A história narra a aventura de Percival, um cavaleiro que chega ao castelo de Brancaflor para encontrar a fortaleza sitiada e seus habitantes passando fome. Percival derrota em combate singular o senescal Anguingeron, que cercava o castelo, mas poupa sua vida a pedido. Ele manda Anguingeron se entregar como prisioneiro à moça que fora humilhada por Keu, selando assim sua fama como herói cavalheiresco.
Viagem ao centro da terra interpretação - sujeito - classificação do sujeit...
Percival combate vilão e salva Brancaflor
1.
Leia atentamente as questões antes de respondê-las;
Use apenas caneta esferográfica preta ou azul;
Respostas rasuradas serão anuladas.
Você já ouviu falar do rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda. As aventuras desses cavaleiros são
narradas nas lendas bretãs ou arturianas, também conhecidas como novelas de cavalaria a partir do século XII.
O texto que você vai ler se inclui entre as lendas do rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda narra
uma das aventuras de Percival: um herói da cavalaria medieval
Ainda rapaz, Percival deixa a casa da mãe para tornar-se um cavaleiro da corte do rei Artur. Quando
chega à corte, franzino, sem armas e sem armadura, é bem acolhido pelo rei, mas ridicularizado por Keu, irmão
de leite do rei senescal (espécie de ministro encarregado de administrar a casa real). Além de se mostrar
antipático a Percival, Keu ainda esbofeteia uma moça da corte pelo fato de ela ter sorrido ao rapaz e lhe
dirigido algumas palavras amáveis. Percival, então, parte da corte à procura de aventuras. Logo conhece o
fidalgo Gonemant, que simpatiza com ele e treina-o nas armas, transformando-o num cavaleiro.
Percival no castelo de Brancaflor
Percival cavalgou o dia inteiro na floresta, solitário. Sentia-se muito mais à vontade do que se
estivesse em campo aberto.
A noite caía quando enxergou uma fortaleza, bem situada, mas fora dela só se via mar,água e
terra desolada.
Percival passou por uma ponte toda bamba e bateu no portão.
Uma moça magra e pálida apareceu à janela:
- Quem bate?
- Um cavaleiro que pede hospedagem para a noite.
A moça desapareceu e quatro homens de armas de aspecto miserável vieram abrir o portão.
Percival seguiu-os pelas ruas desertas, ladeadas de casebres caindo aos pedaços. Nem
moinho para moer, nem forno para assar. Nenhum sinal de homem ou mulher, dois conventos
abandonados...
Chegaram ao palácio com parapeito de ardósia. Um criado levou o cavalo a um estábulo sem
trigo nem feno, com apenas um pouco de palha... Outro conduziu Percival a uma bonita sala onde
dois homens de certa idade e ar debilitado foram ao seu encontro.
Uma jovem os acompanhava. Seus olhos eram sorridentes e claros, seus cabelos louros
caíam como ouro fino sobre os ombros cobertos por um manto de púrpura escura, ornado de pele
de esquilo e com as bordas de arminho. Nunca houve moça mais lindado que ela. Seu nome era
Brancaflor. Ela deu a mão a Percival, levou-o para um grande quarto com o teto todo esculpido
e pediu-lhe que se sentasse ao lado dela, na cama coberto de brocado.
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2. - Aceite nossa casa tal como é. Não há fartura de nada, como verá. Temos apenas seis pães
que o superior do convento, meu tio, me mandou para a ceia desta noite. Não há outro alimento,
salvo um cabrito selvagem que um dos meus soldados caçou esta manhã.
Dito isso, ela ordenou que pusessem as mesas. Todos se sentaram, e o jantar foi breve.
Percival foi se deitar, ainda morto de fome. Mas os lençóis eram imaculadamente brancos, o
travesseiro macio, as cobertas ricas. Adormeceu. Foi acordado por um choro bem próximo do seu
rosto. Surpreso, viu Brancaflor soluçando de joelhos diante da cama, com um manto curto de seda
escarlate jogado em cima da camisola.
- O que houve, minha bela? Por que veio aqui?
- Não me julgue mal. Estou desesperada. Faz um longo inverno e um longo verão que o
senescal de Clamadeu das ilhas, o pérfido Anguingeron, nos sitia. Sobram apenas cinquenta
cavaleiros dos trezentos que formavam a guarnição daqui. Os outros morreram ou estão presos.
