princípios
    Auto-organização e autonomia das mulheres
    Acompanhamento das companheiras.

   6- Método Pedagógico Instituto de Educação Josué de Castro –
      Maíra (FEAB) e Bárbara (ABEEF)

    A intencionalidade do espaço foi apresentada para conhecermos a forma
teórica do método e como aplicar na prática alguns pontos do método como as
fases de trabalho, encaminhando para a construção em nosso curso.
    O espaço então iniciou-se com a exposição do pontos principais do método que
se adéquam ao curso, como sensibilização e valores que se encaixam e que devem
ser levados à nossa própria prática. Não são todos os pontos do método que
iremos trabalhar, pois ele é um intensivo na escola do MST para convivência dos
sujeitos em 3 anos. Mas o método pedagógico do instituto não é fechado nem
dogmatizado, ou seja, passível e flexível de adaptação de acordo com o sujeito,
educandos e educadores (campesinos, mov. Estudantil, mov. Feminista). E dessa
forma iremos adaptá-lo às nossas necessidades no curso. O que determina o
processo educativo são os sujeitos e sua formação política. É a forma que vamos
utilizar para conseguir alcançar os objetivos que tiramos.
    Existem 7 princípios filosóficos e 13 pedagógicos, que vão dizer sobre a visão do
mundo que temos e a pedagogia que vamos utilizar para colocar o que
acreditamos em prática. Utilizamos eles quase que totalmente na íntegra porque
casa muito com o queremos (educação para a transformação social; educação para
o trabalho e cooperação; educação voltada para as várias dimensões da pessoa
humana..) Os objetivos da formação de um ser humano, garantindo a escolarização
dessas pessoas para alcançar o socialismo que acreditamos e almejamos.
    O método foi feito para sujeitos do campo, a realidade onde a pessoa vive é a
matriz onde ela se forma. A tarefa é ajudar as pessoas a se darem conta da
realidade, a serem mais críticas e movimentar para a mudança que queremos. Mas
o método está em permanente construção, não está fechado e sempre adaptamos
de acordo com a realidade e os sujeitos. Esta aí para ser utilizado de forma que
caiba a cada realidade, ele não molda ou estabelece formas, mas indica caminhos
para atingir os objetivos que visualizamos.
    As matrizes pedagógicas do método são: educação popular (Paulo Freire),
formação política ideológica (bases teóricas marxistas), trabalho, coletividade
(Makarenko), capacitação (Santos de Morais) e pedagogia do movimento (Caldart).
Pelo curso ocorrer em um período pequeno, pode ser que não passemos por todas
as fases do trabalho, mas precisamos afirmar a importância de cada processo
destes no método.
   Existem 8 sub-linhas dos elementos pedagógicos que o método utiliza, mas nem
todos os 8 contempla o que buscamos com o curso e fazemos readaptações de
acordo com o tempo/espaço que estamos inseridos, realidades e sujeitos.

1. ENGENHARIA SOCIAL – fazer esboço do que queremos com essas mulheres com
os tempos educativos que nascem da necessidade de mudar o conceituação de a
escola não é só lugar de estudo mas de formação humana e a necessidade de
mudar a existência dos educandos.
1.1 Tempos educativos: (tempo formatura, leitura, trabalho, plenárias, grupo e
tempo cultura)
1.2 Trabalhos: como vai nos humanizar, reflexão sobre a organização e o jeito de
trabalhar não mecanicamente, organicidade no trabalho e ao mesmo tempo a
reflexão de como está sendo realizado.
1.3 Gestão democrática: todas gerindo juntas, co-gestão entre educadores e
educandos e auto gestão dessa coletividade.

2. ARQUITETURA SOCIAL – estratégia de inserção, organização e funcionamento do
curso compreendido sempre na coletividade.
2.1 Estrutura orgânica: forma de organização dos educandos e educadores numa
coluna vertebral, sustentação e continuidade coletiva com princípios organizativos.
2.2 Organicidade: núcleos ou brigadas, mística, alimentação, secretária.
2.3 Coletividade: bases de Makarenko, somos livres unidas por um objetivo
comum, ninguém veio obrigada e sim depois que aceitamos temos acordos do
método a seguir (unidade, disciplina, participação de espaços formativos e de
trabalho).

3. AMBIENTES EDUCATIVOS – trata de uma concretização do movimento
pedagógico e sua intencionalidade de cada tempo que temos no curso. Como vão
funcionar os tempos educativos e como vamos utiliza-los e sua finalidade
(engenharia social)
3.1 Tempos educativos
3.2 Situação de Aprendizado
3.2 Espaços pedagógicos: espaços físicos pedagógicos que vão se realizar os
tempos educativos que vamos trabalhar na escola, gerar reflexão sobre o espaço
que estamos, não simplesmente inserir um tempo trabalho um espaço sem
finalidade.
3.3 Cotidiano: queremos que os espaços onde estamos tragam o cotidiano mais
aberto, a sensação de estar em casa, que a gente crie uma dinâmica numa
perspectiva de humanização.
4. ESTUDO: compreender a realidade, contato e estudo daquilo que propomos a
fazer. Cada um vive e aprender no seu ritmo e tempo, porque cada pessoa que
chega aqui vem com um acúmulo e historia diferente, ponto também pra gente
trocar vivências e conhecimentos.
4.1 Ênfase em concepção de mundo
4.2 Ênfase na Aprendizagem
4.3 Elementos de estudo: vem pra desenvolver alguns hábitos e posturas para o
aprendizado (vontade de saber, curiosidade e criatividade)

5. MOVIMENTO – a partir de a existência a gente perceber a historicidade
(entender e perceber os processos em andamento), maquinaria do processo,
contradições presente.
5.1 Partir da Existência
5.2 Domínio da dialética: o agir para que nossa ação sejam mais eficazes e é uma
práxis. Planejar em vista da práxis, ação e reflexão, relação entre os opostos.
5.3 Fases do processo (durante o seminário de preparação da CPP, ver esse pontos
na prática de como lidar com cada fase – como vamos lidar com essas fases que
tendem acontecer?): Anomia, o primeiro contato com o método e reflexão do que
está acontecendo, tendência a introspecção; síncrese, a negação do processo, a
não crença em seu funcionamento, questionamentos e domesticação do processo
para garantir nele os interesses individuais; análise, a leitura do que está
acontecendo e o respeito, as vezes mesmo sem acreditar; síntese, a analise
concreta, acredita e aceita o processo dando continuidade no andamento, é muito
também sair desse processo individual, um dos objetivos do nosso curso, o
processo coletivos de replicação do que foi passado.

6. ACOMPANHAMENTO – é caminhar juntos educando e educador, importante
para a questão da humanização. Como fazer esse acompanhamento? Como vamos
atuar com essas meninas diante do processo que elas vivem? Se faz necessário
adquirir a um conjunto de princípios: acreditar que pode acontecer uma mudança,
partindo da realidade da pessoa e de onde ela estuda – análise de fora e qual seria
o melhor caminho; assumir que não nos educamos sozinhos e sem juntos –
acompanhamento é uma via de mão dupla, amizade, camaradagem, não o
sentimento de fazer porque tenho que fazer. Dentro disso, existem vários níveis de
acompanhamento: CPP com CPP, CPP com cursistas, cursista com cursista.

7. PERSONALIDADE: FORMAÇÃO DE CARÁTER – casa muito com o curso quando
pensamos que queremos dar mais um caráter de sensibilização, com valores
humanistas e socialistas com a convivência, comportamentos, hábitos (como agir
respeitando os hábitos dessas mulheres mas que elas saibam conviver com os
nossos para a transformação ou criação de valores), valores, emoção (deixar o
   mecânico de lado) e mística, que trata-se de compreender a importância desse
   momento para a harmonia, força e coesão do grupo, entender também como
   instrumento de luta para a sensibilização em outros sentidos e despertando outros
   sentidos, despertar para entender o processo, também é um acompanhamento
   para entender o que os cursistas estão sentindo, tentar compreender e conhecer
   os sujeitos, o que os espaços estão passando para eles.

   8. OFICINA ORGANIZACIONAL DE CAPACITAÇÃO (OFOC) – direcionamento à
   organização e produção. Não iremos utiliza-la nos mesmo moldes para o curso,
   mas garantiremos produções e acúmulo com as oficinas (mídia, estêncil, batucada)
   que estamos propondo.

   * Encaminhamentos: otimizar a comunicação no grupo de e-mail, comissão para
   produzir material preparatório CFF e trocar os materiais de estudo sobre o
   método.

        7- Grade, ementas e propostas de assessoria:

        10-06          11-06             12-06             13-06                   14-06              15-06

Manhã
                       Como funciona a   Divisão sexual     Mercantilização do        Grandes            A LUTA das
                         sociedade       do trabalho e     corpo e Sexualidade       Projetos e           mulheres
          Chegada
                         Capitalista      Autonomia                                  Economia
                         Patriarcal.      Econômica                                    Verde


Tarde
                                           Violência                                                      Formação
         Inscrições      Histórico do      contra a                                                    Profissional das
                         Feminismo          mulher                                                        mulheres
                                                                                   Agroecologia e
                                                           Direitos reprodutivos     soberania
                                                                                     alimentar
         Abertura –
                                           Opressões                                                   E agora Maria?
           Boas
                                         étnicas na vida
          Vindas
                                          das mulheres

Noite
         Divisão dos        Auto-          Círculo de              Oficinas        Cultural e feira     Avaliações e
           Grupos        organização       Mulheres                                  de trocas          Socializações




         Identidade
EMENTAS:

- Abertura: Apresentações (CPP, Executivas, Cursistas), contextualização da
região/Diamantina e apresentação do método, metodologia e acordos. + Elemento
X (Lançamento do Livro, apresentação de dança, etc)

- Divisão das Úteros/Pétalas*: Momento lúdico onde serão divididos os grupos de
trabalho, estudo e discussão durante todo curso.

- Identidade: Os grupos se dividem para se conhecerem e criar uma identidade
comum, pensando no nome do grupo e apresentações.

- Como funciona a sociedade Capitalista Patriarcal: Entender as Relações de
Gênero dentro do Histórico do Patriarcado a partir da Economia Política, fazendo
um recorte de classe.

Indicação de Assessoras: Mahara (MMM – São João); Estér ou Taty (MST – MOC);
Débora (MMM – BH); Roberta Traspadini (UFVJM – TO)

- Histórico do Feminismo e Auto-organização: Abordar o histórico do Feminismo,
evidenciando o feminismo popular, e trazer o histórico, o conceito e a importância
da Auto-organização das Mulheres.

Indicações de assessorias: Érica (MMM – BH); Amanda (Ex-ABEEF – Belém PA);
Maíra (MMM Bahia);

- Divisão sexual do trabalho e Autonomia Econômica: Realizar uma leitura sobre
as relações sociais de classe e de sexo dentro do mundo do trabalho, evidenciando
as questões da jornada dupla/tripla , bem como a precarização e a limitação das
condições do trabalho feminino. Além disso, dar atenção à condição de
permanência e capacitação das estudantes universitárias.

