O documento descreve o Renascimento na Europa entre os séculos XV e XVI, caracterizado pelo surgimento de uma nova mentalidade centrada no Homem. Os principais valores desta época foram o antropocentrismo, individualismo, classicismo, naturalismo, experiencialismo e espírito crítico. A arte renascentista floresceu na Itália e se espalhou pela Europa, influenciando pintura, escultura, arquitetura e literatura.
O renascimento e a formação da mentalidade moderna
1. O Renascimento e a
formação da mentalidade
moderna
Séculos XV e XVI
2. Localização espácio temporal
O Renascimento
nasceu em Itália;
A partir de Itália
expandiu-se para o
resto da Europa;
Vigorou entre os
séculos XV e XVI.
3. Por quê em Itália?
Porque Itália reunia algumas condições favoráveis:
- A Itália estava dividida em vários estados e
alguns deles eram muito ricos e prósperos;
- Alguns desses estados rivalizavam entre si;
- Havia muitos mecenas (homens ricos que
ajudavam os artistas);
- Havia inúmeros vestígios da arte greco-
romana e bibliotecas com cópias de
manuscritos da Antiguidade.
4. A difusão do Renascimento
A rápida difusão
das ideias do
renascimento
deveu-se a uma
preciosa invenção
do alemão
Gutenberg, a
imprensa (século
XV).
5. Descobrir o Mundo… descobrir o Homem
No século XV, os Descobrimentos tornaram
possível o conhecimento de novas terras, novos
povos, novas culturas.
6. À medida que descobria
novos mundos, o Homem
descobria-se a si próprio.
Assim se formou uma
nova mentalidade com o
Homem no centro do
mundo e das
preocupações humanas: o
antropocentrismo
substituiu o teocentrismo.
7. Antropocentrismo
O Homem passou a estar no centro do Universo e das
preocupações humanas. Tudo é feito à medida do
Homem, para o bem-estar do Homem e para a sua
valorização.
Os novos valores do Renascimento
Deus escolheu o Homem […] e,
colocando-o no centro do Mundo disse-
lhe: […]. És tu que segundo os teus
desejos e o teu discernimento, podes
escolher […].
Pico della Mirandola, Sobre a dignidade do
Homem, 1486
8. Coloquei-te no centro do Mundo para que,
daí, pudesses facilmente observar as coisas.
[…] És tu que, pela tua livre vontade, podes
escolher o teu próprio modelo e a forma de te
realizares. Pela tua vontade, poderás descer às
formas degradadas da vida, que são animais.
Pela tua vontade, conseguirás alcançar as
formas mais elevadas que são divinas.
Pico della Mirandola, Sobre a dignidade do
Homem, 1486
Individualismo
O Homem tem capacidade para escolher e decidir por si
próprio, para pensar por si próprio e passa a valorizar-se
e a acreditar nas suas capacidades.
9. Classicismo
Gosto pela cultura clássica: pelas línguas grega e latina,
pelos pensadores clássicos, pela arte e literatura
clássica, pelos valores clássicos que valorizam o
Homem.
No nosso tempo, todas as matérias nos
interessam. Aprendemos grego (sem o
qual ninguém se pode considerar sábio),
hebraico e latim. Considero indispensável
que aprendas estas línguas.
Rabelais, Cartas de Gargântua
a Pantagruel, 1534
10. Naturalismo
Interesse pelo estudo da Natureza física e humana em
todos os seus aspectos.
[…]. Quanto à Natureza, quero que a estudes
cuidadosamente: deves conhecer os peixes que
enchem os mares e as aves que voam nos céus; as
árvores de todas as florestas e as ervas de todos os
campos; os metais ocultos no ventre da Terra e as
pedras preciosas de todos os continentes.
[…] Depois, mais cuidadosamente ainda, estuda os
livros dos médicos gregos, árabes e latinos […] e
através da prática da anatomia, procura conhecer esse
outro mundo que é o homem.
Rabelais, Cartas de Gargântua a Pantagruel, 1534
11. Experiencialismo
Necessidade de comprovar pela observação e pela
experiência qualquer facto antes de o aceitar como
válido; valorização do aspecto prático do conhecimento.
Nunca os nossos antepassados […]
imaginaram que viria o tempo em que o
Ocidente conheceria o Oriente como agora
conhece. Os escritores antigos escreveram
sobre isso tantas fábulas que se pensava
ser impossível navegar até ao Oriente. […]
Como a experiência é a mãe de todas as
coisas, por ela soubemos radicalmente a
verdade.
