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MIGRAÇÕES FORÇADAS E A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA LATINA: CAUSAS
DAS DESIGUALDADES SOCIAIS NA PORÇÃO SUL DO CONTINENTE
AMERICANO
Relatos de experiência através do PIBID: confecção de mapas de fluxo para o
entendimento da dinâmica migratória por meio de turmas do oitavo ano
Daniela Feyh Wagner1
De acordo com Marinucci e Milesi (2002), “[a] mobilidade humana é um fenômeno
amplo e complexo. Abrange numerosos atores sociais pertencentes a uma
pluralidade de classes, etnias, culturas e religiões. As causas e as motivações que
levam aos deslocamentos são variadas, tendo consequências bastante
diversificadas, dependendo dos diferentes contextos socioculturais e da
singularidade de cada pessoa”. Seguindo por este viés, chegamos ao termo
migração, que corresponde à mobilidade espacial da população. Migrar é trocar de
país, de Estado, de região, de cidade. Esse processo ocorre desde o início da
história da humanidade. O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou imigrante,
sendo o imigrante a pessoa que deixa um lugar de origem com destino a outro lugar;
e o imigrante como o indivíduo que chega em um determinado lugar para nele viver.
Ainda dentre as migrações, tem-se as espontâneas e forçadas, em que migrações
espontâneas caracterizam quando o sujeito planeja, espontaneamente, migrar para
outro lugar, seja por motivo econômico, político ou cultural; e migrações forçadas
quando o indivíduo se vê obrigado a migrar de seu lugar de origem, ou seja, migra
contra sua própria vontade. Com as grandes navegações e a expansão do
capitalismo, registrou-se um grande aumento no fluxo de pessoas, principalmente
vindo da Europa em direção às Américas. Devido a constante demanda de mão de
obra, e devido à proibição que a Igreja Católica impôs em escravizar os indígenas
nativos para trabalhos forçados, os europeus buscaram na África esses
trabalhadores, estimulando o aprisionamento de nativos no interior do continente,
por meio de guerras tribais. Estes negros aprisionados eram posteriormente
trocados por mercadorias e levados aos navios negreiros, nos quais eram
transportados para trabalharem como escravos na Américas. O tráfico de nativos
africanos é considerado o maior fluxo migratório forçado já conhecido, que durou de
meados do século XVI até meados do século XIX. O comércio envolveu a
movimentação de mais de 3 milhões de pessoas. As colônias europeias da América
Latina foram colônias de exploração, em que a terra servia somente para obtenção
de lucros à metrópole, ou seja, tudo que era produzido ou retirado da natureza era
levado embora. Não havia preocupação com o mercado interno das colônias, sendo
que mais tarde, ao se tornarem repúblicas, os países recém livres estavam
desestruturados. Segundo Boligian (2005) “[o]s países da América Latina possuem
dívidas internacionais desde quando se tornaram independentes, devido aos
onerosos gastos que tiveram durante o processo de descolonização ou até mesmo
para custear suas despesas após desligarem-se das metrópoles”. As desigualdades
1
Acadêmica do curso de Geografia – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus
Chapecó (segunda fase). Contato: danielafeyhwagner2@gmail.com
começaram nas suas independências e continuaram aumentando, como pode-se
perceber hoje, existindo uma grande desigualdade social nestes países, sendo a
região mais desigual do continente americano em termos econômicos, sociais e
culturais. A distribuição de renda é muito irregular, fazendo que haja bolsões de
pobreza em todos os países. As populações na sua grande maioria vivem nos
grandes centros, convivendo com o desemprego, subempregos, falta de educação,
saúde e infraestruturas adequadas. Durante décadas os países da América Latina
vêm tentando se livrar da dívida externa, sendo poucos os que conseguiram pular de
países subdesenvolvidos para países em desenvolvimento. Após a apresentação do
aporte teórico sobre os conceitos de migrações, a colonização das Américas, houve
um estudo mais aprofundado sobre migrações forçadas (o tráfico negreiro) com a
exibição de parte do filme La Amistad (1997), ilustrando o estudo em questão. Com
o recorte do filme, os alunos puderam perceber como eram tratados os escravos, as
injustiças que sofriam. Houve também o estudo de mapas de fluxo, que nas palavras
de Archela e Théry (2008), “são representações lineares que tentam simular
movimentos entre dois pontos ou duas áreas. Esses movimentos podem ser
medidos em certos pontos ao longo das vias de comunicação ou entre duas áreas,
na origem e no destino sem necessariamente especificar a via de comunicação.