Indicações de assessoras: Amanda (Ex-FEAB – BH); Tatau Godinho (SOF – SP);
Bernadete (MMM – BH); Rosângela (MMC – DF)

- Violência contra a mulher: Abordar as diversas formas de violência praticadas
contra as mulheres (campo, cidade e universidade) e como contribuem para a
manutenção do sistema capitalista patriarcal. Além disso, entender como
funcionam e se aplicam as leis e direitos das mulheres, focando a Lei Maria da
Penha.
Indicações de Assessoras*: Via Campesina Brasil; Jacqueline (Direito / 55 CONEA -
Maíra)

- Opressões étnicas na vida das mulheres: Entender a questão racial e como o
racismo potencializa a opressão machista sobre as mulheres indígenas e negras.
Fazer um resgate do papel histórico da mulher negra na luta por uma sociedade
livre de opressões, trazendo as conquistas e desafios pelo movimento feminista
negro.

Indicações de assessoras: Núbia (Retalhos de Fulô – Diama); Núcleo Negra Zeferina
(MMM – Salvador BA); Maria Mariana (Retalhos de Fulô – Diama) Mulheres Sind-
UTE (Maria Catarina – Divinópolis)

- Círculo de Mulheres: Momento espiritual de se reconhecer enquanto natureza,
proporcionando uma reflexão sobre o sagrado feminino e de acumular força para a
luta e trazer perspectiva de unidade entre as mulheres, resgatando valores que o
capitalismo nos tira a todo instante.

Indicação de Assessoria: Mírian (FEAB – Viçosa); Dani (Diama)

- Mercantilização do corpo e Sexualidade: Como o capitalismo se apropria do
corpo da mulher, padronizando a beleza, a sexualidade, as relações
heteronormativas e as questões econômicas (entender a proposta de lei sobre a
legalização da prostituição).

Indicação de assessoras: Mirla Cisne (Rio de Janeiro ?), Laís (BH, Associação de
Lésbicas de Minas), Mari (Ex-FEAB e LPJ – RJ)

- Direitos reprodutivos: Tratar sobre as implicações das diferenças sociais das
condições de saúde para mulheres entendendo o que é a questão do aborto e qual
é o debate sobre sua descriminalização e legalidazação.

Indicação de assessoras: Débora Del Guerra (MMM – BH), Krika (Levante – BH),
Nath (DENEM – Uberlândia)

- Oficinas:
    Batucada – MMM
    Estêncil - Malu e Bárbara L.(Diama)
    Medicinais (formas de curas para o feminino) - Mulher tradicional*
    Autodefesa (ver possibilidades com algumas participantes que podem estar
       vindo)*
 Produção de material didático (paródias, folders, cartilhas, CD´s, fotos,
     vídeos) – Indicação de Tamara*

- Grandes Projetos e Economia Verde: Resgatar como se dá a exploração da classe
trabalhadora e dos recursos naturais, exercida pelo agronegócio, e entender os
problemas que os grandes projetos do capital (mineração, barragem, agronegócio,
grandes eventos) afetam a vida das mulheres com suas falsas soluções
“sustentáveis” e de desenvolvimento.

Indicativo de assessoras: Mulheres do MAB (Lívia – BH) e da SOF, Larissa Packer
(Curitiba – PR), Camila Pistache (MMC ?)

- Agroecologia e soberania alimentar: Compreender a agroecologia para além da
ciência e sim como um movimento político-ideológico contrapondo o modelo do
agronegócio, fazendo um resgate do protagonismo da mulher nessa construção e
na garantia da segurança e soberania alimentar do nosso povo. Além disso,
mostrar como a nossa formação nas universidades está ligada à construção da
agroecologia.

Indicativo de assessoras: Rosamaria (Aranã - ?), Mulheres (Via e MMC), Vanessa
Alves (Ex-FEAB – GO)

- Cultural com feira de trocas: resgatar a prática e valores da troca de materiais,
sementes, artesanatos, saberes e culturas.

- A LUTA das mulheres: Trazer mulheres dos movimentos campesinos e da cidade
para apresentarem os movimentos e relatarem suas experiências de lutas e
conquistas.

Indicativo de assessoras:

MMC – Cibele irá encaminhar por Brasília
MST – Cidona, Kely, Enir (Diama)
MAB – Atingida direta, Lívia, Preta (Diama)
MMM – Bernadete (BH)
Executivas ABEEF e FEAB (Cibele e Tamara)

- Campanha contra a violência contra a mulher: Apresentação da campanha e sua
importância no diálogo sobre o combate à violência, elencar ações e como
construí-la localmente.
- Formação Profissional das mulheres: Como a educação sexista reflete na
inserção dessas mulheres no mundo do trabalho, trazendo um histórico desde a
educação básica, porém, com ênfase na educação universitária. A partir dessa
discussão, entender a importância do feminismo dentro do movimento estudantil.

Indicativo de assessoras: Fluflo (Ex-FEAB – SP) e Leilane (Ex-ABEEF – Aracaju)

- E agora Maria? Reunião das executivas de curso e coletivos onde se discutirá o
planejamento das ações das mulheres nas executivas como trabalhar os espaços
de gêneros nas escolas e respectivos coletivos e avaliação do acúmulo do curso.

- Avaliações: Realizar entre os grupos avaliação do geral do grupo (metodológico e
político) e o que representou para as organizações. *(as avaliações mais específicas
e estruturais serão feitas pelos grupos de trabalho diariamente)

- Socializações/Encerramento: Socializar o que foi discutido em cada grupo e
planejar propostas de articulação em comum entre as executivas.

   8- Encaminhamentos:

- DATA DO CURSO:
       Foi avaliado que temos algumas dificuldades de calendário para garantir a
participação das mulheres no curso, pois estamos num ano atípico de atrasos por
conta das greves e com atividades das executivas acumuladas. Outro aspecto
importante a ser avaliado é quanto a estrutura para o curso a ser garantida pela
Comissão Organizadora, onde os locais visualizados só estarão disponíveis em
julho, mas por outro lado em junho seria mais fácil a construção do curso por ainda
ser inicio do semestre na UFVJM. Assim foram pensadas duas propostas de datas
para serem avaliadas pela Comissão Organizadora junto às outras escolas:

    10 - 15 de junho (Seminário da CPP 07 a 08)
    15 - 20 de julho (Seminário da CPP 12 a 14)

* Prazo para fechar a data: 31 de março.

- Número de vagas:
       Dadas algumas limitações estruturais em garantir um grande número de
cursistas e compreendendo o caráter representativo multiplicador para as sujeitas.

    CPP: 20
 ABEEF: 20
    FEAB: 20
    Outras executivas: ENEBIO (8), ENESSO (2), ANECS (2), FENED (2), ENEFA(2),
     DENEM(2)
    Retalhos de Fulô: 4
    Meninos para Estrutural: 8 (2 CN’s + meninos do sudeste e de Diamantina).

TOTAL: 90

* Se houver uma reavaliação estrutural, possibilidade de aumento de vagas e
redirecionamento de vagas para Retalhos e ENEBIO.

- Ficará aberto para algumas meninas de Diamantina do Coletivo Retalhos de Fulô
participarem pontualmente de algumas formações – pensar em como se dará essa
dinâmica no decorrer do curso.

- Comissões:

    Financeira (projeto, mapeamento de parcerias com apoio financeiro,
     conseguir R$ dentro das escolas (cada escola): CN’s.
    Orçamento dos gastos URGENTE: CO Diamantina.
    Estrutural (alojamento, alimentação, local curso, materiais limpeza,
     escritório, controle de gastos): Diamantina
    Método CFF (propor tempos educativos e trabalho, contato assessoras para
     o curso, textos preparatórios): CN e Diamantina
    Metodologia SCPP: Objetivos -> formar minimamente CPP (mulheres com
     algum acúmulo), repassar grade, estudo do método, divisão e especificação
     da função de cada CPP´s para cada tarefa, participação dos meninos num
     espaço específico para compreensão do processo pedagógico ao qual
     estarão inseridos): Diamantina.
    Comunicação e divulgação (mapear as indicações, produzir ficha de
     inscrição, carta convite às cursistas, otimizar grupo de e-mails existente,
     divulgação direcionada, representante da CN de cada regional indicarem
     nomes): CN e CR
    Encaminhar materiais, relatoria e texto do método: CN.
AVALIAÇÃO do Seminário de Construção:

1)   Estrutura: Muito boa, tanto a alimentação e o lugar que foi o seminário,
apesar da distancia do alojamento ter atrapalhado um pouco os horários. Mas na
verdade faltou cuidado com os horários e disciplina consciente.

2)    Metodologia: ficou apertado na metodologia de discussão da grade e
ementa. No mais tudo os outros dias ficou contemplado e foi muito massa a
incorporação da cultura regional. Faltou a sensibilização nos espaços, mas não
vendo a mística como tarefa. Outro ponto negativo foi a coordenação não
conseguir garantir o cuidado na inscrição e não deixar dispersar no espaço, ter
clareza do papel de cada tarefa, mas isso é atribuído ao todo pois faltou respeito
nas falas e com as companheiras e houveram alguns atropelamentos. A tarefa de
relatoria cumpriu.

3)     Político: Sobre o espaço do Histórico do Patriarcado foi esperado mais
aprofundamento, porém pelo fato de termos falado que não tínhamos
conhecimento do assunto achamos que isso pode ter sido a razão da facilitadora
não ter aprofundado no espaço. Mas no final das contas para algumas meninas o
espaço foi aprofundado e para outras não, pq depende mesmo do nível que cada
uma estava sobre a questão. Pelo tempo a metodologia não foi dinâmica, foi um
pouco cansativo pelo fato da escolha do texto que foi difícil. Mas cumpriu com a
ementa que a CO tinha proposto. Quanto ao espaço do Histórico do Feminismo:
Trouxe de uma forma muito clara e respeitosa sobre as conquistas das mulheres.
Mesmo pelo fato de ter sido um estudo aprofundado trouxe a metodologia de
grupos e de trazer a teoria na prática o que foi muito bom. Ambas estimularam a
leitura e o estudo, isso foi um fator positivo, mas se os textos tivessem sido
encaminhados antes facilitaria pelo fato da complexidade dos mesmos. O espaço
de Histórico na executiva cumpriu com a proposta, o espaço de formação sobre o
Método também cumpriu.
Outros pontos: Durante a execução da avaliação continuamos no vício de não
respeitar as inscrições. Faltou o esclarecimento de algumas duvidas, de minutos.
Cuidado com as sujeitas que não tem familiaridade com certos temas, do jeito de
se colocar e impor certas questões, que pode ser pesado. Que isso fique para o
curso, para olharmos mais quem esta com dúvida e tentar compreender as
companheiras em suas diversidades do conhecimento.
“QUANDO UMA MULHER AVANÇA,
                      NENHUM HOMEM RETROCEDE!”




