1) O Apocalipse contém uma estrutura literária simétrica em duas partes principais que correspondem entre si.
2) Cada parte contém várias seções paralelas que antecipam e complementam uma à outra.
3) A estrutura simétrica sugere dois temas: a presença contínua de Cristo e sua gloriosa segunda vinda.
1. A COMPOSIÇÃO LITERÁRIA DO APOCALIPSE
O Apocalipse contém um plano arquitetônico detalhado em sua
estrutura literária que até recentemente foi passado por cima. Um erudito
moderno declara que "a chave para entender uma obra é sua forma
literária".1 Enquanto que o Apocalipse é apreciado como uma obra de
poesia e é considerado como um poema artisticamente engenhoso, João
não compôs seu livro por amor à arte. O propósito foi "sublinhar os
diferentes aspectos da mensagem teológica do livro".2 Isto implica que o
plano literário é uma parte essencial do ensino de João. Até C. Mervyn
Maxwell conclui dizendo que o desenho simétrico do Apocalipse
proporciona "uma das chaves mais valiosas para abrir o significado do
livro".3
A correlação da forma literária e o conteúdo teológico requer que o
leitor preste atenção cuidadosa à estrutura do livro. Revela algumas
pautas inerentes para interpretar o Apocalipse. O Apocalipse de João está
construído de acordo com o modelo de um paralelismo inverso,
comparável aos braços correspondentes de um candelabro ou menorá, no
qual os braços da parte esquerda são paralelos aos da direita. Este
modelo simétrico divide o Apocalipse em duas divisões principais,
sugiriendo um tema duplo no livro: a presença continuada de Cristo e
sua gloriosa segunda vinda (Apoc. 1:7, 8, 17, 18; 22:12, 13). Conclui
Kenneth Strand dizendo que:
"A primeira parte maior do livro (caps. 1-14) trata com a era na qual o
Alfa e o Ômega é o protetor e sustentador de seu povo apesar das provas e
perseguições que possam surgir em seu caminho. A segunda parte maior do
livro, começando com o capítulo 15, trata com os juízos escatológicos que
se agrupam e se centram na consumação da era: a segunda vinda de
Cristo".4
O Apocalipse pode dividir-se de uma maneira diferente se se
aplicarem outros pontos de vista que não sejam o do fim do tempo de
graça. A gente pode ver as visões do tempo do fim começando já no
2. A Composição Literária do Apocalipse 2
capítulo 10, com referência à chamada final do céu para ter um povo que
pode subsistir firme contra o império anticristiano. Mas é um fato
ineludível que o livro está arrumado em duas grandes divisões que se
correspondem mutuamente. Vamos vê-lo em cinco aspectos bem
marcados:
1. A primeira indicação deste modelo literário é a natureza paralela
do prólogo (Apoc. 1:1-8) e do epílogo (22:6-21). Em ambas as seções se
fala de um anjo enviado por Deus para mostrar a seus servos "as coisas
que devem acontecer logo" (1:1 e 22:6). Ambas as partes contêm a
mesma bem-aventurança para os que ouvem a profecia de João (1:3 e
22:7). Além disso, Apocalipse 1:2 explica que o livro contém "a palavra
de Deus e o testemunho de Jesus Cristo", e o epílogo conclui: "Eu Jesus,
enviei meu anjo para lhes dar testemunho destas coisas nas igrejas"
(22:16). Ambas as seções mencionam o tema dominante da volta de
Cristo (1:7 e 22:7, 12, 20). As duas vezes lêem que "o tempo está perto"
(1:3 e 22:10). No prólogo, Deus é chamado o Alfa e o Ômega (1:8),
enquanto que o epílogo descreve a Cristo como o Alfa e o Ômega
(22:13). Além de tudo isto, ambas as seções mencionam o Espírito como
parte da Deidade (1:4, 5 e 22:6, 9, 16, 17).
Estas correspondências revelam que o prólogo e o epílogo formam
um modelo deliberado de complementos ou paralelos. Esta é a indicação
inicial de um paralelismo intencional dentro do Apocalipse.
2. O segundo conjunto de contrapartes surpreendentes se encontra
nos capítulos 2, 3, 21 e 22 do livro. As sete cartas que aparecem em
Apocalipse 2 e 3 contêm promessas específicas para a igreja militante.
