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Cartão de Crédito
    Private Label
A Arma de Crédito na Mão do Varejo



        André Alexandre Alves
      Octaviano M. de S. Menezes




                Novatec
Capítulo 1


                Cartões Private Label


Este capítulo apresentará o cartão Private Label nas seguintes características:

   •   Conceitos.

   •   Processos Operacionais.

   •   Modelos de Negócio.

   •   Mercado.


1.1 Conceitos
1.1.1 O que é Private Label
O termo “Private Label” faz menção aos produtos de marca própria, produtos
que, em geral, são comercializados sob a marca de grandes redes varejistas.

   Com o intuito de aumentar a participação de mercado, o seu faturamen-
to ou a sua margem de lucro, os grandes supermercadistas, geralmente em
conjunto com as indústrias líderes de bens de consumo, criam produtos de
marca própria. Esses produtos têm preços mais acessíveis e, normalmente,
qualidade equivalente à dos produtos líderes de mercado.

   Os mais conhecidos tipos de produtos Private Label referem-se essencial-
mente aos produtos alimentícios e, no Brasil, esse termo é muito empregado
para se referir aos cartões Private Label, conhecidos também como “cartões
de loja.

   Com produtos de marca própria, o varejista atinge um grande con-
tingente de clientes de classes menos favorecidas. Da mesma forma, no
                                                                             13
14                                         CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


mercado brasileiro os cartões Private Label também são um grande sucesso,
principalmente entre os clientes de baixa renda, oferecendo-lhes crédito e
aumentando o seu poder de consumo.

1.1.2 O que é um cartão Private Label
No mercado existem alguns conceitos de cartão Private Label. Por exemplo:

     •   Cartões de débito (Private Label)

         Utilizados para aquisição de bens ou serviços em pontos de emissão
         específicos, normalmente lojas de departamento ou qualquer outro
         ponto comercial de porte.

         têm como vantagem para o recebedor a garantia de crédito previamente
         aprovado e, para o usuário do cartão, o status de cliente preferencial.

         A grande desvantagem é a cobrança de juros sobre o saldo devedor
         a partir do momento da compra. Entretanto, cada cartão pode ter
         o perfil desejado pelo comerciante e, assim, em alguns casos, ofe-
         recer prazos, carências e até taxas mais baixas do que as praticadas
         no mercado. Apesar disso, representam um estímulo ao consumo
         (FOrtUNA, 2002, p.178).

     •   Cartões de compra (Private Label)

         São cartões que somente podem ser utilizados na rede que corres-
         ponde a sua marca, como, por exemplo, o Cartão Marina, aceito
         somente na rede de Lojas Marina (LiMA, 2003, p.18).

     •   Cartões proprietários

         Cartões emitidos, em geral, por varejistas com intuito de fidelizar
         o cliente, oferecendo benefícios como parcelamentos das compras,
         sistema de pontuação com brindes e seguro desemprego. O mesmo
         que Private Label (CArDNEWS, 2005).

     Este livro definirá os cartões Private Label da seguinte forma:
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                                             15


   O cartão Private Label é um meio de pagamento que disponibiliza uma
linha de crédito pré-aprovada ao cliente para aquisição de bens ou serviços
dentro de estabelecimentos específicos que componham uma rede privada
de negócios.

   Normalmente os cartões Private Label são emitidos por grandes redes
varejistas de supermercados, lojas de departamento, vestuário e farmácias.
As próprias lojas e pontos de venda dessas redes varejistas compõem a rede
privada de aceitação dos cartões Private Label.

1.1.3 Diferenças entre cartões Private Label e Co-Branded
A tabela 1.1 apresenta um comparativo para diferenciar os cartões Private
Label dos cartões Co-Branded – aqueles emitidos com a marca do varejista,
do banco e da bandeira (Visa, MasterCard, American Express), como, por
exemplo, Pão de Açúcar Credicard MasterCard.
                         Tabela 1.1 – Comparativo PL x Co-Branded

       Características            Cartão Private Label                 Cartão Co-Branded
 Público-alvo                 Renda a partir de R$150         Renda a partir de R$300
 Limite de crédito            Até 80% da renda                Até 70% da renda
 Cadastramento instantâneo Disponível                         Indisponível
 Crédito rotativo             Até 40 dias sem juros           Até 35 dias sem juros
 Crédito parcelado            Até 24 vezes                    Até 12 vezes
 Refinanciamento              Até 85% do valor da fatura      Até 80% do valor da fatura
                              Saque, TeleSaque e Central de
 Benefícios                                                   Saque e Central de Atendimento
                              Atendimento
                              Sem anuidade (custo de ma-
 Custo para o cliente         nutenção de conta cobrado por   Anuidade mínima de R$24
                              demonstrativo emitido)
                              Até quatro dependentes sem      Até quatro dependentes (50% da
 Adicionais
                              custo                           anuidade)
                              Uso exclusivo nas lojas da Uso irrestrito
 Abrangência
                              rede
16                                        CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


1.2 Processos operacionais
1.2.1 Principais intervenientes e processos operacionais
Para melhor entender o que é um cartão Private Label, é também necessário
conhecer os seus principais intervenientes, a saber:

     •   Varejista – é quem dá a identidade ao cartão Private Label. A marca
         do varejista é a marca estampada no cartão, conferindo ao cliente a
         possibilidade de realizar compras nas lojas desse varejista.

     •   Cliente – é quem compra utilizando o cartão Private Label. Pode
         ser o titular da conta ou um dependente.

   O cartão Private Label surge como um meio de potencializar o relacio-
namento entre esses dois intervenientes. Do ponto de vista mercadológico,
o cartão Private Label fortalece a imagem do lojista com a utilização da sua
marca no cartão, incentivando a compra por impulso, compras estas que
são realizadas exclusivamente nas lojas da rede, aumentando sensivelmente o
valor do ticket médio das vendas e, como conseqüência, o próprio aumento
do volume de vendas. Além disso, oferece ao lojista agilidade no check-out
(PDV) e possibilidade de eliminar o risco de crédito.

   Para que exista uma operação de cartão Private Label, é necessário realizar
os seguintes processos:
     •   Aquisição de clientes (venda do cartão Private Label).
     •   Concessão de crédito.
     •   Confecção e entrega do cartão.
     •   Captura de transações.
     •   Faturamento.
     •   recebimento.
     •   Cobrança.
     •   Atendimento.
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                        17


   Esses processos principais definem papéis importantes, muitas vezes
assumidos por empresas prestadoras de serviços. A seguir, está uma breve
descrição de cada um dos processos.

   •   Aquisição de clientes – este processo engloba abordar, explicar e,
       por vezes, preencher a proposta para o cliente. é importante frisar
       que vender o cartão Private Label é diferente de vender produtos
       que habitualmente o varejista comercializa. As atividades de venda
       de cartão Private Label podem definir o papel de algumas empresas
       especializadas. Contudo, em muitos casos, o processo de venda é
       realizado pelo próprio varejista, que pode obter ganhos de eficiência,
       aproveitando os recursos de que já dispõe.

   •   Concessão de crédito – envolve os serviços de captura das propostas
       de clientes, análise de crédito e processamento dessas propostas.
       Normalmente, essas atividades são realizadas nos pontos de venda
       dos varejistas. As operações de crédito estão correlacionadas às ope-
       rações de venda do produto e de processamento. Em muitos casos, a
       empresa processadora disponibiliza uma infra-estrutura tecnológica
       para a captura e processamento das propostas, ficando para o varejista
       a designação de pessoal à operação.

   •   Confecção e entrega do cartão – este processo resume-se à confecção
       e entrega do cartão ao cliente. A confecção pode ser feita em baixo ou
       alto relevo (hot-stamping ou embossing, respectivamente). A entrega
       pode ser feita na própria loja (emissão na hora) ou posteriormente
       enviado ao cliente via correio.

   •   Captura de transações – este processo se inicia no momento em que
       o cliente utiliza o seu cartão Private Label para pagar uma compra
       dentro do estabelecimento do varejista. A partir desse momento
       ocorre a leitura do cartão, envio das informações de compra, pro-
       cessamento e aprovação ou rejeição da transação. Existem também
       processos de captura de transação sem a presença do cartão.

   •   Faturamento – processo que envolve desde a geração das folheterias,
       tais como cartas de cobrança e faturas, até as atividades de postagem
18                                             CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


            dos cartões e malas-direta. Normalmente, essas atividades envolvem
            empresas de bureau, Correios ou courier. também faz parte do
            processo de faturamento o pagamento ao varejista, no modelo de
            administração terceirizada.

     •      Recebimento – serviço relacionado ao recebimento e processamento
            do pagamento da fatura do cartão Private Label. Pode ser realizado
            nas lojas do varejista e/ou em bancos e correspondentes bancários.

     •      Cobrança – atividades ligadas à recuperação do crédito concedido aos
            clientes que se tornaram inadimplentes. é bastante comum utilizar
            empresas especializadas para a realização dessa atividade.

     •      Atendimento – serviço de atendimento ao cliente normalmente
            realizado via call center próprio ou terceirizado. As centrais de aten-
            dimento ditas “ativas” (outbound) são aquelas cuja empresa busca
            falar com o cliente para oferecer produtos. As chamadas centrais de
            atendimento “receptivas” (inbound) são aquelas cujo contato é feito
            pelo cliente que busca soluções ou informações, como, por exemplo,
            desbloqueio do cartão, emissão de segunda via de fatura e solicitação
            de senha para saques.

     A Figura 1.1 visa esboçar todo o processo anteriormente mencionado.

                                 Cobrança




     Confecção do Cartão          Cliente         Captura de Transação     Varejista



     Concessão de Crédito                             Faturamento
                                Atendimento


     Aquisição de Clientes                            Recebimento




          Prospectos


               Figura 1.1 – Agentes envolvidos no produto cartão Private Label.
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                          19


1.2.2 Principais empresas de serviço e suporte
Os processos anteriormente listados e suas atividades definem papéis im-
portantes, muitas vezes assumidos por empresas prestadoras de serviços. A
seguir, é apresentada uma breve descrição de cada uma dessas empresas:

   •   Administradora de cartões – é a figura responsável pela adminis-
       tração do cartão, ou seja, definição dos contratos, concessão do
       crédito, assunção do risco de inadimplência e ações de cobrança.
       A administradora pode ser tanto o varejista como uma instituição
       financeira. Por exemplo, o cartão do varejista BiG, do grupo Sonae,
       tem como administradora o Banco Fininvest. Já a renner é um caso
       de varejista administrador do seu próprio Private Label.

       De acordo com o Superior tribunal de Justiça (StJ), as administra-
       doras de cartões de crédito são instituições financeiras e, por isso, os
       juros remuneratórios cobrados por elas não sofrem a limitação da
       Lei da Usura – 12% ao ano (CArDNEWS, 2004, p.26).

   •   Adquirente (acquirer) – são os responsáveis pelo roteamento das
       transações realizadas pelos clientes nos estabelecimentos até as
       administradoras de cartões. A redecard é a adquirente da maior
       parte das transações dos cartões Private Label que possuem o Banco
       Fininvest como emissor. No caso dos cartões das bandeiras Visa e
       MasterCard (e Diners), a Visanet e a redecard são, respectivamente,
       as adquirentes.

   •   Correios e couriers – responsáveis pela postagem dos cartões, cartas
       de cobrança, faturas e malas-direta. A empresa Flash Courier é,
       depois dos Correios, e desconsiderando-se a questão do monopólio
       das postagens, a maior empresa de entrega de cartões do país.

   •   “Embossadora” de cartões – empresa responsável pela confecção do
       cartão plástico. Os cartões são geralmente feitos em PVC (plástico) e
       com tarja magnética. Existem também cartões com chip que armaze-
       nam, por exemplo, dados de programas de recompensas (rewards).
20                                        CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


     •   Bureau – empresa responsável pela impressão das folheterias, tais
         como cartas de cobrança e faturas (statements).

     •   Bureau de crédito – empresa que fornece informação sobre o histórico e
         situação atual do cliente com relação a créditos tomados no mercado.

     •   Processadora – pode ser própria ou terceirizada (tanto pela institui-
         ção financeira como pelo varejista). A processadora é a responsável
         pela plataforma de negócios e de tecnologia. As empresas Conductor
         e Certegy são dois exemplos de processadoras de cartões Private Label
         existentes no país. O banco Fininvest processa internamente a maior
         base de cartões Private Label por ele administrado. Além da escolha
         por terceirizar ou processar internamente os cartões Private Label,
         deve-se optar por processar em servidores de alta ou baixa plataforma,
         para tanto, deve-se considerar a estimativa de cartões que se pretende
         ter, o custo de processamento e a facilidade de customizações em
         um mercado dinâmico. Como exemplo, a infoCards processa 1,3
         milhões de plásticos para redes de supermercados, farmácias e demais
         segmentos em baixa plataforma (CArDNEWS, 2003).