                                           “Maria,
     Quando nada for possível de ser mudado e a pré-história nos parecer, enfim, triunfar
Não se sinta como uma folha ao vento, ao contrário, lute, esbraveje, desvie, coletive-se e lembre-
                             se da opressão que não quer cessar

                                 Mas, Maria, vá com as outras!

                 Entenda a história, olhe para trás, clame por Rosa Luxemburgo
                                  Levante bandeiras vermelhas
                                        Deixe-as flamejar
                                  Defenda um projeto popular

                                 Mas, Maria, vá com as outras!

                           Não se deixe sucumbir, subsumir, oprimir
                     Troque o tanque da cozinha pelos tanques de guerra
      Transforme a vida, conjugue verbos no infinitivo: revolucionar, emancipar, comunar
                          Erga o arco da promessa de Louise Michel

                            Mas, por favor, Maria, vá com as outras!
Aprenda, conheça e não esqueça
                       Das mulheres que fizeram sua história de hoje
              Lembre-se de Frida kahlo, Aurora Furtado, e Helenira Resende
   Organize-se e milite em associações feministas e socialistas como Alexandra Kollontai
                                 Escreva como Clara Zetkin
                         E se prepare para estar no olho do furacão

                        Mas, lembre-se, Maria, vá com as outras!

                         E quando for necessário pegar em armas
       Não se furte de seus momentos de indecisão, dúvida, mas nunca de covardia
                  Grite contra todas as formas de opressão e exploração,
                         Esteja nas primeiras fileiras da revolução
                               Emancipe-se, autonomize-se,

                       Mas, com clamor, Maria, vá com as outras!

                            Mesmo quando a luta arrefecer
                           E mulheres e homens sucumbirem
                     Saiba que a existência determina a consciência
      E que a voragem dos acontecimentos nos exigem respostas rápidas e coerentes
                             Mas, Maria, vá com as outras!

                              Abandone sua vida predicativa
 Esse trabalho doméstico que oprime, estrangula, degrada e a reduz a apêndice dos homens
               Construa um novo caminho e apesar das curvas e contratempos
                                   Pinte novas quimeras
                       Reconheça seu papel nesta sociedade desigual
                               Junte-se a classe trabalhadora
E deixe-a perceber, que é em você e em todas nós, que se encontra a parte mais combativa e
                             abnegada da luta pelo socialismo

                              Mas, Maria, não desacredite,
                                  Vá com as outras!”

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O Livro Cinza do Agronegócio, 2010.
 
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Seminário de Construção Feminista