Estas promessas retornam em Apocalipse 21 e 22 como sendo cumpridas
na visão que João teve da Nova Jerusalém no paraíso restaurado. Por
exemplo, Cristo promete a "árvore da vida" no paraíso (2:7), enquanto
que Apocalipse 22:2 mostra seu cumprimento. A promessa de "não
sofrer dano da segunda morte" (2:11), cumpre-se em Apocalipse 20:6, 14
e 21:4, 8. A promessa de receber a "estrela da manhã" (2:28) aparece em
Apocalipse 22:16 como cumprida em Cristo. O "livro da vida" (3:5)
3. A Composição Literária do Apocalipse 3
reaparece em Apocalipse 21:27 como o livro da vida do Cordeiro. A
promessa de chegar a ser "coluna no templo de Deus" com a inscrição
dos nomes de Deus e de Cristo e da Nova Jerusalém (3:12), realiza-se
em Apocalipse 21:7, 10, 22 e 22:4. A promessa de ter um lugar com
Cristo em seu trono (3:21) vê-se cumprida em Apocalipse 20:4 e 22:3-5.
Estas promessas à igreja nos capítulos 2 e 3 do livro reaparecem em
Apocalipse 21 e 22 como promessas cumpridas na igreja triunfante.
Estas correspondências intencionais mostram que para ter a
compreensão total de uma parte se requer a integração de seu contraparte
ou complemento. Portanto, as sete cartas de Cristo em Apocalipse 2 e 3
não podem divorciar-se legitimamente do resto do livro. Essas cartas
tratam com a igreja militante, enquanto que Apocalipse 21 e 22 nos
asseguram de sua chegada a salvo à Nova Jerusalém. Todas as partes da
primeira divisão do livro (caps. 1-14) antecipam a segunda visão. Como
se mencionou na introdução, há uma progressão sensível de tempo entre
as duas divisões principais do Apocalipse.
3. O terceiro paralelismo principal pode observar-se entre as visões
do trono de Apocalipse 4 aos 6 e 19 e 20. Ambas as seções começam
com um céu aberto no qual 24 anciões e 4 seres viventes adoram a Deus
sentado em seu trono (ver 4:1, 4, 9; 5:13, 14; 19:1, 4). Ambas as
unidades descrevem a um cavaleiro sobre um cavalo branco; explicam
assim reciprocamente o começo e a terminação da missão evangélica
(6:2; 19:11), e descrevem graficamente o progresso no tempo, cuja
dimensão está descrita com grandiosidade por meio das almas dos
mártires nos capítulos 6, 19 e 20.
Durante o quinto selo, João ouve que os mártires clamam: "Até
quando, Senhor, santo e verdadeiro, não julgas e vingas nosso sangue
nos que moram na terra?" (6:10). Em Apocalipse 19 escuta o canto de
vitória: "Aleluia!... porque teus juízos [os de Deus] são verdadeiros e
justos... vingou o sangue de seus servos da mão dela [a grande meretriz]"
(vs. 1, 2). Apocalipse 20:4 mostra a vindicação dos mártires. Esta é uma
evidência adicional da progressão contínua da história da salvação entre
4. A Composição Literária do Apocalipse 4
Apocalipse 4 a 6 e 19 e 20. A justiça que se solicita em Apocalipse 6
chega a ser a que se outorga em Apocalipse 19 e 20.
4. Pode detectar um quarto paralelismo simétrico nas duas séries
que falam de juízo: a seqüência das sete trombetas nos capítulos 8 e 9
mostra correspondências surpreendentes com a seqüência das sete taças
(ou pragas) em Apocalipse 16. Ambas as séries proféticas descrevem
juízos de Deus e usam símbolos idênticos. Ambas as seções adotam o
motivo do êxodo hebreu com suas pragas-juízos que revelam a
majestade do Deus de Israel. Entretanto, chega a ser patente que as
pragas de Apocalipse 16 são mais intensas e extensas que as pragas das
trombetas, que afetam só uma terça parte do mundo.
