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Desigualdade e Pobreza no Brasil: Os Avanços Recentes e as (In) Consistências frente a uma
perspectiva de Desenvolvimento de Longo Prazo

                                                                              Izete Pengo Bagolin1

OBS. Texto para Discussão - versão preliminar. Proibido citar.



      1) Introdução

É inegável que a situação social do Brasil vem melhorando. Esse fato pode ser comprovado
através dos tradicionais indicadores de desigualdade, pobreza, educação e acesso à saúde, dentre
outros. No entanto, não parece ser igualmente óbvio concluir que estamos, de fato, caminhando
rumo ao desenvolvimento humano, justiça social, e verdadeira superação das privações das
pessoas. Após um longo período de estabilidade da desigualdade de renda a redução do índice de
Gini que segundo Rocha (2003) caiu de 0,576 em 1999 para 0,539 em 2009 é um sinal positivo,
a retirada de 10 milhões de pessoas da condição de pobreza e de 6 milhões da pobreza extrema
também é algo a ser comemorado. Mas, o que de fato isso significa? Como vivem os 81 milhões
de brasileiros que “saíram da pobreza”? Considerando as abordagens recentes de definição e as
novas alternativas para medir pobreza, busca-se nesse trabalho questionar se o Brasil tem
evoluído, de fato, no que tange a mensuração e enfrentamento da pobreza.

No meio científico, a busca por melhores alternativas para definir, medir, comparar e
acompanhar os “desequilíbrios” ou o “progresso” da humanidade tem ocupado, ao longo dos
últimos anos, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. Atualmente não existe consenso
sobre a forma correta de medir e, novas tentativas têm sido feitas a cada dia. Por outro lado,
existem evidências sobre o fato que muitas das medidas existentes apresentam limitações, o que
realça a importância dos novos estudos com alternativas mais amplas e conceitualmente mais
abrangentes. A formulação de políticas públicas eficazes exige que os parâmetros e as medidas
sejam úteis para a tomada de decisões capazes de ampliar a igualdade, as oportunidades e a
justiça social.
No entanto, a estratégia de definição da linha de pobreza a ser utilizada para orientar as políticas
públicas de combate a pobreza no Brasil são justificadas com base no seguinte argumento:


1
    Professora do PPGE PUCRS.
“Como o Brasil nunca adotou oficialmente uma linha oficial de pobreza ou de pobreza
         extrema, defendemos que a linha de pobreza extrema seja “políticoadministrativa”
         expressa em unidades de renda domiciliar per capita mensal. Isso porque mesmo
         quando a linha de pobreza é definida empiricamente, por um método que prometa
         “objetividade”, muitas das decisões necessárias para obtê-la são de natureza política, e
         sob o manto de cientificidade desses métodos os pesquisadores podem tomar decisões
         que deveriam ser objeto de discussão. Não é problema que pesquisadores, ao conduzir
         suas pesquisas, tomem as decisões de acordo com a forma que consideram mais correta
         para medir a pobreza. Mas, no âmbito da política pública, suas percepções sobre a
         pobreza e suas decisões normativas não podem substituir as que advêm do consenso
         possível consubstanciado, por exemplo, nas linhas de pobreza administrativa
         estabelecidas para definir a elegibilidade para programas de assistência social e
         complementação de renda” (Osório, Soares e Souza, 2011:10).


Tendo em mente a citação acima e as estratégias de combate a pobreza adotas no Brasil, é
razoável questionar sua adequação aos objetivos de desenvolvimento humano e/ou
desenvolvimento sustentável e de longo prazo. Desta forma, o trabalho está estruturado da
seguinte forma. Na próxima seção apresentada uma breve evolução no debate sobre pobreza. Na
seção três, são apresentados os dados oficiais e discutidos a luz da teoria das capacitações e do
Desenvolvimento Humano além de algumas evidências empíricas sobre a os limites da estratégia
brasileira. Por fim, são apresentadas as considerações finais.



