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América
                                                     Editora AI
                                                     edição 01 - ano 43
                                                     julho de 2010




  Informativa                                       www.americainformativa.blogspot.com
Exemplar exclusivo
   do assinante




                Chile
                Esquerda x Direita




                                P
               Malvinas ou Falklands?

               O governo de
               Evo Morales             opular ou
               Uruguai
               da guerra ao Poder
                                      opulista?
  Incentivo de Programas Federais       Hugo Chávez e a Venezuela
  A economia brasileira em destaque     Um relacionamento de amor e ódio
América
                              Informativa
                                JULHO DE 2010 ANO I Nº 01




                                                                                            Reprodução/AE
6| Editorial

PRINCIPAL
9| Popular ou
Populista?

OPINIÃO
11| Lula no comando                                                      EXPEDIENTE
da ONU?
                      27| A grande imprensa      47| Evo Morales e seu   EDITOR CHEFE
AMÉRICA SABORES       e o mito do                estilo de governar       Renato Duarte
14 | Descubra os      neopopulismo na
sabores da América    América                    HISTÓRIA                 REPÓRTERES
do Sul                                           49| Um pouco mais de     Andréa Garbim
                      29| Da Esquerda para       Evo...                    Camila Ohana
ECONOMIA              a Direita                                            Carina Basso
17| Incentivo de      32| O Cenário              52| Da guerra para o     Neila Florêncio
Programas Federais                               Poder                     Renato Duarte
                      32| Canção: “Vencer-                                Rômulo Mendes
18| Economia          emos”                      56| Paraguai na visão   Thamyris Barbosa
Populista             34| Hugo Chávez e a        populista                 Willian Rafael
                      Venezuela: Um rela-
21| Bolsa Família     cionamento de amor e       58| Liderança             REDAÇÃO
para quem?            ódio                        Carismática             Andréa Garbim

POLÍTICA              RESENHA                    62| Paternalismo        PROJETO GRÁFICO
22| O Nacionalismo    38| “ A revolução não                              Thamyris Barbosa
de Kirchner           será televisionada “       66|América Retratos
                                                                          COLABORADORA
                                                                         PROJETO GRÁFICO
26| Malvinas ou       42|Integração no cir-
                                                                          Andréa Garbim
Falklands?            culo equatoriano



                           04 América Informativa | Julho de 2010
Editorial
 Caminhos Políticos da América do Sul

      S    eguindo o pensamento de que a proximidade
           é um dos elementos básicos para a notícia,
      aproveitando uma das “brechas” no mercado
      jornalístico, planejamos trazer surpresas nesse
      primeiro projeto.

      Com uma cobertura diferenciada e de qualidade
      sobre a América do Sul, objetivamos levar credibili-
      dade e a satisfação de um dos desejos naturais do
      ser humano: o de saber o que está acontecendo ao
      seu redor!

      Assim, qualquer hipótese que vise outra trajetória
      - que não seja a democrática, não chega perto da
      nossa linha editorial e consequentemente é criticada
      e investigada.

      Quando falamos na cobertura política da América
      do Sul, nos referimos à América Informativa - “A
      notícia como você nunca viu”.

      Sejam bem vindos à primeira edição!

                          Andréa Garbim




            06 América Informativa | Julho de 2010
SÉRGIO DUTTI




08 América Informativa | Julho de 2010
Política


Popular ou




                                                                                                                     MARCELO FERREIRAD.A PRESS
  Populista?

          Dois termos direcionados ao governo de Lula, porém especialistas
             afirmam: “é um tanto perigoso confundir seus significados”

Por Andréa Garbim


E       ntre as mais fortes personali-
        dades da política, atualmente
rotuladas como populistas, destaca-
                                          do que o termo sugere”, afirmou.
                                          O governo brasileiro, por sua vez,
                                          toma medidas e tem seu foco nas
                                                                                do povo numa comunicação direta,
                                                                                sempre mantendo o respeito pelas
                                                                                instituições - mesmo com seus es-
se o presidente Luiz Inácio Lula da       classes mais baixas, que seriam       corregões -, ele sempre foi ligado
Silva, que optou por um caminho con-      as mais prejudicadas em caso de       aos partidos políticos”, enfatizou.
servador, vindo de iniciativas toma-      crise. Programas sociais típicos do
das de cima para baixo, abraçando a       governo Lula como “Minha Casa,        Martins ainda explica que o que está
política neoliberal macroeconômica        Minha Vida” e o “Bolsa Família”,      por trás dos discursos de todo políti-
de FHC. O líder tomou providên-           têm o objetivo de evitar que as       co é a vontade de se manter no pod-
cias que promoveram a ascensão            classes menos favorecidas ou os       er. Independente do líder, boa parte
social da camada dos mais pobres          excluídos sofram as consequências     das políticas públicas, são realiza-
- não no caminho revolucionário           da tensão, permitindo a geração de    das com o intuito de maximizar os
da ruptura por baixo, mas pela via        empregos e o crescimento do país.     votos; o mesmo acontece com Lula.
sancionada do acesso ao mercado,          Para o doutor em Ciência Política     Outra observação apontada por
base suprema do modelo capitalista.       da USP, José Paulo Martins, a idéia   Martins é a forma de condução do
O professor de Ciências Políticas da      de populismo surge quando o presi-    governo, que fez da imagem de Lula
UniBrasil, Emerson Cervi, segue a         dente da república manobra a mas-     se associar diretamente à massa.
definição dos cientistas sociais e não    sa popular em busca de objetivos      No caso do Brasil, a estabilidade
considera Lula um populista. “Trata-      por fora das instituições, usando a   econômica que foi mantida (mes-
se de um líder político popular e não     massa para pressionar o congresso.    mo durante a crise mundial), as
populista. Ele respeita as instituições   “Eu não entendo que o Lula seja ex-   conquistas do aumento de salário
e não promove políticas economica-        atamente um populista. Ele é muito    mínimo, o Bolsa Família – que es-
mente irresponsáveis, ao contrário        mais popular; busca falar a língua    tão atreladas ao cenário econômico,


                                     09 América Informativa | Julho de 2010
fizeram com que a maioria das pes-
                                                             soas tivesse mais dinheiro no bolso,
                                                             do que no passado. “O principal
                                                             termômetro da avaliação de gov-
                                                             erno é a condução econômica. Se
                                                             a economia vai bem, o governo vai
                                                             bem. Se a economia vai mal, o gov-
                                                             erno vai mal”, acrescenta Martins.

                                                             Seguindo o raciocínio do especial-
                                                             ista, podemos entender que Lula
                                                             sempre se baseou em elementos
                                                             populares, porque ele é do povo,
                                                             metalúrgico e um trabalhador que
                                                             ao longo do tempo se vinculou aos
                                                             sindicatos, fazendo carreira política.
                                                             Em 1994, tinha um discurso radical
                                                             de esquerda sem sucesso. Porém,
                                                             como a maioria do eleitorado brasil-
                                                             eiro é conservador – não aceita as
                                                             transformações de baixo para cima,
                                                             Lula foi transformando seu discurso
                                                             em conservador, com o objetivo de
                                                             manter a estabilidade, os contratos,
                                                             sempre utilizando um linguajar pop-
                                                             ular, para se aproximar da massa.

                                                             O cientista político da UFRJ, Hen-
                                                             rique Castro também acredita que
                                                             Lula se vale pela sua popularidade,
                                                             firmando seu espaço político de-
                                                             pois de quatro candidaturas, ele de-
                                                             senvolveu no campo político uma
                                                             trajetória de persistência e quando
                                                             conseguiu finalmente chegar à
                                                             presidência, ele soube durante esses
                                                             oito anos, transformar sua imagem
                                                             numa popularidade frente às ações
                                                             mais ligadas às questões sociais
                                                             que ele implementou no governo.
                                                             Castro enfatiza que um governo
NORMANDO SORACLES




                                                             populista seria uma espécie de
                                                             “aparelho” do Estado, que impõe
                                                             uma censura para que ninguém o
                                                             critique, deixando apenas que a boa
                                                             imagem do líder seja divulgada,
                                                             através dos meios de comunicação.
                                                             “Sou contrário a dizer que o governo
                                                             Lula, ou o próprio seja populista. Eu
                                                             diria que ele é um popular, no sen

                    10 América Informativa | Julho de 2010
Opinião



Lula no comando
da ONU?
Por Andréa Garbim


D       e fato não existe uma regra
        estabelecida que impeça o
presidente Lula de ser secretário-
                                         cisaria eleger um representante para
                                         ocupar novos assentos permanentes,
                                         que hoje são cinco - EUA, China,
geral da ONU (Organização das            Rússia, Reino Unido e França. A
Nações Unidas), mas há indícios          diferença de opiniões com os EUA
de que as chances disso acontecer        sobre temas chave, como no caso do
são próximas de zero, pois o presi-      Irã é outro fator que coloca em risco
dente tem uma série de obstáculos        a nomeação de Lula. Ele precisaria
a superar. Exemplo, a reforma do         do aval do Conselho de Segurança,
Conselho de Segurança, uma das           onde os EUA têm direito a veto.
precondições para entrar na dis-
puta, ainda não está no horizonte.       Por sua vez, o Conselho de Segu-
                                         rança prefere figuras mais discretas,
A ideologia do líder brasileiro,         e Lula tem muita bagagem política,
sobre vários temas polêmicos, é          no sentido de que todos sabem suas
outro entrave, porque isso não cos-      preferências, então os que discordam
tuma combinar com o perfil de            dele vão garantir que seja derrotado.
um secretário-geral. Por fim, um         Na hipótese da reforma na ONU
rodízio informal entre os continen-      acontecer e o Brasil conquistar a
tes significa que a vez de um lati-      vaga permanente, o cenário não
no-americano assumir o comando           melhora: há um "acordo de caval-
da ONU virá somente em 2027.             heiros" que impede os permanentes
                                                                                 BRENO FORTED.A PRESS


                                         de concorrer à secretaria-geral. Se-
Contudo,     no     momento       não    ria muito poder para uma só pessoa.
há sinais de que a reforma
 [do Conselho de Segurança] vá           De 2017 a 2026, a vaga deve ser o
acontecer em breve. Há rivali-           cupada por um país do Leste Eu-
dade demais entre as regiões do          ropeu. A América Latina pode
mundo para concordarem so-               considerar ter a liderança a partir
bre qual país as representaria.          de 2027, quando Lula terá 81
Para que a reforma que o Brasil son-     anos. Será que ele consegue???
ha seja concretizada, cada região pre-

                                   11 América Informativa | Julho de 2010
tido desse termo conseguir traduzir




                                                                                                                            MANOEL MARQUES
exatamente a reação da massa - que
o aprova, o admira, seja pelo car-
isma ou pelas políticas aplicadas”.
Em relação às políticas públicas, o
especialista explica que na maioria
das vezes elas ganham uma espécie
de “roupagem” especial – que se-
ria um meio do marketing do gov-
erno passar mais simplicidade às
ações de Lula. Então quando ele
cria uma nomenclatura como o PAC
e o Bolsa Família, é uma forma de
tornar mais acessível, à população,
o conhecimento do tipo de política
que está sendo implementada. Não
esquecendo que há um interesse
em utilizar essa boa imagem, prin-
cipalmente pela dinâmica da políti-
ca regional – quando os políticos
que apóiam o governo procuram




“    Devemos debater
o assunto, criando a

                             “          H
possibilidade de
construir, de baixo para          istoricamente, o termo pop-                     abusa da propaganda pessoal, afir-
cima, um país mais                ulismo acabou por ser mais                      ma não ser igual aos outros políti-
                         identificado com fenômenos políti-                       cos, toma medidas autoritárias, não
justo e democrático      cos típicos da América Latina, prin-                     respeita os partidos políticos e insti-
                                        cipalmente a partir de 1930, estando      tuições democráticas, diz que é ca-
                                        associado à industrialização, à ur-       paz de resolver todos os problemas
                                        banização e à dissolução das es-          e possui um comportamento bem
 “colar” sua imagem a esses progra-     truturas políticas oligárquicas, que      carismático. É muito comum en-
mas – que são considerados positi-      concentravam firmemente o poder           contrarmos governos populistas em
vos pela massa - que na maioria das     político na mão de aristocracias          países com grandes diferenças soci-
vezes sente a necessidade de ver        rurais. Daí a gênese do populismo,        ais e presença de pobreza e miséria.
resultados práticos na sua realidade.   no Brasil, estar ligada à Revolução
                                        de 1930, que derrubou a República
E o Lula conseguiu tornar tudo          Velha oligárquica, colocando no           do Dicionário...
isso muito real e presente, através     poder Getulio Vargas, que viria a ser
da divulgação dessas ações.             a figura central da política brasileira   Populismo: “ação política que toma
Por fim, afirmarmos que se trata de     até seu suicídio em 1954. O termo         como referência e fonte de legit-
um erro grave dizer que um líder que    populismo é uma forma de gover-           imidade o cidadão comum, cujos
tem sido capaz de construir, com        nar em que o governante se utiliza        interesses, pretende representar”,
políticas públicas, um novo ambiente    de vários recursos para obter apoio       ou “política fundada no aliciamento
econômico e social para o desen-        popular. O populista utiliza uma          das classes sociais de menor poder
volvimento de milhões de pessoas,       linguagem simples e popular, usa e        aquisitivo”.
seja entendido como um populista.


                                    12 América Informativa | Julho de 2010
América Sabores

Descubra os sabores
Por Andréa Garbim



A       América do Sul é um con-
       tinente com uma valiosa
       oferta gastronômica. O
melhor país para apreciar um bom
prato, seria o Peru, onde localiza-
mos os restaurantes mais requinta-
dos. Região dona das mais variadas
e deliciosas culinárias do mun-
do, baseada na fusão de gostos e
preferências indígenas e européias.

Porém, cada restaurante tem a sua
própria visão da gastronomia, a
culinária na zona das Caraíbas,
as frutas tropicais e os pratos de
peixe fresco, por exemplo, são ex-
celentes. Se for para o interior, a
carne de vaca é uma iguaria re-
quintada, em países como a Argen-
tina, o assado é uma especialidade.
Portanto, a América do Sul tem uma
diversificada gastronomia composta
por carne fresca, peixe fresco, frutas
tropicais, vinhos e café da Colôm-
bia. Além disso, na maioria das
zonas turísticas, você poderá en-
contrar restaurantes especializados                                                  Ensalada Cruda, da Bolívia
em outras cozinhas, como a coz-
inha italiana, asiática ou Africana. Modo de preparo:                    1e 1/2 xícara (chá) de açúcar
                                       Em uma tigela bonita, pique       3 ramos de canela
Ensalada Cruda , da                    os tomates, rale as cenou-        4 cravos da índia
Bolívia                                ras e a beterraba. Pique em       1 litro de leite
                                       quadrados o pimentão, em
Ingredientes:                          rodelas bem finas a cebola e      Modo de preparo:
Tomates sem pelo                       misture tudo com a maionese       Cozinhe as bananas sem cas-
Cenoura crua                           e azeite. Coloque sal a gosto.    ca em água por 10 minutos.
Beterraba crua                                                           Corte em pedaços pequenos e
Pimentão cru                           Chucula, do Equador               bata no liquidificador com um
Cebolas cruas                                                            pouco do leite por 2 minutos.
Maionese                               Ingredientes:                     Em uma panela coloque o res-
Azeite e Sal                           3 bananas maduras                 tante do leite para ferver com

                                14 América Informativa | Julho de 2010
da América do Sul...
o cravo e a canela, incorpore        Baixe o fogo e junte os Coctel de Cuqui, do
a banana batida e vá colo-           ovos, deixando que se coz- Uruguai
cando o açúcar aos poucos,           inhem por mais 5 minutos.
mexendo sempre com uma                                               Ingredientes:
colher de pau por 10 minutos.        Retire do fogo adicione o li- 1 lata de pessegos em calda
Espere esfriar e leve à geladeira.   cor e a baunilha. Deixe es- 1 lata de abacaxí em calda
                                     friar e se leve à geladeira. 1 litro de suco de pessego
Huevos Chimbos, da                                                   1 litro de champagne seco
Venezuela                            Costeleta ancha a la            300 ml de gin
                                     parrilha, da Argentina
Ingredientes:                                                        Modo de preparo:
Ovos                                 Ingredientes:                   Reserve      um    pouco     dos
12 gemas                             8 costeletas de vaca cortadas   pêssegos e do abacaxi em calda.
margarina para untar as formin-      não menos que 3 cm c/u
has                                  3 pimentas amarelas em          Bater o restante dos pêssegos
Calda:                               vinagre                         em calda, do abacaxi em calda,
3 xícaras (chá) de água              2 pimentões vermelhos           o suco de pêssego, o cham-
2 xícaras (chá) de açúcar            Alho e salsinha para provenzal  panhe e o gim no liquidificador.
1/4 de colher (sobremesa) de         Molho Chimichurri
baunilha                                                             Coloque em taças as fru-
3 colheres (sopa) de rum,            Modo de preparo:                tas reservadas cortadas em
brandy ou conhaque                   Acender o fogo pelo menos pequenos             pedaços,    junte
                                     uma hora antes da refeição. gelo e a mistura batida.
Modo de preparo:                     Calcula-se que teremos bra-
Com uma batedeira elétrica           sas entre 20-25 minutos depois.
se batem as gemas até ob-
ter um creme que faça bi-            O tempo de cocção varia de acor-
cos. Unte umas forminhas             do com o gosto dos comensais.
de empada e se enchem até            Recomenda-se fogo alto (muitas
a metade com o ovo batido.           brasas) e virar as costeletas não
                                     mais que 8 -10 minutos cada lado.
Coloque os moldes em ban-
ho maria durante 10 minu- Isto dará uma carne tosta-
tos (ao introduzir um palito da por fora e muito suculen-
de madeira, deve sair seco). ta por dentro. Salgar a carne
                              antes de colocar na grelha.
Desinforme e reserve. Numa Quando der a última volta na car-
panela ferver a água e o açú- ne, agregue o vegetal que você
car, mexendo durante 15 mais gosta pimentão, pimenta,
minutos em fogo alto, até alho e salsinha. Da grelha ao
obter uma calda grossa. prato, deve-se comer quente.