  • 1. Seminário de Construção CURSO DE FORMAÇÃO FEMINISTA 1 a 3 de Março de 2013, Diamantina MG. ABEEF – FEAB
  • 2. PROGRAMAÇÃO: 01/03 02/03 03/03 História do feminismo, das lutas Método (8h às 10h) feministas e auto- - Chegada e MANHÃ organização das Proposta de grade. Recepção mulheres. (10h – 12h) (8:30h-12h) Resgate/importância Apresentação do debate do Proposta de e Abertura Feminismo dentro Ementa, Assessoras. (14h as 16h) das Executivas (14h – 16h) - (14h as 15:30h) - TARDE Formação: - Encaminhamentos Patriarcado e Divisão em Avaliação Capitalismo Executivas (16:30h – 18h) (16:30-18hs) (15:30h – 17h) Repasse (17h – 18h) Formação: Patriarcado e Objetivos, caráter, Capitalismo sujeitas e princípio. (19h–20:30h) Sessão Pipoca e (19h – 21h) NOITE - Hasta Luergo - Mercado Cultural (21h-00h) Velho(21h- 00h) 1- Apresentação e Abertura: Rodada de Apresentações: Bell (CR Mata Atlântica ABEEF – Lavras MG); Andressa (CR Caatinga ABEEF – Cruz das Almas BA); Tamara (CN FEAB – Cruz das Almas BA); Priscila (Coletivo Retalhos de Fulô – Diamantina MG); Cibele (CN ABEEF – Belém PA); Bárbara (ABEEF – Diamantina MG); Thaís (Coletivo Retalhos de Fulô – Diamantina MG); Bruna (ABEEF – Diamantina MG); Bruna Lara (ABEEF – Diamantina MG); Paula (NTP de Gênero e Sexualidade FEAB – Diamantina MG); Carina (FEAB – Lavras MG); Taís (ENEBIO – Lavras); Stephanie (Coletivo Retalhos de Fulô – Diamantina MG); Maíra (NTP de Gênero e Sexualidade FEAB – Diamantina MG); Bianca (NTP de Gênero e Sexualidade FEAB – Diamantina MG).
  • 3. Durante a rodada de apresentações as mulheres presentes colocaram suas expectativas para o Seminário de Construção e o que cada uma espera com a realização deste Curso. A partir disso, conseguimos visualizar que estamos com objetivos comuns em fortalecer a auto-organização das mulheres em nossas executivas e coletivos e que o curso irá nos despertar a isto. Em seguida foram apresentadas nossa programação, a metodologia dos espaços e os acordos coletivos. Onde estamos? – Paula FEAB. Apresentação dos Vales do Jequitinhonha e Mucurí: O processo de ocupação da região se deu quando começou a exploração do Diamante, característica forte da região e da cidade de Diamantina. A região é caracterizada também pela forte presença de camponeses, muita gente ainda mora no campo e existem muitas comunidades tradicionais, por isso a região carrega o estigma de ser o “Vale da miséria” e pouco desenvolvida, pois a economia é voltada para o consumo próprio tendo uma economia interna. A partir da década de 70 houve alguns projetos do governo para o desenvolvimento da região e as localidades do cerrado, que eram comunitárias, a partir de então passaram a ser devolutas o Estado e destinadas às empresas privadas para produção eucalipto, expulsando os povos das suas regiões. Outro projeto foi a usina hidrelétrica de Irapé no rio Jequitinhonha, que veio com o intuito de trazer o progresso para região, mas trouxe muitas contradições. A região dos Vales é dividida em baixo, médio e alto, onde o baixo caracteriza-se por um latifúndio atrasado e é onde está localizada a maior concentração de assentamentos do MST e onde ocorreu o Massacre de Felisburgo, em que o latifundiário Adriano Chafik executou 5 trabalhadores rurais e deixou feridos e escolas e barracos queimados no acampamento Terra Prometida. O massacre completou 8 anos e Chafik encontra-se impune e a região tem se mobilizado em torno de uma Campanha por justiça a Felisburgo. A região do médio se caracteriza pela grande migração dos trabalhadores para trabalhar no corte de cano no sudeste do país, onde as mulheres são conhecidas como “As viúvas dos maridos vivos”, por passarem por dificuldades tendo seus maridos por muito tempo fora de casa. Nos altos do Vale outro problema encontrado é a questão da compensação ambiental, sendo a cidade de Diamantina cercada por essas áreas privadas, onde os trabalhadores e apanhadores de Sempre Viva (cultura de flores característica da região e base econômica) e os quilombolas sofrem muito com as expulsões. A região apresenta uma grande quantidade de movimentos sociais organizados. A UFVJM: Inicialmente houve a criação da FAFEOD (Faculdade Federal de Odontologia) com apenas com curso de odontologia, que posteriormente
  • 4. transforma-se em FAFEID (Faculdade Federal Integrada de Diamantina) chegando os cursos de agrárias e depois abrangendo a área de saúde. Em 2005 torna-se UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucurí) com um campus em Diamantina e outro em Teofilo Otoni. Ela foi criada com a luta da população que reivindicava os cursos, mas de fato não visou atender a demanda da região. Em Diamantina muitos estudantes se organizaram em coletivos, sendo o mais antigo o Aranã de Agroecologia e o coletivo de mulheres Retalhos de Fulô. A FEAB já é organizada a um bom tempo, inicialmente era composta por alunos de zootecnia e enfermagem, além da Agronomia, e a ABEEF está presente desde 2001, mas passou um tempo desativada voltando as atividades em 2011. Existe também o grupo de mobilizações chamado Estudantes em Movimento, composto pelos estudantes de humanidades, e a ENEBIO vem aos poucos se organizando. Os grupos organizados possuem identificação com os vales e as comunidades presentes e estão contribuindo na luta desses povos. 2- Formação: Patriarcado e Capitalismo – Amanda (Ex-FEAB – BH MG) O debate foi iniciado com uma pergunta a todas de quanto entendíamos sobre as relações patriarcais, algumas meninas apresentaram que ainda possuem conhecimento superficial e foi falado da importância sobre nos aprofundarmos na questão para entendermos a estruturação da sociedade machista que vivemos. Amanda fala sobre a importância de nos aprofundarmos nos estudos e realizarmos leituras. Num primeiro momento foi realizada a leitura individual dos textos: “Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo” (Dicionário Crítico do Feminismo de Daniele Kergoat) e “O trabalho das mulheres na sociedade capitalista – Alguns enfoques para reflexão” (Elaine Bezerra e Érica Dumont). Logo após iniciamos um debate, apontando alguns pontos do texto como a diferenciação do trabalho, as dúvidas sobre o surgimento da família e a apropriação do trabalho doméstico e jornada dupla das mulheres. Em seguida, Amanda iniciou uma explanação colocando a importância de entender o que é o sistema capitalista e como o trabalho funda o ser social (nossa capacidade de se humanizar). O trabalho é a capacidade do homem modificar a matéria e a forma como cada sociedade organiza o seu trabalho define as sua relações e a medida que realizamos novas formas de trabalho criamos novas relações sociais. Para compreender melhor o contexto de como surge a sociedade baseada no patriarcado precisamos voltar à história holística e fazer as análises sociais, baseando-se no livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado” de Friedrich Engels.
  • 5. Na Sociedade de Coletores o homem colhia o que era produzido pela natureza e não existia a relação de mediação capital para transformação da natureza com o trabalho, ao passo que essa mediação foi se desenvolvendo foi iniciando-se o processo de humanização, que é o fundante da sociedade. Assim, iniciam-se os primeiros modos de produção (idade da pedra lascada, idade do fogo, etc) e vão se desenvolvendo junto as primeiras formas de família, que nem sempre foi colocada como a base da nossa sociedade. A primeira forma de relação entre os seres humanos em processo de humanização é a tribo ou os grupos, onde viviam livres e sem relação de posse tanto materiais quanto para as pessoas. O primeiro rompimento que existe nessa forma de organização é a Família Consanguínea, onde as relações sexuais deixam de existir entre pais e filhos, na verdade este é um pré-estágio do modelo de família que mais tarde vem a se tornar monogâmica. Tempos após, no segundo rompimento, surge a Família Panaluana, quando as relações sexuais não ocorrem mais entre irmãos e apenas nas categorias que surgem de primos e tios, o trabalho começa a ficar mais avançado e surgem princípios de posses, onde os homens disputam territórios e saem para caças e a mulher começa a controlar a prole tendo que determinar quem são filhos, tios, primos e sobrinhos. A partir de então mulher fica mais voltada para o ambiente privado e o homem começa a assumir a responsabilidade de determinar o que seria a propriedade. Apesar da mulher e do homem desempenharem diferentes funções de trabalho, nenhum dos dois é determinado como superior ou inferior, a força do homem para a caça não é determinante para estas relações, é uma característica biológica que não delimita nada. Nesta fase também é inventado o ciúme e o amor, e a invenção do incesto cumpre o papel de criar um padrão de família. Começa-se a existir o sentimento da propriedade. O terceiro rompimento é o que cria a Família Sindiásmisca, quando as relações passam a se dar entre pares, mas essa condição é dada somente para a mulher e o homem continua sendo poligâmico. Nesta fase a propriedade privada é firmada e o papel do homem é controlar os meios e os territórios, fazendo com que o trabalho do homem seja mais importante do que o da mulher em controlar e reproduzir a prole. Assim, já se estabelece uma divisão sexual do trabalho com condições de superioridade para o trabalho do homem. A família monogâmica por fim é estabelecida no quarto rompimento, as relações sexuais passam a ser em pares tanto para o homem quanto para a mulher. Este modelo de família se mantém até os dias de hoje e é capaz de manter o controle da propriedade privada. A necessidade de estabelecer esse tipo de família surge para manter uma relação de parentesco e direito a herança dos bens materiais, onde cada vez mais a mulher fica voltada ao espaço privado para reproduzir e para que o homem tenha certeza de quem é sua linhagem que terá direito à sua herança. Neste momento o trabalho desempenhado pela mulher é colocado em condição de subordinação quanto ao homem, temos então o
  • 6. Patriarcado, que é a síntese das relações sociais que colocam a mulher neste papel e determina ao homem poder de decisão, onde seu trabalho é mais valoroso por estabelecer a moeda de troca das posses. O patriarcado é apropriado e reestruturado pelo sistema capitalista para manter sua estrutura de exploração do trabalho e produção de valores. O Capitalismo quando implantado gera desigualdades sociais tanto na forma de trabalho quanto no acesso as riquezas geradas por ele, onde há uma divisão social do trabalho que na verdade é primeiramente estabelecida na divisão sexual do trabalho. Esta divisão tem como princípios a separação, que divide o que é do homem e o que é da mulher, e a hierarquização, que coloca o trabalho do homem como superior ao da mulher. Dessa forma, a divisão se baseia nos gêneros, os quais são construídos socialmente e culturalmente e não biologicamente, como descrevemos aqui. Ao fim da explanação da Amanda, foi debatido entre todas as mulheres como este modelo capitalista patriarcal influencia diretamente em nossas realidades e como no caso do curso das agrárias as divisões das nossas atividades são claras. Há também reflexos destes modelos dentro da nossa militância, onde práticas machistas são também naturalizadas como em toda sociedade e que mesmo reconhecendo e afirmando que elas existem nós precisamos ainda avançar muito para desconstruí-las. Para isso é necessário a auto-organização das mulheres, porque só nós que sentimos na pele essas divisões e o machismo que sofremos podemos protagonizar a luta contra o patriarcado e estabelecer as nossas pautas e necessidades. É necessário também avançarmos nos espaços mistos para levarmos as pautas para os companheiros e que eles consigam avançar para desconstruir o machismo nas suas práticas, mas antes precisamos nos fortalecer e criar identidade para colocar, com preparo e propriedade, quais são as nossas demandas para debate com eles. 3- Formação: História do feminismo, das lutas feministas e auto- organização das mulheres. – Érica (MMM MG) A companheira Érica fez uma introdução explicando a necessidade de realizar um estudo aprofundado de cada momento histórico onde se começa a necessidade de organização das mulheres, levando em consideração o surgimento do Feminismo a partir de quando as mulheres se compreendem dentro da contradição da divisão sexual do trabalho e se organizaram para desestruturar de alguma forma os princípios patriarcais. Num primeiro momento foi colocada a análise de 3 ondas feministas, que é uma forma de separar a história, mas não quer dizer que tenha ocorrido obrigatoriamente nessa ordem em todo tempo e lugar. Essas ondas perpassam
