SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
MÓDULO V – A CULTURA DO PALÁCIO
2258 | Dylan Bonnet | 2°DM
O Renascimento nasceu no século XIV em Itália, Florença, depois da peste que
assolou a Europa. Três elementos fomentaram esta nova era: a vida urbana, o
aparecimento da burguesia e o sentido laico da vida.
Embora se assinale a conquista de Constantinopla como ponto de partida para o
Renascimento (o êxodo da população para o ocidente – Itália, nomeadamente –
reacende os conhecimentos pagãos e desperta o interesse na mitologia, etc.),
este nasceu do facto do feudalismo da época medieval ter sido substituído pela
burguesia. Itália foi o palco da transição da Idade Média para a Idade Moderna,
devido à sua privilegiada localização no cento do Mediterrâneo, o que lhe permitiu
beneficiar com o tráfico comercial que se ia tornando cada vez mais rico. Com o
desenvolvimento económico das cidades italianas, surgiu uma rica burguesia
mercantil que, em seu processo de afirmação social, procurava ser o centro da
nova sociedade e se transformava em mecenas da arte. Itália exibiu, assim, uma
pujança artística renascentista exuberante que cresceu do novo sistema político
das cidades-estado, desencadeando uma ligeira rivalidade entre cidades como
Florença, Milão, Roma e Nápoles, levando a que cada uma quisesse ser mais
copiosa que as outras.
Por outro lado, a Itália possuía, nesse momento, um acervo de grandiosas ruinas
da Antiguidade Clássica que lhe permitiram enriquecer culturalmente quando
tomava como inspiração a época Clássica.
Para se entender o Renascimento, dois conceitos se impõem: Humanismo e
Classicismo.
O protótipo do personagem Renascentista, entendido em toda a sua força
cultural, é o humanista e o Renascimento italiano é uma consequência direta
desse humanismo. Esse humanista, esse homem dedicado à cultura, já não é
necessariamente um clérigo, embora por vezes possa continuar a sê-lo. Com o
que de facto se verifica uma secularização da cultura, não apenas ao seu objetivo
– a Teologia substitui-se pelas letras profanas – mas também porque o laico
começa a ser o protagonista. De igual modo acontece com a secularização,
porque o protetor das novas correntes passa a ser um príncipe ou um grande
senhor.
Francisco Petrarca formula e concebe a teoria humanista quando se apercebe
que, após o apogeu Romano da época Clássica, se caíra numa era de trevas e
obscuridade. Começava, agora, uma nova idade que restaurava a luz. Desta
forma, o poeta procura nos Clássicos as provas que sustentam a verdade Cristã.
Nascimento de Vénus, Sandro Botticelli
MÓDULO V – A CULTURA DO PALÁCIO
2258 | Dylan Bonnet | 2°DM
Propõe-se, com o Humanismo, o Homem como o centro do interesse, o que justifica o nome desta corrente. O conceito
humanista sofreu, desta forma, uma expansão gradual da literatura à história até à pintura, e desta às outras artes, e das
artes às ciências naturais, o que induz a uma interpretação do conceito de renovação, restauração e ressurgimento/
renascimento. Renasce, assim, a época Clássica. O humanismo torna-se na causa e componente da arte do século XV e
da época moderna: o humanista é um homem colecionador de arte do passado, cada peça era uma relíquia. Esse gosto
cria o colecionismo e a museologia. Os humanistas acabam por ter grandes influências na arte renascentista italiana, na
medida em que estes criam uma nova linguagem visual
durante o século XV: acentua-se a exaltação do homem,
originando o elitismo do artista e do mecenas; aumenta-se
a consideração pelo objeto artístico em si (a obra é
assinada, adquire autoria; a arte é um exercício prático do
pensamento e da ação, de modo que ciência é igual a
técnica e arte; começam a escrever-se as vidas e biografias
dos artistas).
Sempre existiu um patrocínio económico para que se
pudessem criar obras de arte, no entanto e no século XV,
esta relação altera-se: não se trata de financiar iniciativas
artísticas destinadas a uma função pública, religiosa ou
política, mas de financiar algo para a sua própria exaltação,
prestigio e gloria. Assim, o doador passa a ser um autêntico
mecenas de uma artista. O mecenas e a sua família
aparecem nas representações como atores. Já não
aparecem os doadores incluídos na cena apenas como figuras menores, mas sim como atores incorporados na cena como
personagem de maior importância, às vezes mesmo como protagonista.
No momento em que a Igreja deixa de monopolizar os programas artísticos, aparece um novo tipo de encomendador ou
de mecenas, com poder económico e representativo, que despende grandes quantias para estabelecer um status social e
cultural, por meio de arte. Este luxo está vinculado à burguesia e ao capitalismo moderno. A arte transforma-se numa arma,
numa estratégia política, mantendo o clima de rivalidade cultural entre todas as grandes cortes, utilizando os serviços dos
melhores artistas. O artista passa a poder ser contratado permanentemente como pintor da corte, por exemplo, ou a receber
encomendas pontuais. Este trabalho torna-se possível, porque a individualidade do artista é respeitada. O mecenato
permite, em última análise, à arte do século XV uma abundância extrema e mais rica.
O papel do artista na sociedade sofreu um reposicionamento cultural e social. O artista passa a ser, como já referido, um
humanista, um homem de um saber universal, que ganha o gosto por conhecer e descobrir o mundo que o rodeia e por se
descobrir a si próprio, pois o conhecimento dos textos clássicos deixou de estar vedado à Igreja, graças, entre outros
fatores, à invenção da imprensa. O artista foi elevado à condição de erudito, individualizando as suas obras, assinando-
