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A CONSTITUIÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA
BAHIA NO ESPAÇO REGIONAL
M.e. Elissandro Trindade de Santana
Membro do Grupo de Pesquisa – CiTePlan UFBA
etsantana@yahoo.com.br
RESUMO
O presente artigo busca compreender os interesses e conflitos locais e regionais decorrentes da
criação e instalação da UFRB. Nessa perspectiva, uma análise sobre o papel das universidades
no desenvolvimento regional é uma questão central deste artigo, sobretudo nesse período em
que vem ocorrendo à expansão das instituições de ensino superior no Brasil e na Bahia.
INTRODUÇÃO
Segundo Boaventura (2009), a formação do ensino superior na Bahia e também
do Brasil remonta ao século XIX, mais precisamente a 1808, quando ocorreu a fundação
do Curso Médico-Cirúrgico, seguido pela implantação da Academia de Belas Artes, em
1877. Também nesse mesmo ano foi fundado o Imperial Instituto Baiano de
Agricultura, que tinha por objetivo dar um suporte técnico à produção açucareira no
Recôncavo Baiano. Posteriormente, o Instituto passou a se chamar Escola de
Agronomia de Cruz das Almas. Este foi o núcleo inicial da atual Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia.
Ainda segundo Boaventura, apesar de o ensino superior na Bahia existir desde o
início do século XIX, a Universidade da Bahia surge apenas em 1946, proposta por
Pedro Calmon, reunindo a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, a Faculdade de
Ciências Econômicas, o Instituto e Escola Politécnica, a Faculdade de Direito,
Agronomia e Belas Artes, além da Faculdade de Medicina.
Ao movimento de faculdades isoladas, sucede, sem interrupção desse
processo, a convergência das unidades acadêmicas em direção à
Universidade. A Universidade Federal da Bahia, seguindo as diretrizes
nacionais, instituiu-se pela integração de diversas faculdades, criadas no
longo período de quase século e meio (BOAVENTURA, 2009, p. 125).
Como se pode observar, praticamente toda implantação das Instituições de
Ensino Superior na Bahia ocorreu na cidade de Salvador, com exceção da Escola de
Agronomia, em Cruz das Almas. Em 1961 é criada a Universidade Católica do Salvador
(UCSAL), mas a interiorização do ensino superior na Bahia só ocorrerá, de fato, com a
Universidade do Estado da Bahia, em 1986, de acordo com Boaventura.
A implantação da UFRB no Recôncavo, diante do quadro apresentado, pode ser
considerada uma interiorização do ensino superior federal na Bahia, visto que a UFBA
possui um campus avançado em Barreiras e outro em Vitória da Conquista. Contudo
podemos levantar algumas ressalvas, sobretudo por uma questão geográfica, a distância
do Recôncavo para Salvador não ser tão considerável, além da Universidade Estadual
de Feira de Santana, que atende um número significativo de estudantes do Recôncavo,
porém sobre Feira de Santana trataremos adiante. Desta forma, o que ocorre neste
momento de desconcentração das atividades nas regiões metropolitanas é o que Sanfeliu
(2009) denominou de dispersão concentrada.
A UFRB NO RECÔNCAVO
A implantação da Universidade Federal do Recôncavo Bahia (UFRB) traz
consequências não apenas para as cidades em que ela está inserida, mas sua presença
também causa conflitos de interesses em outras cidades do Recôncavo Baiano, visto que
suas lideranças políticas se mobilizam para ter um campus da UFRB. Estas lideranças
político-partidárias sempre vinculam a presença da universidade na cidade ao dito
“desenvolvimento local e regional” e a um efeito imediato sobre a dinâmica econômica
das cidades. Muitos destes políticos partidários têm o apoio de outras lideranças da
sociedade civil: professores, associações, sindicatos, as quais, por sua vez, mobilizam a
opinião pública a fim de reivindicar para si um campus.
No plano inicial da UFRB, segundo Henrique (2011), estava prevista a
implantação de um campus da universidade nas cidades de Nazaré, Santo Amaro e
Valença, além de Cachoeira, Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus. Quando ocorreu
a implantação, de fato, Valença acabou por não receber um campus, que foi para a
cidade de Amargosa.
Todas estas cidades estão localizadas no Recôncavo (nas últimas regionalizações
oficiais, Amargosa não tem sido considerada dessa região). Falar do Recôncavo é
necessário, já que localizar-se nesta região traz uma importância histórica, a qual não se
dá por acaso, visto como ocorreu sua formação ao longo da história da Bahia e do
Brasil.
