Este catálogo apresenta os trabalhos de conclusão de curso dos alunos de bacharelado em artes plásticas da Escola Guignard da UEMG. A exposição ocorreu em dezembro de 2014 e contou com a participação de diversos alunos das habilitações em cerâmica, desenho, escultura, fotografia, gravura, litografia, pintura, serigrafia e xilogravura.
3. 3
Prof. Dijon Moraes Júnior | Reitor da UEMG
Prof. José Eustáquio de Brito | Vice-Reitor da UEMG
Profª. Ana Cristina Brandão | Diretora da Escola Guignard-UEMG
Prof. Carlos Wolney Soares | Vice-Diretor da Escola Guignard-UEMG
Profª. Daniela Goulart | Coord. do Curso de Bacharelado em Artes Plásticas
Catálogo referente à Exposição de Formatura do Curso
de Bacharelado em Artes Plásticas da Escola Guignard,
realizada no período de 04 a 15 de dezembro de 2014,
nos espaços da escola.
EDITORIAL
Projeto Gráfico | Thaís Geckseni e Alexis azevedo
Diagramação | Thaís Geckseni
4. Professores Orientadores:
Adriano Gomide | Desenho
André Hallak | Fotografia
Betânia Silveira | Cerâmica
Getúlio Moreira | Desenho e Xilogravura
Giovani Fantauzzi | Escultura
Lamounier Lucas | Serigrafia
Marco Túlio Resende | Desenho
Marco Paulo Rolla | Pintura
Maria Emília Campos | Xilogravura
Nara Firme Braga | Litografia
Paula Fortuna | Fotografia
Paulo Amaral | Pintura
Paulo Lisboa | Gravura em Metal
Renato Madureira | Escultura
Thereza Portes | Pintura
Comissão de Organização da Exposição de Formatura 2014
Professor André Hallak
Professora Daniela Goulart
Professora Fabíola Tasca
Professor Lamounier Lucas
Agradecimentos: equipe de apoio da Escola Guignard
5. Apresentação
Alexandre Portilho
Amanda Coimbra
ANA CARLA FIGUEIREDO
ANDRéA FARNEZI VELLOSO
Andréa goulart
Arthur ribeiro
BRUNO CASTRO
CAROLINa botura
CÁSSIA PEROcCO
CIRCE SOARES
Clarice Steinmüller
Cláudia Guerra
Cristiane Felix
Daniel Costa Filho
DINHO BENTO
DUCINeIA SILVA
Du Flauzino
Eugênia França
Fabrícia BATISTA
Felipe Velloso
FLÁVIA ANDRADE
GUILHERME BITA
INêS LANA Gastelois
Iolanda Murta
jairo Martins
Jaqueline Simionato
Júlia Bruno
Luara Diniz Rocha
lídia Lana Gastelois
Luiz Carlos de Oliveira Ferreira
luiza gasparini
Maria Josefina Coelho
Maria gomes martins
MARIA helena ROCHA
Maria Teresa Gontijo Cordeiro
Marilda Morais de Mattos
Marília Rampinelli Balzani
MARLÚCIA OLIVEIRA
Maurício Gustavo Alkmin
marinna vieira
mendes jacinto
NARA rangel
nísia Fernandes
otavio Resende cardoso
Prisca Paes
Rafael de oliveira mata Filho
Raquel Nácar
Rag
ronaldo Gazel pereira
samara martins da costa
Sandra santiago
Stephanie de Freitas
Su Andrade
Thais brasileiro
Thiago Alvim
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77
79
80
6. Apresentação
Verbo a ser conjugado com certa regularidade no percurso de trabalho de um artista,
“expor” assume o caráter de protagonista nos últimos períodos do curso de Artes Plásti-
cas, quando os alunos tem diante de si a tarefa de endereçar ao outro – aos seus pares,
familiares, professores, eventuais visitantes – a conclusão de um processo de formação.
Processo que pode ser compreendido enquanto pesquisa e enfrentamento, palavras que
nos auxiliam aqui a pensar a formação do artista.
Ao longo de seu percurso no contexto da escola de arte, cada aluno desenha um trajeto pes-
soal e intransferível por meio das experiências que reúne e reconhece. Eis, portanto, a en-
vergadura da tarefa dos alunos, dos professores, da instituição: dar a ver um processo por
meio de uma ação/objeto pontual. As feições do trajeto percorrido serão percebidas
com clareza no decorrer do tempo de reafirmação do próprio trabalho, pesquisa e en-
frentamento, mas, “expor” deve ser conjugado no presente.
As nove habilitações que compõem o currículo da Escola Guignard: cerâmica, desenho,
escultura, fotografia, gravura em metal, litografia, pintura, serigrafia e xilogravura es-
tabelecem territórios de investigação, campos de discussão acerca das especificidades
de cada uma dessas linguagens, bem como indagações sobre a pertinência da própria
noção de especificidade das linguagens frente ao híbrido território da arte contemporâ-
nea.
A exposição de formatura dos alunos do Bacharelado em Artes Plásticas da Escola Guig-
nard do ano de 2014 segue o formato proposto no ano anterior, quando optamos por
ocupar todo o espaço da escola com os trabalhos de conclusão do curso, em detrimento
de uma ocupação exclusiva da galeria. Tal proposta pretende constituir a circunstância
para dar a ver os trabalhos dos alunos e a escola que os abriga numa delicada relação de
iluminação recíproca.
Comissão de Organização da Exposição de Formatura 2014
7. 7
Estruturas e Relações #19, 2014
Acrílica sobre tela
120 x 160 cm
ALEXANDRE PORTILHO
pintura
A série “Estruturas e Relações” se baseia na experimentação sobre as
estruturas da pintura, linha, cor, espaço, luz, camadas, transparência,
matéria, gestualidade, etc. e as relações que se pode estabelecer entre
essas estruturas. Traz um paralelo poético com as estruturas e relações
da produção humana, da relação entre homens e coisas. Foram pro-
duzidos 20 trabalhos nessa série, sendo que os apresentados foram os
escolhidos para a exposição de formatura 2014.
8. 8
pintura em metal, 2014
Fotografia
60 x 90 cm
fotografia
Trabalho de fotografia buscando referências de pintura (cor) e desenho (linha)
na forma de recortes sobre o ambiente urbano que aludam ao desgaste,
à corrosão e à degradação.
9. Reminiscências é um exercício de
registro da memória pessoal. O
projeto teve seu início na investiga-
ção de “casas de memórias”, espa-
ços e outros lugares que guardam
lembranças e afetos de uma vida.
