SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
Baixar para ler offline
289
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
EFEITOS DE SENTIDO DA INSTITUIÇÃO ESCOLA NA
(RE)CONSTRUÇÃO DE TIMOR-LESTE
Ewerton Rezer Gindri1
RESUMO
Durante a história de uma língua em determinado espaço de enunciação ocorrem fenômenos
únicos, fatos que não irão se repetir em outro lugar, pois para cada espaço haverá uma
historicidade, uma história diferente, já que a história anseia por ser interpretada. Dessa forma é
que em Análise de Discurso temos uma memória que faz de cada língua única. É também por
isso que podemos falar em uma língua brasileira, pois no Brasil o idioma de Camões revestiu-se
de sentidos nossos, brasileiros. Partindo desse ponto, e tomando a Análise de Discurso de linha
Francesa, é que queremos nesse texto observar traços do momento atual da Gramatização da
língua portuguesa em Timor-Leste e o papel da escola nesse fenômeno e também na construção
de uma forma-sujeito timorense, uma vez que a construção da unidade imaginária de uma nação
passa pela linguagem; é feita por ela.
Palavras-chave: Forma-sujeito. Discurso. Gramatização. Escola.
Brasil e Timor-Leste: espaços e caminhos diferentes
Através do projeto História das ideias linguísticas no Brasil, coordenado por Eni
Orlandi, demonstrou-se que no Brasil a língua portuguesa passa por vários momentos.
A respeito dessa periodização, alguns autores divergem, contudo achamos interessante
adotar a divisão feita por Guimarães (2004) e complementada por Zoppi Fontana
(2009), a respeito da gramatização da língua brasileira, qual seja:
Primeiro momento: da “descoberta” até o início da segunda metade do século XIX.
Nesse momento não há estudos sobre a língua portuguesa feitos no Brasil;
Segundo momento: do início da segunda metade do século XIX até o fim da década de
1930. Nesse momento temos a publicação das primeiras gramáticas feitas por autores
brasileiros, o debate entre autores brasileiros e portugueses sobre a língua e a criação da
Academia Brasileira de Letras.
1
Professor de Língua Portuguesa da EE. 29 de Novembro, em Tangará da Serra. Mestre em Linguística
pela Universidade do Estado de Mato Grosso. E-mail: ewertongindri@gmail.com
290
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
Terceiro momento: do fim dos anos 30 do século XX até a década de 1960. Para
demarcar esse momento Guimarães aponta para a criação dos cursos de Letras e para a
obrigatoriedade da linguística para estes.
Quarto momento: de meados de 1960 até hoje. Esse último momento é caracterizado
pela institucionalização da Linguística e o surgimento de cursos de graduação e pós-
graduação em linguística.
Zoppi Fontana aponta para o fato dessa periodização começar com a ausência
total de conhecimento metalinguístico produzido no Brasil e ir até sua
institucionalização através da linguística. Entretanto, a mesma autora acrescenta um
período que começaria nos anos de 1990 e estaria ainda hoje, em desenvolvimento, o da
transnacionalização do Português do Brasil. Nesse momento haveria uma preocupação
do Estado em projetar sua língua em novos espaços de enunciação. Dessa forma a
língua continua sendo a língua do Estado Brasileiro, porém ocupa novos espaços,
projeta-se para além das fronteiras nacionais. De acordo com Zoppi Fontana (2009)
a língua brasileira na sua dimensão transnacional é significada como
instrumento de penetração do Estado e Mercado brasileiros em
territórios para além de suas fronteiras nacionais. Não se trata,
portanto, de uma língua sem Estado (franca, global, veicular ou sem
fronteiras), mas da língua do Estado e da Nação brasileiros que
ultrapassa as fronteiras expandindo o seu espaço de enunciação. Uma
língua transnacional, portanto, definida pelos fortes laços de
identificação com a história e identidade nacionais, reformulados
pelos discursos de “internacionalização” e “mercantilização” que
deslocam o sentido da língua nacional.(Zoppi Fontana, 2009, p. 21-
22)
É notório que a língua acompanha o desenvolvimento da nação brasileira e de
seus cidadãos, pois saímos de um momento em que não só não tínhamos, em solo
brasileiro, a origem do conhecimento metalinguístico, principal característica do
processo de Gramatização, como também ainda não havia a institucionalização da
cidadania brasileira. No século XIX, temos um movimento que invoca para solo
brasileiro a autoria dos instrumentos linguísticos, que reforçaram a ideia de nação
291
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
autônoma. Devemos, entretanto, lembrar que Timor-Leste, embora também tenha sido
colônia de Portugal, tem uma história completamente diferente e que nessa ilha a língua
portuguesa percorre outros caminhos.
Situado ao oriente do arquipélago indonésio, Timor-Leste é parte da ilha de
Timor, que se divide em Timor-Leste e Timor-Oeste, este pertencente à Indonésia.
Timor-Leste possui uma área de 14.609 km² e cerca de 1,065 milhão de habitantes.
Organiza-se politicamente como uma república parlamentarista cuja capital é Díli.
Timor-Leste foi, desde o século XVI, colônia de Portugal, porém Timor-Leste
não recebeu, por parte da metrópole lusitana, investimentos significativos nas áreas de
urbanização ou qualquer outro tipo de infraestrutura, seja política ou cultural. A citação
de Duarte dá-nos a ideia de como era a ocupação portuguesa, em território timorense ao
final do século XIX.
Uma paliçada […] sem consistência nem condições defensivas de
valor, a uma casa para o oficial, outra para o sargento, e barracas para
cinco ou seis soldados europeus que constituíam a guarnição,
conjuntamente com dez ou quinze moradores ou soldados
[timorenses] de segunda linha. Não indo a sua ação além da área
contígua ao forte, todo o interior, sem um comando, sem um posto que
marcassem a soberania portuguesa, se encontrava entregue ao domínio
dos régulos dos respectivos reinos, com os quais o poder colonial fazia
alianças de circunstância. (DUARTE apud BETHENCOURT,1998:
203/204).
Essa situação pouco muda com a chegada do século XX, mesmo com o Acto
Colonial, em 1930. Nesse documento Portugal reafirma seu direito de colonizar e
centraliza as decisões ainda mais.
Em 1975, recém desmembrada de Portugal, a parte leste da ilha é invadida pelas
forças indonésias, que começam então um processo de destimorização. Durante o
período em que esteve sob dominação indonésia, Timor-Leste sofre um dos maiores
genocídios do século XX, ficando, proporcionalmente, atrás apenas do Holocausto
Nazista. No período de 1975 a 1999, Timor-Leste perde cerca de um terço de sua
população cruelmente assassinada. Torturas, violações e mortes passam a fazer parte da
rotina timorense, contudo há resistência. A resistência é finalmente ouvida pelo mundo,
culminando em um plebiscito que decide pela independência. Essa decisão resulta em
292
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
uma última e devastadora onda de ataques, organizados pelas forças indonésias e
praticados pelas milícias pró-anexação.
Com o território devastado, sem estrutura, sem apoio e com a alma dolorida
começa, em 1999, um movimento de (re)construção do país. Dentre as muitas decisões
que deviam ser tomadas, talvez uma das mais angustiantes fosse a língua da nova nação.
Como já mencionado, em Timor-Leste a participação da metrópole foi diferente
do caso brasileiro. Se no território brasileiro a língua portuguesa se difundiu do litoral
ao sertão em todas as classes sociais, de uma forma ou de outra, com exceções que não
impediram a governabilidade do estado brasileiro em língua portuguesa, em Timor-
Leste não foi assim. Na ilha asiática o ensino de português esteve sempre associado à
religião. O catolicismo administrou a educação formal em Timor-Leste, contudo essa
esteve durante a colonização portuguesa restrita a poucas regiões, nunca adentrando o
interior. Assim, e devido à política de alianças que Portugal desenvolveu com as
lideranças locais, em 1975, poucas pessoas falavam a língua portuguesa no interior do
país, ficando essa restrita às instituições governamentais e religiosas e aos poucos
letrados do país. A língua de uso corrente a época, e ainda hoje, dentre as várias faladas
no interior, é o Tétum.
Com a invasão indonésia, e a consequente tentativa de destimorização, o povo
foi obrigado a estudar e usar a língua de Jacarta, a Bahasa Indonésia. Uma vez que,
Jacarta considerava Timor-Leste parte de seu território, sua língua passa a ser a oficial.
O Tétum continua a ser tolerado, contudo a língua portuguesa foi proibida. Quem fosse
flagrado usando a língua portuguesa era punido severamente, podendo até mesmo ser
morto. Dessa forma em 1999, o português praticamente inexistia na vida da maioria dos
timorenses. Poucos dos que tinham nascido antes da ocupação indonésia ainda o
usavam, e aqueles que nasceram durante os 24 anos de ocupação, nem mesmo o
conheciam. Ainda hoje, é possível encontrar no interior do Timor-Leste pessoas que
nunca se quer ouviram a língua de Camões.
Devemos lembrar aqui as palavras de Orlandi, que nos diz
293
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
[...]na perspectiva discursiva, o sujeito, ao significar, se significa.
Desse modo é que podemos dizer que sujeito e sentido se constituem
ao mesmo tempo. Da mesma maneira é que vemos na construção da
língua nacional um paralelo dessa relação, de tal modo que podemos
dizer que na construção do imaginário social a história da constituição
da língua nacional está estruturalmente ligada à constituição da forma
histórica do sujeito sociopolítico, que se define assim na relação com a
formação do país, da nação, do Estado.
(Orlandi, 2002:21)
Por isso escolher a língua para o Estado que nascia era uma tarefa das mais
delicadas. Optou-se por duas línguas oficiais: o português, língua de colonização, e o
Tétum, língua local.
Ao escolher a língua portuguesa como língua de estado, Timor-Leste inscreve-se
naquilo que se convencionou chamar lusofonia. Com isso, Timor-Leste consegue, com
um só gesto, ligar-se a sua história e enunciar de dentro de um espaço econômico e
culturalmente promissor.
Escola e (re)construção nacional em Timor-Leste
Ao tomar o materialismo histórico como uma de suas bases, a Análise de
Discurso aceita o fato de que o real da história e o real do sujeito se constituem
mutuamente, através da linguagem, por isso podemos entender que os fatos históricos