De acordo com Pedrão (2009), a região do Recôncavo foi conformada a partir
dos interesses mercantis do capital internacional no período do Brasil Colônia. Milton
Santos descreve diversas características naturais que diferenciam subespaços contidos
na região. Essas características naturais estabelecem estreita relação com as atividades
produtivas desenvolvidas durante o período colonial.
[Aos] caracteres fisiográficos correspondeu uma diferente utilização do solo,
que, ainda hoje, de certo modo perdura. Os solos pobres do cristalino
serviram a culturas alimentares, tanto no norte quanto no sul. Os tabuleiros
terciários foram o habitat ideal para o fumo. A série Santo Amaro deu o fofo
massapê, onde há quatrocentos anos se planta incessantemente a cana-de-
açúcar. Esta, aliás, em período de maior procura, desbordou seu limite
ecológico e avançou por áreas diferentes, sobretudo as da formação São
Sebastião, mas tem recuado, conquanto as usinas continuem guardando essas
terras como reserva de lenha para suas fornalhas (SANTOS, 1959, p. 62).
Na realidade, desde a sua formação o Recôncavo sempre esteve voltado para o
mercado externo e poucas ações demonstravam que haveria algum tipo de investimento
para se planejar algo para a vida interna deste espaço. “A região sofreu sempre as
consequências da exclusão da maior parte de sua população (...) e da falta de
solidariedade local de sua classe dominante. A relação com o exterior foi o elemento
unificador da região” (PEDRÃO, 2007, p. 10).
Segundo o Plano Direto Municipal de Santo Antônio de Jesus (2000), é a partir
de meados do século XIX, quando o fornecimento de mão de obra escrava, responsável
pela manutenção do modelo vigente, torna-se irregular e escasso que podemos ver o
modelo de produção do Recôncavo enfrentar sua primeira crise significativa e
reestruturar-se a fim de enfrentá-la. Reestruturação que não conhece o Recôncavo como
um todo, mas apenas alguns de seus subespaços, afinal o Recôncavo não se constituía
homogêneo. Havia áreas da região que não se dedicavam à produção canavieira, sujeita
a crises cíclicas em virtude de sua dependência do mercado externo, entre as quais
podemos citar os municípios de Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas.
Segundo Pedrão (2009), essas áreas extrativistas sempre foram importantes para
a manutenção de uma economia voltada para o mercado externo e criaram condições
para, posteriormente, estas cidades serem importantes centros urbanos no Recôncavo.
Segundo o Plano Diretor Municipal de Santo Antônio de Jesus (2002), a
diversificação produtiva das cidades e vilas localizadas nas áreas de tabuleiro, como
Santo Antônio de Jesus, propiciou a estas uma maior resistência às crises cíclicas das
atividades agrícolas voltadas para exportação, ao contrário das outras cidades que se
dedicavam a essas plantations.
Nos séculos XVIII, XIX e XX diversos fatores contribuíram para uma
reestruturação urbana e regional do Recôncavo canavieiro e fumageiro. Desses fatores,
podemos destacar os transportes, que sempre “acompanharam de perto”, quando não
contribuíam diretamente, para a reestruturação regional do Recôncavo. As ferrovias,
quando implantadas, aceleraram a circulação de pessoas, bem como dos produtos
agrícolas, o que possibilitou uma maior integração regional, assim como o aparecimento
de novas cidades. O próprio surgimento de Santo Antônio de Jesus e o seu posterior
desenvolvimento de comércios e serviços são decorrentes, em parte, da implantação da
ferrovia.
A estrada de ferro Tram Road possibilitou que Santo Antônio de Jesus se
tornasse, ainda no século XIX, um entreposto comercial significativo, pois esta estrada
de ferro saía de Nazaré, passando por Santo Antônio de Jesus e se dirigia para Castro
Alves, Cruz das Almas, São Félix, Cachoeira, São Roque e Salvador. Com a inserção
dessa ferrovia, Santo Antônio de Jesus experimentou um grande desenvolvimento de
novas casas comerciais e de serviços voltados para a população que passava pela cidade.
Milton Santos, em 1959, já definia o Recôncavo como a “região de cidades da
Bahia”, pois o número de aglomerados urbanos nessa região sempre foi considerável.
