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“É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder, tende a abusar dele. Para
                 que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido
                 pelo poder”
                                                                    Montesquieu - O Espírito das Leis.




                                                                 Tais mudanças ressaltariam com maior ímpeto

       O
                 fim do reinado de Luís XIV, em 1715,
                                                          na área do pensamento filosófico e político, transbor-
                 deixou a França numa situação muito
                                                          dando com evidência no Iluminismo – movimento filo-
                 difícil. O jovem rei Luís XV,
                                                          sófico que marcou o século XVIII como o Século das
estranhamente, preferia viver à sombra das regências,
                                                          Luzes.
desfrutando em Versalhes as diversões palacianas que
esgotavam os cofres do Estado. Enquanto isso, a aris-
tocracia se aproveitava da inoperância do rei manten-
do privilégios e abomináveis direitos que lembravam a
época feudal. Só em 1748, o relutante Luís XV assu-
miu o trono depois da morte de Fleury, o último re-
gente. Com 32 anos de idade o rei não poderia, mais
uma vez, recusar o governo sob pena de provocar
uma crise de graves proporções.



        “O homem aprende
  todos os dias, avança, obser-
  va, parece-lhe que as trevas
     recuam: é o século das                                       Olhando para trás, lembramos que o               Os salões da
                                                                                                                   aristocracia
                luzes”                                    Renascimento Cultural abriu as portas do conhecimen-
                                                                                                                   esclarecida
                                                          to, ao colocar em xeque a visão teocêntrica da Igreja
                                                                                                                   reuniam os
                                                          Católica. O humanismo renascentista encorajou a for-     intelectuais da
                                                          mulação de novas teorias que derrubaram os antigos       época: no salão
                                                          preconceitos medievais. Na mesma época, a Reforma        da madame
         Mas, como era fácil de prever, o novo rei dei-                                                            Geoffrin, estão
                                                          Protestante provocou uma fissura insuperável na auto-
xou que os aristocratas se encarregassem das tarefas                                                               retratados
                                                          ridade da Igreja Católica, expondo-a ao vexame de con-   Diderot, Turgot
reais apenas interferindo nos casos mais sérios. Acre-
                                                          viver com novas religiões, que bem ou mal, propicia-     e D’Alembert,
ditando estar num mar de rosas, faltou a Luís XV a                                                                 em destaque,
                                                          vam um clima mais adequado ao desenvolvimento da
percepção que a França já não era a mesma de outros                                                                no fundo à
                                                          ciência e do pensamento crítico.
tempos. A liberdade concedida aos pensadores e                                                                     esquerda, o
intelectuais, bem como o ambiente de investigação                                                                  busto de
                                                                                                                   Voltaire
científica, especulação filosófica e crítica acabaram
frutificando.
REVOLUÇÃO CIENTÍFICA                                        Em 1687, o mundo científico foi sacudido pe-
                                                                            las incríveis descobertas do gênio inglês Isaac Newton.
                          No século XVII surgiram novas teorias científi-   O cientista provou que os planetas descreviam sua ór-
                  cas, começando com Galileu, em 1609. Montando um          bita no universo motivada pela força exercida de um
                  telescópio pôde observar a superfície da Lua checan-      corpo sobre outro. A compreensão do universo como
                  do detalhes imperceptíveis a olho nu. Em seguida, ob-     um espaço infinito sujeito a constantes transformações
                  servou o planeta Júpiter constatando a existência de      revolucionou a ciência, permitindo a explicação dinâ-
                  vários anéis girando ao seu redor.                        mica e coerente dos fenômenos da natureza. A Lei da
                          Pensou então: se os
                  anéis giravam em torno de
                  Júpiter, o mesmo deveria
                  ocorrer com a Lua em rela-
        O Iluminismo




                  ção a Terra e, conseqüente-
                  mente de todos em relação ao
                  Sol. Essa teoria derrubou o
                  postulado da Terra como as-
                  tro fixo e os outros astros
                  imóveis à sua volta. A Igreja
                  Católica em resposta às teo-
                  rias de Galileu, resolveu levá-
                  lo a julgamento mostrando
                  que a Inquisição condenava as
                  descobertas do cientista.
                           “Em         25     de
                  setembro de 1632, sete
                  meses         depois        da
                  publicação do Diálogo, Galileu foi intimado a se          Gravitação Universal uniu as diversas partes do mun-
“Vista de um
mercado           apresentar em Roma para ser julgado como herege           do físico, explicando em termos matemáticos por que
público”de                                                                  a Terra e os planetas se movem.
                  perante o delegado geral do Santo Ofício. Tentou
Hendrick                                                                             Newton quebrou de vez as barreiras que impe-
Sleenuvick, visão por todos os meios evitar o julgamento, mas só            diam a explicação cientifica das coisas do universo.
idealista de uma  conseguiu adiá-lo. Em fevereiro do ano seguinte
sociedade em
                                                                            Perto de morrer, diria - “Não sei que impressão o mun-
                  chegou a Roma, onde teve de esperar três meses.           do terá de mim, mas para mim mesmo parece que fui
paz.
                  Finalmente, entre 12 de abril e 21 de junho, foi          apenas um menino que brincava à beira-mar, diver-
                  repetidamente interrogado pelo Santo Ofício, mas,         tindo-me de vez em quando com o achado de um sei-
                  ao que parece, não foi torturado.                         xo mais liso ou uma concha mais bonita do que o
                            Em 22 de junho levaram-no para o salão          normal, enquanto o oceano imenso da verdade jazia
                  do convento dominicano da Santa Maria e lá                totalmente inexplorado diante de mim”. 2
                  pronunciaram a sentença diante da Congregação                      Outro expoente da época foi o filósofo e cien-
                  do Santo Ofício. O Diálogo ficou proibido de              tista francês René Descartes, autor do livro Discurso
                  circular, e seu autor, veementemente suspeito de          sobre o Método. Nessa obra, alegava que a providên-
                  heresia, foi encarcerado. Após ouvir a sentença,          cia Divina legou aos homens o livre-arbítrio e o dom
                  Galileu viu-se compelido a se ajoelhar e retratar-        da razão para que pudessem escolher o caminho da
                  se.”                                                      realização. Afirmava que a prática do livre-arbítrio to-
                                                                            mava o homem semelhante a Deus, aproximando-o da
                                                                            plenitude.



