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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA-UFRA
  DISCIPLINA: ZOOLOGIA
  PROFª ANDRÉA BEZERRA
                                    FILO NEMATODA
                                        Nematoda
        Os nematódeos ou nemátodos (também chamados de vermes cilíndricos) são
  considerados o grupo de metazoários mais abundante na biosfera, com estimativa de
  constituírem até 80% de todos os metazoários, com mais de 20.000 espécies já
  descritas, de um número estimado em mais de 1 milhão de espécies atuais, que incluem
  muitas formas parasitas de plantas e animais. Apenas os Arthropoda apresentam
  maior diversidade. O nome vem da palavra grega nema, que significa filo.
  Características Gerais
o São triblásticos, protostômios, pseudocelomados.
o Seu corpo cilíndrico, alongado e não segmentado exibe simetria bilateral.
o Possuem sistema digestivo completo, sistemas circulatório e respiratório ausentes;
   sistema excretor composto por dois canais longitudinais (renetes-formato de H);
   sistema nervoso parcialmente centralizado, com anel nervoso ao redor da faringe.

     Ecologicamente são muito bem-sucedidos, sendo tal fato demonstrado pela alta
  diversidade de espécies. Encontram-se em todos os habitats, terrestres, marinhos e
  de água doce e chegam a ser mais numerosos que os outros animais, tanto em número
  de espécies, como de indivíduos. Algumas espécies são microscópicas, enquanto uma
  espécie, parasita do cachalote pode atingir 13 metros de comprimento.
     Recentemente, aclamou-se que os nematódeos são uma das três principais radiações
  de organismos multicelulares que têm produzido a maioria das espécies do mundo,
  sendo as outras radiações os insetos e os fungos.

  Anatomia dos nematódeos
        Os nematódeos de vida livre são pequenos, geralmente menores do que 2,5 mm
  de comprimento e tem o corpo construído no mesmo plano fundamental, um cilindro
  quase perfeito, nu, delgado e alongado, com aspecto filiforme, em sua maioria, ou
  fusiforme. O animal é essencialmente um tubo dentro de outro tubo: o tubo externo é
  a parede corpórea, constituída, externamente, por uma cutícula complexa e,
  internamente, por uma camada de músculos longitudinais. O tubo interno é o trato
  digestivo, que é terminal na extremidade anterior mas subterminal posteriormente.
  Entre a parede e o tubo digestivo há a cavidade corpórea ou pseudoceloma,
  preenchida por líquido, que funciona como um "esqueleto hidrostático", além de
  favorecer a distribuição de nutrientes e recolher excretas, e na qual se encontram os
  órgãos reprodutores.
        A epiderme é sincicial, ou seja, formada por uma massa celular multinucleada e
  produz uma cutícula depositada externamente a ela. A cutícula é acelular, lisa,
  resistente e oferece proteção para o animal; em algumas formas, ela apresenta
  projeções que ajudam na locomoção. A cutícula tem de ser mudada para o animal
crescer, um processo denominado ecdise - que coloca este filo no grupo dos
Ecdysozoa, juntamente com os artrópodes e outros filos.
       Seus músculos são exclusivamente longitudinais, dispostos no sentido do
comprimento do corpo. Isso faz com que a sua capacidade de locomoção seja mais
limitada que a dos platelmintos.
       Os músculos são ativados pelas cadeias nervosas, que se encontram ao longo de
todo o corpo do animal, uma na região ventral e outra na dorsal. Ao contrário de
outros animais, em que os nervos se ramificam para os músculos, nos nematódeos são
os músculos que se ramificam para atingirem os cordões nervosos. Estes cordões
ligam-se a um anel à volta da faringe e possuem vários gânglios adicionais perto da
extremidade anterior, mas sem formar um verdadeiro cérebro. Nessa região
encontram-se órgãos sensoriais reduzidos.
       O tubo digestivo dos nematelmintos é completo, ou seja, possui um orifício de
entrada de alimentos (a boca) e um outro orifício de saída de dejetos (o ânus) - são
enterozoários completos.
       Na boca, podem ser encontradas placas cortantes semelhantes a dentes, com
as quais os nematelmintos podem perfurar os tecidos de outros seres vivos. A faringe
é musculosa e serve para esmagar os alimentos e também para os dirigir para o
intestino, que não possui qualquer musculatura. O alimento é completamente digerido
pelas enzimas que atuam sobre ele no interior do tubo digestivo, e os nutrientes são
passados para a cavidade do corpo para serem distribuídos pelas células.
       Muitos nematelmintos de vida livre são carnívoros e se alimentam de pequenos
animais ou de corpos de animais mortos. Os parasitas intestinais recebem o alimento
já parcialmente digerido pelo hospedeiro.
       Assim como os platelmintos, os nematelmintos são avasculares (não possuem
sistema circulatório). A cavidade corporal (o pseudoceloma) contém um líquido, e a
contínua movimentação desse líquido, propiciada pela contração da musculatura
longitudinal do corpo, permite uma relativa distribuição de materiais entre as
diferentes partes do corpo.
       Eles não possuem órgãos respiratórios. As trocas gasosas acontecem na
superfície corporal, por difusão. Os nematelmintos de vida livre são aeróbicos e obtêm
o oxigênio no meio onde vivem. Os parasitas são geralmente anaeróbicos e fazem
fermentação. Dessa forma não requerem oxigênio e a maioria não elimina CO2, porque
realizam a fermentação láctica, que não libera esse gás.
       Os resíduos metabólicos são excretados a partir do líquido que ocupa o
pseudoceloma, por meio de dois tubos longitudinais ligados por um menor, transversal.
A distribuição desses tubos, no corpo, dá a eles o nome de tubos em "H". Os dois
ramos longitudinais do sistema se abrem em orifícios próximos da boca.

Reprodução e crescimento
      A maioria das espécies são dióicas, (realizam fecundação interna), ocorrendo em
algumas nítido dimorfismo sexual: normalmente os machos são menores que as fêmeas,
apresentam espinhos copulatórios e possuem a cauda encurvada.
Na cópula, os machos depositam os seus espermatozóides no poro genital das
fêmeas. Os machos não possuem poro genital, e a saída dos espermatozóides ocorre
pelo ânus.
       Também são características exclusivas dos nematódeos a ausência de células
ciliadas e os espermatozóides amebóides, sem flagelo, deslocando-se por pseudópodos.
       A fecundação acontece dentro do corpo da fêmea (fecundação interna). Depois
de fecundado, o zigoto se desenvolve dentro de um ovo com a casca resistente. Muitas
espécies eliminam os ovos fecundados para o ambiente, onde as primeiras divisões se
processam e o ovo se torna embrionado.
       O ciclo evolutivo pode ser direto ou indireto, dependendo da formação de larvas
por dentro ou fora dos ovos.

 Ecologia dos nematódeos
      A maioria dos nemátodos é de vida livre, habitantes de solo húmido, areia, de
águas estagnadas e até mesmo do plâncton. Entre os parasitas, além daqueles que têm
o homem como seu hospedeiro, há espécies que infestam outros animais ou plantas
(raízes, frutos).
      Muitos nematódeos podem suspender os processos vitais quando as condições
ambientais se tornam desfavoráveis e encistar, numa forma que é capaz de sobreviver
a condições extremas de secura, calor ou frio e depois voltar à "vida" quando as
condições são favoráveis. Este processo é conhecido como criptobiose e, entre os
animais é encontrado apenas entre os nematódeos, os rotíferos e os tardígrados.

Nemátodes fitoparasitas
Nemátodes fitoparasíticos podem ser ecto- ou endo-parasitas; todos têm estiletes,
mas enquanto alguns se mantêm no solo, com apenas o estilete no tecido vegetal,
outros enterram a cabeça na planta e alguns entram na planta por inteiro, o que
geralmente provoca um inchaço ou uma galha. As galhas são estruturas vegetais
deformadas pela presença do verme, dentro das quais o verme se desenvolve e pode
sobreviver por muito tempo quando dessecado (há relatos de vermes sobrevivendo por
27 anos em galhas, apesar de serem raros; Dilendus dipsaci, que ataca pepinos, alho e
outras culturas, sobrevive por 4 a 9 anos em galhas, dependendo do material vegetal
usado.
É interessante notar que as fases infectantes de fitoparasitas têm grandes reservas
nutricionais, tendo em vista que eles não se alimentam até achar um hospedeiro. As
fases infectantes de Heterodera podem viver no solo por até um ano, e outros
tilenquídios conseguem sobreviver por pelo menos algumas semanas.
Juvenis infectantes aparentemente são atraídos a novas plantas por exsudações,
sendo capazes de percorrer distâncias de até 2,5 m para chegar a um hospedeiro.
Tendo em vista que provavelmente o estilete não é utilizado para penetrar na planta,
apenas para perfurar as células e sugar o conteúdo, a penetração ocorre em pontos
fracos da raiz, de modo que os nemátodes são atraídos pelas feridas.
Ordem Dorylaimoidea
Estão entre os nemátodes mais comuns no solo e na água doce, sendo caracterizados
pela faringe do tipo dorylaimoide e por um estilete oco protrusível na cavidade bucal
pelo qual o alimento - sucos animais e vegetais - é sugado.
Muitos existem apenas como fêmeas, sendo provavelmente partenogênicos. Quando há
machos, eles podem ser monórquicos ou diórquicos, com duas espículas de tamanhos
aproximadamente iguais. As fêmeas têm dois ovários refletidos.
O principal gênero é o Dorylaimus, cujas quase 200 espécies têm um estilete simples
com um anel-guia. O gênero Xiphinema é de interesse pois transmite o vírus do
mosaico árabe. Outros vermes dessa ordem podem ser de interesse agrícola quando
são ectoparasitas de plantas economicamente importantes. Os nematelmintos não
possuem sistemarespiratório e a respiração é cutânea ou tegumentar, feita através da
difusão.