Para o autor, no contexto da rede de cidades do Recôncavo naquele período (décadas de
40 e 50), Santo Amaro, Nazaré e Cachoeira representavam importantes aglomerados
urbanos e historicamente a cidade de Cachoeira sempre foi um importante entreposto
comercial de mercadorias do Sertão baiano para o Porto de Salvador, seja pelo
transporte marítimo/fluvial, através da Baía de Todos os Santos ou do rio Paraguaçu,
seja pela ferrovia que passa dentro da mancha urbana de Cachoeira. Naquele período, a
cidade de Cachoeira, segundo Santos, em 1959, ocupava a 5ª posição na estrutura
hierárquica da rede urbana do Recôncavo e era considerada uma capital sub-regional,
enquanto Santo Antônio de Jesus ocupava a 7ª posição e era considerada um centro
local.
O Recôncavo, segundo Santos (1959), passava por um processo de
reestruturação devido às constantes crises econômicas em virtude da estagnação da
produção de cana e fumo e o Estado brasileiro estava imbuído em constituir uma
sociedade urbano-industrial integrada pelas rodovias, um projeto que se intensificou
durante o governo de Juscelino Kubitschek. Era a expansão do meio técnico-científico
no Brasil, e na Bahia.
Alguns eventos foram bastante significativos para o processo de reestruturação
dessa região da Bahia. A instalação da Petrobras, na década de 1950, a desvalorização
no comércio internacional do açúcar e do fumo mais a reestruturação viária – com a
construção da BR101, particularmente, e da BR 116, que deixaram as ferrovias em
segundo plano, mais a desativação do porto São Roque-Paraguaçu – causaram o
declínio de núcleos urbanos tradicionais da região baseados nas atividades comerciais
mais simplificadas, no fluxo de mercadorias entre o sertão e o litoral baiano e na
produção agrícola, como Cachoeira e Santo Amaro que se tornaram centros repulsores
de população, ao mesmo tempo em que ocorria a ascensão de outros núcleos vinculados
aos novos sistemas de transporte que ligavam toda a região Centro-Sul ao Nordeste,
bem como no comércio de produtos industrializados.
Pedrão é mais específico e explica como Cachoeira, “que sempre fora a porta de
entrada para o sertão através do vale do Rio Paraguaçu, cedeu lugar a Santo Antônio de
Jesus, onde se iniciou o plano de transporte rodoviário” (PEDRÃO, 2007, p. 15).
O asfaltamento da BR 101, na década de 1970, potencializou a realização de
fluxos dos produtos industrializados entre as regiões do Brasil para a Região Nordeste,
bem como, em um sentido inverso, foi responsável pelo deslocamento de muitos
migrantes do Nordeste para o sul e sudeste em busca de trabalho nessas regiões. A
região do Recôncavo, por anos depois de iniciada a exploração do petróleo,
caracterizou-se por ser uma zona repulsora de população, talvez porque essa população
não encontrasse oportunidades para se realizar como população economicamente ativa
na região em questão. A população migrou e tornou-se mão de obra não qualificada em
outros espaços: às vezes na capital baiana, às vezes em outros estados brasileiros.
Quanto aos que ficaram, segundo Pedrão, estes exerciam atividades de subsistência.
Uma população à margem, constituindo uma sociedade em transição. Pedrão (2007)
descreve bem os espaços sociais deixados vazios pela elite emigrante (desde o final do
século XIX), que foram sendo gradativamente ocupados por aqueles que ficaram.
Segundo Brito (2008), a implantação da Petrobras e da Refinaria Landulfo
Alves, inaugurada em 1959, representava mais um projeto de obtenção de lucros das
empresas citadas do que propriamente um projeto de desenvolvimento regional.
Somente algumas cidades são agraciadas com as consequências positivas da
modernização, o que torna a desigualdade entre os municípios ainda mais extremada e,
consequentemente, torna o Recôncavo ainda mais fragmentado. Pedrão explica que a
exploração de petróleo na região revalorizou terras, antes abandonadas em virtude da
crise agrícola, dando liquidez aos seus proprietários, o que caracterizou um novo
processo de formação de preços de terras onde ocorre “uma segmentação do mercado
entre as áreas afetadas pela nova demanda de terras e pelas áreas onde não foi
encontrado petróleo, já que os efeitos dessa demanda não se difundem no mercado de
terras da região” (PEDRÃO, 2007, p. 16).
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA UFRB NO RECÔNCAVO
A implantação da UFRB está inserida no projeto do Governo Federal
denominado de Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (REUNI). O objetivo do REUNI, segundo suas diretrizes gerais,
é
Criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação
superior, no nível de graduação, para o aumento da qualidade dos cursos e
pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos
existentes nas universidades federais, respeitadas as características
particulares de cada instituição e estimulada a diversidade do sistema de
ensino superior (BRASIL, 2005, p. 9).
