A iniciativa é uma produção da Frente em Defesa da Amazônia, do Movimento Tapajós Vivo e da Aliança Missionária Franciscana do Tapajós e objetiva apresentar e discutir com os trabalhadores da bacia do rio Tapajós o mega-empreendimento do governo federal que é construir cinco grandes hidrelétricas que inundarão 1.950Km² de florestas, comunidades, unidades de conservação e terras indígenas e ameaça o modo de vida e a biodiversidade em toda a região do rio Tapajós.
Geografia do Brasil - Hidrografia - [www.gondim.net]
Cartilha "Complexo Tapajós"
1. ONTRA O PROJET
SC OC
EN
G
OM
OM
RA
PLE
PLE
LUTA ANTI-BAR
XO PA S
XO TAPAJÓS
seus povos e culturas
Itaituba - Amazônia - Brasil
Janeiro de 2010
2. VERDADES E ELETROMORTE X TAPAJÓS VIVO
MENTIRAS SOBRE o PROMOÇÃO da cartilha:
PROJETO de 05 ALIANÇA Anti hidrelétricas na bacia do Rio Tapajós –
Santarém, Aveiro, Itaituba, Jacareacanga; Povo
HIDRELÉTRICAS Mundurucu; movimentos sociais em defesa da
Amazônia; Redes de Defesa da Amazônia.
NA BACIA DO PRODUÇÃO COLETIVA:
RIO TAPAJÓS Frente em Defesa da Amazônia, Movimento Tapajós
Vivo e Aliança Missionária Francisclariana do Tapajós.
TEXTO E MONTAGEM:
Edilberto Sena, Enoy Sena
ILUSTRAÇAO E DIAGRAMAÇÃO:
Magna Arte
FINANCIAMENTO:
Frente em Defesa da Amazônia; Aliança Francisclariana;
FASE - Programa Amazônia com apoio da Fundação
Ford; Líder comunitário vereador Carlos Jaime e
Congregação Verbo Divino
ÁGUA
E ENERGIA
NÃO SÃO Em memória de Glenn Switkers,
nosso grande companheiro norte
americano e amazônida de
MERCADORIAS coração, falecido há pouco dias,
dedicava-se a defender nossos
rios da sanha destruidora das
barragens.
Membro da “Organização Rios
Vivos”, foi grande colaborador
em nossa luta em defesa dos rios
Xingu e Tapajós, desafiando os
projetos de hidroelétricas do
governo federal. Nossa eterna
gratidão ao companheiro que
continua vivo como inspiração
em nossa luta.
Glenn vive e nossos rios viverão!
Corredeira do Alto Rio Tapajós
Foto: GLENN SWITKERS
homenagens póstumas ao grande companheiro
3. TRA O PROJE
CON TO
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LUTA ANTI-BAR
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XO TAPAJÓS
seus povos e culturas
Itaituba - Amazônia - Brasil
Janeiro de 2010
4. APRESENTAÇÃO
Defender o rio Tapajós, mantê-lo vivo e fluindo, é para
os povos do Baixo Amazonas uma questão de vida e dignidade. É preciso tomar consciência de que
construir cinco hidrelétricas, como pretende o governo federal, é destruir não só os rios Tapajós e
Jamanxim, mas também destruir a vida da natureza e dos povos da região. Não se pode ficar calado ou
apenas murmurando indignação quando serão inundados 1.950 Km² de florestas e terras indígenas.
Energia limpa pode ser lá nas empresas receptoras, mas nas bacias do Tapajós ficará a sujeira e
poluição. Por isso, a carta dos índios Mundurukus é o sentimento de todos e todas que vivem nesta
região e lutam pela vida.
CARTAS DOS INDÍGENAS
Carta dos indígenas mundurukus da missão Cururu:
Exmo. Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva
Exmo. Senhor Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão e
demais Autoridades responsáveis pelo setor energético do Brasil.
Nós comunidade indígena, etnia Munduruku, localizada nas
margens do Rio Cururu do Alto Tapajós, em reunião na Missão São
Francisco, nos dias 5 e 6 de novembro, viemos por meio deste manifestar
à vossa excelência nossa preocupação com o projeto federal de construir
cinco barragens no nosso Rio Tapajós e Rio Jamanxim.
Para quem vai servir? Será que o governo quer acabar toda a
população da bacia do Rio Tapajós? Se apenas a barragem de São Luis for
construída vai inundar mais de 730 Km².
E daí? Onde vamos morar? No fundo do rio ou em cima da
árvore? Aximãyu'gu oceju tibibe ocedop am. Nem wasuyu, taweyu'gu
dak taypa jeje ocedop am. (não somos peixes para morar no fundo do rio,
nem pássaros, nem macacos para morar nos galhos das árvores).
Nos deixem em paz. Não façam essas coisas ruins. Essas
barragens vão trazer destruição e morte, desrespeito e crime ambiental,
por isso não aceitamos a construção das barragens. Se o governo não
desistir do seu plano de barragens, já estamos unidos e preparados com
mais de 1.000 (mil) guerreiros, incluindo as várias etnias e não índios.
Nós, etnia Munduruku queremos mostrar agora como acontecia
com os nossos antepassados e os brancos (pariwat) quando em guerra,
cortando a cabeça, como vocês veem na capa deste documento. Por isso
não queremos mais ouvir sobre essas barragens na bacia do Rio Tapajós.
Por que motivo o governo não traz coisas que são importantes
para a vida dos Munduruku, para suprir as necessidades que temos:
como educação de qualidade, ensino médio regular, escola estadual,
posto de saúde, etc.
Já moramos mais de 500 anos dentro da floresta amazônica,
nunca pensamos destruir, porque nossa mata e nossa terra são nossa
mãe. Portanto, não destruam o que guardamos com tanto carinho.
Subscrevemos 09 caciques – capitães em sua denominação e
cerca de 60 participantes dos dois dias de encontro, na missão São
Francisco do Cururu.