Ordem Rhabditoidea ou Anguilluloidea
É uma ordem grande, com nemátodes de tamanho moderado cujos anfídeos foram
reduzidos a pequenos bolsos e cujos órgãos sensoriais cefálicos são todos em forma
de papilas. A faringe apresenta um ou dois bulbos, geralmente dois, sendo um deles um
pseudobulbo e o outro um bulbo valvulado. Glândulas anais são vestigiais. O sistema
reprodutor feminino geralmente é didélfico com ovários refletidos;, podendo também
ser monodélfico, e não possui uma musculatura desenvolvida. Machos comumente
possuem alae caudais formando uma bursa, e as espéculas são iguais e acompanhados
por um gubernáculo.
A família Tylenchidae, caracterizada por um estilete bucal e pela forma assimétrica
do sistema excretor com canais unilaterais, inclui os fitoparasitas mais importante.
Membros desta família se alimentam de seiva vegetal penetrando na planta e
perfurando suas células e tecidas com o estilete, usando então a faringe musculosa
para sugar a seiva. A sua faringe é caracterizada por uma bulba muscular mediana e
uma região glandular inchada posterior. A classificação proposta por Filipjev e
Stekhoven (hyman p. 296) divide a faringe em dois tipos: o tipo tilencóide
(tylenchoid), onde o inchaço glandular forma um bulbo compacto, e o tipo afelencóide
(aphelenchoid), no qual o inchaço se projeta para trás como um lobo sobre a parte
anterior do intestino.
Dentre os tilencóides, destaca-se o Ditylenchus dipsaci, conhecido em inglês como
"stem-and-bulb eelworm", que ataca uma grande variedade de plantas, entre elas
centeio, aveia, trevo, alfafa, lírio, jacinto, cebola, gladíolo, narciso. O gênero Anguina
possui espécies como A. agrostis, que provoca galhas nas inflorescências vegetais, e o
A. tritici, que transforma grãos de trigo em galhas.
As galhas contém juvenis dormentes que escapam quando as galhas amolecem e
apodrecem nas chuvas da primavera, infectando então novas plantas.
Entre os gêneros com a faringe do tipo afelencóide estão: Rotylenchus, Aphelenchus,
Aphelenchoides, Heterodera e Meloidogyne. Os gêneros Heterodera e Meloidogyne
são os mais importantes e portanto serão tratados aqui com mais detalhes.

Heterodera
       O gênero Heterodera, cujas principais espécies são H. schachtii (que ataca a
beterraba-doce e outras plantas das famílias Chaenopodiaceae e Cruciferae) e H.
rostochiensis (que ataca plantações de batata, sendo muito prejudicial devido à
grande quantidade de vermes que podem ser encontrados em uma única planta),
contém os nemátodes formadores de cistos verdadeiros. Apresentam, dentre os
nemátodes, a maior alteração para o parasitismo e o maior grau de dimorfismo sexual.
       A penetração do hospedeiro é efetuada pelo segundo estágio, provavelmente
por alguma parte enfraquecida da planta. Eles perfuram as células e sugam seu
conteúdo, geralmente provocando a formação de uma galha onde vivem até atingir a
maturidade sexual. Ocorrem algumas mudas sucessivas, geralmente três, com as quais
as fêmeas se tornam cada vez mais inchadas, finalmente assumindo um formato de
pêra ou limão. Elas podem ficar na galha ou se protrair dela parcialmente.
       Os machos também passam por mudas, mas mantém a forma alongada. Eles saem
da raiz, podendo ficar presos a ela pela cabeça, e a fecundação ocorre quando o macho
encontra a fêmea imóvel (o macho morre depois de fecundar a fêmea).
       Feita a fecundação, os ovos maturam dentro do corpo da fêmea, geralmente
entre 200 e 500 ovos por indivíduo, após o que a fêmea degenera, deixando a cutícula
e, em alguns casos, uma exsudação gelatinosa como proteção para os ovos. Pode
também ser coberta pela "camada sub-cristalina", possivelmente produzida por um
fungo simbionte.
       Quando as partes infectadas da planta se degeneram os cistos são liberados no
solo; dentro deles se desenvolvem os juvenis de segunda fase, os quais então escapam
para o solo, onde podem viver por alguns meses, até um ano, sem se alimentar,
penetrando num novo hospedeiro quando o encontram. Na ausência de condições
favoráveis os cistos secos podem viver por até oito anos, apesar de o número de ovos
viáveis neles diminuir.

Meloidogyne
      São conhecidos como "root-knot" nematodes, sendo encontrados principalmente
em regiões tropicais.
      Como em Heterodera, a fase infectante é o segundo estágio juvenil, a qual
penetra próximo da ponta das raízes, de modo que a larva de primeiro estágio fica no
ovo até a primeira muda. Enquanto se alimentam, as larvas se tornam inchadas e o
tecido vegetal forma uma galha. Os vermes passam pela série de mudas característica,
e os machos e fêmeas são formados. Os machos são de formato normal, podendo ser
encontrado em quantidade pequena; as fêmeas são inchadas, em forma de maçã.
      Na maior parte das espécies ocorre a fecundação, apesar de algumas serem
partogenéticas. Os ovos são depositados em número de até 500, a extremidade
posterior da fêmea sendo protraída da superfície da galha. Massas de ovos são
comumente encontradas perto da superfície das raízes, podendo também ocorrer
dentro das galhas.
       O ciclo de vida é curto (em torno de 3 semanas), de modo que várias gerações
ocorrem em uma única estação.
       Deve-se notar que esses vermes não podem ser considerados formadores de
cistos, pois ovos são postos pelas fêmeas. As galhas são formados por tecidos
vegetais, como explicado abaixo.


Formação de galhas
       Galhas são formadas por diversas espécies da família Tylenchidae, entre elas
Anguina tritici, que forma galhas em grãos de trigo; espécies do gênero Heterodera; e
o gênero Meloidogyne.
       A formação de uma galha envolve o aumento da quantidade de células
(hiperplasia) e do seu tamanho (hipertrofia); o verme fica alojado em espaços
resultantes da ruptura de células, alimentando-se de células que ele induz a se
transformarem em fonte de alimentação para ele.
       Os vermes podem ser cercados por três a seis células gigantes, resultantes de
eventos de carioquinese sem citocinese no caso de Meloidogyne e da fusão de uma
célula alimentícia inicial com células que a cercam no caso de nematóides formadores
de cistos (essas últimas seriam mais corretamente denominadas de sincícios). As
células que cercam as células gigantes, em contraste com essas, são pequenas e na
maior parte das vezes continuam diplóides.
       Tanto em células gigantes quanto em sincícios, o citoplasma torna-se denso, o
vacúolo grande sendo substituídos por vacúolos pequenos.

Filogenia e Classificação
Os nemátodos foram originalmente classificados como Nemata por Nathan Cobb, em
1919; mais tarde foram considerados do filo Aschelminthes, por possuírem uma
cavidade preenchida por líquido, que não é um verdadeiro celoma e, mais
recentemente, restaurado o estatuto de filo dentro do grupo Ecdysozoa, ao qual
pertencem também os Arthropoda, por se considerar terem a mesma filogenia.
Apesar de não possuírem partes duras, foram encontrados fósseis de nemátodos do
período Carbonífero (com mais de 280 milhões de anos) mas, uma vez que alguns
grupos relacionados com eles foram encontrados em formações do período Cambriano,
é provável que eles tenham aparecido no mesmo período (ver Explosão Cambriana).
Têm também sido encontrados nemátodes em âmbar (resina fossilizada) da era
Cenozóica.

Ancilostomíase
      A Ancilostomíase (também designada Ancilostomose) e a Necatoríase são duas
doenças semelhantes causadas pelos parasitas nemátodes relacionados Ancylostoma
duodenale (Velho Mundo) e Necator americanus (Novo Mundo). É conhecida
popularmente como amarelão.
Ancylostoma e Necator
      O Ancylostoma duodenale e o Necator americanus são espécies aparentadas de
vermes parasitas nemateomintos, com corpos filiformes e fêmeas (com até um
centímetro) maiores que machos. As suas extremidades anteriores têm a forma de um
gancho, especialmente nos Necator, e possuem boca armada com placas ou espinhos
duros. A Ancilostomíase e a Necatoríase são duas doenças semelhantes causadas pelos
parasitas nemátodes relacionados Ancylostoma duodenale(Velho Mundo) e Necator
americanus (Novo Mundo).

Ciclo de vida
       Os ovos têm 60 micrômetros e são expulsos pelas fezes humanas. Na terra
quente e úmida, os ovos chocam libertando larvas que amadurecem em forma livre na
terra mas são sensíveis à desidratação, quando eliminados nas fezes são avermelhados
por causa da hematofagia e histiofagia que fazem no trato gastrintestinal dos
hospedeiros. A larva rabditóide leva por volta de uma semana para tornar-se
filarióide, a qual é capaz de viver por mais de um mês, procurando encontrar um
hóspedeiro humano. Se conseguirem, elas são capazes de penetrar na pele intacta.
Dentro do organismo, invade os vasos linfáticos e depois sangüíneos e migram pelas
veias para os pulmões via coração. Permanece nos alvéolos dos pulmões durante algum
tempo, e depois sobe (ou é tossida) pelos brônquios até à faringe, onde é deglutida
incoscientemente para o esôfago. Após passar pelo estômago (a sua cutícula
resistente permite-lhe suportar o ambiente ácido) passa ao duodeno (intestino). É aí
que se desenvolvem e acasalam as formas adultas, produzindo mais de 10.000 ovos por
dia.


