Material de aula, produzido pela professora Rosa Maria Dalla Costa, para o PPGCOM UFPR 2015 - Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, Junho de 2015.
3. MANEIRAS DE ESTUDAR
TAIS PESQUISAS
A partir de
centros de estudos,
publicações e
autores
(Christa Berger)
A partir do
histórico e da
tentativa de
periodização
(Marques de Melo)
4. FUNDADORES
- LUIZ RAMIRO BELTRAN:
desde 1930 – estudos de
jornalismo através dos métodos
historiográficos e bibliográficos;
- Tradição de transpor e
incorporar questões alheias –
influência norte-americana.
5. 1- ESTUDOS HISTÓRICOS E DOCUMENTAIS: ATÉ 1960
2- TEORIAS DIFUSIONISTAS X MILITÂNCIA POLÍTICA: ENTRE OS
ANOS 1960 E 1970
3 BUSCA DE TEORIAS E MÉTODOS AUTÓCTONES: ENTRE OS ANOS
1970 E 1980
4- PESQUISAS DE RECEPÇÃO, MEDIAÇÕES CULTURAIS E
HIBRIDIZAÇÃO CULTURAL: A PARTIR DOS ANOS 1980
A HISTÓRIA DA PESQUISA EM COMUNICAÇÃO
NA AL EM QUATRO PERÍODOS
6. PRIMEIRO PERÍODO
- Documentação descritiva das principais atividades da imprensa;
- Anos 1930: primeiros cursos de Jornalismo e Propaganda;
- 1954: Publicação acadêmica ‘Journalism Quartely’ (EUA) coletânea de
estudos latino-americanos;
- Pesquisas sobre história dos jornais;
- Primeiras pesquisas do Ipobe.
7. PRIMEIRO PERÍODO
- Fim da Segunda Guerra Mundial: acelerado
processo de industrialização;
- Grandes massas urbanas pobres – contato com
meios eletrônicos e com o american ‘way of life’.
até os anos 1960
8. - Sociedade de
Consumo ganha corpo
na AL em cidades como
Cidade do México, São
Paulo, Buenos Aires,
Santiago e Lima.
9. CRIAÇÃO DO CIESPAL
- Propõe um novo modelo de conteúdos
para o ensino universitário na área: estudos
de morfologia, conteúdo da imprensa e
estudos sobre o comportamento do público
consumidor dos MCM.
10. Ciespal – Centro
Internacional de
Estudos Superiores de
Comunicação para a
América Latina, sediado
em Quito, no Equador.
11.
12.
13. CRIAÇÃO DO CIESPAL
- Unesco: agência da Organização
das Nações Unidas para a educação
e cultura incentiva estudos e debates
dobre os mcm na AL (contexto da
Alinça para o Progresso).
Sede da Unesco, em Paris.
15. PESQUISAS DO CIESPAL
Pesquisas sobre a aplicação na AL de modelos que haviam sido
moldados em realidades muito diferentes da nossa e que não se
adequavam ao continente (postura funcionalista e acrítica)
X
Pesquisa denúncia de inspiração frankfurtiana: presença de
multinacionais e avanço da ideologia do consumo – ameaça à
soberania dos países latino americanos
16. PESQUISAS DO CIESPAL II
- Cursos para profissionais que atuam em comunicação de massa na AL;
- Pesquisadores: Wilbur Schramm, Raymond Nixon, John McNelly,
Jacques Kayser e Jofre Dumazedier;
- Temas: comunicação e modernização; rádio e tele educação, liderança
de opinião;
- Metodologias: pesquisa quantitativa e análise de conteúdo.
17. PRIMEIRAS CONSTATAÇÕES
> Falta de um marco conceitual próprio;
> Falta de um mínimo de sistematização;
> Desprezo de uma visão qualitativa profunda;
> Excessiva concentração em meios massivos;
> Pesquisa é acidental e não racional;
> Falta de política e planos para orientar a pesquisa.
18. PESQUISA ENGAJADA!
> Pesquisa passa a ser utilizada como instrumento do processo de
mudança social, feita em conjunto com movimentos populares;
> Influência de Armand Mattelart e Paulo Freire;
> Cepal – Comissão Econômica para AL (FHC e Celso Furtado)
> Oposição ao difusionsimo – Teoria da Dependência: noção de
centro e de periferia;
> Esse pensamento crítico foi, durante muitos anos, a fundação
teórica da escola crítica da AL.
19. OUTRAS
TEORIAS
INFLUENCIAM
PENSAMENTO
NA AMÉRICA
LATINA
- Teologia da Libertação: Leonardo Boff;
- Estruturalismo Europeu (em especial ideias
de Louis Althusser);
- Predominavam no continente métodos
importados dos EUA;
- Ciespal propõe, em 1973, busca de
soluções latino-americanas para seus
problemas através da comunicação na
educação e da comunicação popular.