A UFRB está inserida nesta lógica do atual Governo do Partido dos
Trabalhadores (PT), que visa uma expansão que tem sido alvo de críticas dos mais
diversos setores da sociedade que questionam, sobretudo, as condições em que tem
ocorrido essa expansão e reestruturação do ensino superior no Brasil, contudo não é
nosso objetivo levantar e discutir essa problemática neste momento.
Como já dito em outros momentos, a UFRB adotou um modelo multicampi
tendo como base o campus da Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia,
em Cruz das Almas. O modelo multicampi se diferencia daquele da formação da
universidade na Bahia e no Brasil que representava mais um conglomerado ou uma
reunião de faculdades, escolas e institutos já existentes.
A UFRB vem se instalar no Recôncavo num período que Santos & Silveira
(2001) denominaram de técnico-científico-informacional. Nesse período esses três
componentes ganham grande relevância na produção social e, por conseguinte, na
produção do espaço, e a universidade, nesta sociedade, deve ter um papel fundamental
no desenvolvimento.
A escolha do Recôncavo para sediar uma universidade não ocorreu de forma
aleatória. Como dito, essa é uma região de grande importância histórica para a Bahia e o
Brasil, além de ser uma das regiões mais urbanizadas da Bahia. Segundo o projeto de
implantação da UFRB, de 2003, são 61,38 hab./km² em 15.000 km² de área. Este
projeto afirma, ainda, que o Recôncavo é “uma região que resume a Bahia”
(Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, 2003, p. 14).
Uma universidade tem o papel primordial de produzir conhecimento científico, o
qual, por seu turno, é cada vez mais incorporado pelos interesses de uma mercado e uma
economia globalizada. Esta aquisição de conhecimento no ambiente universitário
possibilita um número maior de pessoas qualificadas para as exigências do mercado. Na
própria região do Recôncavo temos a presença de algumas empresas que devem ter um
bom número de profissionais que vieram de outras localidades: Embrapa, Petrobras,
Barragem de Pedra do Cavalo, instituições de ensino superior, entre outras.
Apesar dos motivos expostos acima para implantação da universidade serem
bem fundamentados e coerentes com as exigências do nosso tempo, sabe-se que uma
instituição desse porte não é instalada sem critérios e interesses políticos. Alguns desses
motivos, além da estrutura das cidades para receber a universidade, passam, também,
pelo político-partidário que estas possuem. Coincidentemente ou não, as quatro cidades
contempladas pela UFRB são governadas por prefeitos que compõem a base do
Governo Federal do Partido dos Trabalhadores (PT e PMDB).
Dois documentos de implantação da universidade – Subsídios para criação e
implantação a partir do desmembramento da Escola de Agronomia da Universidade
Federal da Bahia (2003) e o Formulário de Apresentação de Propostas (2005) – trazem
expressamente a necessidade da UFRB, tendo em vista o desenvolvimento local e
regional e uma formatação da universidade numa estrutura multicampi, que, como
sugere Fialho (2005), é uma tendência constituição por parte do Governo, tanto nas
esferas federal e estadual, a implantação das instituições de ensino superior no formato
multicampi, trazendo justamente essa perspectiva do desenvolvimento regional e a
diminuição de disparidades sociais históricas.
Quadro 5. IDH dos municípios do Território de Identidade do Recôncavo
Município
Índice de
Desenvolvimento
Humano, 2000
IDH -
Renda,
2000
IDH -
Educação,
2000
IDH -
Longevidade,
2000
Aratuípe (BA) 0,588 0,513 0,681 0,569
Cabaceiras do
Paraguaçu (BA) 0,582 0,457 0,672 0,617
Cachoeira (BA) 0,693 0,591 0,785 0,701
Castro Alves (BA) 0,654 0,540 0,735 0,689
Conceição do Almeida
0,653 0,563 0,727 0,669
(BA)
Cruz das Almas (BA) 0,723 0,679 0,845 0,645
Dom Macedo Costa
(BA) 0,647 0,490 0,724 0,726
Governador
Mangabeira (BA) 0,653 0,519 0,717 0,724
Jaguaripe (BA) 0,623 0,484 0,769 0,615
Maragogipe (BA) 0,650 0,492 0,762 0,696
Muniz Ferreira (BA) 0,639 0,501 0,755 0,662
Muritiba (BA) 0,672 0,554 0,738 0,725
Nazaré (BA) 0,657 0,579 0,748 0,645
Salinas da Margarida
(BA) 0,675 0,554 0,785 0,688
Santo Amaro (BA) 0,696 0,603 0,759 0,725
Santo Antônio de
Jesus (BA) 0,722 0,618 0,844 0,705
São Felipe (BA) 0,656 0,630 0,712 0,627
São Félix (BA) 0,660 0,558 0,785 0,637
Sapeaçu (BA) 0,675 0,537 0,832 0,657
Saubara (BA) 0,667 0,536 0,818 0,648
Varzedo (BA) 0,624 0,555 0,722 0,594
Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos 2000. Extraído de Henrique, Santana e Fernandes
(2009).