Progressão e Sintomas
       Assim que penetram na pele do hospedeiro, as larvas de ancilostomideos podem
provocar, no local da penetração, lesões traumáticas, seguidas por fenômenos
vasculares.Após alguns minutos, aparecem os primeiros sinais e sintomas: uma
sensação de picada, hipertermia, prurido e edema resultante do processo inflamatório
ou dermatite urticariforme. Pode, no entanto, haver prurido e exantema (pele
inflamada). O periodo de incubação até surgirem os sintomas intestinais é de um ou
dois meses, e podem durar anos. Quando as larvas atravessam os aoveolos podem
provocar uma reação inflamatória (aoveolite). Após deglutidas e fixadas geralmente no
final do duodeno (podendo tambem de fixarem no ilio ou ceco em casos de infecções
maciças)onde se tornam adultos. A hitiofagia e hematofagiapodem formar ulceras
intestinais, anemia e hipoproteinemia.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é feito somente por exames de fezes, que é feito através da
observação com auxílio de microscópiopelos profissionais responsáveis.
Prevenção
Utilização de calçados (sapato ou sandália), evitando o contato direto com o solo
contaminado; Fornecimento de infra-estrutura básica para a população,
proporcionando saneamento básico e condições adequadas de higienização;
Ter o máximo de cuidado quanto ao local destinado ao lazer das crianças, pois acabam
brincando com terra; Educação da comunidade, bem como o tratamento das pessoas
doentes.

Ascaridíase
Ascaris lumbricoides
       A ascaridíase ou ascaríase é uma parasitose geralmente benigna causada pelo
verme nemátode Ascaris lumbricoides, também conhecido popularmente como
lombriga.
       São vermes nemátodes, ou seja fusiformes sem segmentação, e com tubo
digestivo completo. A reprodução é sexuada, sendo a fêmea (com até 40cm de
comprimento) bastante maior que o macho, e com o diâmetro de um lápis. Os ovos têm
50 micrometros e são absolutamente invisíveis a olho nu.
       O ser humano infectado libera, junto às fezes, ovos do parasita. Assim a larva
se desenvolve em ambientes quentes e úmidos (por exemplo, o solo nos países
tropicais) no qual permanece dentro do ovo. A infecção ocorre por meio da ingestão
dos ovos infectantes em água ou alimentos, principalmente verduras. As larvas são
liberadas no intestino delgado e alcançam a corrente sanguínea através da parede do
intestino. Infectam o fígado, onde crescem durante menos de uma semana e entram
nos vasos sanguíneos novamente, passando pelo coração e seguem para os pulmões. Nos
pulmões invadem os alvéolos, e crescem mais com os nutrientes e oxigênio abundantes
nesse órgão bem irrigado. Quando crescem demasiados para os alvéolos, as larvas
saem dos pulmões e sobem pelos brônquios chegando à faringe onde são
maioritariamente deglutidas pelo tubo digestivo, passando pelo estômago, atingem o
intestino delgado onde completam o desenvolvimento, tornando-se adultos.Apesar de
haver alguns casos em que são expectoradas saindo pela boca. A forma adulta vive
aproximadamente dois anos. Durante esse período, ocorre a cópula e a liberação de
ovos que são excretados com as fezes.


Epidemiologia
      Existem em todo o mundo sendo maior a prevalência em países tropicais, sendo
muito frequente no Brasil. Há no mundo 1,38 bilhões de pessoas infectadas pela
parasitose segundo a OMS, ou seja, um quinto da humanidade. O ser humano é seu
único hospedeiro. A transmissão se dá pela ingestão de água ou alimentos
contaminados com ovos infectantes.


Progressão e Sintomas
      A grande maioria dos infectados tem apenas um número pequeno de lombrigas
que não causam nenhum sintoma.
O período de incubação entre a ingestão do ovo e a chegada do parasito adulto
ao lúmen intestinal dura cerca de dois meses. Nesse período as larvas passam por
vários orgãos, como fígado e pulmões. Normalmente não causam problemas na sua
migração mas, particularmente se existirem em grandes números, podem causar
irritação pulmonar com hemorragias e hemoptise (tosse com sangue). Outros sintomas
nesta fase além da tosse são, falta de ar (dispneia) e febre baixa.
       Após chegada ao intestino e maturação nas formas adultas, os parasitos
nutrem-se com o bolo alimentar e não são invasivos. Sintomas possíveis numa maioria
incluem nauseas, vômitos, diarréia e dor abdominal, particularmente se a carga de
parasitas é alta.
       As complicações graves da ascaridíase são raras e predominantemente em
crianças que têm grande número de parasitos (devido muitas vezes às crianças
comerem terra ou lamberem objetos sujos de terra). Assim, um grande número de
adultos no intestino pode formar uma bolo de parasitos, que obstrui a passagem dos
alimentos pelo intestino (íleo mecânico); grande número de parasitas na passagem
pelos pulmões e faringe podem provocar crises de asfixia; e a migração de parasitas
para os ductos biliares, pancreáticos ou apêndice resultar em colecistite, pancreatite
ou apendicite. Pode também existir a forma errática da infecção (altas cargas
parasitárias), onde os parasitos albergam órgãos não naturais da infecção podendo
provocar hemorragias internas.


Diagnóstico e Tratamento
       O diagnóstico é feito pela observação microscópica de ovos nas fezes, através
do Exame Parasitológico de Fezes, pelo método do HPJ (Método de Sedimentação
Espontânea). O diagnóstico também pode ser feito por testes imunológicos ou exames
de imagem, como endoscopias, ultrassonografias e raio-x, sendo esses últimos
acidentais.
Fármacos utilizados no tratamento de ascaridíase são os azólicos como o mebendazole
e o albendazol, em casos de obstrução intestinal, o indicado é que antes da
administração desses medicamentos seja utilizado praziquantel e óleo mineral. O
tratamento deve ser repetido após algumas semanas para matar larvas que possam
estar migrando e, portanto, inacessíveis aos fármacos administrados por via oral no
intestino.
Prevenção
• Educação sanitária;
• Saneamento básico, com ênfase para o destino adequado das fezes humanas;
• Tratamento da água usada para consumo humano;
• Cuidados higiênicos no preparo dos alimentos (particularmente de verduras);
• Higiene pessoal;
• Combate aos insetos domésticos, pois moscas e baratas podem veicular os ovos;
• Tratamento das pessoas parasitadas;
• Remédios Indicados Por Médicos.
Tricuríase

Trichuris trichiura
       A Tricuríase ou Tricuriose é uma parasitose intestinal causada pelo nemátode
Trichuris trichiura.
       O T. trichiura é um verme fusiforme nemátode, e como todos, tem sistema
digestivo completo. Boca na extremidade anterior, abertura simples - sem lábios,
seguido do esôfago bastante longo e delgado - 2/3 do comprimento. Na parte
posterior, que é alargada, está o sistema reprodutor simples e o intestino. Os vermes
adultos são dióicos, com dimorfismo sexual. Os machos tem em torno de 2,5 a 4 cm, as
fêmeas são maiores que os machos, em torno de 4 a 5 cm. Os ovos têm o aspecto
típico de barril ou bola de futebol americano ou a forma de limões, com cerca de 45 a
65 micrómetros de comprimento por 20 a 25 micrômetros de largura, e massa
mucoide transparente nas duas extremidades (opérculos polares).

Ciclo de Vida
       Os ovos são expelidos com as fezes e permanecem viáveis durante vários meses
ou anos em solo úmido e quente, e são infecciosos assim que se desenvolve a larva no
seu interior, o que demora algumas semanas. Se ingeridas, as larvas saem dos ovos no
lúmen do intestino, migram para o ceco e penetram na mucosa intestinal. Aí se
desenvolvem, maturando em formas adultas depois de alguns meses, que permanecem
com a cauda no lúmen do intestino e a cabeça penetrando a mucosa. Se houver um
macho e uma fêmea, pelo menos, no mesmo individuo, acasalam e a fêmea põe mais de
3000 ovos por dia, excretados nas fezes. As formas adultas podem sobreviver
durante vários anos. Alimentam-se do bolo intestinal mas também de sangue. São
semelhante ao Ascaris lumbricóides.


Epidemiologia
      Haverá segundo a OMS milhões de pessoas infectadas em todo o mundo (um
quinto da humanidade), principalmente em países tropicais em locais com condições
pouco higiénicas. Esta infecção é cosmopolita, quase sempre sua prevalência segue
paralelamente a do Ascaris lumbricoides, devido ser idêntico o modo de transmissão,
devido a grande fertilidade das duas espécies de nematelmintos, bem como a
resistência dos ovos às condições de meio externo e demais características
epidemiológicas. Este parasita só afecta primatas.


Progressão e Sintomas
      Se a carga de parasitas é baixa, a doença é assintomática, porém se for elevada
pode ocorrer extensa necrose da mucosa intestinal com hemorragias e diarréia
sanguinolenta, podendo progredir para anemia por déficit de ferro. Outros sintomas
são a dor abdominal, perda de peso em indivíduos já desnutridos, flatulência e fadiga.
Em casos incomuns pode ocorrer apendicite (se o verme entrar no apêndice e não
conseguir sair) e prolapso rectal com hemorróidas.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico é feito pela obervação ao microscópio dos ovos do parasita em amostras
fecais. Fármacos como mebendazol e oxantel matam as formas adultas.

Filarose
       A filariose ou elefantíase é a doença causada pelos parasitas nematóides
Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, comumente chamados filária, que
se alojam nos vasos linfáticos, causando linfedema. Esta doença é também conhecida
como elefantíase, devido ao aspecto de perna de elefante do paciente com esta
doença.
       Tem como transmissor os mosquitos dos gêneros Culex, Anopheles, Mansonia ou
Aedes, presentes nas regiões tropicais e subtropicais. Quando o nematóideo obstrui o
vaso linfático, o edema é irreversível, daí a importância da prevenção com
mosquiteiros e repelentes, além de evitar o acúmulo de água parada em pneus velhos,
latas, potes e outros.