     •   Centrais de atendimento e Centrais de cobrança – podem ser próprias
         ou terceirizadas, com a responsabilidade de prestação de serviços aos
         clientes e lojistas. Centrais de atendimento ditas ativas são aquelas
         onde a empresa busca falar com o cliente para oferecer produtos. As
         receptivas são aquelas onde o contato é feito pelo consumidor.

     •   Coletorias – empresas responsáveis pelas ações de cobrança com
         clientes em período de atraso acima do normal.

   Contudo, muitos desses processos podem ser realizados pelo próprio
varejista, principalmente quando este realiza também o papel de emissor.
Como princípio orientador, levando-se em conta que para se viabilizar eco-
nomicamente as atividades de processamento é necessário se obter ganhos
de escala, somente grandes varejistas podem pensar em realizar o próprio
processamento da sua operação de cartão Private Label devido ao grande
volume propiciado.
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                           21


1.3 Modelos de negócio
1.3.1 Parcerias entre bancos e varejo
As associações entre varejistas e bancos têm na população de 40 milhões
de pessoas que não possuem nenhum tipo de relacionamento bancário
(EXAME, 29/9/2005) seu público-alvo e, mais especificamente, é no público
dos próprios varejistas o grande interesse dos bancos.

    As parcerias trarão aos bancos novas oportunidades de negócios, já que
terão que customizar produtos destinados a uma camada de menor poder
aquisitivo, enquanto que, aos varejistas, se trata de uma forma de diversi-
ficar e obter melhores margens do que as tradicionais do varejo, via venda
de produtos financeiros. No grupo Guararapes, dono das Lojas riachuelo,
20% do lucro já vem de operações financeiras (EXAME, 29/9/2005).

    O interesse é tão grande que alguns varejistas estão abrindo suas próprias
instituições financeiras com o intuito de expandir sua oferta de produtos finan-
ceiros e não se sujeitar à Lei da Usura e aproveitar a isenção de CPMF e iCMS
nas operações específicas de financeiras (VALOr ECONÔMiCO, 2004).

    O itaú investiu r$ 455 milhões na joint-venture com o Grupo Pão de
Açúcar, sendo r$ 75 milhões para integralizar o capital e r$ 380 milhões
como ágio ao CBD pelo acesso aos 3,3 milhões de consumidores (VALOr
ECONÔMiCO, 2004). As recentes parcerias entre os varejistas e as ins-
tituições financeiras, bem como as recentes aquisições de financeiras pelos
bancos, irão moldar o mercado daqui a cinco ou dez anos, trazendo novas
formas de se fazer negócios.

   Dentro do conceito de parceria, é adotado um dos três modelos de ne-
gócio Private Label: in-house, terceirizado ou joint-venture.

   A forma de se relacionar os processos apresentados com as empresas de
serviço e suporte e a remuneração de cada uma das partes envolvidas define
o modelo de negócio de uma operação de cartão Private Label.
22                                                  CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


1.3.2 Modelos de operação
Os modelos operacionais apresentam os principais processos já descritos
(item 1.2.1) e a sua execução e responsabilidade dentro de uma operação
de Private Label.

   Cada modelo possui suas vantagens e desvantagens, sendo que estas últi-
mas poderão ser minimizadas se houver um esforço conjunto das entidades
envolvidas em uma operação de Private Label.
     São três os modelos operacionais mais encontrados no mercado e na literatura:
     •    Modelo in-house.
     •    Modelo terceirizado.
     •    Modelo de joint-venture.
   Porém, antes da escolha do modelo operacional, o varejista deve ter em
mente qual é seu objetivo com a oferta de produtos financeiros. Existem dois
extremos bem definidos a serem considerados sob a ótica do varejista:
     1. A oferta de produtos financeiros serve para apoiar as vendas, ou seja,
        são vistos como produtos “meio” e não geram resultados financeiros
        ao varejista – ponto 1 da tabela 1.2.
     2. A oferta de produtos financeiros faz parte do portfólio de produtos
        (unidades de negócios) e deve gerar resultado positivo. Pode-se
        afirmar que os produtos financeiros não estão em sinergia com o
        negócio do varejo – ponto 2 da tabela 1.2.
              Tabela 1.2 – O varejista e a oferta de produtos financeiros

         Oferta                  Ponto 1                   Gap                  Ponto 2
                      Cartão de débito              Cartão Presente
 Transações                                                         Correspondente bancário
                      Cartão Presente (Gift Card)   (Gift Card)
                      Cartão Co-Branded
 Produtos ativos                                    Private Label
                      Cartão Private Label                              Crédito pessoal
 (Crédito)                                          Crédito pessoal
                      CDC
 Produtos passivos
 (investimentos,      Proteção financeira           Proteção financeira Capitalização CDB
 seguros etc.)
                                                    In-house e joint-
 Modelo operacional Terceirizado e in-house         venture
                                                                      In-house e joint-venture
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                          23


   O Gap visualizado na tabela 1.2 é um modelo intermediário que visa o
aumento de vendas e os resultados financeiros. Exemplificando, são encontra-
dos em varejistas que profissionalizaram a gestão dos produtos financeiros.

   Os produtos de crédito mais encontrados no varejo brasileiro são o
Crédito Direto ao Consumidor (CDC), cartões de crédito (Co-Branded e
Private Label) e os empréstimos pessoais. No mercado europeu, além dos
três mencionados, os varejistas oferecem desde seguro animal e crédito
imobiliário a pacotes de viagens.

   O varejo nacional caminha em direção a oferta de outros produtos finan-
ceiros por meio de parcerias com seguradoras, bancos e demais instituições
financeiras. Nessa fase, vê-se desde varejistas realizando o papel de institui-
ção financeira, como fez a C&A com a criação do Banco ibi parcerias, ou
joint-venture, criadas com o intuito de otimizar e preservar o core business
de cada um dos participantes:

   •   Varejo – saber vender e atender.

   •   Instituição financeira – saber conceder e fazer a gestão do crédito.

   Os modelos que serão apresentados visam descrever de forma ampla as
práticas de mercado. é importante mencionar que os modelos podem servir
a todos os produtos financeiros ou ter-se diferentes modelos estabelecidos
produto a produto.

1.3.2.1 Modelo in-house

O modelo in-house (Figura 1.2) é normalmente utilizado por grandes
varejistas devido à estrutura administrativa e tecnológica necessária e ao
risco de crédito associado ao negócio. Em contrapartida, nesse modelo
o varejista possui total autonomia das decisões, podendo, por exemplo,
assumir posturas mais agressivas do ponto de vista de crédito – o que pode
ser uma importante vantagem competitiva –, além de comprometimento
com o resultado do cartão nos negócios, já que passa a ser visto não apenas
como um alavancador de vendas, mas, sim, como um produto que deve
dar resultado em si.
24                                                   CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


                      Processo                         Varejista      Terceira

                    Aquisição de Clientes

                    Concessão de Crédito

                    Confecção e Entrega do Cartão

                    Captura de Transações
       Modelo
      In-House      Faturamento

                    Recebimento

                    Cobrança

                    Atendimento


                             Figura 1.2 – Modelo in-house.

   Nesse modelo a aquisição de cliente é realizada pelo próprio varejista. Em
algumas operações ocorre a contratação de promotores de venda, contudo,
o varejista não deixa de ser responsável pela venda, determinando metas,
formas de abordagem etc.

   A concessão de crédito é, sem dúvida, a característica mais marcante desse
modelo. O varejista atua na análise de propostas e também nas principais
decisões relativas a crédito. Para que a concessão do crédito seja uma rea-
lidade, as fontes do funding devem ser avaliadas. é comum redes varejistas
utilizarem os próprios lucros retidos e/ou emitirem debêntures.

   A confecção do próprio cartão na loja ocorre em alguns casos do modelo
in-house. No entanto, esta não é uma característica-chave, já que existem
operações onde os cartões são confeccionados por terceiros.

   A captura de transações é normalmente realizada por meio da própria
rede do PDV.

   Neste modelo, o processo de faturamento é responsabilidade do varejista
que, normalmente, utiliza-se de empresas gráficas para imprimir e solicitar
a postagem dos extratos via Correios.

   O processo de recebimento não apresenta uma característica comum.
Muitas operações recebem os pagamentos via terceiros enquanto outros só
acatam o pagamento em suas lojas.
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                                                         25


   Nesse modelo, a cobrança é responsabilidade do varejista, que também
utiliza empresas terceirizadas para esse processo. Os cartões das redes ria-
chuelo e C&A são exemplos disso.

    Devem-se considerar os custos envolvidos com o modelo in-house. Exem-
plificadamente, a Figura 1.3 demonstra as áreas envolvidas com a gestão de
produtos financeiros:
                                             Diretor Executivo


                        Gerência Jurídica



 Gerência                   Gerência de     Gerência de                                          Gerência de
              Gerência de                                  Gerência    Gerência    Gerência de
  Contábil                  Segurança        Processos                                            Marketing
              Tecnologia                                   Comercial   de Riscos    Cobrança
 Financeira                 do Produto       e Normas                                            e Produtos


                                                                        Mesa          CAC           SAC


                               Figura 1.3 – Gestão do Private Label.

   Por se tratar de uma estrutura cara, e a depender do tamanho do portfólio
de clientes, os varejistas devem ofertar outros produtos e serviços financeiros
com o intuito de otimizar seus custos.

   Devido à complexidade relacionada com a gestão do Private Label, os
varejistas preferem terceirizar totalmente a administração do produto a
instituições financeiras ou adotar um sistema híbrido. Por exemplo, o car-
tão Private Label Big, do grupo Sonae, possui toda sua administração sob
responsabilidade da Fininvest. Por outro lado, o Esplanada Card terceiriza
o processamento, embossing e manuseio dos cartões e a impressão de faturas;
o Leader Card terceirizou apenas o embossing e a impressão de extratos
(CArDNEWS, 2003).

1.3.2.2 Modelo terceirizado

Normalmente, esse modelo (Figura 1.4) é utilizado por varejistas para realizar
parcerias com bancos ou financeiras.
26                                                    CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


                       Processo                         Varejista      Terceira

                     Aquisição de Clientes

                     Concessão de Crédito

                     Confecção e Entrega do Cartão

                     Captura de Transações
       Modelo
     Terceirizado    Faturamento

                     Recebimento

                     Cobrança

                     Atendimento



                            Figura 1.4 – Modelo terceirizado.

   Neste modelo, a aquisição de cliente também é realizada pelo próprio
varejista. Em algumas operações, a financeira ou o banco pode auxiliar com
materiais de marketing, treinamento ou até mesmo com a contratação de
promotores de venda temporários.

   A concessão de crédito passa a ser responsabilidade de uma financeira ou
banco. Por vezes, esse passa a ser um ponto de atrito e desgaste no relacio-
namento entre o varejista e a instituição financeira. O varejista se queixa de
perder autonomia na decisão de crédito e não se conforma quando alguns
de seus clientes são negados para receber o cartão. Uma alternativa para
combater esse atrito é permitir que o varejista possa aprovar uma porcen-
tagem dos clientes negados. Por exemplo, o varejista pode aprovar até 3%
dos clientes que foram negados.

   Nota-se um baixo comprometimento do varejista com a operação Private
Label nesse modelo, já que se torna difícil para ele mensurar se o percentual
de representatividade do cartão Private Label aumentou seu faturamento
ou simplesmente substituiu outro mecanismo de crédito.

   Nesse modelo, a confecção e entrega do cartão, captura de transações,
faturamento, cobrança e atendimento fica sob a responsabilidade do banco
ou financeira parceira da operação, que normalmente “quarteiriza” a outras
empresas a prestação desses serviços. Contudo, tanto a responsabilidade
quanto a execução desses processos ficam com empresas terceiras que não
o varejista.
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                            27


   O processo de recebimento não caracteriza o modelo, já que existem
tanto operações em que o varejista recebe pagamento em loja quanto via
terceiros somente (ou inclusive).
   Com o crescimento do número de instituições financeiras interessadas
nesse produto, é provável que em breve tenha-se, como já ocorre com o
Crédito Direto ao Consumidor (CDC), o varejista com mais de uma fi-
nanceira em suas lojas administrando o Private Label. Será também comum
ver-se instituições financeiras serem trocadas por outras na gestão do cartão
Private Label.
   A antiga parceria entre Banco Fininvest e Supermercados Comper
(Campo Grande) se encaixa nesse modelo. Atualmente, o Bradesco é quem
processa o cartão do referido varejista.