   2) Pobreza – avanços nas definições


De acordo com Townsend (2006) os estudos sobre pobreza a partir de 1880 até os dias atuais
estiveram fundamentados em três concepções alternativas que consideram respectivamente
subsistência, necessidades básicas e privações relativas como centro da definição do que é ser
pobre. Segundo o mesmo autor, apesar da influência que as contribuições da abordagem das
capacitações de Amartya Sen oferece, esta abordagem ainda não conseguiu “penetrar” no
mainstream das análises sobre pobreza. Na prática, grande parte dos estudos disponíveis, que
servem de guia para a formulação de políticas públicas, estão embasados nas três concepções
referidas por Townsend. Os limites destas abordagens são conhecidos e já foram bastante
explorados pela literatura.
Mesmo estudos que buscaram operacionalizar a abordagem das capacitações, tais como os
trabalhos de Bourguignon e Chakravarty (2003), Chiapperro Martinetti (2000), Klasen (2000)
dentre outros exploraram apenas parcialmente a abordagem, limitando-se a trabalhar com
funcionamentos realizados, contemplando o aspecto da multidimensionalidade. A importância da
multidimensionalidade tem sido explorada tanto por simpatizantes da AC quanto pelos demais
pesquisadores. Exemplos disso são as contribuições de Kolm (1977), Atkinson e Bourguignon
(1982), Maasoumi (1986), Tsui (1995 e 2002), Ravallion (1996).
No entanto, a multidimensionalidade é apenas umas das exigências da AC. Para que se esteja de
fato operacionalizando esta abordagem é necessário ir além. E este “ir além” significa focar nos
fins do desenvolvimento, significa contemplar um espaço informacional que é composto por
funcionamentos de valor, por liberdades, enfim por capacitações humanas ou, pela privação
destas.
A Abordagem das Capacitações, desenvolvida e apresentada inicialmente por Sen (1992,1999) e
por Nussbaum (1999,2000), tem sido apresentada como uma alternativa às abordagens
tradicionais de conceituação e mensuração da pobreza, bem-estar e desenvolvimento. Várias
vantagens têm sido apontadas na literatura, considerando a AC um instrumental que é ao mesmo
tempo rico, amplo e aberto (conceitualmente, filosoficamente e em seus fundamentos) o que
torna a abordagem útil para aplicação em vários contextos, como pode ser visto em Pressman e
Summerfield (2000). De acordo com Gasper (2002:435), a AC é “a humanist alternative theory,
which has been widely accessible and adopted, it has led much empirical work, and has had
significant policy impact”. De acordo com esse autor a abordagem tem sido central, por
exemplo, na produção de divulgação dos relatórios de desenvolvimento humano.
Na perspectiva desse trabalho a abordagem das capacitações é central, pois de acordo com Sen
(1992, p. 1 e 20) uma vez que as pessoas são profundamente diversas em suas características
internas e nas suas circunstâncias externas, torna-se crucial a escolha do “espaço de avaliação”,
já que considerar apenas uma variável, seja ela qual for, pode conduzir a uma avaliação
enganosa. Questões como deficiência física, idade, gênero, são importantes na definição e
entendimento do conjunto capacitário que a pessoa consegue ou não realizar, independente do
montante de renda recebida. A característica da plena diversidade humana, na opinião de
Robeyns (2003, p. 17) pode ser entendida de duas maneiras: por seu foco nos funcionamentos e
capacitações como o espaço de avaliação e pelo papel explícito que atribui aos fatores de
conversão pessoais e sócio-ambientais dos bens em funcionamentos.
Sen (2000, p. 90-91) identifica cinco fontes distintas e fundamentais da diversidade humana: (i)
Heterogeneidades pessoais: características díspares das pessoas relacionadas, por exemplo, a
idade, sexo, incapacidade, doença etc.; (ii) Diversidades ambientais: variações nas condições
ambientais, como, por exemplo, circunstâncias climáticas, poluição etc.; (iii) Variações no clima
social: a qualidade de vida das pessoas sofre influências das condições sociais, incluindo os
serviços públicos oferecidos, da violência, da epidemiologia, das relações comunitárias etc.; (iv)
Diferenças de perspectivas relativas: as necessidades das pessoas estão relacionadas a padrões
de comportamento estabelecidos, podendo variar entre comunidades devido a convenções e/ou
costumes; e (v) Distribuição na família: as rendas ou recursos auferidos por um ou mais
membros de uma família são compartilhadas por todos – tanto por quem os adquire como por
quem não os adquire – sendo, assim, ela é a unidade básica de análise em relação a essas
variáveis. Em termos operacionais, como ressalta Comim (2001, p. 6), o grau de diversidade
humana influenciará: (i) a extensão das taxas de conversão de recursos em capacitações; e (ii) os
parâmetros (agrupados ou individuais) das taxas de conversão.
Além de contemplar o aspecto da diversidade humana, é fundamental não cair na armadilha das
medidas subjetivas, que são passíveis de críticas. Ao analisar padrão de vida, Sen (1987, p. 16)
acentua que “o movimento na direção objetivista afastando-se da utilidade, pode ser correto”.
Mas, segundo ele, isso não significa que uma abordagem considerada “objetiva”, que tenha como
foco um nível mínimo de renda ou mercadorias ou como finalidade a opulência, seria “o lugar
correto para se estabelecer”. Funcionamentos e capacitações representam melhor essa
característica objetiva da AC, já que significam a realização efetiva de estados e ações que uma
pessoa valoriza e as oportunidades reais para realizá-los, respectivamente. Mas, Sen (1992, p.
108) esclarece que “objetividade” deve ser distinguida de invariância social. Ele observa que “o
que é considerado como uma terrível privação pode, é claro, variar de sociedade para sociedade,
mas do ponto de vista do analista social, estas variações são matérias de estudo objetivo”. Além
disso, como realça Comim (2001, p. 7), “a característica da objetividade da AC é intrinsecamente
associada com sua incompletude como um guia prático para avaliações de contextos
dependentes”.


   3) Pobreza e Desigualdade – estagnação nas soluções

A seguir são apresentadas, inicialmente, algumas figuras com dados oficiais, publicados pelo
IPEA e amplamente utilizados para evidenciar o sucesso das estratégias brasileiras no combate a
pobreza e a desigualdade.
3.1 – Crescimento, Desigualdade e Pobreza no Brasil – uma análise crítica dos resultados oficiais


Na figura um, que faz uma comparação de desempenho entre alguns países no que tange ao
crescimento econômico e redução da desigualdade. Obviamente, que esses dados parecem
sugerir que o crescimento brasileiro é claramente pró-pobre. No entanto, é importante não
esquece que a redução da desigualdade no Brasil não foi fruto apenas do crescimento econômico,
apesar desse ser fundamental, inclusive para financiar as políticas de transferência. Mesmo
assim, é importante notar que países com o mesmo desempenho em termos de crescimento
econômico, foram capazes de reduzir a desigualdade em ritmo mais acelerado.

                             Crescimento do PIB, 2002-2009                                                        Variação do Índice de Gini
                  Países
                                     (% por ano)                                                                      nos anos 2000 (%)
         Argentina                                        3.7                                                                      -15
         Brasil                                           3.7                                                                      -9
         Chile                                            4.2                                                                      -6
         Colômbia                                         4.4                                                                      -1
         México                                           2.8                                                                      -6
         Peru                                             5.6                                                                      -13
         Venezuela                                        4.4                                                                      -1


Figura 1 – Comparação internacional – Crescimento econômico e redução da desigualdade de
renda.

A figura dois, as seguir, mostra os avanços recentes em termos de aumento da renda per capita
média.

                                 Renda domiciliar per capita
                                                       (R$ setembro/2009)
                               700
                                                                                                                             637

                               600                     1995-2003: -1% a.a.
                                      521
                               500

                                                                                                      2003-2009: +4.8% a.a
                               400


                               300


                               200


                               100


                                0
                                      1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
                                     Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009.
                                     Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins).



                             Crescimento real da renda 1995-2009: +22.4%



Figura 2 – Renda Domiciliar per capita.
Na figura três, a seguir, é evidenciado o sucesso em termos de desigualdade de renda. É interessante
perceber que o período de acentuação da queda não corresponde exatamente ao período de aumento
da renda domiciliar per capita, mostrado na figura dois.

