2. Patrick Jordan afirma que o profissional de ergonomia e o
processo projetual vêm passando por mudanças nos últimos
anos. Analisa essas mudanças considerando 3 fases:
A 1ª fase = profissionais eram contratados para tomar parte
em processos de design;
A 2ª fase = o processo já estava em andamento e os
ergonomistas eram convocados para melhorar as interfaces;
A 3ª fase, já neste século XXI = a ergonomia é vista como algo
inseparável do processo projetual (design process).
3. Nessa 3ª fase, a ergonomia passou a ser vista como uma
forma de agregar valor aos produtos ajudando a torná-los
fáceis de usar.
No entanto, quando os usuários passaram a esperar um
produto fácil de ser usado, a usabilidade transformou-se
de “satisfação” em “insatisfação”. Isto é, as pessoas não
ficam mais surpresas quando o produto é de fácil uso, ao
contrário, ficam muito descontentes quando isso não
acontece.
A diferença entre satisfação e insatisfação diz respeito
ao momento em que a aplicação da ergonomia
ocorre, ou seja, durante o processo projetual ou no final
do processo.
4. ISO/IEC 9126 é uma norma ISO (International Organization for
Standardization) para qualidade de produto de software, que
se enquadra no modelo de qualidade das normas da família
9000. A norma brasileira correspondente é a NBR ISO/IEC
9126.
Modelo de Qualidade de Software
A norma ISO/IEC 9126, ou conjunto de normas que tratam
deste assunto no âmbito da ISO, estabelece um modelo de
qualidade com os seguintes componentes:
5. Processo de desenvolvimento, cuja qualidade afeta a
qualidade do produto de software gerado e é
influenciado pela natureza do produto desenvolvido;
Produto, compreendendo os atributos de qualidade do
produto (sistema) de software. Estes atributos de qualidade
podem ser divididos entre atributos internos e externos. Estes
se diferenciam pela forma como são aferidos (interna ou
externamente ao produto de software) e em conjunto
compõem a qualidade do produto de software em si;
Qualidade em uso que consiste na aferição da qualidade do software em cada
contexto específico de usuário. Esta é, também, a qualidade percebida pelo
usuário.
6. Modelo de Qualidade da Norma ISO 9126
A norma 9126 se foca na qualidade do produto de
software, propondo Atributos de Qualidade, distribuídos em
seis características principais, com cada uma delas divididas
em sub-características:
7. Norma ISO 9126
Cada característica/sub-característica compõe um Atributo de
Qualidade do software.
Em todas as características temos uma sub - característica com o
nome de Conformidade, que é utilizada para avaliar o quanto o
software obedece aos requisitos de legislação e todo o tipo de
padronização ou normalização aplicável ao contexto.
8. Norma ISO 9126
Funcionalidade: A capacidade de um software prover
funcionalidades que satisfaçam o usuário em suas
necessidades declaradas e implícitas, dentro de um
determinado contexto de uso.
Adequação, que mede o quanto o conjunto de
funcionalidades é adequado às necessidades do usuário;
Acurácia (ou precisão) representa a capacidade do software
de fornecer resultados precisos ou com a precisão dentro do
que foi acordado/solicitado;
Interoperabilidade que trata da maneira como o software interage com
outro(s) sistema(s) especificados;
Segurança mede a capacidade do sistema de proteger as informações do
usuário e fornecê-las apenas (e sempre) às pessoas autorizadas
9. Norma ISO 9126
Confiabilidade: o produto se mantém no nível de
desempenho nas condições estabelecidas.
Maturidade, entendida como sendo a capacidade do
software em evitar falhas decorrentes de defeitos no
software;
Tolerância a Falhas representando a capacidade do
software em manter o funcionamento adequado
mesmo quando ocorrem defeitos nele ou nas suas
interfaces externas;
Recuperabilidade que foca na capacidade de um software se recuperar
após uma falha, restabelecendo seus níveis de desempenho e
recuperando os seus dados;
10. Norma ISO 9126
Usabilidade: a capacidade do produto de software ser
compreendido, seu funcionamento aprendido, ser operado
e ser atraente ao usuário. Este conceito é bastante
abrangente e se aplica mesmo a programas que não
possuem uma interface para o usuário final. Por
exemplo, um programa batch executado por uma
ferramenta de programação de processos também pode ser
avaliado quanto a sua usabilidade, no que diz respeito a ser
facilmente compreendido, aprendido, etc.