1.3.2.3 Modelo joint-venture
      No reino Unido, as duas maiores redes de supermercados, tesco e
      Sainsbury, operam bancos desde 1997 em parceria com o royal Bank
      of Scotland e o Hallifax Bank of Scotland, respectivamente. Os dois
      empreendimentos, tesco Personal Finance e Sainsbury Bank, têm
      licenças bancárias independentes e vendem desde cartões de crédito
      até seguros e hipotecas.
      No México, o Grupo Elektra, a maior rede de eletrodomésticos da
      América Latina (US$ 2,2 bilhões em vendas), abriu o Banco Azteca,
      que está funcionando em agências instaladas nas 749 lojas da rede nas
      bandeiras Elektra, Salinas y rocha e Bodega de remates (rAE, 2004).

O modelo apresentado na Figura 1.5 é normalmente aplicado por bancos
e financeiras quando fazem parcerias com grandes varejistas e implica na
criação de uma joint-venture. todos os custos, despesas e lucros relativos ao
cartão Private Label são contabilizados na joint-venture criada. Dessa forma,
esse modelo realiza naturalmente o profit-share dos resultados do cartão
PL. é mais virtuoso, pois afaga as discussões sobre concessão de crédito,
compartilhamento de custo de venda, abordagem de cliente na loja etc. A
criação de uma joint-venture para realizar a gestão e compartilhar resultados
é a sua característica mais marcante.
28                                                         CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


                            Processo                         Varejista      Terceira

                          Aquisição de Clientes

                          Concessão de Crédito

                          Confecção e Entrega do Cartão

                          Captura de Transações
            Modelo
         joint-venture    Faturamento

                          Recebimento

                          Cobrança

                          Atendimento


                                Figura 1.5 – Modelo joint-venture.

   A concessão de crédito, nesse modelo, acaba tendo a influência do varejista
que também compartilha a responsabilidade por um prejuízo que eventual-
mente a operação possa ter. O banco ou financeira participam da execução
do processo de concessão de crédito, aportando todo o seu know-how mesmo
que a execução propriamente dita seja realizada pela joint-venture. A concessão
de crédito compartilhada é uma virtude desse modelo.

   A cobrança acaba sendo compartilhada já que o varejista também tem
interesse na recuperação de crédito. Por vezes, esse processo é realizado pelo
próprio varejista, utilizando-se de recursos já disponíveis.

   Antes da parceria, notou-se que os varejistas que possuíam uma estrutura
in-house ou terceirizada apresentavam as seguintes características em relação
aos produtos financeiros:
     •       O CDC era o principal meio de pagamento ofertado pelo varejista.
     •       Em geral, existia uma estrutura de meios de pagamento responsável
             pela gestão do CDC e pelo relacionamento com os provedores dos
             demais meios de pagamento (cartões, tickets etc.).
     •       Os produtos ofertados pelo varejista deveriam alavancar vendas com
             alta perda potencial.
     •       Produtos de seguros, quando explorados, possuíam alto volume de
             vendas e baixa rentabilidade.
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                       29


   •   inexistência das unidades de negócio de cartões de crédito (Private
       Label e Co-Branded) e serviços (seguros e/ou capitalização).

   Via parceria, implantou-se a profissionalização no processo de venda dos
serviços financeiros pelo varejista, implicando em treinamentos e recom-
pensas à equipe de vendas das lojas.

   Na inglaterra, a parceria entre a rede de supermercados tesco e o royal
Bank of Scotland permite que o varejista oferte a seus clientes cartões de
crédito, empréstimos pessoais, empréstimos imobiliários, financiamento de
automóvel, poupança e seguros <www.tesco.com>.

    A LuizaCred, joint-venture criada entre o Unibanco e Magazine Luiza,
talvez seja o mais perfeito modelo ocorrido no Brasil. A rentabilidade em
2003 da LuizaCred ficou em 58%, acima da média bancária, que é de
aproximadamente 22% (EXAME, 2004).

1.3.3 Benefícios e vantagens do cartão Private Label
independentemente do modelo de operação de Private Label, o produto
deve existir para gerar vendas e relacionamento ao lojista, oportunidades de
vendas cruzadas à administradora e oferecer valor aos clientes portadores.

   Os principais beneficiados são:

   •   instituições financeiras.

   •   Varejistas.

   •   Clientes.

   •   Bancos.

   •   Bandeiras.

1.3.3.1 Vantagens para as instituições financeiras

   1. O faturamento dos lojistas é devido à grande quantidade de tran-
      sações e/ou ticket por transação. Dessa forma, é fácil imaginar a
      dependência de uma quantidade de clientes potenciais que visitam
30                                            CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


         os varejistas, sendo um ótimo canal de aquisição de novos clientes
         para a instituição financeira.

     2. Operação de crédito com risco mais baixo do que o crédito pessoal,
        já que o crédito será concedido somente à aquisição de bens do
        varejista parceiro.

     3. Adquirir novos clientes a um custo mais baixo do que fazem tradi-
        cionalmente os cartões genéricos. As atuais instituições financeiras
        adquirem clientes por meio de ações com call centers, malas-direta,
        vendas nas agências bancárias, propagandas em mídias – canais
        caros que na maioria das vezes não resulta em retenção e ativação
        desses clientes. Já no varejista, o cliente é mais pró-ativo, por vezes
        adquirindo o cartão espontaneamente, resultando em maior ativação
        e retenção por venda.

     4. Possibilidade de ofertar outros produtos da financeira fazendo uso
        do conhecimento do comportamento (behavior) do uso do crédito
        desses clientes. A funcionalidade (feature) saque no cartão Private
        Label, questionada por alguns varejistas por comprometer a renda do
        cliente, permite à instituição financeira conhecer o perfil de adim-
        plência daqueles que sacam, podendo oferecer-lhes outros cartões e
        linhas de crédito pessoal.

     5. Nos financiamentos via cheque ou carnê, a cada nova compra, há
        uma nova análise de crédito. No crédito pré-aprovado, os custos são
        menores, já que análises de cadastro ocorrem apenas uma vez.

     6. A instituição financeira pode ampliar suas receitas com o varejista,
        com a antecipação das vendas financiadas pelo cartão Private Label,
        cobrando, obviamente, uma taxa ou tarifa (fee) para tanto.

1.3.3.2 Vantagens para os varejistas
        O cartão substitui aos poucos o cheque Pré, e o objetivo é que haja
        total substituição já que o risco é da administradora” diz Ludovico Faé,
        proprietário dos Supermercados Faé. Em 10 meses, o cartão Private
        Label já representa 10% do faturamento desse lojista (GAZEtA
        MErCANtiL, 2001).
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                             31

       [...] ele de fato é uma ferramenta que alavanca a venda de produtos e
       serviços – João Augusto rodrigues, diretor executivo e promocional
       do cartão Magazan, do Grupo Líder (CArDNEWS, 2003).
       Um Private Label é, antes de tudo, um fomentador de vendas – Fátima
       Emídio, diretora de Marketing do Esplanada Card (CArDNEWS,
       2003).
       por meio do Private Label que conseguimos armazenar todo o
       comportamento do nosso cliente – rogério Macedo, diretor de
       planejamento, controle e finanças do Grupo Leader Magazine
       (CArDNEWS, 2003).
No Capítulo 7, será visto que o varejista tem como premissa aumentar a
quantidade de transações e/ou o ticket médio por cliente por check-out
(PDV). Para isso, pode investir r$ 8 milhões para obter um aumento de
faturamento de 2%, como fez o Supermercado Sé em 2002 (O EStADO
DE SãO PAULO, Caderno de Economia) ou utilizar-se de ações mais
simples, como expor produtos em frente aos check-outs (PDV), gerando
desejo nos clientes naqueles minutos em que é atendido pelo caixa, como
é muito bem feito pelas Lojas Americanas.
   O cartão Private Label permite ao varejista vender produtos a uma
camada da população que não estava habituada a comprar nesse varejista
(aumento de transações) e/ou permite aos clientes aumentar seu poder de
consumo (aumento de ticket médio). Além disso, o cartão também oferece
outros benefícios:
   •    Se a administração do produto estiver sob responsabilidade de
        uma financeira, esta assume o risco de inadimplência das compras
        efetuadas no cartão. A migração da base de clientes que realizavam
        pagamento via cheque pré-datado ao cartão Private Label também
        diminui o risco de crédito dos lojistas.
   •    O pagamento da fatura nas lojas propicia maior tráfego de clientes,
        gerando novas vendas por meio da recomposição de limite on-line
        e obtenção de receitas paga pelos bancos aos lojistas por boleto
        recebido. Nas Casas Bahia, 7% das vendas são realizadas a clientes
        que vão às lojas pagar seus carnês, trazendo mensalmente mais de
        r$ 30 milhões à rede (EXAME, 2004).
32                                         CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


     •   Conhecimento dos hábitos de consumo dos clientes, permitindo
         criar subgrupos dentro da base, o que possibilita ao varejista realizar
         ofertas mais eficazes, diminuindo os seus custos.

     •   Possibilidade de conhecer o trajeto que o cliente geralmente realiza
         até chegar à loja, sendo uma ótima maneira de descobrir onde abrir
         novas lojas – e praticamente sem custos. A localização, ao varejista,
         é uma das suas chaves de sucesso.

     •   Permite conhecer os hábitos transacionais dos clientes, como ticket
         médio por compra, quantidade de compras realizadas por mês e data
         em que essas compras são realizadas, oferecendo mais informações
         aos varejistas quando da oferta de produtos.

     •   Possibilita ao varejista, em conjunto com a indústria, testar novos pro-
         dutos, como novas coleções de roupas, novos sabores de alimentos.

     •   Permite ao varejista queimar produtos ou peças próximas às datas
         de vencimento ou de coleções antigas, desencalhando o seu estoque
         e gerando receita necessária às novas reposições.

     Diz-se que:

     •   65% das decisões de compras são tomadas no ponto de venda; 45%
         dos clientes são incentivados no ponto de venda; os clientes compram
         de 15% a 20% a mais quando são estimulados no ponto de venda
         (MArKEtiNG DE VArEJO, FGV).

     •   O cliente está com o crédito em mãos, disponível para ser utilizado
         exclusivamente em seu estabelecimento. O varejista deve envolver
         o cliente no momento em que ele está na loja para que utilize a
         totalidade, ou próximo dela, de seu crédito disponível no cartão
         Private Label.

     •   O parcelamento das compras permite aos clientes adquirirem tickets
         médios mais altos, aumentando assim o faturamento dos lojistas:
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                              33

       As compras feitas com os cartões possuem, via de regra, tickets médios
       até 50% superiores às compras efetuadas em dinheiro – ricardo
       Barreto, diretor de cartões do Pão de Açúcar (CArDNEWS, set.
       2003, p.20).

   •    O varejista tem a base de clientes, conhece seu hábito de compra e
        de transação, sabe qual a sua data de aniversário etc. Os varejistas
        possuem a ferramenta, basta utilizá-la.

   •    Permitem às associações (supermercadistas, farmacêuticas etc.) terem
        uma moeda comum.

    Em um passado recente, dizia-se: ponha sua marca na carteira do seu
cliente, antes que seu concorrente o faça. Hoje pode se dizer: faça com que
seu cliente utilize seu cartão ou seu concorrente o fará.

1.3.3.3 Vantagens para os clientes
       Com o cartão na mão podemos fazer sempre uma comprinha a mais
       – Antônia Nonata, dona de casa, 41 anos (O GLOBO, 19/8/2002,
       2. ed.).
       A vantagem dos cartões é que não precisamos andar com dinheiro...
       Além disso, podemos comprar em até dez vezes sem juros
       – Ernane Galdino, professor (BOLEtiM SUPErAVit – MG,
       15/11/2004).
       Optei por fazer esse tipo de cartão porque preservo meu saldo em
       outras operadoras. Uso basicamente para fazer as compras do mês.
       Os outros cartões deixo para usar nos magazines – Maria Gorete
       da Silva, enfermeira, 41 anos (JOrNAL triBUNA DO NOrtE
       – rN, 14/11/2004).
       Não preciso me preocupar em ter o dinheiro na hora. Agora uso o
       cartão e pago quando recebo. tenho até comprado mais coisas, como
       iogurte, por exemplo – Gercina, 60 anos, renda mensal de r$ 750 e
       cinco filhos (COrrEiO BrAZiLiENSE, 22/8/2004).