Através de experimentações de lin-
guagens, as gravuras apresentadas
representam uma parte do regis-
tro das relações afetivas com um
determinado espaço de memórias
pessoais.
9
Reminiscências, 2014
Fototransferência e Papier Collé
21 x 26 cm
Amanda Coimbra
gravura em metal
10. Ana carla figueiredo
pintura
Quando a vida muda a direção, a redescoberta de
novos caminhos passa por um período de gestação,
que consiste na busca interna por uma nova razão
de existir. Retornar ao útero e renascer para as no-
vas experiências que refletirão o novo momento do
ser.
Renascimento, 2014
Óleo sobre tela
60 x 90 cm
11. 11
xilogravura
FESTA DE IEMANJÁ, 2014
Xilogravura
50 X 80 cm
As festas populares movimentam a energia
do povo baiano que, todos os anos, através
da homenagem aos Orixás, demonstra sua
fé e alegria com rituais e presentes. A festa
de Iemanjá é uma das mais importantes do
calendário festivo de Salvador. Apresentado
em forma de estandarte, procuro mostrar
neste trabalho a cultura baiana utilizando
um objeto bastante recorrente nas festas
populares mineiras, com a intenção de criar
uma mistura que já começa a existir dentro
de mim.
12. 12
Andréa Farnezi Velloso
pintura
wilma I
(Da série pólos), 2014
Óleo sobre tela
20 x 20 cm
Meus trabalhos sempre são influenciados
por ambientes pessoais, a inquietação e a
curiosidade. Em qualquer prática, tenho
como necessidade plástica a organização
das ideias-pensamentos-experiências, abs-
traídas de um turbilhão de vivências do
presente momento. Esses trabalhos pas-
sam por universos arquitetônico-urbanís-
ticos, ambientais, sociais e políticos.
No meu processo artístico, tenho como ca-
racterística comprimir obsessões, reduzir
os excessos de assuntos que trazem uma
exaustão e que por isso me levam a ações.
Ações de pintar em gestos grandes, fortes,
espontâneos, determinados e casuais. A
importância maior é que isso me traz uma
percepção do mundo hoje e, ao mapeá-lo,
tento fazer uma representação das polari-
dades reais e existentes. A proposta deste
trabalho é enfatizar os pólos da vida. Há
oposições na vida, como nas camadas de
tintas, as tintas pastosas ou diluídas. Me-
taforicamente, represento-as como um
mundo em azul ou vermelho.
13. 13
Andréa goulart
desenho / pintura
CORPO S.K.T. - Desenhos
Série corpos S.K.T, 2014
Nanquim e pincel seco
60 x 60 cm
Corpo S.K.T. é uma série de desenhos e pinturas
onde procuro recriar a figura humana no ambien-
te do skatismo representando, através das mano-
bras, todo o dinamismo e a atitude deste esporte.
Observando a prática do skate nos parques e pis-
tas, descobri o quanto é expressivo e interessante
plasticamente o corpo. Refletindo sobre o meu pro-
cesso criativo, entendo que o movimento é a linha
tênue que alinhava minhas vivências no campo das
artes. Este é expresso de várias maneiras, através
da linha, da mancha, da expressão corporal da figu-
ra humana, no tempo e no espaço. Essa atmosfera
que envolve o skate me desperta o sentimento de
liberdade. A possibilidade do ser humano de rom-
per os limites, transgredir leis naturais, tal como a
gravidade e transpor obstáculos. Ao mesmo tempo,
existe um domínio e consciência do seu potencial.
Mais do que uma ação isolada é uma postura pe-
rante os desafios da vida. Esse sentido eu transfiro
para a arte, único ambiente em que o homem pode
realmente ser livre.
CORPO S.K.T. - pintura
Série corpos S.K.T, 2014
Acrílica e óleo sobre tela
60 x 60 cm
15. 15
Arthur ribeiro
litografia
Das trevas à iluminação, um caminho
percorrido pela série de litogravuras
que busca atravessar as diversas asso-
ciações do preto- que mora no limiar da
definição de cor, que ao longo da histó-
ria percorreu os sentidos de fecundida-
de, pelo depósito escuro de matéria or-
gânica que o Rio Nilo deixa após a cheia,
e o de trevas, associado à escuridão e à
punição do inferno. Antigos povos pos-
suíam maior sensibilidade pelos tons de
preto conferindo-lhe diferentes nomes.
Em diversas culturas o preto se refere
à representatividade da divindade que
ocupa o campo da morte. Com minhas
gravuras utilizo da figura humana e suas
expressões mesclando um mundo físi-
co e imaterial com a mesma densidade,
com a intenção de atravessar as conota-
ções negativas e trazer à tona a luz que
possui dentro dessa cor.
ligação
Obscuro, 2014
Litogravura - maneira negra
16. 16
bruno castro
serigrafia
Em maior ou menor grau, toda obra traz índices
da cultura que lhe precedeu, pelo simples fato
de toda criação ser uma ressignificação da reali-
dade. Os signos que a inspiraram estão imersos
em sua aparência e significado, tornando quase
indistinguíveis da própria obra.Estes índices são
evidenciados ao máximo neste trabalho, como
em um remix, onde fragmentos de trabalhos
anteriores compõe o novo. Não com o interesse
de evocar seus significados, mas sim suas for-
malidades. Nesta obra, todos os fragmentos se
baseiam em uma primeira imagem, as quais fa-
zem o recorte contextual para as demais, como
no remix de A Grande Onda de Kanagawa, ou o
remix de Abapouru de Tarsila do Amaral.O pon-
to de interesse está na discussão do momento
no qual estamos inseridos, em que tudo o que
é criado passa por uma apropriação de outras
criações anteriores, um processo antropofági-
co onde a concepção do novo exige o conheci-
mento do que já foi concebido. O processo vira
tema.
o remix de abapouru
Remix, 2014
Serigrafia
42 x 29,7 cm
17. xilogravura
Dado como utópico, inalcançável
e irracional por pensadores como
Pitágoras, Parmênides e Platão, o
infinito parece real. Das dízimas pe-
riódicas a juras apaixonadas, dos de-
senhos esquemáticos ao sonho dos
loucos, o infinito é tão tangível que
nos leva a crer no “para sempre”. E
é na linha limítrofe entre infinito e
concreto, que se encontram estas
gravuras. Desde os primeiros instan-
tes, na concepção de cada matriz, o
infinito é a diretriz para o trabalho,
mas no desenvolvimento surgem
fissuras, nas quais o fim de cada im-
pressão é delineado. Entre o plane-
jado e as possibilidades do processo
xilográfico o infinito se esvai e surge
a poética. Justo na impossibilidade
de entintar a matriz cria-se a ten-
são. As imagens perdem potência
à medida que a tinta se extingue. O
infinito se distancia quando se reali-
zam as impressões. O mais correto
seria concluir que as impressões são
provas irrefutáveis da finitude deste
projeto (mas eu não o farei). Um diá-
logo sobre possibilidades e finitude.