As taças com as pragas representam os juízos finais de Deus sobre a
última geração de um mundo rebelde. Seu cenário é depois que terminou
o tempo de graça (Apoc. 15:7, 8). Isto confirma a composição literária
do livro no qual as trombetas estão colocadas na parte histórica,
enquanto que as taças com as 7 pragas últimas estão estritamente na
divisão do juízo final. A progressão clara de tempo que se dá a entender
entre os juízos das trombetas e das pragas mostra o caráter
misericordioso de Deus, que é "tardio para a ira" (Êxo. 34:6), no
aumento gradual da intensidade dos juízos. As trombetas de Apocalipse
8 e 9 formam os tipos de admoestação durante a era cristã, dos juízos
sem misericórdia nas últimas pragas de Apocalipse 16, que se
derramarão ao fim da história.
5. Finalmente, a visão profética de Apocalipse 12 mostra alguns
paralelos chamativos com os últimass sobre Babilônia que aparecem no
capítulo 17. Ambas as visões descrevem uma "mulher" simbólica (12:1;
17:1) e uma besta de 7 cabeças e 10 chifres (13:1; 17:3). Uma vez mais
notamos o avanço no tempo nestas seqüências proféticas. As "coroas" do
dragão mudam das 7 cabeças aos 10 chifres entre Apocalipse 12 e 13.
Em Apocalipse 17:10 ouvimos que 5 dos 7 poderes ímpios "caíram, um
existe, e o outro ainda não chegou". Desta maneira se declara
enfaticamente o desenvolvimento no tempo.
5. A Composição Literária do Apocalipse 5
A linha de demarcação entre a era histórica e o juízo apocalíptico
pode ver-se no fim de Apocalipse 14. O capítulo 15 começa com o
anúncio da terminação da mediação celestial no templo de Deus. Por
conseguinte, Apocalipse 1-14 abrange a era cristã por meio de vários
ciclos progressivos de seqüências proféticas.
Entender-se-á melhor cada seqüência profética no Apocalipse se se
levar em conta seu complemento correspondente na outra divisão do
livro. Por exemplo, o significado do misterioso capítulo 17 (com seu
juízo sobre a besta com 7 cabeças) pode entender-se adequadamente só
na perspectiva do cumprimento gradual de Apocalipse 12 e 13, onde esta
besta aparece descrita em seu surgimento histórico e desenvolvimento
como o anticristo.
Estes exemplos de correspondência literária entre as duas divisões
principais do Apocalipse implicam um princípio inerente de
interpretação: Cada unidade profética deve relacionar-se com sua própria
divisão e tema teológico, já seja com a era histórica da igreja (Apoc.
1-14) ou com o juízo futuro, depois que tenha terminado o tempo de
graça (Apoc. 15-22). A progressão entre as duas divisões nos leva a
interpretar as trombetas e os selos como seqüências proféticas que
cobrem a história da igreja, enquanto que as pragas se descrevem como
juízos específicos do tempo do fim. Podem encontrar-se ocasionalmente
algumas exortações morais dentro da divisão onde aparece o juízo
(17:9-12; 16:15; 18:1, 4; 20:6; 19:9). Isto coloca ao milênio de
Apocalipse 20 na era futura, depois que terminar o tempo de graça (cap.
15).
Entender toda a intenção da profecia e do cumprimento requer uma
relação cuidadosa das partes correspondentes em ambas as divisões. Este
procedimento segue o plano arquitetônico do Apocalipse. Desse modo,
ao vincular a teologia e a composição, o Apocalipse revela a chave para
sua compreensão. Portanto, não é válido isolar do arranjo total do livro
qualquer versículo ou seção.
6. A Composição Literária do Apocalipse 6
Análise Estrutural
Muitos expositores apresentaram um esboço detalhado da estrutura
do livro. Dividem o livro em 5, 6 ou 7 séries de visões. Alguns dividem
cada uma destas ulteriormente em 7 unidades ou septenários, segundo o
exemplo das 7 igrejas, os 7 selos, as 7 trombetas e as 7 pragas. Merril C.
Tenney e outros distinguem dentro das séries independentes de
Apocalipse 12 a 14, 7 personagens simbólicos (a mulher, o dragão, o
menino, Miguel, a besta do mar, a besta da terra, o cordeiro) e dentro de
Apocalipse 21 e 22, 7 "coisas novas".