                                15 América Informativa | Julho de 2010
Economia

Incentivo de
Programas Federais
A economia brasileira em destaque na América do Sul

Por Carina Basso


N      os últimos anos, uma das
       economias que tem se
destacado como a mais próspera
                                      ual presidente Luiz Ignácio Lula da
                                      Silva, encontrou uma situação sócio-
                                      econômica onde podemos numerar
                                                                             podemos destacar o alto índice de
                                                                             desemprego, os altos níveis de in-
                                                                             flação, que por mais que se encon-
da América Latina e do mun-           diversos fatores que prejudicavam a    travam menores do que em outras
do é a economia brasileira.           solidificação econômica de um país.    épocas, ainda eram altos, se com-
Ao assumir o comando do país, o at-   Dentre os fatores desfavoráveis,       parados aos de atualmente e prin-
                                                                             cipalmente a dívida pública em to-
                                                                             dos seus aspectos, que ao longo dos
                                                                             anos foi sanada pelo atual governo.

                                                                             No atual governo, foi possível re-
                                                                             alizar o pagamento completo da
                                                                             dívida pública e tal fator fez com
                                                                             que o Brasil passasse de devedor,
                                                                             para credor mundial, o que conse-
                                                                             quentemente gerou diversos recur-
                                                                             sos para o investimento em progra-
                                                                             mas internos. Ainda tratando-se do
                                                                             viés econômico, podemos destacar
                                                                             a crise econômica mundial de 2008,
                                                                             momento em que o país manteve-se
                                                                             forte e encarou a crise com medi-
                                                                             das que impulsionaram a economia.
                                                                             Os programas governamentais têm
                                                                             sido a base do atual governo, como
                                                                             os projetos “Fome Zero”, “Bolsa
                                                                             Família”, entre outros de inclusão
                                                                             social, como os de internet banda
                                                                             larga nas escolas publicas e para a
                                                                             população. Com todos esses itens,
                                                                             pode-se dizer que atualmente o
                                                                             país passa não só por um bom
                                                                             momento econômico, como tam-
                                                                             bém por um bom momento social.
                                                                             Os programas complementares
                                                                             articulados em nível federal es-
                                                                             tão descritos no quadro a seguir:


                                  17 América Informativa | Julho de 2010
Economia
    Populi$ta
     Causas e consequências de uma
  economia voltada para projetos sociais

Por Carina Basso



A    atual economia do Brasil encontra-se forte e
     sólida: um grande produtor e exportador de mer-
cadorias de diversos tipos, principalmente commodi-
ties minerais, agrícolas e manufaturados. As áreas
de agricultura, indústria e serviços encontram-se,
atualmente, em bom momento de expansão.
O Brasil possui uma economia              se financeira internacional. O maior
aberta e inserida no processo de          intervalo de baixo desempenho,
globalização. A análise feita pelo        classificado de recessivo, por se es-
Comitê de Datação de Ciclos               tender por meses seguidos, ocorreu
Econômicos, coordenado pelo ex-           entre junho de 1989 e dezembro de
presidente do Banco Central Affon-        1991, prolongando-se até janeiro de
so Celso Pastore, e teve participação     1992, num total de 30 meses. Essa
de mais seis economistas. Segundo         fase crítica começou em meio à cam-
o estudo, que considerou dados            panha pela primeira eleição direta
a partir de 1980, o bom desem-            para a Presidência da República de-
penho da economia começou seis            pois do regime militar (1964-1985).
meses após a posse do presidente          Destacamos como uma economia
Lula e se prolongou por 61 meses.         instável a da Argentina, que mes-
                                          mo mantendo o papel de segunda
O segundo melhor período foi entre        maior economia do Mercosul,
fevereiro de 1987 e outubro de 1988, na   teve sua moeda, o peso, desvalo-
gestão do ex-presidente José Sarney.      rizada ao longo dos anos. Apesar        os programas de privatização e lib-
O menor período recessivo, de acor-       de ser famosa pelo turismo, a base      eralizou o setor público. Lançou
do com o levantamento, foi também         econômica do País é na produção         um plano econômico de choque
no governo atual e durou seis me-         agrícola e pecuária. Mantém-se          para sanear o sistema financeiro do
ses: de junho de 2008 a janeiro de        como um dos principais expor-           país e estabeleceu a paridade mon-
2009, quando o país conviveu com a        tadores de trigo do mundo, além         etária do peso em relação ao dólar.
recessão. Mesmo sendo menos afe-          das exportações de têxtil, metais e
tado do que outros países, o Brasil       produtos químicos. Porém, Carlos        A maior parte da população sofreu
sofreu nesse período reflexos da cri-     Ménem, em seu governo, acelerou         com a política econômica de Mé-

                                      18 América Informativa | Julho de 2010
RICHARD DREWAP



                                        Silvia Manfredini, economista da       zou que desde sua campanha eleito-
nem, mas estas medidas reduz-                                                  ral Kirchner já vem incentivando os
                                        PUC de São Paulo explica que a
iram a inflação e a dívida externa.                                            argentinos com programas sociais:
                                        entrada de Cristina Kirchner para
No entanto, após uma década de                                                 “Argentina teve um crescimento mé-
                                        a presidência, alavancou a econo-
crescimento inteira, a ameaça do                                               dio de 8% nos últimos cinco anos,
                                        mia da Argentina e que através de
caos econômico reapareceu em                                                   o desemprego e a indigência estão
                                        sua postura política de socializar a
2001 com uma grave crise ligada                                                abaixo dos 10% e a pobreza caiu de
                                        população e os transformar em con-
ao reembolso da dívida externa,                                                60% para 26%. Pela primeira vez
                                        sumidores, sua moeda obtêm forte
acompanhada de motins na capital.                                              na história, o país teve um superávit
                                        crescimento perante o dólar. Enfati-


                                      19 América Informativa | Julho de 2010
fiscal primário de US$ 10 bilhões, as     Participação dos Principais Parceiros Comerciais
exportações estão na casa dos US$                    nas Exportações Brasileiras
50 bilhões. O salário mínimo subiu
e empregos foram gerados, tudo isso




                                                                                                                 Folha de S.Paulo
permitiu a transformação de mil-
hões de pessoas em consumidores”

Com a chegada das crises socio-
econômicas, causadas pelas ex-
periências neoliberais dos gover-
nos de direita, a América do Sul
virou-se a uma nova realidade, a
política para o povo. Visando en-
contrar soluções e medidas que mu-
dasse o quadro geral sul americano.
No final dos anos 90, começou a
sucessão de candidatos populis-
tas sendo eleitos para comandar os
países que até então, enfrentavam
governos elitistas, imperialistas e     de mudança. Fazendo com que           na burocracia das aquisições da casa
com visões voltadas ao Governo.         cada cidadão sonhasse com uma         própria e de automóveis; Ampliar-
Os presidentes populistas adotaram      vida melhor, com um emprego es-       am de uma forma geral o poder de
novas perspectivas para seus países.    tável e o tão esperado incentivo do   compra das classes média e baixa de
Ana Maria Afonso, cientista social      Governo as classes desfavorecidas.    seus países, viabilizando o cresci-
e economista da USP explica que                                               mento do consumo dos mesmos.
os planos governamentais foram          Foram criadas medidas socio- Fazendo a economia girar e crescer.
voltados para as populações de          econômicas, como planos de as- Antes o foco, dos governantes Sul
baixa renda. Defendendo os dire-        sistência a famílias de baixa renda; Americanos, estava nas priva-
itos humanos, as centrais sindicais,    incentivo para as crianças frequenta- tizações das empresas, nas ex-
as organizações não governamen-         rem as aulas; planos para facilitar o portações e na macroeconomia
tais e os partidos de esquerda. E       crédito de pessoas que não possuem do País. Hoje o governo também
que, em sua maioria, os candidatos      renda ou possui uma renda limitada criou diversos trabalhos para man-
elegeram-se por passarem a ideia        às necessidades familiares; redução ter e alavancar a macroeconomia.



         Percentual do produto da América do Sul no PIB mundial-1980/2005




                                    20 América Informativa | Julho de 2010
Porém com a preocupação em faz-         nos com governantes populistas, em      econômico dos mesmos vem preocu-
er a economia girar, possibilitou o     sua maioria, constituídos como país-    pando as atuais potências mundiais,
surgimento de novos empregos,           es de terceiro mundo, como potên-       por terem conseguido criar e manter
novas empresas e novos consumi-         cias mundiais. Pois o crescimento       um padrão socioeconômico sólido.
dores. Com o novo foco econômico,




                                                                                                                  ROGÉRIO ALBUQUERQUE
os países tiveram aumento no con-
sumo, e declínio das taxas de juros.
A inflação, em geral vem decaindo
e possibilitando com isso que os
produtos tenham forte queda em seus
preços. Podemos considerar que o
quadro econômico atual é muito fa-
vorável a todos os países, porém não
podemos esquecer que a facilidade
de crédito na praça também acar-
reta diversos problemas, tais como:
o crescimento de inadimplentes.

Segundo Julien Schwab, econo-

                                                 Bolsa família para quem?
mista da Universidade de São Pau-
lo, os governos populistas apenas
seguiram o que já vinha sendo feito
nos governos anteriores. Que os
planos econômicos hoje estabeleci-      O programa Bolsa Família, criado        chega a realmente a quem precisa?
dos foram criados há muitos anos,       pelo governo federal em outubro de
porém não se popularizavam, por         2003, chega ao seu sétimo ano com Vale ressaltar que devido a um ca-
terem como foco a macroeconomia.        novas perspectivas, atender mora- dastro atualizado periodicamente
E os atuais governantes, através        dores de ruas, remanescentes das co-
                                                                          (o qual o governo não estipulou
de suas políticas populares con-        munidades quilombolas, indígenas  o período) mais de 2 milhões de
seguiram transformar a economia         e pessoas acampadas dos movimen-  famílias já deixaram o programa
elitizada em uma economia com           tos direcionados à reforma agrária,
                                                                          devido ao aumento da renda ou
base na população de baixa renda.       como os sem-terra, por exemplo.   auditorias realizadas. Contudo, é
Este foi um dos motivos pelo qual                                         paradoxal o mesmo governo não
o mundo entrou em crise em 2009,    É certo e não se pode negar que o saber estimar quantas famílias
onde diversos bancos e institu-     programa beneficiou milhões de entre os acampados da reforma
ições financeiras quebraram pela    famílias e, segundo apontam estu- agrária recebem o mesmo benefício.
grande inadimplência de seus cli-   dos, foi responsável por 20% da que-
entes. Porém os países sul america- da da desigualdade de renda e pela Não estamos levantando uma bandei-
nos não sofreram tanto o impacto,   redução de 8% na taxa de pobreza ra contra as pessoas que lutam pela
pois caminham ao longo dos anos,    adotada pelo programa. Somente até tão sonhada reforma agrária, porém
com o fortalecimento da econo-      o ano 2009, cerca de 11,1 milhões de diversos benefícios são direcionados
mia, com base na política de con-   famílias receberam o benefício e esse a essas pessoas, como descontos em
sumo, com uma base sustentável.     número aumentará em 2010 devido universidades, cotas específicas etc.
                                    ao acréscimo de outras classes. sem que haja um controle, o que nos
Pois nestes países onde a economia                                        faz pensar: de que lado eles estão e
tem o foco no público de menor Entretanto, até que ponto essa verba, de que lado o governo está... Dos
poder aquisitivo, o número de in- que alcançou no ano de 2009 o pata- brasileiros que realmente precisam,
adimplentes é muito baixo, com- mar de R$ 12,5 bilhões em benefícios, é que aparentemente ninguém está!
parando-se com os demais países.
Consideramos os países sul america-


                                       21 América Informativa | Julho de 2010
Política
O NACIONALISMO DE
KIRCHNER
Malvinas e Banco Central são temas de algumas políticas
de Cristina Kirchner, acusada de “neopopulista” pela fraca
apuração da grande imprensa


Por Renato Duarte
                                                                            “
J     uan Domingues é um cidadão
      argentino peronista. No
momento do auge dos Kirchners
                                      poder do governo”, afirma Ariel
                                      Palácios, renomado correspon-
                                      dente internacional desde 1955.
ele era franco defensor do casal      Palácios considera que a dis-
no poder da República Argentina.      cussão das Malvinas e a crise
                                      diplomática entre governo e Ban-
Ele sempre votou no partido           co Central são os embates políti-
justicialista, porém, diante os       cos mais populistas de Cristina.
problemas atuais que está viven-      Já o professor Oliveiros da Sil-
do pretende mudar o seu voto.         va Ferreira, líder do NERIPUC
Domingues acha que Cristina           (Núcleo de Estudos em Rela-
não soube continuar o governo         ções Internacionais da PUC), Cristina quer usar 2,1 bilhões
de seu marido. Domingues vê os        observa que o populismo nada dos 48 bilhões das reservas cam-
indicies apontarem diminuição de      tem a ver com estas questões. biais argentinas, conquistados
pobreza, mas não percebe a mu-                                          graças ao peso desvalorizado.
dança no seu dia a dia. Há 40 anos    “Numa está em jogo o problema “Ela elaborou o chamado ‘Fun-
ele vota no partido justicialista.    da soberania, noutra, a questão do Bicentenário’ ordenando
Enquanto isso a grande im-            de saber a quem cabe a inter- Martín Redrado, presidente
prensa        mundial       intitu-   pretação da lei e se o Executivo do Banco Central, a deposi-
la Cristina como populista.           pode valer-se das reservas do tar o valor total das reservas.
                                      BC numa emergência, questão
As acusações partem do baixo          que, não resolvida, poderá co- Redrado resistiu alegando que
sucesso que ela vem tendo no país,    locar o governo argentino em uma futura fuga de capitais
onde a presidenta aplica políticas    má posição diante da comuni- traria alto risco de inflação e
que visam o resgate de sua pop-       dade financeira internacional”. que o procedimento pode atra-
ularidade às próximas eleições        Cristina pretende usar as reser- palhar o desenvolvimento em
– segundo a grande imprensa.          vas cambiais do BC, reservando longo prazo”, afirma Palácios.
“Cristina é acusada de ser popu-      parte do orçamento para gastos Segundo Ramon Casas Vilari-
lista, vaidosa, autoritária, com-     à população mais carente. Em no, historiador e pesquisador do
pradora de dólares e de fraca, por    um ano em que a Argentina esta NEILS (Núcleo de Estudos So-
deixar que seu marido seja o real     fechada para o mercado externo, bre Ideologias e Lutas Sociais da


                                  22 América Informativa | Julho de 2010
RODRIGO BUENDIA
                                                                                   Cristina Kirchner no seu
                                                                                   discurso de posse, quando
                                                                                    contava com o apoio da
                                                                                   maioria da população
                                                                                   argentina




                                                                                   gentina e as Ilhas Malvinas. O
                                                                                   objetivo de Cristina é dificultar o
                                                                                   abastecimento das ilhas uma vez
                                                                                   que a ilha de plataforma britânica
                                                                                   Ocean Guardian está retomando a
                                                                                   prospecção de reservas que podem
                                                                                   chegar a 60 bilhões de dólares, es-
                                                                                   timados - comparável ao pré-sal
                                                                                   brasileiro e mais de vinte vezes
                                                                                   maiores do que a região pertencen-
                                                                                   te aos argentinos no arquipélago.