                                                            Desigualdade
                                                              (Índice de Gini)
                                 0.650

                                 0.625
                                           0.599
                                                                               0.594
                                 0.600
                                                                                                           2001-2009: -9%
                                 0.575              1995-2001: -1%

                                 0.550

                                                                                                                              0.539
                                 0.525

                                 0.500

                                 0.475

                                 0.450
                                           1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
                                     Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009.
                                     Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins).


                   Desigualdade começa a cair lentamente nos anos 1990 , mas ritmo
                   acelera a partir de 2001 - antes da retomada do crescimento.



Figura 3 – Comportamento da Desigualdade de renda

                          Decomposição da queda da desigualdade,
                                       2001-2009

                                              Fontes de renda                                         Contribuição (%)
                                                            Salário mínimo                                  17.9
                                         Trabalho                                                                                     28.4% da queda
                                                                  Outros                                    45.5                          do Gini
                                                            Salário mínimo                                  10.5
                                     Previdência
                                                                  Outros                                    1.0
                                         Programa Bolsa Família e afins                                     12.7
                                                        BPC                                                 5.7
                   São menos de
                                                       Outras                                               6.7
                    1% da renda,
                     mas foram             Queda da desigualdade                                           100%
                  responsáveis por                                  Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2001 & 2009
                  18.4% da queda
                      do Gini
                                                                                           46.8% da queda
                                                                                               do Gini



Figura 4 – Decomposição da Desigualdade.
Evolução da pobreza no Brasil

                       NÃO POBRES                                                                 2004               2009
                       renda per capita R$ 465 ou mais
                       51,3 + 26,6 = 77,9 milhões em 2009
                       Renda média:                                                          51                                         78
                       2004 R$ 1.207,99
                       2009 R$ 1.189,32 (-2%)

                       VULNERÁVEIS

                       renda per capita R$ 134 a R$ 465                                82                                                81
                       82,0 - 1,2 = 80,8 milhões em 2009
                       Renda média:
                       2004 R$ 267,49
                       2009 R$ 278,82 (+4%)

                       POBRES                                                                          28                18             BRASIL
                       renda per capita R$ 67 a R$ 134
                                                                                                                                        Renda média:
                       28,2 - 10,8 = 17,5 milhões em 2009
                                                                                                                                        2004 R$ 495,12
                       Renda média:
                                                                                                                                        2009 R$ 634,65 (+28%)
                       2004 R$ 101,61
                       2009 R$ 104,04 (+2%)
                                                                                                            15       9                  Desigualdade (Gini):
                       EXTREMAMENTE POBRES                                                                                              2004 0.565
                                                                                                                                        2009 0.538 (-6%)
                       renda per capita até R$ 67
                       15,0 - 6,3 = 8,7 milhões em 2009     90   80   70   60     50   40   30    20    10       0       10   20   30    40   50   60   70   80   90
                       Renda média:                          Milhões de pessoas
                       2004 R$ 101,61
                       2009 R$ 104,04 (+2%)




Figura 5 – Evolução da Pobreza no Brasil

                                                 Resultados para Brasil




Figura 6 – Pobreza e Desigualdade.
Aspectos demográficos
                                  # moradores por domicílio                                             famílias com 4 ou mais crianças (%)
                          6                                                                     30
                                  4.9                                                                      23
                                        4.6                           4.6
                                                               4.2
                                              3.5                            3.8
                                                                                                                                     15
                                                    2.8                             2.7                                                    13
                                                                                                                11

                                                                                                                      2                            2
                                                                                                                           0                              0
                          0                                                                      0
                                         2004                          2009                                       2004                      2009
                            Extremamente pobres      Pobres    Vulneráveis         Não Pobres        Extremamente pobres    Pobres   Vulneráveis        Não Pobres


                                  pretos, pardos e indígenas (%)                                                famílias sem crianças (%)
                       80         73                           74     72                        80                                                        73
                                        66                                                                                 68
                                                                             59
                                              51
                                                                                                                     43
                                                                                    36                                                             35
                                                    27                                                                               25
                                                                                                           16   15                         14

                          0                                                                      0
                                         2004                          2009                                       2004                      2009
                            Extremamente pobres      Pobres    Vulneráveis         Não Pobres        Extremamente pobres    Pobres   Vulneráveis        Não Pobres




Figura 7 – Aspectos Demográficos


                              Idade e a pobreza extrema (%)
                     55
                                        48,4
                                                                                                        45,0

                                                                                                                                37,3
                                                                     32,9


                     Importância
                       do PBF                         18,0                                                           16,9




                                                                                     0,7                                                        0,8
                      0
                                                              2004                                                         2009

                          0 a 14 anos                           15 a 24 anos                    25 a 64 anos                         65 anos ou mais


                     Extrema pobreza está correlacionada com idade: incidência ainda é alta
                                 entre crianças e apenas residual entre idosos



Figura 8 – Composição Etária



3.2 – Desigualdade e Pobreza – alguns evidências alternativas
Figura 9 – Decomposição da Desigualdade em Porto Alegre - 1998-2008




Figura 10 – Decomposição da Desigualdade em Belo Horizonte – 1998-2008
Percentual da desigualdade total explicada por desigualdade
                          dentro dos grupos, entre grupos e transvariação em 2008 em
                                                relação a 1998.

                              Região Metropolitana     Gw           Gnb           Gt
                            Belo Horizonte           Reduziu     Aumentou      Aumentou
                            Distrito Federal         Reduziu     Aumentou       Reduziu
                            Porto Alegre             Reduziu      Reduziu      Aumentou
                            Recife                   Reduziu      Reduziu      Aumentou
                            Salvador                 Reduziu     Aumentou      Aumentou
                            São Paulo                Reduziu       Igual       Aumentou




    Figura 11- Síntese da Decomposição da Desigualdade nas Regiões Metropolitanas Brasileiras.

