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1



         UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
                       CENTRO DE EDUCAÇÃO
                 DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA




                            GRAZIANI GATTI
                 JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES



 [DIGITE UMA CITAÇÃO DO DOCUMENTO OU O RESUMO DE UMA QUESTÃO INTERESSANTE.
VOCÊ PODE POSICIONAR A CAIXA DE TEXTO EM QUALQUER LUGAR DO DOCUMENTO. USE A
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                                 DA CITAÇÃO.]




O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA
            A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS.




                                 VITÓRIA
                                    2010
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     UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
              CENTRO DE EDUCAÇÃO
          DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA




                 GRAZIANI GATTI
          JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES




O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA
      A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS.




                             Trabalho de Conclusão de Curso
                             apresentado    ao    curso   de
                             Licenciatura em Geografia da
                             Universidade Federal do Espírito
                             Santo como requisito à obtenção
                             do título de Licenciado em
                             Geografia.




                    VITÓRIA
                      2010
3



                              GRAZIANI GATTI
                  JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES



 O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA
            A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS.


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em
Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito à
obtenção do título de Licenciado em Geografia. Apresentado em 24 de Junho
de 2010.


COMISSÃO EXAMINADORA


___________________________________________


Prof.ª Orientadora
Solange Lins Gonçalves
Universidade Federal do Espírito Santo


_______________________________________
Prof.ª M ª Stela Maris de Araújo
Universidade Federal do Espírito Santo


________________________________________
Prof.Dr. Paulo César Scarim
Universidade Federal do Espírito Santo


__________________________________
Prof. Devaldir Teixeira do Nascimento
4



                            AGRADECIMENTOS




Agradecemos aos amigos e profissionais que, direta ou indiretamente,
contribuíram para realização deste trabalho. Especialmente aos alunos da
escola “Denizart Santos”, que sempre se mostraram interessados na proposta
e empenhados nela, mesmo com suas limitações.


A todos os funcionários da escola, que deram total apoio e incentivo durante o
processo, especialmente a pedagoga Lúcia Lorencine, a coordenadora Márcia
da Rocha Prestholdt e a diretora Aurora de Fátima P. Barbosa.


À professora orientadora Solange Lins Gonçalves pela atenção dispensada e
pela paciência e compreensão das nossas dificuldades, e respaldo as nossas
solicitações.


Aos amigos da turma 2006/2 que, com o passar dos anos, tornaram-se mais
amigos e que passamos a admirar suas particularidades.
5



                                RESUMO




O presente estudo buscou utilizar os conceitos acadêmicos sobre espaço
geográfico e suas categorias, lugar, paisagem e território, enfatizando sua
importância, para levar seu entendimento conceitual e sua aplicabilidade de
forma didática em sala de aula e em campo, para estudantes de sétima série
do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Doutor
Denizart Santos”, no bairro Industrial, no município de Viana, no estado do
Espírito Santo.




PALAVRAS-CHAVE: Espaço Geográfico, Conceitos, Ensino de Geografia.
6



                                       LISTA DE FOTOGRAFIAS


Fotografia 1 – Laboratório de informática. “EMEF Denizart Santos”. ...............15


Fotografia 2 – Subida na parte mais alta da aula de campo. Bairro Industrial,
Viana, ES...........................................................................................................36



Fotografia 3 – Área com maior quantidade de residências do bairro
Industrial............................................................................................................37



Fotografia 4 – Alto do morro onde poderiam ser vistas todas as categorias
espaciais conceituadas em sala. ......................................................................37



Fotografia 5 – Exposição dos trabalhos na “EMEF Denizart Santos”...............39



Fotografia 6 – Exposição dos trabalhos na “EMEF Denizart Santos”...............40



Fotografia 7 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................41



Fotografia 8 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................41



Fotografia 9 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................42
7



                                    LISTA DE FIGURAS


Figura 1 – Mapa do município de Viana............................................................13



Figura 2 - Foto aérea da região de aplicação do trabalho e descrição do
caminho percorrido na aula de campo. (Imagem Google Earth).......................33
8



                                                  SUMÁRIO


1.       JUSTIFICATIVA.....................................................................................10
1.1     Objetivo Geral..........................................................................................12
1.2     Objetivos Específico................................................................................12


2.     APRESENTAÇÃO DO PERFIL DA ESCOLA........................................13

3.     A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS.....................................................17
3.1 Breve Introdução Epistemológica aos Conceitos Geográficos..................18


4.     OS ASPÉCTOS TEÓRICOS DAS CATEGORIAS ESPACIAIS E SUA
APLICAÇÃO DIDÁTICA EM SALA DE AULA.................................................21
4.1     Paisagem................................................................................................22

4.1.1 Trabalhando o conceito em sala..........................................................23

4.2     Território..................................................................................................25

4.2.1 Trabalhando o conceito em sala.........................................................26

4.3     Lugar.......................................................................................................27

4.3.1 Trabalhando o conceito em sala..........................................................29



5       PRATICANDO OS CONCEITOS – O CAMPO E A FOTOGRAFIA.......31

5.1    A Importância do campo..........................................................................31

5.1.1 Descrição do campo..............................................................................32

5.2    Por que a fotografia?................................................................................38

5.3 A exposição na escola...............................................................................38



6     ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS E DOS TRABALHOS.............................41
9



7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................43



8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................45


ANEXO A...........................................................................................................46


ANEXO B...........................................................................................................48
10



1 1JUSTIFICATIVA


Ao iniciar a vida acadêmica deparamos com realidades muitas vezes não vistas
na vida estudantil, no nível fundamental e médio. Novos modelos didáticos são
inseridos no cotidiano como método de ensino e aprendizagem. Essa nova
realidade nos apresentou à questão do debate a partir de conceitos de grandes
autores da Geografia, e que através do nosso entendimento e debates em sala
de aula, nos levaram a formulação dos nossos próprios conceitos.


Questões que pareciam fazer parte do nosso conhecimento como forma
simples e definida ao modo que foi passado nos níveis de ensino abaixo ao
superior, retoma novos rumos e nos levam a questionar o conhecimento que
havíamos adquirido até então. Questões como:


O que é Geografia? O que se estuda em Geografia? O que é espaço
Geográfico? Podemos dividi-lo?


Então começamos a questionar em nossa graduação se realmente isso nos foi
passado ao longo de nossa vida escolar e se tínhamos clareza do que isso
representava para essa ciência e disciplina escolar, que estaríamos
responsáveis por futuramente instruir. Percebemos que, mesmo já tendo
iniciado um curso superior na disciplina em questão, não tínhamos uma
convicção clara dessas mesmas questões. Então, demos início, ainda como
estudantes do curso de Geografia, à nossa vida docente. Estas inquietações
conduziram-nos a experimentar uma Geografia prática. Como palco dos
experimentos, escolhemos a escola na qual trabalhamos como professores de
Geografia, pois, segundo Almeida e Passini (1989):


                          “É na escola que deve ocorrer à aprendizagem espacial voltada para
                          a compreensão das formas pelas quais a sociedade organiza seu
                          espaço – o que só será plenamente possível com o uso de


1
 Correção ortográfica e normatização feita por Calimério Soave de Almeida. Profº de Lingua Portuguesa
formado pela UFES.
11



                     representações formais (ou      convencionais)   deste   espaço”.(
                     ALMEIDA; PASSINI, 1989, p.5)


No estudo da Geografia, enquanto disciplina escolar e acadêmica, o estudo do
conceito de espaço geográfico é o mais abrangente, e esse espaço sendo
palco de diferentes categorias, como território, paisagem e lugar. Mas,
enquanto na academia ouvimos discussões e debates calorosos sobre o tema,
nas escolas geralmente se encontram dificuldades em trabalhá-lo de forma
interessante e de fácil compreensão para todos.


Alguns livros didáticos abordam conteúdos compartimentados, dificultando o
entendimento e a atuação sobre o espaço geográfico. Portanto, cabe ao
professor trabalhar os conteúdos conceituais despertando nos alunos um olhar
investigativo sobre o espaço geográfico.


Essa compartimentação do estudo do espaço pelos livros comprometem a
percepção e o conhecimento espacial do aluno, gerando, então, cidadãos que
não compreendem, a teoria tão pouco a prática, a importância deste saber.
Professores acostumados ao uso exclusivo do livro didático de geografia,
muitas vezes, encontram dificuldades de tornar aplicáveis os conteúdos
conceituais. Alguns se tornaram repetidores do conteúdo apresentado nesses
manuais, sem gerar uma reflexão sobre os conceitos. Embora não seja o
professor o nosso principal foco de estudo, podemos afirmar que muitos estão
desmotivados em aprimorar o saber geográfico, devido à longa jornada de
trabalho, aos baixos salários, etc. O reflexo dessa situação incide direto no
aluno, comprometendo o seu saber geográfico e a percepção espacial que ele
tem do seu espaço vivido.


Os saberes geográficos adquiridos na escola só poderão tornar-se práticos se
proporcionam momentos de compreensão conceitual, aplicado no cotidiano de
nossos alunos.

Entendemos a importância de tornarmos aplicáveis os conteúdos conceituais
ministrados   no   ensino   da   Geografia   e      proporcionarmos     aos    alunos
12



possibilidades de percepção no seu espaço vivido. Pensando assim,
elaboramos um processo de intervenção, traçando os seguintes objetivos.


1.1 Objetivo geral



Compreender o espaço geográfico como importante foco do estudo da
disciplina de geografia, ampliar o entendimento conceitual das categorias
espaciais, possibilitando a análise a partir das percepções dos alunos, gerando
uma intervenção crítica na sua organização espacial e os auxiliando para a
prática que será aplicada.




1.2 Objetivos específicos


– Compreender o Espaço Geográfico e as principais categorias que dele se
ramificam: Paisagem, Lugar e Território.

– Identificar no espaço cotidiano dos alunos as principais categorias do espaço
geográfico estudadas em sala de aula e aula de campo.

- Observar e analisar em campo os conceitos estudados, e produzirem como
resultado um trabalho de identificação do espaço a partir de fotografia.
13




2 APRESENTAÇÃO DO PERFIL DA ESCOLA


A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) “Doutor Denizart Santos”,
na qual este Trabalho de Conclusão de Curso foi executado, está localizada no
Bairro Industrial, à Rua Xavier, S/N, CEP. 29130-000, no Município de Viana,
localizado a 22 Km da capital Vitória, também é um dos municípios que
integram a Região Metropolitana da Grande Vitória no estado do Espírito
Santo.


Geograficamente, o bairro Industrial está localizado às margens da BR 262, KM
7,3 no sentido sul, entre os Bairros Marcílio de Noronha (Viana) e Bairro
Operário (Cariacica), tendo limites com o Rio Formate, que divide ambos os
municípios citados.
14



Figura 1 – Mapa do município de Viana.
Esse mapa anexado ao texto foi retirado do site oficial da prefeitura de Viana. A
partir de dados do IDAF (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal) e IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há informações e dados
interessantes sobre o município, como área, população, localização no estado
do Espírito Santo, entre outras. Embora seja um mapa que não possua escala,
foi o melhor encontrado para representar o município.


A escola foi fundada em 1979, no governo estadual de Eurico Resende e na
administração municipal do prefeito Carlos Magno Pimentel, tendo sido
reconhecida pelo decreto-lei Nº 932/84 e inscrita no CNPJ de número
01.959.874/0001 – 33.


A origem do nome da escola vem da homenagem a um médico, o senhor
Denizart dos Santos.


Os alunos da unidade de ensino são provenientes principalmente, dos bairros
Industrial (Viana), Marcílio de Noronha (Viana), Operário (Cariacica), e outros
bairros do município de Cariacica.


O bairro Industrial, onde a escola está localizada, é um bairro carente e de uma
infra-estrutura precária (somente a rua principal possui saneamento básico e
algumas ruas asfaltadas, possuem iluminação pública e água encanada). Os
tipos de serviços oferecidos aos moradores são atendimento à saúde na
Unidade de Saúde localizada ao lado da escola, coleta de lixo realizado uma
vez por semana. A EMEF “Dr. Denizart Santos utiliza apenas os serviços
oferecidos pela unidade de saúde, na prevenção de doenças e atendimento
aos alunos.


A turma de alunos escolhidos para aplicação desse trabalho é formada por
adolescentes com idades entre 13 e 15 anos. Os alunos se mostraram
interessados na proposta, demonstrando até um “velho” romantismo em
15



adquirir conhecimentos novos que surgem no dia-a-dia de suas vidas, “típicos
dessa faixa etária”.


Esses alunos da 7º série do ensino fundamental da “EMEF Denizart Santos” já
criaram certa independência na sua vida escolar e social, por isso a escolha
dessa turma para a aplicação do trabalho, devido à fácil aceitação deles à
proposta de alcançar as conclusões a partir, também, da sua liberdade
individual de percepção do meio em que vivem o que seria de suma
importância.


Alguns alunos, mesmo não tendo acesso financeiro que possibilite a aquisição
das tecnologias necessárias para realização da atividade prática, não se
demonstraram preocupados ao serem informados do uso desses aparelhos,
como câmeras digitais, computadores e impressoras, o que demonstra total
aceitabilidade as tendências de um mundo globalizado e informatizado no qual
cresceram e do qual têm conhecimento.




 Fotografia 1 – Laboratório de informática. “EMEF Denizart Santos”. Fotografia: Graziani Gatti.
16



A “EMEF Denizart Santos” possui fazendo parte de suas dependências um
laboratório de informática, com 20 computadores e um monitor que fica a
disposição para auxiliar os professores e alunos. Esse foi de suma importância
para realização dos objetivos alçados pelo trabalho. Alguns alunos utilizaram
do laboratório para redigir à análise dos conceitos e das fotografias, que se
caracterizava como resultado final desse trabalho.
17




3 A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS.


Os conceitos geográficos ou categorias geográficas constituem-se como
importante instrumento de aprendizagem para educadores na ciência
geográfica, para que eles possam compreender a realidade humana e suas
transformações.


As categorias estudadas a partir do espaço geográfico são território, lugar e
paisagem. Elas também representam a base inicial para adquirir o
conhecimento de outras categorias geográficas. É importante ressaltar que os
conceitos geográficos não sejam abordados sem associação com a realidade
do aluno. Os alunos possuem idéias e conhecimentos sobre o espaço em que
vivem, sobre outros lugares e a relação entre eles.


Os alunos trazem consigo diversas informações e idéias sobre o meio em que
estão inseridos e sobre o mundo. Eles têm também acesso ao conhecimento
produzido pela escola e nas relações escolares, familiares e de amizade e,
além disso, há as informações veiculadas por meios de comunicação sobre o
espaço geográfico e suas categorias. Dessa forma, entende-se que a
introdução dos conceitos geográficos, aliados aos conhecimentos dos alunos,
potencializa a possibilidade do conteúdo estudado.


Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999) também ressaltam a importância
dos conceitos e explica-os como sendo:


                     “[...] a representação das características gerais de cada objeto pelo
                     pensamento. Conceituar significa ação de formular uma idéia que
                     permita, por meio de palavras, estabelecerem uma definição, uma
                     caracterização do objeto a ser conceituado. Tal condição implica
                     reconhecer que um objeto não é real em si, e sim uma representação
                     desse real, construída por meio do intelecto humano”. (PCN, 1999,
                     pag. 24)
18



Assim, devemos considerar ainda que uma consequência importante do ensino
de conceitos é que o educador pode formular seus próprios conceitos através
de sua realidade e isso possibilita solucionar novos problemas, com a
compreensão de situações novas (pois os conceitos estão em constante
construção), em Geografia ou em sua realidade e suas explicações possíveis,
a partir da aprendizagem de idéias gerais, que possibilitará ao educando um
grau de independência em relação ao professor e em especial usar o
conhecimento como instrumento de ação na sociedade. A conseqüência de
todo o processo é o adquirir do saber geográfico: “Um instrumento de ação
popular poderoso como o saber geográfico não pode mais continuar usurpado.”
(MOREIRA, 1982, p.9).




3.1 Breve introdução epistemológica aos conceitos geográficos


A Geografia foi definida por diferentes correntes do pensamento geográfico e,
durante toda a metade do século XIX e a primeira do século XX, girou em torno
de suas matrizes a escola francesa e a alemã, nas quais o espaço está
implícito.


Segundo Moreira (1982), La Blache definiu a Geografia como o “estudo dos
lugares”; Hitter como “estudo das diferenciações de áreas”; e Cal Sauer como
“estudo das paisagens”. Pierre George, antes do rompimento marxista em
1956, definiu como sendo Geografia o “estudo da organização do espaço pelo
homem” (MOREIRA, 1982, p.40). Cabe, então, ressaltar que as categorias
(espaço, território, paisagem e lugar) de estudo sempre estiveram presentes
para definir o que é Geografia.


Como o nosso objetivo de estudo não é fazer uma análise das definições do
espaço e nem da evolução do pensamento geográfico durante os séculos de
sua existência como ciência, utilizamos dos autores Milton Santos e Claude
Raffestin os conceitos geográficos para desenvolvimento do trabalho proposto.
19



Como vimos, a palavra espaço é utilizada em diferentes circunstâncias e
formas. Em função disso, é utilizada por diversas ciências. Astrônomos,
filósofos, matemáticos, psicólogos, antropólogos, economistas, sociólogos
entre outros, utilizam-se das expressões, como “espaço sideral”, “espaço
topológico”, “espaço econômico”, “espaço temporal”, “espaço social”, e
diversas outras.


Nossa intenção é conceituar e mostrar a importância do espaço, no qual o
homem vive e transforma. O ser humano também interage com o espaço
geográfico e integra-o. De acordo com a forma como a sociedade vai se
relacionando com o espaço e modificando-o – e com o aumento da
modificação –, o espaço geográfico torna-se mais extenso, podendo ser
analisado em escala global, continental, regional, de uma cidade, bairro, rua,
casa, ou de uma escola e seu entorno. O espaço geográfico é concebido como
lugar da reprodução das relações sociais de produção, ou seja, reprodução da
sociedade. É onde as trocas de relação entre espaço e sociedade constituem-
se. A sociedade só se torna concreta através de seu espaço, do espaço que
ela produz. Por outro lado, o espaço só é entendido por meio da sociedade.
Assim, não podemos falar em espaço e sociedade de forma separada.


Partindo dessas breves considerações, passemos ao conceito de espaço que
se constitui como “[...] um misto, um híbrido, um composto de formas e
conteúdo” (SANTOS, 2002, p.), assim sendo o mais abrangente e o mais
abstrato. Santos, também expressa o conceito de espaço geográfico, como
sendo “um sistema de objetos e um sistema de ações” que:


                     “[...] é formado por um conjunto indissociável, solidário e também
                     contraditório, de sistemas de objetos e de ações, não considerado
                     isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá.
                     No começo era natureza selvagem, formada por objetos naturais que
                     ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados,
                     objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com
                     que a natureza artificial tenda a funcionar com uma máquina”.
                     (SANTOS, 2002, p. 63)


Assim, podemos observar que na concepção de espaço geográfico está
contida a expressão das diferentes categorias: território, paisagem e lugar. Os
20



conceitos acadêmicos de espaço geográfico e as categorias trabalhadas
remetem a importância desses serem abordados e entendidos de uma maneira
didática, pois esses são algumas vezes aplicados e estudados de forma
complicada, fora do cotidiano dos alunos.


Os conceitos acadêmicos e os respectivos autores Milton Santos (espaço,
paisagem e lugar) e Jean Claude Raffestin (território) foram escolhidos para
serem trabalhados, pois esses propõem uma conceituação proveitosa, tanto
para a proposta do trabalho, quanto para a aprendizagem do aluno. Outros
autores e conceitos poderiam ser abordados, mas para o trabalho acreditamos
que esses, melhor representam e auxiliam na proposta de formação de
conceitos a partir do espaço vivido. A abordagem de vários conceitos de
espaço geográfico, e das diferentes categorias estudadas poderia constituir
também, como um problema no processo de ensino – aprendizagem, pois os
alunos poderiam ter maior dificuldade na formulação dos conceitos e suas
definições, durante o processo de aplicação da proposta do trabalho.
21



4 OS ASPECTOS TEÓRICOS DAS CATEGORIAS ESPACIAIS E
SUA APLICAÇÃO DIDÁTICA EM SALA DE AULA.


O livro adotado pela escola e utilizado pela turma da 7ª série do ensino
fundamental como recurso didático, é o livro da editora Moderna, Projeto
Araribá, esse não aborda o tema de forma satisfatória para ser utilizado na
aplicação do projeto. Dessa forma, um material complementar mostrando os
conceitos que iríamos trabalhar e descrição das etapas de aplicação do projeto
foi elaborado para que unido ao conhecimento do aluno, nos auxiliaria na
execução do mesmo. (ANEXO A)


Após os alunos lerem o material complementar produzido pelos aplicadores
começamos a questioná-los sobre seu conhecimento a respeito do tema
espaço geográfico, em nossa primeira aula expositiva. Ouviram-se muitas
respostas como:


– “É o nosso planeta!”
– “É onde nos moramos e vivemos!”
– “O meio-ambiente, a natureza!”


Dificilmente ouviríamos respostas como estas abaixo, pois esse seria nosso
objetivo, o de despertar a compreensão mais aprofundada sobre o assunto:


O espaço geográfico é o palco das realizações humanas, no entanto, abriga
todas as partes do planeta passíveis de serem analisadas, catalogadas e
classificadas   pelas    inúmeras   especialidades   da    ciência   geográfica.
(http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/espaco-geografico.htm)


O espaço geográfico é aquele que foi modificado pelo homem ao longo da
história. Que contém um passado histórico e foi transformado pela organização
social, técnica e econômica daqueles que habitaram ou habitam os diferentes
lugares (“o espaço geográfico é o palco das realizações humanas”).
(http://www.infoescola.com/geografia/espaco-geografico/)
22



Na primeira parte da aplicação de nosso projeto, ministramos uma aula
expositiva e dialogada, e uma sondagem com a turma para aceitação ou não
da nossa proposta e aplicabilidade do trabalho. Conceituamos apenas o
espaço geográfico, que seria o foco principal do estudo desse projeto. Pediu-se
para que, ao final da aula, cada aluno escrevesse sobre o que teria entendido
nessa primeira aula e o que sabia do tema.


Os alunos foram informados sobre o cronograma das aulas que seriam
ministradas e sempre, ao final de cada aula, eles deveriam escrever um pouco
sobre o entendimento adquirido a partir das explicações expositivas dialogadas
de cada categoria. No cronograma foi incluída uma aula de campo e a entrega
dos trabalhos finais (sete dias após aula de campo). (ANEXO B).


Esclarecemos as dúvidas em relação ao material necessário para o trabalho
prático. Como já esperávamos, nem todos tinham câmera digital ou celulares
com essa função, computador e impressora colorida, que se faziam
necessários à execução do trabalho prático. Combinados com os alunos que
colocaríamos estes materiais a disposição para ajudar quem solicitasse, assim
como a escola também colaboraria com o que fosse possível.




4.1 Paisagem


O conceito mais simples de paisagem, como sendo um espaço alcançado pela
visão, bastante usual no senso comum, não dá conta da complexidade que o
termo abrange. Mesmo sendo a visão o principal sentido com o qual se
observa o real, outros sentidos também compreendem o processo de
identificação da paisagem, com a audição, o tato, o olfato. Santos define
paisagem, como:
                     “Tudo aquilo que nós vemos, o que a visão alcança, é a paisagem.
                     Esta pode ser definida como o domínio visível, aquilo que a vista
                     abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores,
                     movimentos, odores e sons etc”. (SANTOS, 1988, p. 61)
23



A paisagem como realidade pode ser representada visivelmente, para alguns,
por uma fotografia. Como um momento temporal da dinâmica espacial, ela
retrata um determinado espaço em um determinado momento.


A paisagem modifica-se de acordo com a nossa mudança de localização, ou do
nosso ângulo de visão e sua escala pode aumentar ou diminuir. Santos aborda
que, além da localização e do ângulo de visão, outro fator de grande
importância para análise da paisagem é a percepção, como “A dimensão da
paisagem é a dimensão da percepção, o que chega aos sentidos”. E continua:

                     “A percepção é sempre um processo seletivo de apreensão. Se a
                     realidade é apenas uma, cada pessoa a vê de forma diferenciada:
                     dessa forma, a visão pelo homem das coisas materiais é sempre
                     deformada. Nossa tarefa é de ultrapassar a paisagem com aspecto,
                     para chegar ao seu significado”. (SANTOS, 1988, p .62)


A paisagem também pode ser formada através do acúmulo de eventos ou de
eventos passados, uma vez que a sociedade é fator transformador dela,
através de atividades produtivas. A paisagem resulta da vida e das relações
das pessoas, das forças produtivas, adicionado da transformação da natureza,
podendo ser essa de forma lenta ou rápida.


O homem tem cada vez mais humanizado a paisagem, modificando a natureza,
ou seja, criando a paisagem artificial. Santos (1988), também faz a distinção
entre paisagem natural e artificial,como sendo:


                     “A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem,
                     enquanto grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é
                     aquela ainda não mudada pelo esforço humano. Se no passado havia
                     a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente
                     não existe mais”. (SANTOS, 1988, p. 62)


4.1.1 Trabalhando o conceito em sala


Após o entendimento preliminar dos alunos sobre a proposta de trabalho na
primeira aula conceitual, e a satisfação ao diagnosticar a possibilidade de
avançar para a próxima etapa, iniciamos a parte conceitual sobre as categorias
24



espaciais a serem estudadas, que serão os temas para o trabalho prático.
Paisagem foi à primeira categoria a ser conceituada.


Na aula sobre paisagem, começamos utilizando o conhecimento espacial que
já era familiar para os alunos. Questionando sobre seu trajeto casa – escola e
escola – casa. Nesses caminhos que percorremos diariamente, sempre somos
levados a observar objetos do espaço que nos chamam a atenção, ou por ser
tão familiar a nossa visão nem os notamos mais, então muitos detalhes
passam despercebidos.


Motivamos os alunos, propondo situações como:


   i    Aquela casa pela qual você passa em frente todo dia está igual à ontem,
        ou modificaram sua estrutura, ou pintaram sua fachada, e você nem
        percebeu?
   ii   Aquela árvore de tantos anos, que é tão familiar no seu caminho, se for
        cortada, você perceberá e sentirá um vazio na observação visual que
        pratica diariamente no seu caminho?


Questões como estas foram expostas aos alunos para chegarem à conclusão
de que paisagem seria tudo que os olhos vêem nesse caminho, já que
estaríamos trabalhando a questão do seu espaço vivido. Todos os objetos ali
contidos faziam parte dessa categoria, sejam eles naturais ou artificiais,
bastava somente a sua percepção.


Paisagem, para muitos alunos, era apenas o que se contemplava de forma
agradável aos olhos e o que apreciamos pela visão e sentidos. Mas, não só de
beleza ou de natureza se faz uma paisagem. Vimos que nela estão inseridos
elementos naturais como a árvore, que foi usada como exemplo, e também
elementos construídos pelo homem, como as casas. Então, fez-se necessário
um entendimento da paisagem como um todo, ou seja, tudo que nós
observamos: morros, vegetações, prédios grandes e pequenos, pontes – tudo
isso se faz presente nesta categoria. Todavia, temos que a dividir em duas: as
25



naturais e as artificiais. Dessa forma, pediu-se para que cada estudante fizesse
seu trabalho sobre paisagem, evidenciando qual paisagem ele pretendia
representar em sua foto e em seu texto, bem como a sua importância e como a
reconheceu a partir de seu olhar, ou seja, de sua percepção.




4.2 Território




O conceito de território refere-se a uma área delimitada sob a posse de um
animal, de uma pessoa ou mais, de uma organização ou de uma instituição.
Sendo o termo tão abrangente, ele acaba por ser usado em diversas ciências:
nas ciências políticas e sociais (refere-se ao estado nação, por exemplo), na
biologia (área de vivência de uma espécie animal) e na sociologia, psicologia,
para explicar as ações de animais ou indivíduos para defesa de um espaço
(por exemplo). Há vários outros sentidos para a palavra território, mas todas as
ciências compartilham da idéia da apropriação-dominação de uma parcela
geográfica por um indivíduo ou mais, onde esses exercem seu poder.


Na Geografia, temos na obra Por uma Geografia do Poder, de Raffestin (1980)
uma importante referência para construção do conceito de território, sendo:

                    “O território é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia
                   ou informação, e que, por conseqüência , revela relações marcadas
                   pelo poder. [...], o território é a prisão que o homem constrói para si”.
                   (RAFFESTIN, 1980, p.144)




Tomando esse conceito como referência, identificamos que toda a relação de
poder exercida por um ou mais indivíduos em determinado espaço, produz o
território. A intensidade e a forma de se exercer poder nas diferentes
dimensões do espaço originam diferentes tipos de território. O espaço constitui-
se como condição para a existência da matéria e, quando ela é modificada pelo
homem, o espaço torna- se território, a partir da ação humana.
26



Assim, um termo que não podemos deixar de abordar quando nos referimos a
território, é a totalidade das relações existentes neste, ou seja, a noção de
territorialidade. Segundo Raffestin:

                    “[...] a territorialidade assume valor bem particular, pois reflete o
                    multidimensionamento do “vivido” territorial pelos membros de uma
                    coletividade, pela sociedade geral. Os homens vivem ao mesmo tempo
                    o processo territorial por intermédio de um sistema de relações
                    existenciais e/ou produtivas.” (RAFFESTIN, 1980, pg.158).