Esse tipo de mapa mostra claramente em que direção os valores ou intensidades de
um fenômeno crescem ou decrescem.” Foram desenvolvidas atividades em etapas,
em que: os alunos elaboraram vídeos sobre a África, expondo as desigualdades
existentes no país, como também efetuaram pesquisas sobre a cultura, trazendo
para a aula músicas sobre o continente africano; houve a elaboração de mapas de
fluxo, em que, com o uso da cartografia foi possível o entendimento da dinâmica dos
fluxos migratórios forçados da África em direção às Américas; como terceira e última
atividade de avaliação, foi elaborado um questionário para ser respondido pelos
alunos, sobre tudo o que foi estudado sobre migrações, como também sobre as
desigualdades sociais resultantes do processo de colonização. Foi possível perceber
o interesse que as turmas apresentaram em relação ao assunto, principalmente em
relação à produção dos mapas de fluxo. O contato com a cartografia destacou a
habilidade de alguns alunos com desenhos. Outra atividade, a produção de vídeos
sobre a África mostrou a habilidade de outros, sobre elaboração e edição de
imagens, seleção de músicas. A atividade com as perguntas gerais sobre as
temáticas abordadas infelizmente não foi muito proveitosa, pois foram poucos os
alunos que devolveram o questionário respondido, e não elaborando respostas
muito construtivas. Corroborando com Cavalcanti (1991), na ideia de que “os alunos
não conseguem formar um raciocínio geográfico necessário à sua participação ativa
na sociedade; não conseguem assistir de modo autônomo e criativo as bases da
ciência geográfica que propiciem a formação de convicções e atitudes a respeito da
espacialidade da prática social. Também não conseguem formar relações entre os
conteúdos que são transmitidos nas aulas de Geografia e as determinações
espaciais que permeiam, direta ou indiretamente, sua prática social diária. Por não
entenderem a importância dos conteúdos de Geografia para suas vidas, os alunos
se comportam na sala de aula ‘formalmente’, ou seja, cumprem deverem de alunos
para que possam conseguir aprovação da escola, sem se envolverem com os
conteúdos estudados.” Portanto, as dificuldades apresentadas em sala de aula estão
diretamente ligadas a falta de entendimento por parte dos alunos da importância da
Geografia para sua formação em todos os aspectos, como também dos desafios
propostos aos professores formados e aos em formação, do uso das práticas
educativas, tanto para expor a importância da disciplina quanto para evidenciar o
quanto a Geografia é fascinante.
Palavras chave: Migrações. Tráfico negreiro. Mapas de fluxo. Ensino de Geografia.

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Migrações forçadas e a colonização da América Latina: causas das desigualdades sociais na porção sul do continente americano

  • 1. MIGRAÇÕES FORÇADAS E A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA LATINA: CAUSAS DAS DESIGUALDADES SOCIAIS NA PORÇÃO SUL DO CONTINENTE AMERICANO Relatos de experiência através do PIBID: confecção de mapas de fluxo para o entendimento da dinâmica migratória por meio de turmas do oitavo ano Daniela Feyh Wagner1 De acordo com Marinucci e Milesi (2002), “[a] mobilidade humana é um fenômeno amplo e complexo. Abrange numerosos atores sociais pertencentes a uma pluralidade de classes, etnias, culturas e religiões. As causas e as motivações que levam aos deslocamentos são variadas, tendo consequências bastante diversificadas, dependendo dos diferentes contextos socioculturais e da singularidade de cada pessoa”. Seguindo por este viés, chegamos ao termo migração, que corresponde à mobilidade espacial da população. Migrar é trocar de país, de Estado, de região, de cidade. Esse processo ocorre desde o início da história da humanidade. O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou imigrante, sendo o imigrante a pessoa que deixa um lugar de origem com destino a outro lugar; e o imigrante como o indivíduo que chega em um determinado lugar para nele viver. Ainda dentre as migrações, tem-se as espontâneas e forçadas, em que migrações espontâneas caracterizam quando o sujeito planeja, espontaneamente, migrar para outro lugar, seja por motivo econômico, político ou cultural; e migrações forçadas quando o indivíduo se vê obrigado a migrar de seu lugar de origem, ou seja, migra contra sua própria vontade. Com as grandes navegações e a expansão do capitalismo, registrou-se um grande aumento no fluxo de pessoas, principalmente vindo da Europa em direção às Américas. Devido a constante demanda de mão de obra, e devido à proibição que a Igreja Católica impôs em escravizar os indígenas nativos para trabalhos forçados, os europeus buscaram na África esses trabalhadores, estimulando o aprisionamento de nativos no interior do continente, por meio de guerras tribais. Estes negros aprisionados eram posteriormente trocados por mercadorias e levados aos navios negreiros, nos quais eram transportados para trabalharem como escravos na Américas. O tráfico de nativos africanos é considerado o