Missão Cururu,
03 de novembro de 2009
5. ÍNDICE
Esta é a capa da carta que dois jovens estudantes 1. Informações sobre o plano do
da missão Cururu desenharam para a carta ao Governo para o complexo Tapajós 7
presidente Lula.
2. Complexo Tapajós - PAC - IIRSA 9
3. Tamanho das hidroelétricas previstas 11
4. Impactos irreversíveis das barragens
na bacia do Tapajós 13
Impactos econômicos 13
Impactos sociais na região do Baixo
Amazonas e rodovias 17
Impactos Ambientais na bacia do
Tapajós 19
5. Mentiras da EletroMorte 23
6. O porquê de tantas hidrelétricas 25
7. Belo Monte 27
Carta dos Povos da Volta Grande do
Xingu 28
Reações da sociedade civil
organizada da região do Tapajós 29
8. Algumas questões para reflexão 30
Missão São Francisco do Rio Cururu
06 de novembro de 2009.
6. Oi, caboco, Sabes o Sei sim, já vieram
estás sabendo que a Eletromorte por aqui dizendo que vão fazer uma barragem
quer destruir o rio Tapajós para bem aqui em frente a nossa comunidade. Perguntei
construir hidreléticas? deles se vai ter muito prejuízo e me disseram que
será pouco, mínimos os impactos,
afirmaram.
Sabes o quer O quê?
dizer mínimos E como vai ficar o rio para
baixo? E os peixes como é
que vão subir na piracema? E
Querem
nós, como vamos poder andar
construir um muro de 36
de canoa e
metros de altura fechando
pescar?
o rio. Se fizerem isso, vão
fazer um lago de 742
kilômetros quadrados,
inundando florestas, o
Parque nacional da
Amazônia, as terras dos
Aí é que está, caboco, se Mas quando, aqui
nós deixarmos eles mesmo é que eles não
fazerem essas barragens destruirão o rio.
vai ser uma desgraça,
atrás de outra para nosso Vou já de casa em casa
povo. E tem mais, todos convidar todos os vizinhos
os moradores ribeirinhos para uma reunião para a
vão ter que sair de suas gente estudar bem essa
terras, a indenização é bandalheira do governo, e
vamos esclarecer todas as
comunidades ribeirinhas, e
vamos enfrentar quem vier
aqui querendo instalar
Mas caboco, só vocês não
acampamento.
terão força para impedir o
governo de fazer usinas no
Tapajós... e são cinco Eles que se metam a besta.
usinas que a eletromorte Tô sabendo que tem gente
quer construir. O governo pensando como nós.
Sei que lá em Itaituba tem
o Movimento Tapajós vivo, em Santarém tem a Frente em defesa da Amazônia e a Diocese de Santarém.
Também sei que os índios munduruku já garantiram que nas terras deles o governo não mete a mão, vai
ter enfrentamento. Portanto, a gente não está só, nossos vizinhos é que estão ainda parados. Mas vamos
juntar todos e contra a força da união não há força de canhão que vença.
7. INFORMAÇÕES SOBRE O PLANO DO GOVERNO
PARA O COMPLEXO DO TAPAJÓS
1 O Governo está determinado a construir 05 mega hidrelétricas
e futuramente mais duas outras na bacia do rio Tapajós
Ver o tamanho de cada uma delas e a divisão das
quedas. Para se ter uma ideia, o paredão fechando o rio
Tapajós em São Luiz será de 36 metros de altura (+ ou -
um prédio de 15 andares) de um lado ao outro do rio,
gerando um lago de 742 km quadrados inundados
(equivalente a centenas de campos de futebol), com
várias conseqüências sócioambientais.
O total de energia pretendida com as cinco usinas é de
10.682 megawatts. Veja que a usina de Curuá-una, em
Santarém, é de 30 megawatts. A grande pergunta é: para
quem tanta energia se o Pará já possui a segunda maior
hidrelétrica do Brasil e ela já chega a São Luiz do
Tapajós e Pimental? Também neste momento a
Eletronorte está construindo novo linhão de Tucuruí via
Altamira, descendo o rio Xingu, atravessando o
amazonas até Almeirim e de lá seguirá uma linha para
Macapá e outra para Manaus, pela calha norte.
No dia 23/09/2008, o presidente da Eletrobrás afirmou
em Agência Estado: “o consórcio empreendedor
desenvolveu 14 hipóteses de projetos para a bacia do
Tapajós e identificou 16 aproveitamentos hídricos.
Dessa possibilidade, escolhemos a configuração que
continha 03 usinas no rio Tapajós e seis usinas no rio
Jamanxim”. Segundo o diretor presidente
da CNEC Engenharia da
construtora Camargo Correa
(interessada em ganhar a
concorrência para construir o
Complexo Tapajós) e que fez
o estudo de viabilidade do
empreendimento, prevê a
divisão do projeto em duas
usinas: São Luiz do Tapajós,
com 6,133 mil MW de
potência e Jatobá, 2,338 mil
MW. E o presidente da
Eletrobrás conclui dizendo
que nessa configuração, São
Foto da Revista da Eletronorte
Luiz do Tapajós terá um
reservatório de 742 mil e 200
km quadrados e queda de
água de 35,9 metros.
8. Oh! Irmã Marisol,
nós tá preocupada com
hidrelétricas aqui.
Pain explicou
ontem que peixes vão fugir, nós não
vai poder mais ir a Itaituba de
canoa, e nossos filho como vão
viver sem peixe?
É verdade, minha filha. Se nós
cruzarmos os braços e só
esperar pela FUNAI, tudo vai
ser destruído.
Hidrelétricas não é
para índio, nem
caboco, é só para
empresas grandes
dos pariuat (brancos)
de lá de longe.
Mas irmã, nós vai enfrentar.
Mulher índia ajudar home
índio a flechar e cortar cabeça
de pariuat inimigo. Índia sabe
usar facão. Nós não quer
hidrelétrica no Tapajós, no
Jamanxim, no Cururu.