Entretanto, parece melhor concentrar-se no significado dos
explícitos septenários que apresenta João das igrejas (caps. 2 e 3), os
selos (cap. 6), as trombetas (caps. 8 e 9) e as pragas (cap. 16). Cada série
de setes contém uma seqüência completa que lhe é própria. Entretanto,
em forma notável, depois do sexto selo, depois da sexta trombeta e
depois da sexta praga, há um intervalo especial com uma visão
concentrada, que trata de explicar com mais detalhe os eventos
precedentes em cada série, com assuntos pastorais para o povo de Deus
do tempo do fim.
Maxwell denomina a estes parêntese nas visões: "… cenas de
obrigações ou encargos para o tempo do fim, e de segurança".5 Estes
intervalos pastorais pertencem às visões mais significativas e
consoladoras de Apocalipse (Apoc. 7; 10, 11; 16:15). Estas passagens do
tempo do fim requerem nossa atenção especial.
Os 3 últimos septenários terminam com a dramática vinda de Cristo
em juízo (6:12-17) ou com os sinais de sua guerra santa contra os ímpios
(11:19; 16:17-21). Estas terminações apocalípticas de cada cadeia
indicam que as 3 séries não são 3 seqüências cronológicas, que cada uma
segue à outra. Pelo contrário, repetem a mesma seqüência histórica vista
sob perspectivas diferentes. Cada vez o septenário seguinte intensifica o
foco sobre os eventos finais, como em uma escada em caracol. Isto cria
7. A Composição Literária do Apocalipse 7
uma urgência cada vez maior no Apocalipse. Como explicou Robert H.
Mounce: "Cada nova visão, intensifica a realização do juízo vindouro.
Assim como uma tormenta que se arma no mar, cada nova crista da onda
conduz a história mais perto de seu destino final".6 Precisamos
reconhecer o estilo literário de recapitulação no Apocalipse. O princípio
de repetição e ampliação já está presente nos esboços proféticos de
Daniel (Dan. 2, 7, 8, 11 ). Dessa forma, o estilo de recapitulação e
intensificação que usa João, adotou-o do estilo literário do livro
apocalíptico de Daniel.
Tanto no prólogo (Apoc. 1:2) como no epílogo (22:6), João anuncia
que o tema do Apocalipse é: "As coisas que logo devem acontecer". Isto
é tomado diretamente do livro de Daniel (Dan. 2:28, 29, 45, nas versões
gregas), com a exceção do termo "logo" ou "breve" que agora é
acrescentado pelo próprio João. O livro do Daniel também serve como
modelo para o tema teológico de João: o grande conflito entre Cristo e
sua igreja por um lado, e Satanás e os poderes de seu anticristo pelo
outro. Assim como Daniel, a ênfase de João está sobre o resultado do
conflito, o juízo universal-cósmico e a ulterior restauração do reino de
Deus na terra. Como assinalou George K. Beale, "a idéia de um juízo
cósmico, escatológico, não é um tema principal de nenhum dos livros do
Antigo Testamento exceto no de Daniel".7
Pode-se inferir que o Apocalipse representa o desenvolvimento
cristocéntrico das profecias do Daniel. André Feuillet até chamou o
Apocalipse "o livro do Daniel do cristianismo".8 As repetidas alusões a
Daniel 2 neste livro, sugerem que o Apocalipse de João tem o propósito
de ser a continuação e o desenvolvimento ulterior das profecias de
Daniel.
Observamos que os ciclos proféticos dos selos (Apoc. 4-7), das
trombetas (caps. 8-11) e das pragas (caps. 15 e 16) rodeiam a parte
central do livro, que se encontra nos capítulos 12 a 14. Esta unidade,
dentro de si mesmo, descreve o desenvolvimento principal da história da
igreja. Começa com o primeiro advento de Cristo durante o Império
8. A Composição Literária do Apocalipse 8
Romano (12:1-5), continua com a igreja no deserto por 1.260 dias
proféticos ou 3 ½ tempos proféticos (12:6, 14) e finaliza com a igreja
remanescente do tempo do fim (12:17). Apocalipse 13 desenvolve o
tema do anticristo e seu falso profeta. Apocalipse 14 revela o ultimato de
Deus para um mundo que está unido em uma rebelião contra Deus. Esta
chamada final para a restauração da verdadeira adoração produz um
povo de Deus fiel antes que chegue o juízo (ver 14:6-12). Dessa forma, o
tema da igreja como a comunidade da salvação nos últimos dias não só
se acha no começo e no fim do livro, mas sim também constitui o núcleo
do Apocalipse.
