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Disciplina: Elaboração de Artigo Científico
Professor Orientador: Profª Drª Rosane Rosa
Data da defesa: 01/12/2012
INTERAÇÃO PROFESSOR/ALUNO MEDIADA PELO AUDIOVISUAL: UMA
ANÁLISE DO FILME “OS MISERÁVEIS”
INTERACTION TEACHER/STUDENT MEDIATED BY AUDIOVISUAL: AN
ANALYSIS OF THE FILM “LES MISERABLES”
PEREIRA, Carmem Silvia Rodrigues.
Letras. UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, RS.
RESUMO
Este estudo tem como objetivo investigar o processo de ensino aprendizagem no
contexto escolar, mediado pelo audiovisual através do filme “Os Miseráveis” de Vitor
Hugo. O audiovisual é um meio que tem uma importante aceitação por parte dos
professores e reciprocidade na sala de aula. Realizou-se primeiramente uma
pesquisa bibliográfica sobre a temática com base em diferentes pesquisadores.
Posteriormente, realizou-se uma entrevista informal com a professora da turma,
da disciplina de língua portuguesa, em que a mesma relatou a importância do
audiovisual em sala de aula. Posteriormente, exibiu-se uma cena do filme “Os
Miseráveis”, após foram feitos questionamentos e a aplicação de um formulário,
contendo questões abertas e fechadas, aos alunos do 2º Ano, do Instituto
Estadual Padre Caetano. Conclui-se que o audiovisual é um meio que contribui
com a função do professor de despertar o interesse dos alunos para a participação
no processo de ensino aprendizagem. No caso estudado possibilitou uma
aproximação da sala de aula com o cotidiano, com uso e apropriação da linguagem
audiovisual introduzindo novas temáticas e valores sociais no processo de
aprendizagem.
Palavras-chave: Audiovisual, Educação, Processo de Aprendizagem.
2
ABSTRACT
This study aims to investigate the process of teaching and learning in the school
context, audiovisual mediated through the film “Les Miserables” by Victor Hugo. The
audiovisual media that is having a major acceptance by teachers and reciprocity in
the classroom. Held primarily a literature on the subject based on different
researchers. Later, there was an informal interview with the classroom teacher, the
discipline of Portuguese, where she reported the importance of audiovisual
classroom. Later, showed off a scene from the film “Les Miserables” after inquiries
were made and the application of a form, containing open and closed questions,
students of 2nd
year, the Instituto Estadual Padre Caetano. We conclude that the
audiovisual media that contributes to the function of the teacher to awaken the
interest of students for participation in the teaching-learning process. In the case
study approach enabled a classroom with everyday life, with the languages of
learning and communication of urban society, and also introduced new issues in the
educational process.
Keywords: Audiovisual, Education, Learning process.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, há uma grande preocupação para que a educação alcance
todos, e proporcione condições para que os indivíduos atuem como sujeitos na
sociedade. Com isso, percebe-se que a educação deve preparar os indivíduos para
as transformações contemporâneas.
A importância da educação como uma das alavancas que possa contribui
para a formação de um sujeito mais participativo nas tomadas de decisões sociais, é
algo fundamental para desenvolver no espaço educacional. Desse modo, a
organização escolar, como organismo vivo, é indispensável para promover o
desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos de forma critica e emancipatória.
Nessa mesma perspectiva, Alarcão (2001, p. 27) defende que:
Se quisermos mudar a escola, devemos assumí-la como organismo vivo,
dinâmico, capaz de atuar em situação, de interagir e desenvolver-se
ecologicamente e de aprender a construir conhecimento sobre si própria
nesse processo. Considerando a escola como um organismo vivo inserido
em um ambiente próprio, tenho pensado a escola como uma organização
em desenvolvimento e em aprendizagem que, à semelhança dos seres
humanos, aprende e desenvolve-se em interação.
Assim, a escola e os sujeitos interagem em um processo mútuo e contínuo de
aprendizagem, inseridos em um espaço e tempo singular e intercultural, construindo
3
conhecimentos e conectando saberes. Esse conhecimento sobre si e do outro
enriquece o olhar, a compreensão, a relação e a intervenção no mundo e com o
mundo (ALARCÃO, 2001).
Nesta perspectiva, é indispensável que todos os sujeitos envolvidos e a
sociedade como um todo, concebam a educação como um projeto social central que
contribui de forma significativa para a formação dos sujeitos. Essa concepção
implica comprometimento e participação nas decisões que arrolam a continuidade e
o aprimoramento desse processo, a fim de que se efetive um maior envolvimento
com o destino da educação e sua própria prática cotidiana (LIBÂNEO, 2007).
Dentro deste contexto, surgem as tecnologias que fazem parte do nosso dia a
dia, tanto na vida pessoal quanto profissional. É difícil inclusive, imaginar a rotina
moderna sem os recursos tecnológicos disponíveis atualmente. Por meio dessa
realidade, a escola acaba assumindo a responsabilidade de, aos poucos, incorporar
estes recursos tecnológicos à prática pedagógica e colocar os alunos a par das
novas tecnologias da informação e da comunicação, que estão presentes em grande
parte dos locais de lazer, trabalho, entre outros.
Portanto, apesar das inovações tecnológicas estarem cada dia mais
presentes no âmbito educacional, não podemos deixar de lado a valorização da
comunicação escrita. O ensino da leitura e da escrita na escola é imprescindível,
uma vez que a utilização de qualquer outra tecnologia depende dela para que se
efetive. Assim, ocorre a relação de complementariedade entre um meio e, outro e
não de exclusão.
Sabe-se que a comunicação amplia nossos conhecimentos, porém, a
qualidade do ensino não depende unicamente das tecnologias da informação e
comunicação. Elas devem agregar e não substituir os recursos didáticos, utilizados
até pouco tempo com exclusividade.
Este trabalho justifica-se diante do avanço e uso de tecnologias da
informação e comunicação (TIC) que prepara a sociedade escolar para desenvolver
habilidades e estar apto a utilizá-las. Neste contexto, o educador deixa de exercer a
função de transmissor de conhecimento e informações para assumir um novo posto,
o de mediador da aprendizagem, pois ao apontar caminhos e instigar os alunos a
buscar, sem dúvida ele também aprende. É um momento em que aluno e professor
4
interagem, trocando informações e conhecimentos, que não se limitam apenas ao
conteúdo a ser desenvolvido.
Assim, este artigo objetiva investigar o processo de ensino aprendizagem no
contexto escolar, mediado pelo audiovisual, através do filme “Os Miseráveis” de Vitor
Hugo. Além disso, estuda-se a relação professor/aluno mediado pelo objeto
comunicacional; bem como os valores humanos identificados pelos alunos ao
assistir o filme.
2. EDUCOMUNICAÇÃO/APRENDIZAGEM EM UM SÓ CONTEXTO
Ao falar em Educomunicação nos remete a interação entre educação e
comunicação, campos estes que estão interligados entre si sendo que esta área
tenta entender como a educação pode colaborar com os meios de comunicação, e
como a comunicação pode ser úteis às práticas educativas (SOARES, 2011).
A educação tem como objetivo principal ser o de identificar os aspectos
desejáveis e comuns a todas as escolas, responsáveis em criar um indivíduo para a
sociedade capaz de ser sujeito da mesma. A escola deve ser um local de promoção
e integração de todos os participantes, em um construção/resgate da cidadania.
A instituição escola, independentemente, do tipo social de pessoas que as
frequentam, devem ter objetivos básicos, pois a sociedade se apresenta em
diferentes classes sociais. Mas, percebe-se que estas estão diferentes umas das
outras, pois, encontramos escola privada e pública, sendo que cada uma tem sua
identidade, sua história e suas peculiaridades, mas seus objetivos devem ser os
mesmos, adequando sempre o ensino à sua realidade (ALARCÃO, 2001).
Mas o que é educomunicação? Para Soares (2011, p. 15):
É o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e
avaliação de processos, de programas e produtos destinados a criar e
fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais
ou virtuais, tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádios
educativos, e outros espaços formais ou informais de ensino aprendizagem.
Neste sentido, é mister falar de uma educação que faça sentido para os
jovens, em que os mesmos possam desenvolver suas competências e habilidades e
que a escola faça parte de um sistema de aprendizagem em turno integral, pois
5
assim os jovens terão oportunidade de participar deste contexto e ser entendido em
sua totalidade, buscando aperfeiçoar o conhecimento e mostrar sua real capacidade.
Diante do exposto, Soares (2011, p. 8) corrobora:
Na verdade, uma educação eficiente precisa inserir-se no cotidiano
de seus estudantes e não ser um simulacro de suas vidas. Fazer
sentido para eles significa partir de um projeto de educação que
caminhe no mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que
acompanhe essas transformações. Que entenda o jovem. E não dá
para entendê-lo, sem querer escutá-lo.
Verifica-se que a Educomunicação é um campo novo, que já se comunica de
forma muito próxima com a realidade do mundo em que estamos inseridos, um
mundo mediatizado, em que os meios de comunicação assumem papel fundamental
na dinâmica da sociedade favorecendo interações sociais.
Neste contexto, Soares (2011, p. 9) ao iniciar os estudos com
educomunicação, havia um dizer quase profético de que “um dia produziremos
comunicação o tempo inteiro, de forma fácil e ágil”. Atualmente, isso é realidade, a
educomunicação tem papel fundamental em suprir essas habilidades já existentes na
produção da mídia de qualidade.
Portanto, as práticas ligadas a educomunicação mostram que têm potencial
para estimular os jovens no ambiente escolar, no contra turno, entendendo este aluno
em suas diversidades e usando este potencial para o desenvolvimento social e
econômico deste país que apresenta baixo nível de escolarização. Uma educação
que valorize o cidadão em sua totalidade.