Observando as cidades escolhidas podemos chegar à conclusão que a escolha
destas levou em consideração que as cidades já tivessem alguma estrutura e certa
relevância no Recôncavo, conforme indicou a tabela do IDH dos municípios, visto que
Santo Antônio de Jesus é uma das principais cidades do Recôncavo e possui um campus
da Universidade do Estado da Bahia, e Cruz das Almas, que foi escolhida para abrigar a
sede da Reitoria da UFRB, além do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e
Biológicas. Os dois campi que mais receberam investimentos para a implantação da
universidade são os que podem ser vistos na tabela abaixo.
Quadro 4. Investimentos na implantação da UFRB
MUNICÍPIO VALORES (R$)
Cruz das Almas 13.965.145,00
Santo Antônio de Jesus 5.761.228,68
Amargosa 4.225.868,31
Cachoeira 3.624.884,86
Fonte: Pró-Reitoria de Planejamento da UFRB (2012)
O Estado trouxe evidente na instituição da UFRB a ideia de uma universidade
multipolar e que fosse capaz de proporcionar o desenvolvimento regional com esses
investimentos prioritários em cidades do Recôncavo que já possuem estruturas,
inclusive universitárias. Parece ser mais um avanço na polarização que estas cidades já
exercem no Recôncavo. Como dito, enquanto o Recôncavo atravessava um período de
decadência Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas conseguiram se manter com
relativo desenvolvimento. O comércio, uma atividade do setor terciário, era o que
tornava estas cidades em questão centros polarizadores da região. Fato que ocorre com
as outras cidades escolhidas, uma vez que todas têm atividades atuando como forças
motrizes capazes de criar um efeito polarizador. Uma delas, por exemplo, no caso a
cidade de Cachoeira, desenvolve o turismo como atividade motriz, possibilidade que
Andrade (1970), entre as décadas de 60 e 70, já admitia como possível, citando
exemplos europeus, apesar da cidade de Cachoeira não ter explorado muito bem esse
potencial.
As cidades de Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus apresentam um relativo
destaque, como apontam Caldas e Souza (2009) quando fizeram uma análise do
documento Regiões de Influência das Cidades (Regic), publicado pelo IBGE (2007).
Segundo os autores, esse estudo “identifica e propõe, dentro de um arcabouço teórico-
metodológico próprio, os principais centros urbanos brasileiros, suas regiões de
influência e, por fim, a rede urbana brasileira e sua hierarquia” (CALDAS e SOUZA,
2009, p. 538). Nesse estudo as cidades de Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas
apresentam certo grau de influência na sua região imediata, a primeira é classificada
como um Centro Sub-Regional A e a segunda um Centro Sub-Regional B. Para os
autores, esse fato ocorre devido à descentralização da oferta de bens e serviços que vem
ocorrendo no Brasil na primeira década do século XXI.
Essa formatação multicampi da universidade é pensada a partir da ideia de
multipolarização e especialização de cada campus. Em Cruz das Almas um campus
ligado às Ciências Ambientais, em Santo Antônio de Jesus cursos ligado à área de
saúde, em Amargosa cursos voltados para a formação de professores e em Cachoeira
um campus voltado para as Ciências Humanas. Estando previstos em Santo Amaro,
cursos ligados à cultura e ao entretenimento, e Feira de Santana, que será um “centro de
energia e sustentabilidade”, como afirmou o Vice-Reitor da UFRB, Silvio Soglia.
Neste pensamento, segundo os projetos de implantação da universidade, a ideia é
tornar cada cidade um centro de especialidades de acordo com as características
culturais, ambientais e sociais de cada localidade. Essa característica da UFRB é
justificada por uma predisposição que cada município possui, seria uma espécie de
“vocação”.