Este arranjo literário confirma a convicção de que o Apocalipse não
contém simplesmente 7 cartas a 7 igrejas (caps. 2 e 3). Todo o
Apocalipse como um tudo indivisível está dirigido como uma carta
profética apostólica à igreja universal. Através do arranjo simétrico do
livro, João enfatiza que a comunidade cristã é o ponto focal do
Apocalipse. Todos os termos e as imagens simbólicas devem relacionar-
se com Cristo e com seu povo como o verdadeiro Israel de Deus.
Nos capítulos restantes do livro, João usa o estilo de um paralelismo
contrastante entre Babilônia como "a grande meretriz" (17:1) e a Nova
Jerusalém como "a esposa do Cordeiro" (21:9), e por essa razão ensina a
relação destas duas seções finais (17:1-19:10 e 19:11-22:5). Juntas
descrevem dramaticamente o duplo tema de retribuição e recompensa. O
fato de que ambas as cenas – a queda de Babilônia e o triunfo da Nova
Jerusalém – seja introduzida pelo próprio anjo das pragas (cap. 16; ver
17:1; 21:9), sugere que toda a seção de Apocalipse 17-22 é o
desenvolvimento ulterior da dupla colheita do mundo que se apresenta
em Apocalipse 14:14-20. Permanecemos admirados ante a engenhosa
concepção do Apocalipse de João e o aceitamos como a habilidade
artística da inspiração divina. Concordamos com C. Mervyn Maxwell
quando afirma que...
"… o Apocalipse é um livro que põe de manifesto uma arte interior
inspirada por Deus e escrito com amante e inteligente devoção. Inclusive a
9. A Composição Literária do Apocalipse 9
forma em que Deus e São João nos fizeram chegar, confirma nossa
convicção de que o Senhor se preocupa conosco porque nos ama".9
Esboços Simétricos
O esboço mais singelo do Apocalipse que mostra a composição
literária de um paralelismo inverso é o seguinte acerto:
A. A igreja militante Caps. 1-3
B. Cristo começa a guerra Caps. 4:1-8:1
C. Chamado de trombeta para arrepender-se Caps. 8:2-11:19
D. Panorama da era cristã Caps. 12-14
C 1. Termina o tempo de prova: juízos retributivos Caps. 15 e 16
B1. Cristo termina a guerra Caps. 17-20
A1. A igreja triunfante Caps. 21 e 22
Um esboço mais detalhado da composição literária do Apocalipse é
apresentado por Elisabeth Schüssler Fiorenza da seguinte maneira:10
A. Prólogo, 1:1-8
B. A comunidade sob juízo, 1:9-3:22 (7 mensagens)
C. O reino de Deus e de Cristo, 4:1-9:21; 11:14-19 (7 selos e 7
trombetas)
D. A comunidade e seus opressores, 10:1-11:13; 12:1-15:4
A comissão profética, 10:1-11:13
Inimigos da comunidade, 12:1-14:5
Colheitas escatológicas, 14:6-20; 15:2-4.
C 1. O juízo de Babilônia / Roma, 15:1, 5-19:10
As sete pragas, 15:5-16:21
Roma e seu poder, 17:1-18
Juízo sobre Roma, 18:1-19:10
B1. O juízo final e a salvação, 19:11-22:9
A1. Epílogo, 22:10-21.
10. A Composição Literária do Apocalipse 10
O esboço mais detalhado da estrutura quiástica do Apocalipse é
apresentado por Kenneth A. Strand em seu estudo: "The Eight Basic
Visions" [As oito visões básicas]. Também coloca Apocalipse 11:19 a
14:20 como a cúpula das visões históricas.11
Em todos os esboços, a mensagem básica do livro se destaca
claramente no centro: Apocalipse 12-14 (ampliado pelo parêntese do
Apoc. 10 e 11). Esta parte principal do livro enfoca a igreja do Senhor
Jesus como a comunidade adoradora durante a era cristã. Dentro desta
estrutura, o farol de luz da profecia muda da igreja apostólica à igreja no
deserto e finalmente se estende à comunidade remanescente no tempo do
fim (caps. 12-14).