A participação dos adolescentes e jovens nesse processo de produção
midiática vem demonstrando vários pontos positivos, pois os jovens que participam
deste projeto mostram o desejo e seus anseios através do uso dos recursos da
informação e comunicação. Demonstram interesse pelos acontecimentos atuais, da
sociedade, compreendendo o que passa ao seu redor e diante dessa participação
desejam uma sociedade mais justa.
Neste contexto, o jornalista Fernando Rossetti (apud SOARES, 2011, p. 31)
corrobora:
6
Nos projetos educomunicativos os jovens ampliam ainda mais o vocabulário
e seu repertório cultural; aumentam suas habilidades de comunicação;
desenvolvem competências para o trabalho em grupo, para negociação de
conflitos e para planejamentos de projetos. Melhoram, por outro lado, o
desempenho escolar, entre outros ganhos.
Diante do exposto, os jovens têm um grande potencial a desenvolver, é
necessário que seja desafiado e instigado a participar, pois por meio do uso de novas
tecnologias da comunicação e informação os mesmos serão capazes de criar as
próprias mensagens e conteúdos. Portanto, a comunicação, tanto pelo lápis, pela
troca de palavras ou, pela lente de uma câmera, é um poderoso meio que desperta
um novo olhar para a sociedade, instigando os adolescentes a pensar e expor suas
ideias.
Sendo assim, educomunicação pode ser tanto uma prática quanto um
conceito entre comunicação e educação. Por meio, dessa prática proporciona novas
aprendizagens, tendo como base os recursos tecnológicos e novas relações na
comunicação.
Com a educomunicação é possível trabalhar e estudar em cima de nossas
atitudes, comportamentos, valores, decisões em relação com o mundo e com os fatos
sociais, culturais, políticos e econômicos. O grande desafio é inserir na escola os
conteúdos comunicativos que contemplem as experiências culturais.
A escola tem a função de preparar cidadãos, mas não pode ser pensada
apenas como tempo de preparação para a vida. Ela é a própria vida, um local de
vivencia da cidadania. Sendo a escola um lugar, um tempo e um contexto,
organização e vida, deve espelhar um rosto de cidadania (ALARCÃO, 2001).
Para que essa proposta se viabilize, Barbero (1996 apud SOARES, 2011, p.
52), aponta para a seguinte necessidade:
Os novos educadores devem ser capazes de compreender que há uma
nova cultura juvenil irreversivelmente em formação, vendo nelas mais que
ameaças, mas novas e interessantes possibilidades de fazer uma nova aula
e uma nova escola.
Para que isso aconteça é necessário produzir mudanças no contexto mundial e
local, que venham responder aos desafios da sociedade no dia a dia, levantando
questões relacionadas com a vida, à ética, ao planeta, ao trabalho, à convivência
entre os diferentes, dignidade humana, entre muitos outros temas. “Desenvolver
7
impacto sobre as estratégias de aprendizagem e de construção do conhecimento”
(LÉVY, 1993 apud SOARES, 2011, p. 53).
É necessário que as escolas formem cidadãos com capacidade de
aprendizagem e adaptando-se as várias situações que irão surgir no contexto escolar,
demonstrando autonomia intelectual e emocional, habilidades diversificadas, e
atuando de maneira ética. Neste sentido, Soares (2011, p. 53) menciona:
O que urge é, na verdade, garantir ao jovem a possibilidade de sonhar, não
exatamente com um mundo fantástico e seguro que lhe seja dado pelos
adultos, mas com um mundo que ele mesmo seja capaz de construir, a partir
de sua capacidade de se comunicar. É o que a educomunicação tem
condições de propor ao sistema educativo formal.
Portanto, a educomunicação vem possibilitar uma nova leitura dos saberes,
pois enquanto sujeitos sociais temos construído. O domínio da educomunicação é
mais do que um objeto a ser investigado, é um campo de relação de e entre saberes.
Vem a ser um espaço de questionamentos, que busca o conhecimento e constrói os
saberes.
Diante do exposto, Donizete (2012, p. 11) menciona que:
É também um espaço de ações e experiências que levam a saberes ou
partem deles em direção a outros. Uma das tantas singularidades da
Educomunicação é que ela constitui-se justamente das relações múltiplas
que propicia. Trata-se, portando, de um campo de ação política, entendida
como o lugar de encontro e debate da diversidade de posturas, das
diferenças e semelhanças, das aproximações e distanciamentos. Por
excelência, uma área de transdiscursividade e, por isso, multidisciplinar e
pluricultural.
Assim, fazer educomunicação é experimentar uma outra maneira de conviver
socialmente, realizando atividades que despertem o processo educativo de maneira
comunicativa e participativa, é uma proposta de organização social totalmente
diferente da que estamos inseridos atualmente. Aqui o sujeito pode expressar o que
pensa e sente, toma sua própria decisão, e deve ser respeitado. Donizete (2012, p.
12) ressalta que “a educomunicação se caracteriza com um novo campo de pesquisa
e ação comprometido com outra gestão e, por conta disso, se apresenta como forma
de intervenção social”.
As inovações da educomunicacão não se restringem apenas à união de duas
áreas do conhecimento, sobretudo, trazem modelos novos de relação, de convivência
e de concepção de ensino/aprendizagem. Esta prática educomunicativa exige pela
8
natureza do paradigma que a sustenta, uma transformação no modelo cristalizado da
relação entre professor e aluno, não existe mais lugar para um transmissor ativo e um
receptor passivo de informações (SOARES, 2011).
Desta maneira a relação educador/educando torna-se um processo
comunicativo de ida e volta, sendo que o educador tanto ensina como aprende.
Portanto, a comunicação nas suas diferentes formas e por diferentes meios é a base
de uma educação emancipadora.
Logo, o enfoque será o audiovisual, que é o foco deste trabalho e será
abordado na subseção a seguir.
2.1 O uso do audiovisual no processo de aprendizagem
A sociedade contemporânea tem acompanhado um crescente
desenvolvimento tecnológico. A Escola está inserida nesta realidade tendo que
interagir com uma “geração digital”. Para tanto enfrenta o desafio de recursos
humanos e econômicos de incorporar esta cultura digital à prática pedagógica,
exigindo novas metodologias e linguagens. Ocorre que nem sempre a formação
universitária e as políticas públicas educacionais contemplam o desenvolvimento
dessas competências e saberes. Essa deficiência dificulta o processo de
apropriação tecnológica por parte de muitos professores comprometendo a
qualidade de ensino com metodologias tradicionais.
Entre as diferentes tecnologias e linguagens, Moran (2003, p. 45) destaca a
audiovisual por desenvolver múltiplas atitudes perceptivas “solicita constantemente a
imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no
mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a
abstração e a análise lógica”.
Entretanto, as mensagens dos meios audiovisuais exigem pouco esforço e
envolvimento do receptor. Este tem cada vez mais opções, mais possibilidades de
escolha (controle remoto, canais por satélite, por cabo, escolha de filmes em vídeo).
Há uma maior possibilidade de interação: televisão, jogos interativos, CD e DVD.
Existem várias possibilidades de escolhas e participação, a liberdade de canal e
acesso, facilitam a relação do espectador com os meios.
Neste contexto, Napolitano (2011, p. 197) alerta que:
9
Uma mensagem visual tem por objetivo reforçar ou intensificar as intenções
expressivas através da imagem sem deixar de se preocupar com o retorno,
as respostas ou atitudes dos leitores. Nessa ótica, a produção de sentidos
implica análise compositiva, técnica e estética. Em muitos casos as
imagens possuirão um discurso tão profundo que poderão funcionar de
forma autônoma, representando a totalidade do conteúdo e dispensando
integralmente a necessidade de um texto.
Portanto, as imagens podem transmitir vários sentidos, depende da
interpretação de cada um. Sendo que a imagem em si já traz um significado em sua
totalidade, independente do texto, mas depende do trabalho do sujeito ou da
mediação dos educadores para que os alunos deflagrem o processo de atribuir
sentido a um objeto, no caso, audiovisual.
As imagens estão diretamente relacionadas a processos de memorização de
conteúdos, ideias, experiências ou acontecimentos, tanto reais quanto fictícios. Uma
imagem é um bom ponto de partida para recordar ou mesmo compreender alguma
ideia conectando-se com diferentes realidades cotidianas (MORAN, 2003).
Para Napolitano (2011) a utilização da linguagem audiovisual no ensino
suscita discussões incessantes. Uma das principais é sobre a utilização crítica das
imagens e sua validade no processo de aprendizado.
Já, Moran (2003, p. 45), lembra que “o vídeo está ligado à televisão e a um
contexto de lazer”, por isso o autor acredita que “passa imperceptivelmente para a
sala de aula. Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que
modifica a postura em relação ao seu uso”. Isso exige que o professor faça
correlações entre a temática abordada com outras linguagens e assuntos
relacionados ao contexto da sala de aula e ao cotidiano, estabelecer conexões entre
o vídeo e as outras dinâmicas da aula.
Para Moran (1995, p. 10):
Vídeo significa também uma forma de contar multilinguística, de
superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais,
mais próxima da sensibilidade e prática do homem urbano e ainda distante
da linguagem educacional.
Nesta perspectiva, constata-se que a lógica da narrativa imagética não se
baseia necessariamente na causalidade, mas na contiguidade, em colocar um
pedaço de imagem ou história ao lado da outra. Há uma relação de
complementaridade entre a linguagem imagética e a escrita. Essa retórica conseguiu
10
encontrar fórmulas que se adaptam perfeitamente à sensibilidade do homem
contemporâneo. Usam uma linguagem concreta, plástica, de cenas curtas, com
pouca informação de cada vez, com ritmo acelerado e contrastado, multiplicando os
pontos de vista, os cenários, os personagens, os sons, as imagens, os ângulos, os
efeitos (COELHO, 1993).