Duarte Pacheco Pereira, Esmeraldo de Situ
Orbis, 1505
12. Espírito crítico
O Homem passa a pensar por si próprio, a questionar a
sociedade e o mundo que o rodeia, em vez de o aceitar
como um dado adquirido. Até o saber tradicional passa
a ser questionado.
Se alguém julgar que falo com mais atrevimento do
que verdade, venha inspeccionar comigo as vidas
humanas […]. Este mete no ventre tudo quanto ganha,
poucos dias depois, passa fome. Aquele não vê a
felicidade senão no sono e no ócio. […] Os
negociantes mentem, roubam, defraudam, enganam e
consideram-se pessoas muito importantes, porque
andam com os dedos cheios de anéis de ouro. […]
Erasmo de Roterdão, Elogio da Loucura, 1511
13. Em síntese…
Os valores do
Renascimento são:
* Antropocentrismo
* Individualismo
* Classicismo
* Naturalismo
* Experiencialismo
* Espírito crítico
O Homem do
Renascimento
era um Homem
com uma nova
mentalidade,
curioso, crítico,
multifacetado.
14. Alargamento da compreensão da Natureza
Desejo insaciável por saber a verdade;
Satisfazer a curiosidade;
Explicar as contradições e insuficiências do saber antigo.
- Atitude crítica face à realidade;
- Todo o conhecimento deverá ser confirmado
pela razão, pela observação e pela
experiência.
Mentalidade racionalista
15. Levou ao desenvolvimento de várias
ciências:
• Anatomia
• Astronomia
• Cartografia
• Botânica
• Zoologia
• Geografia
• Farmacopeia
16. Produção literária humanista
Picco de la Mirandola
Baltasar Castiglione
Nicolau Maquiavel
Boccaccio
Leonardo da Vinci
Miguel Angelo
Buonarroti
Sobre a dignidade
do Homem
O Cortesão
O Príncipe
Decameron
Monalisa, A última
Ceia (os seus
trabalhos escritos só
foram publicados na
actualidade)
Tecto da Capela
Sistina (Vaticano),
cúpula da Igreja de
Stª Maria das Flores
(Florença), Pietà,
David…
Literatura
Literatura
Tratados de política
Literatura
Pintura, arquitectura,
escultura, física,
anatomia...
“
Itália
17. Produção literária humanista
França
Rabelais
Países Baixos
Erasmo de
Roterdão
Inglaterra
Thomas More
William
Shakespeare
Espanha
Miguel de
Cervantes
Literatura
Crítica social
Literatura
Literatura, crítica
social
Teatro, poesia
Romance de
cavalaria
Gargântua e
Pantagruel
Elogio da Loucura
Utopia
Romeu e Julieta,
Hamlet, Rei Lear,
Macbeth, Henrique
V…
D. Quixote
18. Produção literária humanista
Luís Vaz de
Camões
Fernão Mendes
Pinto
Garcia de Orta
João de Barros
Duarte Pacheco
Pereira
António Ferreira
Pedro Nunes
Damião de Góis
Garcia de Resende
Gabriel Pereira
André de Resende
Os Lusíadas, Éclogas e
Canções, Sonetos...
Peregrinação
Os Colóquios dos
Simples e Drogas da
Índia
Roteiros da Ásia
Esmeraldo de Situ Orbis
A Castro
(inventou o NÓNIO, foi
matemático e
astrónomo)
(embaixador em vários
países da Europa e
feitor em Antuérpia,
conheceu Erasmo e
Lutero...)
Cancioneiro
….
Poesia épica e lírica
Literatura de viagens
Tratados de medicina e
farmacopeia
Literatura de viagens
“
Teatro
Matemática,
Astronomia...
Crítica social
Correspondência
Literatura (poesia)
Portugal
19. A arte renascentista
Dois grandes focos da arte renascentista em
Itália:
- Florença (século XV)
- Roma (século XVI)
Sob o mecenato dos
Médicis
Sob o mecenato dos Papas
20. Arquitectura
Grande precursor: Brunelleschi;
Inspiração: arquitectura clássica – Classicismo
Tipo de edifícios: - Igrejas
- Palácios
- Bibliotecas
- Hospitais
- Arcadas
- Fontes
Ordem
Proporção
Elementos estruturais e decorativos
21. Características da arquitectura
Horizontalidade
(definida pelos
frisos, pelas cornijas
e balaustradas);
Simetria (equilíbrio,
proporção,
harmonia);Basílica de S. Pedro, Vaticano, Roma
22. Elementos
estruturais: colunas
ou pilastras das
ordens clássicas
(coríntia e
compósita), abóbada
de berço, arco de
volta perfeita, frontão
triangular ou
semicircular, tirantes
de metal, cúpula,
aletas.