  • 7. uma pelas outras e em alguns lugares alguns elementos não passaram pelo mesmo processo, como é o caso do Brasil, mas são necessárias para compreender como surgiram as vertentes feministas existentes hoje. A primeira onda do feminismo ocorreu entre os séculos 19 e 20, de 1868 a 1879. Era o momento onde estouravam a Revolução francesa e Norte Americana pela luta por direitos entre Republicanos, onde também muitas pessoas se organizavam para exigir seus direitos e as mulheres começaram a despertar para as contradições vividas por elas. Algumas mulheres começaram a se organizar dando origem ao Movimento de mulheres sufragistas, que reivindicavam o direito ao voto, acesso à escola e às heranças e bens patrimoniais. Essa movimentação então ficou conhecida como o Sufrágio Universal, pois as pautas giravam em torno de direitos universais que os homens tinham e que as mulheres também começaram a exigir. Porém, era um movimento de mulheres burguesas, que se por um lado conquistariam alguns direitos às mulheres como um todo, por outro demarcavam seus interesses de classe quando reivindicava controlar suas próprias riquezas e isto não era de acesso a classe proletária. Mas ainda assim as mulheres trabalhadoras começam a apoiar as sufragistas em busca de seus direitos universais. Em 1879 foi publicada a primeira obra que colocou um olhar das mulheres proletárias dentro do feminismo, o livro chamado “A mulher e o socialismo” de August Bebel, mas foram descritas formas utópicas colocando que a opressão das mulheres teria um fim automaticamente quando se atingisse o socialismo. Esta teoria foi defendida pelo Partido Democrático Alemão, que percebeu que precisava acrescentar as pautas das mulheres em suas formulações. A partir de então muitas trabalhadoras começam a aproximar do socialismo e se interessar em fazer parte do partido. Porém, nesta época era ilegal pela constituição a mulher participar dos partidos e assim surge a primeira auto-organização das mulheres, que não podendo entrar na política eram excluídas dos partidos e foram “forçadas” a buscar sua forma de organização política. Em 1910 as mulheres socialistas auto-organizadas eram cerca de 75 mil mulheres e com suas manifestações elas conquistaram o direito a fazer parte dos partidos políticos mudando as leis do país. Depois dessa conquista algumas entraram para o partido, mas a maioria continuou com a auto-oganização originando o Movimento de Mulheres Sociais Democratas, que tinha como lideranças a Clara Zctek e a Alexandra Kolontai. Até então as reivindicações eram os direitos universais, mas as feministas socialistas se diferenciavam das burguesas porque além disso elas pautavam um rompimento na estrutura do sistema de sociedade, enquanto as burguesas visavam sua autonomia individual. Dessa forma as socialistas ficaram conhecidas como Feministas Radicais e as burguesas como Feministas Liberais. “O gênero une, a classe separa!”
  • 8. A segunda onda do feminismo começa em 1960 e termina na década 70. Entre o fim da primeira onde e o início da segunda existe uma lacuna muito grande na luta das mulheres. Elas já haviam conquistado direito ao voto e à escola, mas quando as feministas radicais começam a se distinguir enquanto movimento em 1910, o Partido Social Democrático Alemão tirou como tarefa destituir os movimentos feministas que tivesse um discurso autônomo do partido, pelo fato também de que eles haviam decidido por entrar na Primeira Guerra Mundial e o Movimento Feminista não apoiava. Então as feministas foram desmobilizadas até o início dos anos 60, quando surgem novos movimentos. Esses movimentos possuíam caráter muito parecido com os da primeira onda, continuavam lutando por pautas universais, mas a auto-organização das mulheres era mais forte e sua importância mais clara. No Brasil era época de Ditadura Militar e os movimentos feministas surgem junto aos partidos e movimentações em combate à ditadura. É um período de grande efervescência dos protestos e quando as feministas ganham bastante espaço. A segunda onde é um período curto, o qual é mais marcado pelo ressurgimento do movimento feminista. A palavra chave desta fase é IGUALDADE, mas mulheres queriam ter o mesmo espaço na esfera pública que os homens e tiveram conquistas como a pílula anticoncepcional e o direito de usarem calças. A terceira onda do feminismo começa no início da década de 70, especificamente no marco do Maio de 68 na Europa, e dura até os dias de hoje. Essa fase se caracteriza como um momento indenitário das mulheres e vem muito expandir a cultura, como por exemplo, as mulheres negras do Movimento Panteras Negras começam a exigir espaço. O marco é o reconhecimento de a impossibilidade de fundar uma igualdade dentro do sistema patriarcal para conquistar os direitos universais, pois os moldes da educação, da política e da vida pública em si estavam todos voltados para o perfil do homem. Feministas começam a afirmar “Nós somos diferentes” e ocorre um rompimento com o universal e surgimento dos feminismos identitários, como de mulheres negras e de lésbicas. A palavra agora é DIFERENÇA, porque o universal é masculino. Muitas pluralidades dentro do feminismo começaram a surgir e surgem até hoje, o que torna essa uma onda muito complexa, onde psicanalítica explica de diversas formas. Começa a ocorrer, por exemplo, distinções entre o feminismo e o feminino, e existem movimentos de mulheres que além de reivindicarem os direitos universais pautam o direito de exercer a feminilidade. E é nesta fase que surgem conquistas e pautas contemporâneas como autonomia do corpo, aborto, políticas públicas voltadas para mulheres, creches, etc. Diante das linhas identitárias podemos separar três princípios que surgem na terceira onda: o Universalismo, o Diferencialismo e o Pós-modernismo. Dentro
  • 9. disso, Érica nos conduziu a leitura individual de textos do Dicionário Crítico Feminista, que explicam esses princípios. Logo após assistimos um vídeo sobre a Terceira Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, que traz as pautas e organicidade do movimento, e por último nos dividimos em três grupos para discussão sobre os princípios e como eles estão presentes nos movimentos atuais que conhecemos para socialização posterior. Grupo 1: Uma das principais pautas que vemos presentes com ideais universalistas é a igualdade de salário, da equidade nas representações e no acesso às políticas públicas. Mas na realidade os princípios universalistas e diferencialistas hoje em dia se misturam muito nos movimentos e não conseguimos visualizar mulheres que pautem ou um principio ou outro. Porque mesmo quando se fala na busca por esses direitos universalistas, o olhar voltado para as especificidades da mulher existe na maioria desses movimentos que conhecemos, como MMC e MMM. Érica: É difícil observar um movimento que não traz a pauta universal, hoje o universal reivindica dentro das diferenças, a exemplo da saúde no parto e da forma de educação. Mas é preciso pensar de forma não colonizada, ou seja, pensar a nossa realidade primeiro e lutar por pautas em torno dela, não adianta se espelhar em movimentos avançados lá fora que não condizem com nossa necessidade do presente. Um exemplo é a Marcha das Vadias, que apesar de apresentar pautas pertinentes não veio dialogando com as pautas da classe trabalhadora em nosso país. Grupo 2: O diferencialismo traz pautas que nos identifica como mulheres para conseguir a igualdade, e esse é a crítica. Identidade como processo de reconhecimento das diferenças, fortalecimento e construção da identidade das mulheres para atingir a igualdade. Onde se pauta a Igualdade dentro das diferenças. Este principio está bastante presente em todas as reivindicações dos movimentos atuais. Érica: O acesso à educação não necessariamente é nossa identidade, mas sim o acesso à educação não sexista é o que esse principio vem trazer. As forma de identidade são complexas porque há várias, precisamos cuidado de não ir se dividindo demais porque hoje as demandas é muito identitária e acaba dividindo mais do que se juntando as mulheres e nisso e feminismo pode se perder. Se nossa luta é contra o liberalismo e o capitalismo, devemos pensar no individual mas tendo interesse em construir enquanto classe. As coisas andam junto para nossa identidade de classe. Grupo 3: Foi muito complexo entender as especificidades do Pós-Modernismo e a teoria queer, muito porque nunca foi discutido antes entre as executivos e os outros grupos. Parece uma forma de ter identidade de varias coisas, identificar-se com que quiser e lutar contra a não esteriotipação. Esse principio é identificado nos grupos que pautam é a diversidade sexual.
  • 10. Érica: O sexo é uma construção social, nós nos tornamos homens e mulheres. Este princípio afirma isso fortemente e coloca que a sociedade comunista é uma sociedade sem sexo, onde cada um é livre para ser e exercer da forma que quiser. Assim age o queer, que é ausência de sexo. Ainda é preciso se aprofundar e estudar essa teoria para entender melhor as propostas. Mas na opinião politica pessoal, pensar a sociedade como queer é muito idealista, pois torna-se uma abstração muito irreal de ser praticada e pautada dentro da sociedade nesses moldes, porque a sociedade ainda nos difere e precisamos romper a estrutura patriarcal que ocasiona isto primeiro. 4- Resgate/importância do debate do Feminismo dentro das Executivas – Cibele (CN ABEEF) e Tamara (CN FEAB) Bruna Lara realizou uma introdução sobre a importância da discussão de gênero dentro das executivas e de fazermos um resgate histórico para entender como os debates foram inseridos. Em seguida Cibele contextualizou essa importância com os espaços de formação que tivemos no seminário, comparando os elementos das questões de gênero e de divisão sexual do trabalho que ocorre em nossos cursos. Foi feito um resgate de como surge a Universidade e como ela está a serviço do capital mantendo relação com o patriarcado e como esse perfil vem sendo modificado. Os cursos das agrárias surgiram para atender uma demanda do campo e desenvolvimento do agronegócio e fortemente as relações da divisão sexual do trabalho estiveram e estão presentes na formação. Dessa forma, existe opressão dentro das universidades e os professores a reproduzem. O quadro de inserção das mulheres no mercado de trabalho e nas instituições de ensino foi se alterando com o decorrer dos anos e das lutas das mulheres. Assim, em 2010 55% dos estudantes eram mulheres, não só em cursos que eram definidos como “femininos”. Mas anterior a isto, em 2003, tivemos uma movimentação do M.E. muito forte pautando o papel da mulher dentro das universidade, não houveram muitos avanços em questão de conquistas, porém foi o ponta pé inicial para fomentar essa discussão nas executivas. Tamara fez um link com esse contexto fazendo um resgate histórico da percepção da mulher em relação à agricultura e mostrando que com o desenvolver do agronegócio e da revolução verde para atender as demandas do capital, quando surge o curso de agronomia, a realidade é toda voltada para o trabalho masculino. Hoje, por mais que as mulheres tenham conquistado seu espaço e direito de cursar e exercer a profissão de agrônoma, elas estão restritas a laboratórios, salas de aula e muitas vezes à atividades desvinculadas com a própria área de atuação sala de aula, levando em conta também que nem sempre consegue se formar. Dentro da FEAB historicamente não foi diferente. O espaço político sempre foi