as, com o seu traço e o seu próprio nome. O artista deixa de ser o “artesão” que era na Época Medieval, para passar a ser
um homem de sabedoria, que procura entender o Mundo e a Natureza.
A Renascitá implica um renascimento da antiguidade no que diz respeito à forma e aos temas. O Renascimento não é
simplesmente uma cópia do Clássico, mas sim a sua interpretação. Esta corrente restaura e restabelece algumas formas
e temas, de forma distinta a cada momento. A razão está na procura do antigo como modelo, e os textos clássicos
neoplatónicos e humanísticos não mostram qualquer inconveniente em identificar o ensino da mitologia como o ensino
bíblico da Idade Média. Trata-se da assunção da cultura desde a antiguidade, como uma unidade total.
Pormenor de A Criação de Adão, Capela Sistina, Miguel Ângelo Buonarroti
MÓDULO V – A CULTURA DO PALÁCIO
2258 | Dylan Bonnet | 2°DM
Os florentinos procuram beber da época Clássica, atualizando-a: na
pintura introduzem técnicas que a aperfeiçoam e tornam mais realista
e natural (a perspetiva e a pintura a óleo); a arquitetura passa a
responder a problemáticas funcionais que conjugam os saberes
clássicos, com os vigentes e que estaticamente resumem a
Antiguidade Clássica.
Assim, a renovatio da antiguidade é levada a cabo de forma distinta, a
cada momento: apesar de se voltar ao mundo clássico, no modelo
florentino não acontece da mesma maneira em filosofia, em política e
nas artes.
A pintura revive ad naturae similitudinem; na escultura constrói-se
sobre modelos clássicos conhecidos conservados em templos, ruinas,
arcos e outros monumentos admirados e copiados (Donatello é
elogiado como grande imitatori) e na arquitetura, constrói-se sobre
modelos clássicos conhecidos e reproduzidos (Brunelleschi é
considerado como o primeiro a ressuscitar questo modo antico
dell’edificarese).
A arquitetura da época apresenta-se como configuradora do
urbanismo, tendo um poder comunicativo grande, pelo que a escultura
e a pintura como artes figurativas têm uma capacidade para
representar e comunicar mais imediata: têm uma função educativa,
normativa e impositiva. A arte ganha no Renascimento um novo papel:
acentua o individualismo (realçando o antropocentrismo da época),
reconhecendo o Homem como ponto de partida do conhecimento e do
saber. A arte apresenta uma linguagem e metodologia própria,
científica. A arte aguça, agora, a sua técnica e serve como instrumento para o conhecimento e o aperfeiçoamento de
competências e habilidades. A arte é mais uma ciência.
A arte renascentista vem também exaltar a valorização do Homem que foi crescendo nessa época. As temáticas retratadas,
como o nu, acentuam o interesse que desenvolvido em volta do estudo anatómico do Homem. Paralelamente, as próprias
encomendas de retratos por parte de mecenas, vincam, por sua vez, o interesse pelo “eu” e a valorização do individualismo,
que não existia na Idade Média.
A Gioconda, Leonardo Da Vinci
MÓDULO V – A CULTURA DO PALÁCIO
2258 | Dylan Bonnet | 2°DM
Análise de obras artísticas do Renascimento
SANDRO BOTTICELLI: Nascimento de Vénus (~1486)
O Nascimento de Vénus de Sandro Botticelli
constitui uma obra de reevocação de um mito
Clássico. Neste quadro, seguindo o
neoplatonismo, o artista recria as duas naturezas
de Vénus: a espiritual e a material. Tanto a
composição como a iconografia desta pintura são
mais simples que outras obras do pintor, tendo
em conta a redução de personagens. Vénus é o
centro do quadro. A cena ambienta-se numa
paisagem de uma luminosidade e uma paz que
resultam notavelmente melancólicas, instituindo-
se como cenário ideal afastado deste mundo. A
precisão e a sensualidade do desenho, o amor
pela forma pura, bem como a expressão dos
rostos suave e ideal, são instrumentos postos ao
serviço de um subtil conteúdo intelectual. “O
Nascimento de Vénus é o limite expressivo da
melodiosa linguagem pictórica botticelliana, onde
tudo é ritmo e ternura, e a paisagem é apenas um
símbolo.”
MICHELANGELO: David (1501-1504)
David é uma obra-prima da escultura
renascentista criada por Michelangelo. No
Renascimento, retomou-se a representação do
nu, da Antiguidade Clássica e, atingiu-se uma
grande perfeição anatómica devido aos estudos
realizados nesta área. David enquadra-se na
escultura renascentista, por deixar de ter a
simples função de ornamentar a arquitetura. É
uma escultura de vulto, feita em mármore,
através da técnica de moldagem. Mede 5,17. A
estátua representa o herói bíblico, David, um
assunto preferido na arte de Florença. A pose é
diferente de qualquer outro David.
É uma representação do momento entre a
escolha consciente e a ação consciente.
FILIPPO BRUNELLESCHI: Cúpula de Santa Maria Dei Fiore, Florença (1417-1441)
Em 1418, Brunelleschi ganhou o concurso para a
execução da cúpula da catedral de Santa Maria
del Fiore, que acabou por se distinguir como caso
paradigmático da arquitetura renascentista.
Através da introdução de novas técnicas
construtivas, o artista conseguiu dispensar
alguns elementos de reforço, fazendo toda a
estrutura mais leve. A utilização de dois grandes
cascos unidos entre si foi a chave para o sucesso
desta obra. Mas mais do que o prodígio técnico
alcançado, a obra, com a sua simples estrutura
octogonal com o nervurado de sustentação,
encerrou o programa formal e conceptual da
época medieval.
O resultado é que os diferentes corpos do edifício
– nave, braços; abside e cúpula – se organizam
como uma construção centralizante, ideal
estético de todo o Renascimento.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Renascimento: A arte e a ciência
Renascimento: A arte e a ciênciaRenascimento: A arte e a ciência
Renascimento: A arte e a ciênciaJoão Lima
 