   O Tempo da História

                                                                            SÉCULO DAS LUZES
      1637                                1690

  DESCARTES                            JOHN LOCKE             1748                                              1762

  “DISCURSO                1689        “TRATADOS        MONTESQUIEU                                         ROUSSEAU
                                                                                    1751-1772
   SOBRE O                              SOBRE O
   MÉTODO”              REVOLUÇÃO       GOVERNO          “O ESPÍRITO                                      “O CONTRATO
                                                          DAS LEIS”             PUBLICAÇÃO                   SOCIAL”
                         GLORIOSA        CIVIL”
                                                                             DA “ENCICLOPÉDIA”
                       NA INGLATERRA
Descartes formulou a espinha dorsal do                      O Iluminismo tem, nos seus fundamentos, vári-
questionamento político dos iluministas. A partir de        os pontos em comum: busca da felicidade, respeito às
1650, o pensamento cartesiano, espalhou-se por toda         liberdades individuais, abolição dos privilégios de nas-
a Europa traduzido em várias línguas.                       cimento, liberdade econômica e a crítica aos valores da
         “Os pensamentos que lhe ocuparam a aten-           Igreja Católica. No aspecto social embora não tenha
ção centralizaram-se na questão do que é que o ho-          nascido no seio da burguesia, o Iluminismo se adequa-
mem conhece, e de como o conhece. Haverá, refletiu          va perfeitamente aos interesses burgueses. O ideário
Descartes, alguma coisa de que o homem possa abso-          iluminista deu à burguesia o suporte ideológico para a
lutamente estar certo? Se duvidasse sistematicamen-         derrubada da ordem absolutista e a construção do capi-
te de tudo, haveria uma única coisa que resistisse a        talismo moderno.
toda a dúvida? Meditando sobre essas questões, Des-                 A obra iluminista mais abrangente foi a Enciclo-
cartes viu-se forçado a concluir que todas as fontes        pédia das Letras e das Artes. Essa ampla coleção de 35




                                                                                                                            O Iluminismo
convencionais do conhecimento do homem eram dis-            volumes demorou quase duas décadas para ser conclu-
cutíveis. Os escritos de antigos autores, tradicional       ída, contando com a participação de vários intelectuais
reservatório de sabedoria, obviamente se contradi-          e pensadores. A Enciclopédia foi organizada por Diderot
zem entre si a cada passo.                                  e D’Alembert: o primeiro, político por essência; o se-
        A evidência dos sentidos era igualmente ilu-        gundo, filósofo por natureza. Lida por dezenas de pes-
sória — provaram-no os sonhos, as ilusões de ótica,         soas, que se encantavam com a linguagem fácil e aces-
as alucinações. Mesmo a razão estava longe de ser           sível, teve a publicação proibida por ordem do rei Luís
infalível, como o sabia qualquer pessoa que tivesse         XV, seguida do confisco de muitos exemplares.
cometido um erro de aritmética. Tendo duvidado de
tudo, achou-se Descartes diante de uma única coisa
                                                                                                                       A pintura de
que não podia duvidar: sua própria existência. Con-                                                                    Dumesnil
quanto eu quisesse considerar tudo falso — escreve                                                                     mostra a rainha
ele na passagem mais célebre da filosofia moderna                                                                      Cristina e
— era absolutamente necessário que eu, que assim                                                                       membros da
                                                                                                                       sua corte,
pensava, fosse alguma coisa. Penso, logo existo ”. 3                                                                   ouvindo
                                                                                                                       Descartes dar
                                                                                                                       uma aula de
                                                                                                                             Filosofia.
      “Os filósofos se erigiram
 como preceptores do gênero
humano. Liberdade de pensar,
 eis seu brado, e este brado se
propagou de uma extremidade
      a outra do mundo”.



O SÉCULO DAS LUZES

        No século XVIII a França era um país afunda-
do em problemas. A monarquia levou o país à miséria,
enfrentando sucessivas guerras inúteis que esgotaram
os cofres do Estado. Curiosamente, foi em plena corte
de Luís XIV que os filósofos encontraram o clima ide-
al para aprofundar as novas teorias. O monarca queria
marcar seu nome na história como protetor da arte e
da cultura. Permitiu assim o início da renovação do
pensamento, que encontraria sua expressão máxima
na época de Luís XV. No reinado do filho do rei-sol, a
Paris iluminista se tornou o centro de uma notável pro-
dução intelectual, valorizada no início pela própria cor-             “Penso, logo existo”
te, que ouvia extasiada as pregações de Montesquieu
e outros filósofos.
                                                                               Rene Descartes
Os Pensadores
                                                                                                          O direito e o dever de o povo der-
                                                                                                  rubar os governantes despóticos tornou
          O Iluminismo




                                                                                                  Locke o autor preferido dos rebeldes. Sua
                               Tratados sobre o Governo Civil                                     teoria foi a “Bíblia” dos revolucionários
                                                                                                  que enfrentaram a opressão colonial in-
                               John Locke                                                         glesa e lutaram pela independência dos
                                                                                                  EUA. O livro Tratados sobre o Governo
                                                                                                  Civil inspirou Tomas Jefferson na
                                                                                                  elaboração da Declaração de Independên-
                                                                                                  cia dos Estados Unidos. O documento
                                                                                     norte-americano, elaborado em 4 de julho de 1776,


                                A
                                          pesar da França ter sido o berço inte      sacramentava o direito do povo lutar contra a opres-
                                          lectual do Iluminismo, foi o inglês John   são. Na França, o livro foi o manual do Século das
                                          Locke o autor mais lido da primeira        Luzes, discutido e debatido por vários intelectuais que
                         metade do século XVIII. Seu livro, Tratados sobre o         não se contentavam com os postulados políticos de
                         Governo Civil foi escrito na Inglaterra, em 1689, logo      Maquiavel e outros autores da época do absolutismo.
                         após a Revolução Gloriosa. Nessa obra, o autor afirma
                         que o direito de governar é delegado por quem é go-
                         vernado. Em outras palavras, o governo existe porque
                         foi aceito pelo povo para exercer essa função.                    “ Com uma das mãos, os
                                                                                       filósofos tentaram abalar o
                                                                                      trono; com a outra, quiseram
                                                                                     derrubar os altares. Sua finali-
                                                                                          dade era modificar nas
                                                                                          consciências as instituições
                                                                                      civis e religiosas e , por assim
                                                                                           dizer, a revolução se
                                                                                                  processou”. 1


                                                                                             Na opinião de Brian Mage - História da Filoso-
                                                                                     fia - Locke tem sido descrito como a primeira mente
                                                                                     moderna. Isso porque reuniu e fundiu numa visão úni-
“Em nenhum                      A prioridade do governo deve ser a felicidade e      ca algumas das preocupações fundamentais do pen-
outro lugar as           o bem-estar da população. Em caso de transgressão da        samento pós-medieval. Parte de sua mensagem básica
confusões e
ilusões da               normalidade institucional defendia o dever do povo          poderia ser expressa assim: “Não siga irrefletidamente
linguagem são            derrubar o déspota, substituindo-o por um governo           as autoridades, sejam elas intelectuais, políticas ou
mais aparentes do        constitucional. Afirmava que diante do peso insupor-        religiosas. Tampouco as tradições ou convenções so-
que no mundo da          tável da opressão, não há direito divino que sustente o     ciais. Pense por simesmo. Examine os fatos e tente
política, como
retratado nesse          governo. Para Locke, não faz sentido a paz e a ordem        basear sua opinião e seu comportamento nas coisas
quadro de Egbert         quando os lobos se impõe aos cordeiros. Cabe então          como de fato são”.
van Heemskerk - A        ao povo julgar o governo dos soberanos e rebelar-se,
Eleição na sala da       caso necessário, revogando o contrato político.
Guilda”
O Espírito das Leis
                                Montesquieu