  • 11. hegemonicamente masculino e os estudantes de agronomia organizados cumpriam com esse papel. A medida que foi avançando a inserção das mulheres no curso de agronomia, foi crescendo aos poucos a presença das mulheres nos espaços da FEAB. O debate de gênero na FEAB começou a surgir na década de 90, através das poucas companheiras que tentavam inserir a pauta. Sendo a FEAB uma entidade que visa a construção do socialismo através da formação de seus sujeitos, já tinham certa clareza de que para avançar no socialismo era necessário avançar no feminismo também. Em 1998, Tatiana Veloso, que foi CN pela escola de Cruz das Almas, conseguiu trazer bons avanços para a Federação, como sendo a primeira mulher que levou para o espaço da CONCLAEA o debate de gênero e a inserção da bandeira em nome da FEAB. Mas nesta época ainda era dificultoso garantir o debate dentro da Federação, pois ele sempre era realizado junto com outras bandeiras e não era aprofundado. Além disso, existiam contradições muito fortes em relação aos próprios companheiros que discursavam sobre a importância do debate de feminismo, mas tinham práticas machistas dentro dos espaços. A partir de 2000 começa ser pautada a necessidade de uma plenária de mulheres, com o intuito de auto-organização, mas foi só em 2005 que foi deliberado um espaço na grade do CONEA do ano seguinte para a plenária. Durante esse período surgiram os questionamentos sobre dividir ou não a plenária, alguns afirmavam que isso dividiria a luta, mas as mulheres que já tinham algum acúmulo sobre a auto-organização por participarem de espaços dos movimentos sociais ou outros coletivos conseguiram afirmar que era preciso primeiro fortalecer quem está desfavorecido dentro desse sistema machista e patriarcal, garantindo a realização da auto-organização na FEAB. Em 2006 ocorreu o primeiro espaço de formação feminista numa PNEB que foi misto, onde se conseguiu realizar debates voltados para a temática separado das outras bandeiras. E no CONEA de Cuiabá houve a plenária de mulheres, que foi um espaço um pouco desajustado, pois era algo muito novo e as mulheres estavam em processo de reconhecimento, apenas algumas mulheres já tinham tido aquela experiência em outros espaços da militância, mas foi muito importante para o começo dessa discussão. Depois de ele ser realizado houveram algumas polêmicas sobre sua legitimação e se continuaria na grade no ano seguinte, mas as companheiras lutaram e conseguiram garanti-lo. A partir de então, as mulheres começaram a tocar junto as lutas do 8 de março e foram impulsionadas a se organizarem em coletivos e se aprofundar, compreendendo seus papeis na executiva. As pautas que antes não saiam do falatório que deveriam avançar, começaram a ser estimuladas e concretizadas. Em 2007 as deliberações reafirmavam a importância das mulheres se auto- organizarem dentro da FEAB. A plenária de mulheres trouxe uma formação mais profunda sobre as questões de gênero e feminismo, o espaço paralelo para
  • 12. homens também consegue acumular mais. Durante o período foram surgindo diversos debates mais profundos, como até a questão do aborto. Já em 2008, no CONEA, a FEAB demonstra a vontade de construir um curso de formação feminista e avançar no debate das companheiras. No CONEA de 2009, o debate de gênero começou a voltar um olhar para as mulheres camponesas e a necessidade de nos aproximarmos das mulheres da Via Campesina para engrandecer o debate. Além disso, muitas demandas foram geradas para formação da militância, como debater mais patriarcado, aborto, relações de gênero, lei Maria da Penha, etc. Em 2010, no CONEA, começou a se firmar as parcerias com os movimentos sociais e a se identificar com a MMM. Citaram a importância do trabalho de base ser realizado pautando a questão de gênero para a militância nova. Surge também a demanda de entender as reconfigurações da divisão sexual do trabalho e inserção das mulheres. Em 2011, houve o espaço de auto-organização, o espaço paralelo misto para homens e para as mulheres que não se sentem contempladas na auto-organização e posteriormente um espaço de formação de gênero, esta estrutura da plenária de mulheres foi um avanço e vem se mantendo. Neste ano conseguiu-se deliberar pela inserção na frente da descriminalização da mulher legalização do aborto. Outro avanço foi a criação de um NTP de Gênero e Sexualidade, que antes era junto com Juventude, Cultura, Valores, Raça e Etnia, que seria divido no ano seguinte. Foi deliberado também que a próxima escola que assumisse a instância acumulasse para a proposta da realização de um curso de formação para as mulheres, pois muitas demandas precisavam ser acumuladas e as plenárias de gênero durante o CONEA não estavam sendo suficiente para garantir os debates, levando em conta também a renovação da militância e de que sempre era preciso retroceder nos debates para os militantes novos acompanharem. Outra questão importante que aparece nas deliberações de 2011 é sobre a garantia da equidade de homens e mulheres nos espaços de formação promovidos pela federação. Ainda antes do CONEA de 2012, houve a possibilidade de construir o curso junto com a ABEEF, que havia deliberado em seu ultimo congresso a construção de um curso em Belém do Pará, mas não foi possível realizar. Na PENEB de 2012 NTP, que estava com Cuiabá, trouxe um acúmulo sobre a necessidade de avançar também na questão da diversidade sexual e que esse curso que seria realizado pela FEAB fosse misto para suprir também tal demanda. Esse fator gerou algumas divergências no CONEA de Cruz das Almas, onde discutiu-se em que lugar seria esse curso e como aconteceria. A princípio ficou definida a possibilidade de ser misto, mas o encaminhamento sobre sua forma foi deixado para ser definido até a PS em conversa com a ABEEF, que a essa altura já havia deliberado pela construção do curso em Diamantina. Neste CONEA Diamantina assumiu o NTP de Gênero e Sexualidade e em conversa com a ABEEF e o coletivo Retalhos de Fulô, levou para a PS a proposta de ser Comissão Organizadora do curso da FEAB e que ele fosse
  • 13. auto-organizativo para suprir as demandas de formação das mulheres e para realiza-lo junto com a ABEEF e assim foi deliberado. Na PS de 2012 a FEAB se inseriu na Campanha contra a violência às mulheres, lançada pela Via Campesina, acreditando ser uma forma de trabalhar a questão de gênero nas escolas e incentivar a organização das mulheres com uma pauta concreta. Fazendo uma avaliação geral, a pauta de gênero e feminismo dentro da FEAB só avançou de fato depois que conseguiu realizar os espaços de auto-organização dentro da Federação, além das formações mistas também. Houve uma inversão na lógica das bandeiras que eram trabalhadas todas juntas por um NTP, pois antes dentro dele o debate de gênero era superficial e de 2005 para cá começou a ser mais aprofundado até que as outras temáticas que passaram a não ser mais tão trabalhadas. Assim, em 2013, Diamantina inaugura um NTP só de Gênero e Sexualidade. Outro avanço também é que no passar desses períodos a questão do feminismo se volta para um recorte classista, colocando-nos nas lutas com os movimentos e deixando claro qual feminismo queremos. Avançamos em muitas pautas do que antes se restringia apenas aos debates internos da universidade. Ainda existem desafios como a necessidade de elaborar materiais de acúmulo, formar as mulheres em renovação e combater as práticas contraditórias dos militantes nos espaços e fora deles. E assim, dentro da demanda de acumular e nos aprofundar em tantas pautas, principalmente para nivelar o debate das mulheres e fazer com que a formação feminista esteja presente nas escolas para além dos espaços do CONEA, a construção de um curso de formação feminista está sendo consolidada. A companheira Thaís da ENEBIO trouxe um pouco sobre sua aproximação da executiva, que ocorreu no primeiro período, citou que nos encontros regionais e nacionais nos quais participou sempre teve o espaço de gênero, que vem avançando dentro da entidade apesar de ainda estar com um discurso superficial. Esses fatores ocorrem também por ser uma entidade ainda nova que está definindo seus debates. Infelizmente não tiraram como centralidade para este ano a construção do curso feminista junto com a FEAB e a ABEEF, muito porque precisam amadurecer o debate dentro da entidade, mas as companheiras próximas e que se interessam em acumular com o curso estão se dispondo a participar. Em seguida, Cibele fez um apanhado histórico sobre a inserção da discussão feminista na ABEEF, com contribuições da Aremita (Ex-ABEEF), que viveu alguns desses momentos. Primeiro ela trouxe o contexto da inserção das mulheres no curso e dos desafios que enfrentam, muito parecido com a Agronomia, assim como a inserção das mulheres dentro da ABEEF. Levando em consideração que em 1971 a ABEEF surge e se delibera com um cunho socialista e uma visão de transformação da sociedade, o debate do feminismo como forma de libertação das mulheres para acumular à essas transformações não era pautado com força dentro da entidade.
  • 14. Só em 2002 foi definida a bandeira de feminismo e começou a discutir as questões mais para dentro da ABEEF. Mas foi em 2004 foi o marco da questão de gênero e feminismo no CBEEF em Cuiabá, onde houve uma tentativa de abuso sexual e com isso as mulheres da ABEEF promoveram uma reunião de mulheres para discutir o que estava acontece. Uma carta foi redigida pelas mulheres e lida na plenária final sobre a necessidade de começar a debater esse tema e repudiando o acontecimento, mas foram bastante hostilizadas pelos companheiros. Havia dentro da ABEEF uma cultural com a temática floresGay e florestona, onde homens se vestiam de mulher e mulheres de homem de uma forma personalista e machista, sem nenhum debate político. Avançando no debate sobre o que estava sendo as reproduções deste espaço, foi deliberada a sua proibição a partir de 2005. Porém, mesmo ele não existindo na grade muitas pessoas ainda o realizava durante as culturais. Esse ano foi também a época que teve de maneira mais efetiva a proposta de grupo de trabalhra com as questões de gênero, porém, naquele momento não foi possível internalizar, ate mesmo pelas barreiras impostas pelos próprios militantes. A ABEEF participou do encontro de mulheres da UNE, porém não conseguiu levar o acúmulo para dentro da executiva e disputar um espaço. A auto- organização das mulheres começou a ocorrer em paralelo a espaços do congresso, onde eram feitas cartas de acúmulo pelas companheiras para leitura na plenária final, sempre ressaltando a importância desse espaço. E em 2006 a carta citava a importância da aproximação coma as mulheres dos movimentos sociais para conseguir avançar nos debates. No CBEEF de 2007, em Aracaju, as meninas sentaram e decidiram a importância de uma medida mais efetiva do espaço dentro do congresso. Assim, em 2008, em Belém, foi colocado pela primeira vez um espaço de gênero dentro da grade do CBEEF. No primeiro momento foi um espaço misto de formação e depois foi separado, os meninos foram ver um filme e as mulheres foram para um espaço de auto-organização. Avaliando, não foi um espaço muito proveitoso, pois houve alguns problemas no funcionamento, assim foi definido que tinha a necessidade de uma companheira estar acompanhando o espaço dos meninos também. Em 2009, em Botucatu, foi realizado um espaço misto com o resgate do histórico da opressão da mulher, mas houveram dificuldades por ser colocado não ter ganho político dentro da executiva. Mas neste ano a bandeira de gênero é consolidada. Jacqueline nos contou que em 2009, o espaço foi muito importante para as mulheres, pois foi um momento de compreensão entre as companheiras, citando as opressões, porém, sem cunho politico. Em 2010, em Lavras, surge a criação de um grupo de e-mails entre as mulheres da ABEEF para conseguir aproximar o debate e trazer para dentro da ABEEF. Houve o espaço misto de formação, que depois foi dividido, e a socialização foi feita
  • 15. através do Teatro do Oprimido, onde foi relatado situações das meninas e dos meninos dentro do curso. Durante o congresso essa questão da sexualidade foi aflorada durante uma cultural, com uma brincadeira que chama passa-pulso, só que foi durante o curso de coordenadores que o debate foi politizado e essa brincadeira não foi compreendida na cultural por não ter existido um debate anterior, causou alguns constrangimentos e uma escola se retirou no congresso, mas a partir de então começou a ocorrer intervenções sobre sexualidade. Na plenária final, ocorreu uma divergência no debate de gênero, pois os meninos reclamaram que as meninas não estavam conseguindo tocar os espaços e as meninas se retiraram da plenária. Depois dos debates foi ressaltado que o feminismo que seria trabalhado dentro da ABEEF seria um feminismo marxista. Em 2011, em Cuiabá, foi deliberada a ideia do um curso de formação feminista e dentro disso foi feita pelas mulheres uma chuva de ideias sobre os temas para esse curso, por exemplo, patriarcado, mercado de trabalho, aborto e etc. Foi sugerido que seria ou em Lavras ou em Belém, devido ao acúmulo, porém no decorrer do ano Belém não teve como construir esse curso. Em 2012, foi ressaltada a importância de concretizar o curso e de conseguir fazer em parceria com a FEAB, onde a ABEEF de Diamantina se propôs a ser comissão organizadora deste curso. Porém algumas divergências estavam existindo, pois a FEAB começava a visualizar um curso misto e a ABEEF já havia definido a necessidade de fazê-lo auto-organizado para as mulheres. Mas no CONEA de 2012, quando a FEAB de Diamantina pegou o NTP de Gênero e Sexualidade, as executivas conseguiram se conversar e propor um curso com sede em Diamantina realizado junto pelas duas executivas e com principio auto- organizativo. 5- Divisão entre as Executivas e Repasses / Construção do Sujeita, Objetivo e Caráter. A ABEEF, a FEAB, a ENEBIO e o Coletivo Retalhos de Fulô sentaram entre si para avaliarem como anda a construção do feminismo dentro dos grupos a nível regional e nacional e quais conquistas e avanços têm elencados para a construção desse curso, visualizando assim as sujeitas para o curso, os objetivos e o caráter. Em seguida ABEEF (Cibele) e FEAB (Tamara) repassaram sobre o mapeamento das mulheres inseridas nas executivas por região e como as escolas estão tocando os coletivos de mulheres e colocaram os pontos que visualizam para a construção do curso, assim como fez a ENEBIO e o coletivo. Foram elencadas demandas para as executivas como: conseguir dialogar e contemplar tanto as sujeitas novas no debate quanto aquelas que possuem um acúmulo maior; fazer a Federação entender a necessidade e importância desse