Podemos comprovar a nossa afirmação anterior com uma citação do próprio
documento de o que objetivo da universidade seria “de ocupar lugar estratégico e
redefinidor da matriz de desenvolvimento socioeconômico e cultural da região em foco”
(BRASIL, 2003, p. 5). A partir dessas informações podemos chegar à conclusão que a
UFRB, como uma ação estatal, visa inserir o Recôncavo Baiano no processo técnico-
científico-informacional, buscando, também, ser uma oportunidade para aqueles que
moram na região de ingressar em curso superior. Contudo esse projeto de
desenvolvimento regional não parece claro, já que se tem observado uma dispersão
grande de recursos e uma série de notícias sobre a implantação de outros campi da
UFRB até mesmo fora do Recôncavo Baiano, já que o município de Feira de Santana
receberá um campus da UFRB.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No espaço regional verifica-se um aumento das interações espaciais e a
consolidação de Santo Antônio de Jesus e de Cruz das Almas, ao atrair estudantes, e a
cidade de Cachoeira, que, depois de um longo período relegada nas políticas
governamentais, volta a ter certa importância na rede urbana do Recôncavo, também
motivada pelo fluxo de estudantes e profissionais ligados à universidade.
O REUNI, programa do Governo Federal, vem se caracterizando pela
interiorização do ensino superior no país e, apesar de a Bahia estar sendo contemplada
com a Universidade Federal do Recôncavo, a forma como isto vem ocorrendo leva a
uma reflexão sobre a forma como o Estado vem conduzindo essa expansão, pois, apesar
de muitos benefícios que uma instituição de ensino superior pode levar para as cidades,
é necessário que esse processo ocorra de forma coerente com os princípios que norteiam
o projeto.
Uma das conclusões que se pode retirar da reflexão realizada nesta dissertação é
observar como o Estado brasileiro ainda permanece inerte quanto à disposição de se
pensar a educação no Brasil mais seriamente, neste caso específico o Ensino Superior.
Não se trata de uma novidade, pois outros trabalhos discutem muito claramente
estas questões, contudo nesta pesquisa se buscou revelar outras faces desse problema
analisando a influência que uma universidade pode ter na vida de uma cidade pequena e
média da Bahia. Problemas de ordem habitacional, visto que, como outras instituições
de ensino superior da Bahia, não preparam a sua estrutura para receber estudantes de
outras localidades.
O pensamento sobre o desenvolvimento regional neste período técnico-
científico-informacional sempre dá um destaque ao papel do conhecimento como um
fator primordial no desenvolvimento. Para muitos, a universidade teria essa função de
encabeçar um projeto de desenvolvimento e esta ideia, como demonstrado ao longo
dessa pesquisa, é constante nos documentos oficiais de constituição da UFRB.
A UFRB nestes documentos surge como uma forma de “salvação” para um
Recôncavo que ficou atrasado no decurso da história, pelo menos essa é a impressão
que os documentos deixam. A princípio, pode-se pensar que a UFRB tem dado essa
resposta à sociedade no que tange ao desenvolvimento, visto que a maioria dos seus
alunos é das classes C, D e E. Porém esse perfil de alunos que representa a maioria dos
estudantes da universidade requer um projeto consistente de permanência destes na
universidade e perspectivas claras destes ingressarem no mercado de trabalho, até
mesmo nos municípios onde a universidade está inserida.
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A CONSTITUIÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

  • 1. A CONSTITUIÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA NO ESPAÇO REGIONAL M.e. Elissandro Trindade de Santana Membro do Grupo de Pesquisa – CiTePlan UFBA etsantana@yahoo.com.br
  • 2. RESUMO O presente artigo busca compreender os interesses e conflitos locais e regionais decorrentes da criação e instalação da UFRB. Nessa perspectiva, uma análise sobre o papel das universidades no desenvolvimento regional é uma questão central deste artigo, sobretudo nesse período em que vem ocorrendo à expansão das instituições de ensino superior no Brasil e na Bahia. INTRODUÇÃO Segundo Boaventura (2009), a formação do ensino superior na Bahia e também do Brasil remonta ao século XIX, mais precisamente a 1808, quando ocorreu a fundação do Curso Médico-Cirúrgico, seguido pela implantação da Academia de Belas Artes, em 1877. Também nesse mesmo ano foi fundado o Imperial Instituto Baiano de Agricultura, que tinha por objetivo dar um suporte técnico à produção açucareira no Recôncavo Baiano. Posteriormente, o Instituto passou a se chamar Escola de Agronomia de Cruz das Almas. Este foi o núcleo inicial da atual Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Ainda segundo Boaventura, apesar de o ensino superior na Bahia existir desde o início do século XIX, a Universidade da Bahia surge apenas em 1946, proposta por Pedro Calmon, reunindo a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, a Faculdade de Ciências Econômicas, o Instituto e Escola Politécnica, a Faculdade de Direito, Agronomia e Belas Artes, além da Faculdade de Medicina. Ao movimento de faculdades isoladas, sucede, sem interrupção desse processo, a convergência das unidades acadêmicas em direção à Universidade. A Universidade Federal da Bahia, seguindo as diretrizes nacionais, instituiu-se pela integração de diversas faculdades, criadas no longo período de quase século e meio (BOAVENTURA, 2009, p. 125). Como se pode observar, praticamente toda implantação das Instituições de Ensino Superior na Bahia ocorreu na cidade de Salvador, com exceção da Escola de Agronomia, em Cruz das Almas. Em 1961 é criada a Universidade Católica do Salvador (UCSAL), mas a interiorização do ensino superior na Bahia só ocorrerá, de fato, com a Universidade do Estado da Bahia, em 1986, de acordo com Boaventura.