Renascimento (2)
Renascimento (2)Renascimento (2)
Renascimento (2)cattonia
 
05 a cultura do palácio 2
05 a cultura do palácio 205 a cultura do palácio 2
05 a cultura do palácio 2Vítor Santos
 
Renascimento Artístico e Cultural
Renascimento Artístico e CulturalRenascimento Artístico e Cultural
Renascimento Artístico e CulturalZé Knust
 
5. a cultura do palácio a arte
5. a cultura do palácio   a arte5. a cultura do palácio   a arte
5. a cultura do palácio a artecattonia
 
Capítulo 15 renascimento
Capítulo 15 renascimentoCapítulo 15 renascimento
Capítulo 15 renascimentoAuxiliadora
 
A cultura do palacio
A cultura do palacioA cultura do palacio
A cultura do palacioAna Barreiros
 
Renascimento Cultural
Renascimento CulturalRenascimento Cultural
Renascimento CulturalJanayna Lira
 
Cultura do palácio contexto
Cultura do palácio   contextoCultura do palácio   contexto
Cultura do palácio contextocattonia
 
Renascimento 1º Unidade (2º ano)
Renascimento 1º Unidade (2º ano)Renascimento 1º Unidade (2º ano)
Renascimento 1º Unidade (2º ano)Cleiton Cunha
 
Renascimento - História Geral
Renascimento - História GeralRenascimento - História Geral
Renascimento - História GeralValéria Shoujofan
 
Renascimento
RenascimentoRenascimento
Renascimentoammfiles
 
Arte Renascentista
Arte RenascentistaArte Renascentista
Arte Renascentistanandacruz
 

Mais procurados (20)