Irmã, a senhora
Olha filha, se junta com nós? Vamos ficar
se deixarmos eles soltos, a junto dos pariuat bons que
Eletronorte quer afogar terras defendem o rio Tapajós, lá em
dos índios mundurucus e dos Jacareacanga, Itaituba,
ribeirinhos. Quer fazer cinco Fordlândia, Aveiro e Santarém.
barragens grandes tapando o Pain disse que estão formando
rio; bichos vão fugir pra longe, uma aliança de todos nós
castanheiras ficarão afogadas, amigos do Tapajós. Nós mulher
peixes vão pra longe. mundurucu vamos
lutar junto.
9. COMPLEXO TAPAJÓS – PAC – IIRSA
2 Continuação da colônia Amazônia
Hidrelétricas na bacia do Tapajós atendem a um plano governamental (Plano de Aceleração do
Crescimento, o PAC) que está comprometido com outro plano mais amplo, o Iniciativa de Integração
da Infraestrutura da América do Sul, o IIRSA. Algumas informações sobre IIRSA:
O IIRSA foi criado em 2000 pelos presidentes dos
países da América do Sul, entre os quais o brasileiro
Fernando Henrique Cardoso. A ideia mestra veio do
BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento,
com predomínio dos Estados Unidos da América do
Norte;
Objetivo – criar corredores de ligação física entre os
oceanos Atlântico e Pacífico em dez corredores na
América do Sul. A ligação inclui: rodovias, ferrovias,
hidrovias, telecomunicações e energia elétrica;
“O pesquisador da FASE, Guilherme Carvalho, no livro: “O protagonismo brasileiro na
implementação da IIRSA”, diz o seguinte: “Tal integração baseada no novo regionalismo é
compreendida, portanto, enquanto uma nova etapa para completar e consolidar as reformas
estruturais em andamento nos diversos países do continente (BID, 2000), buscando ampliar a
participação da iniciativa privada em todas as atividades econômicas, inclusive naquelas em
que o Estado é o principal agente e nas quais é considerado ineficiente na provisão dos
serviços”.
As finalidades do Plano IIRSA são:
** Reduzir custos de transporte de produtos aos mercados;
** Aumentar a competitividade econômica dos países sul
americanos (no escoamento de seus produtos ao mercado
mundial);
** Dinamizar o comércio intra e extra regional (domínio do Brasil);
** Ampliar a participação da iniciativa privada nas economias
nacionais e proteger juridicamente os seus investimentos;
** Redefinir o papel do Estado (para facilitar a exploração das
riquezas nacionais pelo capital);
** Garantir a infra estrutura (a interligação regional). Ver Guilherme
Carvalho, 2004.
O governo Lula se comprometeu a respeitar os acordos dos governos anteriores, o que
garantiu sua primeira e segunda eleição. Por isso, em seu PAC, a perversa decisão de
construir as hidrelétricas de Belo Monte, as cinco na bacia do Tapajós, além das outras no rio
Madeira.
10. Oi! Parente, Vocês têm razão.
você com essa camisa do O governo está
Movimento Tapajós Vivo, deve ser enganando o
do nosso lado? Outro dia chegaram pessoal dizendo
aqui uns cara com camisa da que as cinco
eletromorte, nós cercamos eles, hidrelétricas vão só
indagando o que estavam fazendo e trazer benefícios
eles só disseram que estavam para nós. Pura
medindo a fundura do rio e a força mentira!
da cachoeira do Chacorão. Ficamos
desconfiados.
Me explica bem isso, É verdade sim, pescador.
é verdade que vão Se deixarmos eles meter
mandar todos nós das as mãos, vão fazer 1950
comunidades irmos kilômetros quadrados de
embora daqui não sei inundações aqui na
pra onde? Que vão região. Não haverá mais
fazer cinco grandes piracema de peixes, vai
lagos nos rios tapajós aumentar as pragas de
e jamanxin e que vão mosquitos e nós vamos ter
alagar matas, de ir embora para as
cemitérios, casas e favelas de Itaituba,
não sei mais o quê? Santarém, Trairão. Até
Jacareacanga vai ficar
metade da cidade no
fundo.
E ninguém vai fazer nada?
Nem os prefeitos? Nem as igrejas?
Nem os sindicatos? Vamos aceitar a
desgraça assim, só chorando e
xingando?
Nada disso, pescador.
Por isso estou aqui. Já tem bastante
gente tomando consciência e
querendo se juntar para impedir essa
desgraça.
Pode contar comigo
Os índios nessa parada. Vou
mundurucus já reunir nossa
estão prontos para comunidade, chamar
ir à luta e só vocês para nos
esperam por você esclarecer melhor e
e seus vizinhos. Já vamos unir forças pra
existe um defender o que é
movimento nosso: a vida e o
chamado Tapajós Tapajós. Queremos o
Vivo que está Tapajós Vivo e fora a
organizando a Eletromorte!!!
resistência dos
povos do Tapajós.
11. TAMANHO DAS USINAS PREVISTAS
3 O que é grande e o que é pequena pra eles?
Usina de São Luis dizem que vai ser de 6.133 Mw
Divulgação: Mini usina município de Santarém
Esta é uma pequena usina que causa mínimos impactos ambientais
Obs: A ANAEL diz que pequenas usinas são as consideradas de até 30
megawatts, porém:
A Eletronorte anuncia as potências previstas para as duas
pequenas usinas sendo 881MW para a usina do Jamanxim e 802
MW para a usina do Cai.
QUEM ESTÁ DIZENDO A VERDADE???
PARA QUE MAIS HIDROELÉTRICAS SE JÁ EXISTE A DE TUCURUÍ???
12. Oi! Jaraqui, pra onde você vai
Ora! ora!
com essa cambada de colegas?
estamos indo rumo às
cachoeiras lá do Jamanxim e
do Tapajós, é que chegou
nosso tempo de ir para a
desova e lá é que é bom,
tem fartura...