IMPRESSO esférica
(IN)FINITUDE, 2014
Xilogravura
300 x 50 cm
IMPRESSO CILINDA
(IN)FINITUDE, 2014
Xilogravura
300 x 50 cm
18. 18
Carolina Botura
escultura
sonda, 2010-2014
Ação
E o tempo, presença indistinta capaz de atua-
lizar-se a partir dos acontecimentos, conduziu
a abertura do corpo para o espaço conectan-
do matérias em fluxos constantes, gerando
insurgências em realidades possíveis sobre
estes planos cotidianos que recortam o caos
no encontro da fenda: o instante-forma, o
debruçar-se sobre a força do espaço e seu
maquinário, ativado por algo que se susten-
te sozinho em propagação, com seus devidos
vazios salvos e guardados como vestígios de
limites desconhecidos. Sobre este "passar"
em que agora já foi e nos sobra esse conjun-
to de sensações que marcam nossas formas
de fruição, possiblidades de restabelecer o
instante, fora do recorte extraordinário e por
vezes repressivo daquilo que se impõe como
arte. O corpo coloca-se no espaço além da vi-
sualidade como uma descoberta de si, como
extensão no terreno das forças, todos adjeti-
vos dos materiais, não tanto sua forma, mas
seu conteúdo pela lida que ajuda entender
suas particularidades relativas, co-dependen-
tes, absolutamente oscilatórias por aquele
significante inexistente na fronteira volátil
das categorias. Na latência da pequena per-
formance diária do atelier como um ritual
inesgotável, a flecha feita de peles vai pelo
bosque denso, muda um jarro de lugar, res-
pira contra a parede, cola pedras e deixa um
bilhete- sutilezas também podem ser revolu-
ções.ENIGMA ENIGMA ENIGMA
19. 19
Cássia Perocco
Cerâmica
O presente trabalho se manifesta como uma
instalação de emaranhados de fios de porce-
lana, significando a exibição daquilo que não
se expõe. Criar minhas próprias raízes, lançá
-las pelo ar, deixá-las explícitas. Essa busca, a
iminência daquilo que ainda não é, mas que
está a procura.
Raízes Estéreis, 2014
Cêramica
20. 20
CIRCE SOARES
pintura
RETRATOS: QUALQUER SEMELHANÇA PODE NÃO
SER MERA COINCIDÊNCIA, 2014
Acrílica sobre papel
23 X 20 cm
Difícil definir uma proposta de tra-
balho acadêmico diferenciado e
encontrar algo novo com um perfil
inédito, numa linguagem própria do
meu pensar e agir; e identificar-me
com o estilo de alguns mestres artis-
tas, explorando a multiplicidade de
possibilidades da contemporanei-
dade.Escolho o retrato pela minha
afinidade com a figura humana. Ad-
miro e me impressiono com a diver-
sidade de características das ima-
gens que jogam por terra os ensinos
acadêmicos de proporções, estética
e beleza padronizadas.
21. 21
Clarice Steinmüller
pintura
Santo Protestante, 2014
Óleo sobre tela
70 X 80 cm
u·ni·ver·sal
adjetivo de dois gêneros
1. Geral, que abrange tudo.
2. Que se aplica a tudo.
3. Que provém de tudo ou de todos.
4. Que é o mesmo em todas as partes.
5. De todo o mundo.
22. 22
Cláudia Guerra
Fotografia
O ensaio fotográfico Como estarei quando
ela chegar? é inspirado nas diversas pos-
sibilidades criativas de construção da per-
ceptibilidade humana a partir do aspecto
perecível da existência, envolvendo ques-
tões ligadas à efemeridadee impermanência.
Como estarei quando ela chegar?, 2014
Fotografia
24 x 36 cm
23. 23
pintura
intervalo, 2014
Óleo sobre tela
35 x 100 cm
Pintura é um campo expressivo no
qual atuo e me movimento com
maior intimidade, o que faz com que
eu me relacione com o mundo, auxi-
liando-me a compreender o que me
cerca, a me defender e a educar o
olhar para a percepção do novo.
24. 24
Cristiane Felix
escultura
Trabalhar a figura humana na escultura é
estar aberta às experimentações. Com-
preender e respeitar a sutileza e a resis-
tência que cada material oferece natural-
mente, fazendo com que o corpo entre
em sintonia com a matéria, retirando a
figura da banalidade. Gerando o desejo
de penetrar na intimidade, parar e ob-
servar por instantes, trazendo a figura ao
próprio tempo de si.
cabeça do fábio
Experimentações, 2014
Resina
Dimensões variadas
braço
experimentações, 2014
Argila
Dimensões variadas
25. pintura
Trazer a figura contemporânea para os dias
de hoje é ressaltar a necessidade de chamar
a atenção do homem para sua existência. O
conteúdo instigante de uma estrutura pal-
pável, favorável às transformações diárias
de um meio, determinada pela intensidade
e pelas escolhas individuais. O interesse do
despertar para a vida, dos momentos, da
volta do íntimo, do dentro, visceral, carnal,
porque tudo passa, tudo muda, transforma
e se deixa.
IMPRESSO esférica
Intensidade individual, 2014
Óleo sobre tela
70 x 70 cm
intensidade individual, 2014
Óleo sobre tela
70 x70 cm
26. 26
daniel costa filho
desenho
Somos mais macacos do que da última vez,
Façamos melhor, então!
Por que diabos estamos a forjar incansa-
velmente nosso martelo junto ao ferreiro?
Para voltar p’ra casa e admirar sua potên-
cia ao combate fictício?
Ou deveremos por fim guardá-lo na arca e
abrir a porta para a cidade?