Renascimento: A arte e a ciência
Renascimento: A arte e a ciênciaRenascimento: A arte e a ciência
Renascimento: A arte e a ciência
 
Renascimento (2)
Renascimento (2)Renascimento (2)
Renascimento (2)
 
05 a cultura do palácio 2
05 a cultura do palácio 205 a cultura do palácio 2
05 a cultura do palácio 2
 
Renascimento Artístico e Cultural
Renascimento Artístico e CulturalRenascimento Artístico e Cultural
Renascimento Artístico e Cultural
 
5. a cultura do palácio a arte
5. a cultura do palácio   a arte5. a cultura do palácio   a arte
5. a cultura do palácio a arte
 
Arte renascimento 2
Arte renascimento 2Arte renascimento 2
Arte renascimento 2
 
Renascimento Cultural
Renascimento CulturalRenascimento Cultural
Renascimento Cultural
 
Renascimento
RenascimentoRenascimento
Renascimento
 
Capítulo 15 renascimento
Capítulo 15 renascimentoCapítulo 15 renascimento
Capítulo 15 renascimento
 
A cultura do palacio
A cultura do palacioA cultura do palacio
A cultura do palacio
 
Renascimento Cultural
Renascimento CulturalRenascimento Cultural
Renascimento Cultural
 
História da arte renascimento
História da arte   renascimentoHistória da arte   renascimento
História da arte renascimento
 
O maneirismo1
O maneirismo1O maneirismo1
O maneirismo1
 
Cultura do palácio contexto
Cultura do palácio   contextoCultura do palácio   contexto
Cultura do palácio contexto
 
Renascimento 1º Unidade (2º ano)
Renascimento 1º Unidade (2º ano)Renascimento 1º Unidade (2º ano)
Renascimento 1º Unidade (2º ano)
 
Renascimento - História Geral
Renascimento - História GeralRenascimento - História Geral
Renascimento - História Geral
 
Renascimento
RenascimentoRenascimento
Renascimento
 
Renascimento italiano
Renascimento italianoRenascimento italiano
Renascimento italiano
 
Renascimento europeu
Renascimento europeuRenascimento europeu
Renascimento europeu
 
Arte Renascentista
Arte RenascentistaArte Renascentista
Arte Renascentista
 

Destaque

Resumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das Artes
Resumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das ArtesResumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das Artes
Resumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das ArtesDylan Bonnet
 
Ficha cultura do palacio
Ficha cultura do palacioFicha cultura do palacio
Ficha cultura do palacioAna Barreiros
 
A cultura académica em portugal
A cultura académica em portugalA cultura académica em portugal
A cultura académica em portugalDylan Bonnet
 
Cultura do Palácio - Arquitectura renascentista
Cultura do Palácio - Arquitectura renascentistaCultura do Palácio - Arquitectura renascentista
Cultura do Palácio - Arquitectura renascentistaCarlos Vieira
 
A Cultura do Salão
A Cultura do SalãoA Cultura do Salão
A Cultura do SalãoDylan Bonnet
 
Resumo Cultura do Ágora - HCA
Resumo Cultura do Ágora - HCAResumo Cultura do Ágora - HCA
Resumo Cultura do Ágora - HCADylan Bonnet
 
Resumos filosofia 11
Resumos filosofia 11Resumos filosofia 11
Resumos filosofia 11Dylan Bonnet
 
Expansão Romano/Latina pela geografia histórica
Expansão Romano/Latina pela geografia histórica Expansão Romano/Latina pela geografia histórica
Expansão Romano/Latina pela geografia histórica Sylvia Lenz
 
Módulo 2 a cultura do senado
Módulo 2   a cultura do senadoMódulo 2   a cultura do senado
Módulo 2 a cultura do senadoTLopes
 
Módulo 5 – Cultura do Palácio
Módulo 5 – Cultura do PalácioMódulo 5 – Cultura do Palácio
Módulo 5 – Cultura do PalácioCarlos Vieira
 
Cultura do senado resumos
Cultura do senado   resumosCultura do senado   resumos
Cultura do senado resumosJorge Hohinho
 
A Itália do Renascimento
A Itália do RenascimentoA Itália do Renascimento
A Itália do RenascimentoCarlos Vieira
 
01 cultura da catedral
01 cultura da catedral01 cultura da catedral
01 cultura da catedralVítor Santos
 
Modulo 7 a cultura do salão
Modulo 7 a cultura do salãoModulo 7 a cultura do salão
Modulo 7 a cultura do salãobruno oliveira
 