          A
                    primeira obra de impacto do renomado intelectual francês foi Cartas Persas. Nesse livro
                    de conteúdo atípico, o autor escreve em forma de ficção, descrevendo a perplexidade de
                    dois viajantes orientais que percorrem a Europa na época de apogeu das monarquias
   absolutas. No relato aos amigos do Oriente, os viajantes demonstram a decepção diante de um mundo
   supostamente mais coerente do que as terras do Oriente.
           Em seguida publicaria O Espírito das Leis, contrariando as




                                                                                                                          O Iluminismo
   teorias absolutistas. Afirmava que “as leis não são fruto da von-
   tade pessoal de quem governa, mas da realidade social e históri-
   ca de cada povo”. Apesar de não se posicionar por uma forma de
   governo em especial, demonstrava enorme simpatia pela monar-
   quia inglesa, implantada na Revolução Gloriosa de 1689 lhe
   influenciando na elaboração da teoria do equilíbrio dos poderes.
   Com efeito, o grande legado de Montesquieu para as gerações
   futuras, foi a teoria dos três poderes — Executivo, Legislativo e
   Judiciário, onde cada um exerce a vigilância e fiscalização em
   relação aos outros, como forma de coibir eventuais abusos de
   autoridade.
           “O objetivo do governo é o bem estar dos homens. E o que
   é melhor para eles? Ficar o povo exposto sempre à vontade ili-
   mitada da tirania, ou os governantes terem algumas vezes de
   sofrer oposição quando exorbitem o uso do poder e o empre-
   guem para a destruição e não para a preservação das proprie-
   dades do povo? Mas se há uma persuasão universal baseada em
   prova manifesta de que estão em marcha certos desígnios contra
   a liberdade, e o curso geral e tendência dos acontecimentos só
   podem levantar fortes suspeitas das más intenções dos
                                                                                                                      O pintor barroco
   governantes, quem terá de ser acusado? Quem poderá impedi-lo se os que podiam evitá-lo se deixam                   francês Jean-
   ficar sob suspeita? Há de se reprovar o povo se tem o senso das criaturas racionais, podendo julgar os             Honoré
   fatos somente pela maneira como os constata e os sente?” 6                                                         Fragnard
                                                                                                                      exprime
                                                                                                                      poderosamente
                                                                                                                      uma das mais
                                                                                                                      esmagadoras
                                                                                                                      paixões do
                                                                                                                      homem - o
                                                                                                                      desejo
                                                                                       “O primeiro que cercou um
                      O Contrato Social                                        terreno, advertindo: ‘Este é meu’, e
                                                                               encontrando gente muito simples
                                 Rousseau                                      que acreditou, foi o verdadeiro fun-
                                                                               dador da sociedade civil. Que cri-
                                                                               mes, guerras, assassinatos, miséri-
                                                                               as e horrores teria poupado ao gê-


       O
                  autor foi considerado o mais radical e   nero humano aquele que tivesse gritado a seus seme-
                 polêmico dos autores iluministas. No      lhantes: ‘Não escutem este impostor; vocês estarão
                 livro Discurso sobre a Origem da De-      perdidos se esquecerem que os frutos são de todos,
sigualdade entre os Homens, derrubava a visão tradi-       que a terra não é de ninguém’... Desde o instante em
cional, da pobreza naturalmente predeterminada pela        que um homem teve necessidade da ajuda de outro,
herança social. Para Rousseau, a miséria decorria da       desde que ele percebeu ser conveniente para um só ter
própria história dos homens, das formas de poder e da      provisões para dois, a igualdade desapareceu, a pro-
conduta dos governantes, do poder despótico e a sua        priedade se introduziu, o trabalho tornou-se necessá-
aceitação passiva. Nesse aspecto, ousava mais do que       rio e as vastas florestas se transformaram em campos
os outros iluministas, combatendo a desigualdade so-       risonhos que passaram a ser regados com o suor dos
cial.                                                      homens e nos quais vimos então a miséria e a escravi-
                                                           dão germinarem e crescerem com a colheita”. 7
“O
                                Homem
                             nasceu livre e
                             por toda
                             parte está em
       O Iluminismo




                             grilhões”
                                    Rousseau




                               Rousseau foi o apóstolo dos humildes. Na Re-              Na obra “ O Contrato Social” defendia a reno-
                      volução Francesa, sua obra inspirou os jacobinos e as      vação periódica do governo através de eleições, com
                      facções mais ousadas dos “enragés”. Contudo, ao cri-       base no sufrágio universal. Considerava que a verda-
                      ticar a desigualdade, não propunha explicitamente a des-   deira soberania é a que emanava do povo, e a vontade
                      truição da propriedade como um todo e sim a grande         individual nunca deve superar o interesse geral da
                      propriedade remanescente da época feudal. Defendia a       nação. O Estado resultante do Contrato Social tem
                      divisão dessas terras entre pequenos e médios              plenos poderes para governar em benefício da maioria.
                      proprietários, prenunciando as reformas na agricultura     “Cada um de nós coloca em comum sua pessoa e toda
                      que seriam realizadas nos países capitalistas. Seus        sua potência sob a suprema direção da vontade geral;
                      conceitos exerceram grande impacto nos meios               e recebemos em corpo cada membro como parte
                      intelectuais que, via de regra, consideravam Rousseau      indivisível do todo.”
                      um louco destoante do seu tempo. Foi marginalizado e               “Se a ordem social é para Rousseau um direi-
                      perseguido pela monarquia francesa e atacado pelos         to sagrado que serve de base para todos os direitos,
                      próprios iluministas                                       inclusive o da propriedade, ela não se origina, po-
                               “Nasceu livre esse homem, que entretanto, está    rém, na natureza: esta não designou ninguém para
                      a ferros por toda a parte. Renunciar à sua liberdade,      dar ordens aos outros, nenhum homem detém uma au-
                      não o poderia fazer sem renunciar, ao mesmo tempo, à       toridade natural sobre seu semelhante; e, por outro
                      sua qualidade de homem, aos direitos da humanidade         lado, a força não produz direito algum o que é um
                      e até aos próprios deveres; isso seria incompatível com    direito que perece quando a força cessa? Se impõe a
                      sua própria natureza. Portanto, a autoridade política      obediência pela força, não se tem necessidade de obe-
Londres,              só pode assentar legitimamente numa convenção ini-         decer por dever. O homem nasce livre; para Rousseau,
em 1753
                      cial. Trata-se do ato pelo qual um povo é povo. Eis o      isso é axiomático. 8
                      verdadeiro fundamento da sociedade política”.                      Para os filósofos do iluminismo a natureza era
                                                                                 quase a mesma coisa que a razão. Isto porque, para
                                                                                 eles, a razão era uma dádiva da natureza ao homem
                                                                                 em oposição, por exemplo, à igreja ou aos corrompidos
                                                                                 métodos civilizatórios. Enfatizava-se que os povos
                                                                                 naturais eram freqüentemente mais sadios e mais felizes
                                                                                 do que os europeus, exatamente porque não possuíam
                                                                                 uma civilização. A palavra de ordem “de volta à
                                                                                 natureza” é de Jean-Jacques Rousseau. Ele dizia que a
                                                                                 natureza era boa e que o homem, portanto era natural-
                                                                                 mente bom. Todo o mal estava na sociedade civilizada,
                                                                                 que afasta o homem da sua natureza. 1
A Riqueza das Nações
                    Adam Smith