-
Da porta em diante o que o outrora lhe
provava,
Hoje só lhe pode voltar a anunciar,
Que um retorno já foi possível,
E que até o profeta dos cabelos esvoaçados
e da língua de fora
Fechou com nobre escriba de outros tem-
pos,
Todos eles, tempos de outrora, tempos
vindouros, e tempos de agora.
sísilo, 2014
Óleo sobre papel paraná
50 x 40 cm
27. 27
pintura
a placa da zona de perigo
O macaco no pedestal do reencontro, 2014
Óleo sobre tela
os três filhos de caim
O macaco no pedestal do reencontro, 2014
Oléo sobre tela
28. 28
dinho bento
desenho
Costumo levar o meu trabalho a locais
abandonados pela cidade ou fora dela,
valorizando os espaços que foram aban-
donados ou esquecidos. Grande parte
desses trabalhos são iniciados no atelier
(desenhando e pintando sobre o papel e
logo após recortando) e sendo concreti-
zado no local onde é colado. Através des-
sa série de trabalhos que iniciei há cerca
de dois anos, resolvi agora experimentar
esse mesmo processo aplicado sobre te-
las e painéis. Crio seres híbridos misturan-
do elementos de um animal no corpo do
outro. As principais fontes de buscas re-
ferenciais são em vídeos, livros e revistas
que falam sobre ciências, biologia, vida
animal e mitologia.
sem título, 2014
Acrílica e colagem sobre telasem título, 2014
Acrílica e colagem sobre tela
30. A saudade que nos olha.
O desejo é trazer para o presente o passado.
A saudade se manifesta.
Em representações da saudade surgem símbolos,objetos
e signos; constrói-se altares para representá-la.
Assim acontece nos cortejos, ambientes fúnebres e
cemitérios, onde as pessoas entregam aos seus amores
algo que representa uma porção do sagrado que ainda
vive, e que também lhes olha como destino.
DU flauzino
fotografia
a saudade que nos olha, 2014
Fotografia impressa em fine art
50 x 50 cm
32. 32
pintura
Eugênia França
Ausência Incrustada é um recorte do
meu olhar sobre o mundo.
Uma tentativa de ressignificação do
objeto , buscando transformá-lo em
objeto-palavra. Excesso, inversão,
esvaziamento e coisificação me le-
vam a propor uma aproximação/dis-
tanciamento questionador- no pró-
prio corpo as marcas parecem muito
próximas para que possamos vê-las
sem distorção no corpo do outro,
muito distantes para que possamos
vê-las em seus detalhes. É preciso
propor um outro caminho.
ausência incrustada, 2014
Acrílica sobre tela
185 X 180 cm
33. desenho
Fabricia batista
aproximações, 2014
Grafite e lápis de cor sobre papel manteiga e papel de seda
14,8 x 21 cm
A série de desenhos "Aproximações"
propõe, através das transparências,
uma conexão do humano com o animal,
propondo analogias e reflexões sobre
as relações instintivas entre os seres.
34. 34
cerâmica
Felipe velloso
Trabalho realizado em cerâmica
com contexto crítico a respeito dos
costumes da sociedade atual se
utilizando de uma sátira com seres
mitológicos.
desmitos, 2014
Cerâmica
Dimensões variadas
35. 35
fotografia
Flávia andrade
"A fotografia é a visão de uma realidade reinterpreta-
da, escolhida muitas vezes a partir de sonhos pouco
duráveis. Alucinação retida e vivida só na imaginação.
Só lembranças.
Uma espécie de viagem impune, na busca de razões.
Ineficiente tentativa de explicar, mas que faz pensar."
Luiz Humberto, Fotografia, a poética do banal, 2000.
overdive, 2014
Fotografia digital
40 x 40 cm
36. 36
xilogravura
“vem vindo que vem vindo um vento
que vem vindo um vento sem pé nem cabeça
que nem antena de louva-a-deus detecta
vem vindo que vem vindo um vento”
Wally Salomão
mémorias, 2014
Xilogravura
81 x 51 cm
37. 37
desenho
guilherme bita
Construções falhas, casas esquecidas no tempo, mu-
ros que caem sob a força da gravidade. É tão somente
nesses lugares que a estrutura se revela sem hesitar,
desenham-se como para se expressar. Ao artista basta
a contemplação e em gestos repetir essas linha espon-
tâneas, expô-las em formas e contra formas.
haicai parede
Rachadura desenho, 2014
Nanquim s/ papel
220 x 100 cm
38. pintura
inês Lana Gastelois
FizestapinturasobreaúltimafotoqueTarkowski
fez em vida. Alguns dias antes de falecer este
pássaro entrou em seu aposento, e em um frag-
mento de segundo de presença, alguém que es-
tava no quarto o registrou através da fotografia.
Passei por várias fases em sua execução, traba-
lhando incansavelmente, muitas vezes coloquei
uma camada sobre outra que poderia já estar
pronta, até chegar a um resultado em que sinto
que é como deveria ser.
E nesse caso, especificamente, tentar transmitir
todo o sentimento de Tarkowski em relação à
este pássaro, de ternura e diálogo sobrenatural.
Em muitas tradições os pássaros são mensagei-
ros dos espíritos. Com um olhar mais transcen-
dente, esse pássaro e essa foto nesse momento
específico, é presença pura. Na pintura busco
transcender a fotografia, e levar o espectador
para um lugar ao qual só a pintura pode levar,
na tentativa de provocar uma experiência estéti-
ca precisa, como se quem a contempla estivesse
presente dentro desse aposento como testemu-
nha do momento em tempo real. Acredito que
só a pintura como meio é capaz de chegar nes-
te lugar, a pintura supera a fotografia. A pintura
ainda não está finalizada, darei continuidade ao
trabalho após a exposição.
conhecimento natural, 2014
Óleo sobre tela
100 x 80 cm
39. 39
cerâmica
iolanda murta
A Energia é um organismo oculto que
habita todo ser vivente - é a matéria de
todos os devires.
Energia: Morfologia Poética do Corpo Sutil, 2014
Cerâmica
Dimensões variadas
40. Cidade, Olhar, Impressão: uso da técnica
Serigrafia (policromia) como recurso para
desenvolver o diálogo (mediação) entre a
Fotografia e a Pintura.
sem título, 2014
Serigrafia
40
serigrafia
jairo martins
41. Eujácursavaartesquandoinicieiasaulas
de circo. Saia mais cedo da faculdade e
corria para minhas acrobacias. Foi onde
a inspiração surgiu... os espetáculos cir-
censes registrados por fotografia, com
cores tão vivas, ultrapassavam o limite
do papel e desafiavam minha imagina-
ção. Todas aquelas cenas dos professo-
res e colegas de classe, com movimentos
precisos e olhares expressivos me moti-
varam a dar inicio aos desenhos basea-
daos no "CIRCO".