   •    Crédito pré-aprovado – diferentemente das modalidades de finan-
        ciamento via carnê ou cheque, uma vez concedido o crédito, ele é
        recomposto automaticamente a cada parcela paga, não havendo
        necessidade de novas aprovações.
34                                          CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


     •   Refinanciamento – permite ao cliente pagar qualquer valor entre o
         mínimo e o total da fatura. Faz-se necessário considerar que:

         a. No segmento de supermercados, de freqüência de uso mensal, o
            incentivo ao refinanciamento (revolving) não é interessante, pois
            o cliente precisa de seu limite recomposto no mês seguinte às
            novas utilizações.

         b. A busca de receitas com refinanciamento (revolving) na baixa
            renda pode resultar em um investimento negativo, já que pode
            ocasionar um maior endividamento dos clientes, fazendo com que
            estes não mais tenham o cartão como um meio de pagamento,
            prejudicando a imagem do varejista e a relação deste com a ins-
            tituição financeira.
     •   Carência – em geral, o cartão Private Label oferece a seus clientes
         o pagamento da primeira parcela em 35 dias após a compra. Faz-se
         necessário considerar que:

         a. Os pagamentos serão realizados muito próximos à data de ven-
            cimento. Dessa forma, uma carência de 60 dias implica que o
            cliente terá seu limite acrescido a novas compras apenas dois meses
            depois da data da compra.

         b. Nos supermercados, onde o cliente realiza compras mensais, ou
            seja, sem parcelamento, a carência deve ser de, no máximo, 40
            dias, para que haja tempo suficiente à recomposição do limite
            pós-pagamento e novas utilizações.

         c. Nos segmentos de baixa freqüência anual de uso (ex.: lojas de vestuá-
            rio, materiais de construção etc.), onde há parcelamento de compras,
            é interessante a adoção de uma carência maior, propiciando maior
            prazo de pagamento da primeira parcela ao cliente e fazendo com
            que a receita de juros da instituição financeira seja maior. A Leader
            Magazine, uma das principais redes varejistas do rJ, fornece ao cliente
            até 70 dias para pagar a primeira parcela e seu cartão representa 70%
            do volume de vendas da loja (Workshop Provar).
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                          35


   •   Opções de data de vencimento – o cliente pode escolher a data mais
       conveniente para vencimento da fatura.
   •   Facilidade no pagamento – a C&A e as Casas Bahia apenas per-
       mitem o pagamento de suas faturas e carnês, respectivamente, nas
       próprias lojas. Elas aproveitam a visita do cliente à loja para que este
       seja estimulado a realizar uma nova compra. Uma ação interessante
       a ser realizada por esses varejistas é enviar promoções próximas às
       datas de vencimento das faturas ou carnês aos clientes com bom
       comportamento de crédito e que já estejam próximos ao fim do
       financiamento para que realizem novas compras quando da visita às
       lojas. Outros varejistas, como o Extra e o supermercado Barateiro,
       possibilitam o pagamento das faturas de seus cartões Private Label
       tanto nas lojas quanto nas agências bancárias. O argumento é a
       comodidade para esta última alternativa.

   Quando o varejista analisa a proposta de financiamento com velocidade,
realiza a impressão do cartão na hora ou permite uma primeira compra sem
cartão, está oferecendo a seus clientes benefícios na etapa de concessão de
crédito. Quando o varejista limita o pagamento nas lojas, está “dificultando”
o recebimento de seus créditos concedidos. Dessa forma, o varejista deve
disponibilizar quantos pontos/canais de recebimento forem possíveis e se
comprometer a fazer com que o pagamento nas suas dependências seja o
preferido por seus clientes.

   •   Cartões adicionais – geralmente ofertados aos filhos e cônjuge do
       titular. Permite maior ativação do produto.

   •   Tratamento preferencial – premissa básica de um cartão Private Label
       de sucesso. Os portadores de seus cartões recebem informações sobre
       promoções especiais, extensivas aos dependentes. As lojas riachuelo
       oferecem descontos na primeira compra aos seus clientes portadores
       do seu cartão (iStO é, 2003). A rede Drogão oferece descontos,
       parcelamento de compras e um programa de pontos e prêmios aos
       portadores dos cartões (O EStADO DE SãO PAULO, 2003). O
       Carrefour e a Fotóptica oferecem longos prazos de pagamento sem
       juros em seus cartões Private Label.
36                                           CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


     •    Status – dentre outras vantagens exclusivas, o cliente obtém o cartão
          da sua grife preferida, onde é tratado como cliente especial.

     •    Isenção de anuidade – não há cobrança de anuidade e, em geral,
          qualquer outro custo de aquisição e renovação. é comum cobrar-
          se uma tarifa pela emissão da fatura e, assim como a anuidade dos
          cartões de crédito e a assinatura nos telefones fixos (que representam
          40% das receitas das empresas de telefonia), essa tarifa por fatura
          emitida é um dos principais componentes de receita no Private Label.
          As vantagens perante a anuidade são:

          a. Apenas é cobrada caso haja fatura a ser emitida.

          b. Anualmente, possuem um custo menor.

     •    Saques – ponto de polêmica, principalmente se o cartão for ad-
          ministrado por instituições financeiras. O varejista argumenta que
          seus clientes mais utilizam o cartão para os saques do que para as
          compras. Assim como no caso do cheque especial, que é utilizado
          em casos de extrema necessidade, o saque deve ser vendido ao cliente
          como uma opção emergencial, já que a função primordial do cartão
          é concessão de crédito às compras. Como forma de inibir o saque,
          sugere-se estabelecer um percentual do limite disponível. Algumas
          instituições financeiras encarecem ao extremo essa funcionalidade
          (feature) como forma de inibir a sua utilização, gerando uma má
          imagem tanto para a instituição financeira como para o varejista.

     •    Primeiro cartão de crédito – devido ao pouco histórico creditício
          do cliente no mercado, muitas vezes o Private Label é seu primeiro
          cartão de crédito.

     Além da tríade mencionada, também obtém benefícios.

1.3.3.4 Vantagens aos bancos
         Os lojistas precisam ter contas para recebimento das transações com
         o plástico. Vamos trabalhar para conquistá-los – Cláudio Bacelar, do
         Unibanco (DiÁriO DE PErNAMBUCO, 2005).
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                              37

      A população inteira é cliente do varejo, mas nem todos têm conta
      em banco – roberto Josuá, presidente da Conductor (VALOr
      ECONÔMiCO, 2005).

recentemente, a onda de aquisições das financeiras mostra o interesse dos
bancos pelo crédito ofertado à camada de baixa renda, seja pelos altos spreads
obtidos nas operações de crédito pessoal, seja pelo aumento da base de clientes
pela experiência (expertise) na concessão de crédito ao referido público.

   Devido às linhas de custos, perdas e receitas (como será visto no Capítu-
lo 7) das instituições financeiras que administram cartões Private Label, os
varejistas têm, em geral, faturamento anual maior ou igual a r$ 20 milhões,
sendo um importante segmento da área de pessoa jurídica dos bancos, pois
lhes permitem criar relacionamento com esses lojistas por meio da oferta
de linhas de crédito (hot money, capital de giro etc.), desconto em folha,
antecipação de recebíveis, pagamento nas lojas, cartões empresariais etc. Um
exemplo recente de oportunidade gerada aos bancos foi a inteligente ação
promovida pelo HSBC. Os clientes que solicitassem o cartão Postos Br
Private Label até o dia 1/8/2004 ganhariam 30% de desconto na contratação
do seguro automóvel contratado junto à HSBC Seguros (JOrNAL DO
COMérCiO, rio de Janeiro, 2004).

    Vale ressaltar que os lojistas com administração própria também são
clientes em potencial dos bancos, já que manter uma estrutura de Private
Label requer capital humano e monetário.

1.3.3.5 Vantagens para as bandeiras
      65% das pessoas da classe A e 56% das pessoas da classe B possuem
      um cartão. Entretanto, 52% do consumo privado, o equivalente a
      aproximadamente r$ 370 bilhões por ano, refere-se à classe C, D, E,
      onde a penetração dos cartões é de 32%, 21% e 8%, respectivamente.
      Dessa forma, a estratégia para a classe A e B é fazer com que o cliente
      opte pela bandeira, já que ele pode ter mais de um cartão e nas classes
      C, D, E, é conquistar novos usuários (FOLHA DE SãO PAULO,
      20/11/2003).

O cartão Private Label não deve ser visto pelas bandeiras como um con-
corrente, mas, sim, como uma inicialização ao crédito de clientes que
habitualmente utilizam dinheiro ou cheques para as compras. No momento
38                                      CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


em que esses clientes entenderem o funcionamento da ferramenta, tendo que
carregar na carteira diversos cartões de loja, os substituirão por um cartão
bandeirado, apto à utilização em qualquer estabelecimento comercial, não
obrigando os clientes a preencherem, por diversas vezes, propostas para
adquirirem cartões de seus lojistas prediletos.

    Nesse ponto observa-se também a enorme possibilidade de conversão de
clientes Private Label para cartões Co-Branded. Esse movimento é muito
interessante e deve ser realizado como uma forma de fomentar a carteira de
recebíveis com clientes que já entenderam o funcionamento do Private Label
e desejam um cartão que lhes sirva como dinheiro – aceito em qualquer
lugar. Os três principais benefícios são:

     1. No mercado americano, os cartões Co-Branded possuem ticket
        médio mais alto quando comparado aos cartões tradicionais: maior
        receita para as bandeiras.

     2. Grande volume de cartões Private Label existente nos varejistas.

     3. Grande volume de clientes que trafegam diariamente nos varejistas.

   Deve-se tomar cuidado para que os cartões Co-Branded não canibali-
zem o Private Label. O Grupo Pão de Açúcar é um exemplo de sucesso no
mercado nacional. Segmentou seus cartões Co-Branded para clientes com
renda acima de r$ 500, enquanto que para estar apto ao Private Label,
basta ter renda igual ou maior a um salário mínimo.

   Outra forma de segmentação possível é por meio da freqüência de
utilização do Private Label. é oferecido o Co-Branded àqueles que mais
utilizam o Private Label, fazendo com que esse cliente não recorra a um
cartão bandeirado comum em um banco.


1.4 Mercado
       A AmBev, que tinha 64,3% em janeiro, encerrou fevereiro com 64%
       de um mercado onde cada ponto porcentual vale r$ 100 milhões
       (O EStADO DE SãO PAULO, 18/3/2004).
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                                       39


O texto anterior demonstra a importância da participação de mercado (ma-
rket-share). De acordo com a ABECS – Associação Brasileira das Empresas
de Cartões de Crédito, havia, em fevereiro de 2006, 101 milhões de cartões
Private Label contra 69 milhões de cartões de crédito.
   A resposta ao volume de cartões Private Label é simples: o canal varejo
tem muito tráfego de clientes. Como exemplo podemos citar as Lojas Ame-
ricanas, que, no período que antecede a Páscoa, recebe mais de 1 milhão de
pessoas diariamente em suas lojas.
   Entre 2003 e 2005, o Private Label virou manchete em revistas de
grande circulação, revistas especializadas, jornais, clippings eletrônicos e até
seminários a respeito do produto.
   Segundo a ABECS, o ano de 2005 encerrou com aproximadamente 99
milhões de cartões Private Label, gerando um volume de r$ 22 bilhões
(ABECS, www.abecs.org.br).
   Apesar de haver divergências no mercado em relação à evolução do cartão
Private Label no mercado, este livro utilizará os números divulgados pela
ABECS, conforme pode ser visto na tabela 1.3.
                       Tabela 1.3 – Private Label no mercado brasileiro

                                             2000   2001   2002   2003   2004    2005
            No de cartões (milhões)          119    151    183    222     277    337
            Variação                                28%    21%    21%     25%    22%
            N de transações (bilhões)
             o
                                             1,3    1,6    1,9    2,2     2,9     3,7
  Total




            Variação                                25%    19%    19%     31%    26%
            Valor das transações (bilhões)   69,2   92,5   108    132    171,4   211
            Variação                                34%    17%    22%     30%    23%
            N de cartões (milhões)
             o
                                              29     38     42     45     53      68
            Variação                                31%    11%    9%      17%    27%
            No de transações (bilhões)       0,7    0,8     1     1,1     1,4     1,7
  Crédito




            Variação                                18%    15%    14%     24%    22%
            Valor das transações (bilhões)   48,4   63,6    73     88    108,6   129,1
            Variação                                31%    15%    20%     23%    19%
40                                                       CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL


                                               2000   2001   2002   2003   2004   2005
              No de cartões (milhões)           48     64     82    105    138    171
              Variação                                33%    29%    28%    31%    24%
              No de transações (bilhões)       0,2    0,4    0,5    0,7    1,1    1,4
     Débito




              Variação                                67%    39%    33%    48%    36%
              Valor das transações (bilhões)   10,6   16,7   21,8   28,8   44,2    60
              Variação                                58%    31%    32%    53%    36%
              No de cartões (milhões)           42     50     59     71     86     99
              Variação                                19%    18%    20%    21%    15%
              N das transações (bilhões)
               o
                                               0,3    0,3    0,4    0,4    0,5    0,6
     Loja




              Variação                                9%     5%     12%    19%    18%
              Valor das transações (bilhões)   10,2   12,2   13,2   15,2   18,6    22
              Variação                                20%    8%     15%    22%    18%

   A C&A possui atualmente a maior base de cartões Private Label no varejo
brasileiro (Figura 1.6). São aproximadamente 14 milhões de unidades no
mercado (CArDMEDiA, jan./fev. 2006, p.B-2). O cartão Private Label
na C&A representa 70% do faturamento da rede (O EStADO DE SãO
PAULO, 10/4/2003), conforme pode ser observado na Figura 1.6.