    Tabela 7: Indicadores da Dimensão Saúde para Porto Alegre

                     MaisComi ComeuMen SentFome    VaiMedic    FreqDent    Medo                           Saúde
Geral                     0,772    0,419     0,272       0,119       0,526    0,528                       0,439
Por Gênero
Mulheres                 0,784            0,440          0,280              0,115         0,517   0,567   0,450
Homens                   0,749            0,387          0,257              0,127         0,545   0,461   0,421
Por Idade
Até 20 anos              0,745            0,336          0,272              0,112         0,521   0,468   0,409
21 a 30 anos             0,776            0,429          0,278              0,117         0,531   0,556   0,448
31 a 40 anos             0,768            0,441          0,276              0,131         0,512   0,525   0,442
41 a 50 anos             0,784            0,442          0,270              0,124         0,520   0,543   0,447
51 a 60 anos             0,793            0,424          0,282              0,115         0,535   0,535   0,447
Mais 60 anos             0,746            0,376          0,230              0,089         0,559   0,487   0,414
Por Escolaridade
Analfabetos              0,852            0,608          0,386              0,139         0,662   0,532   0,530
1ª a 4ª série
primária                 0,828            0,522          0,351              0,116         0,574   0,550   0,490
5ª a 7ª série            0,800            0,456          0,275              0,112         0,554   0,529   0,454
1º Grau Completo         0,754            0,392          0,236              0,110         0,511   0,520   0,420
2º Grau Incompleto       0,667            0,254          0,206              0,152         0,450   0,495   0,371
2º Grau ou mais          0,646            0,187          0,132              0,106         0,372   0,514   0,326
Por Rendimento
Sem rendimentos          0,841            0,545          0,417              0,150         0,588   0,519   0,510
Menos de 1/2 SM          0,894            0,656          0,468              0,155         0,607   0,584   0,561
Entre 1/2 e 1 SM         0,850            0,614          0,398              0,146         0,590   0,575   0,529
Entre 1 e 2 SM           0,756            0,342          0,184              0,097         0,508   0,511   0,400
Mais 3 SM                0,518            0,113          0,114              0,105         0,352   0,516   0,286
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa feita em Porto Alegre em junho de 2007.




Tabela 10: Indicadores da Dimensão Habitação para Porto Alegre

                           TempCasa         Mudanca       Quartos ConMoradia Roubo               Banho    Habitação
Geral                               0,192          0,402        0,430          0,386      0,327     0,111       0,308
Por Gênero
Mulheres                            0,193          0,410        0,463          0,408      0,320     0,112       0,318
Homens                              0,190          0,391        0,368          0,347      0,345     0,109       0,292
Por Idade
Até 20 anos                         0,253          0,326        0,416          0,351      0,290     0,118       0,292
21 a 30 anos                        0,239          0,399        0,456          0,415      0,323     0,124       0,326
31 a 40 anos                        0,185          0,453        0,469          0,395      0,328     0,106       0,323
41 a 50 anos                        0,168          0,416        0,436          0,379      0,348     0,103       0,308
51 a 60 anos                        0,152          0,419        0,392          0,387      0,341     0,109       0,300
Mais 60 anos                        0,107          0,303        0,313          0,333      0,318     0,092       0,244
Por Escolaridade
Analfabetos                         0,167          0,361        0,441          0,452      0,339     0,142       0,317
1ª a 4ª série primária              0,199          0,414        0,486          0,451      0,348     0,155       0,342
5ª a 7ª série                       0,202          0,428        0,454          0,410      0,322     0,103       0,320
1º Grau Completo                    0,200          0,415        0,413          0,350      0,334     0,087       0,300
2º Grau Incompleto                  0,189          0,386        0,346          0,315      0,303     0,092       0,272
2º Grau ou mais                     0,139          0,305        0,330          0,258      0,313     0,069       0,236
Por Rendimento
Sem rendimentos                     0,238          0,390        0,507          0,460      0,364     0,188       0,358
Menos de 1/2 SM                     0,267          0,494        0,526          0,523      0,323     0,188       0,387
Entre 1/2 e 1 SM                    0,242          0,436        0,499          0,471      0,321     0,132       0,350
Entre 1 e 2 SM                      0,159          0,397        0,397          0,352      0,313     0,075       0,282
Mais 3 SM                           0,142          0,324        0,277          0,198      0,347     0,065       0,225
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa feita em Porto Alegre em junho de 2007.




    4) Considerações Finais

Os principais desafios do Brasil.

Continuar crescendo

Continuar reduzindo a Desigualdade

Efetivamente Combater a Pobreza

Inverter a tendência de aumento da Desigualdade Entre os Pobres
Reduzir a Desigualdade Educacional (qualidade, acesso, retornos)

Promover o chamado: Crescimento “pró-pobre’ frente ao atual contexto Interno e contexto
internacional;

Focar a desigualdade não apenas de renda, mas também a desigualdade educacional e de
oportunidades.

Atualmente, as estratégias de combate a pobreza e desigualdade tem sido insuficiente para:

           a.    Compreender e explicar a pobreza;
           b.   Avaliar de forma integrada as ações propostas no programa;
           c.   Clareza nos objetivos do programa – falta concepção de bem-estar;
           d.   Estabelece uma linha político administrativa;
           e.   Não trata especificidades como a questão de gênero, infância e indígena;
           f.   Ignora dimensões importantes como é o caso da segurança alimentar.


   5) Bibliografia

Alkire, S. (2002). Dimensions of Human Development. World Development. Vol. 30. No. 2. pp.
181-205

Atkinson, A. and Bourguignon, F.(1982): The comparison of multidimensioned distributions of
economic status, Rev. Econom. Stud. 49, 183–201.

Bourguignon, F. Chakravarty, S. (2003). The measurement of multidimensional poverty. Journal
of Economic Inequality 1. p. 25-49.

Brandolini A., D’Alessio G. (1998), Measuring well-being in the functioning space, Banca d’Italia,
Rome, Italy.

Cheli B., Lemmi A.(1995) A totally fuzzy and relative approach to th multidimensional analysis of
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Gasper, D. (2002). Is Sen’s Capability Approach an Adequate Basis for Considering Human
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Klasen S. (2000), Measuring poverty and deprivation in South Africa, in Review of Income and
Wealth, series 46, n.1, March.
Lelli, S. (2001). Factor Analysis vs. Fuzzy Sets Theory: Assessing the Influence of Defferent
Techniques on Sen’s Functionings Approach (Preliminary). Center for Economic Studies, K. U.
Leuven

Martinetti, E. C. (2000). A Multidimensional assessment of well-being based on Sen’s
functioning approach, Rivista Internazionali di Sciencze Socialli. N. 2.