ocorridos em Timor-Leste constituem acontecimentos discursivos dos quais emerge
uma forma sujeito ainda disforme. Interessante lembrarmos que para a AD o real da
história é justamente a contradição, aquilo que não é linearmente contado pelos registros
oficiais da história positivista, que não se fundamentará em biografias de grandes líderes
nem em arquivos institucionais, mas constituir-se-á na irregularidade das diversas
histórias, das muitas historicidades. Nessa perspectiva realçamos o fato de que um dos
nomes atribuído a recente história timorense é ‘o massacre que o mundo não viu’. Ora, é
justamente nesse quadro silenciado da história recente que encontramos uma das bases
da jovem nação timorense, a resistência.
Encontraremos o discurso da resistência, juntamente com o da reconstrução,
diversas vezes ligados à escolaridade. Essa relação discursiva em Timor-Leste que põe
294
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
discursos aparentemente distintos, resistência, reconstrução e escolarização, numa
mesma formação discursiva, mostra-nos claramente a ligação existente entre escola e
estado. Nesse caso, a jovem nação asiática passa a confiar à escola o papel de não
somente qualificar mão de obra, mas especialmente trabalhar as mentes e os corações
para a nova identidade.
É interessante lembrar nesse momento a reflexão feita por M. Pêcheux(1975) no
capítulo “sobre as condições ideológicas da reproduçãotransformação das relações de
produção”. Nesse texto, Pêcheux discorre sobre uma teoria materialista do discurso,
demonstrando que há no interior mesmo da produção econômica condições para uma
reproduçãotransformação.
Em uma sociedade dividida em classes e cujas condições de produção
pressupõem essa divisão, a reproduçãotransformação é contraditória, porém intrínseca.
Essa afirmação leva-nos a pensar a escola no interior da luta de classes e não apenas
como instrumento, como aparelho ideológico do estado, no sentido de estar sempre e
somente a serviço da reprodução da ideologia da classe dominante. Pêcheux,
concordando com Althusser, demonstra que os aparelhos ideológicos estão também
inseridos na luta de classe, sendo “pela instalação dos aparelhos ideológicos do Estado,
nos quais essa ideologia (a ideologia da classe dominante) é realizada e se realiza, que
ela se torna dominante”.
Podemos entender que a escola não é um simples reprodutor da ideologia da
classe dominante, mas trabalha para essa ideologia se tornar dominante, demonstrando
dessa forma a dinamicidade da luta de classes, que tem seu palco na própria
instrumentalização que interpela indivíduos em sujeitos. Contudo como esse aparelho
não é apenas arma, mas espaço, ocorre também a transformação dessa ideologia,
garantindo assim o caráter contraditório de todo o modo de produção que se baseia na
divisão de classes.
É nesse sentido que temos por parte do Estado a criação de Parâmetros e
Currículos nacionais para a educação, mas também encontramos nessa mesma
legislação, e aqui falamos exemplarmente da legislação brasileira, a garantia de
295
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
liberdade de pensamento e concepções pedagógicas. É isso que garante que se trabalhe a
base nacional, mas que essa seja complementada com peculiaridades regionais, ou que o
professor haja de maneira extremamente crítica diante do conteúdo. No caso brasileiro
poderíamos ainda citar o papel do movimento estudantil e das diversas associações de
profissionais da educação durante o regime militar. Embora estivessem sendo
fortemente censurados, sob diversas formas de silenciamento, conseguiram, de dentro
de um dos aparelhos ideológicos do estado, operar a transformação.
Essas transformações ocorrem, lembra-nos Pêcheux, no interior mesmo da
formação social capitalista. Pêcheux cita-nos o caso analisado por Althusser, o dos
sindicatos estarem contidos no conjunto dos aparelhos ideológicos do Estado no interior
da formação social capitalista garantindo o diálogo necessário à classe dominante. Por
paralelismo podemos dizer que as transformações ocorridas no interior da escola são
necessárias ao sistema capitalista, à classe dominante, pois indicamexecutam as
transformações necessárias. A necessidade aqui operará de duas formas, pois pode estar
relacionada às necessidades do proletariado, ou às necessidades da classe dominante
para manter-se no poder. Dessa segunda operação surgem discursos potencialmente
aceitos pelo proletariado, mas que garantem a manutenção do status quo.
No mesmo texto citado acima, Pêcheux(2009) lembra que “seria absurdo pensar
que, numa conjuntura dada, todos os aparelhos ideológicos de Estado contribuem de
maneira igual para a reprodução das relações de produção e para sua transformação”
(Pêcheux, 2009:131). Assim é que podemos explicar a diferença entre as “regiões”, ou
seja, dependerá do estado da luta de classes e das especializações dessas “regiões”, em
política, religião, educação, etc., o papel desempenhado por cada um dos aparelhos
ideológicos. Em determinados momentos da história, entendendo aqui a história com a
história da luta de classes que em suas contradições fundantes espera para ser
significada, alguns dos aparelhos ideológicos de Estado encontram-se em notório
desacordo, como, por exemplo, ciência e religião no renascimento. Por isso
Compreende-se, então, por que em sua materialidade concreta, a instância
ideológica existe sob a forma de formações ideológicas (referidas aos
aparelhos ideológicos de Estado), que, ao mesmo tempo, possuem um
296
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
caráter “regional” e comportam posições de classe: os “objetos” ideológicos
são sempre fornecidos ao mesmo tempo que a “maneira de se servir deles” –
seu “sentido”, isto é, sua orientação, ou seja, os interesses de classe aos quais
eles servem - , o que se pode comentar dizendo que as ideologias práticas
são práticas de classe (de luta de classes) na Ideologia. (Pêcheux, 1975: 132)
Assim sendo, podemos perceber que nesse momento da história de Timor-Leste
a escola encontra-se profundamente comprometida com a causa da (re)construção
nacional, tanto em seu aspecto material, quanto de seu imaginário de nação. Como visto
acima, o sistema educacional de Timor-Leste quase inexistia durante a colonização,
uma vez que durante a colonização de Timor-Leste Portugal fez o que parece ter sido
sua prática desde o século XV, confiou à Igreja Católica Apostólica Romana essa tarefa,
vindo a desempenhar um papel mais específico e governamental durante a ocupação
pela Indonésia, já que o governo de Jacarta manteve o sistema educacional sob controle,
e de certa forma até o fortaleceu. Obviamente para usá-lo como arma ideológica,
procurando desenvolver na parte leste da ilha uma identidade indonésia, a partir da
língua.
É interessante observarmos alguns enxertos de uma matéria veiculada no site
governamental timorense, para percebermos o papel atribuído à escola, e/ou educação,
na (re)construção timorense. Ao falar sobre a administração escolar, o ministro da
educação cita o fato “de a administração escolar pressupor uma filosofia e política que a
orientam de acordo com a prioridade estabelecida para a educação tendo em conta a
contextualização dos problemas educacionais na realidade”2
. Percebamos que nas
palavras atribuídas ao ministro a administração escolar tem uma função pressuposta,
algo que não entra em questão. Portanto, para o governo, o papel da escola, a partir de
seus gestores, é claro: atender as prioridades elencadas de acordo com os problemas
educacionais contextuais.
Os enunciados significam diferentemente, mesmo quando mantém entre si
relações parafrásticas. Ao falar do enunciado “on a gagne” (“ganhamos”), Pêcheux
2
ME fala sobre administração e gestão escolar, disponível em url: http://timor-
leste.gov.tl?lang=pt&p=5851
297
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
pergunta: “ganhamos o quê, como e por quê?”. Essa pergunta se deve ao fato de ser esse
um enunciado extremamente opaco, assim também entendemos “problemas
educacionais na realidade”. A que problemas estaria o ministro se referindo, problemas
de quem, de que natureza? O enunciado trabalha no sentido de naturalizar os sentidos,
de forma a parecer que todos sabem a que problemas o ministro se refere, e em que
realidade. Lembramos aqui, que conforme Pêcheux (Pêcheux, 1975:146) “o caráter
material do sentido – mascarado por sua evidência transparente para o sujeito – consiste
na sua dependência constitutiva daquilo que chamamos ‘o todo complexo das
formações ideológicas’.”
Durante a reportagem, fala-se sobre o papel da gestão escolar. Na enumeração
do que se espera da gestão escolar surge um elemento que parece destoar, vejamos: “O
objectivo da administração escolar é educar as crianças, os jovens e os adultos, e não os
envolve só a eles, mas também os pais, os mestres, os funcionários, a comunidade e os
interesses nacionais.”. Dentre os objetivos da administração escolar aparece o fato deles
envolverem os “interesses nacionais”, a esse respeito vale lembrar que o discurso é uma
prática, e que, portanto podemos encontrar discursos diferentes, presentes em um
mesmo enunciado, compondo uma mesma formação discursiva, inclusa em uma
formação ideológica dada. Exemplo disso são os diferentes corpora que formam o que
Mariani chamou de “colonização linguística”.
Em outro parágrafo a relação entre escola e sociedade volta a ser reafirmada,
agora de maneira explicita, ao dizer-se que “os estabelecimentos de Ensino Básico são
unidades sociais, organismos dinâmicos e caracterizam-se por uma série de relações
entre os elementos que nela interferem, directa ou indirectamente”. Ao caracterizar a
escola como uma unidade social, o enunciado faz clara a expectativa, por parte do
governo, de administrar a sociedade, de fazê-la se construir de acordo com suas ideias,
sua ideologia.
Na relação entre governo e escola no Timor-Leste, embora possa alguém
argumentar sobre a obviedade de se afirmar essa relação, percebemos uma relação que
continua a ser autoritária, continuamos a ter um Estado arguindo sobre a formação dos
298
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
sujeitos, contudo essa relação é significada diferentemente de que em países com
democracias mais amadurecidas e história recente menos conturbada. Em Timor-Leste a