Ciclo de Vida
As larvas são transmitidas pela picada dos mosquitos Culex, Mansonia, Anopheles e
Aedes. Da corrente sangüínea, elas dirigem-se para os vasos linfáticos, onde se
maturam nas formas adultas sexuais. Após cerca de oito meses da infecção inicial
(período pré-patente), começam a produzir microfilárias que surgem no sangue, assim
como em muitos orgãos. O mosquito é infectado quando pica um ser humano doente.
Dentro do mosquito as microfilárias modificam-se ao fim de alguns dias em formas
infectantes, que migram principalmente para a cabeça do mosquito.


Epidemiologia
      Afeta 120 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da OMS. Só
afeta o ser humano (outras espécies afetam animais).
1. O Wuchereria bancrofti existe na África, Ásia tropical, Caraíbas e na América do
   Sul incluindo Brasil. Mosquitos Culex, Anopheles e Aedes. No Brasil o vetor
   primário e principal é o Culex quinquefasciatus.
2. O Brugia malayi está limitado ao Subcontinente Indiano e a algumas regiões da
   Ásia oriental. O transmissor é o mosquito Anopheles, Culex ou Mansonia.
3. O Brugia timori existe em Timor-Leste e Ocidental, do qual provém o seu nome, e
   na Indonésia. Transmitido pelos Anopheles.
      O parasita só se desenvolve em condições úmidas com temperaturas altas,
portanto todos os casos na Europa e EUA são importados de indivíduos provenientes
de regiões tropicais.


Progressão e sintomas
O período de incubação pode ser de um mês ou vários meses. A maioria dos
casos é assintomática, contudo existe produção de microfilárias e o indivíduo
dissemina a infecção através dos mosquitos que o picam.
      Os episódios de transmissão de microfilárias (geralmente à noite, a depender
da espécie do vetor) pelos vasos sanguíneos podem levar a reações do sistema
imunológico, como prurido, febre, mal estar, tosse, asma, fadiga, exantemas,
adenopatias (inchaço dos gânglios linfáticos) e com inchaços nos membros, escroto ou
mamas. Por vezes causa inflamação dos testículos (orquite).
      A longo prazo, a presença de vários pares de adultos nos vasos linfáticos, com
fibrosação e obstrução dos vasos (formando nódulos palpáveis) pode levar a
acumulações de linfa a montante das obstruções, com dilatação de vasos linfáticos
alternativos e espessamento da pele. Esta condição, dez a quinze anos depois,
manifesta-se como aumento de volume grotesco das regiões afectadas, principalmente
pernas e escroto, devido à retenção de linfa. Os vasos linfáticos alargados pela linfa
retida, por vezes rebentam, complicando a drenagem da linfa ainda mais. Por vezes as
pernas tornam-se grossas, dando um aspecto semelhante a patas de elefante, descrito
como elefantíase.
      O antiparasítico usado é dietilcarbamazina (DEC) que elimina as microfilárias e
o verme adulto. Pode-se recorrer a cirurgia reparadora em caso de elefantíase (fase
crônica da doença). É importante tratar as infecções secundárias.


Prevenção
Há um programa da OMS que procura eliminar a doença com fármacos administrados
como prevenção e inseticidas. É útil usar roupas que cubram o máximo possível da pele,
repelentes de insetos e dormir protegido com redes.

Enterobiose

       Enterobíase/Enterobiose ou Oxiurose ou é o nome da infecção por oxiúros
(Enterobius vermicularis), que são vermes nematôdeos com menos de 15 mm de
comprimento e que parasitam o intestino dos mamíferos, principalmente primatas,
incluindo o homem. É a única parasitose que ainda é hoje comum nos países
desenvolvidos, atingindo particularmente as crianças.
       O oxiúro é um verme nemátode pequeno e fusiforme. As fêmeas têm cerca de 1
centímetro e cauda longa, enquanto os machos apenas 3 milímetros.
       Após deglutição dos ovos, as formas adultas formam-se no intestino. Aí macho e
fêmea acasalam, guardando a fêmea os ovos fecundados. O macho morre após a cópula
e é expulso junto com as fezes. A fêmea então migra para o cólon distal e para o
recto. De noite a fêmea sai do recto passando pelo esfincter e deposita os ovos na
mucosa anal e pele perianal, do lado externo do corpo, voltando depois para dentro.
Este processo é extremamente irritante porque o contrário da mucosa do intestino,
mucosa anal e a pele são muito sensíveis, de forma consciente, e os movimentos da
fêmea são percebidos pelo hospede como prurido. As fêmeas põem mais de 10.000
ovos (40 micrómetros) que são lavados ou ficam agarrados à roupa interior, caiem e
misturam-se no pó, ou podem ainda ser levados pelas fezes. É comum em casos de
diarreia ou fezes moles, saírem fêmeas adultas também com as fezes, que são visíveis
movendo-se à superfície da água do vaso sanitário

Ciclo de vida do Enterobius vermicularis.
       Os vermes adultos vivem no intestino grosso e, após a cópula, o macho é
eliminado. As fêmeas fecundadas não fazem oviposição no intestino e têm seu útero
abarrotado com aproximadamente 10.000 ovos. Em um determinado momento o
parasita se desprende do ceco e é arrastado para a região anal e perianal, onde se
fixa e libera grande quantidade de ovos.
       E. vermicularis é o parasita de maior poder de infecção, pois seus ovos
necessitam de apenas seis horas para se tornar infectantes.
Ao serem ingeridos, os ovos sofrem a ação do suco gástrico e duodenal, libertando as
larvas que se dirigem ao ceco, onde se fixam e evoluem até o estágio adulto. A duração
do ciclo é em média de 30 a 50 dias.
       O sintoma característico da enterobíase é o prurido anal, que se exacerba no
período noturno devido à movimentação do parasita pelo calor do leito, produzindo um
quadro de irritabilidade e insônia.
       Em relação às manifestações digestivas, a maioria dos pacientes apresenta
náuseas, vômitos, dores abdominais em cólica, tenesmo e, mais raramente, evacuações
sanguinolentas.
       Nas mulheres, o verme pode migrar da região anal para a genital, ocasionando
prurido vulvar, corrimento vaginal, eventualmente infecção do trato urinário, e até
excitação sexual. Apesar da sintomatologia, não se verifica eosinofilia periférica e os
níveis de IgE em patamares dentro da normalidade, com exceção de estudo de
infecção massiva promovendo uma alta elevação de IgE sangüínea e contagem de
eosinófilos.
       Existem relatos de localização ectópica da patologia levando a quadros de
apendicites, salpingites, granulomas peritoneais e perianais, doença inflamatória
pélvica.


Diagnóstico e Tratamento
      O método de escolha utilizado para o diagnóstico da enterobíase difere em
relação às outras verminoses em geral. As técnicas habituais de demonstração de ovos
de helmintos não apresentam positividade superior a 5% dos casos, uma vez que as
fêmeas não fazem oviposição no intestino. Como eleição emprega-se a técnica dos
“swabs anais”, também denominada de método da fita de celofane adesiva e
transparente, ou da fita gomada, reportada por Graham. A outra técnica não habitual
descrita na literatura é chamada de vaselina-parafina (VASPAR). Adota-se como
padrão da colheita do material o horário no período matutino, antes de o paciente
defecar ou tomar um banho. Caso não seja possível tal procedimento, poderia se optar
pela coleta após o paciente ter se deitado. Com estas técnicas, aumenta-se
sensivelmente a positividade do achado dos ovos de E. vermicularis e, se realizado em
  dias consecutivos, com no mínimo três coletas, segundo consenso de expertos da
  Federação Latino-Americana de Parasitologia (FLAP).
         O tratamento de escolha é o pamoato de pirantel na dose de 10 mg/kg em dose
  única, não ultrapassando 1g, por via oral, preferencialmente em jejum. Apresenta uma
  eficácia em torno de 80 a 100% de cura, com poucos efeitos adversos, tais como:
  cefaléia, tonturas e distúrbios gastrointestinais leves. Sugere-se na maioria dos casos
  a repetição do tratamento, aumentando assim a taxa de cura deste nematódeo
  intestinal.
         Como terapia alternativa à participação dos benzi-midazólicos de uso em
  humanos, mebendazol e albendazol em dose única e repetição em 2 semanas. O
  mebendazol é administrado por via oral, 100 mg, independente da idade do paciente,
  apresentando eficácia de 90 a 100% de cura, com raros efeitos colaterais. O
  albendazol é receitado na dose de 400 mg, também independente da idade, e
  proporcionando taxa de cura também perto dos 100%. Náuseas, vômitos, diarréia,
  secura na boca e prurido cutâneo podem surgir após a ingestão, porém é raro o seu
  acometimento.


  Prevenção
         A higiene permite reduzir a probabilidade de contaminação, assim como a
  limpeza frequente dos quartos das crianças e sobretudo em zonas em que se acumula o
  pó como debaixo da mobilia e por cima das portas. É preferivel limpar com pano
  molhado de modo a não levantar pó que depois é inalado ao varrer. As roupas das
  crianças devem ser trocadas frequentemente, e as suas unhas cortadas de modo a não
  reter ovos se se coçarem. Outro grande cuidado deve ser o banho diário e o lavar as
  mãos antes de qualquer refeição para evitar a reinfecção. Todos os materiais
  infectados ou em contato com o corpo do doente (pijamas, roupa de cama, roupas
  íntimas) deve ser lavado com água morna (superior a 55 graus Celsius, por alguns
  segundos, é suficiente) e sabão diariamente. Água sanitária (lixívia, em Portugal)
  diluída em água (à razão de 1 parte para 3 de água) também serve para desinfectar
  brinquedos e roupas.