Nussbaum, M (2000) Woman and Human Development, Cambridge. CUP.

Nussbaum, M. (1999). Sex and Social Justice. Cambridge. CUP.

Osório, R. G. Soares, S. S. D. Souza, P. H. G. F. 2011. Erradicar a Pobreza Extrema: Um
Objetivo ao alcance. Texto para discussão do IPEA. 1619.

Pressman, S & Summerfield, G. (2000). The Economic Contributions of Amartya Sen. Review of
Political Economy. Volume 12. Number 1.

Ravallion,M.: Issues in measuring and modelling poverty, Economic J. 106 (1996), 1328–1343.

Sen A. K. (2000). Desenvolvimento como Liberdade . Oxford University Press

Sen A. K. (1992). Inequality re-examined, Clarendon Press, Oxford.

Towsend, P. (2006). Introduction to Compendium of best practices in poverty measurement.
Rio Group. Rio de Janeiro. Organized by the Expert Group on Poverty.

Tsui, K.Y.: Multidimensional poverty indices, Social Choice and Welfare 19 (2002), 69–93

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Desigualdade e Pobreza no Brasil

  • 1. Desigualdade e Pobreza no Brasil: Os Avanços Recentes e as (In) Consistências frente a uma perspectiva de Desenvolvimento de Longo Prazo Izete Pengo Bagolin1 OBS. Texto para Discussão - versão preliminar. Proibido citar. 1) Introdução É inegável que a situação social do Brasil vem melhorando. Esse fato pode ser comprovado através dos tradicionais indicadores de desigualdade, pobreza, educação e acesso à saúde, dentre outros. No entanto, não parece ser igualmente óbvio concluir que estamos, de fato, caminhando rumo ao desenvolvimento humano, justiça social, e verdadeira superação das privações das pessoas. Após um longo período de estabilidade da desigualdade de renda a redução do índice de Gini que segundo Rocha (2003) caiu de 0,576 em 1999 para 0,539 em 2009 é um sinal positivo, a retirada de 10 milhões de pessoas da condição de pobreza e de 6 milhões da pobreza extrema também é algo a ser comemorado. Mas, o que de fato isso significa? Como vivem os 81 milhões de brasileiros que “saíram da pobreza”? Considerando as abordagens recentes de definição e as novas alternativas para medir pobreza, busca-se nesse trabalho questionar se o Brasil tem evoluído, de fato, no que tange a mensuração e enfrentamento da pobreza. No meio científico, a busca por melhores alternativas para definir, medir, comparar e acompanhar os “desequilíbrios” ou o “progresso” da humanidade tem ocupado, ao longo dos últimos anos, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. Atualmente não existe consenso sobre a forma correta de medir e, novas tentativas têm sido feitas a cada dia. Por outro lado, existem evidências sobre o fato que muitas das medidas existentes apresentam limitações, o que realça a importância dos novos estudos com alternativas mais amplas e conceitualmente mais abrangentes. A formulação de políticas públicas eficazes exige que os parâmetros e as medidas sejam úteis para a tomada de decisões capazes de ampliar a igualdade, as oportunidades e a justiça social. No entanto, a estratégia de definição da linha de pobreza a ser utilizada para orientar as políticas públicas de combate a pobreza no Brasil são justificadas com base no seguinte argumento: 1 Professora do PPGE PUCRS.
  • 2. “Como o Brasil nunca adotou oficialmente uma linha oficial de pobreza ou de pobreza extrema, defendemos que a linha de pobreza extrema seja “políticoadministrativa” expressa em unidades de renda domiciliar per capita mensal. Isso porque mesmo quando a linha de pobreza é definida empiricamente, por um método que prometa “objetividade”, muitas das decisões necessárias para obtê-la são de natureza política, e sob o manto de cientificidade desses métodos os pesquisadores podem tomar decisões que deveriam ser objeto de discussão. Não é problema que pesquisadores, ao conduzir suas pesquisas, tomem as decisões de acordo com a forma que consideram mais correta para medir a pobreza. Mas, no âmbito da política pública, suas percepções sobre a pobreza e suas decisões normativas não podem substituir as que advêm do consenso possível consubstanciado, por exemplo, nas linhas de pobreza administrativa estabelecidas para definir a elegibilidade para programas de assistência social e complementação de renda” (Osório, Soares e Souza, 2011:10). Tendo em mente a citação acima e as estratégias de combate a pobreza adotas no Brasil, é razoável questionar sua adequação aos objetivos de desenvolvimento humano e/ou desenvolvimento sustentável e de longo prazo. Desta forma, o trabalho está estruturado da seguinte forma. Na próxima seção apresentada uma breve evolução no debate sobre pobreza. Na seção três, são apresentados os dados oficiais e discutidos a luz da teoria das capacitações e do Desenvolvimento Humano além de algumas evidências empíricas sobre a os limites da estratégia brasileira. Por fim, são apresentadas as considerações finais. 2) Pobreza – avanços nas definições De acordo com Townsend (2006) os estudos sobre pobreza a partir de 1880 até os dias atuais estiveram fundamentados em três concepções alternativas que consideram respectivamente subsistência, necessidades básicas e privações relativas como centro da definição do que é ser pobre. Segundo o mesmo autor, apesar da influência que as contribuições da abordagem das capacitações de Amartya Sen oferece, esta abordagem ainda não conseguiu “penetrar” no mainstream das análises sobre pobreza. Na prática, grande parte dos estudos disponíveis, que servem de guia para a formulação de políticas públicas, estão embasados nas três concepções referidas por Townsend. Os limites destas abordagens são conhecidos e já foram bastante explorados pela literatura. Mesmo estudos que buscaram operacionalizar a abordagem das capacitações, tais como os trabalhos de Bourguignon e Chakravarty (2003), Chiapperro Martinetti (2000), Klasen (2000) dentre outros exploraram apenas parcialmente a abordagem, limitando-se a trabalhar com
