2. É veneno ou remédio?
• Pesticidas
• Praguicidas
• Defensivos agrícolas
• Agrotóxicos
3. Defensivos agrícolas X Agrotóxicos
Lei Federal nº 7.802 de 11/07/89, regulamentada através do Decreto
98.816, no seu Artigo 2º, Inciso I, define o termo AGROTÓXICOS.
O termo AGROTÓXICO, ao invés de DEFENSIVO AGRÍCOLA, passou a ser
utilizado, no Brasil, para denominar os venenos agrícolas, após grande
mobilização da sociedade civil organizada. Mais do que uma simples
mudança da terminologia, esse termo coloca em evidência a toxicidade
desses produtos ao meio ambiente e à saúde humana. São ainda
genericamente denominados praguicidas ou pesticidas.
4. Grandes classes de agentes tóxicos
• Metais: Fontes naturais, potencializadas pela ação do homem.
Diversos usos na indústria (Ex.: chumbo. mercúrio, cádmio,
cromo, berílio, níquel, manganês, arsênico)
• Solventes e vapores: Industria química e petroquímica. Uso
industrial (benzeno, tolueno, estireno, tricloetileno,
tetracloroetileno, clorofórmio, etanol, metanol, etileno glicol)
• Venenos animais e vegetais: Fonte natural. Ataque e defesa
(Piretrina, nicotina, cicuta, cobras, aranhas, escorpiões)
• Agrotóxicos: Naturais e sintéticos. Controlar ou eliminar
pragas (organismos vivos) DDT, dieldrin, paration, glifosato
5. Lei Federal nº 7.802 de 11/07/89, regulamentada através do Decreto
98.816, no seu Artigo 2º, Inciso I, define o termo AGROTÓXICOS da
seguinte forma:
"Os produtos e os componentes de processos físicos, químicos
ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção,
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e de
outros ecossistemas e também em ambientes urbanos, hídricos e
industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da
fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos
considerados nocivos, bem como substâncias e produtos
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e
inibidores do crescimento."
Essa definição exclui fertilizantes e químicos administrados a
animais para estimular crescimento ou modificar comportamento
reprodutivo.
6. Agrotóxicos: definição FAO:
Qualquer substância ou mistura de substâncias utilizadas com o
objetivo de prevenir, destruir ou controlar qualquer praga,
incluindo vetores de doenças animais ou humanas, espécies
indesejáveis de plantas ou animais que causem dano ou que, de
alguma forma interfiram durante a produção, processamento,
estocagem, transporte ou comercialização de alimentos, produtos
relacionados à agricultura, madeira e seus derivados, rações ou
ainda substâncias que possam ser administradas em animais
para o controle de insetos, aracnídeos ou outras pragas dentro ou
sobre seus corpos. O termo inclui ainda substâncias utilizadas
como reguladores do crescimento de plantas, desfolhantes,
dessecadores, ou ainda agentes para prevenir a queda prematura
de frutas e substâncias aplicadas à plantação, antes ou depois da
colheita, para prevenir a deterioração durante a estocagem ou o
transporte
7. Agrotóxicos: classificação
•Quanto ao organismo a que se destina controlar (uso)
•Inseticidas
•Herbicidas
•Fungicidas
•Acaricidas
•Outros – Desfolhantes, dessecadores
•Raticidas
•Moluscicida
8. Agrotóxicos: classificação
•Quanto a estrutura química
•Inseticidas: organoclorados, organofosforados,
carbamatos, piretróides, neonicotinóides
•Herbicidas: Compostos bipiridílicos, compostos
fenólicos, derivados do ác, ariloxialcanóico, triazinas
•Fungicidas: ditiocarbamatos, organomercuriais,
Derivados da Tiouréia
•Acaricidas
•Raticidas: derivados da cumarina e da indadiona e
derivados do ácido fluoroacético e brometo de metila
9. Agrotóxicos: classificação
•Quanto a toxicidade aguda - DL50 oral para ratos (mg/kg)
• Classe 1 A: Extremamente tóxico. DL50 < 5
• Classe 1 B: Altamente tóxico. DL50 5 – 50
• Classe 2: Moderadamente tóxico. DL50 50-500
• Classe 3: Pouco tóxico. DL50 500-5000
• Classe 4: Muito pouco tóxicos. DL50 > 5000
Fonte: The WHO Recommended Classification of Pesticides by Hazard
http://www.who.int/entity/ipcs/publications/pesticides_hazard_rev_3.pdf
10. Uso de agrotóxicos no Brasil e no Mundo
Vendas de pesticidas no mundo (bilhões US$), 1983-2001.
40.00
35.00
30.00
25.00
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
1983 1993 1995 1997 1998 1999 2000 2001
ANO
Bilhões US$
Figura 1 – Vendas de pesticidas no mundo entre os anos de 1983 e 2001, em bilhões de US$.