  Bibliografia
  Sobre fitoparasitas
Brito, G. G. et al. Xiphinema americanum Cobb, 1913 (Dorylaimida: Longidoridae):
espécie-praga quarentenária para o Brasil. Cienc. Rural vol.35 no.1 Santa Maria Jan./Feb.
2005.
Engler, J. A. et al. Dynamic citoskeleton rearrangements in giant cells and syncytia of
nematode-infested roots. The Plant Journal 38: 12-26, 2004.
Hyman, L. H. The invertebrates: Acantocephala, Aschelminthes, and Entoprocta. The
pseudocoelomate Bilateria. McGraw-Hill: New York, 1951.
Lordello, L. G. E. Nematóides das plantas cultivadas. Nobel: São Paulo, 1984.
Somasekhar, N. et al. Non-target effects of entomopathogenic nematodes on the soil
nematode community. Journal of applied ecology 39:735-344, 2002.
  Vovlas, N. et al. Pathogenicity of the root-knot nematode Meloidogyne hapla on
  potato. Plant pathology 54: 657-664, 2005.

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA-UFRA DISCIPLINA: ZOOLOGIA PROFª ANDRÉA BEZERRA FILO NEMATODA Nematoda Os nematódeos ou nemátodos (também chamados de vermes cilíndricos) são considerados o grupo de metazoários mais abundante na biosfera, com estimativa de constituírem até 80% de todos os metazoários, com mais de 20.000 espécies já descritas, de um número estimado em mais de 1 milhão de espécies atuais, que incluem muitas formas parasitas de plantas e animais. Apenas os Arthropoda apresentam maior diversidade. O nome vem da palavra grega nema, que significa filo. Características Gerais o São triblásticos, protostômios, pseudocelomados. o Seu corpo cilíndrico, alongado e não segmentado exibe simetria bilateral. o Possuem sistema digestivo completo, sistemas circulatório e respiratório ausentes; sistema excretor composto por dois canais longitudinais (renetes-formato de H); sistema nervoso parcialmente centralizado, com anel nervoso ao redor da faringe. Ecologicamente são muito bem-sucedidos, sendo tal fato demonstrado pela alta diversidade de espécies. Encontram-se em todos os habitats, terrestres, marinhos e de água doce e chegam a ser mais numerosos que os outros animais, tanto em número de espécies, como de indivíduos. Algumas espécies são microscópicas, enquanto uma espécie, parasita do cachalote pode atingir 13 metros de comprimento. Recentemente, aclamou-se que os nematódeos são uma das três principais radiações de organismos multicelulares que têm produzido a maioria das espécies do mundo, sendo as outras radiações os insetos e os fungos. Anatomia dos nematódeos Os nematódeos de vida livre são pequenos, geralmente menores do que 2,5 mm de comprimento e tem o corpo construído no mesmo plano fundamental, um cilindro quase perfeito, nu, delgado e alongado, com aspecto filiforme, em sua maioria, ou fusiforme. O animal é essencialmente um tubo dentro de outro tubo: o tubo externo é a parede corpórea, constituída, externamente, por uma cutícula complexa e, internamente, por uma camada de músculos longitudinais. O tubo interno é o trato digestivo, que é terminal na extremidade anterior mas subterminal posteriormente. Entre a parede e o tubo digestivo há a cavidade corpórea ou pseudoceloma, preenchida por líquido, que funciona como um "esqueleto hidrostático", além de favorecer a distribuição de nutrientes e recolher excretas, e na qual se encontram os órgãos reprodutores. A epiderme é sincicial, ou seja, formada por uma massa celular multinucleada e produz uma cutícula depositada externamente a ela. A cutícula é acelular, lisa, resistente e oferece proteção para o animal; em algumas formas, ela apresenta projeções que ajudam na locomoção. A cutícula tem de ser mudada para o animal
  • 2. crescer, um processo denominado ecdise - que coloca este filo no grupo dos Ecdysozoa, juntamente com os artrópodes e outros filos. Seus músculos são exclusivamente longitudinais, dispostos no sentido do comprimento do corpo. Isso faz com que a sua capacidade de locomoção seja mais limitada que a dos platelmintos. Os músculos são ativados pelas cadeias nervosas, que se encontram ao longo de todo o corpo do animal, uma na região ventral e outra na dorsal. Ao contrário de outros animais, em que os nervos se ramificam para os músculos, nos nematódeos são os músculos que se ramificam para atingirem os cordões nervosos. Estes cordões ligam-se a um anel à volta da faringe e possuem vários gânglios adicionais perto da extremidade anterior, mas sem formar um verdadeiro cérebro. Nessa região encontram-se órgãos sensoriais reduzidos. O tubo digestivo dos nematelmintos é completo, ou seja, possui um orifício de entrada de alimentos (a boca) e um outro orifício de saída de dejetos (o ânus) - são enterozoários completos. Na boca, podem ser encontradas placas cortantes semelhantes a dentes, com as quais os nematelmintos podem perfurar os tecidos de outros seres vivos. A faringe é musculosa e serve para esmagar os alimentos e também para os dirigir para o intestino, que não possui qualquer musculatura. O alimento é completamente digerido pelas enzimas que atuam sobre ele no interior do tubo digestivo, e os nutrientes são passados para a cavidade do corpo para serem distribuídos pelas células. Muitos nematelmintos de vida livre são carnívoros e se alimentam de pequenos animais ou de corpos de animais mortos. Os parasitas intestinais recebem o alimento já parcialmente digerido pelo hospedeiro. Assim como os platelmintos, os nematelmintos são avasculares (não possuem sistema circulatório). A cavidade corporal (o pseudoceloma) contém um líquido, e a contínua movimentação desse líquido, propiciada pela contração da musculatura longitudinal do corpo, permite uma relativa distribuição de materiais entre as diferentes partes do corpo. Eles não possuem órgãos respiratórios. As trocas gasosas acontecem na superfície corporal, por difusão. Os nematelmintos de vida livre são aeróbicos e obtêm o oxigênio no meio onde vivem. Os parasitas são geralmente anaeróbicos e fazem fermentação. Dessa forma não requerem oxigênio e a maioria não elimina CO2, porque realizam a fermentação láctica, que não libera esse gás. Os resíduos metabólicos são excretados a partir do líquido que ocupa o pseudoceloma, por meio de dois tubos longitudinais ligados por um menor, transversal. A distribuição desses tubos, no corpo, dá a eles o nome de tubos em "H". Os dois ramos longitudinais do sistema se abrem em orifícios próximos da boca. Reprodução e crescimento A maioria das espécies são dióicas, (realizam fecundação interna), ocorrendo em algumas nítido dimorfismo sexual: normalmente os machos são menores que as fêmeas, apresentam espinhos copulatórios e possuem a cauda encurvada.
  • 3. Na cópula, os machos depositam os seus espermatozóides no poro genital das fêmeas. Os machos não possuem poro genital, e a saída dos espermatozóides ocorre pelo ânus. Também são características exclusivas dos nematódeos a ausência de células ciliadas e os espermatozóides amebóides, sem flagelo, deslocando-se por pseudópodos. A fecundação acontece dentro do corpo da fêmea (fecundação interna). Depois de fecundado, o zigoto se desenvolve dentro de um ovo com a casca resistente. Muitas espécies eliminam os ovos fecundados para o ambiente, onde as primeiras divisões se processam e o ovo se torna embrionado. O ciclo evolutivo pode ser direto ou indireto, dependendo da formação de larvas por dentro ou fora dos ovos. Ecologia dos nematódeos A maioria dos nemátodos é de vida livre, habitantes de solo húmido, areia, de águas estagnadas e até mesmo do plâncton. Entre os parasitas, além daqueles que têm o homem como seu hospedeiro, há espécies que infestam outros animais ou plantas (raízes, frutos). Muitos nematódeos podem suspender os processos vitais quando as condições ambientais se tornam desfavoráveis e encistar, numa forma que é capaz de sobreviver a condições extremas de secura, calor ou frio e depois voltar à "vida" quando as condições são favoráveis. Este processo é conhecido como criptobiose e, entre os animais é encontrado apenas entre os nematódeos, os rotíferos e os tardígrados. Nemátodes fitoparasitas Nemátodes fitoparasíticos podem ser ecto- ou endo-parasitas; todos têm estiletes, mas enquanto alguns se mantêm no solo, com apenas o estilete no tecido vegetal, outros enterram a cabeça na planta e alguns entram na planta por inteiro, o que geralmente provoca um inchaço ou uma galha. As galhas são estruturas vegetais deformadas pela presença do verme, dentro das quais o verme se desenvolve e pode sobreviver por muito tempo quando dessecado (há relatos de vermes sobrevivendo por 27 anos em galhas, apesar de serem raros; Dilendus dipsaci, que ataca pepinos, alho e outras culturas, sobrevive por 4 a 9 anos em galhas, dependendo do material vegetal usado. É interessante notar que as fases infectantes de fitoparasitas têm grandes reservas nutricionais, tendo em vista que eles não se alimentam até achar um hospedeiro. As fases infectantes de Heterodera podem viver no solo por até um ano, e outros tilenquídios conseguem sobreviver por pelo menos algumas semanas. Juvenis infectantes aparentemente são atraídos a novas plantas por exsudações, sendo capazes de percorrer distâncias de até 2,5 m para chegar a um hospedeiro. Tendo em vista que provavelmente o estilete não é utilizado para penetrar na planta, apenas para perfurar as células e sugar o conteúdo, a penetração ocorre em pontos fracos da raiz, de modo que os nemátodes são atraídos pelas feridas.