  • 3. A implantação da UFRB no Recôncavo, diante do quadro apresentado, pode ser considerada uma interiorização do ensino superior federal na Bahia, visto que a UFBA possui um campus avançado em Barreiras e outro em Vitória da Conquista. Contudo podemos levantar algumas ressalvas, sobretudo por uma questão geográfica, a distância do Recôncavo para Salvador não ser tão considerável, além da Universidade Estadual de Feira de Santana, que atende um número significativo de estudantes do Recôncavo, porém sobre Feira de Santana trataremos adiante. Desta forma, o que ocorre neste momento de desconcentração das atividades nas regiões metropolitanas é o que Sanfeliu (2009) denominou de dispersão concentrada. A UFRB NO RECÔNCAVO A implantação da Universidade Federal do Recôncavo Bahia (UFRB) traz consequências não apenas para as cidades em que ela está inserida, mas sua presença também causa conflitos de interesses em outras cidades do Recôncavo Baiano, visto que suas lideranças políticas se mobilizam para ter um campus da UFRB. Estas lideranças político-partidárias sempre vinculam a presença da universidade na cidade ao dito “desenvolvimento local e regional” e a um efeito imediato sobre a dinâmica econômica das cidades. Muitos destes políticos partidários têm o apoio de outras lideranças da sociedade civil: professores, associações, sindicatos, as quais, por sua vez, mobilizam a opinião pública a fim de reivindicar para si um campus. No plano inicial da UFRB, segundo Henrique (2011), estava prevista a implantação de um campus da universidade nas cidades de Nazaré, Santo Amaro e Valença, além de Cachoeira, Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus. Quando ocorreu a implantação, de fato, Valença acabou por não receber um campus, que foi para a cidade de Amargosa. Todas estas cidades estão localizadas no Recôncavo (nas últimas regionalizações oficiais, Amargosa não tem sido considerada dessa região). Falar do Recôncavo é necessário, já que localizar-se nesta região traz uma importância histórica, a qual não se
  • 4. dá por acaso, visto como ocorreu sua formação ao longo da história da Bahia e do Brasil. De acordo com Pedrão (2009), a região do Recôncavo foi conformada a partir dos interesses mercantis do capital internacional no período do Brasil Colônia. Milton Santos descreve diversas características naturais que diferenciam subespaços contidos na região. Essas características naturais estabelecem estreita relação com as atividades produtivas desenvolvidas durante o período colonial. [Aos] caracteres fisiográficos correspondeu uma diferente utilização do solo, que, ainda hoje, de certo modo perdura. Os solos pobres do cristalino serviram a culturas alimentares, tanto no norte quanto no sul. Os tabuleiros terciários foram o habitat ideal para o fumo. A série Santo Amaro deu o fofo massapê, onde há quatrocentos anos se planta incessantemente a cana-de- açúcar. Esta, aliás, em período de maior procura, desbordou seu limite ecológico e avançou por áreas diferentes, sobretudo as da formação São Sebastião, mas tem recuado, conquanto as usinas continuem guardando essas terras como reserva de lenha para suas fornalhas (SANTOS, 1959, p. 62). Na realidade, desde a sua formação o Recôncavo sempre esteve voltado para o mercado externo e poucas ações demonstravam que haveria algum tipo de investimento para se planejar algo para a vida interna deste espaço. “A região sofreu sempre as consequências da exclusão da maior parte de sua população (...) e da falta de solidariedade local de sua classe dominante. A relação com o exterior foi o elemento unificador da região” (PEDRÃO, 2007, p. 10). Segundo o Plano Direto Municipal de Santo Antônio de Jesus (2000), é a partir de meados do século XIX, quando o fornecimento de mão de obra escrava, responsável pela manutenção do modelo vigente, torna-se irregular e escasso que podemos ver o modelo de produção do Recôncavo enfrentar sua primeira crise significativa e reestruturar-se a fim de enfrentá-la. Reestruturação que não conhece o Recôncavo como um todo, mas apenas alguns de seus subespaços, afinal o Recôncavo não se constituía homogêneo. Havia áreas da região que não se dedicavam à produção canavieira, sujeita a crises cíclicas em virtude de sua dependência do mercado externo, entre as quais podemos citar os municípios de Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas.