  • 16. curso; suprir as demandas dos debates que foram acumulando na FEAB; conseguir quebrar tabus dentro das executivas; levar o cuidado para a forma que esse debate vai ser inserido para as companheiras de primeiro contato; fazer com que o curso capacite as mulheres para realizarem formação nas escolas e regionais. Diante das demandas das executivas, foram contemplados e compartilhados os seguintes pontos de encaminhamento para a forma do curso: Sujeitas  Cursistas: Companheiras que estejam orgânicas nas executivas, mas que façam parte do processo de renovação e tenham ainda algum tempo de militância pela frente, e que estejam interessadas e dispostas em repassar para as escolas o acúmulo adquirido no curso (construtoras e multiplicadoras).  CPP: Mulherada que tenha mais acúmulo do debate e na executiva junto com a Comissão Organizadora e aquelas que estiveram no Seminário de Construção.  Homens (apoio estrutural): Companheiros que tenham clareza do debate e compreendam o processo pedagógico que é a participação deles na construção desse espaço para que as mulheres possam estar tocando a formação. Esses nomes devem ser tirados por indicação da CO e CN. Objetivos  Tornar mais evidente e clara a linha de feminismo que queremos seguir (recorte de classe).  Acumular e instrumentalizar as mulheres para o debate de gênero e feminismo para que possam difundir o conhecimento nos grupos.  Gerar material de acúmulo para as executivas.  Potencializar a auto-organização das escolas e para além das executivas, nos grupos e coletivos que as mulheres estão inseridas.  Enxergarmo-nos dentro das executivas como movimento feminista.  Aproximar dos movimentos de mulheres e dos grupos que pautem feminismo com recorte de classe, além de entender o que são e qual papel cumprem os diferentes movimentos feministas.  Fortalecer a Campanha da Via Campesina contra violência às mulheres. Caráter  Formativo intensivo/progressivo (Intenção de que traga uma formação aprofundada, mas que tenha cuidado em fazer um resgate inicial e inserir os debates progressivamente para que todas consigam acompanhar, levando em conta de que algumas podem estar mais aprofundadas que outras.)
  • 17.  Representativo (nomes por indicação para representar as cidades e regiões) Princípios  Auto-organização e autonomia das mulheres  Acompanhamento das companheiras. 6- Método Pedagógico Instituto de Educação Josué de Castro – Maíra (FEAB) e Bárbara (ABEEF) A intencionalidade do espaço foi apresentada para conhecermos a forma teórica do método e como aplicar na prática alguns pontos do método como as fases de trabalho, encaminhando para a construção em nosso curso. O espaço então iniciou-se com a exposição do pontos principais do método que se adéquam ao curso, como sensibilização e valores que se encaixam e que devem ser levados à nossa própria prática. Não são todos os pontos do método que iremos trabalhar, pois ele é um intensivo na escola do MST para convivência dos sujeitos em 3 anos. Mas o método pedagógico do instituto não é fechado nem dogmatizado, ou seja, passível e flexível de adaptação de acordo com o sujeito, educandos e educadores (campesinos, mov. Estudantil, mov. Feminista). E dessa forma iremos adaptá-lo às nossas necessidades no curso. O que determina o processo educativo são os sujeitos e sua formação política. É a forma que vamos utilizar para conseguir alcançar os objetivos que tiramos. Existem 7 princípios filosóficos e 13 pedagógicos, que vão dizer sobre a visão do mundo que temos e a pedagogia que vamos utilizar para colocar o que acreditamos em prática. Utilizamos eles quase que totalmente na íntegra porque casa muito com o queremos (educação para a transformação social; educação para o trabalho e cooperação; educação voltada para as várias dimensões da pessoa humana..) Os objetivos da formação de um ser humano, garantindo a escolarização dessas pessoas para alcançar o socialismo que acreditamos e almejamos. O método foi feito para sujeitos do campo, a realidade onde a pessoa vive é a matriz onde ela se forma. A tarefa é ajudar as pessoas a se darem conta da realidade, a serem mais críticas e movimentar para a mudança que queremos. Mas o método está em permanente construção, não está fechado e sempre adaptamos de acordo com a realidade e os sujeitos. Esta aí para ser utilizado de forma que caiba a cada realidade, ele não molda ou estabelece formas, mas indica caminhos para atingir os objetivos que visualizamos. As matrizes pedagógicas do método são: educação popular (Paulo Freire), formação política ideológica (bases teóricas marxistas), trabalho, coletividade (Makarenko), capacitação (Santos de Morais) e pedagogia do movimento (Caldart). Pelo curso ocorrer em um período pequeno, pode ser que não passemos por todas
  • 18. as fases do trabalho, mas precisamos afirmar a importância de cada processo destes no método. Existem 8 sub-linhas dos elementos pedagógicos que o método utiliza, mas nem todos os 8 contempla o que buscamos com o curso e fazemos readaptações de acordo com o tempo/espaço que estamos inseridos, realidades e sujeitos. 1. ENGENHARIA SOCIAL – fazer esboço do que queremos com essas mulheres com os tempos educativos que nascem da necessidade de mudar o conceituação de a escola não é só lugar de estudo mas de formação humana e a necessidade de mudar a existência dos educandos. 1.1 Tempos educativos: (tempo formatura, leitura, trabalho, plenárias, grupo e tempo cultura) 1.2 Trabalhos: como vai nos humanizar, reflexão sobre a organização e o jeito de trabalhar não mecanicamente, organicidade no trabalho e ao mesmo tempo a reflexão de como está sendo realizado. 1.3 Gestão democrática: todas gerindo juntas, co-gestão entre educadores e educandos e auto gestão dessa coletividade. 2. ARQUITETURA SOCIAL – estratégia de inserção, organização e funcionamento do curso compreendido sempre na coletividade. 2.1 Estrutura orgânica: forma de organização dos educandos e educadores numa coluna vertebral, sustentação e continuidade coletiva com princípios organizativos. 2.2 Organicidade: núcleos ou brigadas, mística, alimentação, secretária. 2.3 Coletividade: bases de Makarenko, somos livres unidas por um objetivo comum, ninguém veio obrigada e sim depois que aceitamos temos acordos do método a seguir (unidade, disciplina, participação de espaços formativos e de trabalho). 3. AMBIENTES EDUCATIVOS – trata de uma concretização do movimento pedagógico e sua intencionalidade de cada tempo que temos no curso. Como vão funcionar os tempos educativos e como vamos utiliza-los e sua finalidade (engenharia social) 3.1 Tempos educativos 3.2 Situação de Aprendizado 3.2 Espaços pedagógicos: espaços físicos pedagógicos que vão se realizar os tempos educativos que vamos trabalhar na escola, gerar reflexão sobre o espaço que estamos, não simplesmente inserir um tempo trabalho um espaço sem finalidade. 3.3 Cotidiano: queremos que os espaços onde estamos tragam o cotidiano mais aberto, a sensação de estar em casa, que a gente crie uma dinâmica numa perspectiva de humanização.
  • 19. 4. ESTUDO: compreender a realidade, contato e estudo daquilo que propomos a fazer. Cada um vive e aprender no seu ritmo e tempo, porque cada pessoa que chega aqui vem com um acúmulo e historia diferente, ponto também pra gente trocar vivências e conhecimentos. 4.1 Ênfase em concepção de mundo 4.2 Ênfase na Aprendizagem 4.3 Elementos de estudo: vem pra desenvolver alguns hábitos e posturas para o aprendizado (vontade de saber, curiosidade e criatividade) 5. MOVIMENTO – a partir de a existência a gente perceber a historicidade (entender e perceber os processos em andamento), maquinaria do processo, contradições presente. 5.1 Partir da Existência 5.2 Domínio da dialética: o agir para que nossa ação sejam mais eficazes e é uma práxis. Planejar em vista da práxis, ação e reflexão, relação entre os opostos. 5.3 Fases do processo (durante o seminário de preparação da CPP, ver esse pontos na prática de como lidar com cada fase – como vamos lidar com essas fases que tendem acontecer?): Anomia, o primeiro contato com o método e reflexão do que está acontecendo, tendência a introspecção; síncrese, a negação do processo, a não crença em seu funcionamento, questionamentos e domesticação do processo para garantir nele os interesses individuais; análise, a leitura do que está acontecendo e o respeito, as vezes mesmo sem acreditar; síntese, a analise concreta, acredita e aceita o processo dando continuidade no andamento, é muito também sair desse processo individual, um dos objetivos do nosso curso, o processo coletivos de replicação do que foi passado. 6. ACOMPANHAMENTO – é caminhar juntos educando e educador, importante para a questão da humanização. Como fazer esse acompanhamento? Como vamos atuar com essas meninas diante do processo que elas vivem? Se faz necessário adquirir a um conjunto de princípios: acreditar que pode acontecer uma mudança, partindo da realidade da pessoa e de onde ela estuda – análise de fora e qual seria o melhor caminho; assumir que não nos educamos sozinhos e sem juntos – acompanhamento é uma via de mão dupla, amizade, camaradagem, não o sentimento de fazer porque tenho que fazer. Dentro disso, existem vários níveis de acompanhamento: CPP com CPP, CPP com cursistas, cursista com cursista. 7. PERSONALIDADE: FORMAÇÃO DE CARÁTER – casa muito com o curso quando pensamos que queremos dar mais um caráter de sensibilização, com valores humanistas e socialistas com a convivência, comportamentos, hábitos (como agir respeitando os hábitos dessas mulheres mas que elas saibam conviver com os
  • 20. nossos para a transformação ou criação de valores), valores, emoção (deixar o mecânico de lado) e mística, que trata-se de compreender a importância desse momento para a harmonia, força e coesão do grupo, entender também como instrumento de luta para a sensibilização em outros sentidos e despertando outros sentidos, despertar para entender o processo, também é um acompanhamento para entender o que os cursistas estão sentindo, tentar compreender e conhecer os sujeitos, o que os espaços estão passando para eles. 8. OFICINA ORGANIZACIONAL DE CAPACITAÇÃO (OFOC) – direcionamento à organização e produção. Não iremos utiliza-la nos mesmo moldes para o curso, mas garantiremos produções e acúmulo com as oficinas (mídia, estêncil, batucada) que estamos propondo. * Encaminhamentos: otimizar a comunicação no grupo de e-mail, comissão para produzir material preparatório CFF e trocar os materiais de estudo sobre o método. 7- Grade, ementas e propostas de assessoria: 10-06 11-06 12-06 13-06 14-06 15-06 Manhã Como funciona a Divisão sexual Mercantilização do Grandes A LUTA das sociedade do trabalho e corpo e Sexualidade Projetos e mulheres Chegada Capitalista Autonomia Economia Patriarcal. Econômica Verde Tarde Violência Formação Inscrições Histórico do contra a Profissional das Feminismo mulher mulheres Agroecologia e Direitos reprodutivos soberania alimentar Abertura – Opressões E agora Maria? Boas étnicas na vida Vindas das mulheres Noite Divisão dos Auto- Círculo de Oficinas Cultural e feira Avaliações e Grupos organização Mulheres de trocas Socializações Identidade
