1) O documento discute a evolução histórica da crítica bíblica sobre a historicidade de Jesus a partir dos evangelhos, desde a concepção tradicional até as escolas modernas como a liberal e escatológica.
2) Apresenta os principais critérios usados atualmente para tentar distinguir nos evangelhos o que seriam as palavras e ações reais de Jesus daqueles elementos adicionados posteriormente pela tradição.
3) Menciona brevemente o Jesus Seminar, grupo que utiliza métodos históricos para determinar o que Jesus
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Exegese do novo testamento 1
1. Exegese do Novo Testamento Introdução aos Estudos Diacrônicos Rev. Evaldo Beranger Professor Exegese do NT
2. O problema da historicidade de Jesus a partir do séc. XVII. O testemunho dos Evangelhos possui valor histórico? É Possível chegar a Jesus de Nazaré através dos evangelhos?
3. 3 O Jesus histórico “Visando a encontrar uma solução para o problema, que caracteriza grande parte da pesquisa bíblica desde o fim do sec XVIII até aos nossos dias, tem-se procurado estabelecer teoricamente o método crítico e aplicá-lo sistematicamente no estudo dos Evangelhos”( Autenticidade Histórica dos Evangelhos – F. Lambiasi – Paulinas)
4. A concepção tradicional Desde Papias de Hierápolis (Pai da Igreja) até metade do século XIX, os dados dos evangelhos eram unanimemente aceitos, porque eram pacificamente considerados provenientes de testemunhas oculares ou dos seus discípulos.
5. Características da concepção tradicional Estrita aceitação da autenticidade dos escritos Ausência de crítica interna Cada escrito é atribuido a um autor determinado – Um apóstolo ou pessoa muito próxima a um apóstolo Toda prova de credibilidade é centrada em elementos de crítica externa: autor, data, tradição...
6. Crítica Moderna - Cronologia 1638-1712 – R. Simon – Humanismo – O problema da Composição 1774 e 78 Publicação dos fragmentos póstumos de H.S.Reimarus( 1694-1768) – Introduziu o problema do Jesus Histórico e procurou distinguir o que é histórico e o que é apostólico nos evangelhos
7. “Reimarus” O Jesus histórico era um judeu revolucionário que fracassou na tentativa de fundar um reino messiânico terrestre, ao passo que o Cristo apostólico, ressuscitado e esperado para o fim dos tempos, é uma invenção dos discípulos para acobertar o furto de seu corpo, que eles mesmos perpetraram, tirando-o do túmulo.
8. Escola Liberal Considera os sinóticos como documentos para reconstruir a vida de Jesus. Considera os sinóticos como “fonte” para explicar valores universais: Amor, fraternidade, honestidade, etc... Buscava uma justificativa para a seguinte afirmação: O valor da pessoa humana à luz da paternidade de Deus, capaz de instaurar uma fraternidade universal entre os homens.
9. Pressupostos da Escola LiberalConforme A von Harnack (1851-1930) A autenticidade histórica dos evangelhos é vista sob uma dimensão tríplice: Confiabilidade dos dados biográficos. Possibilidade de extrair deles ensinamentos universais. Necessidade de eliminar tudo aquilo que a razão não consegue controlar, como os episódios de milagres. Estes pressupostos reduzem Jesus a um pregador de religião e Moral.
10. Cronologia da crítica moderna 1808 – 1873 – D.F. Strauss – “Vida de Jesus“ (1835).”não é importante saber o que Jesus foi historicamente (Jesus é personagem mitológico); para nós o que interessa é a mensagem profunda do Cristianismo 1838 – C.H. Wiss e C.G. Wilke – descobrem dois documentos na base da tradição evangélica: Marcos e Logia Teoria das 2 fontes
11. Crítica das fontes Desenvolvimento da Crítica interna. J. Weiss – encontra elementos subjacentes de Pedro em Marcos. Wellhausen –descobre fontes aramaicas das quais derivam os sinóticos Os evangelistas deixam de ser “repórteres” e indivíduos isolados e passam a ser vistos como “porta-vozes” da tradição.