  • 3. funcionamentos realizados, contemplando o aspecto da multidimensionalidade. A importância da multidimensionalidade tem sido explorada tanto por simpatizantes da AC quanto pelos demais pesquisadores. Exemplos disso são as contribuições de Kolm (1977), Atkinson e Bourguignon (1982), Maasoumi (1986), Tsui (1995 e 2002), Ravallion (1996). No entanto, a multidimensionalidade é apenas umas das exigências da AC. Para que se esteja de fato operacionalizando esta abordagem é necessário ir além. E este “ir além” significa focar nos fins do desenvolvimento, significa contemplar um espaço informacional que é composto por funcionamentos de valor, por liberdades, enfim por capacitações humanas ou, pela privação destas. A Abordagem das Capacitações, desenvolvida e apresentada inicialmente por Sen (1992,1999) e por Nussbaum (1999,2000), tem sido apresentada como uma alternativa às abordagens tradicionais de conceituação e mensuração da pobreza, bem-estar e desenvolvimento. Várias vantagens têm sido apontadas na literatura, considerando a AC um instrumental que é ao mesmo tempo rico, amplo e aberto (conceitualmente, filosoficamente e em seus fundamentos) o que torna a abordagem útil para aplicação em vários contextos, como pode ser visto em Pressman e Summerfield (2000). De acordo com Gasper (2002:435), a AC é “a humanist alternative theory, which has been widely accessible and adopted, it has led much empirical work, and has had significant policy impact”. De acordo com esse autor a abordagem tem sido central, por exemplo, na produção de divulgação dos relatórios de desenvolvimento humano. Na perspectiva desse trabalho a abordagem das capacitações é central, pois de acordo com Sen (1992, p. 1 e 20) uma vez que as pessoas são profundamente diversas em suas características internas e nas suas circunstâncias externas, torna-se crucial a escolha do “espaço de avaliação”, já que considerar apenas uma variável, seja ela qual for, pode conduzir a uma avaliação enganosa. Questões como deficiência física, idade, gênero, são importantes na definição e entendimento do conjunto capacitário que a pessoa consegue ou não realizar, independente do montante de renda recebida. A característica da plena diversidade humana, na opinião de Robeyns (2003, p. 17) pode ser entendida de duas maneiras: por seu foco nos funcionamentos e capacitações como o espaço de avaliação e pelo papel explícito que atribui aos fatores de conversão pessoais e sócio-ambientais dos bens em funcionamentos. Sen (2000, p. 90-91) identifica cinco fontes distintas e fundamentais da diversidade humana: (i) Heterogeneidades pessoais: características díspares das pessoas relacionadas, por exemplo, a
  • 4. idade, sexo, incapacidade, doença etc.; (ii) Diversidades ambientais: variações nas condições ambientais, como, por exemplo, circunstâncias climáticas, poluição etc.; (iii) Variações no clima social: a qualidade de vida das pessoas sofre influências das condições sociais, incluindo os serviços públicos oferecidos, da violência, da epidemiologia, das relações comunitárias etc.; (iv) Diferenças de perspectivas relativas: as necessidades das pessoas estão relacionadas a padrões de comportamento estabelecidos, podendo variar entre comunidades devido a convenções e/ou costumes; e (v) Distribuição na família: as rendas ou recursos auferidos por um ou mais membros de uma família são compartilhadas por todos – tanto por quem os adquire como por quem não os adquire – sendo, assim, ela é a unidade básica de análise em relação a essas variáveis. Em termos operacionais, como ressalta Comim (2001, p. 6), o grau de diversidade humana influenciará: (i) a extensão das taxas de conversão de recursos em capacitações; e (ii) os parâmetros (agrupados ou individuais) das taxas de conversão. Além de contemplar o aspecto da diversidade humana, é fundamental não cair na armadilha das medidas subjetivas, que são passíveis de críticas. Ao analisar padrão de vida, Sen (1987, p. 16) acentua que “o movimento na direção objetivista afastando-se da utilidade, pode ser correto”. Mas, segundo ele, isso não significa que uma abordagem considerada “objetiva”, que tenha como foco um nível mínimo de renda ou mercadorias ou como finalidade a opulência, seria “o lugar correto para se estabelecer”. Funcionamentos e capacitações representam melhor essa característica objetiva da AC, já que significam a realização efetiva de estados e ações que uma pessoa valoriza e as oportunidades reais para realizá-los, respectivamente. Mas, Sen (1992, p. 108) esclarece que “objetividade” deve ser distinguida de invariância social. Ele observa que “o que é considerado como uma terrível privação pode, é claro, variar de sociedade para sociedade, mas do ponto de vista do analista social, estas variações são matérias de estudo objetivo”. Além disso, como realça Comim (2001, p. 7), “a característica da objetividade da AC é intrinsecamente associada com sua incompletude como um guia prático para avaliações de contextos dependentes”. 3) Pobreza e Desigualdade – estagnação nas soluções A seguir são apresentadas, inicialmente, algumas figuras com dados oficiais, publicados pelo IPEA e amplamente utilizados para evidenciar o sucesso das estratégias brasileiras no combate a pobreza e a desigualdade.