Como assim, tambaqui?
Esses rios são enormes e ricos, nunca vão se acabar, nem
Que bom
com os garimpos se acabaram. Verdade que as águas
que vocês da piracema, surubins
ficaram ruins, mas dá pra viver numa boa.
pirapitingas, jatuaranas e outros
colegas têm essa sorte. Pena que vai se
acabar essa farra toda...
Então, Jaraqui, ainda Como assim,
não te disseram que o acabar...???
governo brasileiro quer
acabar com a vida boa
dos peixes da
E o pessoal ribeirinho não vai
enfrentar? E o pessoal de Itaituba,
Santarém, Jacareacanga e os índios
mundurucus vão ficar parados?
Então te liga: a
Eletromorte quer construir cinco
Pois é, Jaraqui, nossa esperança é que
grandes barragens na bacia do
há um movimento crescendo chamado
Tapajós. E aí, mano velho, não haverá
Tapajós Vivo, que está se organizando
mais subida e descida de peixe, nem
para barrar essas desgraças.
de gente. Só a barragem de São Luiz,
a primeira, terá um paredão de 36
metros de altura.
Ainda bem que tem gente corajosa,
que vai lutar pra salvar nossos ricos e
Além dos peixes belos rios. Mas já vou acompanhar os
de piracema também vão sofrer os colegas para subir as cachoeiras e
ribeirinhos, os moradores de Itaituba e vou contar essa triste notícia para
até de Santarém. Eles sabem que se não eles. Tchau, tambaqui!!
houver mais piracema eles não vão mais
comer peixes gostosos e vão perder suas
casas e suas terras.
13. IMPACTOS IRREVERSSÍVEIS DAS BARRAGENS
NA BACIA DO RIO TAPAJÓS
4 O economicismo em confronto com o equilíbrio do
ecossistema da Amazônia.
HIDRELÉTRICAS NA BACIA DO TAPAJÓS
ENERGIA LIMPA NAS PONTAS E TRÁGICAS NAS FONTES
São Luiz do Tapajós - ribeirinhos conversando Foto - Pe Edilberto Sena
“Nós não queremos essas barragens aqui no rio Tapajós, porque hoje a
gente vive, pesca, banha, viaja com esse rio. Se vier a barragem vão destruir
tudo o que é nosso... e nós como vamos viver?”
IMPACTOS ECONÔMICOS
A população do Pará já tem energia abundante de
Tucuruí, tanto que até exporta energia para outras
regiões. Os municípios aqui que ainda não tem é por
falta de vontade política de municípios e Estado em
não “puxar” um linhão e conduzir energia para a
Calha Norte. 1/3 da energia é consumido pela
população do Estado; 1/3 vendido a baixo custo para
as grandes empresas Albras, Alunorte, Vale, etc. e o
restante exportado para o Sul e Nordeste.
14. Fessora, o que Aninha, ainda bem que
uma hidrelétrica? você perguntou isso.
Na rua ouvi o Hidroelétrica é uma usina
pessoal falando para gerar energia elétrica
preocupado sobre com turbina dentro do rio.
uma tal
hidroelétrica que
disque querem
fazer aqui perto.
Que é isso?
E por que o pessoal está tão
preocupado? Não é uma coisa boa?
Seria muito boa coisa,
Aninha, mas é que aqui
querem construir uma
enorme usina, querem fechar
o rio, fazer um paredão mais
alto que uma castanheira
para juntar muita água e
lançar na turbina.
E aí, não Nem pescar? Isso mesmo, Aninha,
poderemos mais
vão alagar tudo, vão
andar de canoa?
mandar a gente
E papai vai ter embora e a escola vai
que sair com a ficar no fundo.
gente daqui? E a
escola onde vai
ficar?
Fessora, a senhora tem
que chamar todos os
pais da gente para unir
todos e não deixarem
eles fazerem essa
desgraça.
Essa não, fessora, vou falar com Você tem razão, Aninha, vou chamar
papai e mamãe pra gente fincar todos os pais e vamos nos juntar ao
pé e não deixar eles destruírem pessoal do Movimento Tapajós Vivo e
nosso rio, nossa vida. os Índios Munduruku e conscientizar o
governo a não destruir nossas vidas e o
rio.
Fessora, vou escrever
uma carta pra o
presidente Lula dizendo
que ele não pode fazer
essa crueldade com a Isso mesmo,
gente. Moro aqui, mas Aninha, todos juntos,
daqui não saio. unidos, não deixaremos
eles fazerem a usina afogar
nossas matas, nossas casas
e nossas vidas.
15. As cinco hidrelétricas na bacia do Tapajós não serão
mais para abastecer as populações do Pará:
Segundo informação do Movimento dos Atingidos por Barragens, o
MAB, a energia fornecida pela EletroMorte às grandes empresas como
Vale, Albrás, etc., sai 40% mais barata do que para as residências.
O jornalista Lúcio Flávio Pinto explica isso: ... Portanto o Pará perde
dividendos, o Brasil perde dividendos e as populações não ganham
nada, a não ser as prefeituras, que ganham um pequeno *royalty.
*Isto é, uma pequena renda destinada ao município pela riqueza
retirada
Com a expulsão dos ribeirinhos de suas comunidades, diminuirá a
produção familiar, a pesca artesanal (justamente essas que são as
atividade principais que mantém a cidade) e as populações urbanas
terão impacto econômico. Essa fuga trará um “inchaço” às periferias das
cidades e por não haver emprego para todos, viverão em estado de
miséria.
O Custo financeiro das Usinas: o que diz a Eletrobrás e o que dizem
os críticos.
USINA Dados Oficiais Dados dos Críticos
- São Luiz R$ 15 bilhões ou R$ 25 bilhões ao final ?
- Jatobá R$ 7 bilhões ou R$ 10 bilhões ao final ?
- Chocorão R$ 8 bilhões ou R$ 10 bilhões ao final ?