Portanto,   os   indivíduos   que   vivem     e   produzem      o   espaço     acabam
desenvolvendo uma identidade com esse território. O território é concreto, mas
ao mesmo tempo flexível, dinâmico e contraditório, por isso ele gera tanta
discussão em torno do seu conceito e de suas ramificações: ele é repleto de
possibilidades, que acontecem quando colocadas em prática no próprio
território. O território é a produção do ser humano a partir dos recursos naturais
ou artificiais. O mais importante dos recursos para a formação de território é o
espaço, ao mesmo tempo, em que o território utiliza-se do espaço ele também
o reestrutura.




4.2.1 Trabalhando o conceito em sala.



Tendo em vista a complexidade dos conceitos acadêmicos por nós utilizados e
a certeza de dificuldades no entendimento desses, por parte dos estudantes,
fomos levados a trabalhar tais conceituações e passá-los de forma mais
compreensível, possibilitando aos estudantes uma melhor assimilação de
acordo com sua capacidade cognitiva, utilizando novamente exemplificações e
seguindo a percepção de cada aluno.


Como exemplificação de território, começamos com uma escala menor, que
envolvia primeiramente a sala de aula e as relações de poder exercidas entre o
professor e os alunos. A sala, em pequena escala, compunha um espaço no
qual essa relação de poder (manifestada nessa porção do espaço), está
presente, tendo como autoridade máxima o professor. Assim, iniciamos a aula
27



mostrando que aquele espaço pequeno tratava-se de território, de acordo com
nossos referenciais.


Passando para uma escala um pouco maior, exemplificamos o território
escolar, ou seja, toda escola e as relações de poder exercidas dentro da
mesma. A escola constitui uma rede de comandos bastante hierarquizados. De
forma simples para compreensão, o caso da direção que constitui o poder
máximo, chegando novamente aos alunos, que constituem o cargo de
comandados nessa hierarquia.


Então, aos poucos fomos dando imaginação e abstração prévia dessa
categoria, até chegarmos aos limites municipais, estaduais e nacionais. No
caso, houve fácil compreensão a partir desses exemplos, bastantes comuns na
disciplina de Geografia. Também destacamos um bom exemplo: os limites
próximos a escola, já que o bairro ao qual ela está inserida (Bairro Industrial,
em Viana) faz divisa com um bairro de outro município (Bairro Operário, em
Cariacica), para que, indiretamente, esse espaço vivido fosse observado por
eles na aula de campo, como exemplo de território.


Alcançamos a conclusão dessa categoria, como local onde as fronteiras
servem para que as relações de poder sejam estabelecidas. As fronteiras do
Brasil e de outros países e as relações de poder exercidas dentro delas foram
usadas como exemplo, não sendo de grande dificuldade para o entendimento
dos alunos. Por isso, consideramos satisfatória – e de ótima compreensão – a
conceituação didática de território, a partir dos conceitos acadêmicos.




4.3 Lugar



O   lugar atualmente     na   geografia   é um     conceito fundamental    para
aprendizagem dos educandos e da própria disciplina, e deve ser analisado de
forma abrangente.
28




Ao conceituar o lugar, ainda segundo Santos, remete-nos a mais uma análise
geográfica, a de existência, “pois se refere a um tratamento geográfico do
mundo vivido” (SANTOS, 2002). Assim, Santos, tenta nos alertar a
compreender o lugar através de nossas necessidades existenciais quais elas
sejam, localização, posição, mobilidade, escala, interação-integração com o
objeto e/ou com as pessoas. Essa perspectiva leva-nos a pensar nossa
existência material corpórea e, a partir dela, o nosso estar no mundo, no caso,
a partir do lugar, como espaço de existência e coexistência.



Estudando o lugar na perspectiva de mundo vivido, fazem com que nós
sejamos remetidos as outras dimensões do espaço geográfico, conforme se
refere Santos, (2002), quais sejam os objetos, as ações, a técnica e o tempo.




Panoramicamente Santos refere-se ao lugar, citando:

                    “No lugar, no nosso próximo, se superpõe, dialeticamente, ao eixo das
                    sucessões, que transmite os tempos externo das escalas superiores e
                    o eixo dos tempos internos, que é eixo das coexistências, onde tudo se
                    funde, enlaçando definitivamente, as noções de realidades de espaço e
                    tempo”. (SANTOS, 2002, p.322)



Com a citação de Santos, podemos deduzir que o lugar é representação da
dinâmica entre o espaço e o tempo do mundo atual, onde a vida se constitui, e
as relações produtivas e afetivas humanas acontecem.


Santos, continua citando:



                    “No lugar – um cotidiano compartilhado entre as mais diversas
                    pessoas, firmas e instituições – cooperação e conflito são base da vida
                    comum. Porque cada um exerce ação própria, a vida social se
                    individualiza [...]. O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao
                    mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações
                    condicionadas, mas também o teatro insubstituível das paixões
                    humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais
                    diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade.”
                    (SANTOS, 2002, p.322)
29



Trata-se de uma citação que nos remete a reflexão da nossa relação com
mundo. Para Santos (2002), esta relação era local-local, mas agora é uma
relação local-global, ou seja, ela está relacionada aos diversos envolvimentos
com o mundo. A partir dessa citação, podemos desenvolver a visão de mundo
vivido local-global e, justificar a importância do conceito de lugar no contexto
atual da geografia escolar.


4.3.1 Trabalhando os conceitos em sala.


Inicialmente, antes de inserirmos o conceito de lugar foi perguntado aos alunos
o que estes entendiam por lugar. Contendo o alvoroço inicial para que estes
respondessem a questão, surgiram as primeiras respostas.

– “Lugar é minha casa.”

– “Lugar é para onde eu saio.”

– “Lugar é minha cama.”




Houve outras respostas que envolviam os lugares preferidos que os alunos
gostam de sair para diversão , passear ou namorar. E foram citados até mesmo
lugares para pensar e descansar ou ficar quando estão tristes (geralmente
seus quartos em suas casas).

Percebemos que o lugar é um espaço relacional, pois nele se desenvolvem as
relações afetivas, familiares e de amizade entre os homens. Após ouvir todas
as observações, as respostas e os debates, percebemos que, mesmo sem
saber, os alunos não estão tão muito distantes do conceito de lugar, proposto
por Milton Santos.

Após análise do conceito, juntamente com exemplos que envolviam as
localidades próximas a escola num processo conjunto (entre educador e
educando), foi perguntado novamente o que os alunos entediam por lugar.
Foram obtidas respostas mais satisfatórias, como:
30



– “A escola é um lugar dentro do espaço.”

– “No nosso bairro, a lugares parecidos com outros no mundo”.

– “Um lugar muda de forma com o tempo.”

– “O espaço então é formado de vários lugares”.


Assim, a propostas de estudar o lugar numa perspectiva de mundo vivido,
possibilita um melhor entendimento e orientação do aluno sobre o conceito de
lugar. O conceito de lugar que no início parecia ser o mais confuso para alguns
alunos, a partir da aula teórica junto aos exemplos concretos utilizados durante
a aula, mostrou-se mais uma categoria em que eles conseguiram alcançar o
entendimento, também, a partir do conhecimento do seu espaço vivido.
31



5 PRATICANDO OS CONCEITOS – O CAMPO E A
FOTOGRAFIA.


5.1 A importância do campo.


A aula de campo aparece como um recurso importante para se compreender
de forma mais ampla a relação existente entre o espaço vivido e os conteúdos
estudados em sala de aula, fazendo com que os alunos possam ter um melhor
aproveitamento. A percepção e o contato com a realidade dará ao aluno uma
nova dimensão dos assuntos tratados nas aulas. A visão de mundo do aluno é
unificada ao processo de aprendizagem, que está associado a uma leitura
crítica da realidade e ao estabelecimento da relação entre a teoria e prática.



O estudo do espaço geográfico e suas categorias (paisagem, território e lugar)
implicam não só estudo teórico, mas também a necessidade de observar,
identificar, reconhecer, localizar, perceber, compreender e analisar este espaço
e categorias, por meio do trabalho de campo. Como recurso didático, a aula de
campo é de suma importância, porque oferece recursos que devem ser levados
em conta no processo ensino-aprendizagem como uma das técnicas
pedagógicas mais acessíveis e eficazes ao professor.


Os conceitos acadêmicos conjugados com a prática de campo constituem-se
como instrumento importante em todas as disciplinas, podendo despertar o
interesse dos alunos e propiciar resultados significativos, se o recurso for
utilizado de forma correta. Esse recurso mostrou-se proveitoso a aplicação da
idéia de aproveitar o conhecimento que o aluno possuía do seu espaço vivido.
Assim, não há motivos para não utilizarmos da aula de campo para a
aprendizagem dos conceitos teóricos de espaço geográfico e suas categorias.


O aluno só terá maior entendimento e formulará melhor seus conceitos, através
do espaço vivido, se este observar na prática de campo o que foi estudado em
sala de aula. Tomita (1999) também escreve sobre o trabalho de campo como
instrumento de ensino em Geografia, e como método de leitura do espaço:
32



                    “Dentre várias técnicas utilizadas no ensino de Geografia, considera-se
                    trabalho de campo, uma atividade de grande importância para a
                    compreensão e leitura do espaço, possibilitando o estreitamento da
                    relação entre a teoria e a prática”. (Tomita,1999,p.13)


Para eficácia da aula de campo devemos sistematizá-la, criando um método
que orientará o objetivo do estudo. O professor deve primeiramente, orientar os
alunos da prática e abordar os assuntos em sala de aula que serão
correlacionados ao campo para possibilitar melhor entendimento, ou seja, um
planejamento do campo, com roteiro, com horário de saída e chegada,
cuidados e outras orientações cabíveis. O segundo momento é a própria aula
de campo, onde os alunos farão os registros fotográficos e escritos sobre os
objetos de estudo (espaço geográfico e demais categorias estudadas). De
forma direta no campo, deve-se observar, localizar, registrar, delimitar,
correlacionar e explicar os conteúdos estudados. A última tarefa do
procedimento é o trabalho pós-campo, os registros serão organizados para a
produção do trabalho final que os alunos farão, e que serão expostos na escola
com as conclusões obtidas, para socialização, proporcionando, assim o
alcance do objetivo pretendido pelo trabalho.




5.1.1 Descrição do campo.


Terminada a apresentação conceitual ministrada nas aulas expositivas,
iniciamos a última etapa do trabalho, a aula de campo. Como observamos na
figura abaixo, ficamos nos limites do próprio bairro onde se situa a escola:
33




Figura 2 – Foto aérea da região de aplicação do trabalho e descrição do caminho percorrido na
aula de campo. (Imagem Google Earth – Acesso EM 23/05/2010)


Nesse método de ensino existem algumas orientações que devem ser dadas
previamente aos alunos e a direção da escola, bem como esta será
responsável por qualquer acontecimento “desastroso” que possa ocorrer aos
alunos fora dos limites da escola.


Embora a turma escolhida para a realização do trabalho seja formada por
alunos que demonstram comprometimento e responsabilidade para situações
como essa, pedimos previamente a permissão da direção da escola para a
aplicação da aula. A direção deu suporte e confiança para a realização do
trabalho, pois a diretoria tomaria as atitudes cabíveis aos alunos que tivessem
comportamentos errados ao propósito da aula, o que não ocorreu.
34



Saímos da escola após o recreio, que se encerra no horário de 15:50 e
ficaríamos o período das duas últimas aulas nessa prática, esse período se
encerra as 17:30, mas chegamos a escola às 17:15 para recomposição dos
alunos que queriam lavar os pés, beber água e pegar seus materiais que
ficaram na escola.


Instruímos os alunos, há levarem água ou beberem uma quantidade satisfatória
durante o recreio, e que se alimentassem o suficiente para não termos
problemas em relação á isso, já que o percurso estava nas proximidades e não
era uma distância exagerada a ser percorrida. E todos não deveriam tomar a
dianteira em relação aos aplicadores, durante o percurso de campo, pois nós
que éramos os guias do percurso. Mas nas paradas e em locais de inexistência
de tráfego de automóveis, e outros fatores que poderiam trazer insegurança
aos alunos, eles tiveram mais liberdade para ficarem livres nas observações.


Muitos se mostraram bastante entusiasmados com o percurso e comportavam-
se como guias ao nosso lado, outros sequer conheciam o caminho e não se
mostraram tão empolgados como os outros. De certa forma, no entanto, todos
estavam gostando da mudança de local de aprendizagem.


Todos estavam em constante ajuda aos colegas que não possuíam os
aparelhos para registro das imagens (câmera fotográfica), embora fosse
minoria e já tínhamos combinados sobre esse auxílio.


Tivemos a presença de um aluno especial que faz parte da turma e nos
acompanhou sem criar nenhum tipo de preocupação. Não houve dispersão da
turma que eram sempre guiados pelos aplicadores e instruídos a estarem
sempre próximos uns aos outros.


Fizemos o percurso, estabelecendo breves paradas para observação. Os
alunos   tiveram     liberdade   para   registrarem   o   que   haviam   aprendido
conceitualmente nas aulas expositivas dialogadas. Nos momentos de
35



observação e registros, foram realizadas retomadas sobre os assuntos
estudados em sala, reforçando os conceitos trabalhados.


O ponto mais importante para observação de paisagens, tanto naturais, quanto
artificiais, foi o alto de um morro, onde existe uma espécie de pasto na própria
rua da escola, mas já afastado da área residencial. Para acesso a esse morro,
passamos por uma trilha, bem próxima a uma lagoa com muita vegetação em
seu entorno. Essa parte foi de bastante emoção para muitos alunos, que
tiveram que auxiliar uns aos outros nessa travessia. Sempre com muita alegria,
fotografavam uns aos outros e o que estavam observando neste momento,
sendo orientado a fotografar tudo o que lhe chamasse a atenção.


Fizemos uma breve parada no alto desse morro, em que várias formas de
relevo poderiam ser vistas, assim como as vegetações naturais, e também
vários bairros de Viana e Cariacica. Portanto, nessa parada, os alunos tiveram
maior liberdade e mais tempo, pois todas as categorias estudadas poderiam
ser observadas a partir daquele ponto.