  • 5. 3.1 – Crescimento, Desigualdade e Pobreza no Brasil – uma análise crítica dos resultados oficiais Na figura um, que faz uma comparação de desempenho entre alguns países no que tange ao crescimento econômico e redução da desigualdade. Obviamente, que esses dados parecem sugerir que o crescimento brasileiro é claramente pró-pobre. No entanto, é importante não esquece que a redução da desigualdade no Brasil não foi fruto apenas do crescimento econômico, apesar desse ser fundamental, inclusive para financiar as políticas de transferência. Mesmo assim, é importante notar que países com o mesmo desempenho em termos de crescimento econômico, foram capazes de reduzir a desigualdade em ritmo mais acelerado. Crescimento do PIB, 2002-2009 Variação do Índice de Gini Países (% por ano) nos anos 2000 (%) Argentina 3.7 -15 Brasil 3.7 -9 Chile 4.2 -6 Colômbia 4.4 -1 México 2.8 -6 Peru 5.6 -13 Venezuela 4.4 -1 Figura 1 – Comparação internacional – Crescimento econômico e redução da desigualdade de renda. A figura dois, as seguir, mostra os avanços recentes em termos de aumento da renda per capita média. Renda domiciliar per capita (R$ setembro/2009) 700 637 600 1995-2003: -1% a.a. 521 500 2003-2009: +4.8% a.a 400 300 200 100 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009. Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins). Crescimento real da renda 1995-2009: +22.4% Figura 2 – Renda Domiciliar per capita.
  • 6. Na figura três, a seguir, é evidenciado o sucesso em termos de desigualdade de renda. É interessante perceber que o período de acentuação da queda não corresponde exatamente ao período de aumento da renda domiciliar per capita, mostrado na figura dois. Desigualdade (Índice de Gini) 0.650 0.625 0.599 0.594 0.600 2001-2009: -9% 0.575 1995-2001: -1% 0.550 0.539 0.525 0.500 0.475 0.450 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009. Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins). Desigualdade começa a cair lentamente nos anos 1990 , mas ritmo acelera a partir de 2001 - antes da retomada do crescimento. Figura 3 – Comportamento da Desigualdade de renda Decomposição da queda da desigualdade, 2001-2009 Fontes de renda Contribuição (%) Salário mínimo 17.9 Trabalho 28.4% da queda Outros 45.5 do Gini Salário mínimo 10.5 Previdência Outros 1.0 Programa Bolsa Família e afins 12.7 BPC 5.7 São menos de Outras 6.7 1% da renda, mas foram Queda da desigualdade 100% responsáveis por Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2001 & 2009 18.4% da queda do Gini 46.8% da queda do Gini Figura 4 – Decomposição da Desigualdade.
  • 7. Evolução da pobreza no Brasil NÃO POBRES 2004 2009 renda per capita R$ 465 ou mais 51,3 + 26,6 = 77,9 milhões em 2009 Renda média: 51 78 2004 R$ 1.207,99 2009 R$ 1.189,32 (-2%) VULNERÁVEIS renda per capita R$ 134 a R$ 465 82 81 82,0 - 1,2 = 80,8 milhões em 2009 Renda média: 2004 R$ 267,49 2009 R$ 278,82 (+4%) POBRES 28 18 BRASIL renda per capita R$ 67 a R$ 134 Renda média: 28,2 - 10,8 = 17,5 milhões em 2009 2004 R$ 495,12 Renda média: 2009 R$ 634,65 (+28%) 2004 R$ 101,61 2009 R$ 104,04 (+2%) 15 9 Desigualdade (Gini): EXTREMAMENTE POBRES 2004 0.565 2009 0.538 (-6%) renda per capita até R$ 67 15,0 - 6,3 = 8,7 milhões em 2009 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Renda média: Milhões de pessoas 2004 R$ 101,61 2009 R$ 104,04 (+2%) Figura 5 – Evolução da Pobreza no Brasil Resultados para Brasil Figura 6 – Pobreza e Desigualdade.
  • 8. Aspectos demográficos # moradores por domicílio famílias com 4 ou mais crianças (%) 6 30 4.9 23 4.6 4.6 4.2 3.5 3.8 15 2.8 2.7 13 11 2 2 0 0 0 0 2004 2009 2004 2009 Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres pretos, pardos e indígenas (%) famílias sem crianças (%) 80 73 74 72 80 73 66 68 59 51 43 36 35 27 25 16 15 14 0 0 2004 2009 2004 2009 Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres Figura 7 – Aspectos Demográficos Idade e a pobreza extrema (%) 55 48,4 45,0 37,3 32,9 Importância do PBF 18,0 16,9 0,7 0,8 0 2004 2009 0 a 14 anos 15 a 24 anos 25 a 64 anos 65 anos ou mais Extrema pobreza está correlacionada com idade: incidência ainda é alta entre crianças e apenas residual entre idosos Figura 8 – Composição Etária 3.2 – Desigualdade e Pobreza – alguns evidências alternativas
  • 9. Figura 9 – Decomposição da Desigualdade em Porto Alegre - 1998-2008 Figura 10 – Decomposição da Desigualdade em Belo Horizonte – 1998-2008
  • 10. Percentual da desigualdade total explicada por desigualdade dentro dos grupos, entre grupos e transvariação em 2008 em relação a 1998. Região Metropolitana Gw Gnb Gt Belo Horizonte Reduziu Aumentou Aumentou Distrito Federal Reduziu Aumentou Reduziu Porto Alegre Reduziu Reduziu Aumentou Recife Reduziu Reduziu Aumentou Salvador Reduziu Aumentou Aumentou São Paulo Reduziu Igual Aumentou Figura 11- Síntese da Decomposição da Desigualdade nas Regiões Metropolitanas Brasileiras. Tabela 7: Indicadores da Dimensão Saúde para Porto Alegre MaisComi ComeuMen SentFome VaiMedic FreqDent Medo Saúde Geral 0,772 0,419 0,272 0,119 0,526 0,528 0,439 Por Gênero Mulheres 0,784 0,440 0,280 0,115 0,517 0,567 0,450 Homens 0,749 0,387 0,257 0,127 0,545 0,461 0,421 Por Idade Até 20 anos 0,745 0,336 0,272 0,112 0,521 0,468 0,409 21 a 30 anos 0,776 0,429 0,278 0,117 0,531 0,556 0,448 31 a 40 anos 0,768 0,441 0,276 0,131 0,512 0,525 0,442 41 a 50 anos 0,784 0,442 0,270 0,124 0,520 0,543 0,447 51 a 60 anos 0,793 0,424 0,282 0,115 0,535 0,535 0,447 Mais 60 anos 0,746 0,376 0,230 0,089 0,559 0,487 0,414 Por Escolaridade Analfabetos 0,852 0,608 0,386 0,139 0,662 0,532 0,530 1ª a 4ª série primária 0,828 0,522 0,351 0,116 0,574 0,550 0,490 5ª a 7ª série 0,800 0,456 0,275 0,112 0,554 0,529 0,454 1º Grau Completo 0,754 0,392 0,236 0,110 0,511 0,520 0,420 2º Grau Incompleto 0,667 0,254 0,206 0,152 0,450 0,495 0,371 2º Grau ou mais 0,646 0,187 0,132 0,106 0,372 0,514 0,326 Por Rendimento Sem rendimentos 0,841 0,545 0,417 0,150 0,588 0,519 0,510 Menos de 1/2 SM 0,894 0,656 0,468 0,155 0,607 0,584 0,561 Entre 1/2 e 1 SM 0,850 0,614 0,398 0,146 0,590 0,575 0,529 Entre 1 e 2 SM 0,756 0,342 0,184 0,097 0,508 0,511 0,400 Mais 3 SM 0,518 0,113 0,114 0,105 0,352 0,516 0,286