- Caí R$ 1.7 bilhões ou R$ 3 bilhões ao final ?
- Jamanxin R$ 1.4 bilhões ou R$ 2.5 bilhões ao final
- Dos Patos R$ 1.2 bilhões ou R$ 1.8 bilhões ao final
- Jardim do Ouro R$ 800 milhões ou R$ 1.2 bilhões ao final ?
- TOTAL R$ 35 bilhões ou R$ 53.5 bilhões
?
QUEM
PODERÁ
SABER
16. Oi! Jovem, por Não vamos
que estão destruir nada, até a Tu pensas que a gente é
agitando o povo floresta em redor otário? Pensa que a
da região? As de cada usina gente não sabe que isso
cinco usinas na vamos recuperar e é propaganda enganosa,
bacia do ficarão melhor do
Tapajós serão para depois destruir os
que são hoje.
feitas com rios e matas e em
seguida dizer que
houve um erro?
Calma
rapaz, olha, cara, vocês
todas essas querem enganar a
usinas vão gente, mas aqui
trazer não se construirá
muito nenhuma usina. É
emprego melhor saíres daqui
pra vocês. logo e avisa teu
pessoal que aqui o
povo está unido e
não vai deixar
Serão 75 mil empregos, entrar empreiteira.
dos quais 25 serão diretos
empregados nas obras.
Vamos gerar energia limpa para o Brasil!
Isso é nosso segredo. Não metam a
E quantos vocês cara, pois aqui não deixaremos.
são? E quem
está com vocês?
17. Foto: Pe. Edilberto Sena
IMPACTOS SOCIAIS NA REGIÃO
DO BAIXO AMAZONAS E RODOVIAS:
Se os povos da região cruzarem os braços e a
Eletromorte construir as barragens, eis os prejuízos
irreversíveis que advirão:
Populações que serão expulsas de suas terras
300 famílias de São Luiz, Pimental, Periquito e Aldeia Nova dos
Munduruku de baixo;
600 famílias da cidade e periferia de Jacareacanga;
Dezenas de aldeias munduruku que vivem às margens do Tapajós e
Jamanxim;
Migração intensiva em busca de emprego. A Eletromorte calcula:
75.000 pessoas que buscarão empregos e dizem eles que só
25.000 terão emprego nas obras; e as
50 mil pessoas que ficarão de fora?
Inchaço das cidades especialmente Jacareacanga, Itaituba, Miritituba, Trairão,
entre outras. Quem viveu a desordem de Itaituba no tempo forte dos garimpos
no alto Tapajós, pode imaginar o que poderá vir pela frente. Santarém também
sofrerá muito com a migração de pessoas que chegarão em busca de emprego e
de sobrevivência.
18. Vocês, com esse
Oh! Seu Adão, o Sr.
negócio de contra
pensa em sua
barragens, estão
mercearia, em ganhar
cegos. Não veem
dinheiro.
que as usinas vão
gerar empregos e
vai correr Não pensa em seus filhos e
dinheiro e netos e os filhos dos ribeirinhos.
desenvolvimento Lembra do tempo dos garimpos?
pra região? Como corria muito dinheiro
aqui em Itaituba e agora, onde
Rapaz, o que vale é está esse dinheiro do ouro?
o progresso. Essas Quem ficou rico e quem ficou
usinas vão trazer pobre?
progresso.
Me diga, seu Adão, a
fábrica de cimento trouxe
desenvolvimento para a
região? Quanto custa um
saco de cimento feito
com o calcário da nossa
terra, energia de Tucuruí
e isenção de impostos? O
isso é verdade. Sr. Sabe que aumentou
Itaituba hoje quase 100% o preço.
está parada,
corre pouco
dinheiro. Já Pronto, seu
temos energia Adão, o Sr está
de Tucuruí e o vendo.
preço da energia
Além de que vai haver mais um inchaço de
migrantes atrás de emprego, os ribeirinhos
vão deixar de pescar.
Sabe que é mesmo! Não tinha atinado
pra isso. Então a Eletromorte está
enganando a gente? Querem fazer
usinas para os de fora e nós ficamos
com a sujeira? Isso que não!
Entendeu, não é, seu Adão? A gente está
nessa luta e queremos mais gente lutando
pra não deixarmos o governo nos destruir
para servir aos de fora.
Contem comigo! Até hoje pensava que
era coisa boa, agora compreendo que
quem gosta de nós somos nós mesmos.
19. IMPACTOS AMBIENTAIS
NA BACIA DO TAPAJÓS
Se todos nós cruzarmos os braços, só reclamando e
ficando parados, veja o que poderá acontecer se o
governo construir as usinas do Tapajós:
Grandes áreas que serão alagadas:
Áreas indígenas serão atingidas em 55 km
quadrados;
O PARQUE NACIONAL da AMAZÔNIA
será atingido 9.935 hectares;
A FLONA Itaituba I atingida em 9.632
hectares;
A FLONA Itaituba II atingida em 40.836
hectares – 9.27 % da Flona.
O PARQUE NACIONAL DO JAMANXIN
atingido em 24.202 hectares.
A FLONA Jamanxin será atingida em 15.060
hectares.
20. Não entendo nada dessa coisa de cinco hidrelétricas
na bacia do Tapajós. Vi um filme muito legal,
esclarecia tudo, dizia que o governo vai construir as
usinas sem destruir o meio ambiente. Por que então
essa gente está contra, esse movimento Tapajós Vivo?
Até padre está contra?
Mas seu Totó, me admiro do Sr., anda em
estudos de boa nova, faz cursos e ainda
engole aquele filme de mentira da
Eletromorte? Então o Sr. acha que cinco lagos
inundando terras dos índios, do Parque
Nacional da Amazônia, barrando os rios,
expulsando os ribeirinhos, o Sr. acha que não
vai destruir o meio ambiente?