                                  Figura 1.6 – Participação de mercado.
CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL                                                                41


   é importante ressaltar que a representatividade dos cartões Private Label
no faturamento do varejista são maiores naqueles que administram o próprio
plástico, como pode ser observado nas cinco primeiras colunas do segmento
supermercadista e nas seis primeiras colunas do segmento de vestuário na
Figura 1.7. Pelo fato de o produto gerar-lhe custos e despesas envolvidos
com a sua administração, o varejista o tem como uma unidade de negócios
obrigada a gerar receitas e resultados positivos.

                                             SUPERMERCADOS
            90%
            80%
            70%
            60%
            50%
            40%
            30%
            20%
            10%
             0%
                    RD




                                        UR




                                                              SA




                                                                        RT
                             DA




                                                                                     AS
                                                  VÓ
                  CA




                                                                      MA
                                         O




                                                           BO




                                                                                   ND
                           MA




                                                DÁ
                                      EF
                  A




                                                         AR




                                                                                 SE
                         YA




                                                                      AL
                AD




                                    RR




                                                       GB




                                                                     W
              AN




                                  CA
           PL
         ES




                                             VESTUÁRIO
      90%
      80%
      70%
      60%
      50%
      40%
      30%
      20%
      10%
       0%
                         NE




                                                            S




                                                                                              A
                  O




                                                                      L


                                                                               BO
                                                          NA
                                   ER



                                               A




                                                                                            AN
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   Figura 1.7 – Participação do Private Label no faturamento do varejista (fonte:
                           revistas e jornais, 2003).

   Quando a administração é terceirizada, representada pelas colunas mais
claras, o varejista, via de regra, enxerga o Private Label somente como mais
um meio de pagamento disponível para seus clientes.

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Cartões Private Label: conceitos e processos operacionais