Os alunos puderam compreender na prática, os conceitos aplicados em sala de
aula. Ocorreu a observação da paisagem, ponto fixo no qual a vida não
participa; lugar, porque dali observa-se seus bairros, suas residências e lugares
que estes freqüentavam. O território, também, pode ser notado, pois estamos
diante de dois municípios (Viana-Cariacica), bem como os limites entre eles.
Então, este ponto alto localizado no bairro de Viana foi de suma importância
para aula e para o alcance dos objetivos das propostas do trabalho.


Saindo dessa parte mais isolada do bairro e atravessando uma cerca de arame
não prevista na rota, entramos na parte residencial e alta do bairro. Ali os
alunos já se sentiam mais familiarizados com o percurso, apontavam lugares
frequentados por eles e residências conhecidas, o que seria uma ótima
oportunidade para relembrarmos o conceito de lugar, sobre o qual, até o
momento, não se tinham ouvidos muitos comentários.
36



Foram realizadas algumas sondagens pelos lugares que passávamos, por
exemplo, o campinho de futebol pelo qual passamos perto. Fomos levados a
perguntar quem frequentava aquela parte do bairro, para saber se alguém
possuía relações afetivas com aquela parte do bairro (poderia ser utilizado por
algum aluno como exemplo de lugar).


Descendo para a parte baixa do bairro e indo ao último ponto de parada que
seria a ponte que separa o bairro Industrial, em Viana (onde a aula estava
sendo realizada), do bairro Operário, município de Cariacica. Essa ponte fica
sobre o Rio Formate divisor desses municípios (poderia ser utilizado por algum
aluno como exemplo de território).


Estaríamos ali terminando nosso percurso e passando por todas as categorias
estudadas em sala, no próprio bairro da escola e no espaço vivido pelos
alunos.




    Fotografia 2 – Subida da parte mais alta na aula de campo. Parada onde todas as
    categorias espaciais poderiam ser vistas. Bairro Industrial, Viana, ES.
     Foto: Graziani Gatti.
37




Fotografia: 3 – Área com maior quantidade de residências do bairro Industrial. Boas
opções para fotografar a categoria Lugar. Foto: Graziani Gatti.




Fotografia 4 – Alto do morro onde poderiam ser vistas todas as categorias espaciais
conceituadas em sala. Fotografia: Graziani Gatti.
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5.2 Por que a fotografia?


Representar o espaço geográfico como algo concreto após o conhecimento
teórico do assunto, poderia se expressar em diversas linguagens, mas
escolhemos a fotografia. São inúmeras as possibilidades de representação
desse espaço pelos estudantes, de forma bastante didática e lúdica. No
entanto, a representação a partir da fotografia favorece ao entendimento
espacial de cada aluno articulado com sua realidade. Embora também haja
uma carga subjetiva, por expressar o ponto de vista de cada um, a fotografia
mostra-se o método que mais se aproxima do real. Eustáquio e Moreira (2002)
apóiam o uso da fotografia como forma de demonstrar o espaço, partindo do
olhar do observador, e de bem representá-lo:


                     “A fotografia, [...] é uma reprodução mais fiel da realidade. Já um
                     desenho, uma caricatura, uma pintura, por ser uma recriação livre,
                     geralmente se distanciam mais do objetivo concreto, palpável, e
                     mostram a realidade como seu criador a sente, vê ou imagina”.
                     (Eustáquio e Moreira, 2002, p.20)


Esse método foi utilizado como forma livre de interpretação espacial, pelos
alunos, em que todos teriam a liberdade de utilizar o recurso para a obtenção
daquilo que sua percepção julgava estar certo, a partir do seu entendimento
conceitual, e que veríamos o resultado após a conclusão do seu trabalho.


5.3 A Exposição na Escola.



Para que enriquecesse a didática do nosso projeto, fizemos uma exposição dos
trabalhos dentro da escola, para que todos tivessem acesso aos resultados.
Essa etapa foi de grande satisfação para nós aplicadores, pois foi recebida
com grande entusiasmo por parte de todos.

A direção pediu para levarmos os demais alunos da escola para que fosse
explicado a todos o sentido daquela exposição. Alguns alunos que fizeram
parte do projeto, auxiliando nesse processo como monitores, cumprindo mais
39



uma etapa, que nem estava nos planos, mas foi de enorme prazer para nós
aplicadores.

Como podemos observar nas fotografias da exposição abaixo, demos o titulo
de “Percepções do Espaço Geográfico”, para que todos tivessem uma leitura
mais didática da exposição dos trabalhos. Os trabalhos foram expostos no
corredor da escola, com materiais simples como o titulo feito em um cartaz, e
as fotografias afixadas em um varal de barbante, com pregadores de roupa.

Essa foi à forma mais acessível e didática para visualização dos resultados do
projeto, de todos da escola, devido às características físicas do prédio escolar
e os materiais disponíveis no momento.




Fotografia 5 – Exposição dos trabalhos na EMEF Denizart Santos. Fotografia: Graziani Gatti.
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 Fotografia 6 – Exposição dos trabalhos na EMEF Denizart Santos. Fotografia: Graziani Gatti.

5.4 Análise das Fotografias e dos Trabalhos. .
41



6 ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS E DOS TRABALHOS.

Após entrega dos trabalhos feitos pelos alunos depois da aula de campo,
conforme partes integrantes da nossa proposta foram analisados três
trabalhos, com fotografias e categorias espaciais diferentes:



LUGAR
                                         “O lugar faz parte do espaço
                                         geográfico, na aula que nós tivemos no
                                         bairro, reconheci este campinho como
                                         lugar, onde eu jogo bola e brinco com
                                         meus amigos quase todos os dias.
                                         Então é muito importante para mim.”
                                         (Aluno A)


FOTOGRAFIA 7 – ALUNO.




TERRITÓRIO


                                            “A foto dessa ponte representa a divisão
                                            entre dois municípios, todos os dias
                                            atravesso essa ponte para ir à escola,
                                            por que moro em Cariacica e estudo em
                                            Viana. E nesses dois territórios, também
                                            tem poderes de comando diferente, pois
                                            são prefeitos diferentes para cada
                                            município.” (Aluno B)

FOTOGRAFIA 8 – ALUNO.
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PAISAGEM



                                       “Nessa foto de paisagem consigo ver
                                       vários elementos diferentes, paisagem
                                       natural como morros e artificiais como
                                       construção que nos vemos também. A
                                       importância dessa paisagem pra mim é
                                       que da pra ver todo meu bairro, as casas,
                                       vegetação e montanhas.” (Aluno C)


FOTOGRAFIA 9 – ALUNO



Com a utilização de fotos, produzidas pelos alunos em seu espaço vivido e
aplicação dos conceitos científicos (material cientifico pedagógico), levando em
consideração o conhecimento prévio dos alunos como método de ensino-
aprendizagem, obtivemos resultados positivos. Os alunos, em seus textos do
trabalho final, expuseram os conceitos que foram elaborados por eles.


Os alunos sentiram-se integrantes do processo de formação do espaço e de
suas categorias e compreenderam que podem intervir em sua organização.


O método acadêmico proposto busca construir os conceitos científicos de
espaço e de suas categorias (lugar, território e paisagem), no pensamento
estudantil, partindo da realidade em que os alunos estão inseridos,
aprimorando e transformando esse conhecimento autoconstruído.


Percebeu-se que os alunos tornaram-se capazes de construir textos e finalizar
o trabalho a partir das imagens, associando-as e relacionando-as com os
conceitos geográficos acadêmicos e aqueles presentes em seu cotidiano.


Avaliando as amostras selecionadas foi possível apurar que os alunos
reconheceram, por meio da análise do espaço onde eles vivem e frequentam,
um conjunto de habilidades. Entre elas o desenvolvimento da percepção
geográfica, que notamos ao avaliar as amostras selecionadas.
43



7 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Após a realização desse trabalho, podemos observar que a adesão do
conhecimento científico e do cotidiano, somado à análise de fotos, é uma fonte
muito rica para construção de conhecimentos que devem ser levados em conta
no processo de ensino-aprendizagem de conceitos geográficos.


Esse modelo de ensino (conceituado para uma prática livre) propicia a
formação de conhecimentos pelo aluno e prova que a Geografia integra no
cotidiano, pois, a partir de tudo que fazemos, transformamos, lembramos,
identificamos e relacionamos socialmente e espacialmente, construímos nossa
visão de mundo, contribuindo para o desenvolvimento da nossa percepção do
espaço.


A escolha por realizar esse trabalho com os alunos de 7 ª série da EMEF
Denizart Santos baseou-se na nossa própria dificuldade em conceituar o
espaço e suas categorias em pleno estudo acadêmico e do desejo que os
alunos em questão não viessem a passar pelas mesmas dificuldades.


Consideramos que este trabalho colaborou para a construção do conhecimento
dos alunos, conjuntamente com sua realidade de mundo que lhe é apresentada
e vivenciada, que é de suma importância para o processo de ensino-
aprendizagem, interligando os conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida
com os conhecimentos científicos apresentados. Essa crença advém pela
metodologia aplicada, que consiste em aula expositiva dialogada, aula de
campo e pela análise dos textos construídos pelos alunos, pautada em
conceitos científicos geográficos, espaço vivido e fotografia, favoreceu a
interligação   entre   a   percepção   geográfica   do    espaço,   conceitos   e
aprendizagem da disciplina Geografia.


Todos esses fatores levam-nos a acreditar que é possível a valorização do
conhecimento     construído   em   conjunto   como       possibilidade   de   uma
aprendizagem significativa. E, dessa forma, dar direcionamento ao processo
44



ensino-aprendizagem que realmente contribua e seja válido para o professor e
principalmente para o aluno.


Consideramos que a aplicabilidade desse trabalho, apesar das dificuldades
encontradas durante a jornada, ser acessível a todos os professores que
buscam a aplicação de uma Geografia relacionada ao debate e a liberdade de
formulação individual e coletiva de idéias que nossa disciplina proporciona.
Também para aqueles que buscam aproveitar o conhecimento espacial do
cotidiano, que todos nós possuímos e desenvolvemos ao longo de nossas
vidas, através dos contatos sociais, culturais e profissionais como família, casa,
amigos, parentes, trabalho e suas interatividades.
45



8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALMEIDA, Rosângela Dion; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico:
ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1989. (Repensando o ensino).


MOREIRA, Ruy. (Org.) Geografia: teoria e crítica. O saber posto em questão.
Petrópolis: Vozes,1982.


PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Introdução aos parâmetros
curriculares nacionais/Secretaria de educação Fundamental – Brasília. MEC /
SEF, 1999.


RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder.Tradução de Maria Cecília
França. São Paulo: Ática,1993.


SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4.
ed. Ed. São Paulo: Edusp,2006.


__________. Metamorfose do espaço habitado: Fundamentos,Teorias e
metodologias. São Paulo: Hucitec,1988.


SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. A geografia no dia-a-dia: 5ª
série. São Paulo: Scipione, 2002. (Coleção Trilhas da geografia).


TOMITA, L.M.S. Trabalho de campo como instrumento de ensino em geografia
in: Geografia: Revista do Departamento de Geociências. Universidade Estadual
de Londrina. Vol. 08 nº. 01 p. 13-15, jan./jun. 1999.


<http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/espaco-geografico.htm> acesso
em 23 abril 2009.


<http://www.infoescola.com/geografia/espaco-geografico/> acesso em 23 abril
2009.


<http://www.viana.es.gov.br/site/index. php?target=geografia> acesso em 05
junho 2010.
46



                                   ANEXO A


MATERIAL DIDÁTICO CONCEITUAL:


Espaço geográfico: O autor Milton Santos (2002), geógrafo, expressa o
conceito de espaço geográfico, como sendo “um sistema de objetos e um
sistema de ações” que:

                     “[...] é formado por um conjunto indissociável, solidário e também
                     contraditório, de sistemas de objetos e de ações, não considerado
                     isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá.
                     No começo era natureza selvagem, formada por objetos naturais que
                     ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados,
                     objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com
                     que a natureza artificial tenda a funcionar com uma máquina”.
                     (SANTOS, 2002, p 63)


Paisagem: A primeira categoria que iremos estudar é a de paisagem,
continuamos utilizando o mesmo autor, Milton Santos em obra e ano diferente,
fez uma definição sobre paisagem e a distinção entre a paisagem natural e
artificial:


                     “Tudo aquilo que nós vemos, o que a visão alcança, é a paisagem.
                     Esta pode ser definida como o domínio visível, aquilo que a vista
                     abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores,
                     movimentos, odores e sons etc.’’ (SANTOS, 1988, p. 61)
                     “A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem,
                     enquanto grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é
                     aquela ainda não mudada pelo esforço humano. Se no passado havia
                     a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente
                     não existe mais”. (SANTOS, 1988, p. 62)


Território: Já o conceito de território que utilizaremos para compreensão dessa
categoria foi feito pelo autor francês Claude Raffestin na sua obra “Por uma
Geografia do Poder ( 1980 ), e traduzida pela autora Maria Cecília França, no
ano de 1983.
                   “O território é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia ou
                   informação, e que, por conseqüência , revela relações marcadas pelo
                   poder. [...], o território é a prisão que o homem constrói para si”.
                   (RAFFESTIN, 1980, p.144).
47



Assim, um termo que não podemos deixar de abordar quando nos referimos a
território, é a totalidade das relações existentes neste, ou seja, a noção de
territorialidade. Raffestin aborda essa relação, também em sua obra:


                   “De acordo com nossa perspectiva, a territorialidade assume valor bem
                   particular, pois reflete o multidimensionamento do “vivido” territorial
                   pelos membros de uma coletividade, pela sociedade geral. Os homens
                   vivem ao mesmo tempo o processo territorial por intermédio de um
                   sistema de relações existenciais e/ou produtivas.” (RAFFESTIN, 1980,
                   p.158)


Lugar: Voltando ao geógrafo brasileiro, Milton Santos, que também nos
referenciou em outra categoria, a de lugar, a partir da sua obra “A Natureza do
Espaço” (2002).

                   “No lugar - um cotidiano compartilhado entre as mais diversas pessoas,
                   firmas e instituições - cooperação e conflito são base da vida comum.
                   Porque cada um exerce ação própria, a vida social se individualiza [...].
                   O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual
                   lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas
                   também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis,
                   através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da
                   espontaneidade e da criatividade.” (SANTOS, 2002, p.322).
48



                                  ANEXO B


INSTRUINDO OS ALUNOS


Aulas teóricas sobre o tema:


1º A proposta.
2º O que é espaço geográfico?
3º Paisagem, lugar, território. Categorias espaciais e seus conceitos.
4º Aula de Campo.