A cultura do palácio ficha 3
A cultura do palácio  ficha 3A cultura do palácio  ficha 3
A cultura do palácio ficha 3Carla Teixeira
 
Renascimento cultural 2
Renascimento cultural 2Renascimento cultural 2
Renascimento cultural 2Carla Teixeira
 
A cultura do palácio ficha 1
A cultura do palácio  ficha 1A cultura do palácio  ficha 1
A cultura do palácio ficha 1Carla Teixeira
 
A cultura do palácio ficha 2
A cultura do palácio  ficha 2A cultura do palácio  ficha 2
A cultura do palácio ficha 2Carla Teixeira
 

Destaque (20)

Resumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das Artes
Resumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das ArtesResumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das Artes
Resumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das Artes
 
Ficha cultura do palacio
Ficha cultura do palacioFicha cultura do palacio
Ficha cultura do palacio
 
A cultura académica em portugal
A cultura académica em portugalA cultura académica em portugal
A cultura académica em portugal
 
Cultura do Palácio - Arquitectura renascentista
Cultura do Palácio - Arquitectura renascentistaCultura do Palácio - Arquitectura renascentista
Cultura do Palácio - Arquitectura renascentista
 
A Cultura do Salão
A Cultura do SalãoA Cultura do Salão
A Cultura do Salão
 
Resumo Cultura do Ágora - HCA
Resumo Cultura do Ágora - HCAResumo Cultura do Ágora - HCA
Resumo Cultura do Ágora - HCA
 
Cultura da catedral
Cultura da catedralCultura da catedral
Cultura da catedral
 
Resumos filosofia 11
Resumos filosofia 11Resumos filosofia 11
Resumos filosofia 11
 
Expansão Romano/Latina pela geografia histórica
Expansão Romano/Latina pela geografia histórica Expansão Romano/Latina pela geografia histórica
Expansão Romano/Latina pela geografia histórica
 
Módulo 2 a cultura do senado
Módulo 2   a cultura do senadoMódulo 2   a cultura do senado
Módulo 2 a cultura do senado
 
Módulo 5 – Cultura do Palácio
Módulo 5 – Cultura do PalácioMódulo 5 – Cultura do Palácio
Módulo 5 – Cultura do Palácio
 
Cultura do senado resumos
Cultura do senado   resumosCultura do senado   resumos
Cultura do senado resumos
 
A Itália do Renascimento
A Itália do RenascimentoA Itália do Renascimento
A Itália do Renascimento
 
01 cultura da catedral
01 cultura da catedral01 cultura da catedral
01 cultura da catedral
 
Modulo 7 a cultura do salão
Modulo 7 a cultura do salãoModulo 7 a cultura do salão
Modulo 7 a cultura do salão
 
A cultura do palácio ficha 3
A cultura do palácio  ficha 3A cultura do palácio  ficha 3
A cultura do palácio ficha 3
 
Renascimento cultural 2
Renascimento cultural 2Renascimento cultural 2
Renascimento cultural 2
 
A cultura do palácio ficha 1
A cultura do palácio  ficha 1A cultura do palácio  ficha 1
A cultura do palácio ficha 1
 
Arte renascimento 1
Arte renascimento 1Arte renascimento 1
Arte renascimento 1
 
A cultura do palácio ficha 2
A cultura do palácio  ficha 2A cultura do palácio  ficha 2
A cultura do palácio ficha 2
 

Semelhante a O Renascimento na Itália e a influência do humanismo e classicismo na arte

Semelhante a O Renascimento na Itália e a influência do humanismo e classicismo na arte (20)

Aula 08 renascimento
Aula 08 renascimentoAula 08 renascimento
Aula 08 renascimento
 
Renascimento.pdf
Renascimento.pdfRenascimento.pdf
Renascimento.pdf
 
Renascimento
RenascimentoRenascimento
Renascimento
 
G1 - Renascimento - 2m4
G1 - Renascimento - 2m4G1 - Renascimento - 2m4
G1 - Renascimento - 2m4
 
Renascimento certo
Renascimento certoRenascimento certo
Renascimento certo
 
Renascimento cultural 1
Renascimento cultural 1Renascimento cultural 1
Renascimento cultural 1
 
1EM_Idade_Media_02.ppt
1EM_Idade_Media_02.ppt1EM_Idade_Media_02.ppt
1EM_Idade_Media_02.ppt
 