                                                                     Nesse período, a agricultura francesa ainda su-


       O
                  mais importante pensador econômico
                                                              perava a produção de manufaturas. Os fisiocratas e
                 foi o inglês Adam Smith. No livro, “A
                                                              Adam Smith tiveram em comum, a idéia do livre-co-
                 Riqueza das Nações” defendia insis-




                                                                                                                              O Iluminismo
                                                              mércio, apelidada pelos franceses de “laissez-faire,
tentemente o ideal liberal, condenando com veemên-
                                                              laissez-passez”. Mas, ao contrário do autor inglês,
cia as práticas mercantilistas. Para ele, a tutela do Esta-
                                                              Quesnay e Turgot enfatizavam a agricultura como gran-
do na economia, emperra o desenvolvimento e dificulta
                                                              de fonte de riqueza de um país.
a expansão do comércio. Achava que o mercado se
                                                                      “Os fisiocratas partiam do pressuposto que a
ajustaria pelas leis de oferta e procura, impossibilitan-
                                                              terra era a única fonte de riqueza, daí a primazia da
do a escassez e excesso de produtos. Estudando a
                                                              agricultura sobre o comércio, atividade estéril, que se
realidade inglesa concluiu que a reserva de mão-de-
                                                              resumia na troca de mercadorias. Faziam analogia ente
obra era inesgotável o que impedia a escassez da oferta
                                                              o funcionamento do corpo humano e o organismo eco-
de trabalho.
                                                              nômico, ambos regidos por leis naturais: assim como
                                                                           o coração era o orgão mais importante
                                                                           do corpo humano, a agricultura o era na
                                                                           vida econômica. Negavam, pois, o direito
                                                                           do Estado de intervir e regulamentar a
                                                                           vida econômica, pois, estaria atentando
                                                                           contra as leis naturais. Nesse sentido cri-
                                                                           ticavam        as      regulamentações
                                                                           mercantilistas do Estado absoluto e pre-
                                                                           gavam que o Estado deveria apenas limi-
                                                                           tar-se a incentivar o progresso técnico e      A elite
                                                                           econômico, eliminando os obstáculos ao         retratada em
                                                                                                                          quadro de
                                                                           livre jogo da economia.” 10                    Gainsborough

                                                                           O DESPOTISMO
                                                                           ESCLARECIDO
        A concepção econômica de Adam Smith foi in-
fluenciada pelo contexto da nascente industrialização                As teorias iluministas influenciaram, no final do
inglesa. Em contato com as fábricas, o autor espantou-        século XVIII, o desenvolvimento de uma versão mais
se com o desenvolvimento e o ritmo de produção da             amena das monarquias absolutistas, conhecidas como
indústria fabril. Desenvolveu então a teoria que a ri-        Despotismo Esclarecido. Essas monarquias se desta-
queza de uma nação estava no trabalho e no desen-             caram pela aplicação de reformas liberais, alterando (um
volvimento da produção. Segundo o autor, o trabalho           pouco) o perfil de poder ilimitado exercido pelos reis.
especializado é mais produtivo, pois cada empregado           Frederico II da Prússia, Catarina II da Rússia, Maria
desenvolve uma função especifica, podendo dedicar-            Teresa e seu filho Joseph II, na Áustria, José I e Pombal
se a especialização e a melhoria da qualidade. O livro        em Portugal, investiram em novas atitudes políticas e
“A Riqueza das Nações” é uma das mais importantes             econômicas, tomando como base algumas idéias
obras de economia de todos os tempos. Apesar de               iluministas.
Adam Smith revelar certa ingenuidade no ajuste auto-                 A condição de fraqueza dessas monarquias in-
mático da economia, as concepções de liberdade de             centivou a adoção de reformas, visando a ascensão rá-
comércio se tornaram paradigma do capitalismo até os          pida dessas nações que não conseguiam competir com
dias atuais.                                                  França, Inglaterra e Holanda. Na Áustria a moderniza-
                                                              ção atingiu principalmente a administração, estabele-
OS FISIOCRATAS                                                cendo um sistema de governo bastante eficiente. No
                                                              plano externo, como não conseguiam anexar os esta-
       O Fisiocratismo concebia a agricultura como            dos alemães, os austríacos voltaram-se para os estados
principal fonte de riqueza de um país. Também não era         do leste, realizando conquistas na região da Boêmia e
à toa, pois os autores fisiocratas viveram na França          Hungria.
em fins do século XVIII.
A Prússia, enfatizou mais o aspecto militar, com            Constata-se então que o Despotismo Esclare-
                      a pretensão de ampliar o seu poder. O ataque prussiano      cido, se apoiou no ideal iluminista, mas não conseguiu
                      a Silésia estendeu o seu território, provocando um au-      erguer nações que eram bastante dependentes das na-
                      mento de 50% na sua população, incluindo a nova re-         ções desenvolvidas. No aspecto político, as mudanças
                      gião anexada. Além do mais, os novos domínios tinham        foram restritas ao incentivo à cultura e a proteção aos
                      uma excelente manufatura têxtil, que foi obviamente,        perseguidos. Nesse sentido, pode ser visto como
                      explorada pelos prussianos. A obsessão por organizar        marketing de boa imagem sem alterar as questões mais
                      um exército poderoso fez a monarquia prussiana              profundas.
                      diminuir o máximo possível, as despesas da corte, ca-               A aplicação de medidas modernizantes sempre
                      nalizando os recursos para o sustento do efetivo mili-      foi um bom negócio ao longo da história, daí a inten-
                      tar de 200.000 soldados. Em relação à cultura, Frederico    ção de alterar a aparência sem modificar nada da es-
                      o Grande, foi muito esperto ao aceitar exilados franceses   sência. Reformar a estética não significava mudança
                      em sua corte. A tolerância política demonstrada pelo        em todos níveis. O rei da Prússia acabou com os direi-
       O Iluminismo