23. Igreja da Graça, Évora
Aleta
Frontão
triangular
Friso
Arco de
volta
perfeita
Abóbada de
berço
Cornija
Balaustrada
Pilastra
24. Elementos
decorativos:
frontões por cima
de portas e
janelas,
balaustradas,
cornijas,
decoração
naturalista
(conchas, florões,
grinaldas de
flores).
25. Pintura
Grandes inovações
Flandres
Descoberta da pintura a óleo
(atribuída a Van Eyck).
Contribui para dar à
composição mais vivacidade,
mais brilho, maior durabilidade.
Flandres
Itália
Dois grandes focos de pintura
Uma grande
inovação
26. Itália (várias inovações)
Aplicação da lei da
perspectiva à pintura,
o que permite:
- criar a ilusão de
profundidade/
tridimensionalidade;
- dar à composição um
aspecto de total
equilíbrio (distribuição
ordenada das formas).
Outra grande
inovação
27. Técnica do “sfumato”,
provavelmente atribuída a
da Vinci: confere à pintura
um aspecto mais suave
na transição da cor
escura para a cor clara;
Técnica do “modelato”:
consiste na aplicação de
camadas muito finas de
tinta, que se vão
sobrepondo sobre a
mesma superfície,
produzindo um efeito de
brilho e transparência.
Leonardo da Vinci, A Virgem
com o Menino e Santa Ana
28. Características da pintura
Naturalismo (presença de
elementos naturais: paisagem,
árvores, rios, rochedos…);
Racionalismo (a composição
parece enquadrar-se num
esquema geométrico,
geralmente uma pirâmide ou
triângulo);
Equilíbrio (distribuição
equilibrada das formas, dos
volumes);
Aplicação da lei da perspectiva
(profundidade);
Presença de elementos
arquitectónicos (pontes, arcos,
edifícios…).
Rafael, Madona no prado, 1505
29. Van Eyck, A Virgem e o Chanceler Rolin, 1485
Da Vinci, A Virgem dos Rochedos, 1506
32. O retrato
Inicialmente:
- Busto tendo como
fundo uma janela ou
uma paisagem
(Monalisa, da Vinci);
Depois:
- Retrato a ¾ com
fundo escuro. Mais
realista (Retrato de
Homem, Antonello da
Messina).
33. Escultura
Realismo/naturalismo: grande
semelhança com o real, perfeito
conhecimento do corpo humano
(revela conhecimentos de
anatomia);
Dinamismo: sensação de
movimento (nas pregas da roupa,
na contracção dos músculos, na
posição do corpo…);
Expressividade: captação de
sentimentos/ emoções (angústia,
tristeza, êxtase, tranquilidade, …);Miguel Ângelo, David
Características
34. Racionalismo: recurso
a esquemas
compositivos
geometricamente
simples como o
triângulo (Pietà) ou
linhas/ contornos que
acompanham o
movimento do corpo
(David);
Harmonia/ equilíbrio/
proporção: recurso aos
cânones clássicos (ex:
cabeça = 1/7 da altura
total do corpo).
Miguel Ângelo, Pietà
35. Os temas na pintura e na escultura
O Homem (enquanto ser humano e indivíduo);
Figuras mitológicas (O nascimento de Vénus,
Primavera, Júpiter…);
Temas religiosos (Nossa Senhora, Menino
Jesus, santos, a Criação…).
36. O Renascimento em Portugal
Claustro do Convento de Cristo, Tomar
Claustro da Sé de
Viseu
39. PORTUGAL: a persistência do Gótico e o
Manuelino
Em Portugal, o Gótico prevaleceu até ao
século XVI.
Mantém-se a estrutura gótica (altura dos
edifícios, a cobertura em abóbada de
cruzamento de ogivas,…);
…e adoptam-se novos elementos
decorativos, inspirados nos Descobrimentos: o
manuelino.
40. • a esfera armilar;
• os símbolos heráldicos;
• a cruz da ordem de Cristo;
• elementos naturalistas
(algas, conchas…);
• cordas (simples ou
entrelaçadas, nós).
Os elementos decorativos
são, essencialmente:
Janela do Convento de Cristo,
Tomar