Inteligibilidade: que representa a facilidade com que o
usuário pode compreender as suas funcionalidades e avaliar
se o mesmo pode ser usado para satisfazer as suas
necessidades específicas;
11. Norma ISO 9126
Apreensibilidade identifica a facilidade de aprendizado do
sistema para os seus potenciais usuários;
Operacionalidade é como o produto facilita a sua operação
por parte do usuário, incluindo a maneira como ele
tolera erros de operação;
Atratividade envolve características que possam atrair um potencial
usuário para o sistema, o que pode incluir desde a adequação das
informações prestadas para o usuário até os requintes visuais
utilizados na sua interface gráfica;
12. Norma ISO 9126
Eficiência: o tempo de execução e os recursos envolvidos
são compatíveis com o nível de desempenho do software.
Comportamento em Relação ao Tempo que avalia se os
tempos de resposta (ou de processamento) estão dentro das
especificações;
Utilização de Recursos que mede tanto os recursos consumidos
quanto a capacidade do sistema em utilizar os recursos disponíveis;
13. Norma ISO 9126
Manutenibilidade: a capacidade (ou facilidade) do produto
de software ser modificado, incluindo tanto as melhorias ou
extensões de funcionalidade quanto as correções de defeitos.
Analisabilidade identifica a facilidade em se diagnosticar
eventuais problemas e identificar as causas das deficiências
ou falhas;
Modificabilidade caracteriza a facilidade com que o comportamento do
software pode ser modificado;
14. Norma ISO 9126
Estabilidade avalia a capacidade do software de evitar
efeitos colaterais decorrentes de modificações introduzidas;
Testabilidade representa a capacidade de se testar o
sistema modificado, tanto quanto as novas funcionalidades
quanto as não afetadas diretamente pela modificação;
15. Norma ISO 9126
Portabilidade: a capacidade do sistema ser transferido de
um ambiente para outro. Como "ambiente", devemos
considerar todo os fatores de adaptação, tais como diferentes
condições de infra-estrutura (sistemas operacionais, versões
de bancos de dados, etc.), diferentes tipos e recursos de
hardware (tal como aproveitar um número maior de
processadores ou memória). Além destes, fatores como
idioma ou a facilidade para se criar ambientes de testes devem
ser considerados como características de portabilidade.
16. Norma ISO 9126
Adaptabilidade, representando a capacidade do software se
adaptar a diferentes ambientes sem a necessidade de
ações adicionais (configurações);
Capacidade para ser Instalado identifica a facilidade com
que pode se instalar o sistema em um novo ambiente;
Coexistência mede o quão facilmente um software convive
com outros instalados no mesmo ambiente;
Capacidade para Substituir representa a capacidade que o sistema tem
de substituir outro sistema especificado, em um contexto de uso e
ambiente específicos. Este atributo interage tanto com
adaptabilidade quanto com a capacidade para ser instalado;
17. Ciclo de vida do software
O ciclo de vida do software engloba todos os processos
envolvidos desde a concepção do sistema até a entrega e
manutenção do software. Desta forma conseguimos enxergar o
software como um todo, vendo todos os processos envolvidos
não só na construção do software como também nas demais
áreas correlacionadas.
A ISO/IEC 12207 [ISO 12207] visa estabelecer um framework
comum para processos envolvidos no ciclo de vida do
software, utilizando uma terminologia bem definida e que pode
ser referenciada pela indústria de software.
Ela envolve processos, atividades e tarefas necessárias para todas as
etapas do ciclo de vida do software, como a aquisição, o
desenvolvimento, a operação e a manutenção.