                      monarca era um marketing positivo que o tornava sim-        tos feudais, mas não teve coragem de impor o decreto
                      pático aos investidores e comerciantes burgueses.           aos nobres. O José II da Áustria era tido como protetor
                              A Rússia alcançou destaque no reinado de            da arte, até que a Revolução Francesa sacudisse o
                      Catarina a Grande, (1762-1796). Nesse período gran-         mundo, levando o rei a censurar espetáculos musicais
                      de número de artistas e pensadores perseguidos encon-       e exibições teatrais que lembrassem os temas revoluci-
                      traram na tolerância russa, o abrigo seguro para fugir      onários.
                      da opressão em seus países. A corte ficou abarrotada
                      de intelectuais, que prestavam inúmeros favores à rai-
                      nha, incluindo o polêmico Rousseau que foi recebido         2
                                                                                     In. Blitzer, Charles. Op cit. Pág. 106.
                      como herói.                                                 3
                                                                                     In. Blitzer, Charles. A Era dos Reis. Coleção Time-
                                                                                  Life. Pág. 119.
                                                                                  5
                                                                                     In. Gaarder Jostein. O Mundo de Sofia. Cia das
                                                                                  Letras. Pág. 338.
                                                                                  7
                                                                                     In. Rousseau. Discursos sobre a origem da desi-
                                                                                  gualdade. Apud. Chevallier, Jean-Jacques. História
                                                                                  do Pensamento Político. Editora Zahar. Pág. 149.
                                                                                  8
                                                                                     In. Chevallier, Jean-Jacques. História do Pensa-
                                                                                  mento Político. Editora Zahar. Pág. 46.
                                                                                  9
                                                                                     In. Gaarder Jostein. O Mundo de Sofia. Op. Cit.
                                                                                  Pág. 339.
                                                                                  10
                                                                                      In. Aquino, Jacques, Denise e Oscar. História das
                                                                                  Sociedades. Das sociedades modernas às socieda-
                                                                                  des atuais. Editora Ao Livro Técnico. Pág. 123.
                                                                                  11
                                                                                      In. Perry, Marwin. Op. Cit. Pág. 415.




                              A rainha Catarina procurou (sem muito suces-
                      so) aproveitar-se da dependência dos ingleses, em re-
A Holanda na
                      lação às reservas de ferro do território russo. Com o
época do
Iluminismo.           tempo foi obrigada a dobrar-se à superioridade inglesa,
Quadro de             aceitando liberar as fronteiras para a entrada de merca-
John Sleen - A        dorias fornecidas pela Inglaterra.
Companhia
                              Em Portugal, no período do Marques de Pom-
Musical
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O Iluminismo