PUC / SP), devemos tomar cui-        para esperar um crescimento da                “Durante a chamada Guerra das
dado quando falamos da aferição      economia para investir”. A Ar-                Malvinas o governo ditatorial de
do desenvolvimento econômico.        gentina possui apenas cinco por               Leopoldo Galtieri usou as ilhas como
“Se um governo aumenta o sa-         cento de população analfabeta                 forma de desviar a atenção dos outros
lário mínimo, isto no ponto de       e uma grande crise econômica.                 problemas sociais que a Argentina
vista empresarial pode ser conce-                                                  vivia. Não por acaso a questão é ret-
bido como uma medida populista       Malvinas                                      omada no momento em que o gover-
que atrapalha em longo prazo.        Outra problemática de repercussão             no da presidenta Cristina é bastante
                                     mundial do governo argentino é a              questionado”, diagnostica Vilarino.
Já quando perguntamos para           discussão sobre a soberania políti-
os sindicatos representantes         ca das Malvinas em detrimento                 A grande imprensa veicula que a
dos trabalhadores vão dizer          do controle inglês. Segundo Ariel             política de Cristina diante as Malvi-
que isso não é populismo e que       Palácios, Cristina força um nacio-            nas é populista, pois não ambiciona,
está é uma ação justa e devida”.     nalismo em busca de apoio popu-               de fato, o conflito bélico, como pre-
Ou seja, temos que fazer uma         lar. Até mesmo a oposição se vê               ga. “Esta é uma boa estratégia popu-
análise qualitativa antes de afir-   obrigada a ceder apoio para que               lista de resgate de imagem”, observa
mar se a ação é populista ou não.    não fique mal vista diante a popu-            Ariel Palácios.
Vilarino exemplifica: “se existem    lação, sociedade civil e imprensa.            Na realidade, “o governo argentino
determinadas escolas e o gabi-       A Argentina assinou um decreto                apenas está buscando uma solução
nete escolar não chega, não dá       restritivo à navegação entre a Ar-            para o delicado problema de fixar

                                 23 América Informativa | Julho de 2010
definitivamente qual é o Estado que     de guerra dada à situação política e    erno de Cristina segundo pesquisa
            tem soberania sobre as ilhas. A In-     econômica em que a Argentina se en-     divulgada em fevereiro pela em-
            glaterra invoca o uti possidetis em     contra e dada também à conjuntura       presa privada Consulta Mitofsky?
            seu favor, pois desde o século XIX      internacional, que seria desfavorável   “Ainda que esforços ideológicos
            tem a posse das ilhas; “A Argentina     a qualquer ato de guerra. Ademais,      tendam a mascarar a realidade, a
            recorre ao argumento de que os in-      é preciso ter presente que a sobera-    crise econômica faz com que os
            gleses conquistaram as ilhas pela       nia não se exerce sobre o petróleo,     trabalhadores argentinos percebam
            força e ao de que elas foram, desde     mas sim sobre a ilha”.                  que a realidade não é aquela que
            muito tempo antes da operação mil-      Por outro lado dentre as medidas        está sendo proferida nos discursos”,
            itar, um território argentino”, anal-   consideradas “populistas” na atual      observa Ramon Casas Vilarino. A
            isa o professor Oliveiros da Silva      Argentina, Vilarino destaca o cer-      pobreza caiu de 54% (2003) para
            Ferreira.                               ceamento da imprensa aplicado por       13% (2009) de acordo com dados
                                                    Cristina. Para o professor a imp-       do governo, ou 30% a 40% (2009)
            Ao contrário dos dias sombrios do       rensa ainda é o principal veículo de    segundo economistas independent-
            falecido general Leopoldo Galtieri,     acesso do líder populista até a pop-    es e a igreja católica (2009) - porém,
            Ramon Casas Vilarino acredita que       ulação. “Se você tem um órgão da        em 2006 a pobreza era de 23,4%.
            Cristina não está sendo tão descuida-   imprensa que se coloca contrário a
            da quanto o governo militar que em      este líder, de alguma forma ele deve    O aumento de 2006 para cá é uma
            1982 provocou o conflito bélico com     ser cerceado e calado no ponto de       demonstração do desapego da pop-
            a Inglaterra. “Cristina já declarou de  vista do líder populista”, explica      ulação para com a presidenta. É in-
            antemão que jamais provocaria mais      Vilarino. Cristina comprou briga        teressante notar que diante a inter-
            uma guerra na região, ela pretende      com órgãos da grande imprensa.          venção de Cristina a diversos meios
            brigar dentro dos organismos inter-                                             de comunicação fica difícil confiar
            nacionais, principalmente ONU”. Diante as políticas populares de                nos dados do atual governo. Neste
            Ferreira também não acredita no Cristina na atualidade, como expli-             âmbito, “o governo da senhora
            conflito bélico. “Não existe perigo car os 18% de aprovação do gov-             Kirchner não tem se caracterizado
                                                                                            por medidas populistas, a não ser
                                                                                            com relação aos ‘piqueteiros’, um
                                                                                            grupo de ação cujos membros, em
                                                                                            troca de apoio ostensivo ao gov-
                                                                                            erno e atacando manifestações dos
                                                                                            que são contrários às políticas que
                                                                                            este adota, gozam de posição rela-
                                                                                            tivamente boa no quadro social do




                                                                                            Cristina Kirchner é
                                                                                            mais uma
                                                                                            representante de
                                                                                            estado nacionalista
                                                                                            da América Latina
DIEGO GILDICE




                                              24 América Informativa | Julho de 2010
país”, afirma o professor Oliveiros      de Cristina. “Ainda que esforços
da Silva Ferreira. No dia em que         ideológicos tendam a mascarar a re-
Cristina venceu as eleições a BBC        alidade, a crise econômica faz com
de Londres enfocou no seu site uma       que os trabalhadores argentinos per-
notícia comparativa entre ela e Evi-     cebam que a realidade não é aquela
ta Perón, colocando Cristina em um       que esta sendo proferida nos discur-
patamar superior em diversos aspec-      sos”, afirma Vilarino.Porém, diante
tos, desde carismáticos até políticos.   a tentativa de reservar dinheiro do
Vilarino não concorda com este en-       orçamento para a população mais
foque. Ele lembra que Evita vincula      carente qualquer medida contrária
um drama pessoal como se estivesse       ao discurso neoliberal acaba sendo
entregando seu corpo e sua alma à        intitulado como populista. “Acusar
pátria, enquanto que Cristina vive       um líder latino americano de popu-
em outro contexto diante uma imen-       lista é a coisa mais fácil, como se de
sa crise economia. Contudo as duas       fato fosse uma coisa ruim. É como
                                                                 dizer que isso



                                                            DAVID GRAY
                                                                 esta fora do
                                                                 jogo,      sem
                                                                 credibilidade.
                                                                 De     repente
                                                                 joga      todo
                                                                 mundo        no
                                                                 mesmo saco e
                                                                 ninguém con-
                                                                 segue iden-
                                                                 tificar mais
                                                                 nada”, con-
                                                                 clui Vilarino.
                                                                 O neopopu-
                                                                 lismo que a
                                                                 grande imp-
Kirchner trouxe o show da Madona para os                         rensa insiste
Argentinos. Esta é mais uma política popular                     em enfocar
                                                                 é concebido
acabam tendo o peronismo na alma, aqui como governos populares nacio-
uma por vinculo familiar e ideológi- nalistas, não só na Argentina como na
co e a outra pelo partido Justicialista. maioria dos países sul-americanos.
O professor Ferreira também não
concorda com a comparação. “Eva A grande imprensa aproveita o na-
Perón teve seu papel numa con- cionalismo do populismo do pas-
juntura política totalmente diversa, sado e começa a intitular os gover-
além de uma personalidade diferente nos latinos americanos - como o da
daquela que a Sra. Kirchner possui. Argentina - de acordo com seus in-
Imaginar que seria possível reedi- teresses econômicos. Cristina é uma
tar-se o fenômeno Evita será não só das poucas líderes sul-americanas
desconhecer a história da Argentina que está com baixíssima populari-
e a do peronismo, como descon- dade em sua gestão. A estagnação
hecer o processo histórico”. A crise financeira dos anos 90 fez com que
econômica que assombra a Argenti- a Argentina não estivesse preparada
na é o principal inimigo do sucesso perante a crise mundial do momento.


                                     25 América Informativa | Julho de 2010
Malvinas ou
                         Falklands?
                         A disputa nas Malvinas está aquém do termo
                         populismo. O populismo já foi e o colonialismo
                         permanece, em pleno século vinte e um ingleses
                         foram enviados para ocupar o arquipélago


Por Renato Duarte


A        Guerra das Malvinas ocor-
         reu em 1982 entre a Argen-
tina e a Inglaterra pela soberania do
                                        É interessante notar que o debate
                                        atual é bem diferente. Naquele mo-
                                        mento o país era governado pelo gen-
                                                                                 lar. O custo para operar uma plata-
                                                                                 forma num ambiente como esse pode
                                                                                 chegar a US$ 1 milhão por dia”.
arquipélago que havia sido domina-      eral Leopoldo Fortunado Galdieri,        A argentina conta com apoio de 32
do a força em 1833 pelos ingleses,      um governo militar e opressor que        países da América Latina, incluindo
quando colonos ingleses foram en-       visava ganhar popularidade tentan-       Brasil, mais o caribe. É tenebroso
viados para ocupar o arquipélago.       do desviar a atenção dos problemas       conceber a idéia de existir um ter-
Em 1965 os dois países ten-             políticos internos que a Argentina       ritório colonial em pleno séc. XXI.
taram chegar a um denomina-             vivia com esta manobra populista.
dor comum através da Assem-             A discussão sobre as Malvinas gan-       É nesse ponto em que Cristina bate
bléia Geral das Nações Unidas.          hou força quando a Inglaterra anun-      e ganha apoio político do continen-
                                        ciou prospecção petrolífera na pla-      te. A evidência mostra que um novo
Foi discutida a resolução 1514, no      ca continental das ilhas. A grande       conflito bélico esta descartado. Não
qual é dado status colonial para as     imprensa enfoca o fato como mais         existindo a ameaça de guerra, o
Malvinas, com isso a Argentina res-     uma política populista de Cris-          que os ingleses vão fazer para não
gatou o território perdido diante a     tina. Sendo essa uma discussão           estabelecer o diálogo com os ar-
política colonialista da Inglaterra,    que esta aquém do mero termo.            gentinos? A discussão é fervorosa.
resolução 2065. Porém, em instantes,                                             Todos os coirmãos do continente
a Inglaterra voltou atrás da decisão.   O jornalista e colunista do jornal estão unidos diante do abuso inglês.
Em 1973 a Assembléia promove            britânico The Guardian, Simon Tis- Aparentemente este é um embate
a Resolução 3160 para diminuir o        dall, afirma que “os trabalhos de neocolonialista, não neopopulista.
fervor das discussões entre os dois     exploração preliminares até agora
países. Porém, em 1982, a Argen-        foram decepcionantes. E além das
tina ataca a região inglesa e começa    tensões políticas, está o estresse físi-
a guerra das Malvinas, resultando       co de trabalhar numa região aonde o
em mais de 655 soldados mortos          mar em algumas áreas poder chegar
- 255 britânicos e três malvinos.       a uma profundidade de três mil met-
                                        ros. As chuvas são constantes e as
                                        temperaturas no inverno, de conge-


                                        26 América Informativa | Julho de 2010
A grande imprensa e o mito do
                Neopopulismo na América

Enquanto a mídia nativa se concentra no discurso populista de Cristina a argen-
tina possui noventa e cinco por cento da população alfabetizada

Por Renato Duarte



É impressionante o discurso elitizado que a grande imp-    Naturalmente      competir     com     o    PIB     dos
rensa brasileira possui. As afirmações, ou acusações da    grandes países do capitalismo sempre foi difí-
grande imprensa não trazem dados concretos para pro-       cil para os Estado Nacionais do continente.
var a sua informação. Por uma coisa muito simples. Se      Nestor Kirchner teve que retomar a economia
os próprios historiados possuem dificuldade para con-      de alguma forma – como de fato foi feito - com
ceber o termo populismo para a atualidade, como po-        oratória, renegociando contratos de dívida externa.
dem os grandes jor-                                                                     A grande imprensa se
nalistas brasileiros                                                                    preocupa com a retra-
acusar os governos                                                                      ção macroeconômica do
sul-americanos?                                                                         PIB dos argentinos, se
É o que acontece                                                                        esquecendo dos outros
normalmente na                                                                          setores como educação.
mídia nativa. Os                                                                        Afinal, a Argentina possui
jornalistas ao os                                                                       somente cinco por cento
julgadores; através                                                                     da população analfabetos,
da união de di-                                                                         segundo último levanta-
versos meios de                                                                         mento da Cepal (Comis-
comunicação bur-                                                                        são Econômica para a
gueses em uma                                                                           América Latina e o Car-
só ideologia, for-                                                                      ibe) que tem base em es-
mulam a opinião                                                                         timativas da população de
esquecendo-se da                                                                        15 anos ou mais em áreas
regra básica do                                                                         urbanas da América Lati-
jornalismo - apura-                                                                     na e do Caribe.A impren-
ção qualitativa. São muitos os meios de comunicação        sa deveria trazer uma análise mais qualitativa antes de
brasileiros que acusam algum líder de populista sem ao     começar com a arte taxionômica de pré-conceituar.
menos procurar alguma fonte do campo das ciências          Deveria buscar duas opiniões divergentes para que o
sociais para confirmação do que está sendo veiculado.      receptor seja respeitado no que tange a qualidade de
Em u texto de 23 de fevereiro, a Folha de S. Paulo fez     informação e a apuração jornalística. Porém, quando
uma reportagem condizendo que o PIB tinha começado         os meios de comunicação elitizados se unem é difí-
a cair desde a ascensão de Cristina. Porém, os mesmos      cil se livrar do contexto. O preconceito é enraizado e
ignoram que em 2006, um ano antes de Cristina assumir      vira um fato social geral diante a sociedade dada. É
a presidência, o PIB já caia com rumores de mais queda     necessário ter cuidado com o mito do neopopulismo
para os próximos anos. Não obstante não mencionam que      estimulado pela grande imprensa da América Latina.
a taxa de pobreza diminui com o casal Kirchner no poder.

                                  27 América Informativa | Julho de 2010
Política

             Da Esquerda para a
                             Direita
                           Depois de uma longa trajetória de presidentes esquerdistas,
                                           o Chile vive uma nova fase

                                                                                              chileno?Durante os últimos 4 anos
                                                                                              o Chile foi governado por Michele
                                                                                              Bachelet, mulher considerada um
                                                                                              exemplo até pelos próprios ci-
                                                                                              dadãos. Filha de um general da for-
                                                                                              ça aérea que foi perseguido, preso
             POR RENATO DUARTE PLANTIER
                                                                                              e morto durante a ditadura, Michele


              J
                                                                                              se formou em medicina pela Uni-
                                                                                              versidade do Chile, foi também uma
                                                                                              perseguida política e no ano de 2000




                                                                                              “     Bachelet era uma
                                                                                              militante política, o
                                                                                              Piñera é um homem cuja
                                                                                              vida nem sempre foi
                                                                                                                       “
                                                                                              ligada à política
DIVULGAÇÃO




                                                                                              foi eleita ao primeiro cargo político
                                                                                              de sua trajetória: Ministra de Saúde.
                                                                                              Nota-se então de cara as principais
                                                                                              diferenças entre Bachelet e Piñera:
                                                                                              “A Bachelet era uma militante políti-
                                                                                              ca, o Piñera é um homem cuja vida
             Por Thamyris Barbosa                                                             não foi sempre ligada à política. (...)
                                                                                              A primeira ocupação do Piñera foi a


             U      m presidente deposto, uma         Foram mais 17 anos de comando           questão empresarial”, comenta
                    ditadura instalada, 20 anos       esquerdista no país, até que nas ul-
                    de repressão.                     timas eleições um candidato de 61
             Com o fim da era Pinochet o Chile        anos, empresário com participação
             voltou a caminhar a passos largos        em várias corporações, milionário
             em direção à democracia. Elegeu          e de centro-direita põe fim a este
             por votos diretos o presidente Patri-    ciclo.A vitória de Sebastian Piñera
                                                                                                                                        DIVULGAÇÃO




             cio Aylwin, em seguida Eduardo           sobre Eduardo Frei foi o marco de
             Frei Ruiz-Tagle, Ricardo Lagos e         uma mudança drástica num país
             finalmente Michele Bachelet. O que       tradicionalmente esquerdista. Mas
             todos esses presidentes têm em co-       a que se deve tamanha mudança
             mum? Todos são socialistas.              no comportamento do cidadão

                                                     29 América Informativa | Julho de 2010
BEGSTEIGER




             o Doutor em Ciências Políticas
             Antônio Carlos Peixoto.
             Piñera é economista e membro do




                                                                                                                                 OSCAR CABRAL
             partido de centro-direita Reno-
             vación Nacional . Assumiu o cargo
             em 11 de março de 2010, após o de-
             sastroso terremoto de 27 de feve-
             reiro, que deixou pelo menos 802
             mortos e 500 feridos. Ele foi eleito
             com a promessa de reconstruir do       ção à marinha,que não teria dado o    e Cultura. Embora não tenham sido
             país.                                  alerta de tsunami. De modo geral,     solucionados problemas mais pro-
             Como o terremoto ocorreu ainda         a Bachelet sai com a imagem um        fundos e nem problemas de justiça
             na gestão de Bachelet, houve rec-      pouco arranhada, segundo a avalia-    ainda pendentes da ditadura (de fato
             lamações principalmente em rela-       ção de Antonio Carlos Peixoto.        Augusto Pinochet morreu sem ser
                                                    Apesar deste arranhão do terremo-     julgado e condenado), a liderança



             “
                                                    to, o mandato da ex-presidente foi    de Bachelet foi avaliada como de
                    Michele teve uma                muito bem avaliado pelos chilenos.    boa qualidade. Esta é a visão de Di-

                        “
             gestão focada nos aspec-
             tos sociais e aumentou
             acesso dos chilenos à
                                                    Mas ainda não serviu para eleger
                                                    seu sucessor de esquerda, Eduardo
                                                    Frei.
                                                                                          ego Weissel, um jovem nascido na
                                                                                          Alemanha, mas que mudou-se para
                                                                                          o Chile com sua família em 1999.
                                                    O governo de Michele teve uma         Mas esta não é apenas uma visão
             internet                               gestão focada nos aspectos sociais,   singular, a ex-presidente chilena
                                                    melhorou muito o aceso do chileno     encerrou seu mandato com 86% de
                                                    de classe media e baixa à Internet    aceitação popular.