20. EXEMPLOS DESSA MOBILIZAÇÃO
- MEBS – Movimento de Educação de Base;
- CEBS – Comunidades Eclesiais de Base;
- Centros de documentação e comunicação popular – Cefúria,
Centro Pastoral Vergueiro;
- Cinema e Teatro Popular;
- UCBC – União Cristã Brasileira de Comunicação.
22. DIFICULDADES EPISTEMOLÓGICAS
- Militância se confunde com inovações científicas;
- Elementos da política, da economia e da cultura regionais,
agrupados em modelos europeus marxistas e semiológicos são
incorporados à pesquisa;
- Divisão entre escola empírica (norte-americana), calcada em
técnicas de pesquisa de audiência e análise de conteúdo e escola
crítica (européia) de conteúdo ideológico e contra o imperialismo
cultural.
23. PRIMEIROS CENTROS DE PESQUISA
> Ininco – Instituto de Investigaciones de la Comunicación, fundado em 1973 na
Venezuela;
> CEREN – Centro de Estudos da Realidade Nacional – fundado em 1970 no Chile;
> ILET – Instituto Latino Americano de Estudios Transnacionales, 1976, México;
> Duas revistas: Comunicación y Cultura (CEREN) e Lenguajes (Associação
Argentina de Semiótica).
24. SEGUNDO PERÍODO
- Crise polítca e econômica: endividamento externo,
manifestações populares contra a carestia, clamor pela volta da
democracia;
- Passagem de um estágio de completa dependência dos modelos
teóricos dos EUA e Europa para uma tentativa de autonomização
do campo da comunicação;
- Estudos se multiplicam e se diversificam;
- Retomada das democracias e da liberdade de imprensa.
25. ENSINO DE COMUNICAÇÃO
- Primeiros cursos: final dos anos 1940 (1947 Cásper Líbero);
- Beletrismo X Tecnicismo;
- Década de 1970: primeiros cursos de pós graduação (Mestrado): USP e
PUC-SP;
- Institucionalização da pesquisa através das primeiras associações científicas:
Intercom 1977;
- ALAIC – Associação Latino-Americana dos Investigadores da Comunicação;
- Felafacs – Federaçao Lationo-Americana das Faculdades de Comunicação.
26. AUTORES
- Armand Mattelart;
- Eliseo Verón;
- Paulo Freire: Comunicação ou extensão e Pedagogia do Oprimido;
- Termo Indústria Cultural está presente nas pesquisas, mas não garante
unidade nas análises;
- Livros: Para ler o Pato Donald e O Império norte-americano das
Comunicações (Herbert Schiler).
27. TERCEIRO PERÍODO
- Coexistiam pesquisas de base críticia, empírica e
semiológica-estruturalista;
- Com a diminuição dos confrontos ideológicos, começam
a surgir pesquisas voltadas para a comunicação e a cultura;
- Teoria das Mediações (Jesús Martin-Barbero);
- Teoria da hibridização cultural (Néstor Garcia Canclini).
28. SOLUÇÕES
- Comissão Internacional para o Estudo dos Problemas de Comunicação,
proposta pela Unesco em 1977;
- NOMIC – Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação;
- Livro: A informação na nova ordem internacional;
- Cassete-fórum de Mário Kaplun (Uruguai);
- Esquerda acadêmica em crise se apoia em Gramsci (intelectual orgânico).
Busca de
29. QUARTO PERÍODO
- Final dos anos 1980: de um lado livros que discorriam
sobre os sistemas de comunicação e seu poder de
manipulação ideológica e, de outro, os que ensinavam a
produzir formas alternativas e populares de comunicação;
- Linhas e fronteiras entre as disciplinas já não são tão claras;
- Cabe à cultura o papel de mediação social e teórica da
comunicação com o popular, com a vida cotidiana e os
meios (Michel de Certeau).
30. - Nova perspectiva: a comunicação deve ser tratada
no cenário da cultura que, na América Latina,
encontra eco na sua formação híbrida, que propicia
múltiplas mediações na recepção das mensagens;
- Conceitos chaves para a compreensão da
comunicação na AL;
- Os conceitos de dependência e ideologia são
substituídos pelos de mediação e hibridação.
QUARTO PERÍODO
31. CARACTERÍSTICAS
DA PESQUISA EM
COMUNICAÇÃO
NO INÍCIO DO
SÉCULO XXI
- Intelectuais perplexos
frente aos desdobramentos
da comunicação em todas as
instâncias sociais;
- Campo de estudo da comunicação
é legitimado como transdisciplinar;
- Processos de comunicação são
entendidos na sua multidimensionalidade;
- Movimentos de desterritorialização e
hibridações.
32. “
INDÚSTRIA CULTURALE
COMUNICAÇÃO MASSIVASÃO OS
NOMES DOS NOVOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO
DA CULTURA, QUE CORRESPONDE NÃO SÓ A INOVAÇÕES
TECNOLÓGICAS MAS A NOVA FORMAS DE SENSIBILIDADE.”