  • 4. Ordem Dorylaimoidea Estão entre os nemátodes mais comuns no solo e na água doce, sendo caracterizados pela faringe do tipo dorylaimoide e por um estilete oco protrusível na cavidade bucal pelo qual o alimento - sucos animais e vegetais - é sugado. Muitos existem apenas como fêmeas, sendo provavelmente partenogênicos. Quando há machos, eles podem ser monórquicos ou diórquicos, com duas espículas de tamanhos aproximadamente iguais. As fêmeas têm dois ovários refletidos. O principal gênero é o Dorylaimus, cujas quase 200 espécies têm um estilete simples com um anel-guia. O gênero Xiphinema é de interesse pois transmite o vírus do mosaico árabe. Outros vermes dessa ordem podem ser de interesse agrícola quando são ectoparasitas de plantas economicamente importantes. Os nematelmintos não possuem sistemarespiratório e a respiração é cutânea ou tegumentar, feita através da difusão. Ordem Rhabditoidea ou Anguilluloidea É uma ordem grande, com nemátodes de tamanho moderado cujos anfídeos foram reduzidos a pequenos bolsos e cujos órgãos sensoriais cefálicos são todos em forma de papilas. A faringe apresenta um ou dois bulbos, geralmente dois, sendo um deles um pseudobulbo e o outro um bulbo valvulado. Glândulas anais são vestigiais. O sistema reprodutor feminino geralmente é didélfico com ovários refletidos;, podendo também ser monodélfico, e não possui uma musculatura desenvolvida. Machos comumente possuem alae caudais formando uma bursa, e as espéculas são iguais e acompanhados por um gubernáculo. A família Tylenchidae, caracterizada por um estilete bucal e pela forma assimétrica do sistema excretor com canais unilaterais, inclui os fitoparasitas mais importante. Membros desta família se alimentam de seiva vegetal penetrando na planta e perfurando suas células e tecidas com o estilete, usando então a faringe musculosa para sugar a seiva. A sua faringe é caracterizada por uma bulba muscular mediana e uma região glandular inchada posterior. A classificação proposta por Filipjev e Stekhoven (hyman p. 296) divide a faringe em dois tipos: o tipo tilencóide (tylenchoid), onde o inchaço glandular forma um bulbo compacto, e o tipo afelencóide (aphelenchoid), no qual o inchaço se projeta para trás como um lobo sobre a parte anterior do intestino. Dentre os tilencóides, destaca-se o Ditylenchus dipsaci, conhecido em inglês como "stem-and-bulb eelworm", que ataca uma grande variedade de plantas, entre elas centeio, aveia, trevo, alfafa, lírio, jacinto, cebola, gladíolo, narciso. O gênero Anguina possui espécies como A. agrostis, que provoca galhas nas inflorescências vegetais, e o A. tritici, que transforma grãos de trigo em galhas. As galhas contém juvenis dormentes que escapam quando as galhas amolecem e apodrecem nas chuvas da primavera, infectando então novas plantas. Entre os gêneros com a faringe do tipo afelencóide estão: Rotylenchus, Aphelenchus,
  • 5. Aphelenchoides, Heterodera e Meloidogyne. Os gêneros Heterodera e Meloidogyne são os mais importantes e portanto serão tratados aqui com mais detalhes. Heterodera O gênero Heterodera, cujas principais espécies são H. schachtii (que ataca a beterraba-doce e outras plantas das famílias Chaenopodiaceae e Cruciferae) e H. rostochiensis (que ataca plantações de batata, sendo muito prejudicial devido à grande quantidade de vermes que podem ser encontrados em uma única planta), contém os nemátodes formadores de cistos verdadeiros. Apresentam, dentre os nemátodes, a maior alteração para o parasitismo e o maior grau de dimorfismo sexual. A penetração do hospedeiro é efetuada pelo segundo estágio, provavelmente por alguma parte enfraquecida da planta. Eles perfuram as células e sugam seu conteúdo, geralmente provocando a formação de uma galha onde vivem até atingir a maturidade sexual. Ocorrem algumas mudas sucessivas, geralmente três, com as quais as fêmeas se tornam cada vez mais inchadas, finalmente assumindo um formato de pêra ou limão. Elas podem ficar na galha ou se protrair dela parcialmente. Os machos também passam por mudas, mas mantém a forma alongada. Eles saem da raiz, podendo ficar presos a ela pela cabeça, e a fecundação ocorre quando o macho encontra a fêmea imóvel (o macho morre depois de fecundar a fêmea). Feita a fecundação, os ovos maturam dentro do corpo da fêmea, geralmente entre 200 e 500 ovos por indivíduo, após o que a fêmea degenera, deixando a cutícula e, em alguns casos, uma exsudação gelatinosa como proteção para os ovos. Pode também ser coberta pela "camada sub-cristalina", possivelmente produzida por um fungo simbionte. Quando as partes infectadas da planta se degeneram os cistos são liberados no solo; dentro deles se desenvolvem os juvenis de segunda fase, os quais então escapam para o solo, onde podem viver por alguns meses, até um ano, sem se alimentar, penetrando num novo hospedeiro quando o encontram. Na ausência de condições favoráveis os cistos secos podem viver por até oito anos, apesar de o número de ovos viáveis neles diminuir. Meloidogyne São conhecidos como "root-knot" nematodes, sendo encontrados principalmente em regiões tropicais. Como em Heterodera, a fase infectante é o segundo estágio juvenil, a qual penetra próximo da ponta das raízes, de modo que a larva de primeiro estágio fica no ovo até a primeira muda. Enquanto se alimentam, as larvas se tornam inchadas e o tecido vegetal forma uma galha. Os vermes passam pela série de mudas característica, e os machos e fêmeas são formados. Os machos são de formato normal, podendo ser encontrado em quantidade pequena; as fêmeas são inchadas, em forma de maçã. Na maior parte das espécies ocorre a fecundação, apesar de algumas serem partogenéticas. Os ovos são depositados em número de até 500, a extremidade posterior da fêmea sendo protraída da superfície da galha. Massas de ovos são
  • 6. comumente encontradas perto da superfície das raízes, podendo também ocorrer dentro das galhas. O ciclo de vida é curto (em torno de 3 semanas), de modo que várias gerações ocorrem em uma única estação. Deve-se notar que esses vermes não podem ser considerados formadores de cistos, pois ovos são postos pelas fêmeas. As galhas são formados por tecidos vegetais, como explicado abaixo. Formação de galhas Galhas são formadas por diversas espécies da família Tylenchidae, entre elas Anguina tritici, que forma galhas em grãos de trigo; espécies do gênero Heterodera; e o gênero Meloidogyne. A formação de uma galha envolve o aumento da quantidade de células (hiperplasia) e do seu tamanho (hipertrofia); o verme fica alojado em espaços resultantes da ruptura de células, alimentando-se de células que ele induz a se transformarem em fonte de alimentação para ele. Os vermes podem ser cercados por três a seis células gigantes, resultantes de eventos de carioquinese sem citocinese no caso de Meloidogyne e da fusão de uma célula alimentícia inicial com células que a cercam no caso de nematóides formadores de cistos (essas últimas seriam mais corretamente denominadas de sincícios). As células que cercam as células gigantes, em contraste com essas, são pequenas e na maior parte das vezes continuam diplóides. Tanto em células gigantes quanto em sincícios, o citoplasma torna-se denso, o vacúolo grande sendo substituídos por vacúolos pequenos. Filogenia e Classificação Os nemátodos foram originalmente classificados como Nemata por Nathan Cobb, em 1919; mais tarde foram considerados do filo Aschelminthes, por possuírem uma cavidade preenchida por líquido, que não é um verdadeiro celoma e, mais recentemente, restaurado o estatuto de filo dentro do grupo Ecdysozoa, ao qual pertencem também os Arthropoda, por se considerar terem a mesma filogenia. Apesar de não possuírem partes duras, foram encontrados fósseis de nemátodos do período Carbonífero (com mais de 280 milhões de anos) mas, uma vez que alguns grupos relacionados com eles foram encontrados em formações do período Cambriano, é provável que eles tenham aparecido no mesmo período (ver Explosão Cambriana). Têm também sido encontrados nemátodes em âmbar (resina fossilizada) da era Cenozóica. Ancilostomíase A Ancilostomíase (também designada Ancilostomose) e a Necatoríase são duas doenças semelhantes causadas pelos parasitas nemátodes relacionados Ancylostoma duodenale (Velho Mundo) e Necator americanus (Novo Mundo). É conhecida popularmente como amarelão.
  • 7. Ancylostoma e Necator O Ancylostoma duodenale e o Necator americanus são espécies aparentadas de vermes parasitas nemateomintos, com corpos filiformes e fêmeas (com até um centímetro) maiores que machos. As suas extremidades anteriores têm a forma de um gancho, especialmente nos Necator, e possuem boca armada com placas ou espinhos duros. A Ancilostomíase e a Necatoríase são duas doenças semelhantes causadas pelos parasitas nemátodes relacionados Ancylostoma duodenale(Velho Mundo) e Necator americanus (Novo Mundo). Ciclo de vida Os ovos têm 60 micrômetros e são expulsos pelas fezes humanas. Na terra quente e úmida, os ovos chocam libertando larvas que amadurecem em forma livre na terra mas são sensíveis à desidratação, quando eliminados nas fezes são avermelhados por causa da hematofagia e histiofagia que fazem no trato gastrintestinal dos hospedeiros. A larva rabditóide leva por volta de uma semana para tornar-se filarióide, a qual é capaz de viver por mais de um mês, procurando encontrar um hóspedeiro humano. Se conseguirem, elas são capazes de penetrar na pele intacta. Dentro do organismo, invade os vasos linfáticos e depois sangüíneos e migram pelas veias para os pulmões via coração. Permanece nos alvéolos dos pulmões durante algum tempo, e depois sobe (ou é tossida) pelos brônquios até à faringe, onde é deglutida incoscientemente para o esôfago. Após passar pelo estômago (a sua cutícula resistente permite-lhe suportar o ambiente ácido) passa ao duodeno (intestino). É aí que se desenvolvem e acasalam as formas adultas, produzindo mais de 10.000 ovos por dia. Progressão e Sintomas Assim que penetram na pele do hospedeiro, as larvas de ancilostomideos podem provocar, no local da penetração, lesões traumáticas, seguidas por fenômenos vasculares.Após alguns minutos, aparecem os primeiros sinais e sintomas: uma sensação de picada, hipertermia, prurido e edema resultante do processo inflamatório ou dermatite urticariforme. Pode, no entanto, haver prurido e exantema (pele inflamada). O periodo de incubação até surgirem os sintomas intestinais é de um ou dois meses, e podem durar anos. Quando as larvas atravessam os aoveolos podem provocar uma reação inflamatória (aoveolite). Após deglutidas e fixadas geralmente no final do duodeno (podendo tambem de fixarem no ilio ou ceco em casos de infecções maciças)onde se tornam adultos. A hitiofagia e hematofagiapodem formar ulceras intestinais, anemia e hipoproteinemia. Diagnóstico e Tratamento O diagnóstico é feito somente por exames de fezes, que é feito através da observação com auxílio de microscópiopelos profissionais responsáveis.