Como fazer:


– Após as aulas expositivas dialogadas sobre os conceitos e a aula de campo.
Os alunos deverão escolher uma das categorias espaciais, ou objetos de
estudo da geografia e, após a identificação visual, obter imagem digital do
mesmo, o que deverá ser realizada no campo. Nesse momento, ele deve
aproveitar ao máximo seu conhecimento a partir do seu espaço vivido e das
aulas teóricas realizadas anteriormente.


– Os alunos deverão transferir a foto para um computador comum que possua
impressora colorida para impressão da imagem e do texto na mesma folha
(A4).


– Os alunos redigirão um texto, dizendo o porquê da escolha daquela categoria
espacial, qual a sua importância (pessoal ou mesmo para a disciplina) e como
a reconheceu de acordo com as suas percepções.


– Os alunos formatarão o trabalho de forma esteticamente correta (título, texto
e foto na mesma folha), conforme explicação recebida pelo professor.


– Os alunos produzirão seu trabalho em sete dias.
49



– Os alunos apresentarão os trabalhos concluídos ao professor e vão os deixar
expostos na escola.


Recursos:


– Professor: material explicativo, formulado pelo por ele, entregue aos alunos.


– Alunos: material dado pelo professor, câmera digital ou aparelho similar,
computador, que contenha impressora colorida como componente em seu
hardware, que possa ser usado para impressão em folha A4.
50



                                 Bibliografia



1 SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4.
ed. Ed. São Paulo: Edusp.2006.p.63.


2 SANTOS, Milton. Metamorfose do espaço habitado: Fundamentos, Teorias
e metodologias. São Paulo: Hucitec. 1988.p.61.


3 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria
Cecília França. São Paulo: Ática. 1993.p.144.


4 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria
Cecília França, São Paulo: Ática. 1993.p.158.


5 SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4.
ed. Ed. São Paulo: Edusp.2006.p322.

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Representação do espaço geográfico na educação