relação que se estabelece é a de construção, a de necessidade e libertação. O discurso de
resistência se apodera do lugar institucional, fazendo com que os aparelhos de estado
sejam pensados numa perspectiva de resistência.
Não é o caso de um diálogo entre o capital e o proletariado, mas de uma
mudança no poder, uma tentativa de haver uma variação da Forma de Produção
Capitalista. Não iremos aqui analisar esse fato, contudo as discursividades que se
encontram presentes nessas práticas parecem indicar uma alteração na natureza do
capitalismo existente. Pêcheux (2011) nos lembra da possibilidade de se dividir a FPC
em dois caminhos diferentes e que
Uma série de divisões nas formas político-juridicas (Estado “mínimo”
democrático/ Estado “forte” com uma “sociedade burguesa” (société
civile); direito processual jurídico não-codificado de tipo anglo-
americano/direito regimental codificado, por exemplo, de tipo europeu
etc.) e nas formas ideológicas da submissão dos indivíduos,
corresponde a essa divisão estrutural no interior da história da FPC –
entre um percurso de desenvolvimento por meio da luta contra o
absolutismo autoritário e um percurso de um desenvolvimento por
meio da fusão com esse absolutismo. (Pêcheux, 2011: 109)
Outro fato interessante é o lema dado à política do setor, “Construir o nosso País
e a nossa Nação com uma Educação de Qualidade”. Nesse enunciado temos novamente
a presença do verbo “construir”, que denota agentividade, necessitando ser
complementado pela pergunta “construir o quê?”. Nesse caso a resposta é ainda mais
reveladora, pois pretende-se: construir o país e a nação. Para muitos país e nação são
sinônimos, contudo nesse caso estão significando distintamente, país fala do Estado e
nação da forma sujeito timorense. Esse processo geralmente fica naturalizado na
expressão “Estado-Nação”, mas aqui aflora em sua distinção fundante, e revela a
confiança que deposita na escola, para com um trabalho de linguagem significar tanto
um quanto outro.
Orlandi (2002) fala sobre a ideia de cidadão e da necessidade de um projeto para
que se realize. Acreditamos que Timor-Leste, devido a sua história recente é um bom
laboratório para um analista que queira acompanhar esse projeto, pois nele o Estado está
299
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
trabalhando abertamente na construção, para usar o verbo dos enunciados acima, de
uma identidade nacional. O fator de unificação dessa identidade são as marcas deixadas
pela opressão, quando nos referimos às gerações atuais, contudo faz-se necessário um
elemento que una as novas gerações e a língua mostra-se com esse potencial. Por isso
Orlandi adverte-nos: “Não esqueçamos de que, do ponto de vista em que nos
colocamos: a) a identidade é um movimento na história e b) o Estado, a Língua, a
Sociedade, a Cultura se constituem de uma diversidade concreta, mas se representam
em uma unidade imaginária” (Orlandi, 2002: 216).
Essa unidade imaginária passa pelo apagamento das diferenças, em um processo
que do ponto de vista linguístico representa o esquecimento de muitas línguas e mesmo
a morte de seus falantes. Outro fator a ser lembrado é que a construção do estado passa
hoje, inevitavelmente, pela urbanidade. A cidade é o espaço próprio do capitalismo,
mesmo que não se restrinja a ele. É na cidade que o Mercado tem sua significação, onde
encontra sua perpetuação, por isso o Estado também constrói a unidade imaginária
através de um aparelho essencialmente urbano3
, a escola.
Exemplar dessa ligação da escola com a urbanidade é a dificuldade de se pensar
uma escola “do campo”. Os educadores ligados à área defendem que o que temos na
maioria das vezes são escolas “no campo”, que não representam o modo de vida
campesino, e tendem a fazer com que os jovens filhos do campo, deixem sua cultura e
espaço para buscar nas cidades a complementação de seus estudos, e muitas vezes o
mínimo de qualidade para eles.
Outro exemplo a ser resgatado, à guisa de argumentação, é a educação escolar
indígena. Embora possuidora de legislação própria que lhe garante a liberdade de
manterem-se as tradições e modos próprios de educação, algumas populações pensam
em enviar seus filhos à cidade, ou reivindicam uma “escola de branco” nas aldeias, para
que suas futuras gerações tenham maiores chances na cidade.
Contudo “a escola significa como significa porque está onde está, ou seja, faz
parte da cidade. Esse é um forte componente de suas condições de produção: ela pratica
3
Não desconhecemos a discussão que distingue cidade de urbanidade, contudo nesse trabalho os termos
serão usados de forma a representar o mesmo espaço.
300
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
a urbanidade” (Orlandi, 2002: 250). O fato de praticar a urbanidade acarreta o
apagamento de culturas que não sejam as urbanas, ou como segue dizendo Orlandi
(2002)
A cidade [...] tomada pelo processo de verticalização indistingue o
“socius” (associado) do “hostis” (inimigo) e passa a ser urbanizada
num movimento de reconhecimento e apagamento das diferenças,
agora hierarquizadas, silenciando as dificuldades e as distintas
relações que povoam a cidade, o público, no reconhecimento ou
apagamento do “outro”, da sociabilidade, da civilidade, da cidadania.
Na indistinção entre o “socius” e o “hostis”, o que distingue é
justamente a verticalização das relações sociais
(dominador/dominado) em um confronto político que produz a
exclusão, a marginalidade. [...] E a escola vai fazer parte desse espaço
recortado por hierarquizações verticais: quem estuda, onde? (Orlandi,
2002: 250/251)
Encontram-se na escola o Estado e a Nação, significados pela linguagem e
autorizados pela ciência, em um processo de construção da forma sujeito, idealizada
para um Timor Leste soberano, com um território próprio, uma urbanidade e um povo,
todos em processo contínuo de significação, no qual a língua portuguesa, e a escola,
desempenham papel fundamental.
Considerações finais
A construção de uma unidade imaginária de uma nação passa pela linguagem, é
feita por ela. Em Timor-Leste temos a oportunidade de compreendermos como o estado
e a escola em um processo de significação trabalham para, através da língua nacional,
construir uma forma sujeito timorense. O discurso de resistência, bem como o anseio de
inserir a jovem nação em um espaço de desenvolvimento e aceitação mundial, fez com
que a língua portuguesa (língua do colonizador) fosse escolhida como oficial, em
detrimento da Bahasa Indonésia, que já era falada e ensinada, e ainda o é, nas cidades
do país.
Diante desse painel, poderíamos perguntar qual será o papel do Estado Brasileiro
na construção dos sentidos da forma sujeito timorense, lembrando-se dos acordos de
cooperação educacional firmados entre os dois países? Considerando que a escola é
também um lugar de resistência, quais os deslizamentos de sentido que estão ocorrendo
301
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
durante essa tentativa de construção da forma sujeito? Que sentidos ficam da língua de
Jacarta na forma sujeito timorense, já que a língua tem memória na/da língua? Com
certeza esses são alguns dos vários questionamentos que ficam dessa breve reflexão, e
que devem ser analisados levando-se em conta a discursividade.
Referências
AUROUX, Sylvain. A revolução tecnológica da gramatização. Tradução Eni Orlandi. 2
ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2009.
BETHENCOURT, F.; CHAUDHURI, K. (Dir.). História da expansão portuguesa.
Lisboa: Círculo de Leitores, 1998. v. 4
GUIMARÃES, Eduardo. História da Semântica. Sujeito, sentido e gramática no Brasil.
Campinas: Pontes, 2004.
MARIANI, Bethania. Colonização lingüística; línguas, política e religião (Brasil, sécs.
XVI a XVIII e Estados Unidos da América, século XVIII). Campinas, Pontes, 2004.
ORLANDI, Eni P.. Língua e conhecimento lingüístico; para uma história das idéias no
Brasil. São Paulo, Cortez, 2002.
______. Política Linguística no Brasil, Eni Orlandi (org). Campinas, São Paulo: Pontes
Editores, 2007.
PÊCHEUX & FUCHS. A propósito da Análise Automática de Discurso: atualização e
perspectivas (1975) in: GADET, F.; HAK, T. (Orgs.). Por uma análise automática do
discurso. Uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Editora da
UNICAMP, 1997.
PÊCHEUX, Michel. Análise de Discurso: Michel Pêcheux Textos selecionados: Eni
P. Orlandi – 2ª Ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2011.
_______________. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio/ Michel
Pêcheux; tradução: Eni Puccinelli Orlandi et al. – 4a
ed. – Campinas, SP: Editora da
Unicamp, 2009.
ZOPPI FONTANA, Mónica Graciela (org.). O português do Brasil como língua
transnacional. Campinas, Editora RG, 2009.
302
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS
ISSN 19838018
Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários
Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02
http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos
Webgrafia:
Ciências & Letras. Porto Alegre, n. 48, p. 175-194, jul./dez. 2010. Disponível em:
<http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>.
http://timor-leste.gov.tl?lang=pt&p=5851.
EFFETS DE LA SENS DE L'INSTITUTION ÉCOLE (RE)CONSTRUCTION DE
TIMOR-LESTE
RÉSUMÉ
Au cours de l'histoire d'une langue dans un espace d'énonciation déterminé, des phénomènes
uniques se produisent, des faits qui ne seront pas répétés ailleurs, puisque pour chaque espace il
y aura une historicité, une histoire différente, car l'histoire a envie d’être interprété. C'est ainsi
que dans l'Analyse du Discours nous avons notre mémoire qui fait de chaque langue unique.
C'est aussi pour cette raison là que nous pouvons parler d’une langue brésilienne, parce que au
Brésil la langue de Camões, s’est revêtue de nos sens à nous, les brésiliens. Dorénavant, et en
prenant l'Analyse du Discours de la ligne française, nous souhaitons observer dans ce texte des
caractéristiques du présent moment de la grammatisation de la langue portugaise au Timor-
Leste et le rôle de l'école dans ce phénomène là, ainsi que dans la construction d'une forme-sujet
Timorais, vu que la construction de l'unité imaginaire d'une nation passe par le langage, est fait
par elle.
Most-clés: Forme-sujet. Discours. Grammatisation. École.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