Arte - Renascimento
Arte - RenascimentoArte - Renascimento
Arte - Renascimento
 
Renascimento Cultural.ppt.pptx
Renascimento Cultural.ppt.pptxRenascimento Cultural.ppt.pptx
Renascimento Cultural.ppt.pptx
 
Aula 4- Renascimento cultural.pptx
Aula 4- Renascimento cultural.pptxAula 4- Renascimento cultural.pptx
Aula 4- Renascimento cultural.pptx
 
3 renascimento cultural-e_cientifico
3 renascimento cultural-e_cientifico3 renascimento cultural-e_cientifico
3 renascimento cultural-e_cientifico
 
Os Tempos Modernos
Os Tempos Modernos Os Tempos Modernos
Os Tempos Modernos
 
Renascimento1
Renascimento1Renascimento1
Renascimento1
 
Renascimento Cultural - Prof. Altair Aguilar
Renascimento Cultural - Prof. Altair AguilarRenascimento Cultural - Prof. Altair Aguilar
Renascimento Cultural - Prof. Altair Aguilar
 
oficinahg16.pptx
oficinahg16.pptxoficinahg16.pptx
oficinahg16.pptx
 
Renascimento
RenascimentoRenascimento
Renascimento
 
Capítulo 1 - Renascimento e Reformas Religiosas
Capítulo 1 -  Renascimento e Reformas ReligiosasCapítulo 1 -  Renascimento e Reformas Religiosas
Capítulo 1 - Renascimento e Reformas Religiosas
 
RENASCIMENTO
RENASCIMENTORENASCIMENTO
RENASCIMENTO
 
Renascimento Cultural Módulo
Renascimento Cultural Módulo Renascimento Cultural Módulo
Renascimento Cultural Módulo
 
Pré renascimento
 Pré renascimento Pré renascimento
Pré renascimento
 

Último

Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresaulasgege
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Susana Stoffel
 
Regência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfRegência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfmirandadudu08
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaaulasgege
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxfabiolalopesmartins1
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfArthurRomanof1
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 

Último (20)

Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
 
Regência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfRegência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdf
 
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologiaAula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
Aula - 1º Ano - Émile Durkheim - Um dos clássicos da sociologia
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdfProva uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
Prova uniasselvi tecnologias da Informação.pdf
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 