                                               30 América Informativa | Julho de 2010
A primeira é que, segundo Antonio       bastian Piñera.
A boa aceitação de seu governo            Peixoto, Bachelet não se empenhou
deve-se basicamente a dois fatores,       por Eduardo Frei. “Ela cruzou os        O novo governo
segundo análise do cientista político.    braços, não foi pra esquina da rua,
Primeiro a personalidade dela. Ela é      trepar num caixote e pedir voto pro     O cidadão chileno Diego Weissel
uma mulher que inspira respeito an-       candidato dela que voltaria portanto    entende que o Chile esta confiante
tes de mais nada -até pela trajetória     à democracia cristã como o Lula         no governo de Sebastian Piñera.
política. Ela não é uma aventureira,      está fazendo para a Dilma Roussef.      “Deve deixar uma boa impresão no
no ponto de vista político". Em se-       Ela não se movimentou”, explica.        começo, pois alem de ser um novo
gundo lugar, a gestão dela à frente                                               pressidente é uma nova etapa na
do Estado chileno foi uma gestão          Uma segunda hipótese levantada          política chilena onde a direita reto-
marcada pela sinceridade. "Ela nun-       pela Secretária Internacional do        ma o poder após quase 20 anos nas
ca enganou ninguém. Era uma mul-          Partido Comunista do Chile no Bra-      mãos da “Concertación”. É um mo-
her que tinha franqueza. Se ele dizia     sil, Marilena Santos, é que uma vez     mento chave onde a opinião publica
isso, é isso. O governo dela foi um       que o candidato derrotado Eduardo       avalia fortemente o governo e onde
governo marcado pela honestidade.         Frei já tenha sido eleito à presidên-   qualquer indicio de descaso pode
Corrupção existe em qualquer lugar        cia em 1994, o povo chileno decidiu     significar uma importante perda da
do mundo. Uma coisa é corrupção           apostar em algo novo, já que con-       incipiente confiança.
consentida, outra coisa é corrupção       hecia o estilo de governar do ex-       A partir de uma avaliação a respeito
por baixo do pano. Se existiu ou não      presidente.                             do novo governo chileno, o Doutor
existiu no Chile, é difícil dizer. Mas                                            em ciências políticas destaca que
certamente ela foi uma mulher que         A terceira possibilidade levantada      um ponto importante do Piñera é a
impôs um padrão de honestidade ao         pelo jornalista chileno, Diego Weis-    questão da educação, “Ele vai ten-
modo político de operar o governo         sel, é que houve um desencanto com      tar aumentar o grau de ensino no
chileno. Então a população chilena        a performance dos governos de cen-      Chile”.
gostou dela”.                             tro-esquerda, que não conseguiram
                                          solucionar problemas ainda graves
A eleição de Piñera torna-se assim
intrigante, afinal, o candidato que
                                          de diferencias sociais e culturais
                                          muito agudas. Nem dar uma ver-            Você sabia?
disputava as eleições com ele (Edu-       dadeira opção de reconciliação dos
ardo Frei Ruiz) foi escolhido pela        dois principais pólos ainda muito             Os japoneses
Consertacion (uma coalizão eleito-        separados e intolerantes da esquerda          investiram em
ral de partidos políticos chilenos de     e direita tradicionais. Apareceu, no
centro-esquerda onde confluem so-         entanto uma nova direita, popular
                                                                                   bancos de pesca no
cial-democratas e democratas-cris-        se voltando por questões, fazendo        Chile, e hoje o salmão
tãos. É formada por quatro partidos       uso de muito marketing para atrair       que se consome no
políticos principais: Partido Demó-       os indecisos.
crata Cristiano (PDC); Partido por la     Foi crescendo uma idéia de que
                                                                                   Brasil é exportado de
Democracia (PPD); Partido Radical         devia ser dada uma oportunidade a           lá. Os enlatados,
Social Demócrata (PRSD) e Partido         essa nova direita (embora herdeira            resultantes da
Socialista (PS)) para substituir a en-    da direita enriquecida e defen-
tão governante Michele Bachelet.          dida pela ditadura militar, e talvez
                                                                                   pesca são uma fonte
Mesmo com tanta popularidade,             chamada de "nova" como um sim-                   de renda
ela não conseguiu transferir seus         ples recurso publicitário). Isto agiu    extremamente lucra-
votos para derrotar um rival histori-     em consonância com uma tendência
camente em desvantagem (por ser           “direitizante” da política mundial e
                                                                                   tiva, porque o litoral
de direita) e pouco conhecido na          um desencanto pelas classes políti-          chileno é muito
política chilena.                         cas de centro-esquerda também aco-              abundante.
                                          modadas, o que acabou por deixar o
Há quatro hipóteses para a questão.       poder em mãos do empresário Se-


                                         31 América Informativa | Julho de 2010
O CenáriO
ISAAC BREKKEN




                No dia 11 de setembro, o atual presidente foi deposto
                através do golpe militar e as forças armadas chilenas
                            bombardearam o La Moneda




                                                                                                                        DIVULGAÇÃO
            Por Thamyris Barbosa



            O        comandante que liderou
                     o golpe nasceu em Val-
            paraíso, ingressou na carreira
                                                   retaliação aos líderes militares.
                                                   Uma figura importante da história
                                                   chilena, no que diz respeito à di-
                                                   tadura é o cantor, compositor,
            militar aos 17 anos e chegou ao        ator e revolucionário Victor Jara.
            cargo após a renúncia de Carlos        Ele foi detido junto com outros
            Prats, que se recusava a partici-
            par de qualquer golpe de estado.
                                                   alunos e professores,no golpe de
                                                   estado, e conduzido ao Estádio
                                                                                        Canção
            O novo comandante-em-chefe as-         do Chile (usado como campo de
            sume a presidência em 17 de Jun-       concentração).Jara foi mantido       Venceremos
            ho de 1974. Instala-se a ditadura.     lá durante vários dias, foi tor-     (composição: Victor Jara)
            Augusto Pinochet era seu nome.         turado e teve suas mãos cortadas
            Foi autor do período considera-        como parte do "castigo" dos mili-    No que diz respeito a nossa
            do mais autoritário e violento         tares a seu trabalho de conscien-    bandeira mulheres se jun-
            do Chile. No poder do Chile dis-       tização social aos setores mais      taram ao clamor
            solveu o Congresso, proscreveu         desfavorecidos do povo chileno.
            os partidos políticos, restringiu      O próprio Pinochet continuou no      O vencedor da Unidade Pop-
            os direitos civis e declarou ilegal    comando do Exército até 1998,        ular opressor ianque é grave
            a Unidade Popular, frente que          quando passou a exercer a função
            apoiava Allende, prendendo seus        de senador vitalício no Congresso,   Refrão: Venceremos, vencere-
            principais líderes. Foi responsável                                         mos com Allende, em setembro
                                                   à qual renunciou em virtude dos
            pela morte de cerca de 3 mil oposi-                                         a ganhar
                                                   problemas de saúde e das diver-
            tores do regime e tortura de quase     sas acusações de violações aos       Venceremos, venceremos
            30 mil. Centenas de milhares de        direitos humanos. Em julho de        Unidade Popular no poder.
            chilenos foram obrigados a exilar-     2001, apresentou um atestado
            se. Paralelamente, o general pro-      de debilidade mental que o sal-      Com a força que vem do povo
            moveu reformas econômicas, cujo        vou de uma possível condenação.      um país melhor para fazer,
            sucesso inicial levou a se falar num    Pouco antes de morrer, assumiu      batendo juntos e unidos
            "milagre econômico chileno".           a responsabilidade pessoal por       poder, poder, poder
            Em 18 de fevereiro de 1988,            tudo o que ocorreu no Chile du-
            porém, Pinochet foi derrotado no                                            Se a justa vitória de Allende
                                                   rante seu governo, declarando        a direita quiser ignorar
            plebiscito que podia referendar o      assim ter agido por patriotismo.     todas as pessoas, determi-
            prolongamento da sua presidên-          No dia 3 de dezembro de 2006,       nadas e corajosas com um
            cia. No ano seguinte foram real-       aos 91 anos, o general sofreu        homem se levantará.
            izadas eleições e o general entre-     um ataque cardíaco e foi in-
            gou a presidência ao democrata         ternado às pressas no hospital
            cristão Patricio Aylwin, em 11 de      militar de Santiago. Faleceu no
            março de 1990. Mas a transição         dia 10, ironicamente o dia inter-
            ao regime democrático foi cer-         nacional dos direitos humanos,
            cada de cuidados para não haver        e foi velado na Escola Militar.


                                              32 América Informativa | Julho de 2010
Política


Hugo Chávez e a
Um relacionamento de
Um balanço dos doze
anos de Hugo Chávez
no poder

Por Rômulo Mendes



H       ugo Chávez é sem dúvida
        o principal responsável por
colocar a Venezuela aos olhos do
mundo, no entanto as terras ven-
ezuelanas lhe concederam o espaço
para a implantação de sua política,
gerando um relacionamento de
12 anos. Relação, esta que divide
opiniões em torno do assunto. Den-
tro desta conjuntura nasceram os
chavistas e anti-chavistas que dire-
cionam o caminho do país. Entenda
melhor sobre o relacionamento en-
tre Chávez e a Venezuela.

Histórico Popular
Chávez disputou a presidência
em 1998, contra o empresário
Henrique Salas Römer e acabou
sendo eleito por 56% da aprova-
ção eleitoral, sucedendo Rafael
Caldera DO COPEI. Chávez emer-
giu ao poder como uma renovação,
segundo o especialista em ciên-          Política Electoral Independendiente.   estatais em prol da população
cia política e doutor pela IFLCH         Para o especialista em ciência         mais humilde e sua diferenciação
da USP, Rui Maluf, sua imagem            política e professor doutor da uni-    aos outros políticos antecedent-
se fortaleceu devido o descrédito        versidade Mackenzie, Agnaldo           es é o forte centralismo político.
contra as forças políticas tradi-        dos Santos, Chávez é um divisor        Já eleito como presidente da Ven-
cionais AD, Ação Democrática E           de águas na política de seu país,      ezuela, suas primeiras implementa-
COPEI, Comitê de Organizacion            devido à reorientação das ações        ções na política foram à mudança do


                                       34 América Informativa | Julho de 2010
Venezuela
AMOR E ÓDIO                               FERNANDO CAVALCANTI
                                                                            Responsável por um terço do PIB
                                                                            do país, a exportação do petró-
                                                                            leo foi um dos pontos negativos
                                                                            do seu governo. Para Rui Maluf a
                                                                            perseguição de Chávez as ativi-
                                                                            dades econômicas privadas domes-
                                                                            ticas e internacionais caminhou na
                                                                            contramão e conseqüentemente
                                                                            criaram-se menores oportunidades
                                                                            para oferecer a população. O seu
                                                                            descontentamento com a política



                                                                            “     Chávez é um divisor
                                                                            de águas da política de
                                                                            seu país, devido a

                                                                                       “
                                                                            reorientação das ações
                                                                            estatais em prol da
                                                                            população mais
                                                                            humilde

                                                                          neoliberal dos Estados Unidos
                                                                          foram um dos primeiros indícios
                                                                          para um governo autoritário. Alvo
                                                                          de críticas por parte da imprensa
                                                                          Venezuelana ao longo de seu man-
                                                                          dato, esta rincha ganhou noto-
                                                                          riedade após a tentativa de golpe
                                                                          sofrida pelo governo Chávez, em
                                                                          2002. Segundo Maluf, a briga do
                                                                          governo e a imprensa é o fruto de
nome do país para “Republica Boli-     Chávez as classes de menores ren- uma concepção autoritária do poder,
variana da Venezuela”, seguindo na     das experimentaram uma melho- que o faz não aceitar ser contestado.
construção de um novo modelo, a        ria em suas condições financeiras, Paralelo a isso, Agnaldo Santos, de-
Assembleia Nacional, que aumen-        entretanto ao longo de seu man- clara ser contrário a esta posição,
tou o poder ao legislativo, causando   dato, sua posição foi extrema- dizendo que é preciso saber como
o prolongamento do seu mandato.        mente radical, principalmente ao é o comportamento da imprensa,
Com a política exercida de Hugo        tratar-se de políticas externas. se ela cumpre mais o papel de in


                                   35 América Informativa | Julho de 2010
formar do que o partido político.
Ainda, relata um acontecimento
em 1964, quando a mesma im-
prensa venezuelana apoiou um
golpe contra o presidente da época.

Chavistas e anti-chavistas
O estilo de política de Hugo Chávez
deu início aos chavistas e anti-
chavistas: são eles quem o aprova
ou não. Divisão explícita que já
chegou às ruas, por meio de con-
frontos. Exemplo que se pode ser




                                                                                                                       EDDIE KEOGHREU
visto no filme “A revolução Não
Será Transmitida”, dos irlandeses
Kim Bartley e Donnacha Obrian.

“A polarização foi latente durante
muitos anos devido às característi-
cas de sua sociedade e economia,
                                         E mantêm apoiando o mandatário,        nutenção de seu perfil, o presidente
porém, reascendendo ao poder, o
                                         enquanto o restante dos 59% man-       contratou uma equipe especial-
mandatário atual o explorou como
                                         tém pouca ou nenhuma confiança.        mente para lidar com esses proble-
um amigo-inimigo, não tem nada de
                                         Para o jornalista Rafael Brasil, do    mas, perguntado a Agnaldo, sobre
positivo pensando a médio e longo
                                         Grupo Bandeirantes de Comuni-          as possíveis contradições que con-
prazo da vida do país”, afirmou Rui.
                                         cação, a queda da popularidade de      tornam a nova empreitada do man-
                                         Chávez é a prova de que a política     datário Chávez, ele responde que o
Queda de popularidade                                                           acesso à internet está alcançando a
                                         autoritária dele ruma para a di-
Ao longo de seus mandatos, a                                                    todos, por meio da política de in-
                                         tadura, contudo, isto é um forte
política exercida por Hugo Chávez                                               clusão digital, mesmo o setor pri-
                                         índice de uma futura mudança.
centralizou as classes de baixa                                                 vado com a criação das lan houses.
                                         Concordando com a mesma
renda da Venezuela, por este mo-
                                         opinião de Rafael, Rui acrescen-
tivo que o rótulo de populista                                                  O enfraquecimento do governo
                                         ta que a queda de popularidade é
surgiu na mídia se popularizan-                                                 Chávez gera muitas perguntas
                                         uma constatação das lacunas que
do diante das classes humildes.                                                 e a principal delas é a existên-
                                         os serviços públicos deixaram
Porém, atualmente sua popularidade                                              cia da possibilidade de renova-
                                         devido a evidência do enfraqueci-
vem atingindo quedas, segundo a                                                 ção no poder da Venezuela?
                                         mento que a política externa sofre.
pesquisa divulgada pela empresa
                                         Entretanto, Chávez não poupa esfor-
venezuelana Interlaces, somente
35% da classe D e 43% da classe
                                         ços para (re)-fortalecer sua imagem    O futuro de Hugo Chávez
                                         e eleger sua posição nas próximas



“
                                         eleições legislativas em setembro,     Há algum tempo, mesmo que seja
      A queda de                         prova disso é a criação de um per-     de uma forma tímida, os ares de
                                         fil no “twitter”, uma rede social.     renovação pairam no ar de Miro
popularidade do

              “
presidente venezuelano é
a prova de que a política
autoritária dele rume para
                                         De acordo com sua última declara-
                                         ção fornecida na sua vinda ao Bra-
                                         sil em abril deste ano, ele possui
                                                                                Flores. Passando por problemas
                                                                                internos, com forte ruptura na sua
                                                                                base aliada, o governo começa
                                                                                a sentir uma pequena ameaça.
a ditadura                               média de 20 mil novos seguidores.      Segundo Rui, vários sinais já vem
                                         Tendo o número extenso de segui-       sendo dados divulgados, como,
                                         dores e não dando conta da ma-         por exemplo, o resultado das últi-

                                       36 América Informativa | Julho de 2010
mas eleições regionais em que as           uma base social pouco organizada,      do seu mandato, sua atuação foi
              oposições venceram em estados              sendo possível que ele conduza um      bastante proveitosa, houve o au-
              importantes. A eleição para o Leg-         sucessor, devido a divisão social”.    mento de poder aquisitivo para
              islativo no final desse ano pode           O relacionamento de Hugo Chávez        classe pobre, no entanto, o seu
              ser outro momento muito valioso.           e a Venezuela está desgastada, am-     descontentamento com a política
              Após ministros de sua própria base es-     bos tiveram um relacionamento de       externa do país deu início ao man-
                                                                                                dato autoritário, que elevou em
                                                                                                suas contradições já conhecidas.