  • 1. Cartão de Crédito Private Label A Arma de Crédito na Mão do Varejo André Alexandre Alves Octaviano M. de S. Menezes Novatec
  • 2. Capítulo 1 Cartões Private Label Este capítulo apresentará o cartão Private Label nas seguintes características: • Conceitos. • Processos Operacionais. • Modelos de Negócio. • Mercado. 1.1 Conceitos 1.1.1 O que é Private Label O termo “Private Label” faz menção aos produtos de marca própria, produtos que, em geral, são comercializados sob a marca de grandes redes varejistas. Com o intuito de aumentar a participação de mercado, o seu faturamen- to ou a sua margem de lucro, os grandes supermercadistas, geralmente em conjunto com as indústrias líderes de bens de consumo, criam produtos de marca própria. Esses produtos têm preços mais acessíveis e, normalmente, qualidade equivalente à dos produtos líderes de mercado. Os mais conhecidos tipos de produtos Private Label referem-se essencial- mente aos produtos alimentícios e, no Brasil, esse termo é muito empregado para se referir aos cartões Private Label, conhecidos também como “cartões de loja. Com produtos de marca própria, o varejista atinge um grande con- tingente de clientes de classes menos favorecidas. Da mesma forma, no 13
  • 3. 14 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL mercado brasileiro os cartões Private Label também são um grande sucesso, principalmente entre os clientes de baixa renda, oferecendo-lhes crédito e aumentando o seu poder de consumo. 1.1.2 O que é um cartão Private Label No mercado existem alguns conceitos de cartão Private Label. Por exemplo: • Cartões de débito (Private Label) Utilizados para aquisição de bens ou serviços em pontos de emissão específicos, normalmente lojas de departamento ou qualquer outro ponto comercial de porte. têm como vantagem para o recebedor a garantia de crédito previamente aprovado e, para o usuário do cartão, o status de cliente preferencial. A grande desvantagem é a cobrança de juros sobre o saldo devedor a partir do momento da compra. Entretanto, cada cartão pode ter o perfil desejado pelo comerciante e, assim, em alguns casos, ofe- recer prazos, carências e até taxas mais baixas do que as praticadas no mercado. Apesar disso, representam um estímulo ao consumo (FOrtUNA, 2002, p.178). • Cartões de compra (Private Label) São cartões que somente podem ser utilizados na rede que corres- ponde a sua marca, como, por exemplo, o Cartão Marina, aceito somente na rede de Lojas Marina (LiMA, 2003, p.18). • Cartões proprietários Cartões emitidos, em geral, por varejistas com intuito de fidelizar o cliente, oferecendo benefícios como parcelamentos das compras, sistema de pontuação com brindes e seguro desemprego. O mesmo que Private Label (CArDNEWS, 2005). Este livro definirá os cartões Private Label da seguinte forma:
  • 4. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 15 O cartão Private Label é um meio de pagamento que disponibiliza uma linha de crédito pré-aprovada ao cliente para aquisição de bens ou serviços dentro de estabelecimentos específicos que componham uma rede privada de negócios. Normalmente os cartões Private Label são emitidos por grandes redes varejistas de supermercados, lojas de departamento, vestuário e farmácias. As próprias lojas e pontos de venda dessas redes varejistas compõem a rede privada de aceitação dos cartões Private Label. 1.1.3 Diferenças entre cartões Private Label e Co-Branded A tabela 1.1 apresenta um comparativo para diferenciar os cartões Private Label dos cartões Co-Branded – aqueles emitidos com a marca do varejista, do banco e da bandeira (Visa, MasterCard, American Express), como, por exemplo, Pão de Açúcar Credicard MasterCard. Tabela 1.1 – Comparativo PL x Co-Branded Características Cartão Private Label Cartão Co-Branded Público-alvo Renda a partir de R$150 Renda a partir de R$300 Limite de crédito Até 80% da renda Até 70% da renda Cadastramento instantâneo Disponível Indisponível Crédito rotativo Até 40 dias sem juros Até 35 dias sem juros Crédito parcelado Até 24 vezes Até 12 vezes Refinanciamento Até 85% do valor da fatura Até 80% do valor da fatura Saque, TeleSaque e Central de Benefícios Saque e Central de Atendimento Atendimento Sem anuidade (custo de ma- Custo para o cliente nutenção de conta cobrado por Anuidade mínima de R$24 demonstrativo emitido) Até quatro dependentes sem Até quatro dependentes (50% da Adicionais custo anuidade) Uso exclusivo nas lojas da Uso irrestrito Abrangência rede
  • 5. 16 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL 1.2 Processos operacionais 1.2.1 Principais intervenientes e processos operacionais Para melhor entender o que é um cartão Private Label, é também necessário conhecer os seus principais intervenientes, a saber: • Varejista – é quem dá a identidade ao cartão Private Label. A marca do varejista é a marca estampada no cartão, conferindo ao cliente a possibilidade de realizar compras nas lojas desse varejista. • Cliente – é quem compra utilizando o cartão Private Label. Pode ser o titular da conta ou um dependente. O cartão Private Label surge como um meio de potencializar o relacio- namento entre esses dois intervenientes. Do ponto de vista mercadológico, o cartão Private Label fortalece a imagem do lojista com a utilização da sua marca no cartão, incentivando a compra por impulso, compras estas que são realizadas exclusivamente nas lojas da rede, aumentando sensivelmente o valor do ticket médio das vendas e, como conseqüência, o próprio aumento do volume de vendas. Além disso, oferece ao lojista agilidade no check-out (PDV) e possibilidade de eliminar o risco de crédito. Para que exista uma operação de cartão Private Label, é necessário realizar os seguintes processos: • Aquisição de clientes (venda do cartão Private Label). • Concessão de crédito. • Confecção e entrega do cartão. • Captura de transações. • Faturamento. • recebimento. • Cobrança. • Atendimento.
  • 6. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 17 Esses processos principais definem papéis importantes, muitas vezes assumidos por empresas prestadoras de serviços. A seguir, está uma breve descrição de cada um dos processos. • Aquisição de clientes – este processo engloba abordar, explicar e, por vezes, preencher a proposta para o cliente. é importante frisar que vender o cartão Private Label é diferente de vender produtos que habitualmente o varejista comercializa. As atividades de venda de cartão Private Label podem definir o papel de algumas empresas especializadas. Contudo, em muitos casos, o processo de venda é realizado pelo próprio varejista, que pode obter ganhos de eficiência, aproveitando os recursos de que já dispõe. • Concessão de crédito – envolve os serviços de captura das propostas de clientes, análise de crédito e processamento dessas propostas. Normalmente, essas atividades são realizadas nos pontos de venda dos varejistas. As operações de crédito estão correlacionadas às ope- rações de venda do produto e de processamento. Em muitos casos, a empresa processadora disponibiliza uma infra-estrutura tecnológica para a captura e processamento das propostas, ficando para o varejista a designação de pessoal à operação. • Confecção e entrega do cartão – este processo resume-se à confecção e entrega do cartão ao cliente. A confecção pode ser feita em baixo ou alto relevo (hot-stamping ou embossing, respectivamente). A entrega pode ser feita na própria loja (emissão na hora) ou posteriormente enviado ao cliente via correio. • Captura de transações – este processo se inicia no momento em que o cliente utiliza o seu cartão Private Label para pagar uma compra dentro do estabelecimento do varejista. A partir desse momento ocorre a leitura do cartão, envio das informações de compra, pro- cessamento e aprovação ou rejeição da transação. Existem também processos de captura de transação sem a presença do cartão. • Faturamento – processo que envolve desde a geração das folheterias, tais como cartas de cobrança e faturas, até as atividades de postagem
  • 7. 18 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL dos cartões e malas-direta. Normalmente, essas atividades envolvem empresas de bureau, Correios ou courier. também faz parte do processo de faturamento o pagamento ao varejista, no modelo de administração terceirizada. • Recebimento – serviço relacionado ao recebimento e processamento do pagamento da fatura do cartão Private Label. Pode ser realizado nas lojas do varejista e/ou em bancos e correspondentes bancários. • Cobrança – atividades ligadas à recuperação do crédito concedido aos clientes que se tornaram inadimplentes. é bastante comum utilizar empresas especializadas para a realização dessa atividade. • Atendimento – serviço de atendimento ao cliente normalmente realizado via call center próprio ou terceirizado. As centrais de aten- dimento ditas “ativas” (outbound) são aquelas cuja empresa busca falar com o cliente para oferecer produtos. As chamadas centrais de atendimento “receptivas” (inbound) são aquelas cujo contato é feito pelo cliente que busca soluções ou informações, como, por exemplo, desbloqueio do cartão, emissão de segunda via de fatura e solicitação de senha para saques. A Figura 1.1 visa esboçar todo o processo anteriormente mencionado. Cobrança Confecção do Cartão Cliente Captura de Transação Varejista Concessão de Crédito Faturamento Atendimento Aquisição de Clientes Recebimento Prospectos Figura 1.1 – Agentes envolvidos no produto cartão Private Label.
  • 8. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 19 1.2.2 Principais empresas de serviço e suporte Os processos anteriormente listados e suas atividades definem papéis im- portantes, muitas vezes assumidos por empresas prestadoras de serviços. A seguir, é apresentada uma breve descrição de cada uma dessas empresas: • Administradora de cartões – é a figura responsável pela adminis- tração do cartão, ou seja, definição dos contratos, concessão do crédito, assunção do risco de inadimplência e ações de cobrança. A administradora pode ser tanto o varejista como uma instituição financeira. Por exemplo, o cartão do varejista BiG, do grupo Sonae, tem como administradora o Banco Fininvest. Já a renner é um caso de varejista administrador do seu próprio Private Label. De acordo com o Superior tribunal de Justiça (StJ), as administra- doras de cartões de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios cobrados por elas não sofrem a limitação da Lei da Usura – 12% ao ano (CArDNEWS, 2004, p.26). • Adquirente (acquirer) – são os responsáveis pelo roteamento das transações realizadas pelos clientes nos estabelecimentos até as administradoras de cartões. A redecard é a adquirente da maior parte das transações dos cartões Private Label que possuem o Banco Fininvest como emissor. No caso dos cartões das bandeiras Visa e MasterCard (e Diners), a Visanet e a redecard são, respectivamente, as adquirentes. • Correios e couriers – responsáveis pela postagem dos cartões, cartas de cobrança, faturas e malas-direta. A empresa Flash Courier é, depois dos Correios, e desconsiderando-se a questão do monopólio das postagens, a maior empresa de entrega de cartões do país. • “Embossadora” de cartões – empresa responsável pela confecção do cartão plástico. Os cartões são geralmente feitos em PVC (plástico) e com tarja magnética. Existem também cartões com chip que armaze- nam, por exemplo, dados de programas de recompensas (rewards).
  • 9. 20 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL • Bureau – empresa responsável pela impressão das folheterias, tais como cartas de cobrança e faturas (statements). • Bureau de crédito – empresa que fornece informação sobre o histórico e situação atual do cliente com relação a créditos tomados no mercado. • Processadora – pode ser própria ou terceirizada (tanto pela institui- ção financeira como pelo varejista). A processadora é a responsável pela plataforma de negócios e de tecnologia. As empresas Conductor e Certegy são dois exemplos de processadoras de cartões Private Label existentes no país. O banco Fininvest processa internamente a maior base de cartões Private Label por ele administrado. Além da escolha por terceirizar ou processar internamente os cartões Private Label, deve-se optar por processar em servidores de alta ou baixa plataforma, para tanto, deve-se considerar a estimativa de cartões que se pretende ter, o custo de processamento e a facilidade de customizações em um mercado dinâmico. Como exemplo, a infoCards processa 1,3 milhões de plásticos para redes de supermercados, farmácias e demais segmentos em baixa plataforma (CArDNEWS, 2003). • Centrais de atendimento e Centrais de cobrança – podem ser próprias ou terceirizadas, com a responsabilidade de prestação de serviços aos clientes e lojistas. Centrais de atendimento ditas ativas são aquelas onde a empresa busca falar com o cliente para oferecer produtos. As receptivas são aquelas onde o contato é feito pelo consumidor. • Coletorias – empresas responsáveis pelas ações de cobrança com clientes em período de atraso acima do normal. Contudo, muitos desses processos podem ser realizados pelo próprio varejista, principalmente quando este realiza também o papel de emissor. Como princípio orientador, levando-se em conta que para se viabilizar eco- nomicamente as atividades de processamento é necessário se obter ganhos de escala, somente grandes varejistas podem pensar em realizar o próprio processamento da sua operação de cartão Private Label devido ao grande volume propiciado.
  • 10. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 21 1.3 Modelos de negócio 1.3.1 Parcerias entre bancos e varejo As associações entre varejistas e bancos têm na população de 40 milhões de pessoas que não possuem nenhum tipo de relacionamento bancário (EXAME, 29/9/2005) seu público-alvo e, mais especificamente, é no público dos próprios varejistas o grande interesse dos bancos. As parcerias trarão aos bancos novas oportunidades de negócios, já que terão que customizar produtos destinados a uma camada de menor poder aquisitivo, enquanto que, aos varejistas, se trata de uma forma de diversi- ficar e obter melhores margens do que as tradicionais do varejo, via venda de produtos financeiros. No grupo Guararapes, dono das Lojas riachuelo, 20% do lucro já vem de operações financeiras (EXAME, 29/9/2005). O interesse é tão grande que alguns varejistas estão abrindo suas próprias instituições financeiras com o intuito de expandir sua oferta de produtos finan- ceiros e não se sujeitar à Lei da Usura e aproveitar a isenção de CPMF e iCMS nas operações específicas de financeiras (VALOr ECONÔMiCO, 2004). O itaú investiu r$ 455 milhões na joint-venture com o Grupo Pão de Açúcar, sendo r$ 75 milhões para integralizar o capital e r$ 380 milhões como ágio ao CBD pelo acesso aos 3,3 milhões de consumidores (VALOr ECONÔMiCO, 2004). As recentes parcerias entre os varejistas e as ins- tituições financeiras, bem como as recentes aquisições de financeiras pelos bancos, irão moldar o mercado daqui a cinco ou dez anos, trazendo novas formas de se fazer negócios. Dentro do conceito de parceria, é adotado um dos três modelos de ne- gócio Private Label: in-house, terceirizado ou joint-venture. A forma de se relacionar os processos apresentados com as empresas de serviço e suporte e a remuneração de cada uma das partes envolvidas define o modelo de negócio de uma operação de cartão Private Label.
  • 11. 22 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL 1.3.2 Modelos de operação Os modelos operacionais apresentam os principais processos já descritos (item 1.2.1) e a sua execução e responsabilidade dentro de uma operação de Private Label. Cada modelo possui suas vantagens e desvantagens, sendo que estas últi- mas poderão ser minimizadas se houver um esforço conjunto das entidades envolvidas em uma operação de Private Label. São três os modelos operacionais mais encontrados no mercado e na literatura: • Modelo in-house. • Modelo terceirizado. • Modelo de joint-venture. Porém, antes da escolha do modelo operacional, o varejista deve ter em mente qual é seu objetivo com a oferta de produtos financeiros. Existem dois extremos bem definidos a serem considerados sob a ótica do varejista: 1. A oferta de produtos financeiros serve para apoiar as vendas, ou seja, são vistos como produtos “meio” e não geram resultados financeiros ao varejista – ponto 1 da tabela 1.2. 2. A oferta de produtos financeiros faz parte do portfólio de produtos (unidades de negócios) e deve gerar resultado positivo. Pode-se afirmar que os produtos financeiros não estão em sinergia com o negócio do varejo – ponto 2 da tabela 1.2. Tabela 1.2 – O varejista e a oferta de produtos financeiros Oferta Ponto 1 Gap Ponto 2 Cartão de débito Cartão Presente Transações Correspondente bancário Cartão Presente (Gift Card) (Gift Card) Cartão Co-Branded Produtos ativos Private Label Cartão Private Label Crédito pessoal (Crédito) Crédito pessoal CDC Produtos passivos (investimentos, Proteção financeira Proteção financeira Capitalização CDB seguros etc.) In-house e joint- Modelo operacional Terceirizado e in-house venture In-house e joint-venture