Os materiais utilizados nesses desenhos
não foram premeditados, foram esco-
lhidos aleatoriamente atendendo ao
pedido do meu coração. Refletindo so-
bre minhas "escolhas", sei que não po-
deriam ter sido melhores. Ferramentas
simples, apenas caneta e lápis. A caneta
me remete aos adultos, estes carregam
o fardo de não poderem errar. Procuro a
001
Ah, o circo! Entre cores e rasbicos... , 2014
Caneta esferográfica e lápis de cor sobre papel
30 x 21 cm
precisão do traço combinada a cautela.
Isso exige segurança, reflete a estabilida-
de que adquirimos na fase adulta. Lem-
bro-me da dificuldade ao usar a caneta
e "abandonar" o lápis, me adaptar a for-
ma de expressão. Lápis me faz lembrar a
infância. O fascínio, os sonhos ainda em
fase de construção e a imaginação impe-
tuosa das crianças. Como não pensar em
crianças ao usar lápis de cor?!
Hoje, em minhas realizações, aplico a
mescla entre o adulto e a criança, procu-
rando expressar o equilíbrio. No mesmo
desenho temos a caneta, firme e dura,
ao mesmo tempo o lápis de cor, acres-
centando a suavidade e a magia. O circo
é um mistério... os espetáculos são im-
previsíveis! Deixo desenhos com partes
por colorir, esse foi meu método de agu-
çar a imaginação do apreciador.
41
desenho
jaqueline simionato
42. As pinturas que apresento foram feitas a
partir de fotografias.
As fotografias foram feitas a partir de
uma captação específica do momento,
em que a luz, a composição e o elemento
em si fotografado pudessem resultar em
uma pintura mais cativante, interessante
e inquietante.
Técnica Percepta, 2014
Óleo sobre tela
42
pintura
júlia bruno
43. Sem título
Da Série conexões, 2014
Sem título
Da série conexões, 2014
43
xilogravura
Luara Diniz
Refere-se à compreensão do espaço
como o resultado de uma aglomeração
de ambientes distintos e, aparentemente,
independentes, os quais influem sobre a
dinâmica uns dos outros e, logo, sobre o
próprio espaço. Atuando, assim, em con-
junto - em unidade.
44. 44
cerâmica
Lídia Lana Gastelois
entre-folhas, 2014
Cerâmica
200 X 200 cm
A mesma torrente de vida que dia e noite
percorre as minhas veias,
percorre o mundo e dança em cadencia-
das maneiras.
É a mesma alegria que, varando a poeira
da terra,
rebenta alegremente nas lâminas inúmeras
da relva
e precipita-se em ondas tumultuosas de
folhas e flores.
É a mesma vida que é embalada pelo
fluxo e refluxo,
no oceano: berço do nascimento e da
morte.
Sinto que os meus membros seglorificaram
aocontatodessemundodevida.
E orgulho-me de ter, neste momento,
dançando no meu sangue a pulsação vital
dos tempos.
Rabindranath Tagore
45. entre-folhas, 2014
Grafite e linha sobre papel
38 X 95 cm
45
desenho
Já a folha
vira
folha
solta
que transpassa luz
colada na retina
seguindo o contorno
de sua mutação
a linha dança
no espaço
respira
para
a
verticalidade
46. poder, 2014
Acrílica, óleo, spray sobre lona de
publicidade política
46
pintura
Luíz carlos ferreira
Poder é ao mesmo tempo a autoridade e o direi-
to. A autoridade do político, o direito de propagar
sua imagem, o poder da publicidade em sua pro-
paganda. As imagens falsas, de um poder inexis-
tente.
47. três, 2014
Vídeo
fotografia
O trabalho pretende pesquisar os
diálogos possíveis entre os registros
de três objetos semelhantes. As in-
terferências possíveis entre os cam-
pos coexistentes e sua simultaneida-
de virtualizada. O objeto de pesquisa
inicial são três árvores registradas
no interior de Minas Gerais, projeta-
das, simultaneamente, lado a lado.
48. privacidade, 2014
Acrílica sobre tela
32 x 53 cm
48
pintura
Luiza Gasparini
"Privacidades" é uma série que aborda, através de diferentes
recortes, cenas privadas e cotidianas de pessoas dentro de
suas intimidades, sem romper com a pessoalidade presente
em cada situação. Os contextos abordados nas imagens são,
em sua maioria, banais e comuns, compostos por elementos
do dia a dia, que aproximam as pessoas aos trabalhos, pos-
sibilitando uma possível familiaridade com as situações retra-
tadas. O espectador é induzido a entrar nesses espaços, de
forma sutil, como se sua presença fosse natural e indiferente,
ou de uma maneira invasiva, disfarçada, violando tais privaci-
dades sem que fosse notado.
49. 49
pintura
Maria Josefina Coelho
Rugas ninguém quer, mas elas revelam uma outra
beleza da pessoa, sua experiência, o saber que a
pessoa acumulou, seu interior, sua maturidade e
mais um mundão de coisas. As rugas armazenam
uma infinidade de significados, e quando a gente re-
flete sobre isso, a gente vê as rugas da pessoa com
um outro outro olhar. É revelada a beleza das rugas.
Sábio Envelhecer, 2014
Óleo sobre tela
30 x 50 cm
50. 50
Solidão, sensação de vazio que acompanha
o ser por onde for.
As pessoas podem estar rodeadas de gente
por todos os lados e estar sozinhos.
xilogravura
Maria gomes martins
solidão, 2014
Xilogravura
56,5 x 43 cm
53. 53
fotografia
Maria Teresa Gontijo Cordeiro
O deslumbramento pela tecnologia
moderna está distanciando o homem
da natureza e do convívio social. O
objetivo deste projeto é provocar
questionamentos e reflexões destas
consequências nocivas provocadas
pelo mau uso dos aparelhos eletrônicos.
emersão, 2014
Fotografia
54. 54
desenho
marilda morais de mattos
Vou rabiscando e formando imagens que
surgem do dialogo entre a mão e o olhar.
Neste movimento das mãos, dos dedos,
acontece o gesto, e do gesto registrando
impulsos, a imagem. Esta vai fluindo livre,
filha de um sentir profundo, de uma neces-
sidade de manifestação da forma que vai se
concretizando num jogo matéria/movimento/
espaço.