O Renascimento na Itália e a influência do humanismo e classicismo na arte

  • 1. MÓDULO V – A CULTURA DO PALÁCIO 2258 | Dylan Bonnet | 2°DM O Renascimento nasceu no século XIV em Itália, Florença, depois da peste que assolou a Europa. Três elementos fomentaram esta nova era: a vida urbana, o aparecimento da burguesia e o sentido laico da vida. Embora se assinale a conquista de Constantinopla como ponto de partida para o Renascimento (o êxodo da população para o ocidente – Itália, nomeadamente – reacende os conhecimentos pagãos e desperta o interesse na mitologia, etc.), este nasceu do facto do feudalismo da época medieval ter sido substituído pela burguesia. Itália foi o palco da transição da Idade Média para a Idade Moderna, devido à sua privilegiada localização no cento do Mediterrâneo, o que lhe permitiu beneficiar com o tráfico comercial que se ia tornando cada vez mais rico. Com o desenvolvimento económico das cidades italianas, surgiu uma rica burguesia mercantil que, em seu processo de afirmação social, procurava ser o centro da nova sociedade e se transformava em mecenas da arte. Itália exibiu, assim, uma pujança artística renascentista exuberante que cresceu do novo sistema político das cidades-estado, desencadeando uma ligeira rivalidade entre cidades como Florença, Milão, Roma e Nápoles, levando a que cada uma quisesse ser mais copiosa que as outras. Por outro lado, a Itália possuía, nesse momento, um acervo de grandiosas ruinas da Antiguidade Clássica que lhe permitiram enriquecer culturalmente quando tomava como inspiração a época Clássica. Para se entender o Renascimento, dois conceitos se impõem: Humanismo e Classicismo. O protótipo do personagem Renascentista, entendido em toda a sua força cultural, é o humanista e o Renascimento italiano é uma consequência direta desse humanismo. Esse humanista, esse homem dedicado à cultura, já não é necessariamente um clérigo, embora por vezes possa continuar a sê-lo. Com o que de facto se verifica uma secularização da cultura, não apenas ao seu objetivo – a Teologia substitui-se pelas letras profanas – mas também porque o laico começa a ser o protagonista. De igual modo acontece com a secularização, porque o protetor das novas correntes passa a ser um príncipe ou um grande senhor. Francisco Petrarca formula e concebe a teoria humanista quando se apercebe que, após o apogeu Romano da época Clássica, se caíra numa era de trevas e obscuridade. Começava, agora, uma nova idade que restaurava a luz. Desta forma, o poeta procura nos Clássicos as provas que sustentam a verdade Cristã. Nascimento de Vénus, Sandro Botticelli
  • 2. MÓDULO V – A CULTURA DO PALÁCIO 2258 | Dylan Bonnet | 2°DM Propõe-se, com o Humanismo, o Homem como o centro do interesse, o que justifica o nome desta corrente. O conceito humanista sofreu, desta forma, uma expansão gradual da literatura à história até à pintura, e desta às outras artes, e das artes às ciências naturais, o que induz a uma interpretação do conceito de renovação, restauração e ressurgimento/ renascimento. Renasce, assim, a época Clássica. O humanismo torna-se na causa e componente da arte do século XV e da época moderna: o humanista é um homem colecionador de arte do passado, cada peça era uma relíquia. Esse gosto cria o colecionismo e a museologia. Os humanistas acabam por ter grandes influências na arte renascentista italiana, na medida em que estes criam uma nova linguagem visual durante o século XV: acentua-se a exaltação do homem, originando o elitismo do artista e do mecenas; aumenta-se a consideração pelo objeto artístico em si (a obra é assinada, adquire autoria; a arte é um exercício prático do pensamento e da ação, de modo que ciência é igual a técnica e arte; começam a escrever-se as vidas e biografias dos artistas). Sempre existiu um patrocínio económico para que se pudessem criar obras de arte, no entanto e no século XV, esta relação altera-se: não se trata de financiar iniciativas artísticas destinadas a uma função pública, religiosa ou política, mas de financiar algo para a sua própria exaltação, prestigio e gloria. Assim, o doador passa a ser um autêntico mecenas de uma artista. O mecenas e a sua família aparecem nas representações como atores. Já não aparecem os doadores incluídos na cena apenas como figuras menores, mas sim como atores incorporados na cena como personagem de maior importância, às vezes mesmo como protagonista. No momento em que a Igreja deixa de monopolizar os programas artísticos, aparece um novo tipo de encomendador ou de mecenas, com poder económico e representativo, que despende grandes quantias para estabelecer um status social e cultural, por meio de arte. Este luxo está vinculado à burguesia e ao capitalismo moderno. A arte transforma-se numa arma, numa estratégia política, mantendo o clima de rivalidade cultural entre todas as grandes cortes, utilizando os serviços dos melhores artistas. O artista passa a poder ser contratado permanentemente como pintor da corte, por exemplo, ou a receber encomendas pontuais. Este trabalho torna-se possível, porque a individualidade do artista é respeitada. O mecenato permite, em última análise, à arte do século XV uma abundância extrema e mais rica. O papel do artista na sociedade sofreu um reposicionamento cultural e social. O artista passa a ser, como já referido, um humanista, um homem de um saber universal, que ganha o gosto por conhecer e descobrir o mundo que o rodeia e por se descobrir a si próprio, pois o conhecimento dos textos clássicos deixou de estar vedado à Igreja, graças, entre outros fatores, à invenção da