  • 1. 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GRAZIANI GATTI JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES [DIGITE UMA CITAÇÃO DO DOCUMENTO OU O RESUMO DE UMA QUESTÃO INTERESSANTE. VOCÊ PODE POSICIONAR A CAIXA DE TEXTO EM QUALQUER LUGAR DO DOCUMENTO. USE A GUIA FERRAMENTAS DE CAIXA DE TEXTO PARA ALTERAR A FORMATAÇÃO DA CAIXA DE TEXTO DA CITAÇÃO.] O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS. VITÓRIA 2010
  • 2. 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GRAZIANI GATTI JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito à obtenção do título de Licenciado em Geografia. VITÓRIA 2010
  • 3. 3 GRAZIANI GATTI JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito à obtenção do título de Licenciado em Geografia. Apresentado em 24 de Junho de 2010. COMISSÃO EXAMINADORA ___________________________________________ Prof.ª Orientadora Solange Lins Gonçalves Universidade Federal do Espírito Santo _______________________________________ Prof.ª M ª Stela Maris de Araújo Universidade Federal do Espírito Santo ________________________________________ Prof.Dr. Paulo César Scarim Universidade Federal do Espírito Santo __________________________________ Prof. Devaldir Teixeira do Nascimento
  • 4. 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos aos amigos e profissionais que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização deste trabalho. Especialmente aos alunos da escola “Denizart Santos”, que sempre se mostraram interessados na proposta e empenhados nela, mesmo com suas limitações. A todos os funcionários da escola, que deram total apoio e incentivo durante o processo, especialmente a pedagoga Lúcia Lorencine, a coordenadora Márcia da Rocha Prestholdt e a diretora Aurora de Fátima P. Barbosa. À professora orientadora Solange Lins Gonçalves pela atenção dispensada e pela paciência e compreensão das nossas dificuldades, e respaldo as nossas solicitações. Aos amigos da turma 2006/2 que, com o passar dos anos, tornaram-se mais amigos e que passamos a admirar suas particularidades.
  • 5. 5 RESUMO O presente estudo buscou utilizar os conceitos acadêmicos sobre espaço geográfico e suas categorias, lugar, paisagem e território, enfatizando sua importância, para levar seu entendimento conceitual e sua aplicabilidade de forma didática em sala de aula e em campo, para estudantes de sétima série do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Doutor Denizart Santos”, no bairro Industrial, no município de Viana, no estado do Espírito Santo. PALAVRAS-CHAVE: Espaço Geográfico, Conceitos, Ensino de Geografia.
  • 6. 6 LISTA DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1 – Laboratório de informática. “EMEF Denizart Santos”. ...............15 Fotografia 2 – Subida na parte mais alta da aula de campo. Bairro Industrial, Viana, ES...........................................................................................................36 Fotografia 3 – Área com maior quantidade de residências do bairro Industrial............................................................................................................37 Fotografia 4 – Alto do morro onde poderiam ser vistas todas as categorias espaciais conceituadas em sala. ......................................................................37 Fotografia 5 – Exposição dos trabalhos na “EMEF Denizart Santos”...............39 Fotografia 6 – Exposição dos trabalhos na “EMEF Denizart Santos”...............40 Fotografia 7 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................41 Fotografia 8 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................41 Fotografia 9 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................42
  • 7. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Mapa do município de Viana............................................................13 Figura 2 - Foto aérea da região de aplicação do trabalho e descrição do caminho percorrido na aula de campo. (Imagem Google Earth).......................33
  • 8. 8 SUMÁRIO 1. JUSTIFICATIVA.....................................................................................10 1.1 Objetivo Geral..........................................................................................12 1.2 Objetivos Específico................................................................................12 2. APRESENTAÇÃO DO PERFIL DA ESCOLA........................................13 3. A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS.....................................................17 3.1 Breve Introdução Epistemológica aos Conceitos Geográficos..................18 4. OS ASPÉCTOS TEÓRICOS DAS CATEGORIAS ESPACIAIS E SUA APLICAÇÃO DIDÁTICA EM SALA DE AULA.................................................21 4.1 Paisagem................................................................................................22 4.1.1 Trabalhando o conceito em sala..........................................................23 4.2 Território..................................................................................................25 4.2.1 Trabalhando o conceito em sala.........................................................26 4.3 Lugar.......................................................................................................27 4.3.1 Trabalhando o conceito em sala..........................................................29 5 PRATICANDO OS CONCEITOS – O CAMPO E A FOTOGRAFIA.......31 5.1 A Importância do campo..........................................................................31 5.1.1 Descrição do campo..............................................................................32 5.2 Por que a fotografia?................................................................................38 5.3 A exposição na escola...............................................................................38 6 ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS E DOS TRABALHOS.............................41
  • 9. 9 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................43 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................45 ANEXO A...........................................................................................................46 ANEXO B...........................................................................................................48
  • 10. 10 1 1JUSTIFICATIVA Ao iniciar a vida acadêmica deparamos com realidades muitas vezes não vistas na vida estudantil, no nível fundamental e médio. Novos modelos didáticos são inseridos no cotidiano como método de ensino e aprendizagem. Essa nova realidade nos apresentou à questão do debate a partir de conceitos de grandes autores da Geografia, e que através do nosso entendimento e debates em sala de aula, nos levaram a formulação dos nossos próprios conceitos. Questões que pareciam fazer parte do nosso conhecimento como forma simples e definida ao modo que foi passado nos níveis de ensino abaixo ao superior, retoma novos rumos e nos levam a questionar o conhecimento que havíamos adquirido até então. Questões como: O que é Geografia? O que se estuda em Geografia? O que é espaço Geográfico? Podemos dividi-lo? Então começamos a questionar em nossa graduação se realmente isso nos foi passado ao longo de nossa vida escolar e se tínhamos clareza do que isso representava para essa ciência e disciplina escolar, que estaríamos responsáveis por futuramente instruir. Percebemos que, mesmo já tendo iniciado um curso superior na disciplina em questão, não tínhamos uma convicção clara dessas mesmas questões. Então, demos início, ainda como estudantes do curso de Geografia, à nossa vida docente. Estas inquietações conduziram-nos a experimentar uma Geografia prática. Como palco dos experimentos, escolhemos a escola na qual trabalhamos como professores de Geografia, pois, segundo Almeida e Passini (1989): “É na escola que deve ocorrer à aprendizagem espacial voltada para a compreensão das formas pelas quais a sociedade organiza seu espaço – o que só será plenamente possível com o uso de 1 Correção ortográfica e normatização feita por Calimério Soave de Almeida. Profº de Lingua Portuguesa formado pela UFES.
  • 11. 11 representações formais (ou convencionais) deste espaço”.( ALMEIDA; PASSINI, 1989, p.5) No estudo da Geografia, enquanto disciplina escolar e acadêmica, o estudo do conceito de espaço geográfico é o mais abrangente, e esse espaço sendo palco de diferentes categorias, como território, paisagem e lugar. Mas, enquanto na academia ouvimos discussões e debates calorosos sobre o tema, nas escolas geralmente se encontram dificuldades em trabalhá-lo de forma interessante e de fácil compreensão para todos. Alguns livros didáticos abordam conteúdos compartimentados, dificultando o entendimento e a atuação sobre o espaço geográfico. Portanto, cabe ao professor trabalhar os conteúdos conceituais despertando nos alunos um olhar investigativo sobre o espaço geográfico. Essa compartimentação do estudo do espaço pelos livros comprometem a percepção e o conhecimento espacial do aluno, gerando, então, cidadãos que não compreendem, a teoria tão pouco a prática, a importância deste saber. Professores acostumados ao uso exclusivo do livro didático de geografia, muitas vezes, encontram dificuldades de tornar aplicáveis os conteúdos conceituais. Alguns se tornaram repetidores do conteúdo apresentado nesses manuais, sem gerar uma reflexão sobre os conceitos. Embora não seja o professor o nosso principal foco de estudo, podemos afirmar que muitos estão desmotivados em aprimorar o saber geográfico, devido à longa jornada de trabalho, aos baixos salários, etc. O reflexo dessa situação incide direto no aluno, comprometendo o seu saber geográfico e a percepção espacial que ele tem do seu espaço vivido. Os saberes geográficos adquiridos na escola só poderão tornar-se práticos se proporcionam momentos de compreensão conceitual, aplicado no cotidiano de nossos alunos. Entendemos a importância de tornarmos aplicáveis os conteúdos conceituais ministrados no ensino da Geografia e proporcionarmos aos alunos
  • 12. 12 possibilidades de percepção no seu espaço vivido. Pensando assim, elaboramos um processo de intervenção, traçando os seguintes objetivos. 1.1 Objetivo geral Compreender o espaço geográfico como importante foco do estudo da disciplina de geografia, ampliar o entendimento conceitual das categorias espaciais, possibilitando a análise a partir das percepções dos alunos, gerando uma intervenção crítica na sua organização espacial e os auxiliando para a prática que será aplicada. 1.2 Objetivos específicos – Compreender o Espaço Geográfico e as principais categorias que dele se ramificam: Paisagem, Lugar e Território. – Identificar no espaço cotidiano dos alunos as principais categorias do espaço geográfico estudadas em sala de aula e aula de campo. - Observar e analisar em campo os conceitos estudados, e produzirem como resultado um trabalho de identificação do espaço a partir de fotografia.
  • 13. 13 2 APRESENTAÇÃO DO PERFIL DA ESCOLA A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) “Doutor Denizart Santos”, na qual este Trabalho de Conclusão de Curso foi executado, está localizada no Bairro Industrial, à Rua Xavier, S/N, CEP. 29130-000, no Município de Viana, localizado a 22 Km da capital Vitória, também é um dos municípios que integram a Região Metropolitana da Grande Vitória no estado do Espírito Santo. Geograficamente, o bairro Industrial está localizado às margens da BR 262, KM 7,3 no sentido sul, entre os Bairros Marcílio de Noronha (Viana) e Bairro Operário (Cariacica), tendo limites com o Rio Formate, que divide ambos os municípios citados.
  • 14. 14 Figura 1 – Mapa do município de Viana. Esse mapa anexado ao texto foi retirado do site oficial da prefeitura de Viana. A partir de dados do IDAF (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há informações e dados interessantes sobre o município, como área, população, localização no estado do Espírito Santo, entre outras. Embora seja um mapa que não possua escala, foi o melhor encontrado para representar o município. A escola foi fundada em 1979, no governo estadual de Eurico Resende e na administração municipal do prefeito Carlos Magno Pimentel, tendo sido reconhecida pelo decreto-lei Nº 932/84 e inscrita no CNPJ de número 01.959.874/0001 – 33. A origem do nome da escola vem da homenagem a um médico, o senhor Denizart dos Santos. Os alunos da unidade de ensino são provenientes principalmente, dos bairros Industrial (Viana), Marcílio de Noronha (Viana), Operário (Cariacica), e outros bairros do município de Cariacica. O bairro Industrial, onde a escola está localizada, é um bairro carente e de uma infra-estrutura precária (somente a rua principal possui saneamento básico e algumas ruas asfaltadas, possuem iluminação pública e água encanada). Os tipos de serviços oferecidos aos moradores são atendimento à saúde na Unidade de Saúde localizada ao lado da escola, coleta de lixo realizado uma vez por semana. A EMEF “Dr. Denizart Santos utiliza apenas os serviços oferecidos pela unidade de saúde, na prevenção de doenças e atendimento aos alunos. A turma de alunos escolhidos para aplicação desse trabalho é formada por adolescentes com idades entre 13 e 15 anos. Os alunos se mostraram interessados na proposta, demonstrando até um “velho” romantismo em
  • 15. 15 adquirir conhecimentos novos que surgem no dia-a-dia de suas vidas, “típicos dessa faixa etária”. Esses alunos da 7º série do ensino fundamental da “EMEF Denizart Santos” já criaram certa independência na sua vida escolar e social, por isso a escolha dessa turma para a aplicação do trabalho, devido à fácil aceitação deles à proposta de alcançar as conclusões a partir, também, da sua liberdade individual de percepção do meio em que vivem o que seria de suma importância. Alguns alunos, mesmo não tendo acesso financeiro que possibilite a aquisição das tecnologias necessárias para realização da atividade prática, não se demonstraram preocupados ao serem informados do uso desses aparelhos, como câmeras digitais, computadores e impressoras, o que demonstra total aceitabilidade as tendências de um mundo globalizado e informatizado no qual cresceram e do qual têm conhecimento. Fotografia 1 – Laboratório de informática. “EMEF Denizart Santos”. Fotografia: Graziani Gatti.
  • 16. 16 A “EMEF Denizart Santos” possui fazendo parte de suas dependências um laboratório de informática, com 20 computadores e um monitor que fica a disposição para auxiliar os professores e alunos. Esse foi de suma importância para realização dos objetivos alçados pelo trabalho. Alguns alunos utilizaram do laboratório para redigir à análise dos conceitos e das fotografias, que se caracterizava como resultado final desse trabalho.
  • 17. 17 3 A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS. Os conceitos geográficos ou categorias geográficas constituem-se como importante instrumento de aprendizagem para educadores na ciência geográfica, para que eles possam compreender a realidade humana e suas transformações. As categorias estudadas a partir do espaço geográfico são território, lugar e paisagem. Elas também representam a base inicial para adquirir o conhecimento de outras categorias geográficas. É importante ressaltar que os conceitos geográficos não sejam abordados sem associação com a realidade do aluno. Os alunos possuem idéias e conhecimentos sobre o espaço em que vivem, sobre outros lugares e a relação entre eles. Os alunos trazem consigo diversas informações e idéias sobre o meio em que estão inseridos e sobre o mundo. Eles têm também acesso ao conhecimento produzido pela escola e nas relações escolares, familiares e de amizade e, além disso, há as informações veiculadas por meios de comunicação sobre o espaço geográfico e suas categorias. Dessa forma, entende-se que a introdução dos conceitos geográficos, aliados aos conhecimentos dos alunos, potencializa a possibilidade do conteúdo estudado. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999) também ressaltam a importância dos conceitos e explica-os como sendo: “[...] a representação das características gerais de cada objeto pelo pensamento. Conceituar significa ação de formular uma idéia que permita, por meio de palavras, estabelecerem uma definição, uma caracterização do objeto a ser conceituado. Tal condição implica reconhecer que um objeto não é real em si, e sim uma representação desse real, construída por meio do intelecto humano”. (PCN, 1999, pag. 24)
  • 18. 18 Assim, devemos considerar ainda que uma consequência importante do ensino de conceitos é que o educador pode formular seus próprios conceitos através de sua realidade e isso possibilita solucionar novos problemas, com a compreensão de situações novas (pois os conceitos estão em constante construção), em Geografia ou em sua realidade e suas explicações possíveis, a partir da aprendizagem de idéias gerais, que possibilitará ao educando um grau de independência em relação ao professor e em especial usar o conhecimento como instrumento de ação na sociedade. A conseqüência de todo o processo é o adquirir do saber geográfico: “Um instrumento de ação popular poderoso como o saber geográfico não pode mais continuar usurpado.” (MOREIRA, 1982, p.9). 3.1 Breve introdução epistemológica aos conceitos geográficos A Geografia foi definida por diferentes correntes do pensamento geográfico e, durante toda a metade do século XIX e a primeira do século XX, girou em torno de suas matrizes a escola francesa e a alemã, nas quais o espaço está implícito. Segundo Moreira (1982), La Blache definiu a Geografia como o “estudo dos lugares”; Hitter como “estudo das diferenciações de áreas”; e Cal Sauer como “estudo das paisagens”. Pierre George, antes do rompimento marxista em 1956, definiu como sendo Geografia o “estudo da organização do espaço pelo homem” (MOREIRA, 1982, p.40). Cabe, então, ressaltar que as categorias (espaço, território, paisagem e lugar) de estudo sempre estiveram presentes para definir o que é Geografia. Como o nosso objetivo de estudo não é fazer uma análise das definições do espaço e nem da evolução do pensamento geográfico durante os séculos de sua existência como ciência, utilizamos dos autores Milton Santos e Claude Raffestin os conceitos geográficos para desenvolvimento do trabalho proposto.
  • 19. 19 Como vimos, a palavra espaço é utilizada em diferentes circunstâncias e formas. Em função disso, é utilizada por diversas ciências. Astrônomos, filósofos, matemáticos, psicólogos, antropólogos, economistas, sociólogos entre outros, utilizam-se das expressões, como “espaço sideral”, “espaço topológico”, “espaço econômico”, “espaço temporal”, “espaço social”, e diversas outras. Nossa intenção é conceituar e mostrar a importância do espaço, no qual o homem vive e transforma. O ser humano também interage com o espaço geográfico e integra-o. De acordo com a forma como a sociedade vai se relacionando com o espaço e modificando-o – e com o aumento da modificação –, o espaço geográfico torna-se mais extenso, podendo ser analisado em escala global, continental, regional, de uma cidade, bairro, rua, casa, ou de uma escola e seu entorno. O espaço geográfico é concebido como lugar da reprodução das relações sociais de produção, ou seja, reprodução da sociedade. É onde as trocas de relação entre espaço e sociedade constituem- se. A sociedade só se torna concreta através de seu espaço, do espaço que ela produz. Por outro lado, o espaço só é entendido por meio da sociedade. Assim, não podemos falar em espaço e sociedade de forma separada. Partindo dessas breves considerações, passemos ao conceito de espaço que se constitui como “[...] um misto, um híbrido, um composto de formas e conteúdo” (SANTOS, 2002, p.), assim sendo o mais abrangente e o mais abstrato. Santos, também expressa o conceito de espaço geográfico, como sendo “um sistema de objetos e um sistema de ações” que: “[...] é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e de ações, não considerado isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá. No começo era natureza selvagem, formada por objetos naturais que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar com uma máquina”. (SANTOS, 2002, p. 63) Assim, podemos observar que na concepção de espaço geográfico está contida a expressão das diferentes categorias: território, paisagem e lugar. Os