                                                                                                Contrariando esta opinião, Agnal-
                                                                                                do dos Santos, mantêm a declara-
                                                                                                ção que essa pergunta deveria ser
                                                                                                respondida por um venezuelano,
                                                                                                sua explicação vem do fato da
                                                                                                imprensa distorcer alguns acon-
                                                                                                tecimentos da Venezuela, devido
                                                                                                ao seu relacionamento pertur-
                                                                                                bado com os Estados Unidos.

                                                                                                Dos doze anos...

                                                                                            de mandato, muitas coisas acontece-
                                                                                            ram, para pontuar o relacionamento
                                                                                            entre ambos, a Venezuela como país
PAUL SAKUMA




                                                                                            e Hugo Chávez como mandatário,
                                                                                            o jornalista Rafael Brasil, explica
                                                                                            que o desequilíbrio seria a melhor
                                                                                            maneira de qualificar esse período,
                                                                                            apesar do Chávez se mostrar um
                                                                                            pouco flexível quando questionado
                                                                                            sobre políticas externas e internas,
              tarem envolvidos com problemas de          amor e ódio ao longo dos 12 anos, detêm uma briga com a imprensa,
              corrupção, Chávez destituiu alguns         na atual conjuntura do presidente então notamos que existe um forte
              cargos. No entanto, para o jornalista      venezuelano que se encontra em desequilíbrio no seu mandato.
              Rafael, Chávez encontra-se com a           queda da popularidade, seria o
              constituição a seu favor e, portanto       melhor posicionamento de mu- Para Agnaldo Santos, o problema da
              seria difícil uma renovação imediata.      dança a surgir no cenário político América Latina é a desigualdade e
              Na atual conjuntura nota-se algo           do país, para fortalecer a imagem exclusão social no continente, que
              parecido com o que Cristina Kirch-         do presidente como mito e as- a corrupção só faz aumentar, nesse
              ner está vivenciando, que vem ge-          sim abrir espaço para renovação. ponto de vista Hugo Chávez favore-
              rando problemas sucessivos, cau-                                              ceu a Venezuela.
              sando a perda de sua popularidade.         O saldo final                      Em visita pelo Brasil, o próprio de-
              Prever o que irá acontecer com o presi-                                       clarou opinião sobre sua atuação e
              dente da Venezuela, não é tarefa fácil.    É preciso entender o benefício diz estar implantado o socialismo
              A Venezuela está tão caracter-             que a Venezuela está ganhando que Simon Bolívar sonhava, quan-
              izada por Chávez, que a modi-              com a personificação do seu man- do questionado sobre possível ren-
              ficação é quase inatingível.               datário, principalmente em ter- ovação na presidência, foi claro
              Para Agnaldo Santos é possível que         mos de país que está se desenvol- ao afirmar que a Venezuela ainda
              ela faça um sucessor “existe o risco       vendo, segundo o especialista Rui precisa dele.
              dele se transformar personalista, com Maluf, se formos pensar no início