Movimentos “automáticos” e repetidos
criam um ritmo que deixam como marcas,
um desenho no papel. Esses desenhos me
lembram paisagens de um lugar distante.
Me lembram constelações, galáxias, vórti-
ces, labirintos. Os movimentos que nascem
de uma região não penetrada pelo pensa-
mento ou raciocínio, os quais chamo de “au-
tomáticos”, formam configurações muitas
vezes geométricas, mas também orgânicas,
em um mesmo desenho.
Paisagens de Mundos Distantes, 2014
Desenho/xerox
100 x 110 cm
55. 55
fotografia
Água, luz líquida, mãe e alento de tudo o que é vivo.
A Água limpa, lava, leva.
Renova, revigora.
Solve, dissolve, purifica, eleva.
Entre todas as suas propriedades, as conhecidas e as
incógnitas, está a propriedade de espelhar.
Usufruindo dessa propriedade tão particular da água,
focalizo o interesse na captação das imagens nela
refletidas. Os ambientes com padrões repetitivos ,
uniformes, geométricos, característicos da arquitetura
presente no local onde fotografei, ao se refletirem na
água que cobre uma superfície com padrões também
geométricos, uniformes, repetitivos, desconstroem o
ritmo inerente à cada imagem, criando quadros, como
janelas abertas a paisagens onde novos ritmos se es-
tabelecem a partir da fusão das duas realidades.
mouse como paleta, 2014
Fotografia
56. 56
serigrafia
Marília Rampinelli Balzani
O escolha do tema, do trabalho
plástico desenvolvido, permeia
uma pesquisa pessoal sobre o
que é, ou não é, percebido den-
tro dos espaços urbanos. Com as
inúmeras construções e a manei-
ra como a urbe é distribuída, as
pessoas tendem a observar es-
paços que lhe são úteis ou caros.
A partir de quando uma arquite-
tura perde sua funcionalidade?
A partir de quando ela é social-
mente desconsiderada e passa
a não ser percebida? Investigo,
portanto, o papel das moradias
e os significados destes lugares
na construção da identidade cul-
tural das pessoas.
A que(m), 2014
Serigrafia sobre vidro
Fotografia: Estevão Galli
57. 57
pintura
Marlúcia oliveira
O tecido, o bordado e a escrita são
constantes em meu processo artístico.
Trabalho a abrasividade da água sani-
tária sobre o tecido, exploro o volume,
a cor, a textura. Busco uma densidade
mais bruta, desconfortante, a sensa-
ção de não pertencer, de algo não na-
tural. A Água sanitária obriga a cor em
algo que até então só absorvia, traz
exposição onde só havia o breu. Nes-
te trabalho construo um relato de uma
sociedade e de uma época. Busquei
comentários políticos nas redes sociais
e transcrevi para o tecido preto com
água sanitária, agora estas vozes serão
sufocadas pela massa preta volumosa.
Esse clamor virtual nunca ouvido na
vida real, em mim se transformou em
ferida necrosada.
Em Outubro as Larvas se Tornam Mariposas, 2014
Água sanitária sobre tricoline preto, bordado, preenchimento
com jornal e americano cru, cola, carvão e tinta PVC
58. 58
cerâmica
Mauricio Gustavo Alkmin
Fotografia: Betânia Silveira
O pote é generoso em seu côncavo, é re-
ceptivo e guardião. Desde sua criação, nas
mãos do oleiro, à medida que as paredes
do pote vão sendo construídas, elas vão
preenchendo seu vazio abraçando o ar em
seu interior. Um pote se presta a receber,
sendo assim, não tiro essa característica
de meus potes, pois neles projeto meus
anseios por leveza e poesia, tornando-os
plenos, fazendo um transbordamento lí-
rico, metafisico.
As peças porosas absorvem, tal como uma
esponja, qualquer líquido que se verta
sobre elas. Meus potes tem sede, porém,
não de água fresca, pois para tal atribui-
ção eles se mostram ineficazes, mas sim
sede de poesia; é pelo derramamento do
lirismo interno do espectador que os po-
tes se tornam plenos.
pote generoso, 2014
Cerâmica
59. 59
serigrafia
alter ego, 2014
Minha poética transita no limiar entre
o conhecido e o desconhecido, sendo
o segundo o que mais me interessa ex-
plorar, por se tratar de um trabalho de
concepção da minha própria identida-
de.
Em Alter ego a opção por explorar a
ausência de expressão no rosto denota
indiferença diante do mundo, da crítica
externa, além de apontar para um diá-
logo com o retrato de John Joseph H.,
da serie The most wanted (1964), de
Andy Warhol.
A montagem, feita por sobreposições
de gravuras distintas, se endereça ao
meu interesse pela ocultação, trazen-
do um ar de mistério e incompletude
do que não se dá a ver. Esse caráter
fetichista de encobrir parcialmente o
rosto almeja instigar os olhares mais
curiosos a devanear sobre a face que
não pode ser acessada. A escolha por
trabalhar insistentemente com a cor
vermelha na roupa estabelece um di-
álogo cromático com cortinas do tea-
tro, esses grandes anteparos de tecido
separam e anunciam a transição entre
realidade e ficção, espetáculo e misté-
rio.
Fotografia: Flávia Bertinato
61. 61
pintura/ serigrafia
Mendes jacinto
Ao trabalhar com a imagem serigráfica
tento romper com sua tentativa de equi-
dade. Imprimindo-as únicas entre vela-
duras e ao revelar certas partes tenho
o acaso nesse processo. A colagem se-
rigráfica mais a pintura se tornam uma
só. Ao mesmo tempo esse trabalho de
fusão desfragmenta a imagem vetoriza-
da. Esses reencaixes, sobreposições e
desconexões trazem para as telas uma
realidade fragmentária do mundo con-
temporâneo, onde tradições e fixação
de uma referência cultural não mais são
tidas como pontos nodais para a cons-
trução do lugar individual e social dos
sujeitos.
Tramas emaranhadas das realidades
sociais.
sirvo a cidade
cranio, vermelho e cervo, 2014
Pintura/ Serigrafia sobre tela
95 x 101 cm
62. 62
cerâmica
Nara rangel
Este é um trabalho híbrido: pode ser
desenho, pode ser cerâmica. Com
isso viso expressar uma ambiguidade
de uma domesticidade que foi viola-
da, e o papel estereotipado de mãe
e esposa, que não se manifestou em
felicidade, perpetuada pelos mitos e
contos de fadas. Ao abrir as gavetas
liberto as memórias, e com elas sur-
ge a percepção gradual de que a vida
não é tão lógica, ou progressiva de
uma maneira tão linear, quanto nós
pensamos que fosse, e alguém sem-
pre pode se achar em um papel que
não lhe serve.