As linguagens que envolvem imagem e movimento como as de audiovisuais
respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São
dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão. O jovem lê o que pode
visualizar, precisa ver para compreender. A sua fala é mais sensorial-visual do que
racional e abstrata (COELHO, 1993). Nesse aspecto também destaca-se a
importância da mediação do educador para uma interpretação, no mínimo
equilibrada entre o emocional e o racional.
Moran (1994, p. 21), lembra que o uso das tecnologias na educação
demandam modificações em algumas funções dos professores, por exemplo, a de
passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos,
programas em CD. Neste cenário, o autor defende que: primeiro: o professor passa
a ser o estimulador da curiosidade do aluno por querer pesquisar, conhecer e buscar
novas informações; segundo: coordena o processo de apresentação dos resultados
pelos alunos; terceiro: questiona os dados que foram apresentados,
contextualizando os resultados com a realidade dos alunos. Na visão de Moran,
“este processo transforma informação em conhecimento e conhecimento em saber,
em vida, em sabedoria - o conhecimento com ética”.
Portanto, trabalhar em sala de aula, com dispositivos audiovisuais, contribui
com o desafio da escola reencontrar a cultura do cotidiano contemporâneo, ou seja,
uma cultura imagética que necessita de reflexão e interpretação para extrair
significados. Isso porque o audiovisual, o cinema, se trata de uma linguagem
sofisticada, “é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais
mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte” (NAPOLITANO, 2011, p.
11).
O cinema é considerado por Fantin (2006) como um meio que representa
contar histórias através de imagens, movimentos e sons. Entretanto, a autora
esclarece que considerar o cinema como um meio não quer dizer que seu potencial
11
seja reduzido de objeto sócio-cultural a uma ferramenta didático-pedagógica
destituída de significação social.
Almeida (2001), por sua vez, destaca a importância do cinema na Escola
como forma de aproximá-la da realidade sócio-cultural:
é importante porque traz para a escola aquilo que ela se nega a ser e que
poderia transformá-la em algo vivido e fundamental: participante ativa da
cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimentos massificados,
muitas vezes já deteriorados, defasados (apud NAPOLITANO, 2011,
p. 12).
Portanto, realizar este trabalho na escola, mais especificamente com os
alunos de uma turma, faz com que os mesmos possam pensar e expressar a cultura
de uma maneira própria, expondo seus sentimentos, suas concepções e
interpretações de mundo, quais suas experiências e expectativas em relação à
escola, a este mundo em que vivemos e que a cada dia evolui de maneira
assustadora. Fazer com que os alunos pesquisem, busquem informações sobre um
determinado assunto, dando subsídios aos mesmos, mas sem interferir em sua
pesquisa.
Rivoltella (2005) destaca a relevância educativa do cinema a partir da
validade alfabética, cultural e cognitiva:
- alfabética ou instrumental: compreender a aprendizagem da gramática e
sintaxe da linguagem da imagem audiovisual ou cinematográfica, tanto no
sentido do consumo quando no da produção;
- cultural: reconhecer o cinema como expressão cultural própria do nosso
tempo, junto com a arte e a literatura e seus juízos estéticos e críticos;
- cognitiva: descobrir o cinema como espaço de pesquisa histórica voltada
para a realidade política e social contemporânea. (apud FANTIN, 2006,
p. 111).
É necessário levar em conta uma situação psicológica muito peculiar a todo
espectador de cinema. “O cinema é sempre ficção, ficção engendrada pela verdade
da câmera (...) o espectador nunca vê cinema, vê sempre filme. O filme é um tempo
presente, seu tempo é tempo da projeção” (ALMEIDA, 2001 apud NAPOLITANO,
2011, p. 14).
Diante do exposto, é de suma importância que o professor atue como
mediador entre a obra e os alunos, mesmo que sua interferência naquelas horas
mágicas de projeção seja mínima (NAPOLITANO, 2011).
12
Nesse sentido, o cinema por ser um instrumento que difunde costumes e
formas de vida de vários grupos sociais, o cinema difunde o patrimônio cultural da
humanidade. Assim, Rivoltella (2005, apud FANTIN, 2006, p. 110):
Para dizer que a realidade cultural vista no tempo e no espaço é
constituída de ideias, princípio, obras e realizações que formam o
patrimônio de toda a humanidade, e que os filmes se colocam ao lado de
outros produtos da ciência, da arte e da literatura.
Sendo assim, para o autor os filmes compartilham significados sociais e ainda
contribuem na transmissão da nossa cultura, vindo fazer um resgate desta cultura
que é contada através dos livros, mas que através do cinema é colocada em ação e
movimento.
O cinema é um produto cultural, que tem o privilégio de ser reconhecido com
um estatuto estético que une arte e literatura ao mesmo tempo. Por ser
representativo, o cinema mostra o visível da realidade cultural no instante que é
produzido, sendo que isso o constitui como extraordinário documento para o estudo
dos momentos relevantes da história recente (FANTIN, 2006).
A seguir, será analisado o uso do filme “Os Miseráveis” de Vitor Hugo como
dispositivo no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de Língua
Portuguesa, como também os valores humanos.
3. METODOLOGIA
Para realização deste estudo investigativo foi realizada pesquisa bibliográfica
e descritiva, com abordagem quantitativa e qualitativa voltada para um público de
professores e alunos da Escola Estadual Padre Caetano; no município de Santa
Maria/RS.
Em um primeiro momento, partiu-se para a construção do referencial teórico,
por meio das temáticas relacionadas ao objeto de estudo: Educomunicação,
processo de aprendizagem, o uso das TIC e o uso do audiovisual, tendo como
autores Mônica Fantin (2006); Ismar Soares (1999) e (2011); José Manuel Moran,
(1994); e Marcos Napolitano (2011).
Em um segundo momento, foi realizada uma entrevista semi estruturada com
a professora da disciplina de Língua Portuguesa do 2º ano do Ensino Médio da
13
Escola Padre Caetano, a fim de verificar a percepção da mesma sobre a
importância de trabalhar o audiovisual em sala de aula por meio do filme “Os
Miseráveis” de Vitor Hugo, de maneira interdisciplinar.
A etapa seguinte desta pesquisa foi a aplicação do questionário a 14 alunos,
do turno manhã do 2º ano do Ensino Médio, da Escola Padre Caetano. O mesmo
apresentava um bloco de questões objetivas sobre a identificação e contexto dos
alunos e, um segundo bloco de questões dissertativas referente ao filme “Os
Miseráveis”.
Participaram desta pesquisa, 11 meninas e 3 meninos, que formam a turma
202 do 2º Ano, turno manhã, de uma Escola Pública da periferia de Santa Maria -
RS. Os adolescentes tem faixa etária entre 16 e 20 anos. Do total de 14 alunos, 6
trabalham no turno inverso, como forma de ajudar nas despesas da família.
Na sequência procedeu-se a interpretação dos questionários, delineamento
dos resultados da pesquisa e análise dos resultados.
A Escola localiza-se em Santa Maria, possui uma boa infra-estrutura
tecnológica para trabalhar: um laboratório de informática equipado com
computadores, data show, projetor de multimídia, notebook, câmera e filmadora
digital. O coordenador do laboratório é um professor com formação em mídias na
educação, que se dedica nos dois turnos de funcionamento da Escola a manter o
local atualizado para disponibilizá-lo aos professores e alunos.
A escola ainda possui uma Rádio, sendo que os alunos participam ativamente
na programação, com um planejamento adequado e orientado também por um
bolsista da Universidade Federal de Santa Maria.
3.1 Análise e discussão dos resultados
Como informado anteriormente, optou-se por um objeto audiovisual para
análise empírica, ou seja, uma cena do filme Os Miseráveis.
- O filme: conta a história de Jean Valjean, um ex-condenado que depois de
cumprir sua pena quer apenas viver uma vida normal e honesta. Depois de assumir
identidades falsas e, inclusive forjar a própria morte para não acabar injustamente na
cadeia.
14
Com o passar dos anos, sua vida muda muito, tem uma reviravolta, e
personagens inesperados e marcantes surgem. Ele começa a viver honestamente,
garante uma vida confortável. Com um nome diferente, é admirado por muitos.
Fantine, uma ex-operária que sofre preconceito da sociedade, por ser mãe
solteira acaba transformando-se em prostituta por perder o emprego, sendo que
tinha que sustentar sua filha. Fica doente e recebe ajuda de Jean, mas a mesma
não resiste e morre e pede que ele cuide da filha Cossete.
Nesse momento a vida de Jean sofre mudanças, tem que abandonar o posto
de prefeito para fugir e cuidar de Cossete. Com outra identidade, passam dez anos
dentro de um convento, ele como jardineiro e ela se preparando para ser freira. Aos
16 anos, Cossete informa a Jean, que não quer ser freira. E diz que ama como se
fosse seu pai. Eles então rumam a Paris tentar uma vida normal, mas são
perseguidos pelo investigador que os segue há anos. O contexto histórico se passa
em um período da revolução organizada pelo povo que pedia a instauração da
República.
Ao partir para a pesquisa de campo sobre o filme, optou-se em um primeiro
momento, em realizar uma entrevista informal com a professora de Língua
Portuguesa da turma. Iniciei falando da obra e filme de Vitor Hugo “Os Miseráveis” e
indagando sobre a importância de trabalhá-los em sala de aula. A professora justifica
com muita convicção:
Dentro da língua portuguesa podemos trabalhar a questão da oralidade, do
posicionamento crítico e a capacidade de argumentação na defesa das
ideias observadas no filme. Também é possível trabalhar a questão dos
costumes da época para a contextualização histórica, retratando como era
os valores, situando o aluno no tempo em que ocorre a narrativa, momento
literário.