  • 8. Prevenção Utilização de calçados (sapato ou sandália), evitando o contato direto com o solo contaminado; Fornecimento de infra-estrutura básica para a população, proporcionando saneamento básico e condições adequadas de higienização; Ter o máximo de cuidado quanto ao local destinado ao lazer das crianças, pois acabam brincando com terra; Educação da comunidade, bem como o tratamento das pessoas doentes. Ascaridíase Ascaris lumbricoides A ascaridíase ou ascaríase é uma parasitose geralmente benigna causada pelo verme nemátode Ascaris lumbricoides, também conhecido popularmente como lombriga. São vermes nemátodes, ou seja fusiformes sem segmentação, e com tubo digestivo completo. A reprodução é sexuada, sendo a fêmea (com até 40cm de comprimento) bastante maior que o macho, e com o diâmetro de um lápis. Os ovos têm 50 micrometros e são absolutamente invisíveis a olho nu. O ser humano infectado libera, junto às fezes, ovos do parasita. Assim a larva se desenvolve em ambientes quentes e úmidos (por exemplo, o solo nos países tropicais) no qual permanece dentro do ovo. A infecção ocorre por meio da ingestão dos ovos infectantes em água ou alimentos, principalmente verduras. As larvas são liberadas no intestino delgado e alcançam a corrente sanguínea através da parede do intestino. Infectam o fígado, onde crescem durante menos de uma semana e entram nos vasos sanguíneos novamente, passando pelo coração e seguem para os pulmões. Nos pulmões invadem os alvéolos, e crescem mais com os nutrientes e oxigênio abundantes nesse órgão bem irrigado. Quando crescem demasiados para os alvéolos, as larvas saem dos pulmões e sobem pelos brônquios chegando à faringe onde são maioritariamente deglutidas pelo tubo digestivo, passando pelo estômago, atingem o intestino delgado onde completam o desenvolvimento, tornando-se adultos.Apesar de haver alguns casos em que são expectoradas saindo pela boca. A forma adulta vive aproximadamente dois anos. Durante esse período, ocorre a cópula e a liberação de ovos que são excretados com as fezes. Epidemiologia Existem em todo o mundo sendo maior a prevalência em países tropicais, sendo muito frequente no Brasil. Há no mundo 1,38 bilhões de pessoas infectadas pela parasitose segundo a OMS, ou seja, um quinto da humanidade. O ser humano é seu único hospedeiro. A transmissão se dá pela ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos infectantes. Progressão e Sintomas A grande maioria dos infectados tem apenas um número pequeno de lombrigas que não causam nenhum sintoma.
  • 9. O período de incubação entre a ingestão do ovo e a chegada do parasito adulto ao lúmen intestinal dura cerca de dois meses. Nesse período as larvas passam por vários orgãos, como fígado e pulmões. Normalmente não causam problemas na sua migração mas, particularmente se existirem em grandes números, podem causar irritação pulmonar com hemorragias e hemoptise (tosse com sangue). Outros sintomas nesta fase além da tosse são, falta de ar (dispneia) e febre baixa. Após chegada ao intestino e maturação nas formas adultas, os parasitos nutrem-se com o bolo alimentar e não são invasivos. Sintomas possíveis numa maioria incluem nauseas, vômitos, diarréia e dor abdominal, particularmente se a carga de parasitas é alta. As complicações graves da ascaridíase são raras e predominantemente em crianças que têm grande número de parasitos (devido muitas vezes às crianças comerem terra ou lamberem objetos sujos de terra). Assim, um grande número de adultos no intestino pode formar uma bolo de parasitos, que obstrui a passagem dos alimentos pelo intestino (íleo mecânico); grande número de parasitas na passagem pelos pulmões e faringe podem provocar crises de asfixia; e a migração de parasitas para os ductos biliares, pancreáticos ou apêndice resultar em colecistite, pancreatite ou apendicite. Pode também existir a forma errática da infecção (altas cargas parasitárias), onde os parasitos albergam órgãos não naturais da infecção podendo provocar hemorragias internas. Diagnóstico e Tratamento O diagnóstico é feito pela observação microscópica de ovos nas fezes, através do Exame Parasitológico de Fezes, pelo método do HPJ (Método de Sedimentação Espontânea). O diagnóstico também pode ser feito por testes imunológicos ou exames de imagem, como endoscopias, ultrassonografias e raio-x, sendo esses últimos acidentais. Fármacos utilizados no tratamento de ascaridíase são os azólicos como o mebendazole e o albendazol, em casos de obstrução intestinal, o indicado é que antes da administração desses medicamentos seja utilizado praziquantel e óleo mineral. O tratamento deve ser repetido após algumas semanas para matar larvas que possam estar migrando e, portanto, inacessíveis aos fármacos administrados por via oral no intestino. Prevenção • Educação sanitária; • Saneamento básico, com ênfase para o destino adequado das fezes humanas; • Tratamento da água usada para consumo humano; • Cuidados higiênicos no preparo dos alimentos (particularmente de verduras); • Higiene pessoal; • Combate aos insetos domésticos, pois moscas e baratas podem veicular os ovos; • Tratamento das pessoas parasitadas; • Remédios Indicados Por Médicos.
  • 10. Tricuríase Trichuris trichiura A Tricuríase ou Tricuriose é uma parasitose intestinal causada pelo nemátode Trichuris trichiura. O T. trichiura é um verme fusiforme nemátode, e como todos, tem sistema digestivo completo. Boca na extremidade anterior, abertura simples - sem lábios, seguido do esôfago bastante longo e delgado - 2/3 do comprimento. Na parte posterior, que é alargada, está o sistema reprodutor simples e o intestino. Os vermes adultos são dióicos, com dimorfismo sexual. Os machos tem em torno de 2,5 a 4 cm, as fêmeas são maiores que os machos, em torno de 4 a 5 cm. Os ovos têm o aspecto típico de barril ou bola de futebol americano ou a forma de limões, com cerca de 45 a 65 micrómetros de comprimento por 20 a 25 micrômetros de largura, e massa mucoide transparente nas duas extremidades (opérculos polares). Ciclo de Vida Os ovos são expelidos com as fezes e permanecem viáveis durante vários meses ou anos em solo úmido e quente, e são infecciosos assim que se desenvolve a larva no seu interior, o que demora algumas semanas. Se ingeridas, as larvas saem dos ovos no lúmen do intestino, migram para o ceco e penetram na mucosa intestinal. Aí se desenvolvem, maturando em formas adultas depois de alguns meses, que permanecem com a cauda no lúmen do intestino e a cabeça penetrando a mucosa. Se houver um macho e uma fêmea, pelo menos, no mesmo individuo, acasalam e a fêmea põe mais de 3000 ovos por dia, excretados nas fezes. As formas adultas podem sobreviver durante vários anos. Alimentam-se do bolo intestinal mas também de sangue. São semelhante ao Ascaris lumbricóides. Epidemiologia Haverá segundo a OMS milhões de pessoas infectadas em todo o mundo (um quinto da humanidade), principalmente em países tropicais em locais com condições pouco higiénicas. Esta infecção é cosmopolita, quase sempre sua prevalência segue paralelamente a do Ascaris lumbricoides, devido ser idêntico o modo de transmissão, devido a grande fertilidade das duas espécies de nematelmintos, bem como a resistência dos ovos às condições de meio externo e demais características epidemiológicas. Este parasita só afecta primatas. Progressão e Sintomas Se a carga de parasitas é baixa, a doença é assintomática, porém se for elevada pode ocorrer extensa necrose da mucosa intestinal com hemorragias e diarréia sanguinolenta, podendo progredir para anemia por déficit de ferro. Outros sintomas são a dor abdominal, perda de peso em indivíduos já desnutridos, flatulência e fadiga. Em casos incomuns pode ocorrer apendicite (se o verme entrar no apêndice e não conseguir sair) e prolapso rectal com hemorróidas.
  • 11. Diagnóstico e Tratamento O diagnóstico é feito pela obervação ao microscópio dos ovos do parasita em amostras fecais. Fármacos como mebendazol e oxantel matam as formas adultas. Filarose A filariose ou elefantíase é a doença causada pelos parasitas nematóides Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, comumente chamados filária, que se alojam nos vasos linfáticos, causando linfedema. Esta doença é também conhecida como elefantíase, devido ao aspecto de perna de elefante do paciente com esta doença. Tem como transmissor os mosquitos dos gêneros Culex, Anopheles, Mansonia ou Aedes, presentes nas regiões tropicais e subtropicais. Quando o nematóideo obstrui o vaso linfático, o edema é irreversível, daí a importância da prevenção com mosquiteiros e repelentes, além de evitar o acúmulo de água parada em pneus velhos, latas, potes e outros. Ciclo de Vida As larvas são transmitidas pela picada dos mosquitos Culex, Mansonia, Anopheles e Aedes. Da corrente sangüínea, elas dirigem-se para os vasos linfáticos, onde se maturam nas formas adultas sexuais. Após cerca de oito meses da infecção inicial (período pré-patente), começam a produzir microfilárias que surgem no sangue, assim como em muitos orgãos. O mosquito é infectado quando pica um ser humano doente. Dentro do mosquito as microfilárias modificam-se ao fim de alguns dias em formas infectantes, que migram principalmente para a cabeça do mosquito. Epidemiologia Afeta 120 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da OMS. Só afeta o ser humano (outras espécies afetam animais). 1. O Wuchereria bancrofti existe na África, Ásia tropical, Caraíbas e na América do Sul incluindo Brasil. Mosquitos Culex, Anopheles e Aedes. No Brasil o vetor primário e principal é o Culex quinquefasciatus. 2. O Brugia malayi está limitado ao Subcontinente Indiano e a algumas regiões da Ásia oriental. O transmissor é o mosquito Anopheles, Culex ou Mansonia. 3. O Brugia timori existe em Timor-Leste e Ocidental, do qual provém o seu nome, e na Indonésia. Transmitido pelos Anopheles. O parasita só se desenvolve em condições úmidas com temperaturas altas, portanto todos os casos na Europa e EUA são importados de indivíduos provenientes de regiões tropicais. Progressão e sintomas