12. Segunda metade do sec. XIX Teoria das duas fontes – dogmas Cristológicos Escola Liberal Leben-Jesu-Forchung – Biografias “históricas de Jesus” Jesus Histórico é diferente do Dogma Cristológico da Igreja
14. A Escola Escatológica Esta investigação “otimista” dos liberais sobre o Jesus da História recebeu um golpe mortal principalmente com a obra de Albert Schweitzer, Geschichte der Leben-Jesu-Forschung (1906) e antes ainda com Das Messiasgeheimnis in den Evangelien (1901) de W . Wrede, para quem o evangelho de Marcos não é uma biografia histórica e, sim, a ...
15. Escola Liberal X Escola Teológica ...interpretação teológica do significado de Jesus; o segredo messiânico seria uma perspectiva posterior, introduzida nos fatos para explicar a incredulidade dos judeus e dos discípulos antes da ressurreição.
16. A Escola Escatológica Uma consciência mais apurada do mundo greco-romano – descobertas arqueológicas e papirológicas. Os Evangelhos apresentam Jesus com uma consciência escatológica, isto é, ele se dizia o cumprimento de uma expectativa escatológica. Mais do que um pregador de valores universais, ele era o pregoeiro de uma iminente vinda do Reino de Deus.
17. Escola Escatológica – Pressupostos. Jesus se apresentava como o pregador do Reino de Deus. Jesus se apresentava como o vencedor do mal Jesus se apresentava como o Filho do Homem de Daniel 7:13-14
18. Re-leitura pós-pascal. Isto era uma interpretação posterior da igreja para explicar a incredulidade dos discípulos diante da pessoa de Jesus. Esta “compreensão” aconteceu depois da morte de Jesus e é fruto de uma re-leitura pós-pascal da comunidade. “Os evangelhos são narrativas da paixão, com uma longa introdução. O Jesus da história é diferente do Cristo que se prega.”
19. Estas idéias e atitudes acabaram por confluir na Formgeschite M. Dibelius; R. Bultmann; K.L. Schimidt e outros...
20. Reações à Formgeschite – Crítica (história) das formas Formgeschichte – Tentar reconstruir a história da tradição oral, pré-literária de nossos evangelhos. Antes da redação o material evangélico já circulava sob a forma de pequenas unidades literárias, que refletem situações vitais (Sitz im Leben) da Igreja Primitiva Os evangelhos não fornecem informações Sobre a vida de Jesus e sim sobre a vida da Igreja Primitiva.
21. Redaktionsgeschichte Concentrava seus esforços na consideração do autor, que, porém, não é considerado como testemunha ocular, mas antes, como “trabalhador de escrivaninha”, redator que reelabora a matéria anterior numa síntese teológica.
22. Conclusões da Crítica das formas e da redação, Os evangelhos são coleções de unidades ou “formas”literárias independentes, transmitidas no âmbito da Igreja primitiva. O escopo da Formgeschichte é a descrição da trajetória percorrida por cada uma dessas perícopes, desde a origem até a última redação.
23. As formas refletem as condições de vida do ambiente social da primeira comunidade (Sitz im leben Kirche. A fé cristã não parte do Jesus Histórico, e sim do Querigma apostólico.
24. Reação Posição tão radical, que fazia depender a história dos evangelhos da fé da Igreja e não vice-versa, como era tradicionalmente aceito, teve reações enérgicas!
25. Ernest Käseman – discípulo de Bultmann O caminho traçado por Käseman está entre uma “teologia da vida de Jesus”, de cunho liberal e uma “teologia do Querigma” de cunho bultmaniano. É impossível separ o “Jesus da História” do “Jesus do Querigma e da fé” O Cristo da fé e o Jesus da história são uma só e idêntica pessoa.