  • 21. EMENTAS: - Abertura: Apresentações (CPP, Executivas, Cursistas), contextualização da região/Diamantina e apresentação do método, metodologia e acordos. + Elemento X (Lançamento do Livro, apresentação de dança, etc) - Divisão das Úteros/Pétalas*: Momento lúdico onde serão divididos os grupos de trabalho, estudo e discussão durante todo curso. - Identidade: Os grupos se dividem para se conhecerem e criar uma identidade comum, pensando no nome do grupo e apresentações. - Como funciona a sociedade Capitalista Patriarcal: Entender as Relações de Gênero dentro do Histórico do Patriarcado a partir da Economia Política, fazendo um recorte de classe. Indicação de Assessoras: Mahara (MMM – São João); Estér ou Taty (MST – MOC); Débora (MMM – BH); Roberta Traspadini (UFVJM – TO) - Histórico do Feminismo e Auto-organização: Abordar o histórico do Feminismo, evidenciando o feminismo popular, e trazer o histórico, o conceito e a importância da Auto-organização das Mulheres. Indicações de assessorias: Érica (MMM – BH); Amanda (Ex-ABEEF – Belém PA); Maíra (MMM Bahia); - Divisão sexual do trabalho e Autonomia Econômica: Realizar uma leitura sobre as relações sociais de classe e de sexo dentro do mundo do trabalho, evidenciando as questões da jornada dupla/tripla , bem como a precarização e a limitação das condições do trabalho feminino. Além disso, dar atenção à condição de permanência e capacitação das estudantes universitárias. Indicações de assessoras: Amanda (Ex-FEAB – BH); Tatau Godinho (SOF – SP); Bernadete (MMM – BH); Rosângela (MMC – DF) - Violência contra a mulher: Abordar as diversas formas de violência praticadas contra as mulheres (campo, cidade e universidade) e como contribuem para a manutenção do sistema capitalista patriarcal. Além disso, entender como funcionam e se aplicam as leis e direitos das mulheres, focando a Lei Maria da Penha.
  • 22. Indicações de Assessoras*: Via Campesina Brasil; Jacqueline (Direito / 55 CONEA - Maíra) - Opressões étnicas na vida das mulheres: Entender a questão racial e como o racismo potencializa a opressão machista sobre as mulheres indígenas e negras. Fazer um resgate do papel histórico da mulher negra na luta por uma sociedade livre de opressões, trazendo as conquistas e desafios pelo movimento feminista negro. Indicações de assessoras: Núbia (Retalhos de Fulô – Diama); Núcleo Negra Zeferina (MMM – Salvador BA); Maria Mariana (Retalhos de Fulô – Diama) Mulheres Sind- UTE (Maria Catarina – Divinópolis) - Círculo de Mulheres: Momento espiritual de se reconhecer enquanto natureza, proporcionando uma reflexão sobre o sagrado feminino e de acumular força para a luta e trazer perspectiva de unidade entre as mulheres, resgatando valores que o capitalismo nos tira a todo instante. Indicação de Assessoria: Mírian (FEAB – Viçosa); Dani (Diama) - Mercantilização do corpo e Sexualidade: Como o capitalismo se apropria do corpo da mulher, padronizando a beleza, a sexualidade, as relações heteronormativas e as questões econômicas (entender a proposta de lei sobre a legalização da prostituição). Indicação de assessoras: Mirla Cisne (Rio de Janeiro ?), Laís (BH, Associação de Lésbicas de Minas), Mari (Ex-FEAB e LPJ – RJ) - Direitos reprodutivos: Tratar sobre as implicações das diferenças sociais das condições de saúde para mulheres entendendo o que é a questão do aborto e qual é o debate sobre sua descriminalização e legalidazação. Indicação de assessoras: Débora Del Guerra (MMM – BH), Krika (Levante – BH), Nath (DENEM – Uberlândia) - Oficinas:  Batucada – MMM  Estêncil - Malu e Bárbara L.(Diama)  Medicinais (formas de curas para o feminino) - Mulher tradicional*  Autodefesa (ver possibilidades com algumas participantes que podem estar vindo)*
  • 23.  Produção de material didático (paródias, folders, cartilhas, CD´s, fotos, vídeos) – Indicação de Tamara* - Grandes Projetos e Economia Verde: Resgatar como se dá a exploração da classe trabalhadora e dos recursos naturais, exercida pelo agronegócio, e entender os problemas que os grandes projetos do capital (mineração, barragem, agronegócio, grandes eventos) afetam a vida das mulheres com suas falsas soluções “sustentáveis” e de desenvolvimento. Indicativo de assessoras: Mulheres do MAB (Lívia – BH) e da SOF, Larissa Packer (Curitiba – PR), Camila Pistache (MMC ?) - Agroecologia e soberania alimentar: Compreender a agroecologia para além da ciência e sim como um movimento político-ideológico contrapondo o modelo do agronegócio, fazendo um resgate do protagonismo da mulher nessa construção e na garantia da segurança e soberania alimentar do nosso povo. Além disso, mostrar como a nossa formação nas universidades está ligada à construção da agroecologia. Indicativo de assessoras: Rosamaria (Aranã - ?), Mulheres (Via e MMC), Vanessa Alves (Ex-FEAB – GO) - Cultural com feira de trocas: resgatar a prática e valores da troca de materiais, sementes, artesanatos, saberes e culturas. - A LUTA das mulheres: Trazer mulheres dos movimentos campesinos e da cidade para apresentarem os movimentos e relatarem suas experiências de lutas e conquistas. Indicativo de assessoras: MMC – Cibele irá encaminhar por Brasília MST – Cidona, Kely, Enir (Diama) MAB – Atingida direta, Lívia, Preta (Diama) MMM – Bernadete (BH) Executivas ABEEF e FEAB (Cibele e Tamara) - Campanha contra a violência contra a mulher: Apresentação da campanha e sua importância no diálogo sobre o combate à violência, elencar ações e como construí-la localmente.
  • 24. - Formação Profissional das mulheres: Como a educação sexista reflete na inserção dessas mulheres no mundo do trabalho, trazendo um histórico desde a educação básica, porém, com ênfase na educação universitária. A partir dessa discussão, entender a importância do feminismo dentro do movimento estudantil. Indicativo de assessoras: Fluflo (Ex-FEAB – SP) e Leilane (Ex-ABEEF – Aracaju) - E agora Maria? Reunião das executivas de curso e coletivos onde se discutirá o planejamento das ações das mulheres nas executivas como trabalhar os espaços de gêneros nas escolas e respectivos coletivos e avaliação do acúmulo do curso. - Avaliações: Realizar entre os grupos avaliação do geral do grupo (metodológico e político) e o que representou para as organizações. *(as avaliações mais específicas e estruturais serão feitas pelos grupos de trabalho diariamente) - Socializações/Encerramento: Socializar o que foi discutido em cada grupo e planejar propostas de articulação em comum entre as executivas. 8- Encaminhamentos: - DATA DO CURSO: Foi avaliado que temos algumas dificuldades de calendário para garantir a participação das mulheres no curso, pois estamos num ano atípico de atrasos por conta das greves e com atividades das executivas acumuladas. Outro aspecto importante a ser avaliado é quanto a estrutura para o curso a ser garantida pela Comissão Organizadora, onde os locais visualizados só estarão disponíveis em julho, mas por outro lado em junho seria mais fácil a construção do curso por ainda ser inicio do semestre na UFVJM. Assim foram pensadas duas propostas de datas para serem avaliadas pela Comissão Organizadora junto às outras escolas:  10 - 15 de junho (Seminário da CPP 07 a 08)  15 - 20 de julho (Seminário da CPP 12 a 14) * Prazo para fechar a data: 31 de março. - Número de vagas: Dadas algumas limitações estruturais em garantir um grande número de cursistas e compreendendo o caráter representativo multiplicador para as sujeitas.  CPP: 20
  • 25.  ABEEF: 20  FEAB: 20  Outras executivas: ENEBIO (8), ENESSO (2), ANECS (2), FENED (2), ENEFA(2), DENEM(2)  Retalhos de Fulô: 4  Meninos para Estrutural: 8 (2 CN’s + meninos do sudeste e de Diamantina). TOTAL: 90 * Se houver uma reavaliação estrutural, possibilidade de aumento de vagas e redirecionamento de vagas para Retalhos e ENEBIO. - Ficará aberto para algumas meninas de Diamantina do Coletivo Retalhos de Fulô participarem pontualmente de algumas formações – pensar em como se dará essa dinâmica no decorrer do curso. - Comissões:  Financeira (projeto, mapeamento de parcerias com apoio financeiro, conseguir R$ dentro das escolas (cada escola): CN’s.  Orçamento dos gastos URGENTE: CO Diamantina.  Estrutural (alojamento, alimentação, local curso, materiais limpeza, escritório, controle de gastos): Diamantina  Método CFF (propor tempos educativos e trabalho, contato assessoras para o curso, textos preparatórios): CN e Diamantina  Metodologia SCPP: Objetivos -> formar minimamente CPP (mulheres com algum acúmulo), repassar grade, estudo do método, divisão e especificação da função de cada CPP´s para cada tarefa, participação dos meninos num espaço específico para compreensão do processo pedagógico ao qual estarão inseridos): Diamantina.  Comunicação e divulgação (mapear as indicações, produzir ficha de inscrição, carta convite às cursistas, otimizar grupo de e-mails existente, divulgação direcionada, representante da CN de cada regional indicarem nomes): CN e CR  Encaminhar materiais, relatoria e texto do método: CN.
  • 26. AVALIAÇÃO do Seminário de Construção: 1) Estrutura: Muito boa, tanto a alimentação e o lugar que foi o seminário, apesar da distancia do alojamento ter atrapalhado um pouco os horários. Mas na verdade faltou cuidado com os horários e disciplina consciente. 2) Metodologia: ficou apertado na metodologia de discussão da grade e ementa. No mais tudo os outros dias ficou contemplado e foi muito massa a incorporação da cultura regional. Faltou a sensibilização nos espaços, mas não vendo a mística como tarefa. Outro ponto negativo foi a coordenação não conseguir garantir o cuidado na inscrição e não deixar dispersar no espaço, ter clareza do papel de cada tarefa, mas isso é atribuído ao todo pois faltou respeito nas falas e com as companheiras e houveram alguns atropelamentos. A tarefa de relatoria cumpriu. 3) Político: Sobre o espaço do Histórico do Patriarcado foi esperado mais aprofundamento, porém pelo fato de termos falado que não tínhamos conhecimento do assunto achamos que isso pode ter sido a razão da facilitadora não ter aprofundado no espaço. Mas no final das contas para algumas meninas o espaço foi aprofundado e para outras não, pq depende mesmo do nível que cada uma estava sobre a questão. Pelo tempo a metodologia não foi dinâmica, foi um pouco cansativo pelo fato da escolha do texto que foi difícil. Mas cumpriu com a ementa que a CO tinha proposto. Quanto ao espaço do Histórico do Feminismo: Trouxe de uma forma muito clara e respeitosa sobre as conquistas das mulheres. Mesmo pelo fato de ter sido um estudo aprofundado trouxe a metodologia de grupos e de trazer a teoria na prática o que foi muito bom. Ambas estimularam a leitura e o estudo, isso foi um fator positivo, mas se os textos tivessem sido encaminhados antes facilitaria pelo fato da complexidade dos mesmos. O espaço de Histórico na executiva cumpriu com a proposta, o espaço de formação sobre o Método também cumpriu. Outros pontos: Durante a execução da avaliação continuamos no vício de não respeitar as inscrições. Faltou o esclarecimento de algumas duvidas, de minutos. Cuidado com as sujeitas que não tem familiaridade com certos temas, do jeito de se colocar e impor certas questões, que pode ser pesado. Que isso fique para o curso, para olharmos mais quem esta com dúvida e tentar compreender as companheiras em suas diversidades do conhecimento.
  • 27. “QUANDO UMA MULHER AVANÇA, NENHUM HOMEM RETROCEDE!” “Maria, Quando nada for possível de ser mudado e a pré-história nos parecer, enfim, triunfar Não se sinta como uma folha ao vento, ao contrário, lute, esbraveje, desvie, coletive-se e lembre- se da opressão que não quer cessar Mas, Maria, vá com as outras! Entenda a história, olhe para trás, clame por Rosa Luxemburgo Levante bandeiras vermelhas Deixe-as flamejar Defenda um projeto popular Mas, Maria, vá com as outras! Não se deixe sucumbir, subsumir, oprimir Troque o tanque da cozinha pelos tanques de guerra Transforme a vida, conjugue verbos no infinitivo: revolucionar, emancipar, comunar Erga o arco da promessa de Louise Michel Mas, por favor, Maria, vá com as outras!
  • 28. Aprenda, conheça e não esqueça Das mulheres que fizeram sua história de hoje Lembre-se de Frida kahlo, Aurora Furtado, e Helenira Resende Organize-se e milite em associações feministas e socialistas como Alexandra Kollontai Escreva como Clara Zetkin E se prepare para estar no olho do furacão Mas, lembre-se, Maria, vá com as outras! E quando for necessário pegar em armas Não se furte de seus momentos de indecisão, dúvida, mas nunca de covardia Grite contra todas as formas de opressão e exploração, Esteja nas primeiras fileiras da revolução Emancipe-se, autonomize-se, Mas, com clamor, Maria, vá com as outras! Mesmo quando a luta arrefecer E mulheres e homens sucumbirem Saiba que a existência determina a consciência E que a voragem dos acontecimentos nos exigem respostas rápidas e coerentes Mas, Maria, vá com as outras! Abandone sua vida predicativa Esse trabalho doméstico que oprime, estrangula, degrada e a reduz a apêndice dos homens Construa um novo caminho e apesar das curvas e contratempos Pinte novas quimeras Reconheça seu papel nesta sociedade desigual Junte-se a classe trabalhadora E deixe-a perceber, que é em você e em todas nós, que se encontra a parte mais combativa e abnegada da luta pelo socialismo Mas, Maria, não desacredite, Vá com as outras!”