Além de proporcionar o desenvolvimento da oralidade, da criticidade e da
recuperação cultural de determinada época, a professora ressalta a questão dos
valores humanos identificados na obra e que são atemporais:
O filme “Os Miseráveis” traz a questão dos valores para dentro da sala e
proporcionou um debate sobre o assunto, possibilita a comparação entre o
ontem e o hoje. Como vemos a questão da solidariedade, do amor ao
próximo, do perdão e da compaixão nos dias de hoje. Como podemos
transportar a situação do perdão no filme para a nossa realidade? É
possível encontrarmos hoje situações de amor ao próximo?”
15
Fica a dúvida e o questionamento da professora se os valores da
solidariedade, amor e perdão, mostrados no filme e que deveriam ser universais e
atemporais, sobrevivem na atualidade em que predomina a intolerância e a
violência.
Importante conhecer a percepção também dos alunos, por isso, em um
segundo momento e, em outro dia, a atividade se deu em sala de aula, em que a
pesquisadora apresentou para a turma a proposta de trabalho.
A atividade consistiu na reprodução da primeira cena do filme “Os Miseráveis”
aos alunos. Posteriormente estes responderam a um formulário sobre os
significados e representações que identificaram no filme.
A seguir descreve-se os dados coletados pelo formulário impresso.
Inicialmente os alunos foram questionados se já haviam lido o livro “Os
Miseráveis” e/ou assistido o filme. Quanto ao livro todos responderam que não
leram, mas muitos ouviram falar. Quanto ao filme, dos 14 participantes apenas um
respondeu afirmativamente.
Em seguida, responderam se viam alguma relação entre a realidade do
século XIX mostrado no filme “Os Miseráveis” com a atualidade. Dos 14 alunos
participantes, 11 responderam que “sim”, dois que não e 1 não respondeu. Os que
responderam afirmativamente falaram da relação de: “desprezo” ao ser humano,
“perdão”, “ajuda ao próximo”, “esperança” e atitudes que muitas vezes levam o ser
humano a cometer “atos desumanos”, devido ao “momento e a situação que se
encontram”, vindo a “sofrer consequências para a vida toda”.
Diante da pergunta “Quais os valores que você identificou no filme?”, os
mesmos responderam: “perdão”, “humildade”, “amor ao próximo”, “solidariedade”,
“compaixão”, “caráter”, “fé”, “amor”, “caridade”, “revolta”, “compreensão”. Verifica-se
que apenas o sentimento de “revolta” destoa dos demais que salientam o valor da
bondade humana, presente e destacada no filme pelo ato do perdão do Bispo em
relação ao Jean. Nessa cena, o Bispo convida Jean para jantar e descansar. À noite
Jean acorda durante um sonho, rouba os talheres de prata do Bispo e foge do local.
No dia seguinte, o Bispo recebe a visita dos soldados com um homem que
carregava consigo talheres de prata. Era Jean que havia sido preso, mas o Bispo
disse aos soldados “eu lhes dei os talheres de prata, e também os castiçais de prata,
porque você não levou Jean”. Mandou a sua irmã ir buscar e entregou para Jean
16
que ficou livre. “Estou livre, realmente?”, “Sim” respondeu o Bispo que mandou os
soldados embora.
A seguir, o Bispo aproximou-se de Jean e reforçou o aspecto pedagógico do
perdão concedido:
- Não se esqueça, não se esqueça nunca de que prometeu usar esse
dinheiro para se tornar um homem honesto.
- Jean, meu irmão, lembre-se que já não pertence ao mal, mas sim ao bem.
É sua alma que acabo de comprar. Eu a furto dos maus pensamentos e do
espírito da perdição para entregá-la a Deus (CARRASCO, 2001)
Na sequência foi questionado “Que tipo de sentimentos o filme despertou em,
você? Os alunos mencionaram: “rancor, compaixão, pena, tristeza pela forma como
trataram Jean, uma segunda chance, admiração na atitude do Bispo”.
As respostas dos adolescentes evidenciam que os mesmos deixam vir a tona
seus sentimentos, novamente predominando as referentes à bondade do ser
humano, capaz de sentir compaixão do outro.
A cena do filme mostra Jean, recebendo do Bispo uma segunda chance de
reconstruir sua vida, sugere que ainda existem pessoas capazes de abrirem as
portas de suas casas para acolher a quem precisa de uma palavra de conforto, de
uma mão amiga ou de alimentação ou abrigo.
Quanto a aprendizagem passado pelo filme, os adolescentes destacaram o
perdão, o amor e a solidariedade humana, como é possível ver a seguir nos
depoimentos obtidos por meio do questionário.
-“ Aprender a perdoar, amar o próximo como a si mesmo, e ajudar quem
precisa”.
-“Perdoar, amar o próximo e ajudar uns aos outros”.
- “Que às vezes nós temos que fazer pelos outros, o que queríamos que
fizessem por nós”.
- “Que devemos perdoar as pessoas”.
- “Pensar melhor sobre a vida”.
- “Me motivou a pensar mais no próximo e agir mais com o coração”.
-“Sim ser mais compreensivo”.
Por meio desse questionário, percebeu-se o interesse e a participação dos
alunos, sendo que foram cumpridas as etapas deste estudo. Os mesmos sentiram-
se motivados com a proposta de trabalho e assistiram a cena do filme com muita
atenção. Sendo que os mesmos ansiosos para assistirem todo o filme, para saber o
que aconteceu com Jean, qual foi o desfecho do filme.
17
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inicio ressaltando que foram meses e dias de muita aprendizagem e
avaliações de minha vida e carreira profissional. Fica a convicção de que precisa-se
aprender a viver em sintonia com as novas necessidades de uma sociedade em
constante transformação. A educação, além de trabalhar com os saberes, deve
possibilitar a interação do indivíduo com o mundo ao seu redor, com as novas
formas de comunicação, com as pessoas e consigo mesmo.
A pesquisa evidenciou que o uso das tecnologias em sala de aula, no caso o
audiovisual, se usadas como proposta de aprendizagem para instigar e ampliar o
conhecimento do aluno é de suma importância. Os alunos participantes demonstram
interesse e participaram ativamente das atividades propostas.
No caso específico deste estudo, que trabalhou uma cena do filme “Os
Miseráveis”, verificou-se que foi possível aproximar dos alunos questões e valores
humanos que deveriam ultrapassar tempos e fronteiras, mas que estão em crise na
sociedade moderna, como o respeito e a solidariedade aos demais.
Proporcionou também a comparação e a relação com diferentes contextos
históricos. Cada um refletiu e expressou sobre problemas e soluções para uma
convivência mais pacífica entre pessoas com realidades tão distintas como o Bispo e
Jean.
A história de Jean, no filme “Os Miseráveis”, mostrou, focado em valores
cristãos, a importância de acreditar no ser humano e que atitude altruísta de cada
um pode fazer a diferença em uma sociedade em que predomina a intolerância e a
violência.
Este trabalho com o audiovisual evidencia que um filme pode ser trabalhado
em várias disciplinas e ser explorado de várias maneiras, fazendo com que a
aprendizagem ocorra de maneira interdisciplinar e potencializada com a mediação
do professor. Além disso, foi um trabalho motivador, que estimulou a participação e
reflexão individual e coletiva e proporcionou aos alunos despertar o gosto pela arte
do cinema.
Conclui-se que neste processo, o uso das tecnologias da informação e da
comunicação apresenta potencial para a comunidade escolar desenvolver
competências e habilidades indispensáveis para uma formação integral e para o
18
futuro profissional. Neste cenário, o papel do professor é resignificada: de
transmissor para mediador, facilitador do processo de reflexão e apropriações de
significados que resultará em construção de conhecimentos. Trata-se de um
mediador da aprendizagem, pois ao apontar caminhos e instigar os alunos a pensar,
interpretar e correlacionar as informações recebidas com a realidade cotidiana, sem
dúvida ele também aprende. Assim, aluno e professor interagem, trocando
informações e conhecimentos, saberes e vivencias, sendo ambos e
simultaneamente educadores e educandos.
5. REFERÊNCIAS
ALARCÃO, I. (Org.). Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed,
2001.
ALVES, Rubens. O melhor de Rubem Alves. Curitiba: Editora Nossa Cultura, 2008.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura & Linguagem: a obra literária e a expressão
linguística. 5. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1993.
FANTIN, Mônica. Mídia-educação: conceitos, experiências, diálogos Brasil-Itália.
Florianópolis: Cidade Futura, 2006.
LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, Adeus professora? Novas exigências
educacionais e profissão docente. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
MORAN, José Manuel. Interferências dos Meios de Comunicação no nosso
Conhecimento. INTERCOM Revista Brasileira de Comunicação. São Paulo, XVII
(2):38-49, julho-dezembro 1994.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 5. ed. São Paulo:
Contexto, 2011.
SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a
aplicação: contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011.
________________ Uma Educomunicação para a cidadania. Revista Brasileira de
Comunicação, Arte e Educação. Brasília, 1999.
Nome do autor: Carmem Silvia Rodrigues Pereira; pcarmemsilvia@yahoo.com.br
Orientador: Prof. Drª Rosane Rosa
19
Apêndice
QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO
1. Idade: _____________ anos sexo: ________________
2. Escola:_____________________________________________________________
3. Série ___________________ Turma _________________ Turno ______________
4. Você tem e-mail? ( ) sim ( ) não.
Se positiva a resposta, qual é?________________________________________
5. Trabalha? ( ) sim ( ) não
Em quê?__________________________________________________________
Qual horário? ______________________________________________________
Quanto ao filme?
1)Você já leu o livro “Os Miseráveis” de Vitor Hugo?