Minha mana, até pensei nisso, Pois é, seu Totó e já imaginou para
achei esquisito que eles dizem que vão construir escadinha
onde vão mandar os moradores de
para peixes de piracema, mas aonde já!
Pimental, Periquito, São Luiz,
Jacareacanga, Sai Cinza?
Pois é, né!
Só que não me meto nessas coisas, que
dão muita confusão. Vou cuidar é de
preparar o culto dominical de domingo, Mas sim, e o Sr. vai explicar essas
preciso ler o evangelho desgraças na sua homilia? Seria bom, seu
para a homilia. Totó, tem muita gente que não está
sabendo dessa desgraça anunciada!
Mas, mana como já que Ah! não, seu Totó,
vou misturar as coisas de como é que Jesus faria
Deus com essa desgraça se ele morasse aqui?
dos homens? Lá a gente Como ele enfrentou os
precisa rezar para isso exploradores do povo
não acontecer. naquele tempo?
Sabe que é mesmo!
Ele chamou os
doutores da lei de Agora sim, seu Totó, assim vale a pena eu ir lá
hipócritas, que na igreja também.
exploravam o povo,
que vivia como Temos que nos unir
ovelhas sem pastor. todos e enfrentar a
Sabe que vou fazer a Eletromorte. Não
mesma coisa lá na podemos deixar eles
igreja, vou mostrar a destruírem nosso rios,
enganação da nossas matas e nosso
Eletronorte contra povo.
nós.
21. Morte dos peixes migratórios, chamados de piracema – só para começar a
barragem de São Luiz do Tapajós terá um paredão de 36 metros de altura de
ponta a ponta do rio, fechando totalmente a dinâmica natural do rio.
A Eletromorte diz que construirá escadinhas para os peixes passarem.
Acontece que não há nenhuma experiência positiva no mundo em que
peixes subam e desçam escadinhas artificiais nos rios. Quem afirma isso é o
especialista em recursos hídricos, Glenn Switkers da ONG Rios Vivos.
O que vai acontecer é que os peixes que tenham ficado para desova nas
cachoeiras de cima, ao retornarem com seus filhotes caiam com a correnteza
nas turbinas e sejam esmagados;
Foto: Revista Eletronorte
Escadinha para peixes da EletroMorte
Foto: Enoy Sena
Produção de Dióxido de Carbono,
altamente venenoso. Isto será
provocado pelas árvores que serão
inundadas pelas barragens, ficando no
fundo dos lagos as raízes, folhas e
galhos que apodrecerão e provocarão a
subida dos gazes.
Quebra do ritmo normal dos fluxos do rio Tapajós e
Jamanxim. As praias em frente a Itaituba e ao longo
do rio (Aveiro, Itapuama, Boim, Jacareacanga, entre
outros) sofrerão secas imensas e na frente de
Santarém o rio Tapajós será empurrado pelas águas
turvas do Amazonas, até, quem sabe onde? Alter do
Chão? Aramanaí? Basta ver neste verão de 2009
como o Amazonas domina o Tapajós. Imagine se
Área alagada na barragem do Curuá-Una
deixarmos a Eletromorte construir imensas construída 30 anos atrás – Santarém/Pará
barragens em São Luis, Jatobá e mais adiante.
Foto – piloto comandante Walter
Frente da cidade de Santarém - dezembro de 2009
22. Ei! Moço, você faz parte desse pessoal que anda combatendo o
projeto do governo de construir as usinas no Tapajós. Vocês não
entendem do assunto e falam tolices!
– Ih! Cara, tu é que
não entende de
respeito à natureza,
nem aos povos e
ambiente da
Amazônia. Só pensas
no teu lucro e te
rebaixa aos planos do
Nós da Eletronorte
trabalhamos pelo
progresso. Serão cinco
belas hidrelétricas neste
rico Tapajós. É o bem
do Brasil que
construímos, nunca
antes neste país se Estás enganado.
pensou nisso. Neste rio não
construirão nada
que venha
prejudicar nossos
povos e a
Vocês mentem, Só um governo democrata como o
falando em do Lula da Siva pensa em gerar
energia limpa, energia limpa.
quando sabemos
que irão inundar
2.350 km
quadrados de
floresta,
interromper o
ritmo normal do Sabe o que é isso?
rio com Defendemos o meio
barragens ambiente, por isso
imensas. optamos por hidrelétricas
em vez de uso de
petróleo.
Chamas isso de
energia limpa? É o que
Enquanto formos veremos!!!
vivos e unidos não
farão essa desgraça
no rio Tapajós!
23. MENTIRAS DA ELETROMORTE
Vai ter Impactos mínimos:
5 Disse o Sr. Sinval Zaidan Gama, alto funcionário da Eletrobras no
dia 20/05/2009 no Fórum Nacional promovido pelo INAE Instituto
Nacional de Altos Estudos:
“Não vai ter nenhuma população.”
“Vamos manter a floresta melhor do que hoje”. E diz mais: “nós vamos agir
na selva, fazendo a intervenção com desmatamento mínimo possível
durante a obra. E ao terminar a obra, nós vamos reconstruir a selva. Ou seja,
“As florestas ficarão intactas, com a mínima interferência, sem nenhum
acampamento, sem cidade, sem nenhuma infraestrutura”.
Como acreditar em tais afirmações feitas lá em Brasília para quem desconhece o que é a
Amazônia e seu ecossistema? Se:
A barragem de S. Luiz será de 745 km quadrados.
Isso é impacto mínimo?
9.935 hectares de floresta do parque nacional da Amazônia seram
inundados?
A barragem de Jatobá será de 646,5 km quadrados.
Isso são impactos mínimos?
A barragem de Chocorão será de 616,23 km quadrados.
Impactos mínimos?
O total de inundações na bacia será de 3.084,85 km.
COMO SE PODE FALAR EM IMPACTOS MÍNIMOS?
Como pode se falar de florestas intactas com mínima
interferência... e melhor do que hoje, se:
SERÃO ATINGIDAS 105.590 HECTARES DE ÁREAS PROTEGIDAS
ao longo da bacia do Tapajós.