18. Métricas de usabilidade
Para criar um processo efetivo de usabilidade é preciso
entender o relacionamento da usabilidade com os demais
processos do ciclo de vida do software e estabelecer
métricas para análise. O padrão ISO 9241 [ISO 9241] trata
da ergonomia na interação homem-máquina, e sua décima
primeira parte é destinada a auxiliar na definição do
processo da usabilidade.
A ISO 9241-11 [ISO 9241-11] define a usabilidade como a capacidade
de avaliar o uso de um produto por um grupo específico de
usuários, em um contexto específico, coletando dados sobre:
19. Métricas de usabilidade
Eficácia: A exatidão e a integralidade de como os usuários
atingem os objetivos específicos; capacidade da interface em
permitir que o usuário alcance os objetivos iniciais de
interação. Em termos de finalização da tarefa e de qualidade
do resultado obtido.
Eficiência: Os recursos gastos em relação a exatidão e a
integralidade de como os usuários atingem os objetivos; um
aplicativo pode ter sua eficiência avaliada a partir da
quantidade de esforço requerido do usuário para a realização
de uma tarefa, bem como a quantidade de erros cometidos
por ele.
Satisfação: nível de conforto que o usuário sente ao utilizar o produto e o
quanto o produto é aceito pelo usuário como veículo para atingir seus objetivos.
20. Métricas de usabilidade
Para especificar ou medir a usabilidade é necessário decompor a
eficácia, eficiência, satisfação e os componentes do contexto de uso
em sub-componentes com atributos que possam ser medidos e
verificados.
No contexto das interfaces
computadorizadas essa
satisfação estaria
relacionada às
expectativas do usuário
em relação a uma
determinada interface e o
resultado obtido após a
sua interação com ela
(refletida em sua atitude).
21. Os autores Satanton & Baber resumiram alguns fatores
apontados por outros autores que servem para delimitar o
conceito de usabilidade e definir o seu escopo:
Fácil aprendizagem: o sistema deve permitir que os
usuários alcancem níveis de desempenho aceitáveis
dentro de um tempo especificado.
Efetividade: um desempenho aceitável deve ser alcançado por uma
proporção definida da população usuária em relação a um limite de
variação de tarefas e ambientes.
22. Atitude: deve-se atingir um desempenho aceitável
considerando níveis aceitáveis de
fadiga, stress, frustração, desconforto e satisfação.
Flexibilidade: o produto deve ser capaz de lidar com um
limite de tarefas que vão além daquelas especificadas à
princípio.
Utilidade percebida do produto: é importante que o
produto seja, realmente, usado. É possível projetar um
produto considerando critérios de usabilidade e este
não ser usado.
23. Adequação à tarefa: um produto usável deve apresentar
uma adequação aceitável entre as funções oferecidas
pelo sistema e as necessidades e requisitos dos
usuários.
Características da tarefa: no sentido da frequência com
que a tarefa pode ser realizada e o quanto ela pode ser
modificada quanto à variação da quantidade de
informação solicitada ao usuário.
Características dos usuários: conhecimento, motivação e
habilidade da população de usuários do produto.
24. Segundo Anamaria de Moraes, quanto à
usabilidade, também devem ser levados em
consideração os benefícios emocionais do produto.
De acordo com novos paradigmas de
ergonomia, também o prazer do usuário deve ser
buscado e, em muitos casos, a satisfação deve
continuar subordinada às questões de
segurança, funcionalidade e usabilidade.
25. Bibliografia
MONT’ ALVÃO,Claudia. Hedonomia, Ergomia Afetiva:
afinal, do que estamos falando? In MONT’
ALVÃO,Claudia. DAMAZIO, Vera (orgs).
Design, Ergonomia e Emoção.Rio de Janeiro: Mauad
X: FAPERJ, 2008.
OLIVEIRA, J. Augusto. A Usabilidade nos Processos do
ciclo de vida e na Qualidade do Produto de Software.
On Line. Disponível em
<ua.labs.sapo.pt/thinkster/aspencer/files/2008/.../us
abilidade_sw.pdf > acesso em 21/08/2009.