( ) sim ( ) não
2) Você já havia assistido o filme “Os Miseráveis”.
( ) sim ( ) não
3) A realidade do século XIX mostrado no filme “Os Miseráveis” tem alguma relação
com a realidade atual? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, que tipo de relação? Quais os valores humanos identificados no filme que
fazem sentido na atualidade?
___________________________________________________________________
4) Quais os valores humanos que você identificou no filme?
______________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5) Que tipo de sentimentos o filme despertou em você?
______________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6) Este filme te motivou para algum tipo de comportamento /atitude/ação ou não? Se
sim quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

  • 1. Polo Restinga Sêca – RS Disciplina: Elaboração de Artigo Científico Professor Orientador: Profª Drª Rosane Rosa Data da defesa: 01/12/2012 INTERAÇÃO PROFESSOR/ALUNO MEDIADA PELO AUDIOVISUAL: UMA ANÁLISE DO FILME “OS MISERÁVEIS” INTERACTION TEACHER/STUDENT MEDIATED BY AUDIOVISUAL: AN ANALYSIS OF THE FILM “LES MISERABLES” PEREIRA, Carmem Silvia Rodrigues. Letras. UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, RS. RESUMO Este estudo tem como objetivo investigar o processo de ensino aprendizagem no contexto escolar, mediado pelo audiovisual através do filme “Os Miseráveis” de Vitor Hugo. O audiovisual é um meio que tem uma importante aceitação por parte dos professores e reciprocidade na sala de aula. Realizou-se primeiramente uma pesquisa bibliográfica sobre a temática com base em diferentes pesquisadores. Posteriormente, realizou-se uma entrevista informal com a professora da turma, da disciplina de língua portuguesa, em que a mesma relatou a importância do audiovisual em sala de aula. Posteriormente, exibiu-se uma cena do filme “Os Miseráveis”, após foram feitos questionamentos e a aplicação de um formulário, contendo questões abertas e fechadas, aos alunos do 2º Ano, do Instituto Estadual Padre Caetano. Conclui-se que o audiovisual é um meio que contribui com a função do professor de despertar o interesse dos alunos para a participação no processo de ensino aprendizagem. No caso estudado possibilitou uma aproximação da sala de aula com o cotidiano, com uso e apropriação da linguagem audiovisual introduzindo novas temáticas e valores sociais no processo de aprendizagem. Palavras-chave: Audiovisual, Educação, Processo de Aprendizagem.
  • 2. 2 ABSTRACT This study aims to investigate the process of teaching and learning in the school context, audiovisual mediated through the film “Les Miserables” by Victor Hugo. The audiovisual media that is having a major acceptance by teachers and reciprocity in the classroom. Held primarily a literature on the subject based on different researchers. Later, there was an informal interview with the classroom teacher, the discipline of Portuguese, where she reported the importance of audiovisual classroom. Later, showed off a scene from the film “Les Miserables” after inquiries were made and the application of a form, containing open and closed questions, students of 2nd year, the Instituto Estadual Padre Caetano. We conclude that the audiovisual media that contributes to the function of the teacher to awaken the interest of students for participation in the teaching-learning process. In the case study approach enabled a classroom with everyday life, with the languages of learning and communication of urban society, and also introduced new issues in the educational process. Keywords: Audiovisual, Education, Learning process. 1. INTRODUÇÃO Atualmente, há uma grande preocupação para que a educação alcance todos, e proporcione condições para que os indivíduos atuem como sujeitos na sociedade. Com isso, percebe-se que a educação deve preparar os indivíduos para as transformações contemporâneas. A importância da educação como uma das alavancas que possa contribui para a formação de um sujeito mais participativo nas tomadas de decisões sociais, é algo fundamental para desenvolver no espaço educacional. Desse modo, a organização escolar, como organismo vivo, é indispensável para promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos de forma critica e emancipatória. Nessa mesma perspectiva, Alarcão (2001, p. 27) defende que: Se quisermos mudar a escola, devemos assumí-la como organismo vivo, dinâmico, capaz de atuar em situação, de interagir e desenvolver-se ecologicamente e de aprender a construir conhecimento sobre si própria nesse processo. Considerando a escola como um organismo vivo inserido em um ambiente próprio, tenho pensado a escola como uma organização em desenvolvimento e em aprendizagem que, à semelhança dos seres humanos, aprende e desenvolve-se em interação. Assim, a escola e os sujeitos interagem em um processo mútuo e contínuo de aprendizagem, inseridos em um espaço e tempo singular e intercultural, construindo
  • 3. 3 conhecimentos e conectando saberes. Esse conhecimento sobre si e do outro enriquece o olhar, a compreensão, a relação e a intervenção no mundo e com o mundo (ALARCÃO, 2001). Nesta perspectiva, é indispensável que todos os sujeitos envolvidos e a sociedade como um todo, concebam a educação como um projeto social central que contribui de forma significativa para a formação dos sujeitos. Essa concepção implica comprometimento e participação nas decisões que arrolam a continuidade e o aprimoramento desse processo, a fim de que se efetive um maior envolvimento com o destino da educação e sua própria prática cotidiana (LIBÂNEO, 2007). Dentro deste contexto, surgem as tecnologias que fazem parte do nosso dia a dia, tanto na vida pessoal quanto profissional. É difícil inclusive, imaginar a rotina moderna sem os recursos tecnológicos disponíveis atualmente. Por meio dessa realidade, a escola acaba assumindo a responsabilidade de, aos poucos, incorporar estes recursos tecnológicos à prática pedagógica e colocar os alunos a par das novas tecnologias da informação e da comunicação, que estão presentes em grande parte dos locais de lazer, trabalho, entre outros. Portanto, apesar das inovações tecnológicas estarem cada dia mais presentes no âmbito educacional, não podemos deixar de lado a valorização da comunicação escrita. O ensino da leitura e da escrita na escola é imprescindível, uma vez que a utilização de qualquer outra tecnologia depende dela para que se efetive. Assim, ocorre a relação de complementariedade entre um meio e, outro e não de exclusão. Sabe-se que a comunicação amplia nossos conhecimentos, porém, a qualidade do ensino não depende unicamente das tecnologias da informação e comunicação. Elas devem agregar e não substituir os recursos didáticos, utilizados até pouco tempo com exclusividade. Este trabalho justifica-se diante do avanço e uso de tecnologias da informação e comunicação (TIC) que prepara a sociedade escolar para desenvolver habilidades e estar apto a utilizá-las. Neste contexto, o educador deixa de exercer a função de transmissor de conhecimento e informações para assumir um novo posto, o de mediador da aprendizagem, pois ao apontar caminhos e instigar os alunos a buscar, sem dúvida ele também aprende. É um momento em que aluno e professor
  • 4. 4 interagem, trocando informações e conhecimentos, que não se limitam apenas ao conteúdo a ser desenvolvido. Assim, este artigo objetiva investigar o processo de ensino aprendizagem no contexto escolar, mediado pelo audiovisual, através do filme “Os Miseráveis” de Vitor Hugo. Além disso, estuda-se a relação professor/aluno mediado pelo objeto comunicacional; bem como os valores humanos identificados pelos alunos ao assistir o filme. 2. EDUCOMUNICAÇÃO/APRENDIZAGEM EM UM SÓ CONTEXTO Ao falar em Educomunicação nos remete a interação entre educação e comunicação, campos estes que estão interligados entre si sendo que esta área tenta entender como a educação pode colaborar com os meios de comunicação, e como a comunicação pode ser úteis às práticas educativas (SOARES, 2011). A educação tem como objetivo principal ser o de identificar os aspectos desejáveis e comuns a todas as escolas, responsáveis em criar um indivíduo para a sociedade capaz de ser sujeito da mesma. A escola deve ser um local de promoção e integração de todos os participantes, em um construção/resgate da cidadania. A instituição escola, independentemente, do tipo social de pessoas que as frequentam, devem ter objetivos básicos, pois a sociedade se apresenta em diferentes classes sociais. Mas, percebe-se que estas estão diferentes umas das outras, pois, encontramos escola privada e pública, sendo que cada uma tem sua identidade, sua história e suas peculiaridades, mas seus objetivos devem ser os mesmos, adequando sempre o ensino à sua realidade (ALARCÃO, 2001). Mas o que é educomunicação? Para Soares (2011, p. 15): É o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, de programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais, tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádios educativos, e outros espaços formais ou informais de ensino aprendizagem. Neste sentido, é mister falar de uma educação que faça sentido para os jovens, em que os mesmos possam desenvolver suas competências e habilidades e que a escola faça parte de um sistema de aprendizagem em turno integral, pois
  • 5. 5 assim os jovens terão oportunidade de participar deste contexto e ser entendido em sua totalidade, buscando aperfeiçoar o conhecimento e mostrar sua real capacidade. Diante do exposto, Soares (2011, p. 8) corrobora: Na verdade, uma educação eficiente precisa inserir-se no cotidiano de seus estudantes e não ser um simulacro de suas vidas. Fazer sentido para eles significa partir de um projeto de educação que caminhe no mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que acompanhe essas transformações. Que entenda o jovem. E não dá para entendê-lo, sem querer escutá-lo. Verifica-se que a Educomunicação é um campo novo, que já se comunica de forma muito próxima com a realidade do mundo em que estamos inseridos, um mundo mediatizado, em que os meios de comunicação assumem papel fundamental na dinâmica da sociedade favorecendo interações sociais. Neste contexto, Soares (2011, p. 9) ao iniciar os estudos com educomunicação, havia um dizer quase profético de que “um dia produziremos comunicação o tempo inteiro, de forma fácil e ágil”. Atualmente, isso é realidade, a educomunicação tem papel fundamental em suprir essas habilidades já existentes na produção da mídia de qualidade. Portanto, as práticas ligadas a educomunicação mostram que têm potencial para estimular os jovens no ambiente escolar, no contra turno, entendendo este aluno em suas diversidades e usando este potencial para o desenvolvimento social e econômico deste país que apresenta baixo nível de escolarização. Uma educação que valorize o cidadão em sua totalidade. A participação dos adolescentes e jovens nesse processo de produção midiática vem demonstrando vários pontos positivos, pois os jovens que participam deste projeto mostram o desejo e seus anseios através do uso dos recursos da informação e comunicação. Demonstram interesse pelos acontecimentos atuais, da sociedade, compreendendo o que passa ao seu redor e diante dessa participação desejam uma sociedade mais justa. Neste contexto, o jornalista Fernando Rossetti (apud SOARES, 2011, p. 31) corrobora:
  • 6. 6 Nos projetos educomunicativos os jovens ampliam ainda mais o vocabulário e seu repertório cultural; aumentam suas habilidades de comunicação; desenvolvem competências para o trabalho em grupo, para negociação de conflitos e para planejamentos de projetos. Melhoram, por outro lado, o desempenho escolar, entre outros ganhos. Diante do exposto, os jovens têm um grande potencial a desenvolver, é necessário que seja desafiado e instigado a participar, pois por meio do uso de novas tecnologias da comunicação e informação os mesmos serão capazes de criar as próprias mensagens e conteúdos. Portanto, a comunicação, tanto pelo lápis, pela troca de palavras ou, pela lente de uma câmera, é um poderoso meio que desperta um novo olhar para a sociedade, instigando os adolescentes a pensar e expor suas ideias. Sendo assim, educomunicação pode ser tanto uma prática quanto um conceito entre comunicação e educação. Por meio, dessa prática proporciona novas aprendizagens, tendo como base os recursos tecnológicos e novas relações na comunicação. Com a educomunicação é possível trabalhar e estudar em cima de nossas atitudes, comportamentos, valores, decisões em relação com o mundo e com os fatos sociais, culturais, políticos e econômicos. O grande desafio é inserir na escola os conteúdos comunicativos que contemplem as experiências culturais. A escola tem a função de preparar cidadãos, mas não pode ser pensada apenas como tempo de preparação para a vida. Ela é a própria vida, um local de vivencia da cidadania. Sendo a escola um lugar, um tempo e um contexto, organização e vida, deve espelhar um rosto de cidadania (ALARCÃO, 2001). Para que essa proposta se viabilize, Barbero (1996 apud SOARES, 2011, p. 52), aponta para a seguinte necessidade: Os novos educadores devem ser capazes de compreender que há uma nova cultura juvenil irreversivelmente em formação, vendo nelas mais que ameaças, mas novas e interessantes possibilidades de fazer uma nova aula e uma nova escola. Para que isso aconteça é necessário produzir mudanças no contexto mundial e local, que venham responder aos desafios da sociedade no dia a dia, levantando questões relacionadas com a vida, à ética, ao planeta, ao trabalho, à convivência entre os diferentes, dignidade humana, entre muitos outros temas. “Desenvolver
  • 7. 7 impacto sobre as estratégias de aprendizagem e de construção do conhecimento” (LÉVY, 1993 apud SOARES, 2011, p. 53). É necessário que as escolas formem cidadãos com capacidade de aprendizagem e adaptando-se as várias situações que irão surgir no contexto escolar, demonstrando autonomia intelectual e emocional, habilidades diversificadas, e atuando de maneira ética. Neste sentido, Soares (2011, p. 53) menciona: O que urge é, na verdade, garantir ao jovem a possibilidade de sonhar, não exatamente com um mundo fantástico e seguro que lhe seja dado pelos adultos, mas com um mundo que ele mesmo seja capaz de construir, a partir de sua capacidade de se comunicar. É o que a educomunicação tem condições de propor ao sistema educativo formal. Portanto, a educomunicação vem possibilitar uma nova leitura dos saberes, pois enquanto sujeitos sociais temos construído. O domínio da educomunicação é mais do que um objeto a ser investigado, é um campo de relação de e entre saberes. Vem a ser um espaço de questionamentos, que busca o conhecimento e constrói os saberes. Diante do exposto, Donizete (2012, p. 11) menciona que: É também um espaço de ações e experiências que levam a saberes ou partem deles em direção a outros. Uma das tantas singularidades da Educomunicação é que ela constitui-se justamente das relações múltiplas que propicia. Trata-se, portando, de um campo de ação política, entendida como o lugar de encontro e debate da diversidade de posturas, das diferenças e semelhanças, das aproximações e distanciamentos. Por excelência, uma área de transdiscursividade e, por isso, multidisciplinar e pluricultural. Assim, fazer educomunicação é experimentar uma outra maneira de conviver socialmente, realizando atividades que despertem o processo educativo de maneira comunicativa e participativa, é uma proposta de organização social totalmente diferente da que estamos inseridos atualmente. Aqui o sujeito pode expressar o que pensa e sente, toma sua própria decisão, e deve ser respeitado. Donizete (2012, p. 12) ressalta que “a educomunicação se caracteriza com um novo campo de pesquisa e ação comprometido com outra gestão e, por conta disso, se apresenta como forma de intervenção social”. As inovações da educomunicacão não se restringem apenas à união de duas áreas do conhecimento, sobretudo, trazem modelos novos de relação, de convivência e de concepção de ensino/aprendizagem. Esta prática educomunicativa exige pela
  • 8. 8 natureza do paradigma que a sustenta, uma transformação no modelo cristalizado da relação entre professor e aluno, não existe mais lugar para um transmissor ativo e um receptor passivo de informações (SOARES, 2011). Desta maneira a relação educador/educando torna-se um processo comunicativo de ida e volta, sendo que o educador tanto ensina como aprende. Portanto, a comunicação nas suas diferentes formas e por diferentes meios é a base de uma educação emancipadora. Logo, o enfoque será o audiovisual, que é o foco deste trabalho e será abordado na subseção a seguir. 2.1 O uso do audiovisual no processo de aprendizagem A sociedade contemporânea tem acompanhado um crescente desenvolvimento tecnológico. A Escola está inserida nesta realidade tendo que interagir com uma “geração digital”. Para tanto enfrenta o desafio de recursos humanos e econômicos de incorporar esta cultura digital à prática pedagógica, exigindo novas metodologias e linguagens. Ocorre que nem sempre a formação universitária e as políticas públicas educacionais contemplam o desenvolvimento dessas competências e saberes. Essa deficiência dificulta o processo de apropriação tecnológica por parte de muitos professores comprometendo a qualidade de ensino com metodologias tradicionais. Entre as diferentes tecnologias e linguagens, Moran (2003, p. 45) destaca a audiovisual por desenvolver múltiplas atitudes perceptivas “solicita constantemente a imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica”. Entretanto, as mensagens dos meios audiovisuais exigem pouco esforço e envolvimento do receptor. Este tem cada vez mais opções, mais possibilidades de escolha (controle remoto, canais por satélite, por cabo, escolha de filmes em vídeo). Há uma maior possibilidade de interação: televisão, jogos interativos, CD e DVD. Existem várias possibilidades de escolhas e participação, a liberdade de canal e acesso, facilitam a relação do espectador com os meios. Neste contexto, Napolitano (2011, p. 197) alerta que:
  • 9. 9 Uma mensagem visual tem por objetivo reforçar ou intensificar as intenções expressivas através da imagem sem deixar de se preocupar com o retorno, as respostas ou atitudes dos leitores. Nessa ótica, a produção de sentidos implica análise compositiva, técnica e estética. Em muitos casos as imagens possuirão um discurso tão profundo que poderão funcionar de forma autônoma, representando a totalidade do conteúdo e dispensando integralmente a necessidade de um texto. Portanto, as imagens podem transmitir vários sentidos, depende da interpretação de cada um. Sendo que a imagem em si já traz um significado em sua totalidade, independente do texto, mas depende do trabalho do sujeito ou da mediação dos educadores para que os alunos deflagrem o processo de atribuir sentido a um objeto, no caso, audiovisual. As imagens estão diretamente relacionadas a processos de memorização de conteúdos, ideias, experiências ou acontecimentos, tanto reais quanto fictícios. Uma imagem é um bom ponto de partida para recordar ou mesmo compreender alguma ideia conectando-se com diferentes realidades cotidianas (MORAN, 2003). Para Napolitano (2011) a utilização da linguagem audiovisual no ensino suscita discussões incessantes. Uma das principais é sobre a utilização crítica das imagens e sua validade no processo de aprendizado. Já, Moran (2003, p. 45), lembra que “o vídeo está ligado à televisão e a um contexto de lazer”, por isso o autor acredita que “passa imperceptivelmente para a sala de aula. Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que modifica a postura em relação ao seu uso”. Isso exige que o professor faça correlações entre a temática abordada com outras linguagens e assuntos relacionados ao contexto da sala de aula e ao cotidiano, estabelecer conexões entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula. Para Moran (1995, p. 10): Vídeo significa também uma forma de contar multilinguística, de superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais, mais próxima da sensibilidade e prática do homem urbano e ainda distante da linguagem educacional. Nesta perspectiva, constata-se que a lógica da narrativa imagética não se baseia necessariamente na causalidade, mas na contiguidade, em colocar um pedaço de imagem ou história ao lado da outra. Há uma relação de complementaridade entre a linguagem imagética e a escrita. Essa retórica conseguiu