Tudo para construir cinco hidrelétricas para servir a quem?
“Ao Brasil,” dirá a EletroMorte”
- Qual Brasil?
- A custa de quem e de quanta biodiversidade da Amazônia?
24. Olha Sr. Ministro, seu problema é que
Posso entender a reação do
assumiu esse cargo por política, não
caboclo e do indígena contra
por entender de barragem.
as usinas, mas um cientista ser
contra o desenvolvimento?
Olha aí, dr. Não sou Isso é um erro. O senhor
cientista, mas tenho e o governo só pensam em
poder de decisão e crescimento econômico e
trabalho pelo PAC nem um pouco preocupados
do meu governo. com a melhoria de vida
da população.
Lembra até o ex-ministro
da ditadura Delfim Neto,
que disse “vamos fazer o
bolo crescer para depois
O bolo cresceu, pois dividí-lo”.
Já pensou eu ter somos a nona potência mundial
que me ajoelhar e o “bolo” é divido entre os poucos, já muito ricos, e
aos pés do Ibama nada sobra pros muitos na probreza.
para conseguir
licença
ambiental para a
continuação da
obra?
Aí é que está a
diferença. Alguns
servidores do Ibama são
sérios e responsáveis.
Eles usam a inteligência
Como assim? Tire o você mesmo a conclusão.
Quer dizer que não sou
Quem alardeia que “forças
demoníacas estão contrárias à
construção das hidrelétricas” e
ignora os estragos às populações
locais e ao meio ambiente, é o
quê???
25. O PORQUÊ DE TANTAS HIDRELÉTRICAS?
6 Para que e para quem o governo quer construir
tantas hidrelétricas?
As maiores empresas aqui na região Oeste do Pará a serem
beneficiadas hoje pelo complexo tapajós:
ALCOA em Juruti,
MINERAÇÃO RIO DO NORTE, MRN
em Oriximiná,
VALE DO RIO DOCE, em Marabá,
RIO TINTO, na calha Norte,
SERABI EXPLORAÇÃO DE OURO
MECANIZADO no Tapajós em Novo
Progresso,
CARGILL em Santarém,
CAIMA (fábrica de cimento) em Itaituba
e as grandes fazendas a instalarem
frigoríficos na região, entre outras.
Potencial hidrelétrico do Brasil
Além delas há outras grandes empresas no país que usufruirão das usinas,
incluindo-se as empresas de montagem da Zona Franca de Manaus. Estas são a
razão da obstinada decisão do governo Lula, que considera os maiores entraves ao
crescimento econômico do Brasil:
Os ribeirinhos,
Os quilombolas,
Os indígenas,
As ONGs e
O Ministério Público Federal.
26. Ei! Pariwat! Que veio Nossa empresa tem
fazer aqui em terras contrato com a
indígenas? De onde você Eletronorte e vamos
vem e com ordem de construir uma barragem
quem? aqui e mais quatro outras
adiante, nos rios Tapajós e
Jamanxim.
E quem
disse que a
Eletromorte
manda em Nós respeitar a Não se preocupe,
terra Constituição! cacique. Nós vamos
indígena? causar mínimos
impactos e
compensaremos os
índios.
Munduruku não confia em pariwat, menos ainda na Camargo Corrêa e
na Eletromorte. Aqui ninguém mete a mão, nem lobinho, nem Lobão!
Olha cacique, nossa
empresa tem contrato
com a Eletronorte e em
breve chegaremos aqui
com as máquinas.
Vocês se entendam
com a Funai.
Que está pensando, Pariwat? A nação Munduruku já está se organizando para a guerra. Com o apoio
dos parentes de luta, vocês não entram aqui para destruir rios Tapajós e Jamanxim.
27. BELO MONTE
7 Um aviso para nós do Tapajós
P
Previsão da EletroMorte é fazer
de Belo Monte (Xingu) a maior
hidrelétrica genuinamente
brasileira, pois Itaipu é
binacional. 11.000 Megawatts
de potência. Embora os
pesquisadores críticos afirme
que será o maior desastre
hidrelétrico do país, ao lado de
Balbina (Amazonas), pois o rio
Xingu seca muito no verão. E
ficarão paradas as turbinas parte
do ano.
Sem respeitar as leis ambientais, a EletroMorte decidiu realizar
audiências públicas de faz de conta em apenas 4 locais, quando mais de
15 locais serão atingidos pelas barragens de Belo Monte. Nas
audiências de faz de conta, controlaram a entrada de pessoas
interessadas, colocaram pelotões policiais para assustar e controlar a
presença de críticos, e os próprios indígenas que foram vigiados pela
Funai.
O Ministro das Minas e Energia, decidiu que o leilão para as
empreiteiras construtoras deveria ser feito dia 21/12/2009 e portanto, o
IBAMA deveria publicar o licenciamento ambiental, sem falta no dia
21/11, um mês antes como exige a lei. Como o IBAMA não o fez, dois
altos funcionários do órgão foram exonerados.
Furiosos os indígenas escreveram uma carta ao Presidente da República
e seus ministros. Foi assim:
Em carta destinada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
outras autoridades, os índios responsabilizam o governo pelo que
poderá "ocorrer aos executores da obra, aos trabalhadores e aos povos
indígenas no caso de ter continuidade o projeto da represa de Belo
Monte de forma arbitrária".
"O Rio Xingu pode se transformar em um rio de sangue, que o
Brasil e o mundo estejam cientes com o que possa ocorrer no futuro se
os governantes não respeitarem nossos direitos", afirmaram os índios
na carta, divulgada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi),
organização ligada à Igreja Católica.