O multilinguismo em Moçambique e as questões de interpretação forense: a (in)...
O multilinguismo em Moçambique e as questões de interpretação forense: a (in)...O multilinguismo em Moçambique e as questões de interpretação forense: a (in)...
O multilinguismo em Moçambique e as questões de interpretação forense: a (in)...Alexandre António Timbane
 
Power point portugues no mundo tema 5 tic
Power point portugues no mundo tema 5 ticPower point portugues no mundo tema 5 tic
Power point portugues no mundo tema 5 ticNatalia Alcubo
 
Língua Portuguesa - Introdução
Língua Portuguesa - IntroduçãoLíngua Portuguesa - Introdução
Língua Portuguesa - Introduçãoannave
 
Etnolinguismo luso africano na formação do brasil
Etnolinguismo luso africano na formação do brasilEtnolinguismo luso africano na formação do brasil
Etnolinguismo luso africano na formação do brasilhistoriapucgoias
 
Lusofonia
LusofoniaLusofonia
Lusofoniaeb23ja
 
A História da Língua Portuguesa
A História da Língua PortuguesaA História da Língua Portuguesa
A História da Língua PortuguesaLarissa Oliveira
 
ufcd_6657_Diversidade linguística e cultural
ufcd_6657_Diversidade linguística e culturalufcd_6657_Diversidade linguística e cultural
ufcd_6657_Diversidade linguística e culturalManuais Formação
 
Variação linguística de são paulo
Variação linguística de são pauloVariação linguística de são paulo
Variação linguística de são pauloNeil Azevedo
 
Apostila de língua portuguesa profa. ilka mota
Apostila de língua portuguesa profa. ilka motaApostila de língua portuguesa profa. ilka mota
Apostila de língua portuguesa profa. ilka motaJowandreo Paixão
 
Sociedade, ideologia e língua(s)
Sociedade, ideologia e língua(s)Sociedade, ideologia e língua(s)
Sociedade, ideologia e língua(s)fromgaliza
 
Apresentação do slide vocábulos africanos
Apresentação do slide   vocábulos africanosApresentação do slide   vocábulos africanos
Apresentação do slide vocábulos africanosAline Vieira da Silva
 
Defesa de mestrado apresentação
Defesa de mestrado apresentaçãoDefesa de mestrado apresentação
Defesa de mestrado apresentaçãoErivelto Teixeira
 

Mais procurados (20)

O multilinguismo em Moçambique e as questões de interpretação forense: a (in)...
O multilinguismo em Moçambique e as questões de interpretação forense: a (in)...O multilinguismo em Moçambique e as questões de interpretação forense: a (in)...
O multilinguismo em Moçambique e as questões de interpretação forense: a (in)...
 
Power point portugues no mundo tema 5 tic
Power point portugues no mundo tema 5 ticPower point portugues no mundo tema 5 tic
Power point portugues no mundo tema 5 tic
 
Língua Portuguesa - Introdução
Língua Portuguesa - IntroduçãoLíngua Portuguesa - Introdução
Língua Portuguesa - Introdução
 
Língua pdf
Língua pdfLíngua pdf
Língua pdf
 
Lusofonia
LusofoniaLusofonia
Lusofonia
 
Lusofonia
LusofoniaLusofonia
Lusofonia
 
Lusofonía (por Jéssica)
Lusofonía (por Jéssica)Lusofonía (por Jéssica)
Lusofonía (por Jéssica)
 
Lusofonia
Lusofonia Lusofonia
Lusofonia
 
Ouvinte(2)
Ouvinte(2)Ouvinte(2)
Ouvinte(2)
 
Etnolinguismo luso africano na formação do brasil
Etnolinguismo luso africano na formação do brasilEtnolinguismo luso africano na formação do brasil
Etnolinguismo luso africano na formação do brasil
 
Lusofonia
LusofoniaLusofonia
Lusofonia
 
Portugal – o que nos define
Portugal – o que nos definePortugal – o que nos define
Portugal – o que nos define
 
Portugal – o que nos define
Portugal – o que nos definePortugal – o que nos define
Portugal – o que nos define
 
A História da Língua Portuguesa
A História da Língua PortuguesaA História da Língua Portuguesa
A História da Língua Portuguesa
 
ufcd_6657_Diversidade linguística e cultural
ufcd_6657_Diversidade linguística e culturalufcd_6657_Diversidade linguística e cultural
ufcd_6657_Diversidade linguística e cultural
 
Variação linguística de são paulo
Variação linguística de são pauloVariação linguística de são paulo
Variação linguística de são paulo
 
Apostila de língua portuguesa profa. ilka mota
Apostila de língua portuguesa profa. ilka motaApostila de língua portuguesa profa. ilka mota
Apostila de língua portuguesa profa. ilka mota
 
Sociedade, ideologia e língua(s)
Sociedade, ideologia e língua(s)Sociedade, ideologia e língua(s)
Sociedade, ideologia e língua(s)
 
Apresentação do slide vocábulos africanos
Apresentação do slide   vocábulos africanosApresentação do slide   vocábulos africanos
Apresentação do slide vocábulos africanos
 
Defesa de mestrado apresentação
Defesa de mestrado apresentaçãoDefesa de mestrado apresentação
Defesa de mestrado apresentação
 

Semelhante a Rev. norteamentos

A origem da Língua Portuguesa-Latim clássico e vulgar
A origem da Língua Portuguesa-Latim clássico e vulgarA origem da Língua Portuguesa-Latim clássico e vulgar
A origem da Língua Portuguesa-Latim clássico e vulgarGildmaFerreiraGalvao
 
História da língua portuguesa e lusofonia..ppt
História da língua portuguesa e lusofonia..pptHistória da língua portuguesa e lusofonia..ppt
História da língua portuguesa e lusofonia..pptEzequielSanveca1
 
A resistência linguística do crioulo brasileiro
A resistência linguística do crioulo brasileiroA resistência linguística do crioulo brasileiro
A resistência linguística do crioulo brasileiroshfigueiredo
 
Influencia africana no_portugues_do_brasil - renato mendonça
Influencia africana no_portugues_do_brasil - renato mendonçaInfluencia africana no_portugues_do_brasil - renato mendonça
Influencia africana no_portugues_do_brasil - renato mendonçaDaniel Torquato
 
Aspectos de história da língua portuguesa no enem
Aspectos de história da língua portuguesa no enemAspectos de história da língua portuguesa no enem
Aspectos de história da língua portuguesa no enemma.no.el.ne.ves
 
A influência dos estrangeirismos
A influência dos estrangeirismosA influência dos estrangeirismos
A influência dos estrangeirismosboine2015
 
Lula e variação letra magna 2009
Lula e variação   letra magna 2009Lula e variação   letra magna 2009
Lula e variação letra magna 2009UENP
 
Países que falam o português
Países que falam o portuguêsPaíses que falam o português
Países que falam o portuguêsGinna Violet
 
Origem e formação da língua portuguesa
Origem e formação da língua portuguesaOrigem e formação da língua portuguesa
Origem e formação da língua portuguesaUniversidade Pedagogica
 
A mitologia do preconceito linguístico final
A mitologia do preconceito linguístico finalA mitologia do preconceito linguístico final
A mitologia do preconceito linguístico finalAdriana Rocha de Jesus
 
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptxROSAMONTEIROMARQUES
 
A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guin...
A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guin...A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guin...
A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guin...REVISTANJINGAESEPE
 
sec-ii-variac387c383o-linguc38dstica.pptx
sec-ii-variac387c383o-linguc38dstica.pptxsec-ii-variac387c383o-linguc38dstica.pptx
sec-ii-variac387c383o-linguc38dstica.pptxirmaosbatista2023
 

Semelhante a Rev. norteamentos (20)

Lusofonia
Lusofonia Lusofonia
Lusofonia
 
Texto linguistica
Texto linguisticaTexto linguistica
Texto linguistica
 
Timor leste 1d
Timor leste 1dTimor leste 1d
Timor leste 1d
 
Língua Portuguesa
Língua PortuguesaLíngua Portuguesa
Língua Portuguesa
 
A origem da Língua Portuguesa-Latim clássico e vulgar
A origem da Língua Portuguesa-Latim clássico e vulgarA origem da Língua Portuguesa-Latim clássico e vulgar
A origem da Língua Portuguesa-Latim clássico e vulgar
 
História da língua portuguesa e lusofonia..ppt
História da língua portuguesa e lusofonia..pptHistória da língua portuguesa e lusofonia..ppt
História da língua portuguesa e lusofonia..ppt
 