                                                       37 América Informativa | Julho de 2010
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América informativa

  • 1. América Editora AI edição 01 - ano 43 julho de 2010 Informativa www.americainformativa.blogspot.com Exemplar exclusivo do assinante Chile Esquerda x Direita P Malvinas ou Falklands? O governo de Evo Morales opular ou Uruguai da guerra ao Poder opulista? Incentivo de Programas Federais Hugo Chávez e a Venezuela A economia brasileira em destaque Um relacionamento de amor e ódio
  • 2.
  • 3.
  • 4. América Informativa JULHO DE 2010 ANO I Nº 01 Reprodução/AE 6| Editorial PRINCIPAL 9| Popular ou Populista? OPINIÃO 11| Lula no comando EXPEDIENTE da ONU? 27| A grande imprensa 47| Evo Morales e seu EDITOR CHEFE AMÉRICA SABORES e o mito do estilo de governar Renato Duarte 14 | Descubra os neopopulismo na sabores da América América HISTÓRIA REPÓRTERES do Sul 49| Um pouco mais de Andréa Garbim 29| Da Esquerda para Evo... Camila Ohana ECONOMIA a Direita Carina Basso 17| Incentivo de 32| O Cenário 52| Da guerra para o Neila Florêncio Programas Federais Poder Renato Duarte 32| Canção: “Vencer- Rômulo Mendes 18| Economia emos” 56| Paraguai na visão Thamyris Barbosa Populista 34| Hugo Chávez e a populista Willian Rafael Venezuela: Um rela- 21| Bolsa Família cionamento de amor e 58| Liderança REDAÇÃO para quem? ódio Carismática Andréa Garbim POLÍTICA RESENHA 62| Paternalismo PROJETO GRÁFICO 22| O Nacionalismo 38| “ A revolução não Thamyris Barbosa de Kirchner será televisionada “ 66|América Retratos COLABORADORA PROJETO GRÁFICO 26| Malvinas ou 42|Integração no cir- Andréa Garbim Falklands? culo equatoriano 04 América Informativa | Julho de 2010
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  • 6. Editorial Caminhos Políticos da América do Sul S eguindo o pensamento de que a proximidade é um dos elementos básicos para a notícia, aproveitando uma das “brechas” no mercado jornalístico, planejamos trazer surpresas nesse primeiro projeto. Com uma cobertura diferenciada e de qualidade sobre a América do Sul, objetivamos levar credibili- dade e a satisfação de um dos desejos naturais do ser humano: o de saber o que está acontecendo ao seu redor! Assim, qualquer hipótese que vise outra trajetória - que não seja a democrática, não chega perto da nossa linha editorial e consequentemente é criticada e investigada. Quando falamos na cobertura política da América do Sul, nos referimos à América Informativa - “A notícia como você nunca viu”. Sejam bem vindos à primeira edição! Andréa Garbim 06 América Informativa | Julho de 2010
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  • 8. SÉRGIO DUTTI 08 América Informativa | Julho de 2010
  • 9. Política Popular ou MARCELO FERREIRAD.A PRESS Populista? Dois termos direcionados ao governo de Lula, porém especialistas afirmam: “é um tanto perigoso confundir seus significados” Por Andréa Garbim E ntre as mais fortes personali- dades da política, atualmente rotuladas como populistas, destaca- do que o termo sugere”, afirmou. O governo brasileiro, por sua vez, toma medidas e tem seu foco nas do povo numa comunicação direta, sempre mantendo o respeito pelas instituições - mesmo com seus es- se o presidente Luiz Inácio Lula da classes mais baixas, que seriam corregões -, ele sempre foi ligado Silva, que optou por um caminho con- as mais prejudicadas em caso de aos partidos políticos”, enfatizou. servador, vindo de iniciativas toma- crise. Programas sociais típicos do das de cima para baixo, abraçando a governo Lula como “Minha Casa, Martins ainda explica que o que está política neoliberal macroeconômica Minha Vida” e o “Bolsa Família”, por trás dos discursos de todo políti- de FHC. O líder tomou providên- têm o objetivo de evitar que as co é a vontade de se manter no pod- cias que promoveram a ascensão classes menos favorecidas ou os er. Independente do líder, boa parte social da camada dos mais pobres excluídos sofram as consequências das políticas públicas, são realiza- - não no caminho revolucionário da tensão, permitindo a geração de das com o intuito de maximizar os da ruptura por baixo, mas pela via empregos e o crescimento do país. votos; o mesmo acontece com Lula. sancionada do acesso ao mercado, Para o doutor em Ciência Política Outra observação apontada por base suprema do modelo capitalista. da USP, José Paulo Martins, a idéia Martins é a forma de condução do O professor de Ciências Políticas da de populismo surge quando o presi- governo, que fez da imagem de Lula UniBrasil, Emerson Cervi, segue a dente da república manobra a mas- se associar diretamente à massa. definição dos cientistas sociais e não sa popular em busca de objetivos No caso do Brasil, a estabilidade considera Lula um populista. “Trata- por fora das instituições, usando a econômica que foi mantida (mes- se de um líder político popular e não massa para pressionar o congresso. mo durante a crise mundial), as populista. Ele respeita as instituições “Eu não entendo que o Lula seja ex- conquistas do aumento de salário e não promove políticas economica- atamente um populista. Ele é muito mínimo, o Bolsa Família – que es- mente irresponsáveis, ao contrário mais popular; busca falar a língua tão atreladas ao cenário econômico, 09 América Informativa | Julho de 2010
  • 10. fizeram com que a maioria das pes- soas tivesse mais dinheiro no bolso, do que no passado. “O principal termômetro da avaliação de gov- erno é a condução econômica. Se a economia vai bem, o governo vai bem. Se a economia vai mal, o gov- erno vai mal”, acrescenta Martins. Seguindo o raciocínio do especial- ista, podemos entender que Lula sempre se baseou em elementos populares, porque ele é do povo, metalúrgico e um trabalhador que ao longo do tempo se vinculou aos sindicatos, fazendo carreira política. Em 1994, tinha um discurso radical de esquerda sem sucesso. Porém, como a maioria do eleitorado brasil- eiro é conservador – não aceita as transformações de baixo para cima, Lula foi transformando seu discurso em conservador, com o objetivo de manter a estabilidade, os contratos, sempre utilizando um linguajar pop- ular, para se aproximar da massa. O cientista político da UFRJ, Hen- rique Castro também acredita que Lula se vale pela sua popularidade, firmando seu espaço político de- pois de quatro candidaturas, ele de- senvolveu no campo político uma trajetória de persistência e quando conseguiu finalmente chegar à presidência, ele soube durante esses oito anos, transformar sua imagem numa popularidade frente às ações mais ligadas às questões sociais que ele implementou no governo. Castro enfatiza que um governo NORMANDO SORACLES populista seria uma espécie de “aparelho” do Estado, que impõe uma censura para que ninguém o critique, deixando apenas que a boa imagem do líder seja divulgada, através dos meios de comunicação. “Sou contrário a dizer que o governo Lula, ou o próprio seja populista. Eu diria que ele é um popular, no sen 10 América Informativa | Julho de 2010
  • 11. Opinião Lula no comando da ONU? Por Andréa Garbim D e fato não existe uma regra estabelecida que impeça o presidente Lula de ser secretário- cisaria eleger um representante para ocupar novos assentos permanentes, que hoje são cinco - EUA, China, geral da ONU (Organização das Rússia, Reino Unido e França. A Nações Unidas), mas há indícios diferença de opiniões com os EUA de que as chances disso acontecer sobre temas chave, como no caso do são próximas de zero, pois o presi- Irã é outro fator que coloca em risco dente tem uma série de obstáculos a nomeação de Lula. Ele precisaria a superar. Exemplo, a reforma do do aval do Conselho de Segurança, Conselho de Segurança, uma das onde os EUA têm direito a veto. precondições para entrar na dis- puta, ainda não está no horizonte. Por sua vez, o Conselho de Segu- rança prefere figuras mais discretas, A ideologia do líder brasileiro, e Lula tem muita bagagem política, sobre vários temas polêmicos, é no sentido de que todos sabem suas outro entrave, porque isso não cos- preferências, então os que discordam tuma combinar com o perfil de dele vão garantir que seja derrotado. um secretário-geral. Por fim, um Na hipótese da reforma na ONU rodízio informal entre os continen- acontecer e o Brasil conquistar a tes significa que a vez de um lati- vaga permanente, o cenário não no-americano assumir o comando melhora: há um "acordo de caval- da ONU virá somente em 2027. heiros" que impede os permanentes BRENO FORTED.A PRESS de concorrer à secretaria-geral. Se- Contudo, no momento não ria muito poder para uma só pessoa. há sinais de que a reforma [do Conselho de Segurança] vá De 2017 a 2026, a vaga deve ser o acontecer em breve. Há rivali- cupada por um país do Leste Eu- dade demais entre as regiões do ropeu. A América Latina pode mundo para concordarem so- considerar ter a liderança a partir bre qual país as representaria. de 2027, quando Lula terá 81 Para que a reforma que o Brasil son- anos. Será que ele consegue??? ha seja concretizada, cada região pre- 11 América Informativa | Julho de 2010
  • 12. tido desse termo conseguir traduzir MANOEL MARQUES exatamente a reação da massa - que o aprova, o admira, seja pelo car- isma ou pelas políticas aplicadas”. Em relação às políticas públicas, o especialista explica que na maioria das vezes elas ganham uma espécie de “roupagem” especial – que se- ria um meio do marketing do gov- erno passar mais simplicidade às ações de Lula. Então quando ele cria uma nomenclatura como o PAC e o Bolsa Família, é uma forma de tornar mais acessível, à população, o conhecimento do tipo de política que está sendo implementada. Não esquecendo que há um interesse em utilizar essa boa imagem, prin- cipalmente pela dinâmica da políti- ca regional – quando os políticos que apóiam o governo procuram “ Devemos debater o assunto, criando a “ H possibilidade de construir, de baixo para istoricamente, o termo pop- abusa da propaganda pessoal, afir- cima, um país mais ulismo acabou por ser mais ma não ser igual aos outros políti- identificado com fenômenos políti- cos, toma medidas autoritárias, não justo e democrático cos típicos da América Latina, prin- respeita os partidos políticos e insti- cipalmente a partir de 1930, estando tuições democráticas, diz que é ca- associado à industrialização, à ur- paz de resolver todos os problemas banização e à dissolução das es- e possui um comportamento bem “colar” sua imagem a esses progra- truturas políticas oligárquicas, que carismático. É muito comum en- mas – que são considerados positi- concentravam firmemente o poder contrarmos governos populistas em vos pela massa - que na maioria das político na mão de aristocracias países com grandes diferenças soci- vezes sente a necessidade de ver rurais. Daí a gênese do populismo, ais e presença de pobreza e miséria. resultados práticos na sua realidade. no Brasil, estar ligada à Revolução de 1930, que derrubou a República E o Lula conseguiu tornar tudo Velha oligárquica, colocando no do Dicionário... isso muito real e presente, através poder Getulio Vargas, que viria a ser da divulgação dessas ações. a figura central da política brasileira Populismo: “ação política que toma Por fim, afirmarmos que se trata de até seu suicídio em 1954. O termo como referência e fonte de legit- um erro grave dizer que um líder que populismo é uma forma de gover- imidade o cidadão comum, cujos tem sido capaz de construir, com nar em que o governante se utiliza interesses, pretende representar”, políticas públicas, um novo ambiente de vários recursos para obter apoio ou “política fundada no aliciamento econômico e social para o desen- popular. O populista utiliza uma das classes sociais de menor poder volvimento de milhões de pessoas, linguagem simples e popular, usa e aquisitivo”. seja entendido como um populista. 12 América Informativa | Julho de 2010
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  • 14. América Sabores Descubra os sabores Por Andréa Garbim A América do Sul é um con- tinente com uma valiosa oferta gastronômica. O melhor país para apreciar um bom prato, seria o Peru, onde localiza- mos os restaurantes mais requinta- dos. Região dona das mais variadas e deliciosas culinárias do mun- do, baseada na fusão de gostos e preferências indígenas e européias. Porém, cada restaurante tem a sua própria visão da gastronomia, a culinária na zona das Caraíbas, as frutas tropicais e os pratos de peixe fresco, por exemplo, são ex- celentes. Se for para o interior, a carne de vaca é uma iguaria re- quintada, em países como a Argen- tina, o assado é uma especialidade. Portanto, a América do Sul tem uma diversificada gastronomia composta por carne fresca, peixe fresco, frutas tropicais, vinhos e café da Colôm- bia. Além disso, na maioria das zonas turísticas, você poderá en- contrar restaurantes especializados Ensalada Cruda, da Bolívia em outras cozinhas, como a coz- inha italiana, asiática ou Africana. Modo de preparo: 1e 1/2 xícara (chá) de açúcar Em uma tigela bonita, pique 3 ramos de canela Ensalada Cruda , da os tomates, rale as cenou- 4 cravos da índia Bolívia ras e a beterraba. Pique em 1 litro de leite quadrados o pimentão, em Ingredientes: rodelas bem finas a cebola e Modo de preparo: Tomates sem pelo misture tudo com a maionese Cozinhe as bananas sem cas- Cenoura crua e azeite. Coloque sal a gosto. ca em água por 10 minutos. Beterraba crua Corte em pedaços pequenos e Pimentão cru Chucula, do Equador bata no liquidificador com um Cebolas cruas pouco do leite por 2 minutos. Maionese Ingredientes: Em uma panela coloque o res- Azeite e Sal 3 bananas maduras tante do leite para ferver com 14 América Informativa | Julho de 2010
  • 15. da América do Sul... o cravo e a canela, incorpore Baixe o fogo e junte os Coctel de Cuqui, do a banana batida e vá colo- ovos, deixando que se coz- Uruguai cando o açúcar aos poucos, inhem por mais 5 minutos. mexendo sempre com uma Ingredientes: colher de pau por 10 minutos. Retire do fogo adicione o li- 1 lata de pessegos em calda Espere esfriar e leve à geladeira. cor e a baunilha. Deixe es- 1 lata de abacaxí em calda friar e se leve à geladeira. 1 litro de suco de pessego Huevos Chimbos, da 1 litro de champagne seco Venezuela Costeleta ancha a la 300 ml de gin parrilha, da Argentina Ingredientes: Modo de preparo: Ovos Ingredientes: Reserve um pouco dos 12 gemas 8 costeletas de vaca cortadas pêssegos e do abacaxi em calda. margarina para untar as formin- não menos que 3 cm c/u has 3 pimentas amarelas em Bater o restante dos pêssegos Calda: vinagre em calda, do abacaxi em calda, 3 xícaras (chá) de água 2 pimentões vermelhos o suco de pêssego, o cham- 2 xícaras (chá) de açúcar Alho e salsinha para provenzal panhe e o gim no liquidificador. 1/4 de colher (sobremesa) de Molho Chimichurri baunilha Coloque em taças as fru- 3 colheres (sopa) de rum, Modo de preparo: tas reservadas cortadas em brandy ou conhaque Acender o fogo pelo menos pequenos pedaços, junte uma hora antes da refeição. gelo e a mistura batida. Modo de preparo: Calcula-se que teremos bra- Com uma batedeira elétrica sas entre 20-25 minutos depois. se batem as gemas até ob- ter um creme que faça bi- O tempo de cocção varia de acor- cos. Unte umas forminhas do com o gosto dos comensais. de empada e se enchem até Recomenda-se fogo alto (muitas a metade com o ovo batido. brasas) e virar as costeletas não mais que 8 -10 minutos cada lado. Coloque os moldes em ban- ho maria durante 10 minu- Isto dará uma carne tosta- tos (ao introduzir um palito da por fora e muito suculen- de madeira, deve sair seco). ta por dentro. Salgar a carne antes de colocar na grelha. Desinforme e reserve. Numa Quando der a última volta na car- panela ferver a água e o açú- ne, agregue o vegetal que você car, mexendo durante 15 mais gosta pimentão, pimenta, minutos em fogo alto, até alho e salsinha. Da grelha ao obter uma calda grossa. prato, deve-se comer quente. 15 América Informativa | Julho de 2010
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  • 17. Economia Incentivo de Programas Federais A economia brasileira em destaque na América do Sul Por Carina Basso N os últimos anos, uma das economias que tem se destacado como a mais próspera ual presidente Luiz Ignácio Lula da Silva, encontrou uma situação sócio- econômica onde podemos numerar podemos destacar o alto índice de desemprego, os altos níveis de in- flação, que por mais que se encon- da América Latina e do mun- diversos fatores que prejudicavam a travam menores do que em outras do é a economia brasileira. solidificação econômica de um país. épocas, ainda eram altos, se com- Ao assumir o comando do país, o at- Dentre os fatores desfavoráveis, parados aos de atualmente e prin- cipalmente a dívida pública em to- dos seus aspectos, que ao longo dos anos foi sanada pelo atual governo. No atual governo, foi possível re- alizar o pagamento completo da dívida pública e tal fator fez com que o Brasil passasse de devedor, para credor mundial, o que conse- quentemente gerou diversos recur- sos para o investimento em progra- mas internos. Ainda tratando-se do viés econômico, podemos destacar a crise econômica mundial de 2008, momento em que o país manteve-se forte e encarou a crise com medi- das que impulsionaram a economia. Os programas governamentais têm sido a base do atual governo, como os projetos “Fome Zero”, “Bolsa Família”, entre outros de inclusão social, como os de internet banda larga nas escolas publicas e para a população. Com todos esses itens, pode-se dizer que atualmente o país passa não só por um bom momento econômico, como tam- bém por um bom momento social. Os programas complementares articulados em nível federal es- tão descritos no quadro a seguir: 17 América Informativa | Julho de 2010
  • 18. Economia Populi$ta Causas e consequências de uma economia voltada para projetos sociais Por Carina Basso A atual economia do Brasil encontra-se forte e sólida: um grande produtor e exportador de mer- cadorias de diversos tipos, principalmente commodi- ties minerais, agrícolas e manufaturados. As áreas de agricultura, indústria e serviços encontram-se, atualmente, em bom momento de expansão. O Brasil possui uma economia se financeira internacional. O maior aberta e inserida no processo de intervalo de baixo desempenho, globalização. A análise feita pelo classificado de recessivo, por se es- Comitê de Datação de Ciclos tender por meses seguidos, ocorreu Econômicos, coordenado pelo ex- entre junho de 1989 e dezembro de presidente do Banco Central Affon- 1991, prolongando-se até janeiro de so Celso Pastore, e teve participação 1992, num total de 30 meses. Essa de mais seis economistas. Segundo fase crítica começou em meio à cam- o estudo, que considerou dados panha pela primeira eleição direta a partir de 1980, o bom desem- para a Presidência da República de- penho da economia começou seis pois do regime militar (1964-1985). meses após a posse do presidente Destacamos como uma economia Lula e se prolongou por 61 meses. instável a da Argentina, que mes- mo mantendo o papel de segunda O segundo melhor período foi entre maior economia do Mercosul, fevereiro de 1987 e outubro de 1988, na teve sua moeda, o peso, desvalo- gestão do ex-presidente José Sarney. rizada ao longo dos anos. Apesar os programas de privatização e lib- O menor período recessivo, de acor- de ser famosa pelo turismo, a base eralizou o setor público. Lançou do com o levantamento, foi também econômica do País é na produção um plano econômico de choque no governo atual e durou seis me- agrícola e pecuária. Mantém-se para sanear o sistema financeiro do ses: de junho de 2008 a janeiro de como um dos principais expor- país e estabeleceu a paridade mon- 2009, quando o país conviveu com a tadores de trigo do mundo, além etária do peso em relação ao dólar. recessão. Mesmo sendo menos afe- das exportações de têxtil, metais e tado do que outros países, o Brasil produtos químicos. Porém, Carlos A maior parte da população sofreu sofreu nesse período reflexos da cri- Ménem, em seu governo, acelerou com a política econômica de Mé- 18 América Informativa | Julho de 2010
  • 19. RICHARD DREWAP Silvia Manfredini, economista da zou que desde sua campanha eleito- nem, mas estas medidas reduz- ral Kirchner já vem incentivando os PUC de São Paulo explica que a iram a inflação e a dívida externa. argentinos com programas sociais: entrada de Cristina Kirchner para No entanto, após uma década de “Argentina teve um crescimento mé- a presidência, alavancou a econo- crescimento inteira, a ameaça do dio de 8% nos últimos cinco anos, mia da Argentina e que através de caos econômico reapareceu em o desemprego e a indigência estão sua postura política de socializar a 2001 com uma grave crise ligada abaixo dos 10% e a pobreza caiu de população e os transformar em con- ao reembolso da dívida externa, 60% para 26%. Pela primeira vez sumidores, sua moeda obtêm forte acompanhada de motins na capital. na história, o país teve um superávit crescimento perante o dólar. Enfati- 19 América Informativa | Julho de 2010