  • 20. 20 conceitos acadêmicos de espaço geográfico e as categorias trabalhadas remetem a importância desses serem abordados e entendidos de uma maneira didática, pois esses são algumas vezes aplicados e estudados de forma complicada, fora do cotidiano dos alunos. Os conceitos acadêmicos e os respectivos autores Milton Santos (espaço, paisagem e lugar) e Jean Claude Raffestin (território) foram escolhidos para serem trabalhados, pois esses propõem uma conceituação proveitosa, tanto para a proposta do trabalho, quanto para a aprendizagem do aluno. Outros autores e conceitos poderiam ser abordados, mas para o trabalho acreditamos que esses, melhor representam e auxiliam na proposta de formação de conceitos a partir do espaço vivido. A abordagem de vários conceitos de espaço geográfico, e das diferentes categorias estudadas poderia constituir também, como um problema no processo de ensino – aprendizagem, pois os alunos poderiam ter maior dificuldade na formulação dos conceitos e suas definições, durante o processo de aplicação da proposta do trabalho.
  • 21. 21 4 OS ASPECTOS TEÓRICOS DAS CATEGORIAS ESPACIAIS E SUA APLICAÇÃO DIDÁTICA EM SALA DE AULA. O livro adotado pela escola e utilizado pela turma da 7ª série do ensino fundamental como recurso didático, é o livro da editora Moderna, Projeto Araribá, esse não aborda o tema de forma satisfatória para ser utilizado na aplicação do projeto. Dessa forma, um material complementar mostrando os conceitos que iríamos trabalhar e descrição das etapas de aplicação do projeto foi elaborado para que unido ao conhecimento do aluno, nos auxiliaria na execução do mesmo. (ANEXO A) Após os alunos lerem o material complementar produzido pelos aplicadores começamos a questioná-los sobre seu conhecimento a respeito do tema espaço geográfico, em nossa primeira aula expositiva. Ouviram-se muitas respostas como: – “É o nosso planeta!” – “É onde nos moramos e vivemos!” – “O meio-ambiente, a natureza!” Dificilmente ouviríamos respostas como estas abaixo, pois esse seria nosso objetivo, o de despertar a compreensão mais aprofundada sobre o assunto: O espaço geográfico é o palco das realizações humanas, no entanto, abriga todas as partes do planeta passíveis de serem analisadas, catalogadas e classificadas pelas inúmeras especialidades da ciência geográfica. (http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/espaco-geografico.htm) O espaço geográfico é aquele que foi modificado pelo homem ao longo da história. Que contém um passado histórico e foi transformado pela organização social, técnica e econômica daqueles que habitaram ou habitam os diferentes lugares (“o espaço geográfico é o palco das realizações humanas”). (http://www.infoescola.com/geografia/espaco-geografico/)
  • 22. 22 Na primeira parte da aplicação de nosso projeto, ministramos uma aula expositiva e dialogada, e uma sondagem com a turma para aceitação ou não da nossa proposta e aplicabilidade do trabalho. Conceituamos apenas o espaço geográfico, que seria o foco principal do estudo desse projeto. Pediu-se para que, ao final da aula, cada aluno escrevesse sobre o que teria entendido nessa primeira aula e o que sabia do tema. Os alunos foram informados sobre o cronograma das aulas que seriam ministradas e sempre, ao final de cada aula, eles deveriam escrever um pouco sobre o entendimento adquirido a partir das explicações expositivas dialogadas de cada categoria. No cronograma foi incluída uma aula de campo e a entrega dos trabalhos finais (sete dias após aula de campo). (ANEXO B). Esclarecemos as dúvidas em relação ao material necessário para o trabalho prático. Como já esperávamos, nem todos tinham câmera digital ou celulares com essa função, computador e impressora colorida, que se faziam necessários à execução do trabalho prático. Combinados com os alunos que colocaríamos estes materiais a disposição para ajudar quem solicitasse, assim como a escola também colaboraria com o que fosse possível. 4.1 Paisagem O conceito mais simples de paisagem, como sendo um espaço alcançado pela visão, bastante usual no senso comum, não dá conta da complexidade que o termo abrange. Mesmo sendo a visão o principal sentido com o qual se observa o real, outros sentidos também compreendem o processo de identificação da paisagem, com a audição, o tato, o olfato. Santos define paisagem, como: “Tudo aquilo que nós vemos, o que a visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores e sons etc”. (SANTOS, 1988, p. 61)
  • 23. 23 A paisagem como realidade pode ser representada visivelmente, para alguns, por uma fotografia. Como um momento temporal da dinâmica espacial, ela retrata um determinado espaço em um determinado momento. A paisagem modifica-se de acordo com a nossa mudança de localização, ou do nosso ângulo de visão e sua escala pode aumentar ou diminuir. Santos aborda que, além da localização e do ângulo de visão, outro fator de grande importância para análise da paisagem é a percepção, como “A dimensão da paisagem é a dimensão da percepção, o que chega aos sentidos”. E continua: “A percepção é sempre um processo seletivo de apreensão. Se a realidade é apenas uma, cada pessoa a vê de forma diferenciada: dessa forma, a visão pelo homem das coisas materiais é sempre deformada. Nossa tarefa é de ultrapassar a paisagem com aspecto, para chegar ao seu significado”. (SANTOS, 1988, p .62) A paisagem também pode ser formada através do acúmulo de eventos ou de eventos passados, uma vez que a sociedade é fator transformador dela, através de atividades produtivas. A paisagem resulta da vida e das relações das pessoas, das forças produtivas, adicionado da transformação da natureza, podendo ser essa de forma lenta ou rápida. O homem tem cada vez mais humanizado a paisagem, modificando a natureza, ou seja, criando a paisagem artificial. Santos (1988), também faz a distinção entre paisagem natural e artificial,como sendo: “A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem, enquanto grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é aquela ainda não mudada pelo esforço humano. Se no passado havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente não existe mais”. (SANTOS, 1988, p. 62) 4.1.1 Trabalhando o conceito em sala Após o entendimento preliminar dos alunos sobre a proposta de trabalho na primeira aula conceitual, e a satisfação ao diagnosticar a possibilidade de avançar para a próxima etapa, iniciamos a parte conceitual sobre as categorias
  • 24. 24 espaciais a serem estudadas, que serão os temas para o trabalho prático. Paisagem foi à primeira categoria a ser conceituada. Na aula sobre paisagem, começamos utilizando o conhecimento espacial que já era familiar para os alunos. Questionando sobre seu trajeto casa – escola e escola – casa. Nesses caminhos que percorremos diariamente, sempre somos levados a observar objetos do espaço que nos chamam a atenção, ou por ser tão familiar a nossa visão nem os notamos mais, então muitos detalhes passam despercebidos. Motivamos os alunos, propondo situações como: i Aquela casa pela qual você passa em frente todo dia está igual à ontem, ou modificaram sua estrutura, ou pintaram sua fachada, e você nem percebeu? ii Aquela árvore de tantos anos, que é tão familiar no seu caminho, se for cortada, você perceberá e sentirá um vazio na observação visual que pratica diariamente no seu caminho? Questões como estas foram expostas aos alunos para chegarem à conclusão de que paisagem seria tudo que os olhos vêem nesse caminho, já que estaríamos trabalhando a questão do seu espaço vivido. Todos os objetos ali contidos faziam parte dessa categoria, sejam eles naturais ou artificiais, bastava somente a sua percepção. Paisagem, para muitos alunos, era apenas o que se contemplava de forma agradável aos olhos e o que apreciamos pela visão e sentidos. Mas, não só de beleza ou de natureza se faz uma paisagem. Vimos que nela estão inseridos elementos naturais como a árvore, que foi usada como exemplo, e também elementos construídos pelo homem, como as casas. Então, fez-se necessário um entendimento da paisagem como um todo, ou seja, tudo que nós observamos: morros, vegetações, prédios grandes e pequenos, pontes – tudo isso se faz presente nesta categoria. Todavia, temos que a dividir em duas: as
  • 25. 25 naturais e as artificiais. Dessa forma, pediu-se para que cada estudante fizesse seu trabalho sobre paisagem, evidenciando qual paisagem ele pretendia representar em sua foto e em seu texto, bem como a sua importância e como a reconheceu a partir de seu olhar, ou seja, de sua percepção. 4.2 Território O conceito de território refere-se a uma área delimitada sob a posse de um animal, de uma pessoa ou mais, de uma organização ou de uma instituição. Sendo o termo tão abrangente, ele acaba por ser usado em diversas ciências: nas ciências políticas e sociais (refere-se ao estado nação, por exemplo), na biologia (área de vivência de uma espécie animal) e na sociologia, psicologia, para explicar as ações de animais ou indivíduos para defesa de um espaço (por exemplo). Há vários outros sentidos para a palavra território, mas todas as ciências compartilham da idéia da apropriação-dominação de uma parcela geográfica por um indivíduo ou mais, onde esses exercem seu poder. Na Geografia, temos na obra Por uma Geografia do Poder, de Raffestin (1980) uma importante referência para construção do conceito de território, sendo: “O território é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia ou informação, e que, por conseqüência , revela relações marcadas pelo poder. [...], o território é a prisão que o homem constrói para si”. (RAFFESTIN, 1980, p.144) Tomando esse conceito como referência, identificamos que toda a relação de poder exercida por um ou mais indivíduos em determinado espaço, produz o território. A intensidade e a forma de se exercer poder nas diferentes dimensões do espaço originam diferentes tipos de território. O espaço constitui- se como condição para a existência da matéria e, quando ela é modificada pelo homem, o espaço torna- se território, a partir da ação humana.
  • 26. 26 Assim, um termo que não podemos deixar de abordar quando nos referimos a território, é a totalidade das relações existentes neste, ou seja, a noção de territorialidade. Segundo Raffestin: “[...] a territorialidade assume valor bem particular, pois reflete o multidimensionamento do “vivido” territorial pelos membros de uma coletividade, pela sociedade geral. Os homens vivem ao mesmo tempo o processo territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivas.” (RAFFESTIN, 1980, pg.158). Portanto, os indivíduos que vivem e produzem o espaço acabam desenvolvendo uma identidade com esse território. O território é concreto, mas ao mesmo tempo flexível, dinâmico e contraditório, por isso ele gera tanta discussão em torno do seu conceito e de suas ramificações: ele é repleto de possibilidades, que acontecem quando colocadas em prática no próprio território. O território é a produção do ser humano a partir dos recursos naturais ou artificiais. O mais importante dos recursos para a formação de território é o espaço, ao mesmo tempo, em que o território utiliza-se do espaço ele também o reestrutura. 4.2.1 Trabalhando o conceito em sala. Tendo em vista a complexidade dos conceitos acadêmicos por nós utilizados e a certeza de dificuldades no entendimento desses, por parte dos estudantes, fomos levados a trabalhar tais conceituações e passá-los de forma mais compreensível, possibilitando aos estudantes uma melhor assimilação de acordo com sua capacidade cognitiva, utilizando novamente exemplificações e seguindo a percepção de cada aluno. Como exemplificação de território, começamos com uma escala menor, que envolvia primeiramente a sala de aula e as relações de poder exercidas entre o professor e os alunos. A sala, em pequena escala, compunha um espaço no qual essa relação de poder (manifestada nessa porção do espaço), está presente, tendo como autoridade máxima o professor. Assim, iniciamos a aula
  • 27. 27 mostrando que aquele espaço pequeno tratava-se de território, de acordo com nossos referenciais. Passando para uma escala um pouco maior, exemplificamos o território escolar, ou seja, toda escola e as relações de poder exercidas dentro da mesma. A escola constitui uma rede de comandos bastante hierarquizados. De forma simples para compreensão, o caso da direção que constitui o poder máximo, chegando novamente aos alunos, que constituem o cargo de comandados nessa hierarquia. Então, aos poucos fomos dando imaginação e abstração prévia dessa categoria, até chegarmos aos limites municipais, estaduais e nacionais. No caso, houve fácil compreensão a partir desses exemplos, bastantes comuns na disciplina de Geografia. Também destacamos um bom exemplo: os limites próximos a escola, já que o bairro ao qual ela está inserida (Bairro Industrial, em Viana) faz divisa com um bairro de outro município (Bairro Operário, em Cariacica), para que, indiretamente, esse espaço vivido fosse observado por eles na aula de campo, como exemplo de território. Alcançamos a conclusão dessa categoria, como local onde as fronteiras servem para que as relações de poder sejam estabelecidas. As fronteiras do Brasil e de outros países e as relações de poder exercidas dentro delas foram usadas como exemplo, não sendo de grande dificuldade para o entendimento dos alunos. Por isso, consideramos satisfatória – e de ótima compreensão – a conceituação didática de território, a partir dos conceitos acadêmicos. 4.3 Lugar O lugar atualmente na geografia é um conceito fundamental para aprendizagem dos educandos e da própria disciplina, e deve ser analisado de forma abrangente.
  • 28. 28 Ao conceituar o lugar, ainda segundo Santos, remete-nos a mais uma análise geográfica, a de existência, “pois se refere a um tratamento geográfico do mundo vivido” (SANTOS, 2002). Assim, Santos, tenta nos alertar a compreender o lugar através de nossas necessidades existenciais quais elas sejam, localização, posição, mobilidade, escala, interação-integração com o objeto e/ou com as pessoas. Essa perspectiva leva-nos a pensar nossa existência material corpórea e, a partir dela, o nosso estar no mundo, no caso, a partir do lugar, como espaço de existência e coexistência. Estudando o lugar na perspectiva de mundo vivido, fazem com que nós sejamos remetidos as outras dimensões do espaço geográfico, conforme se refere Santos, (2002), quais sejam os objetos, as ações, a técnica e o tempo. Panoramicamente Santos refere-se ao lugar, citando: “No lugar, no nosso próximo, se superpõe, dialeticamente, ao eixo das sucessões, que transmite os tempos externo das escalas superiores e o eixo dos tempos internos, que é eixo das coexistências, onde tudo se funde, enlaçando definitivamente, as noções de realidades de espaço e tempo”. (SANTOS, 2002, p.322) Com a citação de Santos, podemos deduzir que o lugar é representação da dinâmica entre o espaço e o tempo do mundo atual, onde a vida se constitui, e as relações produtivas e afetivas humanas acontecem. Santos, continua citando: “No lugar – um cotidiano compartilhado entre as mais diversas pessoas, firmas e instituições – cooperação e conflito são base da vida comum. Porque cada um exerce ação própria, a vida social se individualiza [...]. O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade.” (SANTOS, 2002, p.322)
  • 29. 29 Trata-se de uma citação que nos remete a reflexão da nossa relação com mundo. Para Santos (2002), esta relação era local-local, mas agora é uma relação local-global, ou seja, ela está relacionada aos diversos envolvimentos com o mundo. A partir dessa citação, podemos desenvolver a visão de mundo vivido local-global e, justificar a importância do conceito de lugar no contexto atual da geografia escolar. 4.3.1 Trabalhando os conceitos em sala. Inicialmente, antes de inserirmos o conceito de lugar foi perguntado aos alunos o que estes entendiam por lugar. Contendo o alvoroço inicial para que estes respondessem a questão, surgiram as primeiras respostas. – “Lugar é minha casa.” – “Lugar é para onde eu saio.” – “Lugar é minha cama.” Houve outras respostas que envolviam os lugares preferidos que os alunos gostam de sair para diversão , passear ou namorar. E foram citados até mesmo lugares para pensar e descansar ou ficar quando estão tristes (geralmente seus quartos em suas casas). Percebemos que o lugar é um espaço relacional, pois nele se desenvolvem as relações afetivas, familiares e de amizade entre os homens. Após ouvir todas as observações, as respostas e os debates, percebemos que, mesmo sem saber, os alunos não estão tão muito distantes do conceito de lugar, proposto por Milton Santos. Após análise do conceito, juntamente com exemplos que envolviam as localidades próximas a escola num processo conjunto (entre educador e educando), foi perguntado novamente o que os alunos entediam por lugar. Foram obtidas respostas mais satisfatórias, como:
  • 30. 30 – “A escola é um lugar dentro do espaço.” – “No nosso bairro, a lugares parecidos com outros no mundo”. – “Um lugar muda de forma com o tempo.” – “O espaço então é formado de vários lugares”. Assim, a propostas de estudar o lugar numa perspectiva de mundo vivido, possibilita um melhor entendimento e orientação do aluno sobre o conceito de lugar. O conceito de lugar que no início parecia ser o mais confuso para alguns alunos, a partir da aula teórica junto aos exemplos concretos utilizados durante a aula, mostrou-se mais uma categoria em que eles conseguiram alcançar o entendimento, também, a partir do conhecimento do seu espaço vivido.
  • 31. 31 5 PRATICANDO OS CONCEITOS – O CAMPO E A FOTOGRAFIA. 5.1 A importância do campo. A aula de campo aparece como um recurso importante para se compreender de forma mais ampla a relação existente entre o espaço vivido e os conteúdos estudados em sala de aula, fazendo com que os alunos possam ter um melhor aproveitamento. A percepção e o contato com a realidade dará ao aluno uma nova dimensão dos assuntos tratados nas aulas. A visão de mundo do aluno é unificada ao processo de aprendizagem, que está associado a uma leitura crítica da realidade e ao estabelecimento da relação entre a teoria e prática. O estudo do espaço geográfico e suas categorias (paisagem, território e lugar) implicam não só estudo teórico, mas também a necessidade de observar, identificar, reconhecer, localizar, perceber, compreender e analisar este espaço e categorias, por meio do trabalho de campo. Como recurso didático, a aula de campo é de suma importância, porque oferece recursos que devem ser levados em conta no processo ensino-aprendizagem como uma das técnicas pedagógicas mais acessíveis e eficazes ao professor. Os conceitos acadêmicos conjugados com a prática de campo constituem-se como instrumento importante em todas as disciplinas, podendo despertar o interesse dos alunos e propiciar resultados significativos, se o recurso for utilizado de forma correta. Esse recurso mostrou-se proveitoso a aplicação da idéia de aproveitar o conhecimento que o aluno possuía do seu espaço vivido. Assim, não há motivos para não utilizarmos da aula de campo para a aprendizagem dos conceitos teóricos de espaço geográfico e suas categorias. O aluno só terá maior entendimento e formulará melhor seus conceitos, através do espaço vivido, se este observar na prática de campo o que foi estudado em sala de aula. Tomita (1999) também escreve sobre o trabalho de campo como instrumento de ensino em Geografia, e como método de leitura do espaço:
  • 32. 32 “Dentre várias técnicas utilizadas no ensino de Geografia, considera-se trabalho de campo, uma atividade de grande importância para a compreensão e leitura do espaço, possibilitando o estreitamento da relação entre a teoria e a prática”. (Tomita,1999,p.13) Para eficácia da aula de campo devemos sistematizá-la, criando um método que orientará o objetivo do estudo. O professor deve primeiramente, orientar os alunos da prática e abordar os assuntos em sala de aula que serão correlacionados ao campo para possibilitar melhor entendimento, ou seja, um planejamento do campo, com roteiro, com horário de saída e chegada, cuidados e outras orientações cabíveis. O segundo momento é a própria aula de campo, onde os alunos farão os registros fotográficos e escritos sobre os objetos de estudo (espaço geográfico e demais categorias estudadas). De forma direta no campo, deve-se observar, localizar, registrar, delimitar, correlacionar e explicar os conteúdos estudados. A última tarefa do procedimento é o trabalho pós-campo, os registros serão organizados para a produção do trabalho final que os alunos farão, e que serão expostos na escola com as conclusões obtidas, para socialização, proporcionando, assim o alcance do objetivo pretendido pelo trabalho. 5.1.1 Descrição do campo. Terminada a apresentação conceitual ministrada nas aulas expositivas, iniciamos a última etapa do trabalho, a aula de campo. Como observamos na figura abaixo, ficamos nos limites do próprio bairro onde se situa a escola:
  • 33. 33 Figura 2 – Foto aérea da região de aplicação do trabalho e descrição do caminho percorrido na aula de campo. (Imagem Google Earth – Acesso EM 23/05/2010) Nesse método de ensino existem algumas orientações que devem ser dadas previamente aos alunos e a direção da escola, bem como esta será responsável por qualquer acontecimento “desastroso” que possa ocorrer aos alunos fora dos limites da escola. Embora a turma escolhida para a realização do trabalho seja formada por alunos que demonstram comprometimento e responsabilidade para situações como essa, pedimos previamente a permissão da direção da escola para a aplicação da aula. A direção deu suporte e confiança para a realização do trabalho, pois a diretoria tomaria as atitudes cabíveis aos alunos que tivessem comportamentos errados ao propósito da aula, o que não ocorreu.
  • 34. 34 Saímos da escola após o recreio, que se encerra no horário de 15:50 e ficaríamos o período das duas últimas aulas nessa prática, esse período se encerra as 17:30, mas chegamos a escola às 17:15 para recomposição dos alunos que queriam lavar os pés, beber água e pegar seus materiais que ficaram na escola. Instruímos os alunos, há levarem água ou beberem uma quantidade satisfatória durante o recreio, e que se alimentassem o suficiente para não termos problemas em relação á isso, já que o percurso estava nas proximidades e não era uma distância exagerada a ser percorrida. E todos não deveriam tomar a dianteira em relação aos aplicadores, durante o percurso de campo, pois nós que éramos os guias do percurso. Mas nas paradas e em locais de inexistência de tráfego de automóveis, e outros fatores que poderiam trazer insegurança aos alunos, eles tiveram mais liberdade para ficarem livres nas observações. Muitos se mostraram bastante entusiasmados com o percurso e comportavam- se como guias ao nosso lado, outros sequer conheciam o caminho e não se mostraram tão empolgados como os outros. De certa forma, no entanto, todos estavam gostando da mudança de local de aprendizagem. Todos estavam em constante ajuda aos colegas que não possuíam os aparelhos para registro das imagens (câmera fotográfica), embora fosse minoria e já tínhamos combinados sobre esse auxílio. Tivemos a presença de um aluno especial que faz parte da turma e nos acompanhou sem criar nenhum tipo de preocupação. Não houve dispersão da turma que eram sempre guiados pelos aplicadores e instruídos a estarem sempre próximos uns aos outros. Fizemos o percurso, estabelecendo breves paradas para observação. Os alunos tiveram liberdade para registrarem o que haviam aprendido conceitualmente nas aulas expositivas dialogadas. Nos momentos de
  • 35. 35 observação e registros, foram realizadas retomadas sobre os assuntos estudados em sala, reforçando os conceitos trabalhados. O ponto mais importante para observação de paisagens, tanto naturais, quanto artificiais, foi o alto de um morro, onde existe uma espécie de pasto na própria rua da escola, mas já afastado da área residencial. Para acesso a esse morro, passamos por uma trilha, bem próxima a uma lagoa com muita vegetação em seu entorno. Essa parte foi de bastante emoção para muitos alunos, que tiveram que auxiliar uns aos outros nessa travessia. Sempre com muita alegria, fotografavam uns aos outros e o que estavam observando neste momento, sendo orientado a fotografar tudo o que lhe chamasse a atenção. Fizemos uma breve parada no alto desse morro, em que várias formas de relevo poderiam ser vistas, assim como as vegetações naturais, e também vários bairros de Viana e Cariacica. Portanto, nessa parada, os alunos tiveram maior liberdade e mais tempo, pois todas as categorias estudadas poderiam ser observadas a partir daquele ponto. Os alunos puderam compreender na prática, os conceitos aplicados em sala de aula. Ocorreu a observação da paisagem, ponto fixo no qual a vida não participa; lugar, porque dali observa-se seus bairros, suas residências e lugares que estes freqüentavam. O território, também, pode ser notado, pois estamos diante de dois municípios (Viana-Cariacica), bem como os limites entre eles. Então, este ponto alto localizado no bairro de Viana foi de suma importância para aula e para o alcance dos objetivos das propostas do trabalho. Saindo dessa parte mais isolada do bairro e atravessando uma cerca de arame não prevista na rota, entramos na parte residencial e alta do bairro. Ali os alunos já se sentiam mais familiarizados com o percurso, apontavam lugares frequentados por eles e residências conhecidas, o que seria uma ótima oportunidade para relembrarmos o conceito de lugar, sobre o qual, até o momento, não se tinham ouvidos muitos comentários.
  • 36. 36 Foram realizadas algumas sondagens pelos lugares que passávamos, por exemplo, o campinho de futebol pelo qual passamos perto. Fomos levados a perguntar quem frequentava aquela parte do bairro, para saber se alguém possuía relações afetivas com aquela parte do bairro (poderia ser utilizado por algum aluno como exemplo de lugar). Descendo para a parte baixa do bairro e indo ao último ponto de parada que seria a ponte que separa o bairro Industrial, em Viana (onde a aula estava sendo realizada), do bairro Operário, município de Cariacica. Essa ponte fica sobre o Rio Formate divisor desses municípios (poderia ser utilizado por algum aluno como exemplo de território). Estaríamos ali terminando nosso percurso e passando por todas as categorias estudadas em sala, no próprio bairro da escola e no espaço vivido pelos alunos. Fotografia 2 – Subida da parte mais alta na aula de campo. Parada onde todas as categorias espaciais poderiam ser vistas. Bairro Industrial, Viana, ES. Foto: Graziani Gatti.
  • 37. 37 Fotografia: 3 – Área com maior quantidade de residências do bairro Industrial. Boas opções para fotografar a categoria Lugar. Foto: Graziani Gatti. Fotografia 4 – Alto do morro onde poderiam ser vistas todas as categorias espaciais conceituadas em sala. Fotografia: Graziani Gatti.
  • 38. 38 5.2 Por que a fotografia? Representar o espaço geográfico como algo concreto após o conhecimento teórico do assunto, poderia se expressar em diversas linguagens, mas escolhemos a fotografia. São inúmeras as possibilidades de representação desse espaço pelos estudantes, de forma bastante didática e lúdica. No entanto, a representação a partir da fotografia favorece ao entendimento espacial de cada aluno articulado com sua realidade. Embora também haja uma carga subjetiva, por expressar o ponto de vista de cada um, a fotografia mostra-se o método que mais se aproxima do real. Eustáquio e Moreira (2002) apóiam o uso da fotografia como forma de demonstrar o espaço, partindo do olhar do observador, e de bem representá-lo: “A fotografia, [...] é uma reprodução mais fiel da realidade. Já um desenho, uma caricatura, uma pintura, por ser uma recriação livre, geralmente se distanciam mais do objetivo concreto, palpável, e mostram a realidade como seu criador a sente, vê ou imagina”. (Eustáquio e Moreira, 2002, p.20) Esse método foi utilizado como forma livre de interpretação espacial, pelos alunos, em que todos teriam a liberdade de utilizar o recurso para a obtenção daquilo que sua percepção julgava estar certo, a partir do seu entendimento conceitual, e que veríamos o resultado após a conclusão do seu trabalho. 5.3 A Exposição na Escola. Para que enriquecesse a didática do nosso projeto, fizemos uma exposição dos trabalhos dentro da escola, para que todos tivessem acesso aos resultados. Essa etapa foi de grande satisfação para nós aplicadores, pois foi recebida com grande entusiasmo por parte de todos. A direção pediu para levarmos os demais alunos da escola para que fosse explicado a todos o sentido daquela exposição. Alguns alunos que fizeram parte do projeto, auxiliando nesse processo como monitores, cumprindo mais
  • 39. 39 uma etapa, que nem estava nos planos, mas foi de enorme prazer para nós aplicadores. Como podemos observar nas fotografias da exposição abaixo, demos o titulo de “Percepções do Espaço Geográfico”, para que todos tivessem uma leitura mais didática da exposição dos trabalhos. Os trabalhos foram expostos no corredor da escola, com materiais simples como o titulo feito em um cartaz, e as fotografias afixadas em um varal de barbante, com pregadores de roupa. Essa foi à forma mais acessível e didática para visualização dos resultados do projeto, de todos da escola, devido às características físicas do prédio escolar e os materiais disponíveis no momento. Fotografia 5 – Exposição dos trabalhos na EMEF Denizart Santos. Fotografia: Graziani Gatti.
  • 40. 40 Fotografia 6 – Exposição dos trabalhos na EMEF Denizart Santos. Fotografia: Graziani Gatti. 5.4 Análise das Fotografias e dos Trabalhos. .
  • 41. 41 6 ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS E DOS TRABALHOS. Após entrega dos trabalhos feitos pelos alunos depois da aula de campo, conforme partes integrantes da nossa proposta foram analisados três trabalhos, com fotografias e categorias espaciais diferentes: LUGAR “O lugar faz parte do espaço geográfico, na aula que nós tivemos no bairro, reconheci este campinho como lugar, onde eu jogo bola e brinco com meus amigos quase todos os dias. Então é muito importante para mim.” (Aluno A) FOTOGRAFIA 7 – ALUNO. TERRITÓRIO “A foto dessa ponte representa a divisão entre dois municípios, todos os dias atravesso essa ponte para ir à escola, por que moro em Cariacica e estudo em Viana. E nesses dois territórios, também tem poderes de comando diferente, pois são prefeitos diferentes para cada município.” (Aluno B) FOTOGRAFIA 8 – ALUNO.
  • 42. 42 PAISAGEM “Nessa foto de paisagem consigo ver vários elementos diferentes, paisagem natural como morros e artificiais como construção que nos vemos também. A importância dessa paisagem pra mim é que da pra ver todo meu bairro, as casas, vegetação e montanhas.” (Aluno C) FOTOGRAFIA 9 – ALUNO Com a utilização de fotos, produzidas pelos alunos em seu espaço vivido e aplicação dos conceitos científicos (material cientifico pedagógico), levando em consideração o conhecimento prévio dos alunos como método de ensino- aprendizagem, obtivemos resultados positivos. Os alunos, em seus textos do trabalho final, expuseram os conceitos que foram elaborados por eles. Os alunos sentiram-se integrantes do processo de formação do espaço e de suas categorias e compreenderam que podem intervir em sua organização. O método acadêmico proposto busca construir os conceitos científicos de espaço e de suas categorias (lugar, território e paisagem), no pensamento estudantil, partindo da realidade em que os alunos estão inseridos, aprimorando e transformando esse conhecimento autoconstruído. Percebeu-se que os alunos tornaram-se capazes de construir textos e finalizar o trabalho a partir das imagens, associando-as e relacionando-as com os conceitos geográficos acadêmicos e aqueles presentes em seu cotidiano. Avaliando as amostras selecionadas foi possível apurar que os alunos reconheceram, por meio da análise do espaço onde eles vivem e frequentam, um conjunto de habilidades. Entre elas o desenvolvimento da percepção geográfica, que notamos ao avaliar as amostras selecionadas.
  • 43. 43 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a realização desse trabalho, podemos observar que a adesão do conhecimento científico e do cotidiano, somado à análise de fotos, é uma fonte muito rica para construção de conhecimentos que devem ser levados em conta no processo de ensino-aprendizagem de conceitos geográficos. Esse modelo de ensino (conceituado para uma prática livre) propicia a formação de conhecimentos pelo aluno e prova que a Geografia integra no cotidiano, pois, a partir de tudo que fazemos, transformamos, lembramos, identificamos e relacionamos socialmente e espacialmente, construímos nossa visão de mundo, contribuindo para o desenvolvimento da nossa percepção do espaço. A escolha por realizar esse trabalho com os alunos de 7 ª série da EMEF Denizart Santos baseou-se na nossa própria dificuldade em conceituar o espaço e suas categorias em pleno estudo acadêmico e do desejo que os alunos em questão não viessem a passar pelas mesmas dificuldades. Consideramos que este trabalho colaborou para a construção do conhecimento dos alunos, conjuntamente com sua realidade de mundo que lhe é apresentada e vivenciada, que é de suma importância para o processo de ensino- aprendizagem, interligando os conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida com os conhecimentos científicos apresentados. Essa crença advém pela metodologia aplicada, que consiste em aula expositiva dialogada, aula de campo e pela análise dos textos construídos pelos alunos, pautada em conceitos científicos geográficos, espaço vivido e fotografia, favoreceu a interligação entre a percepção geográfica do espaço, conceitos e aprendizagem da disciplina Geografia. Todos esses fatores levam-nos a acreditar que é possível a valorização do conhecimento construído em conjunto como possibilidade de uma aprendizagem significativa. E, dessa forma, dar direcionamento ao processo
  • 44. 44 ensino-aprendizagem que realmente contribua e seja válido para o professor e principalmente para o aluno. Consideramos que a aplicabilidade desse trabalho, apesar das dificuldades encontradas durante a jornada, ser acessível a todos os professores que buscam a aplicação de uma Geografia relacionada ao debate e a liberdade de formulação individual e coletiva de idéias que nossa disciplina proporciona. Também para aqueles que buscam aproveitar o conhecimento espacial do cotidiano, que todos nós possuímos e desenvolvemos ao longo de nossas vidas, através dos contatos sociais, culturais e profissionais como família, casa, amigos, parentes, trabalho e suas interatividades.
  • 45. 45 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Rosângela Dion; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1989. (Repensando o ensino). MOREIRA, Ruy. (Org.) Geografia: teoria e crítica. O saber posto em questão. Petrópolis: Vozes,1982. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Introdução aos parâmetros curriculares nacionais/Secretaria de educação Fundamental – Brasília. MEC / SEF, 1999. RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder.Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática,1993. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4. ed. Ed. São Paulo: Edusp,2006. __________. Metamorfose do espaço habitado: Fundamentos,Teorias e metodologias. São Paulo: Hucitec,1988. SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. A geografia no dia-a-dia: 5ª série. São Paulo: Scipione, 2002. (Coleção Trilhas da geografia). TOMITA, L.M.S. Trabalho de campo como instrumento de ensino em geografia in: Geografia: Revista do Departamento de Geociências. Universidade Estadual de Londrina. Vol. 08 nº. 01 p. 13-15, jan./jun. 1999. <http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/espaco-geografico.htm> acesso em 23 abril 2009. <http://www.infoescola.com/geografia/espaco-geografico/> acesso em 23 abril 2009. <http://www.viana.es.gov.br/site/index. php?target=geografia> acesso em 05 junho 2010.
  • 46. 46 ANEXO A MATERIAL DIDÁTICO CONCEITUAL: Espaço geográfico: O autor Milton Santos (2002), geógrafo, expressa o conceito de espaço geográfico, como sendo “um sistema de objetos e um sistema de ações” que: “[...] é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e de ações, não considerado isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá. No começo era natureza selvagem, formada por objetos naturais que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar com uma máquina”. (SANTOS, 2002, p 63) Paisagem: A primeira categoria que iremos estudar é a de paisagem, continuamos utilizando o mesmo autor, Milton Santos em obra e ano diferente, fez uma definição sobre paisagem e a distinção entre a paisagem natural e artificial: “Tudo aquilo que nós vemos, o que a visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores e sons etc.’’ (SANTOS, 1988, p. 61) “A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem, enquanto grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é aquela ainda não mudada pelo esforço humano. Se no passado havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente não existe mais”. (SANTOS, 1988, p. 62) Território: Já o conceito de território que utilizaremos para compreensão dessa categoria foi feito pelo autor francês Claude Raffestin na sua obra “Por uma Geografia do Poder ( 1980 ), e traduzida pela autora Maria Cecília França, no ano de 1983. “O território é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia ou informação, e que, por conseqüência , revela relações marcadas pelo poder. [...], o território é a prisão que o homem constrói para si”. (RAFFESTIN, 1980, p.144).
  • 47. 47 Assim, um termo que não podemos deixar de abordar quando nos referimos a território, é a totalidade das relações existentes neste, ou seja, a noção de territorialidade. Raffestin aborda essa relação, também em sua obra: “De acordo com nossa perspectiva, a territorialidade assume valor bem particular, pois reflete o multidimensionamento do “vivido” territorial pelos membros de uma coletividade, pela sociedade geral. Os homens vivem ao mesmo tempo o processo territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivas.” (RAFFESTIN, 1980, p.158) Lugar: Voltando ao geógrafo brasileiro, Milton Santos, que também nos referenciou em outra categoria, a de lugar, a partir da sua obra “A Natureza do Espaço” (2002). “No lugar - um cotidiano compartilhado entre as mais diversas pessoas, firmas e instituições - cooperação e conflito são base da vida comum. Porque cada um exerce ação própria, a vida social se individualiza [...]. O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade.” (SANTOS, 2002, p.322).
  • 48. 48 ANEXO B INSTRUINDO OS ALUNOS Aulas teóricas sobre o tema: 1º A proposta. 2º O que é espaço geográfico? 3º Paisagem, lugar, território. Categorias espaciais e seus conceitos. 4º Aula de Campo. Como fazer: – Após as aulas expositivas dialogadas sobre os conceitos e a aula de campo. Os alunos deverão escolher uma das categorias espaciais, ou objetos de estudo da geografia e, após a identificação visual, obter imagem digital do mesmo, o que deverá ser realizada no campo. Nesse momento, ele deve aproveitar ao máximo seu conhecimento a partir do seu espaço vivido e das aulas teóricas realizadas anteriormente. – Os alunos deverão transferir a foto para um computador comum que possua impressora colorida para impressão da imagem e do texto na mesma folha (A4). – Os alunos redigirão um texto, dizendo o porquê da escolha daquela categoria espacial, qual a sua importância (pessoal ou mesmo para a disciplina) e como a reconheceu de acordo com as suas percepções. – Os alunos formatarão o trabalho de forma esteticamente correta (título, texto e foto na mesma folha), conforme explicação recebida pelo professor. – Os alunos produzirão seu trabalho em sete dias.
  • 49. 49 – Os alunos apresentarão os trabalhos concluídos ao professor e vão os deixar expostos na escola. Recursos: – Professor: material explicativo, formulado pelo por ele, entregue aos alunos. – Alunos: material dado pelo professor, câmera digital ou aparelho similar, computador, que contenha impressora colorida como componente em seu hardware, que possa ser usado para impressão em folha A4.
  • 50. 50 Bibliografia 1 SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4. ed. Ed. São Paulo: Edusp.2006.p.63. 2 SANTOS, Milton. Metamorfose do espaço habitado: Fundamentos, Teorias e metodologias. São Paulo: Hucitec. 1988.p.61. 3 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática. 1993.p.144. 4 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França, São Paulo: Ática. 1993.p.158. 5 SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4. ed. Ed. São Paulo: Edusp.2006.p322.