A resistência linguística do crioulo brasileiro
A resistência linguística do crioulo brasileiroA resistência linguística do crioulo brasileiro
A resistência linguística do crioulo brasileiro
 
Influencia africana no_portugues_do_brasil - renato mendonça
Influencia africana no_portugues_do_brasil - renato mendonçaInfluencia africana no_portugues_do_brasil - renato mendonça
Influencia africana no_portugues_do_brasil - renato mendonça
 
Línguas Românicas contemporâneas
Línguas Românicas contemporâneas Línguas Românicas contemporâneas
Línguas Românicas contemporâneas
 
Aspectos de história da língua portuguesa no enem
Aspectos de história da língua portuguesa no enemAspectos de história da língua portuguesa no enem
Aspectos de história da língua portuguesa no enem
 
A influência dos estrangeirismos
A influência dos estrangeirismosA influência dos estrangeirismos
A influência dos estrangeirismos
 
Lula e variação letra magna 2009
Lula e variação   letra magna 2009Lula e variação   letra magna 2009
Lula e variação letra magna 2009
 
Países que falam o português
Países que falam o portuguêsPaíses que falam o português
Países que falam o português
 
Origem e formação da língua portuguesa
Origem e formação da língua portuguesaOrigem e formação da língua portuguesa
Origem e formação da língua portuguesa
 
A mitologia do preconceito linguístico final
A mitologia do preconceito linguístico finalA mitologia do preconceito linguístico final
A mitologia do preconceito linguístico final
 
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
_Aula 02 - Língua Portuguesa.pptx
 
A lingua portuguesa
A lingua portuguesaA lingua portuguesa
A lingua portuguesa
 
A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guin...
A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guin...A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guin...
A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guin...
 
sec-ii-variac387c383o-linguc38dstica.pptx
sec-ii-variac387c383o-linguc38dstica.pptxsec-ii-variac387c383o-linguc38dstica.pptx
sec-ii-variac387c383o-linguc38dstica.pptx
 
Marquilhas kiel
Marquilhas kielMarquilhas kiel
Marquilhas kiel
 

Mais de Ewerton Gindri

O campo semântico e a relação entre formas e sentidos
O campo semântico e a relação entre formas e sentidosO campo semântico e a relação entre formas e sentidos
O campo semântico e a relação entre formas e sentidosEwerton Gindri
 
Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem
Elementos da Comunicação e Funções da LinguagemElementos da Comunicação e Funções da Linguagem
Elementos da Comunicação e Funções da LinguagemEwerton Gindri
 
Escritas do romance na pós-modernidade
Escritas do romance na pós-modernidadeEscritas do romance na pós-modernidade
Escritas do romance na pós-modernidadeEwerton Gindri
 
Pré modernismo – aula 01
Pré modernismo – aula 01Pré modernismo – aula 01
Pré modernismo – aula 01Ewerton Gindri
 
O gênero textual crônica
O gênero textual crônicaO gênero textual crônica
O gênero textual crônicaEwerton Gindri
 
A ética do gênero humano
A ética do gênero humanoA ética do gênero humano
A ética do gênero humanoEwerton Gindri
 
Contos para o ensino médio
Contos para o ensino médioContos para o ensino médio
Contos para o ensino médioEwerton Gindri
 
Questões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literário Questões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literário Ewerton Gindri
 
Questões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literárioQuestões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literárioEwerton Gindri
 
Questões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literárioQuestões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literárioEwerton Gindri
 
Resumão de língua portuguesa 2º ano
Resumão de língua portuguesa   2º anoResumão de língua portuguesa   2º ano
Resumão de língua portuguesa 2º anoEwerton Gindri
 
Condições de produção e circulação
Condições de produção e circulaçãoCondições de produção e circulação
Condições de produção e circulaçãoEwerton Gindri
 
Aspecto social da comunicação
Aspecto social da comunicaçãoAspecto social da comunicação
Aspecto social da comunicaçãoEwerton Gindri
 
Ética das emoções e do desejo
Ética das emoções e do desejoÉtica das emoções e do desejo
Ética das emoções e do desejoEwerton Gindri
 
Breve estudo sobre paráfrase e discurso
Breve estudo sobre paráfrase e discursoBreve estudo sobre paráfrase e discurso
Breve estudo sobre paráfrase e discursoEwerton Gindri
 
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluidoA pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluidoEwerton Gindri
 
C:\Documents And Settings\Ewerton\Desktop\Planejamento Educacional E Ppp
C:\Documents And Settings\Ewerton\Desktop\Planejamento Educacional E PppC:\Documents And Settings\Ewerton\Desktop\Planejamento Educacional E Ppp
C:\Documents And Settings\Ewerton\Desktop\Planejamento Educacional E PppEwerton Gindri
 

Mais de Ewerton Gindri (20)

O campo semântico e a relação entre formas e sentidos
O campo semântico e a relação entre formas e sentidosO campo semântico e a relação entre formas e sentidos
O campo semântico e a relação entre formas e sentidos
 
Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem
Elementos da Comunicação e Funções da LinguagemElementos da Comunicação e Funções da Linguagem
Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem
 
Escritas do romance na pós-modernidade
Escritas do romance na pós-modernidadeEscritas do romance na pós-modernidade
Escritas do romance na pós-modernidade
 
Pré modernismo – aula 01
Pré modernismo – aula 01Pré modernismo – aula 01
Pré modernismo – aula 01
 
O conto literário
O conto literárioO conto literário
O conto literário
 
O gênero textual crônica
O gênero textual crônicaO gênero textual crônica
O gênero textual crônica
 
A ética do gênero humano
A ética do gênero humanoA ética do gênero humano
A ética do gênero humano
 
Contos para o ensino médio
Contos para o ensino médioContos para o ensino médio
Contos para o ensino médio
 
Questões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literário Questões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literário
 
Questões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literárioQuestões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literário
 
Questões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literárioQuestões sobre o realismo literário
Questões sobre o realismo literário
 
Resumão de língua portuguesa 2º ano
Resumão de língua portuguesa   2º anoResumão de língua portuguesa   2º ano
Resumão de língua portuguesa 2º ano
 
Condições de produção e circulação
Condições de produção e circulaçãoCondições de produção e circulação
Condições de produção e circulação
 
O que é cultura
O que é culturaO que é cultura
O que é cultura
 
Imagem empresarial
Imagem empresarialImagem empresarial
Imagem empresarial
 
Aspecto social da comunicação
Aspecto social da comunicaçãoAspecto social da comunicação
Aspecto social da comunicação
 
Ética das emoções e do desejo
Ética das emoções e do desejoÉtica das emoções e do desejo
Ética das emoções e do desejo
 
Breve estudo sobre paráfrase e discurso
Breve estudo sobre paráfrase e discursoBreve estudo sobre paráfrase e discurso
Breve estudo sobre paráfrase e discurso
 
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluidoA pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
A pós modernidade e a forma-sujeito-fluido
 
C:\Documents And Settings\Ewerton\Desktop\Planejamento Educacional E Ppp
C:\Documents And Settings\Ewerton\Desktop\Planejamento Educacional E PppC:\Documents And Settings\Ewerton\Desktop\Planejamento Educacional E Ppp
C:\Documents And Settings\Ewerton\Desktop\Planejamento Educacional E Ppp
 

Último

Cartilha 1º Ano Alfabetização _ 1º Ano Ensino Fundamental
Cartilha 1º Ano Alfabetização _ 1º Ano Ensino FundamentalCartilha 1º Ano Alfabetização _ 1º Ano Ensino Fundamental
Cartilha 1º Ano Alfabetização _ 1º Ano Ensino Fundamentalgeone480617
 
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...Martin M Flynn
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfIedaGoethe
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
Geometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdfGeometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdf
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdfDemetrio Ccesa Rayme
 
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptxSlides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Noções de Orçamento Público AFO - CNU - Aula 1 - Alunos.pdf
Noções de Orçamento Público AFO - CNU - Aula 1 - Alunos.pdfNoções de Orçamento Público AFO - CNU - Aula 1 - Alunos.pdf
Noções de Orçamento Público AFO - CNU - Aula 1 - Alunos.pdfdottoor
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfErasmo Portavoz
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfAnaGonalves804156
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAlexandreFrana33
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosAntnyoAllysson
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 anoAdelmaTorres2
 
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaA Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaFernanda Ledesma
 
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOVALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOBiatrizGomes1
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?MrciaRocha48
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxSlide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxconcelhovdragons
 

Último (20)

Cartilha 1º Ano Alfabetização _ 1º Ano Ensino Fundamental
Cartilha 1º Ano Alfabetização _ 1º Ano Ensino FundamentalCartilha 1º Ano Alfabetização _ 1º Ano Ensino Fundamental
Cartilha 1º Ano Alfabetização _ 1º Ano Ensino Fundamental
 
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
 
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
Geometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdfGeometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdf
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
 
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptxSlides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
 
Noções de Orçamento Público AFO - CNU - Aula 1 - Alunos.pdf
Noções de Orçamento Público AFO - CNU - Aula 1 - Alunos.pdfNoções de Orçamento Público AFO - CNU - Aula 1 - Alunos.pdf
Noções de Orçamento Público AFO - CNU - Aula 1 - Alunos.pdf
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
 
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaA Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
 
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOVALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
Empreendedorismo: O que é ser empreendedor?
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxSlide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
 