  • 12. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 23 O Gap visualizado na tabela 1.2 é um modelo intermediário que visa o aumento de vendas e os resultados financeiros. Exemplificando, são encontra- dos em varejistas que profissionalizaram a gestão dos produtos financeiros. Os produtos de crédito mais encontrados no varejo brasileiro são o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), cartões de crédito (Co-Branded e Private Label) e os empréstimos pessoais. No mercado europeu, além dos três mencionados, os varejistas oferecem desde seguro animal e crédito imobiliário a pacotes de viagens. O varejo nacional caminha em direção a oferta de outros produtos finan- ceiros por meio de parcerias com seguradoras, bancos e demais instituições financeiras. Nessa fase, vê-se desde varejistas realizando o papel de institui- ção financeira, como fez a C&A com a criação do Banco ibi parcerias, ou joint-venture, criadas com o intuito de otimizar e preservar o core business de cada um dos participantes: • Varejo – saber vender e atender. • Instituição financeira – saber conceder e fazer a gestão do crédito. Os modelos que serão apresentados visam descrever de forma ampla as práticas de mercado. é importante mencionar que os modelos podem servir a todos os produtos financeiros ou ter-se diferentes modelos estabelecidos produto a produto. 1.3.2.1 Modelo in-house O modelo in-house (Figura 1.2) é normalmente utilizado por grandes varejistas devido à estrutura administrativa e tecnológica necessária e ao risco de crédito associado ao negócio. Em contrapartida, nesse modelo o varejista possui total autonomia das decisões, podendo, por exemplo, assumir posturas mais agressivas do ponto de vista de crédito – o que pode ser uma importante vantagem competitiva –, além de comprometimento com o resultado do cartão nos negócios, já que passa a ser visto não apenas como um alavancador de vendas, mas, sim, como um produto que deve dar resultado em si.
  • 13. 24 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL Processo Varejista Terceira  Aquisição de Clientes  Concessão de Crédito  Confecção e Entrega do Cartão  Captura de Transações Modelo In-House  Faturamento  Recebimento  Cobrança  Atendimento Figura 1.2 – Modelo in-house. Nesse modelo a aquisição de cliente é realizada pelo próprio varejista. Em algumas operações ocorre a contratação de promotores de venda, contudo, o varejista não deixa de ser responsável pela venda, determinando metas, formas de abordagem etc. A concessão de crédito é, sem dúvida, a característica mais marcante desse modelo. O varejista atua na análise de propostas e também nas principais decisões relativas a crédito. Para que a concessão do crédito seja uma rea- lidade, as fontes do funding devem ser avaliadas. é comum redes varejistas utilizarem os próprios lucros retidos e/ou emitirem debêntures. A confecção do próprio cartão na loja ocorre em alguns casos do modelo in-house. No entanto, esta não é uma característica-chave, já que existem operações onde os cartões são confeccionados por terceiros. A captura de transações é normalmente realizada por meio da própria rede do PDV. Neste modelo, o processo de faturamento é responsabilidade do varejista que, normalmente, utiliza-se de empresas gráficas para imprimir e solicitar a postagem dos extratos via Correios. O processo de recebimento não apresenta uma característica comum. Muitas operações recebem os pagamentos via terceiros enquanto outros só acatam o pagamento em suas lojas.
  • 14. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 25 Nesse modelo, a cobrança é responsabilidade do varejista, que também utiliza empresas terceirizadas para esse processo. Os cartões das redes ria- chuelo e C&A são exemplos disso. Devem-se considerar os custos envolvidos com o modelo in-house. Exem- plificadamente, a Figura 1.3 demonstra as áreas envolvidas com a gestão de produtos financeiros: Diretor Executivo Gerência Jurídica Gerência Gerência de Gerência de Gerência de Gerência de Gerência Gerência Gerência de Contábil Segurança Processos Marketing Tecnologia Comercial de Riscos Cobrança Financeira do Produto e Normas e Produtos Mesa CAC SAC Figura 1.3 – Gestão do Private Label. Por se tratar de uma estrutura cara, e a depender do tamanho do portfólio de clientes, os varejistas devem ofertar outros produtos e serviços financeiros com o intuito de otimizar seus custos. Devido à complexidade relacionada com a gestão do Private Label, os varejistas preferem terceirizar totalmente a administração do produto a instituições financeiras ou adotar um sistema híbrido. Por exemplo, o car- tão Private Label Big, do grupo Sonae, possui toda sua administração sob responsabilidade da Fininvest. Por outro lado, o Esplanada Card terceiriza o processamento, embossing e manuseio dos cartões e a impressão de faturas; o Leader Card terceirizou apenas o embossing e a impressão de extratos (CArDNEWS, 2003). 1.3.2.2 Modelo terceirizado Normalmente, esse modelo (Figura 1.4) é utilizado por varejistas para realizar parcerias com bancos ou financeiras.
  • 15. 26 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL Processo Varejista Terceira  Aquisição de Clientes  Concessão de Crédito  Confecção e Entrega do Cartão  Captura de Transações Modelo Terceirizado  Faturamento  Recebimento  Cobrança  Atendimento Figura 1.4 – Modelo terceirizado. Neste modelo, a aquisição de cliente também é realizada pelo próprio varejista. Em algumas operações, a financeira ou o banco pode auxiliar com materiais de marketing, treinamento ou até mesmo com a contratação de promotores de venda temporários. A concessão de crédito passa a ser responsabilidade de uma financeira ou banco. Por vezes, esse passa a ser um ponto de atrito e desgaste no relacio- namento entre o varejista e a instituição financeira. O varejista se queixa de perder autonomia na decisão de crédito e não se conforma quando alguns de seus clientes são negados para receber o cartão. Uma alternativa para combater esse atrito é permitir que o varejista possa aprovar uma porcen- tagem dos clientes negados. Por exemplo, o varejista pode aprovar até 3% dos clientes que foram negados. Nota-se um baixo comprometimento do varejista com a operação Private Label nesse modelo, já que se torna difícil para ele mensurar se o percentual de representatividade do cartão Private Label aumentou seu faturamento ou simplesmente substituiu outro mecanismo de crédito. Nesse modelo, a confecção e entrega do cartão, captura de transações, faturamento, cobrança e atendimento fica sob a responsabilidade do banco ou financeira parceira da operação, que normalmente “quarteiriza” a outras empresas a prestação desses serviços. Contudo, tanto a responsabilidade quanto a execução desses processos ficam com empresas terceiras que não o varejista.
  • 16. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 27 O processo de recebimento não caracteriza o modelo, já que existem tanto operações em que o varejista recebe pagamento em loja quanto via terceiros somente (ou inclusive). Com o crescimento do número de instituições financeiras interessadas nesse produto, é provável que em breve tenha-se, como já ocorre com o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), o varejista com mais de uma fi- nanceira em suas lojas administrando o Private Label. Será também comum ver-se instituições financeiras serem trocadas por outras na gestão do cartão Private Label. A antiga parceria entre Banco Fininvest e Supermercados Comper (Campo Grande) se encaixa nesse modelo. Atualmente, o Bradesco é quem processa o cartão do referido varejista. 1.3.2.3 Modelo joint-venture No reino Unido, as duas maiores redes de supermercados, tesco e Sainsbury, operam bancos desde 1997 em parceria com o royal Bank of Scotland e o Hallifax Bank of Scotland, respectivamente. Os dois empreendimentos, tesco Personal Finance e Sainsbury Bank, têm licenças bancárias independentes e vendem desde cartões de crédito até seguros e hipotecas. No México, o Grupo Elektra, a maior rede de eletrodomésticos da América Latina (US$ 2,2 bilhões em vendas), abriu o Banco Azteca, que está funcionando em agências instaladas nas 749 lojas da rede nas bandeiras Elektra, Salinas y rocha e Bodega de remates (rAE, 2004). O modelo apresentado na Figura 1.5 é normalmente aplicado por bancos e financeiras quando fazem parcerias com grandes varejistas e implica na criação de uma joint-venture. todos os custos, despesas e lucros relativos ao cartão Private Label são contabilizados na joint-venture criada. Dessa forma, esse modelo realiza naturalmente o profit-share dos resultados do cartão PL. é mais virtuoso, pois afaga as discussões sobre concessão de crédito, compartilhamento de custo de venda, abordagem de cliente na loja etc. A criação de uma joint-venture para realizar a gestão e compartilhar resultados é a sua característica mais marcante.
  • 17. 28 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL Processo Varejista Terceira  Aquisição de Clientes  Concessão de Crédito  Confecção e Entrega do Cartão  Captura de Transações Modelo joint-venture  Faturamento  Recebimento  Cobrança  Atendimento Figura 1.5 – Modelo joint-venture. A concessão de crédito, nesse modelo, acaba tendo a influência do varejista que também compartilha a responsabilidade por um prejuízo que eventual- mente a operação possa ter. O banco ou financeira participam da execução do processo de concessão de crédito, aportando todo o seu know-how mesmo que a execução propriamente dita seja realizada pela joint-venture. A concessão de crédito compartilhada é uma virtude desse modelo. A cobrança acaba sendo compartilhada já que o varejista também tem interesse na recuperação de crédito. Por vezes, esse processo é realizado pelo próprio varejista, utilizando-se de recursos já disponíveis. Antes da parceria, notou-se que os varejistas que possuíam uma estrutura in-house ou terceirizada apresentavam as seguintes características em relação aos produtos financeiros: • O CDC era o principal meio de pagamento ofertado pelo varejista. • Em geral, existia uma estrutura de meios de pagamento responsável pela gestão do CDC e pelo relacionamento com os provedores dos demais meios de pagamento (cartões, tickets etc.). • Os produtos ofertados pelo varejista deveriam alavancar vendas com alta perda potencial. • Produtos de seguros, quando explorados, possuíam alto volume de vendas e baixa rentabilidade.
  • 18. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 29 • inexistência das unidades de negócio de cartões de crédito (Private Label e Co-Branded) e serviços (seguros e/ou capitalização). Via parceria, implantou-se a profissionalização no processo de venda dos serviços financeiros pelo varejista, implicando em treinamentos e recom- pensas à equipe de vendas das lojas. Na inglaterra, a parceria entre a rede de supermercados tesco e o royal Bank of Scotland permite que o varejista oferte a seus clientes cartões de crédito, empréstimos pessoais, empréstimos imobiliários, financiamento de automóvel, poupança e seguros <www.tesco.com>. A LuizaCred, joint-venture criada entre o Unibanco e Magazine Luiza, talvez seja o mais perfeito modelo ocorrido no Brasil. A rentabilidade em 2003 da LuizaCred ficou em 58%, acima da média bancária, que é de aproximadamente 22% (EXAME, 2004). 1.3.3 Benefícios e vantagens do cartão Private Label independentemente do modelo de operação de Private Label, o produto deve existir para gerar vendas e relacionamento ao lojista, oportunidades de vendas cruzadas à administradora e oferecer valor aos clientes portadores. Os principais beneficiados são: • instituições financeiras. • Varejistas. • Clientes. • Bancos. • Bandeiras. 1.3.3.1 Vantagens para as instituições financeiras 1. O faturamento dos lojistas é devido à grande quantidade de tran- sações e/ou ticket por transação. Dessa forma, é fácil imaginar a dependência de uma quantidade de clientes potenciais que visitam
  • 19. 30 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL os varejistas, sendo um ótimo canal de aquisição de novos clientes para a instituição financeira. 2. Operação de crédito com risco mais baixo do que o crédito pessoal, já que o crédito será concedido somente à aquisição de bens do varejista parceiro. 3. Adquirir novos clientes a um custo mais baixo do que fazem tradi- cionalmente os cartões genéricos. As atuais instituições financeiras adquirem clientes por meio de ações com call centers, malas-direta, vendas nas agências bancárias, propagandas em mídias – canais caros que na maioria das vezes não resulta em retenção e ativação desses clientes. Já no varejista, o cliente é mais pró-ativo, por vezes adquirindo o cartão espontaneamente, resultando em maior ativação e retenção por venda. 4. Possibilidade de ofertar outros produtos da financeira fazendo uso do conhecimento do comportamento (behavior) do uso do crédito desses clientes. A funcionalidade (feature) saque no cartão Private Label, questionada por alguns varejistas por comprometer a renda do cliente, permite à instituição financeira conhecer o perfil de adim- plência daqueles que sacam, podendo oferecer-lhes outros cartões e linhas de crédito pessoal. 5. Nos financiamentos via cheque ou carnê, a cada nova compra, há uma nova análise de crédito. No crédito pré-aprovado, os custos são menores, já que análises de cadastro ocorrem apenas uma vez. 6. A instituição financeira pode ampliar suas receitas com o varejista, com a antecipação das vendas financiadas pelo cartão Private Label, cobrando, obviamente, uma taxa ou tarifa (fee) para tanto. 1.3.3.2 Vantagens para os varejistas O cartão substitui aos poucos o cheque Pré, e o objetivo é que haja total substituição já que o risco é da administradora” diz Ludovico Faé, proprietário dos Supermercados Faé. Em 10 meses, o cartão Private Label já representa 10% do faturamento desse lojista (GAZEtA MErCANtiL, 2001).
  • 20. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 31 [...] ele de fato é uma ferramenta que alavanca a venda de produtos e serviços – João Augusto rodrigues, diretor executivo e promocional do cartão Magazan, do Grupo Líder (CArDNEWS, 2003). Um Private Label é, antes de tudo, um fomentador de vendas – Fátima Emídio, diretora de Marketing do Esplanada Card (CArDNEWS, 2003). por meio do Private Label que conseguimos armazenar todo o comportamento do nosso cliente – rogério Macedo, diretor de planejamento, controle e finanças do Grupo Leader Magazine (CArDNEWS, 2003). No Capítulo 7, será visto que o varejista tem como premissa aumentar a quantidade de transações e/ou o ticket médio por cliente por check-out (PDV). Para isso, pode investir r$ 8 milhões para obter um aumento de faturamento de 2%, como fez o Supermercado Sé em 2002 (O EStADO DE SãO PAULO, Caderno de Economia) ou utilizar-se de ações mais simples, como expor produtos em frente aos check-outs (PDV), gerando desejo nos clientes naqueles minutos em que é atendido pelo caixa, como é muito bem feito pelas Lojas Americanas. O cartão Private Label permite ao varejista vender produtos a uma camada da população que não estava habituada a comprar nesse varejista (aumento de transações) e/ou permite aos clientes aumentar seu poder de consumo (aumento de ticket médio). Além disso, o cartão também oferece outros benefícios: • Se a administração do produto estiver sob responsabilidade de uma financeira, esta assume o risco de inadimplência das compras efetuadas no cartão. A migração da base de clientes que realizavam pagamento via cheque pré-datado ao cartão Private Label também diminui o risco de crédito dos lojistas. • O pagamento da fatura nas lojas propicia maior tráfego de clientes, gerando novas vendas por meio da recomposição de limite on-line e obtenção de receitas paga pelos bancos aos lojistas por boleto recebido. Nas Casas Bahia, 7% das vendas são realizadas a clientes que vão às lojas pagar seus carnês, trazendo mensalmente mais de r$ 30 milhões à rede (EXAME, 2004).