Fonte dos dados: para os anos de 1983, 1993 e 1998, (Yudelman et al., 1998) e para os anos
de 1995, 1997, 1999, 2000 e 2001(Aspelin 1997; Aspelin and Grube 1999; Donaldson et al. 2002;
Kiely et al. 2004).
11. Uso de agrotóxicos no Brasil e no Mundo
Exportações de pesticidas, em milhares de toneladas,
a partir de portos americanos, 1992-2000.
400
350
300
250
200
150
100
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
ANO
Mil ton.
Produtos:
Proibidos
Banidos
Restritos
Classe tóxicol.
1a e 1b
12. Uso de agrotóxicos no Brasil e no Mundo
Vendas de agrotóxicos no Brasil, 1992-2004.
R2 = 0,7401
5.000.000
4.500.000
4.000.000
3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
-
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
ANO
US$ x 1.000
US$ 4,5 bilhões
13. Uso de agrotóxicos no Brasil e no Mundo
Vendas de agrotóxicos no Brasil, por classe toxicológica, 2003.
250
200
150
100
50
0
19%
25,8%
32%
23,2%
CLASSE I CLASSE II CLASSE III CLASSE IV
14. Uso de agrotóxicos no Brasil e no Mundo
Vendas - culturas - 2.004 - Em US$
Soja
50%
Arroz
2%
As demais
11%
Algodão
10%
Milho
7%
Cana
7%
Café
3%
Citros
3%
Trigo
TS 3%
4%
15. Uso de agrotóxicos no Brasil e no Mundo
Levando-se em conta apenas o volume de vendas, o Brasil é hoje
o 4 cosumidor mundial de agrotóxicos. 1 na América Latina, onde
responde por 50% do consumo
Consumo mundial de defensivos agrícolas - kg/ha
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Países
Quilos
kg/há
16. Uso de agrotóxicos no Brasil
Região 1997 1998 1999
Norte 1 1 1
Nordeste 6 6 6
Centro-oeste 18 23 23
Sul 31 31 29
Sudeste 44 39 40
1997 1998 1999
Total Brasil: 265240 306802 288075
São Paulo 76672 77288 69404
Paraná 43219 49631 42396
Minas Gerais 33591 37101 36902
Rio Grande do Sul 29739 36825 33123
Mato Grosso 18099 28741 28027
Goiás 17313 23315 21869
Mato Grosso do Sul 12009 16763 15701
Santa Catarina 8392 9327 8670
Bahia 6476 7033 8534
Pernambuco 3582 4195 3242
Espírito Santo 3766 3141 7726
Maranhão 1612 2253 2025
Rio de Janeiro 1893 1955 1747
Rondonia 1468 1864 1694
Alagoas 2122 1469 1676
Tocantins 1071 1338 1225
Ceará 730 1078 823
Distrito Federal 606 1056 841
Rio Grande do Norte 604 583 419
Pará 326 538 695
Sergipe 535 429 482
Piauí 565 350 261
Paraíba 450 252 377
Roraima 342 180 100
Amapá 36 61 23
Acre 10 23 58
Amazonas 12 13 35
88%
17. Agrotóxicos
Contribuiu para o controle de vetores e aumento da
produtividade agrícola, mas...
Evidências de inúmeros problemas ambientais e de
saúde humana
Pimentel D. Green revolution agriculture and chemical hazards. Sci Total
Environ. 1996 Sep;188 Suppl 1:S86-98.
22. Agrotóxicos: principais populações expostas
Exposição ocupacional e ambiental
•Agricultores e familiares
•Trabalhadores de campanhas de saúde pública
•Aplicadores urbanos (dedetização desinsetização)
•Trabalhadores da indústria de agrotóxicos
•População residente de áreas rurais
•População Geral
XXXXX
23. Agrotóxicos: efeitos sobre a saúde humana
•Intoxicações agudas
• sinais e sintomas que podem ser específicos para cada
substância ou conjunto de substâncias, mas que
essencialmente se tornam aparentes em período curto de
tempo, em geral 24h após a exposição a níveis
comumente elevados do agente ou agentes em questão
•Efeitos crônicos
• são aqueles resultantes de exposições continuadas e a
doses relativamente baixas de uma ou mais substâncias.
Podem se tornar evidentes desde dias até anos após o
período de exposição e, por isso mesmo, mais difíceis de
serem relacionados ao agente tóxico.