  • 12. O período de incubação pode ser de um mês ou vários meses. A maioria dos casos é assintomática, contudo existe produção de microfilárias e o indivíduo dissemina a infecção através dos mosquitos que o picam. Os episódios de transmissão de microfilárias (geralmente à noite, a depender da espécie do vetor) pelos vasos sanguíneos podem levar a reações do sistema imunológico, como prurido, febre, mal estar, tosse, asma, fadiga, exantemas, adenopatias (inchaço dos gânglios linfáticos) e com inchaços nos membros, escroto ou mamas. Por vezes causa inflamação dos testículos (orquite). A longo prazo, a presença de vários pares de adultos nos vasos linfáticos, com fibrosação e obstrução dos vasos (formando nódulos palpáveis) pode levar a acumulações de linfa a montante das obstruções, com dilatação de vasos linfáticos alternativos e espessamento da pele. Esta condição, dez a quinze anos depois, manifesta-se como aumento de volume grotesco das regiões afectadas, principalmente pernas e escroto, devido à retenção de linfa. Os vasos linfáticos alargados pela linfa retida, por vezes rebentam, complicando a drenagem da linfa ainda mais. Por vezes as pernas tornam-se grossas, dando um aspecto semelhante a patas de elefante, descrito como elefantíase. O antiparasítico usado é dietilcarbamazina (DEC) que elimina as microfilárias e o verme adulto. Pode-se recorrer a cirurgia reparadora em caso de elefantíase (fase crônica da doença). É importante tratar as infecções secundárias. Prevenção Há um programa da OMS que procura eliminar a doença com fármacos administrados como prevenção e inseticidas. É útil usar roupas que cubram o máximo possível da pele, repelentes de insetos e dormir protegido com redes. Enterobiose Enterobíase/Enterobiose ou Oxiurose ou é o nome da infecção por oxiúros (Enterobius vermicularis), que são vermes nematôdeos com menos de 15 mm de comprimento e que parasitam o intestino dos mamíferos, principalmente primatas, incluindo o homem. É a única parasitose que ainda é hoje comum nos países desenvolvidos, atingindo particularmente as crianças. O oxiúro é um verme nemátode pequeno e fusiforme. As fêmeas têm cerca de 1 centímetro e cauda longa, enquanto os machos apenas 3 milímetros. Após deglutição dos ovos, as formas adultas formam-se no intestino. Aí macho e fêmea acasalam, guardando a fêmea os ovos fecundados. O macho morre após a cópula e é expulso junto com as fezes. A fêmea então migra para o cólon distal e para o recto. De noite a fêmea sai do recto passando pelo esfincter e deposita os ovos na mucosa anal e pele perianal, do lado externo do corpo, voltando depois para dentro. Este processo é extremamente irritante porque o contrário da mucosa do intestino, mucosa anal e a pele são muito sensíveis, de forma consciente, e os movimentos da fêmea são percebidos pelo hospede como prurido. As fêmeas põem mais de 10.000
  • 13. ovos (40 micrómetros) que são lavados ou ficam agarrados à roupa interior, caiem e misturam-se no pó, ou podem ainda ser levados pelas fezes. É comum em casos de diarreia ou fezes moles, saírem fêmeas adultas também com as fezes, que são visíveis movendo-se à superfície da água do vaso sanitário Ciclo de vida do Enterobius vermicularis. Os vermes adultos vivem no intestino grosso e, após a cópula, o macho é eliminado. As fêmeas fecundadas não fazem oviposição no intestino e têm seu útero abarrotado com aproximadamente 10.000 ovos. Em um determinado momento o parasita se desprende do ceco e é arrastado para a região anal e perianal, onde se fixa e libera grande quantidade de ovos. E. vermicularis é o parasita de maior poder de infecção, pois seus ovos necessitam de apenas seis horas para se tornar infectantes. Ao serem ingeridos, os ovos sofrem a ação do suco gástrico e duodenal, libertando as larvas que se dirigem ao ceco, onde se fixam e evoluem até o estágio adulto. A duração do ciclo é em média de 30 a 50 dias. O sintoma característico da enterobíase é o prurido anal, que se exacerba no período noturno devido à movimentação do parasita pelo calor do leito, produzindo um quadro de irritabilidade e insônia. Em relação às manifestações digestivas, a maioria dos pacientes apresenta náuseas, vômitos, dores abdominais em cólica, tenesmo e, mais raramente, evacuações sanguinolentas. Nas mulheres, o verme pode migrar da região anal para a genital, ocasionando prurido vulvar, corrimento vaginal, eventualmente infecção do trato urinário, e até excitação sexual. Apesar da sintomatologia, não se verifica eosinofilia periférica e os níveis de IgE em patamares dentro da normalidade, com exceção de estudo de infecção massiva promovendo uma alta elevação de IgE sangüínea e contagem de eosinófilos. Existem relatos de localização ectópica da patologia levando a quadros de apendicites, salpingites, granulomas peritoneais e perianais, doença inflamatória pélvica. Diagnóstico e Tratamento O método de escolha utilizado para o diagnóstico da enterobíase difere em relação às outras verminoses em geral. As técnicas habituais de demonstração de ovos de helmintos não apresentam positividade superior a 5% dos casos, uma vez que as fêmeas não fazem oviposição no intestino. Como eleição emprega-se a técnica dos “swabs anais”, também denominada de método da fita de celofane adesiva e transparente, ou da fita gomada, reportada por Graham. A outra técnica não habitual descrita na literatura é chamada de vaselina-parafina (VASPAR). Adota-se como padrão da colheita do material o horário no período matutino, antes de o paciente defecar ou tomar um banho. Caso não seja possível tal procedimento, poderia se optar pela coleta após o paciente ter se deitado. Com estas técnicas, aumenta-se
  • 14. sensivelmente a positividade do achado dos ovos de E. vermicularis e, se realizado em dias consecutivos, com no mínimo três coletas, segundo consenso de expertos da Federação Latino-Americana de Parasitologia (FLAP). O tratamento de escolha é o pamoato de pirantel na dose de 10 mg/kg em dose única, não ultrapassando 1g, por via oral, preferencialmente em jejum. Apresenta uma eficácia em torno de 80 a 100% de cura, com poucos efeitos adversos, tais como: cefaléia, tonturas e distúrbios gastrointestinais leves. Sugere-se na maioria dos casos a repetição do tratamento, aumentando assim a taxa de cura deste nematódeo intestinal. Como terapia alternativa à participação dos benzi-midazólicos de uso em humanos, mebendazol e albendazol em dose única e repetição em 2 semanas. O mebendazol é administrado por via oral, 100 mg, independente da idade do paciente, apresentando eficácia de 90 a 100% de cura, com raros efeitos colaterais. O albendazol é receitado na dose de 400 mg, também independente da idade, e proporcionando taxa de cura também perto dos 100%. Náuseas, vômitos, diarréia, secura na boca e prurido cutâneo podem surgir após a ingestão, porém é raro o seu acometimento. Prevenção A higiene permite reduzir a probabilidade de contaminação, assim como a limpeza frequente dos quartos das crianças e sobretudo em zonas em que se acumula o pó como debaixo da mobilia e por cima das portas. É preferivel limpar com pano molhado de modo a não levantar pó que depois é inalado ao varrer. As roupas das crianças devem ser trocadas frequentemente, e as suas unhas cortadas de modo a não reter ovos se se coçarem. Outro grande cuidado deve ser o banho diário e o lavar as mãos antes de qualquer refeição para evitar a reinfecção. Todos os materiais infectados ou em contato com o corpo do doente (pijamas, roupa de cama, roupas íntimas) deve ser lavado com água morna (superior a 55 graus Celsius, por alguns segundos, é suficiente) e sabão diariamente. Água sanitária (lixívia, em Portugal) diluída em água (à razão de 1 parte para 3 de água) também serve para desinfectar brinquedos e roupas. Bibliografia Sobre fitoparasitas Brito, G. G. et al. Xiphinema americanum Cobb, 1913 (Dorylaimida: Longidoridae): espécie-praga quarentenária para o Brasil. Cienc. Rural vol.35 no.1 Santa Maria Jan./Feb. 2005. Engler, J. A. et al. Dynamic citoskeleton rearrangements in giant cells and syncytia of nematode-infested roots. The Plant Journal 38: 12-26, 2004. Hyman, L. H. The invertebrates: Acantocephala, Aschelminthes, and Entoprocta. The
  • 15. pseudocoelomate Bilateria. McGraw-Hill: New York, 1951. Lordello, L. G. E. Nematóides das plantas cultivadas. Nobel: São Paulo, 1984. Somasekhar, N. et al. Non-target effects of entomopathogenic nematodes on the soil nematode community. Journal of applied ecology 39:735-344, 2002. Vovlas, N. et al. Pathogenicity of the root-knot nematode Meloidogyne hapla on potato. Plant pathology 54: 657-664, 2005.