maior fluxo migratório forçado já conhecido, que durou de meados do século XVI até meados do século XIX. O comércio envolveu a movimentação de mais de 3 milhões de pessoas. As colônias europeias da América Latina foram colônias de exploração, em que a terra servia somente para obtenção de lucros à metrópole, ou seja, tudo que era produzido ou retirado da natureza era levado embora. Não havia preocupação com o mercado interno das colônias, sendo que mais tarde, ao se tornarem repúblicas, os países recém livres estavam desestruturados. Segundo Boligian (2005) “[o]s países da América Latina possuem dívidas internacionais desde quando se tornaram independentes, devido aos onerosos gastos que tiveram durante o processo de descolonização ou até mesmo para custear suas despesas após desligarem-se das metrópoles”. As desigualdades 1 Acadêmica do curso de Geografia – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó (segunda fase). Contato: danielafeyhwagner2@gmail.com
  • 2. começaram nas suas independências e continuaram aumentando, como pode-se perceber hoje, existindo uma grande desigualdade social nestes países, sendo a região mais desigual do continente americano em termos econômicos, sociais e culturais. A distribuição de renda é muito irregular, fazendo que haja bolsões de pobreza em todos os países. As populações na sua grande maioria vivem nos grandes centros, convivendo com o desemprego, subempregos, falta de educação, saúde e infraestruturas adequadas. Durante décadas os países da América Latina vêm tentando se livrar da dívida externa, sendo poucos os que conseguiram pular de países subdesenvolvidos para países em desenvolvimento. Após a apresentação do aporte teórico sobre os conceitos de migrações, a colonização das Américas, houve um estudo mais aprofundado sobre migrações forçadas (o tráfico negreiro) com a exibição de parte do filme La Amistad (1997), ilustrando o estudo em questão. Com o recorte do filme, os alunos puderam perceber como eram tratados os escravos, as injustiças que sofriam. Houve também o estudo de mapas de fluxo, que nas palavras de Archela e Théry (2008), “são representações lineares que tentam simular movimentos entre dois pontos ou duas áreas. Esses movimentos podem ser medidos em certos pontos ao longo das vias de comunicação ou entre duas áreas, na origem e no destino sem necessariamente especificar a via de comunicação. Esse tipo de mapa mostra claramente em que direção os valores ou intensidades de um fenômeno crescem ou decrescem.” Foram desenvolvidas atividades em etapas, em que: os alunos elaboraram vídeos sobre a África, expondo as desigualdades existentes no país, como também efetuaram pesquisas sobre a cultura, trazendo para a aula músicas sobre o continente africano; houve a elaboração de mapas de fluxo, em que, com o uso da cartografia foi possível o entendimento da dinâmica dos fluxos migratórios forçados da África em direção às Américas; como terceira e última atividade de avaliação, foi elaborado um questionário para ser respondido pelos alunos, sobre tudo o que foi estudado sobre migrações, como também sobre as desigualdades sociais resultantes do processo de colonização. Foi possível perceber o interesse que as turmas apresentaram em relação ao assunto, principalmente em relação à produção dos mapas de fluxo. O contato com a cartografia destacou a habilidade de alguns alunos com desenhos. Outra atividade, a produção de vídeos sobre a África mostrou a habilidade de outros, sobre elaboração e edição de imagens, seleção de músicas. A atividade com as perguntas gerais sobre as temáticas abordadas infelizmente não foi muito proveitosa, pois foram poucos os alunos que devolveram o questionário respondido, e não elaborando respostas muito construtivas. Corroborando com Cavalcanti (1991), na ideia de que “os alunos não conseguem formar um raciocínio geográfico necessário à sua participação ativa na sociedade; não conseguem assistir de modo autônomo e criativo as bases da ciência geográfica que propiciem a formação de convicções e atitudes a respeito da espacialidade da prática social. Também não conseguem formar relações entre os conteúdos que são transmitidos nas aulas de Geografia e as determinações espaciais que permeiam, direta ou indiretamente, sua prática social diária. Por não entenderem a importância dos conteúdos de Geografia para suas vidas, os alunos se comportam na sala de aula ‘formalmente’, ou seja, cumprem deverem de alunos para que possam conseguir aprovação da escola, sem se envolverem com os conteúdos estudados.” Portanto, as dificuldades apresentadas em sala de aula estão diretamente ligadas a falta de entendimento por parte dos alunos da importância da Geografia para sua formação em todos os aspectos, como também dos desafios propostos aos professores formados e aos em formação, do uso das práticas
  • 3. educativas, tanto para expor a importância da disciplina quanto para evidenciar o quanto a Geografia é fascinante. Palavras chave: Migrações. Tráfico negreiro. Mapas de fluxo. Ensino de Geografia.