26. Esta é fundamentalmente a posição assumida pela igreja primitiva. O Jesus terrestre pode ser compreendido unicamente à luz da páscoa, mas.. A páscoa não pode ser compreendida sem radicação (enraizar-se) nos fatos que a precederam e sem referência a eles.
27. Pontos fundamentais da Posição de Käseman Se não houver conexão entre o Cristo da fé e o Jesus da História, o cristianismo torna-se um mito. Se a igreja Primitiva não tinha interesse algum na história de Jesus, não se explica porque os evangelhos foram escritos. Nossa própria fé exige a certeza da identidade entre o Jesus terrestre e o Cristo glorificado.
28. Critérios para se chegar a Jesus As normas aplicadas ao material evangélico, que oferecem a possibilidade de demonstrar a fundamentação histórica dos relatos e emitir um juízo sobre a autenticidade ou não de seu conteúdo.
29. Vorverständnis ou pré-compreensão Deve se aproximar dos Evangelhos com a pressuposição de que se pode encontrar as próprias palavras de Jesus – A Ipssíssima vox. Devemos considerar como verdadeiro o que os Evangelhos dizem , a menos que haja provas em contrário. Os trechos curtos, no mundo antigo, têm a tendência de permanecer inalterados
30. Critérios “modernos” para descobrir a ipsíssima vox de Jesus nos Evangelhos. Depoimento múltiplo Descontinuidade Conformidade Explicação necessária Estilo de Jesus
31. 1- Depoimento múltiplo Um dado evangélico remonta a Jesus se estiver presente em várias fontes. Fontes primárias – Marcos e Q Informações próprias de Mateus e Lucas Depoimentos dos demais escritos do NT
32. Descontinuidade Descontinuidade significa que o pensamento de Jesus é novo, que ele assinala um rompimento com a tradição judaica e também com aquilo que a igreja primitiva desempenhará nessa ligação com situação diversa. Tradição judaica Jesus Igreja primitiva
33. Continuidade ou Conformidade As passagens que refletem uma conformidade com o ambiente característico da geografia e ambiente histórico de Jesus demonstram autenticidade. Este critério completa o anterior sobre a descontinuidade que faz emergir a unicidade da pessoa e do ensinamento de Jesus.
34. Explicação necessária É verdadeira a hipótese capaz de explicar mais satisfatoriamente os dados contrastantes e aparentemente contraditórios das narrativas evangélicas.
35. Estilo de Jesus Tudo aquilo que combina ou está de acordo com o estilo de Jesus tem indícios de ser verdadeiro e autêntico. Este critério é considerado secundários e normalmente é decisivo somente quando associado a outros critérios.
36. A prova definitiva da autenticidade de uma passagem é dada por vários critérios convergentes. Depoimento múltiplo Descontinuidade Conformidade Explicação necessária Estilo de Jesus
38. Jesus SeminarOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre. O Jesus Seminar (Seminário sobre Jesus) é um projeto de reflexões cristológicas fundado em 1985 pelo falecido Robert Funk e John DominicCrossan, Sob os auspícios da WestarInstitute.
39. Um dos Mais ativos grupos de Crítica bíblica, o seminário utiliza métodos histórico para determinar aquilo que Jesus, como uma figura histórica, pode ou não ter dito ou feito. Além disso, o seminário popularizou as investigações sobre o Jesus histórico. O público é convidado a assistir às reuniões duas vezes por ano.
40. Eles produziram novas traduções de textos do Novo Testamento, além do Evangelho de Tomé para usar como fontes textuais. Publicaram seus resultados em três textos: The Five Gospels (1993), The Actsof Jesus (1998), e The Gospel of Jesus (1999).
41. O seminário trata os evangelhos como artefatos históricos, que representariam não só as reais palavras e atos de Jesus, mas também as invenções e elaborações dos primeiros cristãos, da comunidade e dos autores dos evangelhos. E, sem se preocupar com as questões canônicas, afirmaram que o Evangelho de Tomé tem mais fontes matérias de historicidade do que os materiais do Evangelho de João