Não se pode fazer um estudo responsável pelas profecias do tempo
do fim se se divorciarem algumas porções seletas da Escritura de seus
contextos inalienáveis. O Apocalipse reiteradamente dirige seu feixe de
luz sobre a conclusão dos ciclos proféticos dos selos e das trombetas, de
maneira que é necessária a perspectiva de cada ciclo para entender uma
visão específica do tempo do fim e sua mensagem de consolo.
Isto é o mais imperioso já que os apóstolos aplicam as profecias do
tempo do fim do Antigo Testamento a todo o período entre os adventos
de Cristo e não meramente a algum segmento específico da história da
salvação. Por exemplo, tanto Pedro como Paulo vêem a profecia do
tempo do fim de Joel 2:32 como já em processo de cumprimento na
igreja apostólica e em seu alcance missionário mundial do Pentecostes
(ver Hech. 2:16-21; Rom. 10:9-13). Mas o Apocalipse de João aplica
Joel 2:32 em sua consumação final à última geração dos seguidores de
Cristo (ver Apoc. 7 e 14:1-5; 17:12-14; 18:1-4; 19:11-21). Este modelo
de cumprimentos do Novo Testamento aponta à dinâmica de um
cumprimento progressivo das profecias do Israel do tempo do fim. O
Apocalipse constitui a pedra fundamental de todas as revelações
proféticas desde Moisés. As dimensões apocalípticas de todos os outros
livros da Bíblia encontram sua consumação no Apocalipse de João.
11. A Composição Literária do Apocalipse 11
Referências
Para a Bibliografia, ver na página 140.
1. A. Y. Collins, The Apocalypse. New Testament Message, t. 22, p. x.
2. K. A. Strand, "The Eight Basic Visions" [As Oito Visões
Básicas], Simpósio sobre o Apocalipse. t. 1, p. 35.
3. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, 54.
4. Strand, Simpósio sobre o Apocalipse. t. 1, p. 30.
5. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, p. 61.
6. Mounce, The Book of Revelation, p. 46.
7. Beale, The Use of Daniel in Jewish Apocalyptic Literature and in
the Revelation of St. John, p. 414.
8. Feuillet, The Apocalypse, p. 65.
9. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, p. 62.
10. Schüssler Fiorenza, Apêndice.
11. Strand, "The Eight Basic Visions" [As Oito Visões Básicas],
Simpósio sobre o Apocalipse, t. 1, pp. 36, 37.
12. A Composição Literária do Apocalipse 12
FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO XI
Livros
Collins, Adela Y. The Apocalypse. New Testament Message [O
Apocalipse. Mensagem do Novo Testamento]. Wilmington,
Michael Glazier, 1979.
Feuillet, André The Apocalypse [O Apocalipse] (Staten Island, Nova
York: Alvorada House, 1965; da ed. francesa [Paris: Desclée de
Brouwer, 1962]).
Maxwell, Mervyn. Apocalipsis: sus revelaciones (Florida, Buenos
Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 1991).
Mounce, Robert H. The Book of Revelation [O livro do Apocalipse].
The New International Commentary on the New Testament [O
novo comentário internacional sobre o Novo Testamento]. Grand
Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1977.
Schüssler Fiorenza, Elisabeth. Invitation to the Book of Revelation
[Convite ao livro do Apocalipse]. Garden City, Nova York:
Doubleday 1986.
Tenney, Merril C. Interpreting Revelation [Interpretando o
Apocalipse]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1973.
Artigos
Beale, George K. "The Influence of Daniel upon the Structure and
Theology of John's Apocalypse" [A influência de Daniel sobre a
estrutura e a teologia do Apocalipse de João], JETS 27 (1984), pp.
413-423.
Strand, Kenneth A. "The Eight Basic Visions" [As Oito Visões
Básicas], Simpósio sobre o Apocalipse. t. 1, cap. 2.