  • 20. fiscal primário de US$ 10 bilhões, as Participação dos Principais Parceiros Comerciais exportações estão na casa dos US$ nas Exportações Brasileiras 50 bilhões. O salário mínimo subiu e empregos foram gerados, tudo isso Folha de S.Paulo permitiu a transformação de mil- hões de pessoas em consumidores” Com a chegada das crises socio- econômicas, causadas pelas ex- periências neoliberais dos gover- nos de direita, a América do Sul virou-se a uma nova realidade, a política para o povo. Visando en- contrar soluções e medidas que mu- dasse o quadro geral sul americano. No final dos anos 90, começou a sucessão de candidatos populis- tas sendo eleitos para comandar os países que até então, enfrentavam governos elitistas, imperialistas e de mudança. Fazendo com que na burocracia das aquisições da casa com visões voltadas ao Governo. cada cidadão sonhasse com uma própria e de automóveis; Ampliar- Os presidentes populistas adotaram vida melhor, com um emprego es- am de uma forma geral o poder de novas perspectivas para seus países. tável e o tão esperado incentivo do compra das classes média e baixa de Ana Maria Afonso, cientista social Governo as classes desfavorecidas. seus países, viabilizando o cresci- e economista da USP explica que mento do consumo dos mesmos. os planos governamentais foram Foram criadas medidas socio- Fazendo a economia girar e crescer. voltados para as populações de econômicas, como planos de as- Antes o foco, dos governantes Sul baixa renda. Defendendo os dire- sistência a famílias de baixa renda; Americanos, estava nas priva- itos humanos, as centrais sindicais, incentivo para as crianças frequenta- tizações das empresas, nas ex- as organizações não governamen- rem as aulas; planos para facilitar o portações e na macroeconomia tais e os partidos de esquerda. E crédito de pessoas que não possuem do País. Hoje o governo também que, em sua maioria, os candidatos renda ou possui uma renda limitada criou diversos trabalhos para man- elegeram-se por passarem a ideia às necessidades familiares; redução ter e alavancar a macroeconomia. Percentual do produto da América do Sul no PIB mundial-1980/2005 20 América Informativa | Julho de 2010
  • 21. Porém com a preocupação em faz- nos com governantes populistas, em econômico dos mesmos vem preocu- er a economia girar, possibilitou o sua maioria, constituídos como país- pando as atuais potências mundiais, surgimento de novos empregos, es de terceiro mundo, como potên- por terem conseguido criar e manter novas empresas e novos consumi- cias mundiais. Pois o crescimento um padrão socioeconômico sólido. dores. Com o novo foco econômico, ROGÉRIO ALBUQUERQUE os países tiveram aumento no con- sumo, e declínio das taxas de juros. A inflação, em geral vem decaindo e possibilitando com isso que os produtos tenham forte queda em seus preços. Podemos considerar que o quadro econômico atual é muito fa- vorável a todos os países, porém não podemos esquecer que a facilidade de crédito na praça também acar- reta diversos problemas, tais como: o crescimento de inadimplentes. Segundo Julien Schwab, econo- Bolsa família para quem? mista da Universidade de São Pau- lo, os governos populistas apenas seguiram o que já vinha sendo feito nos governos anteriores. Que os planos econômicos hoje estabeleci- O programa Bolsa Família, criado chega a realmente a quem precisa? dos foram criados há muitos anos, pelo governo federal em outubro de porém não se popularizavam, por 2003, chega ao seu sétimo ano com Vale ressaltar que devido a um ca- terem como foco a macroeconomia. novas perspectivas, atender mora- dastro atualizado periodicamente E os atuais governantes, através dores de ruas, remanescentes das co- (o qual o governo não estipulou de suas políticas populares con- munidades quilombolas, indígenas o período) mais de 2 milhões de seguiram transformar a economia e pessoas acampadas dos movimen- famílias já deixaram o programa elitizada em uma economia com tos direcionados à reforma agrária, devido ao aumento da renda ou base na população de baixa renda. como os sem-terra, por exemplo. auditorias realizadas. Contudo, é Este foi um dos motivos pelo qual paradoxal o mesmo governo não o mundo entrou em crise em 2009, É certo e não se pode negar que o saber estimar quantas famílias onde diversos bancos e institu- programa beneficiou milhões de entre os acampados da reforma ições financeiras quebraram pela famílias e, segundo apontam estu- agrária recebem o mesmo benefício. grande inadimplência de seus cli- dos, foi responsável por 20% da que- entes. Porém os países sul america- da da desigualdade de renda e pela Não estamos levantando uma bandei- nos não sofreram tanto o impacto, redução de 8% na taxa de pobreza ra contra as pessoas que lutam pela pois caminham ao longo dos anos, adotada pelo programa. Somente até tão sonhada reforma agrária, porém com o fortalecimento da econo- o ano 2009, cerca de 11,1 milhões de diversos benefícios são direcionados mia, com base na política de con- famílias receberam o benefício e esse a essas pessoas, como descontos em sumo, com uma base sustentável. número aumentará em 2010 devido universidades, cotas específicas etc. ao acréscimo de outras classes. sem que haja um controle, o que nos Pois nestes países onde a economia faz pensar: de que lado eles estão e tem o foco no público de menor Entretanto, até que ponto essa verba, de que lado o governo está... Dos poder aquisitivo, o número de in- que alcançou no ano de 2009 o pata- brasileiros que realmente precisam, adimplentes é muito baixo, com- mar de R$ 12,5 bilhões em benefícios, é que aparentemente ninguém está! parando-se com os demais países. Consideramos os países sul america- 21 América Informativa | Julho de 2010
  • 22. Política O NACIONALISMO DE KIRCHNER Malvinas e Banco Central são temas de algumas políticas de Cristina Kirchner, acusada de “neopopulista” pela fraca apuração da grande imprensa Por Renato Duarte “ J uan Domingues é um cidadão argentino peronista. No momento do auge dos Kirchners poder do governo”, afirma Ariel Palácios, renomado correspon- dente internacional desde 1955. ele era franco defensor do casal Palácios considera que a dis- no poder da República Argentina. cussão das Malvinas e a crise diplomática entre governo e Ban- Ele sempre votou no partido co Central são os embates políti- justicialista, porém, diante os cos mais populistas de Cristina. problemas atuais que está viven- Já o professor Oliveiros da Sil- do pretende mudar o seu voto. va Ferreira, líder do NERIPUC Domingues acha que Cristina (Núcleo de Estudos em Rela- não soube continuar o governo ções Internacionais da PUC), Cristina quer usar 2,1 bilhões de seu marido. Domingues vê os observa que o populismo nada dos 48 bilhões das reservas cam- indicies apontarem diminuição de tem a ver com estas questões. biais argentinas, conquistados pobreza, mas não percebe a mu- graças ao peso desvalorizado. dança no seu dia a dia. Há 40 anos “Numa está em jogo o problema “Ela elaborou o chamado ‘Fun- ele vota no partido justicialista. da soberania, noutra, a questão do Bicentenário’ ordenando Enquanto isso a grande im- de saber a quem cabe a inter- Martín Redrado, presidente prensa mundial intitu- pretação da lei e se o Executivo do Banco Central, a deposi- la Cristina como populista. pode valer-se das reservas do tar o valor total das reservas. BC numa emergência, questão As acusações partem do baixo que, não resolvida, poderá co- Redrado resistiu alegando que sucesso que ela vem tendo no país, locar o governo argentino em uma futura fuga de capitais onde a presidenta aplica políticas má posição diante da comuni- traria alto risco de inflação e que visam o resgate de sua pop- dade financeira internacional”. que o procedimento pode atra- ularidade às próximas eleições Cristina pretende usar as reser- palhar o desenvolvimento em – segundo a grande imprensa. vas cambiais do BC, reservando longo prazo”, afirma Palácios. “Cristina é acusada de ser popu- parte do orçamento para gastos Segundo Ramon Casas Vilari- lista, vaidosa, autoritária, com- à população mais carente. Em no, historiador e pesquisador do pradora de dólares e de fraca, por um ano em que a Argentina esta NEILS (Núcleo de Estudos So- deixar que seu marido seja o real fechada para o mercado externo, bre Ideologias e Lutas Sociais da 22 América Informativa | Julho de 2010
  • 23. RODRIGO BUENDIA Cristina Kirchner no seu discurso de posse, quando contava com o apoio da maioria da população argentina gentina e as Ilhas Malvinas. O objetivo de Cristina é dificultar o abastecimento das ilhas uma vez que a ilha de plataforma britânica Ocean Guardian está retomando a prospecção de reservas que podem chegar a 60 bilhões de dólares, es- timados - comparável ao pré-sal brasileiro e mais de vinte vezes maiores do que a região pertencen- te aos argentinos no arquipélago. PUC / SP), devemos tomar cui- para esperar um crescimento da “Durante a chamada Guerra das dado quando falamos da aferição economia para investir”. A Ar- Malvinas o governo ditatorial de do desenvolvimento econômico. gentina possui apenas cinco por Leopoldo Galtieri usou as ilhas como “Se um governo aumenta o sa- cento de população analfabeta forma de desviar a atenção dos outros lário mínimo, isto no ponto de e uma grande crise econômica. problemas sociais que a Argentina vista empresarial pode ser conce- vivia. Não por acaso a questão é ret- bido como uma medida populista Malvinas omada no momento em que o gover- que atrapalha em longo prazo. Outra problemática de repercussão no da presidenta Cristina é bastante mundial do governo argentino é a questionado”, diagnostica Vilarino. Já quando perguntamos para discussão sobre a soberania políti- os sindicatos representantes ca das Malvinas em detrimento A grande imprensa veicula que a dos trabalhadores vão dizer do controle inglês. Segundo Ariel política de Cristina diante as Malvi- que isso não é populismo e que Palácios, Cristina força um nacio- nas é populista, pois não ambiciona, está é uma ação justa e devida”. nalismo em busca de apoio popu- de fato, o conflito bélico, como pre- Ou seja, temos que fazer uma lar. Até mesmo a oposição se vê ga. “Esta é uma boa estratégia popu- análise qualitativa antes de afir- obrigada a ceder apoio para que lista de resgate de imagem”, observa mar se a ação é populista ou não. não fique mal vista diante a popu- Ariel Palácios. Vilarino exemplifica: “se existem lação, sociedade civil e imprensa. Na realidade, “o governo argentino determinadas escolas e o gabi- A Argentina assinou um decreto apenas está buscando uma solução nete escolar não chega, não dá restritivo à navegação entre a Ar- para o delicado problema de fixar 23 América Informativa | Julho de 2010
  • 24. definitivamente qual é o Estado que de guerra dada à situação política e erno de Cristina segundo pesquisa tem soberania sobre as ilhas. A In- econômica em que a Argentina se en- divulgada em fevereiro pela em- glaterra invoca o uti possidetis em contra e dada também à conjuntura presa privada Consulta Mitofsky? seu favor, pois desde o século XIX internacional, que seria desfavorável “Ainda que esforços ideológicos tem a posse das ilhas; “A Argentina a qualquer ato de guerra. Ademais, tendam a mascarar a realidade, a recorre ao argumento de que os in- é preciso ter presente que a sobera- crise econômica faz com que os gleses conquistaram as ilhas pela nia não se exerce sobre o petróleo, trabalhadores argentinos percebam força e ao de que elas foram, desde mas sim sobre a ilha”. que a realidade não é aquela que muito tempo antes da operação mil- Por outro lado dentre as medidas está sendo proferida nos discursos”, itar, um território argentino”, anal- consideradas “populistas” na atual observa Ramon Casas Vilarino. A isa o professor Oliveiros da Silva Argentina, Vilarino destaca o cer- pobreza caiu de 54% (2003) para Ferreira. ceamento da imprensa aplicado por 13% (2009) de acordo com dados Cristina. Para o professor a imp- do governo, ou 30% a 40% (2009) Ao contrário dos dias sombrios do rensa ainda é o principal veículo de segundo economistas independent- falecido general Leopoldo Galtieri, acesso do líder populista até a pop- es e a igreja católica (2009) - porém, Ramon Casas Vilarino acredita que ulação. “Se você tem um órgão da em 2006 a pobreza era de 23,4%. Cristina não está sendo tão descuida- imprensa que se coloca contrário a da quanto o governo militar que em este líder, de alguma forma ele deve O aumento de 2006 para cá é uma 1982 provocou o conflito bélico com ser cerceado e calado no ponto de demonstração do desapego da pop- a Inglaterra. “Cristina já declarou de vista do líder populista”, explica ulação para com a presidenta. É in- antemão que jamais provocaria mais Vilarino. Cristina comprou briga teressante notar que diante a inter- uma guerra na região, ela pretende com órgãos da grande imprensa. venção de Cristina a diversos meios brigar dentro dos organismos inter- de comunicação fica difícil confiar nacionais, principalmente ONU”. Diante as políticas populares de nos dados do atual governo. Neste Ferreira também não acredita no Cristina na atualidade, como expli- âmbito, “o governo da senhora conflito bélico. “Não existe perigo car os 18% de aprovação do gov- Kirchner não tem se caracterizado por medidas populistas, a não ser com relação aos ‘piqueteiros’, um grupo de ação cujos membros, em troca de apoio ostensivo ao gov- erno e atacando manifestações dos que são contrários às políticas que este adota, gozam de posição rela- tivamente boa no quadro social do Cristina Kirchner é mais uma representante de estado nacionalista da América Latina DIEGO GILDICE 24 América Informativa | Julho de 2010
  • 25. país”, afirma o professor Oliveiros de Cristina. “Ainda que esforços da Silva Ferreira. No dia em que ideológicos tendam a mascarar a re- Cristina venceu as eleições a BBC alidade, a crise econômica faz com de Londres enfocou no seu site uma que os trabalhadores argentinos per- notícia comparativa entre ela e Evi- cebam que a realidade não é aquela ta Perón, colocando Cristina em um que esta sendo proferida nos discur- patamar superior em diversos aspec- sos”, afirma Vilarino.Porém, diante tos, desde carismáticos até políticos. a tentativa de reservar dinheiro do Vilarino não concorda com este en- orçamento para a população mais foque. Ele lembra que Evita vincula carente qualquer medida contrária um drama pessoal como se estivesse ao discurso neoliberal acaba sendo entregando seu corpo e sua alma à intitulado como populista. “Acusar pátria, enquanto que Cristina vive um líder latino americano de popu- em outro contexto diante uma imen- lista é a coisa mais fácil, como se de sa crise economia. Contudo as duas fato fosse uma coisa ruim. É como dizer que isso DAVID GRAY esta fora do jogo, sem credibilidade. De repente joga todo mundo no mesmo saco e ninguém con- segue iden- tificar mais nada”, con- clui Vilarino. O neopopu- lismo que a grande imp- Kirchner trouxe o show da Madona para os rensa insiste Argentinos. Esta é mais uma política popular em enfocar é concebido acabam tendo o peronismo na alma, aqui como governos populares nacio- uma por vinculo familiar e ideológi- nalistas, não só na Argentina como na co e a outra pelo partido Justicialista. maioria dos países sul-americanos. O professor Ferreira também não concorda com a comparação. “Eva A grande imprensa aproveita o na- Perón teve seu papel numa con- cionalismo do populismo do pas- juntura política totalmente diversa, sado e começa a intitular os gover- além de uma personalidade diferente nos latinos americanos - como o da daquela que a Sra. Kirchner possui. Argentina - de acordo com seus in- Imaginar que seria possível reedi- teresses econômicos. Cristina é uma tar-se o fenômeno Evita será não só das poucas líderes sul-americanas desconhecer a história da Argentina que está com baixíssima populari- e a do peronismo, como descon- dade em sua gestão. A estagnação hecer o processo histórico”. A crise financeira dos anos 90 fez com que econômica que assombra a Argenti- a Argentina não estivesse preparada na é o principal inimigo do sucesso perante a crise mundial do momento. 25 América Informativa | Julho de 2010
  • 26. Malvinas ou Falklands? A disputa nas Malvinas está aquém do termo populismo. O populismo já foi e o colonialismo permanece, em pleno século vinte e um ingleses foram enviados para ocupar o arquipélago Por Renato Duarte A Guerra das Malvinas ocor- reu em 1982 entre a Argen- tina e a Inglaterra pela soberania do É interessante notar que o debate atual é bem diferente. Naquele mo- mento o país era governado pelo gen- lar. O custo para operar uma plata- forma num ambiente como esse pode chegar a US$ 1 milhão por dia”. arquipélago que havia sido domina- eral Leopoldo Fortunado Galdieri, A argentina conta com apoio de 32 do a força em 1833 pelos ingleses, um governo militar e opressor que países da América Latina, incluindo quando colonos ingleses foram en- visava ganhar popularidade tentan- Brasil, mais o caribe. É tenebroso viados para ocupar o arquipélago. do desviar a atenção dos problemas conceber a idéia de existir um ter- Em 1965 os dois países ten- políticos internos que a Argentina ritório colonial em pleno séc. XXI. taram chegar a um denomina- vivia com esta manobra populista. dor comum através da Assem- A discussão sobre as Malvinas gan- É nesse ponto em que Cristina bate bléia Geral das Nações Unidas. hou força quando a Inglaterra anun- e ganha apoio político do continen- ciou prospecção petrolífera na pla- te. A evidência mostra que um novo Foi discutida a resolução 1514, no ca continental das ilhas. A grande conflito bélico esta descartado. Não qual é dado status colonial para as imprensa enfoca o fato como mais existindo a ameaça de guerra, o Malvinas, com isso a Argentina res- uma política populista de Cris- que os ingleses vão fazer para não gatou o território perdido diante a tina. Sendo essa uma discussão estabelecer o diálogo com os ar- política colonialista da Inglaterra, que esta aquém do mero termo. gentinos? A discussão é fervorosa. resolução 2065. Porém, em instantes, Todos os coirmãos do continente a Inglaterra voltou atrás da decisão. O jornalista e colunista do jornal estão unidos diante do abuso inglês. Em 1973 a Assembléia promove britânico The Guardian, Simon Tis- Aparentemente este é um embate a Resolução 3160 para diminuir o dall, afirma que “os trabalhos de neocolonialista, não neopopulista. fervor das discussões entre os dois exploração preliminares até agora países. Porém, em 1982, a Argen- foram decepcionantes. E além das tina ataca a região inglesa e começa tensões políticas, está o estresse físi- a guerra das Malvinas, resultando co de trabalhar numa região aonde o em mais de 655 soldados mortos mar em algumas áreas poder chegar - 255 britânicos e três malvinos. a uma profundidade de três mil met- ros. As chuvas são constantes e as temperaturas no inverno, de conge- 26 América Informativa | Julho de 2010
  • 27. A grande imprensa e o mito do Neopopulismo na América Enquanto a mídia nativa se concentra no discurso populista de Cristina a argen- tina possui noventa e cinco por cento da população alfabetizada Por Renato Duarte É impressionante o discurso elitizado que a grande imp- Naturalmente competir com o PIB dos rensa brasileira possui. As afirmações, ou acusações da grandes países do capitalismo sempre foi difí- grande imprensa não trazem dados concretos para pro- cil para os Estado Nacionais do continente. var a sua informação. Por uma coisa muito simples. Se Nestor Kirchner teve que retomar a economia os próprios historiados possuem dificuldade para con- de alguma forma – como de fato foi feito - com ceber o termo populismo para a atualidade, como po- oratória, renegociando contratos de dívida externa. dem os grandes jor- A grande imprensa se nalistas brasileiros preocupa com a retra- acusar os governos ção macroeconômica do sul-americanos? PIB dos argentinos, se É o que acontece esquecendo dos outros normalmente na setores como educação. mídia nativa. Os Afinal, a Argentina possui jornalistas ao os somente cinco por cento julgadores; através da população analfabetos, da união de di- segundo último levanta- versos meios de mento da Cepal (Comis- comunicação bur- são Econômica para a gueses em uma América Latina e o Car- só ideologia, for- ibe) que tem base em es- mulam a opinião timativas da população de esquecendo-se da 15 anos ou mais em áreas regra básica do urbanas da América Lati- jornalismo - apura- na e do Caribe.A impren- ção qualitativa. São muitos os meios de comunicação sa deveria trazer uma análise mais qualitativa antes de brasileiros que acusam algum líder de populista sem ao começar com a arte taxionômica de pré-conceituar. menos procurar alguma fonte do campo das ciências Deveria buscar duas opiniões divergentes para que o sociais para confirmação do que está sendo veiculado. receptor seja respeitado no que tange a qualidade de Em u texto de 23 de fevereiro, a Folha de S. Paulo fez informação e a apuração jornalística. Porém, quando uma reportagem condizendo que o PIB tinha começado os meios de comunicação elitizados se unem é difí- a cair desde a ascensão de Cristina. Porém, os mesmos cil se livrar do contexto. O preconceito é enraizado e ignoram que em 2006, um ano antes de Cristina assumir vira um fato social geral diante a sociedade dada. É a presidência, o PIB já caia com rumores de mais queda necessário ter cuidado com o mito do neopopulismo para os próximos anos. Não obstante não mencionam que estimulado pela grande imprensa da América Latina. a taxa de pobreza diminui com o casal Kirchner no poder. 27 América Informativa | Julho de 2010
