O documento discute como a Convenção 169 da OIT ameaça a soberania do Brasil ao exigir a cessão de controle sobre áreas indígenas, representando cerca de 20% do território brasileiro. Embora tenha prazo para anular a assinatura até julho de 2013, o governo brasileiro não o fez. Isso pode permitir intervenções estrangeiras sobre os recursos naturais da Amazônia sob o pretexto de proteger os direitos indígenas.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Convenção 169 da oit ameaça soberania do país
1. 1
CONVENÇÃO 169 DA OIT AMEAÇA A SOBERANIA DO PAÍS
Fernando Alcoforado*
A soberania do Brasil está ameaçada porque o governo Fernando Henrique Cardoso
(FHC) aprovou a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo
texto obriga o País a admitir a cessão de sua soberania sobre áreas indígenas, o que
significa deixar de deter o controle sobre cerca de 20% do país (incluindo as áreas
indígenas ainda em processo de demarcação). Dos 185 países-membros da OIT, 168 não
assinaram a Convenção 169 por não admitirem qualquer restrição sobre suas soberanias.
Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, entre outros, não
aceitaram a Convenção 169 da OIT. A Convenção169 da OIT foi assinada só por 17
países, entre eles o Brasil.
A Convenção 169 já foi ratificada pelo Congresso Nacional e outorgada pelo governo
Lula, tem força de lei federal e está em pleno vigor. No segundo mandato do governo
Lula, o Brasil aprovou na ONU a Declaração Universal dos Direitos das Nações
Indígenas, que ratifica e amplia os termos da Convenção da OIT, dando independência e
autonomia total aos territórios indígenas, que teoricamente agora têm direito de se
transformarem em países independentes. A Declaração da ONU até hoje não foi enviada
ao Congresso Nacional pelo governo federal. Ou seja, ainda não tem força de lei.
Cabe observar que o governo do Brasil teve o prazo até 24 de julho deste ano para
anular um dos maiores crimes de lesa pátria já cometidos em nosso país – a assinatura
da Convenção 169 da OIT. Pelo disposto no artigo 39, o Brasil teria o direito de
denunciar a Convenção ao final de um período de dez anos, contados da data de entrada
em vigor, o que ocorreu em 25 de julho de 2003. Ou seja, o prazo terminaria no dia 25
de julho de 2013, mas haveria um período adicional de mais 12 meses para o País tomar
a decisão final.
Razões humanitárias teriam contribuído para a institucionalização da Convenção 169 da
OIT haja vista existir em várias partes do mundo populações indígenas vivendo em
condições sub-humanas e ameaçadas de desaparecer. Este é o caso do Brasil em que se
constata o inconcebível descaso do governo brasileiro em relação à chamada questão
indígena. As diversas tribos existentes no Brasil estão abandonadas à própria sorte pelo
governo, o que facilita a atuação das ONGs estrangeiras que, além de buscarem a
preservação do meio ambiente, assediam as tribos, interessadas não somente nas
reservas minerais da Amazônia, mas também nas múltiplas riquezas de sua
biodiversidade.
Se é inconcebível os governos FHC e Lula não tratarem da questão indígena brasileira
com o mais elevado espírito de humanidade, é inadmissível que o governo brasileiro
abra mão de sua soberania se submetendo a imposições de uma Convenção da OIT. Ao
assinar a Convenção 169 da OIT, o governo brasileiro reforça a aplicação de sanções
pela ONU contra o Brasil no caso de violação dos direitos dos povos indígenas
residentes no País. É importante observar que sob o pretexto de razões humanitárias a
intervenção militar da ONU ou de qualquer dos membros do Conselho de Segurança
pode ocorrer para se apossar das riquezas minerais e vegetais existentes na Amazônia
no Brasil como já aconteceu no Iraque e na Líbia para se apossarem dos campos de
petróleo.
2. 2
É preciso não esquecer que a Amazônia pode ser objeto de cobiça das grandes potências
mundiais para terem acesso aos recursos naturais nela existentes. O fato de a Amazônia
Legal ser a maior província mineral do mundo, estimada em 7 trilhões de dólares
contribui também para que ela possa vir a ser objeto de intervenção das grandes
potências mundiais. As riquezas existentes na Amazônia podem se constituir em fontes
de conflitos entre o Brasil e as grandes potências no futuro. As ameaças que pairam
sobre a Amazônia se baseiam na perspectiva de que as guerras do Século XXI terão
como fulcro a batalha por recursos naturais os quais tendem a se esgotar. Diante destes
fatos, o governo do Brasil atentou contra os interesses da nação ao não ter anulado até
24 de julho deste ano a assinatura da Convenção 169 da OIT.
*Fernando Alcoforado, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, é membro da Academia Baiana de Educação, professor universitário e
consultor.