Os índios insistem que não vão voltar a dialogar com nenhum
representante do governo, pelo fato de já terem falado "tempo demais"
28. Carta do Movimento Xingu Vivo, em novembro de 2009, às autoridades.
Vila da Ressaca, (Senador José Porfírio), 07 de novembro de 2009
Carta dos Povos da Volta Grande do Xingu
Nós, mais de duzentas lideranças entre ribeirinhos, comunidades
indígenas (Juruna do Paquiçamba, Arara do Maia da Volta Grande, Xikrin do
Bacajá, Juruna do km 17, Xipaya da Aldeia Tukamã e Aldeia Tukaiá, Kayapó da
Aldeia Kararâo, índios da cidade de Altamira), agricultores, pescadores,
estudantes, representantes dos povos indígenas do Mato Grosso e do Pará,
Preocupados com os graves impactos sociais e ambientais para a região e
nossas vidas representados pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte, reunidos na
Vila da Ressaca, entre os dias 05 e 07 de novembro de 2009, para o II Encontro
dos Povos da Volta Grande do Xingu, que teve caráter de audiência pública
convocada pelo Ministério Público Estadual, manifestamos nossa posição
contrária ao projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, bem como nossa
indignação com o processo de exclusão a que estão submetidas as populações da
Bacia do Xingu, especialmente aquelas da Volta Grande do Xingu.
Denunciamos a falta de esclarecimentos às dúvidas apresentadas pela
população durante as visitas realizadas pelas empresas de consultoria Elabore e
LEME ...
Repudiamos o parecer da FUNAI sobre o Projeto da UHE de Belo Monte,
que considera como mitigáveis impactos que na verdade seriam irreversíveis...
Solicitamos que os resultados das análises feitas pelo Painel de
Especialistas sobre o projeto de Belo Monte sejam levadas em consideração pelo
órgão ambiental responsável pelo licenciamento e que..
Exigimos a consolidação do projeto de agricultura familiar nessa região,
iniciado nos anos 1970, através do ordenamento fundiário e ambiental, da infra-
estrutura para os assentamentos, da recomposição do passivo ambiental, da
melhoria da qualidade de vida dos moradores das áreas rurais e urbanas, assim
como a implementação das Reservas Extrativistas. Acreditamos serem esses os
investimentos necessários para um.
29. Reações da sociedade civil organizada
da região do Tapajós
Iniciaram em 2007 as ações de sensibilização das comunidades pela FRENTE EM
DEFESA DA AMAZÔNIA, FDA. Depois de uma tomada de consciência sobre o plano do
governo, foi realizado um estudo e 04 companheiros(a) que fizeram a uma visita a São
Luiz do Tapajós, Pimental, Periquito e Aldeia Munduruku de baixo. O Pe. João Carlos,
do Movimento Br. 163 sustentável integrou a equipe. Pouco as comunidades sabiam e
pediram um encontro mais amplo para estudar as questões.
2008 no mês de março – Lideranças do movimento Br. 163 sustentável realizaram um
seminário na cidade de Itaituba. Dois companheiros da FDA participaram deste
seminário com um documentário informativo. 70 pessoas compareceram ao encontro.
Foi a primeira entrada de sensibilização na cidade de Itaituba, onde muitos ignoravam o
plano da Eletromorte. Boa aceitação da maioria dos presentes com exceção de alguns
presentes.
Outubro de 2008 – Movimento Tapajós Vivo foi criado para ampliar as alianças e
organizar um amplo seminário em dois lugares, um dia em Itaituba e um dia em São Luiz
do Tapajós. Onze membros da FDA e a companheira Antônia Melo, do Movimento
Xingu Vivo colaboraram com o evento, assim como o pesquisador Glenn Switkers de
São Paulo e mais outros conhecedores da questão. Compareceram 400 pessoas na
cidade e mais 200 pessoas em São Luiz do Tapajós.
Maio de 2009 – Coordenação do Parque Nacional da Amazônia, o PNA convidou seus
conselheiros para um estudo sobre os impactos que poderão causar à área do PNA.
Convidaram representantes da Eletromorte e um representante da FDA de Santarém,
como contraponto de informação. Vieram 03 engenheiros de Brasília e Manaus. O
confronto de informações deu aos conselheiros do PNA subsídios a uma tomada de
decisão de denunciar o complexo Tapajós como violador da lei que protege os Parques
nacionais.
2008 – Encontro de caciques no rio Tapajós, Taquara, Tauari.
2009 – Encontro de caciques em Escrivão, médio Tapajós- Pastoral Social da Diocese.
2007 – Seminário sobre hidrelétricas no Tapajós foi promovido pela Pastoral da Diocese
de Santarém junto com a FDA = em Santarém, com 400 participantes em 03 dias.
Em Santarém – 2008 Seminário promovido pela Pastoral Social para comunidades
católicas.
Novembro 2009 – Três encontros importantes: Em Trairão no Dia Nacional da
Juventude – 110 jovens da Prelazia de Itaituba estudaram o plano do Complexo Tapajós;
Na missão Cururu, entre os índios Mundurukus, um encontro de 02 dias de
sensibilização, promovido pela aliança religiosa Francisclareana e membro da FDA.
Indígenas sensibilizados escreveram carta ao Presidente Lula dizendo que não aceitam
hidrelétricas no Tapajós que prejudicam suas terras; mais um dia de estudo em
Jacareacanga, promovido pela mesma aliança religiosa, compareceram 60 pessoas,
maioria indígenas Munduruku. Também reagiram bem às informações.
30. ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO DOS
8 LEITORES E DE GRUPOS INTERESSADOS
O que mais impressionou das informações da Cartilha?
As cartas Munduruku e Kaiapó dão um recado bastante forte às autoridades. Você
concorda com elas? Por quê?
Por que será que o Governo Federal insiste em construir 5 grandes hidroelétricas no
Rio Tapajós? e porque não consulta as populações da região?
Depois de entender o conteúdo da Cartilha, qual sua decisão sobre o plano das hidro-
elétricas?
-Indiferente?
-Indignado(a)?
-Decidida(o) a enfrentar junto com a aliança em defesa do tapajós? Por quê?