  • 1. “É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder, tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder” Montesquieu - O Espírito das Leis. Tais mudanças ressaltariam com maior ímpeto O fim do reinado de Luís XIV, em 1715, na área do pensamento filosófico e político, transbor- deixou a França numa situação muito dando com evidência no Iluminismo – movimento filo- difícil. O jovem rei Luís XV, sófico que marcou o século XVIII como o Século das estranhamente, preferia viver à sombra das regências, Luzes. desfrutando em Versalhes as diversões palacianas que esgotavam os cofres do Estado. Enquanto isso, a aris- tocracia se aproveitava da inoperância do rei manten- do privilégios e abomináveis direitos que lembravam a época feudal. Só em 1748, o relutante Luís XV assu- miu o trono depois da morte de Fleury, o último re- gente. Com 32 anos de idade o rei não poderia, mais uma vez, recusar o governo sob pena de provocar uma crise de graves proporções. “O homem aprende todos os dias, avança, obser- va, parece-lhe que as trevas recuam: é o século das Olhando para trás, lembramos que o Os salões da aristocracia luzes” Renascimento Cultural abriu as portas do conhecimen- esclarecida to, ao colocar em xeque a visão teocêntrica da Igreja reuniam os Católica. O humanismo renascentista encorajou a for- intelectuais da mulação de novas teorias que derrubaram os antigos época: no salão preconceitos medievais. Na mesma época, a Reforma da madame Mas, como era fácil de prever, o novo rei dei- Geoffrin, estão Protestante provocou uma fissura insuperável na auto- xou que os aristocratas se encarregassem das tarefas retratados ridade da Igreja Católica, expondo-a ao vexame de con- Diderot, Turgot reais apenas interferindo nos casos mais sérios. Acre- viver com novas religiões, que bem ou mal, propicia- e D’Alembert, ditando estar num mar de rosas, faltou a Luís XV a em destaque, vam um clima mais adequado ao desenvolvimento da percepção que a França já não era a mesma de outros no fundo à ciência e do pensamento crítico. tempos. A liberdade concedida aos pensadores e esquerda, o intelectuais, bem como o ambiente de investigação busto de Voltaire científica, especulação filosófica e crítica acabaram frutificando.
  • 2. REVOLUÇÃO CIENTÍFICA Em 1687, o mundo científico foi sacudido pe- las incríveis descobertas do gênio inglês Isaac Newton. No século XVII surgiram novas teorias científi- O cientista provou que os planetas descreviam sua ór- cas, começando com Galileu, em 1609. Montando um bita no universo motivada pela força exercida de um telescópio pôde observar a superfície da Lua checan- corpo sobre outro. A compreensão do universo como do detalhes imperceptíveis a olho nu. Em seguida, ob- um espaço infinito sujeito a constantes transformações servou o planeta Júpiter constatando a existência de revolucionou a ciência, permitindo a explicação dinâ- vários anéis girando ao seu redor. mica e coerente dos fenômenos da natureza. A Lei da Pensou então: se os anéis giravam em torno de Júpiter, o mesmo deveria ocorrer com a Lua em rela- O Iluminismo ção a Terra e, conseqüente- mente de todos em relação ao Sol. Essa teoria derrubou o postulado da Terra como as- tro fixo e os outros astros imóveis à sua volta. A Igreja Católica em resposta às teo- rias de Galileu, resolveu levá- lo a julgamento mostrando que a Inquisição condenava as descobertas do cientista. “Em 25 de setembro de 1632, sete meses depois da publicação do Diálogo, Galileu foi intimado a se Gravitação Universal uniu as diversas partes do mun- “Vista de um mercado apresentar em Roma para ser julgado como herege do físico, explicando em termos matemáticos por que público”de a Terra e os planetas se movem. perante o delegado geral do Santo Ofício. Tentou Hendrick Newton quebrou de vez as barreiras que impe- Sleenuvick, visão por todos os meios evitar o julgamento, mas só diam a explicação cientifica das coisas do universo. idealista de uma conseguiu adiá-lo. Em fevereiro do ano seguinte sociedade em Perto de morrer, diria - “Não sei que impressão o mun- chegou a Roma, onde teve de esperar três meses. do terá de mim, mas para mim mesmo parece que fui paz. Finalmente, entre 12 de abril e 21 de junho, foi apenas um menino que brincava à beira-mar, diver- repetidamente interrogado pelo Santo Ofício, mas, tindo-me de vez em quando com o achado de um sei- ao que parece, não foi torturado. xo mais liso ou uma concha mais bonita do que o Em 22 de junho levaram-no para o salão normal, enquanto o oceano imenso da verdade jazia do convento dominicano da Santa Maria e lá totalmente inexplorado diante de mim”. 2 pronunciaram a sentença diante da Congregação Outro expoente da época foi o filósofo e cien- do Santo Ofício. O Diálogo ficou proibido de tista francês René Descartes, autor do livro Discurso circular, e seu autor, veementemente suspeito de sobre o Método. Nessa obra, alegava que a providên- heresia, foi encarcerado. Após ouvir a sentença, cia Divina legou aos homens o livre-arbítrio e o dom Galileu viu-se compelido a se ajoelhar e retratar- da razão para que pudessem escolher o caminho da se.” realização. Afirmava que a prática do livre-arbítrio to- mava o homem semelhante a Deus, aproximando-o da plenitude. O Tempo da História SÉCULO DAS LUZES 1637 1690 DESCARTES JOHN LOCKE 1748 1762 “DISCURSO 1689 “TRATADOS MONTESQUIEU ROUSSEAU 1751-1772 SOBRE O SOBRE O MÉTODO” REVOLUÇÃO GOVERNO “O ESPÍRITO “O CONTRATO DAS LEIS” PUBLICAÇÃO SOCIAL” GLORIOSA CIVIL” DA “ENCICLOPÉDIA” NA INGLATERRA
  • 3. Descartes formulou a espinha dorsal do O Iluminismo tem, nos seus fundamentos, vári- questionamento político dos iluministas. A partir de os pontos em comum: busca da felicidade, respeito às 1650, o pensamento cartesiano, espalhou-se por toda liberdades individuais, abolição dos privilégios de nas- a Europa traduzido em várias línguas. cimento, liberdade econômica e a crítica aos valores da “Os pensamentos que lhe ocuparam a aten- Igreja Católica. No aspecto social embora não tenha ção centralizaram-se na questão do que é que o ho- nascido no seio da burguesia, o Iluminismo se adequa- mem conhece, e de como o conhece. Haverá, refletiu va perfeitamente aos interesses burgueses. O ideário Descartes, alguma coisa de que o homem possa abso- iluminista deu à burguesia o suporte ideológico para a lutamente estar certo? Se duvidasse sistematicamen- derrubada da ordem absolutista e a construção do capi- te de tudo, haveria uma única coisa que resistisse a talismo moderno. toda a dúvida? Meditando sobre essas questões, Des- A obra iluminista mais abrangente foi a Enciclo- cartes viu-se forçado a concluir que todas as fontes pédia das Letras e das Artes. Essa ampla coleção de 35 O Iluminismo convencionais do conhecimento do homem eram dis- volumes demorou quase duas décadas para ser conclu- cutíveis. Os escritos de antigos autores, tradicional ída, contando com a participação de vários intelectuais reservatório de sabedoria, obviamente se contradi- e pensadores. A Enciclopédia foi organizada por Diderot zem entre si a cada passo. e D’Alembert: o primeiro, político por essência; o se- A evidência dos sentidos era igualmente ilu- gundo, filósofo por natureza. Lida por dezenas de pes- sória — provaram-no os sonhos, as ilusões de ótica, soas, que se encantavam com a linguagem fácil e aces- as alucinações. Mesmo a razão estava longe de ser sível, teve a publicação proibida por ordem do rei Luís infalível, como o sabia qualquer pessoa que tivesse XV, seguida do confisco de muitos exemplares. cometido um erro de aritmética. Tendo duvidado de tudo, achou-se Descartes diante de uma única coisa A pintura de que não podia duvidar: sua própria existência. Con- Dumesnil quanto eu quisesse considerar tudo falso — escreve mostra a rainha ele na passagem mais célebre da filosofia moderna Cristina e — era absolutamente necessário que eu, que assim membros da sua corte, pensava, fosse alguma coisa. Penso, logo existo ”. 3 ouvindo Descartes dar uma aula de Filosofia. “Os filósofos se erigiram como preceptores do gênero humano. Liberdade de pensar, eis seu brado, e este brado se propagou de uma extremidade a outra do mundo”. O SÉCULO DAS LUZES No século XVIII a França era um país afunda- do em problemas. A monarquia levou o país à miséria, enfrentando sucessivas guerras inúteis que esgotaram os cofres do Estado. Curiosamente, foi em plena corte de Luís XIV que os filósofos encontraram o clima ide- al para aprofundar as novas teorias. O monarca queria marcar seu nome na história como protetor da arte e da cultura. Permitiu assim o início da renovação do pensamento, que encontraria sua expressão máxima na época de Luís XV. No reinado do filho do rei-sol, a Paris iluminista se tornou o centro de uma notável pro- dução intelectual, valorizada no início pela própria cor- “Penso, logo existo” te, que ouvia extasiada as pregações de Montesquieu e outros filósofos. Rene Descartes