Gavetas, 2014
Cêramica
Dimensões variadas
64. 64
pintura
Fazendo uma correlação entre o
meu percurso artístico na pintura e
a história da arte, eu ousaria dizer
que acabo de chegar à Renascença.
Após um período obscuro, houve
uma quebra no meu modo de fazer
e pensar arte, ingressando agora
numa fase literalmente “autoral”.
Passei a assinar minhas produções
com minha própria presença, usan-
do fluidos corpóreos na técnica. Na
série Renascença, aproprio-me de
algumas imagens de figuras huma-
nas masculinas de Michelangelo e
as represento gestantes, pintadas
com água e líquido amniótico. Eles
nutrem em suas entranhas o que
trazem para a humanidade. A ges-
tação, neste caso, não se restringe
à procriação humana, mas abrange
tudo o que pode estar por vir em
cada ser.
Renascença , 2014
Aquarela mista com líquido amniótico
23 x 31 cm
65. 65
pintura
Otavio Resende Cardoso
Mesmo tendo um prazo aperta-
do e estando comprometido com
várias outras coisas, estou conse-
guindo produzir meus trabalhos
da maneira que os havia imagina-
do. Pus um bocado de empenho
na realização dessas obras e ver
que esse esforço não está sendo
em vão é muito gratificante.
Sem título , 2014
Óleo sobre tela/ nanquim
66. O trabalho “Mulheres que Somos”,
apresentado pela aluna Priscila
Paes Landim para habilitação em
Serigrafia do curso de Bacharelado
em Artes Plásticas da Escola Guig-
nard/UEMG, faz uma análise da
mulher contemporânea que- mes-
mo com todas as mudanças ocorri-
das durante os anos- a sua essên-
cia primitiva ainda se manifesta.
Com isso, o trabalho consistiu na
imagem do sexo feminino, híbrida
com animais. O trabalho foi desen-
volvido durante os meses de feve-
reiro até setembro de 2014 e a lin-
guagem escolhida foi a intervenção
urbana, através dos lambe-lambes.
As figuras foram coladas em luga-
res específicos onde exista a pre-
sença da mulher bicho, de acordo
com as figuras retratadas. Os locais
escolhidos foram maternidades,
zonas boêmias, dentre outras ruas
da cidade.
www.priscapaes.tumblr.com
serigrafia
prisca paes
Mulheres que somos, 2014
Serigrafia
67. Busquei no trabalho “Equiva-
lências” do fotografo Alfred
Stieglitz, a base e sustentação
para minha proposta.
Utilizei recortes de fotografias
de nuvens nas quais ocorreram
as mesmas sensações de quan-
do produzi o conto, registrando
os mesmos símbolos e signi-
ficados, proporcionando que
a fotografia não seja apenas a
imagem apresentada, mas bus-
cando uma forma de relacioná
-la com esse conto.
Dessa forma, proponho as
equivalências das sensações
que os recortes de fotografias
de nuvens podem produzir no
espectador, com os recortes
do conto no leitor, associando
pequenas partes do céu com
alguns recortes do conto.
"Num breve instante, já não
sentia seu corpo em seu voo e
apenas sua alma habitava o es-
paço entre o céu e a terra”.
E quando propus esse trabalho
de fotografia baseado na lin-
guagem e nas imagens recorta-
das de nuvens, estou tentando
falar das perspectivas de duas
formas supremas de comuni-
cação com o espectador, cada uma com
sua forma direta de mostrar o que se
quer dizer.
Mas por conta da sua forma categóri-
ca as imagens deveriam apresentar não
uma solução do problema, mas a própria
incógnita. Afinal, o que é uma fotografia?
E o que é uma imagem?
67
fotografia
Rafael de Oliveira Mata Filho
vivo no voo, 2014
Recortes de fotografia
68. UMA DOSE DE DESENHO
Um corpo imerso no desenho
O desenho do corpo imerso
O desenho que encorpa o corpo
O desenho que forma o desenho do corpo
O corpo que desenha
o corpo que desenha
O desenho que desenha o corpo
O papel que agora é,
tempo e espaço
O desenho que chama o corpo
O corpo que adentra o plano
Incorporar o desenho
Dar corpo ao plano
Mergulho, insistentemente
E amo,
Manchas amarelas com pintinhas pretas
- Maracujá
Dose para desenhar a alma
68
desenho
raquel nácar
uma dose de desenho
Dose, 2014
Técnica mista
69. Para a cegueira narcisa, a pintu-
ra que não é. Enlaces à cegas com
a imagem do espelho revelam um
desejo enorme pelo encontro do
"ser". O jogo de forças é invisível,
mas o corpo que se posta enquanto
objeto de arte, sacia um pouco da
vontade do consumo de si e afir-
ma a construção do self através da
imagem.
fotografia
eNTRE (DESEJO), 2014
Fotografia impressa em fineart
75 x 60 cm
70. 70
xilogravura
Rag
O trabalho desenvolvido consiste
em imprimir no papel as marcas
do tempo, intempéries e inter-
venções acontecidas em troncos
caídos. O objetivo principal é sub-
jetivar e transubstanciar a vida e
morte de uma árvore em objeto
de arte.
Os espaços trincados causados
pelas intempéries e trajetos da
serra, transversalmente em tron-
cos de árvores, interpelam os re-
gistros das ações construtivas e
destrutivas do tempo. Vejo aqui
um potencial de registro simultâ-
neo de passado, presente e futu-
ro.
marcas, 2014
Xilogravura
190 X 100 cm
71. Motivações e Contrapartidas é uma obra
composta por 50 (cinquenta) fotografias,
distribuídas em 10 (dez) módulos de 5 (cin-
co), agrupadas em matrizes formadas por 2
(duas) colunas e 2 (duas) linhas. Essas ma-
trizes são impressas sobre papel adesivo em
padrões quadriculados capazes de preen-
cher qualquer tipo de ambiente ou superfí-
cie expositiva.