Rev. norteamentos

  • 1. 289 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos EFEITOS DE SENTIDO DA INSTITUIÇÃO ESCOLA NA (RE)CONSTRUÇÃO DE TIMOR-LESTE Ewerton Rezer Gindri1 RESUMO Durante a história de uma língua em determinado espaço de enunciação ocorrem fenômenos únicos, fatos que não irão se repetir em outro lugar, pois para cada espaço haverá uma historicidade, uma história diferente, já que a história anseia por ser interpretada. Dessa forma é que em Análise de Discurso temos uma memória que faz de cada língua única. É também por isso que podemos falar em uma língua brasileira, pois no Brasil o idioma de Camões revestiu-se de sentidos nossos, brasileiros. Partindo desse ponto, e tomando a Análise de Discurso de linha Francesa, é que queremos nesse texto observar traços do momento atual da Gramatização da língua portuguesa em Timor-Leste e o papel da escola nesse fenômeno e também na construção de uma forma-sujeito timorense, uma vez que a construção da unidade imaginária de uma nação passa pela linguagem; é feita por ela. Palavras-chave: Forma-sujeito. Discurso. Gramatização. Escola. Brasil e Timor-Leste: espaços e caminhos diferentes Através do projeto História das ideias linguísticas no Brasil, coordenado por Eni Orlandi, demonstrou-se que no Brasil a língua portuguesa passa por vários momentos. A respeito dessa periodização, alguns autores divergem, contudo achamos interessante adotar a divisão feita por Guimarães (2004) e complementada por Zoppi Fontana (2009), a respeito da gramatização da língua brasileira, qual seja: Primeiro momento: da “descoberta” até o início da segunda metade do século XIX. Nesse momento não há estudos sobre a língua portuguesa feitos no Brasil; Segundo momento: do início da segunda metade do século XIX até o fim da década de 1930. Nesse momento temos a publicação das primeiras gramáticas feitas por autores brasileiros, o debate entre autores brasileiros e portugueses sobre a língua e a criação da Academia Brasileira de Letras. 1 Professor de Língua Portuguesa da EE. 29 de Novembro, em Tangará da Serra. Mestre em Linguística pela Universidade do Estado de Mato Grosso. E-mail: ewertongindri@gmail.com
  • 2. 290 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos Terceiro momento: do fim dos anos 30 do século XX até a década de 1960. Para demarcar esse momento Guimarães aponta para a criação dos cursos de Letras e para a obrigatoriedade da linguística para estes. Quarto momento: de meados de 1960 até hoje. Esse último momento é caracterizado pela institucionalização da Linguística e o surgimento de cursos de graduação e pós- graduação em linguística. Zoppi Fontana aponta para o fato dessa periodização começar com a ausência total de conhecimento metalinguístico produzido no Brasil e ir até sua institucionalização através da linguística. Entretanto, a mesma autora acrescenta um período que começaria nos anos de 1990 e estaria ainda hoje, em desenvolvimento, o da transnacionalização do Português do Brasil. Nesse momento haveria uma preocupação do Estado em projetar sua língua em novos espaços de enunciação. Dessa forma a língua continua sendo a língua do Estado Brasileiro, porém ocupa novos espaços, projeta-se para além das fronteiras nacionais. De acordo com Zoppi Fontana (2009) a língua brasileira na sua dimensão transnacional é significada como instrumento de penetração do Estado e Mercado brasileiros em territórios para além de suas fronteiras nacionais. Não se trata, portanto, de uma língua sem Estado (franca, global, veicular ou sem fronteiras), mas da língua do Estado e da Nação brasileiros que ultrapassa as fronteiras expandindo o seu espaço de enunciação. Uma língua transnacional, portanto, definida pelos fortes laços de identificação com a história e identidade nacionais, reformulados pelos discursos de “internacionalização” e “mercantilização” que deslocam o sentido da língua nacional.(Zoppi Fontana, 2009, p. 21- 22) É notório que a língua acompanha o desenvolvimento da nação brasileira e de seus cidadãos, pois saímos de um momento em que não só não tínhamos, em solo brasileiro, a origem do conhecimento metalinguístico, principal característica do processo de Gramatização, como também ainda não havia a institucionalização da cidadania brasileira. No século XIX, temos um movimento que invoca para solo brasileiro a autoria dos instrumentos linguísticos, que reforçaram a ideia de nação
  • 3. 291 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos autônoma. Devemos, entretanto, lembrar que Timor-Leste, embora também tenha sido colônia de Portugal, tem uma história completamente diferente e que nessa ilha a língua portuguesa percorre outros caminhos. Situado ao oriente do arquipélago indonésio, Timor-Leste é parte da ilha de Timor, que se divide em Timor-Leste e Timor-Oeste, este pertencente à Indonésia. Timor-Leste possui uma área de 14.609 km² e cerca de 1,065 milhão de habitantes. Organiza-se politicamente como uma república parlamentarista cuja capital é Díli. Timor-Leste foi, desde o século XVI, colônia de Portugal, porém Timor-Leste não recebeu, por parte da metrópole lusitana, investimentos significativos nas áreas de urbanização ou qualquer outro tipo de infraestrutura, seja política ou cultural. A citação de Duarte dá-nos a ideia de como era a ocupação portuguesa, em território timorense ao final do século XIX. Uma paliçada […] sem consistência nem condições defensivas de valor, a uma casa para o oficial, outra para o sargento, e barracas para cinco ou seis soldados europeus que constituíam a guarnição, conjuntamente com dez ou quinze moradores ou soldados [timorenses] de segunda linha. Não indo a sua ação além da área contígua ao forte, todo o interior, sem um comando, sem um posto que marcassem a soberania portuguesa, se encontrava entregue ao domínio dos régulos dos respectivos reinos, com os quais o poder colonial fazia alianças de circunstância. (DUARTE apud BETHENCOURT,1998: 203/204). Essa situação pouco muda com a chegada do século XX, mesmo com o Acto Colonial, em 1930. Nesse documento Portugal reafirma seu direito de colonizar e centraliza as decisões ainda mais. Em 1975, recém desmembrada de Portugal, a parte leste da ilha é invadida pelas forças indonésias, que começam então um processo de destimorização. Durante o período em que esteve sob dominação indonésia, Timor-Leste sofre um dos maiores genocídios do século XX, ficando, proporcionalmente, atrás apenas do Holocausto Nazista. No período de 1975 a 1999, Timor-Leste perde cerca de um terço de sua população cruelmente assassinada. Torturas, violações e mortes passam a fazer parte da rotina timorense, contudo há resistência. A resistência é finalmente ouvida pelo mundo, culminando em um plebiscito que decide pela independência. Essa decisão resulta em
  • 4. 292 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos uma última e devastadora onda de ataques, organizados pelas forças indonésias e praticados pelas milícias pró-anexação. Com o território devastado, sem estrutura, sem apoio e com a alma dolorida começa, em 1999, um movimento de (re)construção do país. Dentre as muitas decisões que deviam ser tomadas, talvez uma das mais angustiantes fosse a língua da nova nação. Como já mencionado, em Timor-Leste a participação da metrópole foi diferente do caso brasileiro. Se no território brasileiro a língua portuguesa se difundiu do litoral ao sertão em todas as classes sociais, de uma forma ou de outra, com exceções que não impediram a governabilidade do estado brasileiro em língua portuguesa, em Timor- Leste não foi assim. Na ilha asiática o ensino de português esteve sempre associado à religião. O catolicismo administrou a educação formal em Timor-Leste, contudo essa esteve durante a colonização portuguesa restrita a poucas regiões, nunca adentrando o interior. Assim, e devido à política de alianças que Portugal desenvolveu com as lideranças locais, em 1975, poucas pessoas falavam a língua portuguesa no interior do país, ficando essa restrita às instituições governamentais e religiosas e aos poucos letrados do país. A língua de uso corrente a época, e ainda hoje, dentre as várias faladas no interior, é o Tétum. Com a invasão indonésia, e a consequente tentativa de destimorização, o povo foi obrigado a estudar e usar a língua de Jacarta, a Bahasa Indonésia. Uma vez que, Jacarta considerava Timor-Leste parte de seu território, sua língua passa a ser a oficial. O Tétum continua a ser tolerado, contudo a língua portuguesa foi proibida. Quem fosse flagrado usando a língua portuguesa era punido severamente, podendo até mesmo ser morto. Dessa forma em 1999, o português praticamente inexistia na vida da maioria dos timorenses. Poucos dos que tinham nascido antes da ocupação indonésia ainda o usavam, e aqueles que nasceram durante os 24 anos de ocupação, nem mesmo o conheciam. Ainda hoje, é possível encontrar no interior do Timor-Leste pessoas que nunca se quer ouviram a língua de Camões. Devemos lembrar aqui as palavras de Orlandi, que nos diz
  • 5. 293 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos [...]na perspectiva discursiva, o sujeito, ao significar, se significa. Desse modo é que podemos dizer que sujeito e sentido se constituem ao mesmo tempo. Da mesma maneira é que vemos na construção da língua nacional um paralelo dessa relação, de tal modo que podemos dizer que na construção do imaginário social a história da constituição da língua nacional está estruturalmente ligada à constituição da forma histórica do sujeito sociopolítico, que se define assim na relação com a formação do país, da nação, do Estado. (Orlandi, 2002:21) Por isso escolher a língua para o Estado que nascia era uma tarefa das mais delicadas. Optou-se por duas línguas oficiais: o português, língua de colonização, e o Tétum, língua local. Ao escolher a língua portuguesa como língua de estado, Timor-Leste inscreve-se naquilo que se convencionou chamar lusofonia. Com isso, Timor-Leste consegue, com um só gesto, ligar-se a sua história e enunciar de dentro de um espaço econômico e culturalmente promissor. Escola e (re)construção nacional em Timor-Leste Ao tomar o materialismo histórico como uma de suas bases, a Análise de Discurso aceita o fato de que o real da história e o real do sujeito se constituem mutuamente, através da linguagem, por isso podemos entender que os fatos históricos ocorridos em Timor-Leste constituem acontecimentos discursivos dos quais emerge uma forma sujeito ainda disforme. Interessante lembrarmos que para a AD o real da história é justamente a contradição, aquilo que não é linearmente contado pelos registros oficiais da história positivista, que não se fundamentará em biografias de grandes líderes nem em arquivos institucionais, mas constituir-se-á na irregularidade das diversas histórias, das muitas historicidades. Nessa perspectiva realçamos o fato de que um dos nomes atribuído a recente história timorense é ‘o massacre que o mundo não viu’. Ora, é justamente nesse quadro silenciado da história recente que encontramos uma das bases da jovem nação timorense, a resistência. Encontraremos o discurso da resistência, juntamente com o da reconstrução, diversas vezes ligados à escolaridade. Essa relação discursiva em Timor-Leste que põe