  • 21. 32 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL • Conhecimento dos hábitos de consumo dos clientes, permitindo criar subgrupos dentro da base, o que possibilita ao varejista realizar ofertas mais eficazes, diminuindo os seus custos. • Possibilidade de conhecer o trajeto que o cliente geralmente realiza até chegar à loja, sendo uma ótima maneira de descobrir onde abrir novas lojas – e praticamente sem custos. A localização, ao varejista, é uma das suas chaves de sucesso. • Permite conhecer os hábitos transacionais dos clientes, como ticket médio por compra, quantidade de compras realizadas por mês e data em que essas compras são realizadas, oferecendo mais informações aos varejistas quando da oferta de produtos. • Possibilita ao varejista, em conjunto com a indústria, testar novos pro- dutos, como novas coleções de roupas, novos sabores de alimentos. • Permite ao varejista queimar produtos ou peças próximas às datas de vencimento ou de coleções antigas, desencalhando o seu estoque e gerando receita necessária às novas reposições. Diz-se que: • 65% das decisões de compras são tomadas no ponto de venda; 45% dos clientes são incentivados no ponto de venda; os clientes compram de 15% a 20% a mais quando são estimulados no ponto de venda (MArKEtiNG DE VArEJO, FGV). • O cliente está com o crédito em mãos, disponível para ser utilizado exclusivamente em seu estabelecimento. O varejista deve envolver o cliente no momento em que ele está na loja para que utilize a totalidade, ou próximo dela, de seu crédito disponível no cartão Private Label. • O parcelamento das compras permite aos clientes adquirirem tickets médios mais altos, aumentando assim o faturamento dos lojistas:
  • 22. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 33 As compras feitas com os cartões possuem, via de regra, tickets médios até 50% superiores às compras efetuadas em dinheiro – ricardo Barreto, diretor de cartões do Pão de Açúcar (CArDNEWS, set. 2003, p.20). • O varejista tem a base de clientes, conhece seu hábito de compra e de transação, sabe qual a sua data de aniversário etc. Os varejistas possuem a ferramenta, basta utilizá-la. • Permitem às associações (supermercadistas, farmacêuticas etc.) terem uma moeda comum. Em um passado recente, dizia-se: ponha sua marca na carteira do seu cliente, antes que seu concorrente o faça. Hoje pode se dizer: faça com que seu cliente utilize seu cartão ou seu concorrente o fará. 1.3.3.3 Vantagens para os clientes Com o cartão na mão podemos fazer sempre uma comprinha a mais – Antônia Nonata, dona de casa, 41 anos (O GLOBO, 19/8/2002, 2. ed.). A vantagem dos cartões é que não precisamos andar com dinheiro... Além disso, podemos comprar em até dez vezes sem juros – Ernane Galdino, professor (BOLEtiM SUPErAVit – MG, 15/11/2004). Optei por fazer esse tipo de cartão porque preservo meu saldo em outras operadoras. Uso basicamente para fazer as compras do mês. Os outros cartões deixo para usar nos magazines – Maria Gorete da Silva, enfermeira, 41 anos (JOrNAL triBUNA DO NOrtE – rN, 14/11/2004). Não preciso me preocupar em ter o dinheiro na hora. Agora uso o cartão e pago quando recebo. tenho até comprado mais coisas, como iogurte, por exemplo – Gercina, 60 anos, renda mensal de r$ 750 e cinco filhos (COrrEiO BrAZiLiENSE, 22/8/2004). • Crédito pré-aprovado – diferentemente das modalidades de finan- ciamento via carnê ou cheque, uma vez concedido o crédito, ele é recomposto automaticamente a cada parcela paga, não havendo necessidade de novas aprovações.
  • 23. 34 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL • Refinanciamento – permite ao cliente pagar qualquer valor entre o mínimo e o total da fatura. Faz-se necessário considerar que: a. No segmento de supermercados, de freqüência de uso mensal, o incentivo ao refinanciamento (revolving) não é interessante, pois o cliente precisa de seu limite recomposto no mês seguinte às novas utilizações. b. A busca de receitas com refinanciamento (revolving) na baixa renda pode resultar em um investimento negativo, já que pode ocasionar um maior endividamento dos clientes, fazendo com que estes não mais tenham o cartão como um meio de pagamento, prejudicando a imagem do varejista e a relação deste com a ins- tituição financeira. • Carência – em geral, o cartão Private Label oferece a seus clientes o pagamento da primeira parcela em 35 dias após a compra. Faz-se necessário considerar que: a. Os pagamentos serão realizados muito próximos à data de ven- cimento. Dessa forma, uma carência de 60 dias implica que o cliente terá seu limite acrescido a novas compras apenas dois meses depois da data da compra. b. Nos supermercados, onde o cliente realiza compras mensais, ou seja, sem parcelamento, a carência deve ser de, no máximo, 40 dias, para que haja tempo suficiente à recomposição do limite pós-pagamento e novas utilizações. c. Nos segmentos de baixa freqüência anual de uso (ex.: lojas de vestuá- rio, materiais de construção etc.), onde há parcelamento de compras, é interessante a adoção de uma carência maior, propiciando maior prazo de pagamento da primeira parcela ao cliente e fazendo com que a receita de juros da instituição financeira seja maior. A Leader Magazine, uma das principais redes varejistas do rJ, fornece ao cliente até 70 dias para pagar a primeira parcela e seu cartão representa 70% do volume de vendas da loja (Workshop Provar).
  • 24. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 35 • Opções de data de vencimento – o cliente pode escolher a data mais conveniente para vencimento da fatura. • Facilidade no pagamento – a C&A e as Casas Bahia apenas per- mitem o pagamento de suas faturas e carnês, respectivamente, nas próprias lojas. Elas aproveitam a visita do cliente à loja para que este seja estimulado a realizar uma nova compra. Uma ação interessante a ser realizada por esses varejistas é enviar promoções próximas às datas de vencimento das faturas ou carnês aos clientes com bom comportamento de crédito e que já estejam próximos ao fim do financiamento para que realizem novas compras quando da visita às lojas. Outros varejistas, como o Extra e o supermercado Barateiro, possibilitam o pagamento das faturas de seus cartões Private Label tanto nas lojas quanto nas agências bancárias. O argumento é a comodidade para esta última alternativa. Quando o varejista analisa a proposta de financiamento com velocidade, realiza a impressão do cartão na hora ou permite uma primeira compra sem cartão, está oferecendo a seus clientes benefícios na etapa de concessão de crédito. Quando o varejista limita o pagamento nas lojas, está “dificultando” o recebimento de seus créditos concedidos. Dessa forma, o varejista deve disponibilizar quantos pontos/canais de recebimento forem possíveis e se comprometer a fazer com que o pagamento nas suas dependências seja o preferido por seus clientes. • Cartões adicionais – geralmente ofertados aos filhos e cônjuge do titular. Permite maior ativação do produto. • Tratamento preferencial – premissa básica de um cartão Private Label de sucesso. Os portadores de seus cartões recebem informações sobre promoções especiais, extensivas aos dependentes. As lojas riachuelo oferecem descontos na primeira compra aos seus clientes portadores do seu cartão (iStO é, 2003). A rede Drogão oferece descontos, parcelamento de compras e um programa de pontos e prêmios aos portadores dos cartões (O EStADO DE SãO PAULO, 2003). O Carrefour e a Fotóptica oferecem longos prazos de pagamento sem juros em seus cartões Private Label.
  • 25. 36 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL • Status – dentre outras vantagens exclusivas, o cliente obtém o cartão da sua grife preferida, onde é tratado como cliente especial. • Isenção de anuidade – não há cobrança de anuidade e, em geral, qualquer outro custo de aquisição e renovação. é comum cobrar- se uma tarifa pela emissão da fatura e, assim como a anuidade dos cartões de crédito e a assinatura nos telefones fixos (que representam 40% das receitas das empresas de telefonia), essa tarifa por fatura emitida é um dos principais componentes de receita no Private Label. As vantagens perante a anuidade são: a. Apenas é cobrada caso haja fatura a ser emitida. b. Anualmente, possuem um custo menor. • Saques – ponto de polêmica, principalmente se o cartão for ad- ministrado por instituições financeiras. O varejista argumenta que seus clientes mais utilizam o cartão para os saques do que para as compras. Assim como no caso do cheque especial, que é utilizado em casos de extrema necessidade, o saque deve ser vendido ao cliente como uma opção emergencial, já que a função primordial do cartão é concessão de crédito às compras. Como forma de inibir o saque, sugere-se estabelecer um percentual do limite disponível. Algumas instituições financeiras encarecem ao extremo essa funcionalidade (feature) como forma de inibir a sua utilização, gerando uma má imagem tanto para a instituição financeira como para o varejista. • Primeiro cartão de crédito – devido ao pouco histórico creditício do cliente no mercado, muitas vezes o Private Label é seu primeiro cartão de crédito. Além da tríade mencionada, também obtém benefícios. 1.3.3.4 Vantagens aos bancos Os lojistas precisam ter contas para recebimento das transações com o plástico. Vamos trabalhar para conquistá-los – Cláudio Bacelar, do Unibanco (DiÁriO DE PErNAMBUCO, 2005).
  • 26. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 37 A população inteira é cliente do varejo, mas nem todos têm conta em banco – roberto Josuá, presidente da Conductor (VALOr ECONÔMiCO, 2005). recentemente, a onda de aquisições das financeiras mostra o interesse dos bancos pelo crédito ofertado à camada de baixa renda, seja pelos altos spreads obtidos nas operações de crédito pessoal, seja pelo aumento da base de clientes pela experiência (expertise) na concessão de crédito ao referido público. Devido às linhas de custos, perdas e receitas (como será visto no Capítu- lo 7) das instituições financeiras que administram cartões Private Label, os varejistas têm, em geral, faturamento anual maior ou igual a r$ 20 milhões, sendo um importante segmento da área de pessoa jurídica dos bancos, pois lhes permitem criar relacionamento com esses lojistas por meio da oferta de linhas de crédito (hot money, capital de giro etc.), desconto em folha, antecipação de recebíveis, pagamento nas lojas, cartões empresariais etc. Um exemplo recente de oportunidade gerada aos bancos foi a inteligente ação promovida pelo HSBC. Os clientes que solicitassem o cartão Postos Br Private Label até o dia 1/8/2004 ganhariam 30% de desconto na contratação do seguro automóvel contratado junto à HSBC Seguros (JOrNAL DO COMérCiO, rio de Janeiro, 2004). Vale ressaltar que os lojistas com administração própria também são clientes em potencial dos bancos, já que manter uma estrutura de Private Label requer capital humano e monetário. 1.3.3.5 Vantagens para as bandeiras 65% das pessoas da classe A e 56% das pessoas da classe B possuem um cartão. Entretanto, 52% do consumo privado, o equivalente a aproximadamente r$ 370 bilhões por ano, refere-se à classe C, D, E, onde a penetração dos cartões é de 32%, 21% e 8%, respectivamente. Dessa forma, a estratégia para a classe A e B é fazer com que o cliente opte pela bandeira, já que ele pode ter mais de um cartão e nas classes C, D, E, é conquistar novos usuários (FOLHA DE SãO PAULO, 20/11/2003). O cartão Private Label não deve ser visto pelas bandeiras como um con- corrente, mas, sim, como uma inicialização ao crédito de clientes que habitualmente utilizam dinheiro ou cheques para as compras. No momento
  • 27. 38 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL em que esses clientes entenderem o funcionamento da ferramenta, tendo que carregar na carteira diversos cartões de loja, os substituirão por um cartão bandeirado, apto à utilização em qualquer estabelecimento comercial, não obrigando os clientes a preencherem, por diversas vezes, propostas para adquirirem cartões de seus lojistas prediletos. Nesse ponto observa-se também a enorme possibilidade de conversão de clientes Private Label para cartões Co-Branded. Esse movimento é muito interessante e deve ser realizado como uma forma de fomentar a carteira de recebíveis com clientes que já entenderam o funcionamento do Private Label e desejam um cartão que lhes sirva como dinheiro – aceito em qualquer lugar. Os três principais benefícios são: 1. No mercado americano, os cartões Co-Branded possuem ticket médio mais alto quando comparado aos cartões tradicionais: maior receita para as bandeiras. 2. Grande volume de cartões Private Label existente nos varejistas. 3. Grande volume de clientes que trafegam diariamente nos varejistas. Deve-se tomar cuidado para que os cartões Co-Branded não canibali- zem o Private Label. O Grupo Pão de Açúcar é um exemplo de sucesso no mercado nacional. Segmentou seus cartões Co-Branded para clientes com renda acima de r$ 500, enquanto que para estar apto ao Private Label, basta ter renda igual ou maior a um salário mínimo. Outra forma de segmentação possível é por meio da freqüência de utilização do Private Label. é oferecido o Co-Branded àqueles que mais utilizam o Private Label, fazendo com que esse cliente não recorra a um cartão bandeirado comum em um banco. 1.4 Mercado A AmBev, que tinha 64,3% em janeiro, encerrou fevereiro com 64% de um mercado onde cada ponto porcentual vale r$ 100 milhões (O EStADO DE SãO PAULO, 18/3/2004).
  • 28. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 39 O texto anterior demonstra a importância da participação de mercado (ma- rket-share). De acordo com a ABECS – Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito, havia, em fevereiro de 2006, 101 milhões de cartões Private Label contra 69 milhões de cartões de crédito. A resposta ao volume de cartões Private Label é simples: o canal varejo tem muito tráfego de clientes. Como exemplo podemos citar as Lojas Ame- ricanas, que, no período que antecede a Páscoa, recebe mais de 1 milhão de pessoas diariamente em suas lojas. Entre 2003 e 2005, o Private Label virou manchete em revistas de grande circulação, revistas especializadas, jornais, clippings eletrônicos e até seminários a respeito do produto. Segundo a ABECS, o ano de 2005 encerrou com aproximadamente 99 milhões de cartões Private Label, gerando um volume de r$ 22 bilhões (ABECS, www.abecs.org.br). Apesar de haver divergências no mercado em relação à evolução do cartão Private Label no mercado, este livro utilizará os números divulgados pela ABECS, conforme pode ser visto na tabela 1.3. Tabela 1.3 – Private Label no mercado brasileiro 2000 2001 2002 2003 2004 2005 No de cartões (milhões) 119 151 183 222 277 337 Variação 28% 21% 21% 25% 22% N de transações (bilhões) o 1,3 1,6 1,9 2,2 2,9 3,7 Total Variação 25% 19% 19% 31% 26% Valor das transações (bilhões) 69,2 92,5 108 132 171,4 211 Variação 34% 17% 22% 30% 23% N de cartões (milhões) o 29 38 42 45 53 68 Variação 31% 11% 9% 17% 27% No de transações (bilhões) 0,7 0,8 1 1,1 1,4 1,7 Crédito Variação 18% 15% 14% 24% 22% Valor das transações (bilhões) 48,4 63,6 73 88 108,6 129,1 Variação 31% 15% 20% 23% 19%
  • 29. 40 CArtãO DE CréDitO PriVAtE LABEL 2000 2001 2002 2003 2004 2005 No de cartões (milhões) 48 64 82 105 138 171 Variação 33% 29% 28% 31% 24% No de transações (bilhões) 0,2 0,4 0,5 0,7 1,1 1,4 Débito Variação 67% 39% 33% 48% 36% Valor das transações (bilhões) 10,6 16,7 21,8 28,8 44,2 60 Variação 58% 31% 32% 53% 36% No de cartões (milhões) 42 50 59 71 86 99 Variação 19% 18% 20% 21% 15% N das transações (bilhões) o 0,3 0,3 0,4 0,4 0,5 0,6 Loja Variação 9% 5% 12% 19% 18% Valor das transações (bilhões) 10,2 12,2 13,2 15,2 18,6 22 Variação 20% 8% 15% 22% 18% A C&A possui atualmente a maior base de cartões Private Label no varejo brasileiro (Figura 1.6). São aproximadamente 14 milhões de unidades no mercado (CArDMEDiA, jan./fev. 2006, p.B-2). O cartão Private Label na C&A representa 70% do faturamento da rede (O EStADO DE SãO PAULO, 10/4/2003), conforme pode ser observado na Figura 1.6. Figura 1.6 – Participação de mercado.
  • 30. CAPítULO 1 | CArtõES PriVAtE LABEL 41 é importante ressaltar que a representatividade dos cartões Private Label no faturamento do varejista são maiores naqueles que administram o próprio plástico, como pode ser observado nas cinco primeiras colunas do segmento supermercadista e nas seis primeiras colunas do segmento de vestuário na Figura 1.7. Pelo fato de o produto gerar-lhe custos e despesas envolvidos com a sua administração, o varejista o tem como uma unidade de negócios obrigada a gerar receitas e resultados positivos. SUPERMERCADOS 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% RD UR SA RT DA AS VÓ CA MA O BO ND MA DÁ EF A AR SE YA AL AD RR GB W AN CA PL ES VESTUÁRIO 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% NE S A O L BO NA ER A AN VE EL ZI C& CA M GA NN M CÁ HU LO RO BU MA RE PE AC CO AM A IM RI ER L VI RN AD PE LE Figura 1.7 – Participação do Private Label no faturamento do varejista (fonte: revistas e jornais, 2003). Quando a administração é terceirizada, representada pelas colunas mais claras, o varejista, via de regra, enxerga o Private Label somente como mais um meio de pagamento disponível para seus clientes.