  • 10. 10 encontrar fórmulas que se adaptam perfeitamente à sensibilidade do homem contemporâneo. Usam uma linguagem concreta, plástica, de cenas curtas, com pouca informação de cada vez, com ritmo acelerado e contrastado, multiplicando os pontos de vista, os cenários, os personagens, os sons, as imagens, os ângulos, os efeitos (COELHO, 1993). As linguagens que envolvem imagem e movimento como as de audiovisuais respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão. O jovem lê o que pode visualizar, precisa ver para compreender. A sua fala é mais sensorial-visual do que racional e abstrata (COELHO, 1993). Nesse aspecto também destaca-se a importância da mediação do educador para uma interpretação, no mínimo equilibrada entre o emocional e o racional. Moran (1994, p. 21), lembra que o uso das tecnologias na educação demandam modificações em algumas funções dos professores, por exemplo, a de passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos, programas em CD. Neste cenário, o autor defende que: primeiro: o professor passa a ser o estimulador da curiosidade do aluno por querer pesquisar, conhecer e buscar novas informações; segundo: coordena o processo de apresentação dos resultados pelos alunos; terceiro: questiona os dados que foram apresentados, contextualizando os resultados com a realidade dos alunos. Na visão de Moran, “este processo transforma informação em conhecimento e conhecimento em saber, em vida, em sabedoria - o conhecimento com ética”. Portanto, trabalhar em sala de aula, com dispositivos audiovisuais, contribui com o desafio da escola reencontrar a cultura do cotidiano contemporâneo, ou seja, uma cultura imagética que necessita de reflexão e interpretação para extrair significados. Isso porque o audiovisual, o cinema, se trata de uma linguagem sofisticada, “é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte” (NAPOLITANO, 2011, p. 11). O cinema é considerado por Fantin (2006) como um meio que representa contar histórias através de imagens, movimentos e sons. Entretanto, a autora esclarece que considerar o cinema como um meio não quer dizer que seu potencial
  • 11. 11 seja reduzido de objeto sócio-cultural a uma ferramenta didático-pedagógica destituída de significação social. Almeida (2001), por sua vez, destaca a importância do cinema na Escola como forma de aproximá-la da realidade sócio-cultural: é importante porque traz para a escola aquilo que ela se nega a ser e que poderia transformá-la em algo vivido e fundamental: participante ativa da cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimentos massificados, muitas vezes já deteriorados, defasados (apud NAPOLITANO, 2011, p. 12). Portanto, realizar este trabalho na escola, mais especificamente com os alunos de uma turma, faz com que os mesmos possam pensar e expressar a cultura de uma maneira própria, expondo seus sentimentos, suas concepções e interpretações de mundo, quais suas experiências e expectativas em relação à escola, a este mundo em que vivemos e que a cada dia evolui de maneira assustadora. Fazer com que os alunos pesquisem, busquem informações sobre um determinado assunto, dando subsídios aos mesmos, mas sem interferir em sua pesquisa. Rivoltella (2005) destaca a relevância educativa do cinema a partir da validade alfabética, cultural e cognitiva: - alfabética ou instrumental: compreender a aprendizagem da gramática e sintaxe da linguagem da imagem audiovisual ou cinematográfica, tanto no sentido do consumo quando no da produção; - cultural: reconhecer o cinema como expressão cultural própria do nosso tempo, junto com a arte e a literatura e seus juízos estéticos e críticos; - cognitiva: descobrir o cinema como espaço de pesquisa histórica voltada para a realidade política e social contemporânea. (apud FANTIN, 2006, p. 111). É necessário levar em conta uma situação psicológica muito peculiar a todo espectador de cinema. “O cinema é sempre ficção, ficção engendrada pela verdade da câmera (...) o espectador nunca vê cinema, vê sempre filme. O filme é um tempo presente, seu tempo é tempo da projeção” (ALMEIDA, 2001 apud NAPOLITANO, 2011, p. 14). Diante do exposto, é de suma importância que o professor atue como mediador entre a obra e os alunos, mesmo que sua interferência naquelas horas mágicas de projeção seja mínima (NAPOLITANO, 2011).
  • 12. 12 Nesse sentido, o cinema por ser um instrumento que difunde costumes e formas de vida de vários grupos sociais, o cinema difunde o patrimônio cultural da humanidade. Assim, Rivoltella (2005, apud FANTIN, 2006, p. 110): Para dizer que a realidade cultural vista no tempo e no espaço é constituída de ideias, princípio, obras e realizações que formam o patrimônio de toda a humanidade, e que os filmes se colocam ao lado de outros produtos da ciência, da arte e da literatura. Sendo assim, para o autor os filmes compartilham significados sociais e ainda contribuem na transmissão da nossa cultura, vindo fazer um resgate desta cultura que é contada através dos livros, mas que através do cinema é colocada em ação e movimento. O cinema é um produto cultural, que tem o privilégio de ser reconhecido com um estatuto estético que une arte e literatura ao mesmo tempo. Por ser representativo, o cinema mostra o visível da realidade cultural no instante que é produzido, sendo que isso o constitui como extraordinário documento para o estudo dos momentos relevantes da história recente (FANTIN, 2006). A seguir, será analisado o uso do filme “Os Miseráveis” de Vitor Hugo como dispositivo no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de Língua Portuguesa, como também os valores humanos. 3. METODOLOGIA Para realização deste estudo investigativo foi realizada pesquisa bibliográfica e descritiva, com abordagem quantitativa e qualitativa voltada para um público de professores e alunos da Escola Estadual Padre Caetano; no município de Santa Maria/RS. Em um primeiro momento, partiu-se para a construção do referencial teórico, por meio das temáticas relacionadas ao objeto de estudo: Educomunicação, processo de aprendizagem, o uso das TIC e o uso do audiovisual, tendo como autores Mônica Fantin (2006); Ismar Soares (1999) e (2011); José Manuel Moran, (1994); e Marcos Napolitano (2011). Em um segundo momento, foi realizada uma entrevista semi estruturada com a professora da disciplina de Língua Portuguesa do 2º ano do Ensino Médio da
  • 13. 13 Escola Padre Caetano, a fim de verificar a percepção da mesma sobre a importância de trabalhar o audiovisual em sala de aula por meio do filme “Os Miseráveis” de Vitor Hugo, de maneira interdisciplinar. A etapa seguinte desta pesquisa foi a aplicação do questionário a 14 alunos, do turno manhã do 2º ano do Ensino Médio, da Escola Padre Caetano. O mesmo apresentava um bloco de questões objetivas sobre a identificação e contexto dos alunos e, um segundo bloco de questões dissertativas referente ao filme “Os Miseráveis”. Participaram desta pesquisa, 11 meninas e 3 meninos, que formam a turma 202 do 2º Ano, turno manhã, de uma Escola Pública da periferia de Santa Maria - RS. Os adolescentes tem faixa etária entre 16 e 20 anos. Do total de 14 alunos, 6 trabalham no turno inverso, como forma de ajudar nas despesas da família. Na sequência procedeu-se a interpretação dos questionários, delineamento dos resultados da pesquisa e análise dos resultados. A Escola localiza-se em Santa Maria, possui uma boa infra-estrutura tecnológica para trabalhar: um laboratório de informática equipado com computadores, data show, projetor de multimídia, notebook, câmera e filmadora digital. O coordenador do laboratório é um professor com formação em mídias na educação, que se dedica nos dois turnos de funcionamento da Escola a manter o local atualizado para disponibilizá-lo aos professores e alunos. A escola ainda possui uma Rádio, sendo que os alunos participam ativamente na programação, com um planejamento adequado e orientado também por um bolsista da Universidade Federal de Santa Maria. 3.1 Análise e discussão dos resultados Como informado anteriormente, optou-se por um objeto audiovisual para análise empírica, ou seja, uma cena do filme Os Miseráveis. - O filme: conta a história de Jean Valjean, um ex-condenado que depois de cumprir sua pena quer apenas viver uma vida normal e honesta. Depois de assumir identidades falsas e, inclusive forjar a própria morte para não acabar injustamente na cadeia.
  • 14. 14 Com o passar dos anos, sua vida muda muito, tem uma reviravolta, e personagens inesperados e marcantes surgem. Ele começa a viver honestamente, garante uma vida confortável. Com um nome diferente, é admirado por muitos. Fantine, uma ex-operária que sofre preconceito da sociedade, por ser mãe solteira acaba transformando-se em prostituta por perder o emprego, sendo que tinha que sustentar sua filha. Fica doente e recebe ajuda de Jean, mas a mesma não resiste e morre e pede que ele cuide da filha Cossete. Nesse momento a vida de Jean sofre mudanças, tem que abandonar o posto de prefeito para fugir e cuidar de Cossete. Com outra identidade, passam dez anos dentro de um convento, ele como jardineiro e ela se preparando para ser freira. Aos 16 anos, Cossete informa a Jean, que não quer ser freira. E diz que ama como se fosse seu pai. Eles então rumam a Paris tentar uma vida normal, mas são perseguidos pelo investigador que os segue há anos. O contexto histórico se passa em um período da revolução organizada pelo povo que pedia a instauração da República. Ao partir para a pesquisa de campo sobre o filme, optou-se em um primeiro momento, em realizar uma entrevista informal com a professora de Língua Portuguesa da turma. Iniciei falando da obra e filme de Vitor Hugo “Os Miseráveis” e indagando sobre a importância de trabalhá-los em sala de aula. A professora justifica com muita convicção: Dentro da língua portuguesa podemos trabalhar a questão da oralidade, do posicionamento crítico e a capacidade de argumentação na defesa das ideias observadas no filme. Também é possível trabalhar a questão dos costumes da época para a contextualização histórica, retratando como era os valores, situando o aluno no tempo em que ocorre a narrativa, momento literário. Além de proporcionar o desenvolvimento da oralidade, da criticidade e da recuperação cultural de determinada época, a professora ressalta a questão dos valores humanos identificados na obra e que são atemporais: O filme “Os Miseráveis” traz a questão dos valores para dentro da sala e proporcionou um debate sobre o assunto, possibilita a comparação entre o ontem e o hoje. Como vemos a questão da solidariedade, do amor ao próximo, do perdão e da compaixão nos dias de hoje. Como podemos transportar a situação do perdão no filme para a nossa realidade? É possível encontrarmos hoje situações de amor ao próximo?”