  • 28.
  • 29. Política Da Esquerda para a Direita Depois de uma longa trajetória de presidentes esquerdistas, o Chile vive uma nova fase chileno?Durante os últimos 4 anos o Chile foi governado por Michele Bachelet, mulher considerada um exemplo até pelos próprios ci- dadãos. Filha de um general da for- ça aérea que foi perseguido, preso POR RENATO DUARTE PLANTIER e morto durante a ditadura, Michele J se formou em medicina pela Uni- versidade do Chile, foi também uma perseguida política e no ano de 2000 “ Bachelet era uma militante política, o Piñera é um homem cuja vida nem sempre foi “ ligada à política DIVULGAÇÃO foi eleita ao primeiro cargo político de sua trajetória: Ministra de Saúde. Nota-se então de cara as principais diferenças entre Bachelet e Piñera: “A Bachelet era uma militante políti- ca, o Piñera é um homem cuja vida Por Thamyris Barbosa não foi sempre ligada à política. (...) A primeira ocupação do Piñera foi a U m presidente deposto, uma Foram mais 17 anos de comando questão empresarial”, comenta ditadura instalada, 20 anos esquerdista no país, até que nas ul- de repressão. timas eleições um candidato de 61 Com o fim da era Pinochet o Chile anos, empresário com participação voltou a caminhar a passos largos em várias corporações, milionário em direção à democracia. Elegeu e de centro-direita põe fim a este por votos diretos o presidente Patri- ciclo.A vitória de Sebastian Piñera DIVULGAÇÃO cio Aylwin, em seguida Eduardo sobre Eduardo Frei foi o marco de Frei Ruiz-Tagle, Ricardo Lagos e uma mudança drástica num país finalmente Michele Bachelet. O que tradicionalmente esquerdista. Mas todos esses presidentes têm em co- a que se deve tamanha mudança mum? Todos são socialistas. no comportamento do cidadão 29 América Informativa | Julho de 2010
  • 30. BEGSTEIGER o Doutor em Ciências Políticas Antônio Carlos Peixoto. Piñera é economista e membro do OSCAR CABRAL partido de centro-direita Reno- vación Nacional . Assumiu o cargo em 11 de março de 2010, após o de- sastroso terremoto de 27 de feve- reiro, que deixou pelo menos 802 mortos e 500 feridos. Ele foi eleito com a promessa de reconstruir do ção à marinha,que não teria dado o e Cultura. Embora não tenham sido país. alerta de tsunami. De modo geral, solucionados problemas mais pro- Como o terremoto ocorreu ainda a Bachelet sai com a imagem um fundos e nem problemas de justiça na gestão de Bachelet, houve rec- pouco arranhada, segundo a avalia- ainda pendentes da ditadura (de fato lamações principalmente em rela- ção de Antonio Carlos Peixoto. Augusto Pinochet morreu sem ser Apesar deste arranhão do terremo- julgado e condenado), a liderança “ to, o mandato da ex-presidente foi de Bachelet foi avaliada como de Michele teve uma muito bem avaliado pelos chilenos. boa qualidade. Esta é a visão de Di- “ gestão focada nos aspec- tos sociais e aumentou acesso dos chilenos à Mas ainda não serviu para eleger seu sucessor de esquerda, Eduardo Frei. ego Weissel, um jovem nascido na Alemanha, mas que mudou-se para o Chile com sua família em 1999. O governo de Michele teve uma Mas esta não é apenas uma visão internet gestão focada nos aspectos sociais, singular, a ex-presidente chilena melhorou muito o aceso do chileno encerrou seu mandato com 86% de de classe media e baixa à Internet aceitação popular. 30 América Informativa | Julho de 2010
  • 31. A primeira é que, segundo Antonio bastian Piñera. A boa aceitação de seu governo Peixoto, Bachelet não se empenhou deve-se basicamente a dois fatores, por Eduardo Frei. “Ela cruzou os O novo governo segundo análise do cientista político. braços, não foi pra esquina da rua, Primeiro a personalidade dela. Ela é trepar num caixote e pedir voto pro O cidadão chileno Diego Weissel uma mulher que inspira respeito an- candidato dela que voltaria portanto entende que o Chile esta confiante tes de mais nada -até pela trajetória à democracia cristã como o Lula no governo de Sebastian Piñera. política. Ela não é uma aventureira, está fazendo para a Dilma Roussef. “Deve deixar uma boa impresão no no ponto de vista político". Em se- Ela não se movimentou”, explica. começo, pois alem de ser um novo gundo lugar, a gestão dela à frente pressidente é uma nova etapa na do Estado chileno foi uma gestão Uma segunda hipótese levantada política chilena onde a direita reto- marcada pela sinceridade. "Ela nun- pela Secretária Internacional do ma o poder após quase 20 anos nas ca enganou ninguém. Era uma mul- Partido Comunista do Chile no Bra- mãos da “Concertación”. É um mo- her que tinha franqueza. Se ele dizia sil, Marilena Santos, é que uma vez mento chave onde a opinião publica isso, é isso. O governo dela foi um que o candidato derrotado Eduardo avalia fortemente o governo e onde governo marcado pela honestidade. Frei já tenha sido eleito à presidên- qualquer indicio de descaso pode Corrupção existe em qualquer lugar cia em 1994, o povo chileno decidiu significar uma importante perda da do mundo. Uma coisa é corrupção apostar em algo novo, já que con- incipiente confiança. consentida, outra coisa é corrupção hecia o estilo de governar do ex- A partir de uma avaliação a respeito por baixo do pano. Se existiu ou não presidente. do novo governo chileno, o Doutor existiu no Chile, é difícil dizer. Mas em ciências políticas destaca que certamente ela foi uma mulher que A terceira possibilidade levantada um ponto importante do Piñera é a impôs um padrão de honestidade ao pelo jornalista chileno, Diego Weis- questão da educação, “Ele vai ten- modo político de operar o governo sel, é que houve um desencanto com tar aumentar o grau de ensino no chileno. Então a população chilena a performance dos governos de cen- Chile”. gostou dela”. tro-esquerda, que não conseguiram solucionar problemas ainda graves A eleição de Piñera torna-se assim intrigante, afinal, o candidato que de diferencias sociais e culturais muito agudas. Nem dar uma ver- Você sabia? disputava as eleições com ele (Edu- dadeira opção de reconciliação dos ardo Frei Ruiz) foi escolhido pela dois principais pólos ainda muito Os japoneses Consertacion (uma coalizão eleito- separados e intolerantes da esquerda investiram em ral de partidos políticos chilenos de e direita tradicionais. Apareceu, no centro-esquerda onde confluem so- entanto uma nova direita, popular bancos de pesca no cial-democratas e democratas-cris- se voltando por questões, fazendo Chile, e hoje o salmão tãos. É formada por quatro partidos uso de muito marketing para atrair que se consome no políticos principais: Partido Demó- os indecisos. crata Cristiano (PDC); Partido por la Foi crescendo uma idéia de que Brasil é exportado de Democracia (PPD); Partido Radical devia ser dada uma oportunidade a lá. Os enlatados, Social Demócrata (PRSD) e Partido essa nova direita (embora herdeira resultantes da Socialista (PS)) para substituir a en- da direita enriquecida e defen- tão governante Michele Bachelet. dida pela ditadura militar, e talvez pesca são uma fonte Mesmo com tanta popularidade, chamada de "nova" como um sim- de renda ela não conseguiu transferir seus ples recurso publicitário). Isto agiu extremamente lucra- votos para derrotar um rival histori- em consonância com uma tendência camente em desvantagem (por ser “direitizante” da política mundial e tiva, porque o litoral de direita) e pouco conhecido na um desencanto pelas classes políti- chileno é muito política chilena. cas de centro-esquerda também aco- abundante. modadas, o que acabou por deixar o Há quatro hipóteses para a questão. poder em mãos do empresário Se- 31 América Informativa | Julho de 2010
  • 32. O CenáriO ISAAC BREKKEN No dia 11 de setembro, o atual presidente foi deposto através do golpe militar e as forças armadas chilenas bombardearam o La Moneda DIVULGAÇÃO Por Thamyris Barbosa O comandante que liderou o golpe nasceu em Val- paraíso, ingressou na carreira retaliação aos líderes militares. Uma figura importante da história chilena, no que diz respeito à di- tadura é o cantor, compositor, militar aos 17 anos e chegou ao ator e revolucionário Victor Jara. cargo após a renúncia de Carlos Ele foi detido junto com outros Prats, que se recusava a partici- par de qualquer golpe de estado. alunos e professores,no golpe de estado, e conduzido ao Estádio Canção O novo comandante-em-chefe as- do Chile (usado como campo de sume a presidência em 17 de Jun- concentração).Jara foi mantido Venceremos ho de 1974. Instala-se a ditadura. lá durante vários dias, foi tor- (composição: Victor Jara) Augusto Pinochet era seu nome. turado e teve suas mãos cortadas Foi autor do período considera- como parte do "castigo" dos mili- No que diz respeito a nossa do mais autoritário e violento tares a seu trabalho de conscien- bandeira mulheres se jun- do Chile. No poder do Chile dis- tização social aos setores mais taram ao clamor solveu o Congresso, proscreveu desfavorecidos do povo chileno. os partidos políticos, restringiu O próprio Pinochet continuou no O vencedor da Unidade Pop- os direitos civis e declarou ilegal comando do Exército até 1998, ular opressor ianque é grave a Unidade Popular, frente que quando passou a exercer a função apoiava Allende, prendendo seus de senador vitalício no Congresso, Refrão: Venceremos, vencere- principais líderes. Foi responsável mos com Allende, em setembro à qual renunciou em virtude dos pela morte de cerca de 3 mil oposi- a ganhar problemas de saúde e das diver- tores do regime e tortura de quase sas acusações de violações aos Venceremos, venceremos 30 mil. Centenas de milhares de direitos humanos. Em julho de Unidade Popular no poder. chilenos foram obrigados a exilar- 2001, apresentou um atestado se. Paralelamente, o general pro- de debilidade mental que o sal- Com a força que vem do povo moveu reformas econômicas, cujo vou de uma possível condenação. um país melhor para fazer, sucesso inicial levou a se falar num Pouco antes de morrer, assumiu batendo juntos e unidos "milagre econômico chileno". a responsabilidade pessoal por poder, poder, poder Em 18 de fevereiro de 1988, tudo o que ocorreu no Chile du- porém, Pinochet foi derrotado no Se a justa vitória de Allende rante seu governo, declarando a direita quiser ignorar plebiscito que podia referendar o assim ter agido por patriotismo. todas as pessoas, determi- prolongamento da sua presidên- No dia 3 de dezembro de 2006, nadas e corajosas com um cia. No ano seguinte foram real- aos 91 anos, o general sofreu homem se levantará. izadas eleições e o general entre- um ataque cardíaco e foi in- gou a presidência ao democrata ternado às pressas no hospital cristão Patricio Aylwin, em 11 de militar de Santiago. Faleceu no março de 1990. Mas a transição dia 10, ironicamente o dia inter- ao regime democrático foi cer- nacional dos direitos humanos, cada de cuidados para não haver e foi velado na Escola Militar. 32 América Informativa | Julho de 2010
  • 33.
  • 34. Política Hugo Chávez e a Um relacionamento de Um balanço dos doze anos de Hugo Chávez no poder Por Rômulo Mendes H ugo Chávez é sem dúvida o principal responsável por colocar a Venezuela aos olhos do mundo, no entanto as terras ven- ezuelanas lhe concederam o espaço para a implantação de sua política, gerando um relacionamento de 12 anos. Relação, esta que divide opiniões em torno do assunto. Den- tro desta conjuntura nasceram os chavistas e anti-chavistas que dire- cionam o caminho do país. Entenda melhor sobre o relacionamento en- tre Chávez e a Venezuela. Histórico Popular Chávez disputou a presidência em 1998, contra o empresário Henrique Salas Römer e acabou sendo eleito por 56% da aprova- ção eleitoral, sucedendo Rafael Caldera DO COPEI. Chávez emer- giu ao poder como uma renovação, segundo o especialista em ciên- Política Electoral Independendiente. estatais em prol da população cia política e doutor pela IFLCH Para o especialista em ciência mais humilde e sua diferenciação da USP, Rui Maluf, sua imagem política e professor doutor da uni- aos outros políticos antecedent- se fortaleceu devido o descrédito versidade Mackenzie, Agnaldo es é o forte centralismo político. contra as forças políticas tradi- dos Santos, Chávez é um divisor Já eleito como presidente da Ven- cionais AD, Ação Democrática E de águas na política de seu país, ezuela, suas primeiras implementa- COPEI, Comitê de Organizacion devido à reorientação das ações ções na política foram à mudança do 34 América Informativa | Julho de 2010
  • 35. Venezuela AMOR E ÓDIO FERNANDO CAVALCANTI Responsável por um terço do PIB do país, a exportação do petró- leo foi um dos pontos negativos do seu governo. Para Rui Maluf a perseguição de Chávez as ativi- dades econômicas privadas domes- ticas e internacionais caminhou na contramão e conseqüentemente criaram-se menores oportunidades para oferecer a população. O seu descontentamento com a política “ Chávez é um divisor de águas da política de seu país, devido a “ reorientação das ações estatais em prol da população mais humilde neoliberal dos Estados Unidos foram um dos primeiros indícios para um governo autoritário. Alvo de críticas por parte da imprensa Venezuelana ao longo de seu man- dato, esta rincha ganhou noto- riedade após a tentativa de golpe sofrida pelo governo Chávez, em 2002. Segundo Maluf, a briga do governo e a imprensa é o fruto de nome do país para “Republica Boli- Chávez as classes de menores ren- uma concepção autoritária do poder, variana da Venezuela”, seguindo na das experimentaram uma melho- que o faz não aceitar ser contestado. construção de um novo modelo, a ria em suas condições financeiras, Paralelo a isso, Agnaldo Santos, de- Assembleia Nacional, que aumen- entretanto ao longo de seu man- clara ser contrário a esta posição, tou o poder ao legislativo, causando dato, sua posição foi extrema- dizendo que é preciso saber como o prolongamento do seu mandato. mente radical, principalmente ao é o comportamento da imprensa, Com a política exercida de Hugo tratar-se de políticas externas. se ela cumpre mais o papel de in 35 América Informativa | Julho de 2010
  • 36. formar do que o partido político. Ainda, relata um acontecimento em 1964, quando a mesma im- prensa venezuelana apoiou um golpe contra o presidente da época. Chavistas e anti-chavistas O estilo de política de Hugo Chávez deu início aos chavistas e anti- chavistas: são eles quem o aprova ou não. Divisão explícita que já chegou às ruas, por meio de con- frontos. Exemplo que se pode ser EDDIE KEOGHREU visto no filme “A revolução Não Será Transmitida”, dos irlandeses Kim Bartley e Donnacha Obrian. “A polarização foi latente durante muitos anos devido às característi- cas de sua sociedade e economia, E mantêm apoiando o mandatário, nutenção de seu perfil, o presidente porém, reascendendo ao poder, o enquanto o restante dos 59% man- contratou uma equipe especial- mandatário atual o explorou como tém pouca ou nenhuma confiança. mente para lidar com esses proble- um amigo-inimigo, não tem nada de Para o jornalista Rafael Brasil, do mas, perguntado a Agnaldo, sobre positivo pensando a médio e longo Grupo Bandeirantes de Comuni- as possíveis contradições que con- prazo da vida do país”, afirmou Rui. cação, a queda da popularidade de tornam a nova empreitada do man- Chávez é a prova de que a política datário Chávez, ele responde que o Queda de popularidade acesso à internet está alcançando a autoritária dele ruma para a di- Ao longo de seus mandatos, a todos, por meio da política de in- tadura, contudo, isto é um forte política exercida por Hugo Chávez clusão digital, mesmo o setor pri- índice de uma futura mudança. centralizou as classes de baixa vado com a criação das lan houses. Concordando com a mesma renda da Venezuela, por este mo- opinião de Rafael, Rui acrescen- tivo que o rótulo de populista O enfraquecimento do governo ta que a queda de popularidade é surgiu na mídia se popularizan- Chávez gera muitas perguntas uma constatação das lacunas que do diante das classes humildes. e a principal delas é a existên- os serviços públicos deixaram Porém, atualmente sua popularidade cia da possibilidade de renova- devido a evidência do enfraqueci- vem atingindo quedas, segundo a ção no poder da Venezuela? mento que a política externa sofre. pesquisa divulgada pela empresa Entretanto, Chávez não poupa esfor- venezuelana Interlaces, somente 35% da classe D e 43% da classe ços para (re)-fortalecer sua imagem O futuro de Hugo Chávez e eleger sua posição nas próximas “ eleições legislativas em setembro, Há algum tempo, mesmo que seja A queda de prova disso é a criação de um per- de uma forma tímida, os ares de fil no “twitter”, uma rede social. renovação pairam no ar de Miro popularidade do “ presidente venezuelano é a prova de que a política autoritária dele rume para De acordo com sua última declara- ção fornecida na sua vinda ao Bra- sil em abril deste ano, ele possui Flores. Passando por problemas internos, com forte ruptura na sua base aliada, o governo começa a sentir uma pequena ameaça. a ditadura média de 20 mil novos seguidores. Segundo Rui, vários sinais já vem Tendo o número extenso de segui- sendo dados divulgados, como, dores e não dando conta da ma- por exemplo, o resultado das últi- 36 América Informativa | Julho de 2010
  • 37. mas eleições regionais em que as uma base social pouco organizada, do seu mandato, sua atuação foi oposições venceram em estados sendo possível que ele conduza um bastante proveitosa, houve o au- importantes. A eleição para o Leg- sucessor, devido a divisão social”. mento de poder aquisitivo para islativo no final desse ano pode O relacionamento de Hugo Chávez classe pobre, no entanto, o seu ser outro momento muito valioso. e a Venezuela está desgastada, am- descontentamento com a política Após ministros de sua própria base es- bos tiveram um relacionamento de externa do país deu início ao man- dato autoritário, que elevou em suas contradições já conhecidas. Contrariando esta opinião, Agnal- do dos Santos, mantêm a declara- ção que essa pergunta deveria ser respondida por um venezuelano, sua explicação vem do fato da imprensa distorcer alguns acon- tecimentos da Venezuela, devido ao seu relacionamento pertur- bado com os Estados Unidos. Dos doze anos... de mandato, muitas coisas acontece- ram, para pontuar o relacionamento entre ambos, a Venezuela como país PAUL SAKUMA e Hugo Chávez como mandatário, o jornalista Rafael Brasil, explica que o desequilíbrio seria a melhor maneira de qualificar esse período, apesar do Chávez se mostrar um pouco flexível quando questionado sobre políticas externas e internas, tarem envolvidos com problemas de amor e ódio ao longo dos 12 anos, detêm uma briga com a imprensa, corrupção, Chávez destituiu alguns na atual conjuntura do presidente então notamos que existe um forte cargos. No entanto, para o jornalista venezuelano que se encontra em desequilíbrio no seu mandato. Rafael, Chávez encontra-se com a queda da popularidade, seria o constituição a seu favor e, portanto melhor posicionamento de mu- Para Agnaldo Santos, o problema da seria difícil uma renovação imediata. dança a surgir no cenário político América Latina é a desigualdade e Na atual conjuntura nota-se algo do país, para fortalecer a imagem exclusão social no continente, que parecido com o que Cristina Kirch- do presidente como mito e as- a corrupção só faz aumentar, nesse ner está vivenciando, que vem ge- sim abrir espaço para renovação. ponto de vista Hugo Chávez favore- rando problemas sucessivos, cau- ceu a Venezuela. sando a perda de sua popularidade. O saldo final Em visita pelo Brasil, o próprio de- Prever o que irá acontecer com o presi- clarou opinião sobre sua atuação e dente da Venezuela, não é tarefa fácil. É preciso entender o benefício diz estar implantado o socialismo A Venezuela está tão caracter- que a Venezuela está ganhando que Simon Bolívar sonhava, quan- izada por Chávez, que a modi- com a personificação do seu man- do questionado sobre possível ren- ficação é quase inatingível. datário, principalmente em ter- ovação na presidência, foi claro Para Agnaldo Santos é possível que mos de país que está se desenvol- ao afirmar que a Venezuela ainda ela faça um sucessor “existe o risco vendo, segundo o especialista Rui precisa dele. dele se transformar personalista, com Maluf, se formos pensar no início 37 América Informativa | Julho de 2010