As imagens tratam do cotidiano do autor,
que registra no Instagram – popular aplica-
tivo para dispositivos móveis, baseado no
compartilhamento de fotografias – os prin-
cipais momentos do seu dia, dentre refei-
ções – tema recorrente – amores, viagens
e situações inusitadas, revelando a indiscu-
tível essência autobiográfica da obra, desde
a escolha dos temas até à criação das ani-
mações e intervenções lúdicas que serão
reveladas na tela dos dispositivos móveis,
através de realidade aumentada, refletindo
diversas afinidades e reflexos do universo
semiótico do autor durante sua vida.
Para baixar o aplicativo em dispositivos An-
droid basta baixar no endereço http://www.
motivacoes.art.br (a partir de 10/11/2014)
71
fotografia
Ronaldo Gazel Pereira
Motivações e Contrapartidas, 2014
Fotografia digital em papel adesivo com ativação
de realidade aumentada
Dimesões variaveis
72. serigrafia
72
A ideia central da obra tem como base a
análise dos Benzodiazepínicos- uma classe
de drogas muito popular em todo o mundo-
E das pessoas que os utilizam, seus efeitos,
dores e prazeres relacionados, retratados
em uma experiência transmídia que se dá a
partir de 4 gravuras em técnica mista- fine
arts e serigrafia, cada uma delas represen-
tando um tipo distinto de benzodiazepínico.
Essas gravuras, além da fruição clássica, di-
reta, proporcionada pela relação luz > tela/
pigmentos > retina, oferecem uma imersão
pouco usual no universo da arte, que tan-
gencia elementos tecno e sociológicos (data
mining nas mídias sociais), artísticos e mate-
máticos (recombinação e análise de dados),
através de realidade aumentada.
A realidade aumentada nada mais é do que
a apropriação dos eixos tridimensionais (x,
y, z) de determinadas imagens, e a utiliza-
ção destes para a projeção de planos e ob-
jetos tridimensionais na tela de um disposi-
tivo móvel, que deverá possuir o aplicativo
criado pelo artista, baixado gratuitamente.
Para baixar o aplicativo em dispositivos An-
droid, basta acessar o endereço: www.ben-
zo.art.br (a partir de 10/11/2014)
Bromazepam_v4
benzo, 2014
Serigrafia sobre fine arts printing com ativação de
realidade aumentada
Clonazepam_v4
benzo, 2014
Serigrafia sobre fine arts printing com ativação de
realidade aumentada
73. A aranha tece, embola suas patas
nos fios, um trabalho incessan-
te, condição que ela mesma não
percebe.
Quando consome suas presas
mantém o exterior imaculado, pro-
duzindo múmias envoltas em seda.
Aracnídeo e homem com suas ne-
cessidades de consumo, ambos
taxidermistas porém por motivos
diferentes.
73
gravura em metal
Samara Martins da Costa
insensatez, 2014
Água-forte, couro de cabra, cesto, madeira e
linha encerada
36 X 29 X 12cm
74. Mais de 30 máscaras mortuárias
feitas a partir do molde do meu
rosto. Uma elaboração das mor-
tes que carrego em vida.
74
cerâmica
Sandra santiago
Mortuária: In memoriam, 2014
Cerâmica -35 peças
20 x 15cm
75. 75
fotografia
Efêmera, 2014
Stop Motion / Vídeo
Uma animação feita em stop motion,
onde acontece uma decomposição de
uma máscara produzida a partir do molde
do meu rosto. Um diálogo sobre a pró-
pria efemeridade.
76. 76
fotografia
Stephanie de Freitas
Meus questionamentos no desenvolver
do trabalho foram com base da investi-
gação sobre as relações que envolvem
a perspectiva estética. Toda fotografia é
um discurso visual que se apresenta de
diversas maneiras a cada diferente pen-
samento. E é esse olhar que dá o maior
poder de se criar ricas e imaginárias pos-
sibilidades de se enxergar este trabalho.
degude, 2014
Fotografia
77. 77
desenho
Su andrade
Rede Muscular é uma composição de
desenhos de caráter abstrato, que além de
apresentar uma linguagem estética de sínte-
se de elementos, em busca da simplificação
das formas, possui também uma condição
simbólica gerada pela representação de Ho-
mem/Natureza.
O alastramento de formas orgânicas trans-
mite uma noção de expansão, semelhante
aos galhos de árvores, e as texturas presen-
tes nas imagens criam certos volumes que
sugerem formas musculares baseadas nos
desenhos dos estudos anatômicos do Renas-
cimento, assim, a totalidade da figura simbo-
liza a fusão entre esses dois elementos, na
qual o Homem aparece incorporado na Na-
tureza.
Rede Muscular, 2014
Nanquim sobre papel
78. 78
fotografia
plano tátil, 2014
Fotografia
Ver não se limita só ao olhar,
abrange outros sentidos e desen-
volve nossa sensibilidade. A série
fotográfica Plano-Tátil reúne nove
registros de composições feitas a
partir dos Pisos Táteis que foram
implantados em Belo Horizonte
duranteoano2014. Asfotografias
estimulam a percepção do Chão
como forma que possui inúmeras
possibilidades de composição. As
imagens destacam detalhes que
em geral passam despercebidos
nesse plano banal, através da ex-
ploração de texturas presentes
nos altos relevos dos elementos
figurativos, a partir disso, o tato
é também convocado a participar
da experiência visual da obra.
79. 79
cerâmica
thais brasileiro
'Para que a paisagem aconteça, não
basta o mundo natural, pois ela não
pertence à natureza, mas à cultura.
Para que a paisagem exista, é neces-
sário reunir um homem, um ponto de
vista e, sobretudo, uma narrativa que
possa nomear o que o homem vê e
sente [...] Sendo a paisagem uma nar-
rativa alinhavada através de uma soma
incompleta de saudades próprias ou
alheias, de memórias e de perdas, de
iluminações e de apagamentos, essa
ficção - a paisagem- tornaria a sepa-
ração entre o homem e a natureza
ambígua, imprecisa, porém aceitável,
pois o que vemos não se basta apenas
em vermos.''
(Maria Angélica Melendi)
Quando olhei para dentro enxerguei, 2014
Cerâmica
150 x 35 x 35cm
80. pintura
thiago alvim
Este trabalho nasce a partir duma intensa
pesquisa em espaços urbanos e degradados,
ricos em manchas, texturas e formas orgânicas.
Dialogando com tais elementos, ligo a um uni-
verso lúdico, intuitivo e fantasioso, onde sob a
influência da dança, danço formas e elementos
num suporte preparado para receber.
sem título, 2014
Técnica mista sobre tela