  • 4. Os Pensadores O direito e o dever de o povo der- rubar os governantes despóticos tornou O Iluminismo Locke o autor preferido dos rebeldes. Sua Tratados sobre o Governo Civil teoria foi a “Bíblia” dos revolucionários que enfrentaram a opressão colonial in- John Locke glesa e lutaram pela independência dos EUA. O livro Tratados sobre o Governo Civil inspirou Tomas Jefferson na elaboração da Declaração de Independên- cia dos Estados Unidos. O documento norte-americano, elaborado em 4 de julho de 1776, A pesar da França ter sido o berço inte sacramentava o direito do povo lutar contra a opres- lectual do Iluminismo, foi o inglês John são. Na França, o livro foi o manual do Século das Locke o autor mais lido da primeira Luzes, discutido e debatido por vários intelectuais que metade do século XVIII. Seu livro, Tratados sobre o não se contentavam com os postulados políticos de Governo Civil foi escrito na Inglaterra, em 1689, logo Maquiavel e outros autores da época do absolutismo. após a Revolução Gloriosa. Nessa obra, o autor afirma que o direito de governar é delegado por quem é go- vernado. Em outras palavras, o governo existe porque foi aceito pelo povo para exercer essa função. “ Com uma das mãos, os filósofos tentaram abalar o trono; com a outra, quiseram derrubar os altares. Sua finali- dade era modificar nas consciências as instituições civis e religiosas e , por assim dizer, a revolução se processou”. 1 Na opinião de Brian Mage - História da Filoso- fia - Locke tem sido descrito como a primeira mente moderna. Isso porque reuniu e fundiu numa visão úni- “Em nenhum A prioridade do governo deve ser a felicidade e ca algumas das preocupações fundamentais do pen- outro lugar as o bem-estar da população. Em caso de transgressão da samento pós-medieval. Parte de sua mensagem básica confusões e ilusões da normalidade institucional defendia o dever do povo poderia ser expressa assim: “Não siga irrefletidamente linguagem são derrubar o déspota, substituindo-o por um governo as autoridades, sejam elas intelectuais, políticas ou mais aparentes do constitucional. Afirmava que diante do peso insupor- religiosas. Tampouco as tradições ou convenções so- que no mundo da tável da opressão, não há direito divino que sustente o ciais. Pense por simesmo. Examine os fatos e tente política, como retratado nesse governo. Para Locke, não faz sentido a paz e a ordem basear sua opinião e seu comportamento nas coisas quadro de Egbert quando os lobos se impõe aos cordeiros. Cabe então como de fato são”. van Heemskerk - A ao povo julgar o governo dos soberanos e rebelar-se, Eleição na sala da caso necessário, revogando o contrato político. Guilda”
  • 5. O Espírito das Leis Montesquieu A primeira obra de impacto do renomado intelectual francês foi Cartas Persas. Nesse livro de conteúdo atípico, o autor escreve em forma de ficção, descrevendo a perplexidade de dois viajantes orientais que percorrem a Europa na época de apogeu das monarquias absolutas. No relato aos amigos do Oriente, os viajantes demonstram a decepção diante de um mundo supostamente mais coerente do que as terras do Oriente. Em seguida publicaria O Espírito das Leis, contrariando as O Iluminismo teorias absolutistas. Afirmava que “as leis não são fruto da von- tade pessoal de quem governa, mas da realidade social e históri- ca de cada povo”. Apesar de não se posicionar por uma forma de governo em especial, demonstrava enorme simpatia pela monar- quia inglesa, implantada na Revolução Gloriosa de 1689 lhe influenciando na elaboração da teoria do equilíbrio dos poderes. Com efeito, o grande legado de Montesquieu para as gerações futuras, foi a teoria dos três poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário, onde cada um exerce a vigilância e fiscalização em relação aos outros, como forma de coibir eventuais abusos de autoridade. “O objetivo do governo é o bem estar dos homens. E o que é melhor para eles? Ficar o povo exposto sempre à vontade ili- mitada da tirania, ou os governantes terem algumas vezes de sofrer oposição quando exorbitem o uso do poder e o empre- guem para a destruição e não para a preservação das proprie- dades do povo? Mas se há uma persuasão universal baseada em prova manifesta de que estão em marcha certos desígnios contra a liberdade, e o curso geral e tendência dos acontecimentos só podem levantar fortes suspeitas das más intenções dos O pintor barroco governantes, quem terá de ser acusado? Quem poderá impedi-lo se os que podiam evitá-lo se deixam francês Jean- ficar sob suspeita? Há de se reprovar o povo se tem o senso das criaturas racionais, podendo julgar os Honoré fatos somente pela maneira como os constata e os sente?” 6 Fragnard exprime poderosamente uma das mais esmagadoras paixões do homem - o desejo “O primeiro que cercou um O Contrato Social terreno, advertindo: ‘Este é meu’, e encontrando gente muito simples Rousseau que acreditou, foi o verdadeiro fun- dador da sociedade civil. Que cri- mes, guerras, assassinatos, miséri- as e horrores teria poupado ao gê- O autor foi considerado o mais radical e nero humano aquele que tivesse gritado a seus seme- polêmico dos autores iluministas. No lhantes: ‘Não escutem este impostor; vocês estarão livro Discurso sobre a Origem da De- perdidos se esquecerem que os frutos são de todos, sigualdade entre os Homens, derrubava a visão tradi- que a terra não é de ninguém’... Desde o instante em cional, da pobreza naturalmente predeterminada pela que um homem teve necessidade da ajuda de outro, herança social. Para Rousseau, a miséria decorria da desde que ele percebeu ser conveniente para um só ter própria história dos homens, das formas de poder e da provisões para dois, a igualdade desapareceu, a pro- conduta dos governantes, do poder despótico e a sua priedade se introduziu, o trabalho tornou-se necessá- aceitação passiva. Nesse aspecto, ousava mais do que rio e as vastas florestas se transformaram em campos os outros iluministas, combatendo a desigualdade so- risonhos que passaram a ser regados com o suor dos cial. homens e nos quais vimos então a miséria e a escravi- dão germinarem e crescerem com a colheita”. 7
  • 6. “O Homem nasceu livre e por toda parte está em O Iluminismo grilhões” Rousseau Rousseau foi o apóstolo dos humildes. Na Re- Na obra “ O Contrato Social” defendia a reno- volução Francesa, sua obra inspirou os jacobinos e as vação periódica do governo através de eleições, com facções mais ousadas dos “enragés”. Contudo, ao cri- base no sufrágio universal. Considerava que a verda- ticar a desigualdade, não propunha explicitamente a des- deira soberania é a que emanava do povo, e a vontade truição da propriedade como um todo e sim a grande individual nunca deve superar o interesse geral da propriedade remanescente da época feudal. Defendia a nação. O Estado resultante do Contrato Social tem divisão dessas terras entre pequenos e médios plenos poderes para governar em benefício da maioria. proprietários, prenunciando as reformas na agricultura “Cada um de nós coloca em comum sua pessoa e toda que seriam realizadas nos países capitalistas. Seus sua potência sob a suprema direção da vontade geral; conceitos exerceram grande impacto nos meios e recebemos em corpo cada membro como parte intelectuais que, via de regra, consideravam Rousseau indivisível do todo.” um louco destoante do seu tempo. Foi marginalizado e “Se a ordem social é para Rousseau um direi- perseguido pela monarquia francesa e atacado pelos to sagrado que serve de base para todos os direitos, próprios iluministas inclusive o da propriedade, ela não se origina, po- “Nasceu livre esse homem, que entretanto, está rém, na natureza: esta não designou ninguém para a ferros por toda a parte. Renunciar à sua liberdade, dar ordens aos outros, nenhum homem detém uma au- não o poderia fazer sem renunciar, ao mesmo tempo, à toridade natural sobre seu semelhante; e, por outro sua qualidade de homem, aos direitos da humanidade lado, a força não produz direito algum o que é um e até aos próprios deveres; isso seria incompatível com direito que perece quando a força cessa? Se impõe a sua própria natureza. Portanto, a autoridade política obediência pela força, não se tem necessidade de obe- Londres, só pode assentar legitimamente numa convenção ini- decer por dever. O homem nasce livre; para Rousseau, em 1753 cial. Trata-se do ato pelo qual um povo é povo. Eis o isso é axiomático. 8 verdadeiro fundamento da sociedade política”. Para os filósofos do iluminismo a natureza era quase a mesma coisa que a razão. Isto porque, para eles, a razão era uma dádiva da natureza ao homem em oposição, por exemplo, à igreja ou aos corrompidos métodos civilizatórios. Enfatizava-se que os povos naturais eram freqüentemente mais sadios e mais felizes do que os europeus, exatamente porque não possuíam uma civilização. A palavra de ordem “de volta à natureza” é de Jean-Jacques Rousseau. Ele dizia que a natureza era boa e que o homem, portanto era natural- mente bom. Todo o mal estava na sociedade civilizada, que afasta o homem da sua natureza. 1