imprensa. O artista foi elevado à condição de erudito, individualizando as suas obras, assinando- as, com o seu traço e o seu próprio nome. O artista deixa de ser o “artesão” que era na Época Medieval, para passar a ser um homem de sabedoria, que procura entender o Mundo e a Natureza. A Renascitá implica um renascimento da antiguidade no que diz respeito à forma e aos temas. O Renascimento não é simplesmente uma cópia do Clássico, mas sim a sua interpretação. Esta corrente restaura e restabelece algumas formas e temas, de forma distinta a cada momento. A razão está na procura do antigo como modelo, e os textos clássicos neoplatónicos e humanísticos não mostram qualquer inconveniente em identificar o ensino da mitologia como o ensino bíblico da Idade Média. Trata-se da assunção da cultura desde a antiguidade, como uma unidade total. Pormenor de A Criação de Adão, Capela Sistina, Miguel Ângelo Buonarroti
  • 3. MÓDULO V – A CULTURA DO PALÁCIO 2258 | Dylan Bonnet | 2°DM Os florentinos procuram beber da época Clássica, atualizando-a: na pintura introduzem técnicas que a aperfeiçoam e tornam mais realista e natural (a perspetiva e a pintura a óleo); a arquitetura passa a responder a problemáticas funcionais que conjugam os saberes clássicos, com os vigentes e que estaticamente resumem a Antiguidade Clássica. Assim, a renovatio da antiguidade é levada a cabo de forma distinta, a cada momento: apesar de se voltar ao mundo clássico, no modelo florentino não acontece da mesma maneira em filosofia, em política e nas artes. A pintura revive ad naturae similitudinem; na escultura constrói-se sobre modelos clássicos conhecidos conservados em templos, ruinas, arcos e outros monumentos admirados e copiados (Donatello é elogiado como grande imitatori) e na arquitetura, constrói-se sobre modelos clássicos conhecidos e reproduzidos (Brunelleschi é considerado como o primeiro a ressuscitar questo modo antico dell’edificarese). A arquitetura da época apresenta-se como configuradora do urbanismo, tendo um poder comunicativo grande, pelo que a escultura e a pintura como artes figurativas têm uma capacidade para representar e comunicar mais imediata: têm uma função educativa, normativa e impositiva. A arte ganha no Renascimento um novo papel: acentua o individualismo (realçando o antropocentrismo da época), reconhecendo o Homem como ponto de partida do conhecimento e do saber. A arte apresenta uma linguagem e metodologia própria, científica. A arte aguça, agora, a sua técnica e serve como instrumento para o conhecimento e o aperfeiçoamento de competências e habilidades. A arte é mais uma ciência. A arte renascentista vem também exaltar a valorização do Homem que foi crescendo nessa época. As temáticas retratadas, como o nu, acentuam o interesse que desenvolvido em volta do estudo anatómico do Homem. Paralelamente, as próprias encomendas de retratos por parte de mecenas, vincam, por sua vez, o interesse pelo “eu” e a valorização do individualismo, que não existia na Idade Média. A Gioconda, Leonardo Da Vinci
  • 4. MÓDULO V – A CULTURA DO PALÁCIO 2258 | Dylan Bonnet | 2°DM Análise de obras artísticas do Renascimento SANDRO BOTTICELLI: Nascimento de Vénus (~1486) O Nascimento de Vénus de Sandro Botticelli constitui uma obra de reevocação de um mito Clássico. Neste quadro, seguindo o neoplatonismo, o artista recria as duas naturezas de Vénus: a espiritual e a material. Tanto a composição como a iconografia desta pintura são mais simples que outras obras do pintor, tendo em conta a redução de personagens. Vénus é o centro do quadro. A cena ambienta-se numa paisagem de uma luminosidade e uma paz que resultam notavelmente melancólicas, instituindo- se como cenário ideal afastado deste mundo. A precisão e a sensualidade do desenho, o amor pela forma pura, bem como a expressão dos rostos suave e ideal, são instrumentos postos ao serviço de um subtil conteúdo intelectual. “O Nascimento de Vénus é o limite expressivo da melodiosa linguagem pictórica botticelliana, onde tudo é ritmo e ternura, e a paisagem é apenas um símbolo.” MICHELANGELO: David (1501-1504) David é uma obra-prima da escultura renascentista criada por Michelangelo. No Renascimento, retomou-se a representação do nu, da Antiguidade Clássica e, atingiu-se uma grande perfeição anatómica devido aos estudos realizados nesta área. David enquadra-se na escultura renascentista, por deixar de ter a simples função de ornamentar a arquitetura. É uma escultura de vulto, feita em mármore, através da técnica de moldagem. Mede 5,17. A estátua representa o herói bíblico, David, um assunto preferido na arte de Florença. A pose é diferente de qualquer outro David. É uma representação do momento entre a escolha consciente e a ação consciente. FILIPPO BRUNELLESCHI: Cúpula de Santa Maria Dei Fiore, Florença (1417-1441) Em 1418, Brunelleschi ganhou o concurso para a execução da cúpula da catedral de Santa Maria del Fiore, que acabou por se distinguir como caso paradigmático da arquitetura renascentista. Através da introdução de novas técnicas construtivas, o artista conseguiu dispensar alguns elementos de reforço, fazendo toda a estrutura mais leve. A utilização de dois grandes cascos unidos entre si foi a chave para o sucesso desta obra. Mas mais do que o prodígio técnico alcançado, a obra, com a sua simples estrutura octogonal com o nervurado de sustentação, encerrou o programa formal e conceptual da época medieval. O resultado é que os diferentes corpos do edifício – nave, braços; abside e cúpula – se organizam como uma construção centralizante, ideal estético de todo o Renascimento.