  • 11. Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa feita em Porto Alegre em junho de 2007. Tabela 10: Indicadores da Dimensão Habitação para Porto Alegre TempCasa Mudanca Quartos ConMoradia Roubo Banho Habitação Geral 0,192 0,402 0,430 0,386 0,327 0,111 0,308 Por Gênero Mulheres 0,193 0,410 0,463 0,408 0,320 0,112 0,318 Homens 0,190 0,391 0,368 0,347 0,345 0,109 0,292 Por Idade Até 20 anos 0,253 0,326 0,416 0,351 0,290 0,118 0,292 21 a 30 anos 0,239 0,399 0,456 0,415 0,323 0,124 0,326 31 a 40 anos 0,185 0,453 0,469 0,395 0,328 0,106 0,323 41 a 50 anos 0,168 0,416 0,436 0,379 0,348 0,103 0,308 51 a 60 anos 0,152 0,419 0,392 0,387 0,341 0,109 0,300 Mais 60 anos 0,107 0,303 0,313 0,333 0,318 0,092 0,244 Por Escolaridade Analfabetos 0,167 0,361 0,441 0,452 0,339 0,142 0,317 1ª a 4ª série primária 0,199 0,414 0,486 0,451 0,348 0,155 0,342 5ª a 7ª série 0,202 0,428 0,454 0,410 0,322 0,103 0,320 1º Grau Completo 0,200 0,415 0,413 0,350 0,334 0,087 0,300 2º Grau Incompleto 0,189 0,386 0,346 0,315 0,303 0,092 0,272 2º Grau ou mais 0,139 0,305 0,330 0,258 0,313 0,069 0,236 Por Rendimento Sem rendimentos 0,238 0,390 0,507 0,460 0,364 0,188 0,358 Menos de 1/2 SM 0,267 0,494 0,526 0,523 0,323 0,188 0,387 Entre 1/2 e 1 SM 0,242 0,436 0,499 0,471 0,321 0,132 0,350 Entre 1 e 2 SM 0,159 0,397 0,397 0,352 0,313 0,075 0,282 Mais 3 SM 0,142 0,324 0,277 0,198 0,347 0,065 0,225 Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa feita em Porto Alegre em junho de 2007. 4) Considerações Finais Os principais desafios do Brasil. Continuar crescendo Continuar reduzindo a Desigualdade Efetivamente Combater a Pobreza Inverter a tendência de aumento da Desigualdade Entre os Pobres
  • 12. Reduzir a Desigualdade Educacional (qualidade, acesso, retornos) Promover o chamado: Crescimento “pró-pobre’ frente ao atual contexto Interno e contexto internacional; Focar a desigualdade não apenas de renda, mas também a desigualdade educacional e de oportunidades. Atualmente, as estratégias de combate a pobreza e desigualdade tem sido insuficiente para: a. Compreender e explicar a pobreza; b. Avaliar de forma integrada as ações propostas no programa; c. Clareza nos objetivos do programa – falta concepção de bem-estar; d. Estabelece uma linha político administrativa; e. Não trata especificidades como a questão de gênero, infância e indígena; f. Ignora dimensões importantes como é o caso da segurança alimentar. 5) Bibliografia Alkire, S. (2002). Dimensions of Human Development. World Development. Vol. 30. No. 2. pp. 181-205 Atkinson, A. and Bourguignon, F.(1982): The comparison of multidimensioned distributions of economic status, Rev. Econom. Stud. 49, 183–201. Bourguignon, F. Chakravarty, S. (2003). The measurement of multidimensional poverty. Journal of Economic Inequality 1. p. 25-49. Brandolini A., D’Alessio G. (1998), Measuring well-being in the functioning space, Banca d’Italia, Rome, Italy. Cheli B., Lemmi A.(1995) A totally fuzzy and relative approach to th multidimensional analysis of poverty, in Economic Notes, n. 1, pp. 115-134. Comim, F. (2001). Operatiozalizing Sen’s Capability Approach. Paper presented at Conference Justice and Poverty: examining Sen’s Capability Approach. Cambridge 5-7 June 2001 Gasper, D. (2002). Is Sen’s Capability Approach an Adequate Basis for Considering Human Development? Review of Political Economy. Volume 14. Numeber 4. Klasen S. (2000), Measuring poverty and deprivation in South Africa, in Review of Income and Wealth, series 46, n.1, March.
  • 13. Lelli, S. (2001). Factor Analysis vs. Fuzzy Sets Theory: Assessing the Influence of Defferent Techniques on Sen’s Functionings Approach (Preliminary). Center for Economic Studies, K. U. Leuven Martinetti, E. C. (2000). A Multidimensional assessment of well-being based on Sen’s functioning approach, Rivista Internazionali di Sciencze Socialli. N. 2. Nussbaum, M (2000) Woman and Human Development, Cambridge. CUP. Nussbaum, M. (1999). Sex and Social Justice. Cambridge. CUP. Osório, R. G. Soares, S. S. D. Souza, P. H. G. F. 2011. Erradicar a Pobreza Extrema: Um Objetivo ao alcance. Texto para discussão do IPEA. 1619. Pressman, S & Summerfield, G. (2000). The Economic Contributions of Amartya Sen. Review of Political Economy. Volume 12. Number 1. Ravallion,M.: Issues in measuring and modelling poverty, Economic J. 106 (1996), 1328–1343. Sen A. K. (2000). Desenvolvimento como Liberdade . Oxford University Press Sen A. K. (1992). Inequality re-examined, Clarendon Press, Oxford. Towsend, P. (2006). Introduction to Compendium of best practices in poverty measurement. Rio Group. Rio de Janeiro. Organized by the Expert Group on Poverty. Tsui, K.Y.: Multidimensional poverty indices, Social Choice and Welfare 19 (2002), 69–93