  • 6. 294 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos discursos aparentemente distintos, resistência, reconstrução e escolarização, numa mesma formação discursiva, mostra-nos claramente a ligação existente entre escola e estado. Nesse caso, a jovem nação asiática passa a confiar à escola o papel de não somente qualificar mão de obra, mas especialmente trabalhar as mentes e os corações para a nova identidade. É interessante lembrar nesse momento a reflexão feita por M. Pêcheux(1975) no capítulo “sobre as condições ideológicas da reproduçãotransformação das relações de produção”. Nesse texto, Pêcheux discorre sobre uma teoria materialista do discurso, demonstrando que há no interior mesmo da produção econômica condições para uma reproduçãotransformação. Em uma sociedade dividida em classes e cujas condições de produção pressupõem essa divisão, a reproduçãotransformação é contraditória, porém intrínseca. Essa afirmação leva-nos a pensar a escola no interior da luta de classes e não apenas como instrumento, como aparelho ideológico do estado, no sentido de estar sempre e somente a serviço da reprodução da ideologia da classe dominante. Pêcheux, concordando com Althusser, demonstra que os aparelhos ideológicos estão também inseridos na luta de classe, sendo “pela instalação dos aparelhos ideológicos do Estado, nos quais essa ideologia (a ideologia da classe dominante) é realizada e se realiza, que ela se torna dominante”. Podemos entender que a escola não é um simples reprodutor da ideologia da classe dominante, mas trabalha para essa ideologia se tornar dominante, demonstrando dessa forma a dinamicidade da luta de classes, que tem seu palco na própria instrumentalização que interpela indivíduos em sujeitos. Contudo como esse aparelho não é apenas arma, mas espaço, ocorre também a transformação dessa ideologia, garantindo assim o caráter contraditório de todo o modo de produção que se baseia na divisão de classes. É nesse sentido que temos por parte do Estado a criação de Parâmetros e Currículos nacionais para a educação, mas também encontramos nessa mesma legislação, e aqui falamos exemplarmente da legislação brasileira, a garantia de
  • 7. 295 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos liberdade de pensamento e concepções pedagógicas. É isso que garante que se trabalhe a base nacional, mas que essa seja complementada com peculiaridades regionais, ou que o professor haja de maneira extremamente crítica diante do conteúdo. No caso brasileiro poderíamos ainda citar o papel do movimento estudantil e das diversas associações de profissionais da educação durante o regime militar. Embora estivessem sendo fortemente censurados, sob diversas formas de silenciamento, conseguiram, de dentro de um dos aparelhos ideológicos do estado, operar a transformação. Essas transformações ocorrem, lembra-nos Pêcheux, no interior mesmo da formação social capitalista. Pêcheux cita-nos o caso analisado por Althusser, o dos sindicatos estarem contidos no conjunto dos aparelhos ideológicos do Estado no interior da formação social capitalista garantindo o diálogo necessário à classe dominante. Por paralelismo podemos dizer que as transformações ocorridas no interior da escola são necessárias ao sistema capitalista, à classe dominante, pois indicamexecutam as transformações necessárias. A necessidade aqui operará de duas formas, pois pode estar relacionada às necessidades do proletariado, ou às necessidades da classe dominante para manter-se no poder. Dessa segunda operação surgem discursos potencialmente aceitos pelo proletariado, mas que garantem a manutenção do status quo. No mesmo texto citado acima, Pêcheux(2009) lembra que “seria absurdo pensar que, numa conjuntura dada, todos os aparelhos ideológicos de Estado contribuem de maneira igual para a reprodução das relações de produção e para sua transformação” (Pêcheux, 2009:131). Assim é que podemos explicar a diferença entre as “regiões”, ou seja, dependerá do estado da luta de classes e das especializações dessas “regiões”, em política, religião, educação, etc., o papel desempenhado por cada um dos aparelhos ideológicos. Em determinados momentos da história, entendendo aqui a história com a história da luta de classes que em suas contradições fundantes espera para ser significada, alguns dos aparelhos ideológicos de Estado encontram-se em notório desacordo, como, por exemplo, ciência e religião no renascimento. Por isso Compreende-se, então, por que em sua materialidade concreta, a instância ideológica existe sob a forma de formações ideológicas (referidas aos aparelhos ideológicos de Estado), que, ao mesmo tempo, possuem um
  • 8. 296 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos caráter “regional” e comportam posições de classe: os “objetos” ideológicos são sempre fornecidos ao mesmo tempo que a “maneira de se servir deles” – seu “sentido”, isto é, sua orientação, ou seja, os interesses de classe aos quais eles servem - , o que se pode comentar dizendo que as ideologias práticas são práticas de classe (de luta de classes) na Ideologia. (Pêcheux, 1975: 132) Assim sendo, podemos perceber que nesse momento da história de Timor-Leste a escola encontra-se profundamente comprometida com a causa da (re)construção nacional, tanto em seu aspecto material, quanto de seu imaginário de nação. Como visto acima, o sistema educacional de Timor-Leste quase inexistia durante a colonização, uma vez que durante a colonização de Timor-Leste Portugal fez o que parece ter sido sua prática desde o século XV, confiou à Igreja Católica Apostólica Romana essa tarefa, vindo a desempenhar um papel mais específico e governamental durante a ocupação pela Indonésia, já que o governo de Jacarta manteve o sistema educacional sob controle, e de certa forma até o fortaleceu. Obviamente para usá-lo como arma ideológica, procurando desenvolver na parte leste da ilha uma identidade indonésia, a partir da língua. É interessante observarmos alguns enxertos de uma matéria veiculada no site governamental timorense, para percebermos o papel atribuído à escola, e/ou educação, na (re)construção timorense. Ao falar sobre a administração escolar, o ministro da educação cita o fato “de a administração escolar pressupor uma filosofia e política que a orientam de acordo com a prioridade estabelecida para a educação tendo em conta a contextualização dos problemas educacionais na realidade”2 . Percebamos que nas palavras atribuídas ao ministro a administração escolar tem uma função pressuposta, algo que não entra em questão. Portanto, para o governo, o papel da escola, a partir de seus gestores, é claro: atender as prioridades elencadas de acordo com os problemas educacionais contextuais. Os enunciados significam diferentemente, mesmo quando mantém entre si relações parafrásticas. Ao falar do enunciado “on a gagne” (“ganhamos”), Pêcheux 2 ME fala sobre administração e gestão escolar, disponível em url: http://timor- leste.gov.tl?lang=pt&p=5851
  • 9. 297 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos pergunta: “ganhamos o quê, como e por quê?”. Essa pergunta se deve ao fato de ser esse um enunciado extremamente opaco, assim também entendemos “problemas educacionais na realidade”. A que problemas estaria o ministro se referindo, problemas de quem, de que natureza? O enunciado trabalha no sentido de naturalizar os sentidos, de forma a parecer que todos sabem a que problemas o ministro se refere, e em que realidade. Lembramos aqui, que conforme Pêcheux (Pêcheux, 1975:146) “o caráter material do sentido – mascarado por sua evidência transparente para o sujeito – consiste na sua dependência constitutiva daquilo que chamamos ‘o todo complexo das formações ideológicas’.” Durante a reportagem, fala-se sobre o papel da gestão escolar. Na enumeração do que se espera da gestão escolar surge um elemento que parece destoar, vejamos: “O objectivo da administração escolar é educar as crianças, os jovens e os adultos, e não os envolve só a eles, mas também os pais, os mestres, os funcionários, a comunidade e os interesses nacionais.”. Dentre os objetivos da administração escolar aparece o fato deles envolverem os “interesses nacionais”, a esse respeito vale lembrar que o discurso é uma prática, e que, portanto podemos encontrar discursos diferentes, presentes em um mesmo enunciado, compondo uma mesma formação discursiva, inclusa em uma formação ideológica dada. Exemplo disso são os diferentes corpora que formam o que Mariani chamou de “colonização linguística”. Em outro parágrafo a relação entre escola e sociedade volta a ser reafirmada, agora de maneira explicita, ao dizer-se que “os estabelecimentos de Ensino Básico são unidades sociais, organismos dinâmicos e caracterizam-se por uma série de relações entre os elementos que nela interferem, directa ou indirectamente”. Ao caracterizar a escola como uma unidade social, o enunciado faz clara a expectativa, por parte do governo, de administrar a sociedade, de fazê-la se construir de acordo com suas ideias, sua ideologia. Na relação entre governo e escola no Timor-Leste, embora possa alguém argumentar sobre a obviedade de se afirmar essa relação, percebemos uma relação que continua a ser autoritária, continuamos a ter um Estado arguindo sobre a formação dos