24. Agrotóxicos: efeitos sobre a saúde humana
•Intoxicações agudas no mundo e no Brasil
•OMS: 3 milhões de intoxicações a cada ano
•2/3 intencionais (suicídios e homicídios)
•1/3 não intencionais (70% ocupacionais)
•220.000 mortes
• Limitações: somente casos mais severos e
com acesso a rede hospitalar
Folha do Amapá (folhadoamapa.com.br) 24/11/03 | 22:14
Dos 42 milhões de casos de Aids no mundo, 30 milhões estão concentrados na
áfrica. Os números não param de crescer e a situação no continente é um
exemplo para o resto do mundo do que acontece quando o controle da
doençaa não é priorizado pelos governos.
25. Agrotóxicos: efeitos sobre a saúde humana
•Intoxicações agudas no mundo e no Brasil
•Estudos epidemiológicos
•Agricultores de países em desenvolvimento
•Ásia, América Central, América do Sul
•Incidência anual de intoxicação: 3 a 10%
•Considerando-se 840 milhões de trabalhadores
agrícolas
•Aplicando-se a menor incidência, 3%, estima-se
cerca de 25 milhões de intoxicações anuais,
decorrentes da exposição a agrotóxicos
26. Agrotóxicos: efeitos sobre a saúde humana
•Intoxicações agudas no mundo e no Brasil
•MS: 14.064 intoxicações a cada ano no Brasil
•41% intencionais (suicídios e homicídios)
•15% ocupacionais
•238 mortes
28. ORGANOCLORADOS:
Usos do produto:
• Inseticida e acaricida
• Vias de absorção usual: oral, respiratória e
dérmica
• ATUAM SOBRE A MEMBRANA NEURONAL,
AXONAL, PRINCIPALMENTE, LENTIFICANDO O
FECHAMENTO DOS CANAIS DE SÓDIO
• INTERFEREM NO METABOLISMO DE
SEROTONINA, NORADRENALINA E
ACETILCOLINA DE MANEIRA AINDA NÃO
ESCLARECIDA
29. Inseticidas são neurotóxicos!
Organoclorados
Piretróides
Retardam o fechamento
de canais de Na+
Inibem a enzima de
degradação da acetilcolina
Carbamatos
Organofosforados
Neonicotinóides
Agonistas nAChR
31. • aspectos toxicológicos : ação sobre o sistema
nervoso central em casos agudos.
• Estimulante das enzimas microssomais
hepáticas em casos crônicos
• Armazenamento em tecidos adiposos e
venenos altamente cumulativos.
ORGANOCLORADOS QUADRO CLÍNICO
• Convulsões são as manifestações mais
importantes
• Cefaléia persistente, contrações musculares,
tremores, convulsões. Parestesias ( língua, lábio,
face e mãos), perturbações no equilíbrio. Perda do
apetite, mal-estar geral. Hepatomegalia, lesões
hepáticas e renais. Pneumonite química.
32. ORGANOFOSFORADOS e CARBAMATOS:
• Usos: inseticidas e acaridas
• Vias de absorção: oral, respiratória e dérmica.
• Aspectos toxicológicos: inibidores da
colinesterase.
• Seis subclasses: fosfatos, fosfonatos,
fosforotioatos, fosforoditioatos,
33. ORGANOFOSFORADOS
• INIBIDORES IRREVERSÍVEIS DA
ACETILCOLINESTERASE
ACÚMULO DE ACETILCOLINA
ESTIMULAÇÃO MUSCARÍNINICA
ESTIMULAÇÃO NICOTÍNICA
ESTIMULAÇÃO DO S.N.C.
34.
35. ORGANOFOSFORADOS
SLUDG
QUADRO CLÍNICO
Manifestações muscarínicas:
• broncoespasmo, dificuldade respiratória, aumento de
secreção brônquica, cianose, edema pulmonar
• falta de apetite, náuseas, vômitos, cólicas abdominais,
diarréia, incontinência fecal (evacuação não
controlável), dor para evacuar
• suor excessivo, salivação, lacrimejamento
• pupilas contraídas (miose), visão borrada
• incontinência urinária (urina solta, urina não
controlável)
• bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos)
36. ORGANOFOSFORADOS
QUADRO CLÍNICO
Manifestações nicotínicas:
• fasciculações musculares (pequenas contrações
musculares), câimbras, fraqueza, ausência de reflexos,
paralisia muscular;
• hipertensão, taquicardia (aumento dos batimentos
cardíacos), palidez, pupilas dilatadas.
Manifestações do Sistema Nervoso Central:
• inquietação, dor de cabeça, tremores, confusão,
marcha incoordenada (ataxia), coma, convulsões,
depressão do centro respiratório.
37. ORGANOFOSFORADOS-EXAME LABORATORIAL
E TRATAMENTO
• Exame: dosagem de acetilcolinesterase que
está diminuída.
• Tratamento: atropina em dose variável por
tempo indeterminado, retirada lenta, gradual.
• Pralidoxima em dose fixa por 3 dias em média.