  • 15. 15 Fica a dúvida e o questionamento da professora se os valores da solidariedade, amor e perdão, mostrados no filme e que deveriam ser universais e atemporais, sobrevivem na atualidade em que predomina a intolerância e a violência. Importante conhecer a percepção também dos alunos, por isso, em um segundo momento e, em outro dia, a atividade se deu em sala de aula, em que a pesquisadora apresentou para a turma a proposta de trabalho. A atividade consistiu na reprodução da primeira cena do filme “Os Miseráveis” aos alunos. Posteriormente estes responderam a um formulário sobre os significados e representações que identificaram no filme. A seguir descreve-se os dados coletados pelo formulário impresso. Inicialmente os alunos foram questionados se já haviam lido o livro “Os Miseráveis” e/ou assistido o filme. Quanto ao livro todos responderam que não leram, mas muitos ouviram falar. Quanto ao filme, dos 14 participantes apenas um respondeu afirmativamente. Em seguida, responderam se viam alguma relação entre a realidade do século XIX mostrado no filme “Os Miseráveis” com a atualidade. Dos 14 alunos participantes, 11 responderam que “sim”, dois que não e 1 não respondeu. Os que responderam afirmativamente falaram da relação de: “desprezo” ao ser humano, “perdão”, “ajuda ao próximo”, “esperança” e atitudes que muitas vezes levam o ser humano a cometer “atos desumanos”, devido ao “momento e a situação que se encontram”, vindo a “sofrer consequências para a vida toda”. Diante da pergunta “Quais os valores que você identificou no filme?”, os mesmos responderam: “perdão”, “humildade”, “amor ao próximo”, “solidariedade”, “compaixão”, “caráter”, “fé”, “amor”, “caridade”, “revolta”, “compreensão”. Verifica-se que apenas o sentimento de “revolta” destoa dos demais que salientam o valor da bondade humana, presente e destacada no filme pelo ato do perdão do Bispo em relação ao Jean. Nessa cena, o Bispo convida Jean para jantar e descansar. À noite Jean acorda durante um sonho, rouba os talheres de prata do Bispo e foge do local. No dia seguinte, o Bispo recebe a visita dos soldados com um homem que carregava consigo talheres de prata. Era Jean que havia sido preso, mas o Bispo disse aos soldados “eu lhes dei os talheres de prata, e também os castiçais de prata, porque você não levou Jean”. Mandou a sua irmã ir buscar e entregou para Jean
  • 16. 16 que ficou livre. “Estou livre, realmente?”, “Sim” respondeu o Bispo que mandou os soldados embora. A seguir, o Bispo aproximou-se de Jean e reforçou o aspecto pedagógico do perdão concedido: - Não se esqueça, não se esqueça nunca de que prometeu usar esse dinheiro para se tornar um homem honesto. - Jean, meu irmão, lembre-se que já não pertence ao mal, mas sim ao bem. É sua alma que acabo de comprar. Eu a furto dos maus pensamentos e do espírito da perdição para entregá-la a Deus (CARRASCO, 2001) Na sequência foi questionado “Que tipo de sentimentos o filme despertou em, você? Os alunos mencionaram: “rancor, compaixão, pena, tristeza pela forma como trataram Jean, uma segunda chance, admiração na atitude do Bispo”. As respostas dos adolescentes evidenciam que os mesmos deixam vir a tona seus sentimentos, novamente predominando as referentes à bondade do ser humano, capaz de sentir compaixão do outro. A cena do filme mostra Jean, recebendo do Bispo uma segunda chance de reconstruir sua vida, sugere que ainda existem pessoas capazes de abrirem as portas de suas casas para acolher a quem precisa de uma palavra de conforto, de uma mão amiga ou de alimentação ou abrigo. Quanto a aprendizagem passado pelo filme, os adolescentes destacaram o perdão, o amor e a solidariedade humana, como é possível ver a seguir nos depoimentos obtidos por meio do questionário. -“ Aprender a perdoar, amar o próximo como a si mesmo, e ajudar quem precisa”. -“Perdoar, amar o próximo e ajudar uns aos outros”. - “Que às vezes nós temos que fazer pelos outros, o que queríamos que fizessem por nós”. - “Que devemos perdoar as pessoas”. - “Pensar melhor sobre a vida”. - “Me motivou a pensar mais no próximo e agir mais com o coração”. -“Sim ser mais compreensivo”. Por meio desse questionário, percebeu-se o interesse e a participação dos alunos, sendo que foram cumpridas as etapas deste estudo. Os mesmos sentiram- se motivados com a proposta de trabalho e assistiram a cena do filme com muita atenção. Sendo que os mesmos ansiosos para assistirem todo o filme, para saber o que aconteceu com Jean, qual foi o desfecho do filme.
  • 17. 17 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Inicio ressaltando que foram meses e dias de muita aprendizagem e avaliações de minha vida e carreira profissional. Fica a convicção de que precisa-se aprender a viver em sintonia com as novas necessidades de uma sociedade em constante transformação. A educação, além de trabalhar com os saberes, deve possibilitar a interação do indivíduo com o mundo ao seu redor, com as novas formas de comunicação, com as pessoas e consigo mesmo. A pesquisa evidenciou que o uso das tecnologias em sala de aula, no caso o audiovisual, se usadas como proposta de aprendizagem para instigar e ampliar o conhecimento do aluno é de suma importância. Os alunos participantes demonstram interesse e participaram ativamente das atividades propostas. No caso específico deste estudo, que trabalhou uma cena do filme “Os Miseráveis”, verificou-se que foi possível aproximar dos alunos questões e valores humanos que deveriam ultrapassar tempos e fronteiras, mas que estão em crise na sociedade moderna, como o respeito e a solidariedade aos demais. Proporcionou também a comparação e a relação com diferentes contextos históricos. Cada um refletiu e expressou sobre problemas e soluções para uma convivência mais pacífica entre pessoas com realidades tão distintas como o Bispo e Jean. A história de Jean, no filme “Os Miseráveis”, mostrou, focado em valores cristãos, a importância de acreditar no ser humano e que atitude altruísta de cada um pode fazer a diferença em uma sociedade em que predomina a intolerância e a violência. Este trabalho com o audiovisual evidencia que um filme pode ser trabalhado em várias disciplinas e ser explorado de várias maneiras, fazendo com que a aprendizagem ocorra de maneira interdisciplinar e potencializada com a mediação do professor. Além disso, foi um trabalho motivador, que estimulou a participação e reflexão individual e coletiva e proporcionou aos alunos despertar o gosto pela arte do cinema. Conclui-se que neste processo, o uso das tecnologias da informação e da comunicação apresenta potencial para a comunidade escolar desenvolver competências e habilidades indispensáveis para uma formação integral e para o
  • 18. 18 futuro profissional. Neste cenário, o papel do professor é resignificada: de transmissor para mediador, facilitador do processo de reflexão e apropriações de significados que resultará em construção de conhecimentos. Trata-se de um mediador da aprendizagem, pois ao apontar caminhos e instigar os alunos a pensar, interpretar e correlacionar as informações recebidas com a realidade cotidiana, sem dúvida ele também aprende. Assim, aluno e professor interagem, trocando informações e conhecimentos, saberes e vivencias, sendo ambos e simultaneamente educadores e educandos. 5. REFERÊNCIAS ALARCÃO, I. (Org.). Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001. ALVES, Rubens. O melhor de Rubem Alves. Curitiba: Editora Nossa Cultura, 2008. COELHO, Nelly Novaes. Literatura & Linguagem: a obra literária e a expressão linguística. 5. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1993. FANTIN, Mônica. Mídia-educação: conceitos, experiências, diálogos Brasil-Itália. Florianópolis: Cidade Futura, 2006. LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, Adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2007. MORAN, José Manuel. Interferências dos Meios de Comunicação no nosso Conhecimento. INTERCOM Revista Brasileira de Comunicação. São Paulo, XVII (2):38-49, julho-dezembro 1994. NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2011. SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação: contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011. ________________ Uma Educomunicação para a cidadania. Revista Brasileira de Comunicação, Arte e Educação. Brasília, 1999. Nome do autor: Carmem Silvia Rodrigues Pereira; pcarmemsilvia@yahoo.com.br Orientador: Prof. Drª Rosane Rosa
  • 19. 19 Apêndice QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO 1. Idade: _____________ anos sexo: ________________ 2. Escola:_____________________________________________________________ 3. Série ___________________ Turma _________________ Turno ______________ 4. Você tem e-mail? ( ) sim ( ) não. Se positiva a resposta, qual é?________________________________________ 5. Trabalha? ( ) sim ( ) não Em quê?__________________________________________________________ Qual horário? ______________________________________________________ Quanto ao filme? 1)Você já leu o livro “Os Miseráveis” de Vitor Hugo? ( ) sim ( ) não 2) Você já havia assistido o filme “Os Miseráveis”. ( ) sim ( ) não 3) A realidade do século XIX mostrado no filme “Os Miseráveis” tem alguma relação com a realidade atual? ( ) Sim ( ) Não Se sim, que tipo de relação? Quais os valores humanos identificados no filme que fazem sentido na atualidade? ___________________________________________________________________ 4) Quais os valores humanos que você identificou no filme? ______________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5) Que tipo de sentimentos o filme despertou em você? ______________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6) Este filme te motivou para algum tipo de comportamento /atitude/ação ou não? Se sim quais? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________