  • 10. 298 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos sujeitos, contudo essa relação é significada diferentemente de que em países com democracias mais amadurecidas e história recente menos conturbada. Em Timor-Leste a relação que se estabelece é a de construção, a de necessidade e libertação. O discurso de resistência se apodera do lugar institucional, fazendo com que os aparelhos de estado sejam pensados numa perspectiva de resistência. Não é o caso de um diálogo entre o capital e o proletariado, mas de uma mudança no poder, uma tentativa de haver uma variação da Forma de Produção Capitalista. Não iremos aqui analisar esse fato, contudo as discursividades que se encontram presentes nessas práticas parecem indicar uma alteração na natureza do capitalismo existente. Pêcheux (2011) nos lembra da possibilidade de se dividir a FPC em dois caminhos diferentes e que Uma série de divisões nas formas político-juridicas (Estado “mínimo” democrático/ Estado “forte” com uma “sociedade burguesa” (société civile); direito processual jurídico não-codificado de tipo anglo- americano/direito regimental codificado, por exemplo, de tipo europeu etc.) e nas formas ideológicas da submissão dos indivíduos, corresponde a essa divisão estrutural no interior da história da FPC – entre um percurso de desenvolvimento por meio da luta contra o absolutismo autoritário e um percurso de um desenvolvimento por meio da fusão com esse absolutismo. (Pêcheux, 2011: 109) Outro fato interessante é o lema dado à política do setor, “Construir o nosso País e a nossa Nação com uma Educação de Qualidade”. Nesse enunciado temos novamente a presença do verbo “construir”, que denota agentividade, necessitando ser complementado pela pergunta “construir o quê?”. Nesse caso a resposta é ainda mais reveladora, pois pretende-se: construir o país e a nação. Para muitos país e nação são sinônimos, contudo nesse caso estão significando distintamente, país fala do Estado e nação da forma sujeito timorense. Esse processo geralmente fica naturalizado na expressão “Estado-Nação”, mas aqui aflora em sua distinção fundante, e revela a confiança que deposita na escola, para com um trabalho de linguagem significar tanto um quanto outro. Orlandi (2002) fala sobre a ideia de cidadão e da necessidade de um projeto para que se realize. Acreditamos que Timor-Leste, devido a sua história recente é um bom laboratório para um analista que queira acompanhar esse projeto, pois nele o Estado está
  • 11. 299 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos trabalhando abertamente na construção, para usar o verbo dos enunciados acima, de uma identidade nacional. O fator de unificação dessa identidade são as marcas deixadas pela opressão, quando nos referimos às gerações atuais, contudo faz-se necessário um elemento que una as novas gerações e a língua mostra-se com esse potencial. Por isso Orlandi adverte-nos: “Não esqueçamos de que, do ponto de vista em que nos colocamos: a) a identidade é um movimento na história e b) o Estado, a Língua, a Sociedade, a Cultura se constituem de uma diversidade concreta, mas se representam em uma unidade imaginária” (Orlandi, 2002: 216). Essa unidade imaginária passa pelo apagamento das diferenças, em um processo que do ponto de vista linguístico representa o esquecimento de muitas línguas e mesmo a morte de seus falantes. Outro fator a ser lembrado é que a construção do estado passa hoje, inevitavelmente, pela urbanidade. A cidade é o espaço próprio do capitalismo, mesmo que não se restrinja a ele. É na cidade que o Mercado tem sua significação, onde encontra sua perpetuação, por isso o Estado também constrói a unidade imaginária através de um aparelho essencialmente urbano3 , a escola. Exemplar dessa ligação da escola com a urbanidade é a dificuldade de se pensar uma escola “do campo”. Os educadores ligados à área defendem que o que temos na maioria das vezes são escolas “no campo”, que não representam o modo de vida campesino, e tendem a fazer com que os jovens filhos do campo, deixem sua cultura e espaço para buscar nas cidades a complementação de seus estudos, e muitas vezes o mínimo de qualidade para eles. Outro exemplo a ser resgatado, à guisa de argumentação, é a educação escolar indígena. Embora possuidora de legislação própria que lhe garante a liberdade de manterem-se as tradições e modos próprios de educação, algumas populações pensam em enviar seus filhos à cidade, ou reivindicam uma “escola de branco” nas aldeias, para que suas futuras gerações tenham maiores chances na cidade. Contudo “a escola significa como significa porque está onde está, ou seja, faz parte da cidade. Esse é um forte componente de suas condições de produção: ela pratica 3 Não desconhecemos a discussão que distingue cidade de urbanidade, contudo nesse trabalho os termos serão usados de forma a representar o mesmo espaço.
  • 12. 300 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos a urbanidade” (Orlandi, 2002: 250). O fato de praticar a urbanidade acarreta o apagamento de culturas que não sejam as urbanas, ou como segue dizendo Orlandi (2002) A cidade [...] tomada pelo processo de verticalização indistingue o “socius” (associado) do “hostis” (inimigo) e passa a ser urbanizada num movimento de reconhecimento e apagamento das diferenças, agora hierarquizadas, silenciando as dificuldades e as distintas relações que povoam a cidade, o público, no reconhecimento ou apagamento do “outro”, da sociabilidade, da civilidade, da cidadania. Na indistinção entre o “socius” e o “hostis”, o que distingue é justamente a verticalização das relações sociais (dominador/dominado) em um confronto político que produz a exclusão, a marginalidade. [...] E a escola vai fazer parte desse espaço recortado por hierarquizações verticais: quem estuda, onde? (Orlandi, 2002: 250/251) Encontram-se na escola o Estado e a Nação, significados pela linguagem e autorizados pela ciência, em um processo de construção da forma sujeito, idealizada para um Timor Leste soberano, com um território próprio, uma urbanidade e um povo, todos em processo contínuo de significação, no qual a língua portuguesa, e a escola, desempenham papel fundamental. Considerações finais A construção de uma unidade imaginária de uma nação passa pela linguagem, é feita por ela. Em Timor-Leste temos a oportunidade de compreendermos como o estado e a escola em um processo de significação trabalham para, através da língua nacional, construir uma forma sujeito timorense. O discurso de resistência, bem como o anseio de inserir a jovem nação em um espaço de desenvolvimento e aceitação mundial, fez com que a língua portuguesa (língua do colonizador) fosse escolhida como oficial, em detrimento da Bahasa Indonésia, que já era falada e ensinada, e ainda o é, nas cidades do país. Diante desse painel, poderíamos perguntar qual será o papel do Estado Brasileiro na construção dos sentidos da forma sujeito timorense, lembrando-se dos acordos de cooperação educacional firmados entre os dois países? Considerando que a escola é também um lugar de resistência, quais os deslizamentos de sentido que estão ocorrendo
  • 13. 301 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos durante essa tentativa de construção da forma sujeito? Que sentidos ficam da língua de Jacarta na forma sujeito timorense, já que a língua tem memória na/da língua? Com certeza esses são alguns dos vários questionamentos que ficam dessa breve reflexão, e que devem ser analisados levando-se em conta a discursividade. Referências AUROUX, Sylvain. A revolução tecnológica da gramatização. Tradução Eni Orlandi. 2 ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2009. BETHENCOURT, F.; CHAUDHURI, K. (Dir.). História da expansão portuguesa. Lisboa: Círculo de Leitores, 1998. v. 4 GUIMARÃES, Eduardo. História da Semântica. Sujeito, sentido e gramática no Brasil. Campinas: Pontes, 2004. MARIANI, Bethania. Colonização lingüística; línguas, política e religião (Brasil, sécs. XVI a XVIII e Estados Unidos da América, século XVIII). Campinas, Pontes, 2004. ORLANDI, Eni P.. Língua e conhecimento lingüístico; para uma história das idéias no Brasil. São Paulo, Cortez, 2002. ______. Política Linguística no Brasil, Eni Orlandi (org). Campinas, São Paulo: Pontes Editores, 2007. PÊCHEUX & FUCHS. A propósito da Análise Automática de Discurso: atualização e perspectivas (1975) in: GADET, F.; HAK, T. (Orgs.). Por uma análise automática do discurso. Uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Editora da UNICAMP, 1997. PÊCHEUX, Michel. Análise de Discurso: Michel Pêcheux Textos selecionados: Eni P. Orlandi – 2ª Ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2011. _______________. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio/ Michel Pêcheux; tradução: Eni Puccinelli Orlandi et al. – 4a ed. – Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009. ZOPPI FONTANA, Mónica Graciela (org.). O português do Brasil como língua transnacional. Campinas, Editora RG, 2009.
  • 14. 302 REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS ISSN 19838018 Revista de Letras Norte@mentos – Revista de Estudos Linguísticos e Literários Edição 12 – Estudos Linguísticos 2013/02 http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/norteamentos Webgrafia: Ciências & Letras. Porto Alegre, n. 48, p. 175-194, jul./dez. 2010. Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>. http://timor-leste.gov.tl?lang=pt&p=5851. EFFETS DE LA SENS DE L'INSTITUTION ÉCOLE (RE)CONSTRUCTION DE TIMOR-LESTE RÉSUMÉ Au cours de l'histoire d'une langue dans un espace d'énonciation déterminé, des phénomènes uniques se produisent, des faits qui ne seront pas répétés ailleurs, puisque pour chaque espace il y aura une historicité, une histoire différente, car l'histoire a envie d’être interprété. C'est ainsi que dans l'Analyse du Discours nous avons notre mémoire qui fait de chaque langue unique. C'est aussi pour cette raison là que nous pouvons parler d’une langue brésilienne, parce que au Brésil la langue de Camões, s’est revêtue de nos sens à nous, les brésiliens. Dorénavant, et en prenant l'Analyse du Discours de la ligne française, nous souhaitons observer dans ce texte des caractéristiques du présent moment de la grammatisation de la langue portugaise au Timor- Leste et le rôle de l'école dans ce phénomène là, ainsi que dans la construction d'une forme-sujet Timorais, vu que la construction de l'unité imaginaire d'une nation passe par le langage, est fait par elle. Most-clés: Forme-sujet. Discours. Grammatisation. École.