  • 7. A Riqueza das Nações Adam Smith Nesse período, a agricultura francesa ainda su- O mais importante pensador econômico perava a produção de manufaturas. Os fisiocratas e foi o inglês Adam Smith. No livro, “A Adam Smith tiveram em comum, a idéia do livre-co- Riqueza das Nações” defendia insis- O Iluminismo mércio, apelidada pelos franceses de “laissez-faire, tentemente o ideal liberal, condenando com veemên- laissez-passez”. Mas, ao contrário do autor inglês, cia as práticas mercantilistas. Para ele, a tutela do Esta- Quesnay e Turgot enfatizavam a agricultura como gran- do na economia, emperra o desenvolvimento e dificulta de fonte de riqueza de um país. a expansão do comércio. Achava que o mercado se “Os fisiocratas partiam do pressuposto que a ajustaria pelas leis de oferta e procura, impossibilitan- terra era a única fonte de riqueza, daí a primazia da do a escassez e excesso de produtos. Estudando a agricultura sobre o comércio, atividade estéril, que se realidade inglesa concluiu que a reserva de mão-de- resumia na troca de mercadorias. Faziam analogia ente obra era inesgotável o que impedia a escassez da oferta o funcionamento do corpo humano e o organismo eco- de trabalho. nômico, ambos regidos por leis naturais: assim como o coração era o orgão mais importante do corpo humano, a agricultura o era na vida econômica. Negavam, pois, o direito do Estado de intervir e regulamentar a vida econômica, pois, estaria atentando contra as leis naturais. Nesse sentido cri- ticavam as regulamentações mercantilistas do Estado absoluto e pre- gavam que o Estado deveria apenas limi- tar-se a incentivar o progresso técnico e A elite econômico, eliminando os obstáculos ao retratada em quadro de livre jogo da economia.” 10 Gainsborough O DESPOTISMO ESCLARECIDO A concepção econômica de Adam Smith foi in- fluenciada pelo contexto da nascente industrialização As teorias iluministas influenciaram, no final do inglesa. Em contato com as fábricas, o autor espantou- século XVIII, o desenvolvimento de uma versão mais se com o desenvolvimento e o ritmo de produção da amena das monarquias absolutistas, conhecidas como indústria fabril. Desenvolveu então a teoria que a ri- Despotismo Esclarecido. Essas monarquias se desta- queza de uma nação estava no trabalho e no desen- caram pela aplicação de reformas liberais, alterando (um volvimento da produção. Segundo o autor, o trabalho pouco) o perfil de poder ilimitado exercido pelos reis. especializado é mais produtivo, pois cada empregado Frederico II da Prússia, Catarina II da Rússia, Maria desenvolve uma função especifica, podendo dedicar- Teresa e seu filho Joseph II, na Áustria, José I e Pombal se a especialização e a melhoria da qualidade. O livro em Portugal, investiram em novas atitudes políticas e “A Riqueza das Nações” é uma das mais importantes econômicas, tomando como base algumas idéias obras de economia de todos os tempos. Apesar de iluministas. Adam Smith revelar certa ingenuidade no ajuste auto- A condição de fraqueza dessas monarquias in- mático da economia, as concepções de liberdade de centivou a adoção de reformas, visando a ascensão rá- comércio se tornaram paradigma do capitalismo até os pida dessas nações que não conseguiam competir com dias atuais. França, Inglaterra e Holanda. Na Áustria a moderniza- ção atingiu principalmente a administração, estabele- OS FISIOCRATAS cendo um sistema de governo bastante eficiente. No plano externo, como não conseguiam anexar os esta- O Fisiocratismo concebia a agricultura como dos alemães, os austríacos voltaram-se para os estados principal fonte de riqueza de um país. Também não era do leste, realizando conquistas na região da Boêmia e à toa, pois os autores fisiocratas viveram na França Hungria. em fins do século XVIII.
  • 8. A Prússia, enfatizou mais o aspecto militar, com Constata-se então que o Despotismo Esclare- a pretensão de ampliar o seu poder. O ataque prussiano cido, se apoiou no ideal iluminista, mas não conseguiu a Silésia estendeu o seu território, provocando um au- erguer nações que eram bastante dependentes das na- mento de 50% na sua população, incluindo a nova re- ções desenvolvidas. No aspecto político, as mudanças gião anexada. Além do mais, os novos domínios tinham foram restritas ao incentivo à cultura e a proteção aos uma excelente manufatura têxtil, que foi obviamente, perseguidos. Nesse sentido, pode ser visto como explorada pelos prussianos. A obsessão por organizar marketing de boa imagem sem alterar as questões mais um exército poderoso fez a monarquia prussiana profundas. diminuir o máximo possível, as despesas da corte, ca- A aplicação de medidas modernizantes sempre nalizando os recursos para o sustento do efetivo mili- foi um bom negócio ao longo da história, daí a inten- tar de 200.000 soldados. Em relação à cultura, Frederico ção de alterar a aparência sem modificar nada da es- o Grande, foi muito esperto ao aceitar exilados franceses sência. Reformar a estética não significava mudança em sua corte. A tolerância política demonstrada pelo em todos níveis. O rei da Prússia acabou com os direi- O Iluminismo monarca era um marketing positivo que o tornava sim- tos feudais, mas não teve coragem de impor o decreto pático aos investidores e comerciantes burgueses. aos nobres. O José II da Áustria era tido como protetor A Rússia alcançou destaque no reinado de da arte, até que a Revolução Francesa sacudisse o Catarina a Grande, (1762-1796). Nesse período gran- mundo, levando o rei a censurar espetáculos musicais de número de artistas e pensadores perseguidos encon- e exibições teatrais que lembrassem os temas revoluci- traram na tolerância russa, o abrigo seguro para fugir onários. da opressão em seus países. A corte ficou abarrotada de intelectuais, que prestavam inúmeros favores à rai- nha, incluindo o polêmico Rousseau que foi recebido 2 In. Blitzer, Charles. Op cit. Pág. 106. como herói. 3 In. Blitzer, Charles. A Era dos Reis. Coleção Time- Life. Pág. 119. 5 In. Gaarder Jostein. O Mundo de Sofia. Cia das Letras. Pág. 338. 7 In. Rousseau. Discursos sobre a origem da desi- gualdade. Apud. Chevallier, Jean-Jacques. História do Pensamento Político. Editora Zahar. Pág. 149. 8 In. Chevallier, Jean-Jacques. História do Pensa- mento Político. Editora Zahar. Pág. 46. 9 In. Gaarder Jostein. O Mundo de Sofia. Op. Cit. Pág. 339. 10 In. Aquino, Jacques, Denise e Oscar. História das Sociedades. Das sociedades modernas às socieda- des atuais. Editora Ao Livro Técnico. Pág. 123. 11 In. Perry, Marwin. Op. Cit. Pág. 415. A rainha Catarina procurou (sem muito suces- so) aproveitar-se da dependência dos ingleses, em re- A Holanda na lação às reservas de ferro do território russo. Com o época do Iluminismo. tempo foi obrigada a dobrar-se à superioridade inglesa, Quadro de aceitando liberar as fronteiras para a entrada de merca- John Sleen - A dorias fornecidas pela Inglaterra. Companhia Em Portugal, no período do Marques de Pom- Musical bal, também se fez de tudo para desenvolver a indústria. As medidas se estenderam ao Brasil com a liberação da produção de manufaturas. Sobre o tema, confira o ca- pítulo de Inconfidência Mineira.