Nossas provisões, como viu, se esgotaram. Não há nem o bastante para o almoço de uma abelha!
Amanhã nos renderemos, e eu serei entregue com o castelo. Mas eles não vão me pegar viva. Antes
de me entregarem, eu me mato. Foi isso que vim lhe dizer.
A espertinha sabia o que estava fazendo. Nenhum cavaleiro seria capaz de ouvir indiferente
tais palavras. Percival exclamou:
- Enxugue suas lagrimas, bela amiga. Vou defendê-la amanhã. Desafiarei o senescal
Anguigueron para um combate singular e o matarei!
Na manhã seguinte, pediu suas armas, vestiu-se, montou a cavalo e saiu do castelo.
Anguingueron estava sentado diante da sua tenda, entre os sitiantes. Viu Percival se
aproximar, armou-se, pulou no cavalo e perguntou:
- Veio em busca de paz ou de batalha?
- Responda primeiro: O que veio fazer aqui? Matar os cavaleiros e devastar a terra?
- Quero que o castelo se renda e quero a moça.
- Ao diabo, você e suas palavras!
Percival abaixou a lança e os dois adversários se precipitaram um contra o outro a toda
velocidade sobre seus cavalos. Foi um combate longo e furioso, mas o senescal acabou indo ao chão.
Gritava:
- Piedade! Poupe-me! Não seja cruel!
Percival lembrou-se do conselho do bom Gornemant e hesitou.
- Se você tem um senhor, mande-me a ele, insistiu a senescal. Contarei a sua vitória e
depositarei nas mãos dele minha sorte.
- Então vá ver o rei Arthur. Cumprimente o rei por mim e peça que mostrem a você a moça
que foi esbofeteada por Keu por ter rido ao me ver. Entregue-se prisioneiro a ela e diga-lhe que eu
espero não morrer antes de vingá-la!
Percival voltou ao castelo sob as aclamações dos sitiados. E Brancaflor, desde então, amou-o.
(Jaqueline Mirande. Contos e lendas dos cavaleiros da Távola
Redonda.Tradução de Eduardo |Brandão. São Paulo: Cia
das. Texto baseado na versão de Chretien de Troyes.)Vocabulário:
Brocado: tecido de seda com relevos de ouro ou prata.
Combate singular: combate entre apenas dois cavaleiros
Hesitar: demonstrar dúvida, incerteza.
Imaculado: que é puro, sem manchas; de perfeita brancura
Pérfido: desleal, traiçoeiro.
Sitiado: que está cercado.
3. 1) Nas novelas de cavalaria, os heróis são geralmente cavaleiros andantes, isto é,
cavaleiros que caminham solitariamente em busca de aventuras e de fama. Esse perfil
de herói é confirmado no texto Por quê?
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2) No texto, Percival chega ao castelo de Brancaflor.
a. Qual é a situação do castelo, da guarda e de seus habitantes?
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b. Qual é a causa dessa situação?
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c. Que indícios, no texto, comprovam que a situação material do castelo tinha sido
diferente no passado?
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3) Brancaflor e Percival desempenham o ideal feminino e o ideal do herói das novelas de
cavalaria.
a. Quais são as qualidades físicas e morais de Brancaflor?
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b. EdePercival?
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4) Anguingueron, por sua vez, é o típico vilão nesse tipo de história. O que o faz ser um
vilão?
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5) Ao combater o vilão, Percival põe em prática seus ideais de cavalaria. Que feitos do cavaleiro
confirmam seu caráter heróico?
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6) Ao derrotar Anguingueron, Percival poderia matá-lo. No entanto, lembra-se do
conselho dado a ele por seu mestre, Gounemant, que o ensinara a lutar e o transformara
em cavaleiro. Veja o conselho:
4. “Eu vos confiro a ordem de cavalaria, que não admite nenhuma baixeza. Não mateis vosso
adversário vencido, se ele vos pedir clemência. Procurai não falar demais, ajudai o
homem, ajudai o homem ou a dama que virdes em precisão e não deixeis de orar a Deus
por vossa alma.”
As ações de Percival estão de acordo com esse conselho? Justifique sua resposta.
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7) Nas recomendações finais que dá a Anguingueron, Percival lhe diz que se apresente ao
rei e depois se entregue como prisioneiro à moça esbofeteada por Keu. Que outras
qualidades de Percival ficam evidentes nesse gesto?
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