  • 5. Segundo Pedrão (2009), essas áreas extrativistas sempre foram importantes para a manutenção de uma economia voltada para o mercado externo e criaram condições para, posteriormente, estas cidades serem importantes centros urbanos no Recôncavo. Segundo o Plano Diretor Municipal de Santo Antônio de Jesus (2002), a diversificação produtiva das cidades e vilas localizadas nas áreas de tabuleiro, como Santo Antônio de Jesus, propiciou a estas uma maior resistência às crises cíclicas das atividades agrícolas voltadas para exportação, ao contrário das outras cidades que se dedicavam a essas plantations. Nos séculos XVIII, XIX e XX diversos fatores contribuíram para uma reestruturação urbana e regional do Recôncavo canavieiro e fumageiro. Desses fatores, podemos destacar os transportes, que sempre “acompanharam de perto”, quando não contribuíam diretamente, para a reestruturação regional do Recôncavo. As ferrovias, quando implantadas, aceleraram a circulação de pessoas, bem como dos produtos agrícolas, o que possibilitou uma maior integração regional, assim como o aparecimento de novas cidades. O próprio surgimento de Santo Antônio de Jesus e o seu posterior desenvolvimento de comércios e serviços são decorrentes, em parte, da implantação da ferrovia. A estrada de ferro Tram Road possibilitou que Santo Antônio de Jesus se tornasse, ainda no século XIX, um entreposto comercial significativo, pois esta estrada de ferro saía de Nazaré, passando por Santo Antônio de Jesus e se dirigia para Castro Alves, Cruz das Almas, São Félix, Cachoeira, São Roque e Salvador. Com a inserção dessa ferrovia, Santo Antônio de Jesus experimentou um grande desenvolvimento de novas casas comerciais e de serviços voltados para a população que passava pela cidade. Milton Santos, em 1959, já definia o Recôncavo como a “região de cidades da Bahia”, pois o número de aglomerados urbanos nessa região sempre foi considerável. Para o autor, no contexto da rede de cidades do Recôncavo naquele período (décadas de 40 e 50), Santo Amaro, Nazaré e Cachoeira representavam importantes aglomerados urbanos e historicamente a cidade de Cachoeira sempre foi um importante entreposto comercial de mercadorias do Sertão baiano para o Porto de Salvador, seja pelo transporte marítimo/fluvial, através da Baía de Todos os Santos ou do rio Paraguaçu,
  • 6. seja pela ferrovia que passa dentro da mancha urbana de Cachoeira. Naquele período, a cidade de Cachoeira, segundo Santos, em 1959, ocupava a 5ª posição na estrutura hierárquica da rede urbana do Recôncavo e era considerada uma capital sub-regional, enquanto Santo Antônio de Jesus ocupava a 7ª posição e era considerada um centro local. O Recôncavo, segundo Santos (1959), passava por um processo de reestruturação devido às constantes crises econômicas em virtude da estagnação da produção de cana e fumo e o Estado brasileiro estava imbuído em constituir uma sociedade urbano-industrial integrada pelas rodovias, um projeto que se intensificou durante o governo de Juscelino Kubitschek. Era a expansão do meio técnico-científico no Brasil, e na Bahia. Alguns eventos foram bastante significativos para o processo de reestruturação dessa região da Bahia. A instalação da Petrobras, na década de 1950, a desvalorização no comércio internacional do açúcar e do fumo mais a reestruturação viária – com a construção da BR101, particularmente, e da BR 116, que deixaram as ferrovias em segundo plano, mais a desativação do porto São Roque-Paraguaçu – causaram o declínio de núcleos urbanos tradicionais da região baseados nas atividades comerciais mais simplificadas, no fluxo de mercadorias entre o sertão e o litoral baiano e na produção agrícola, como Cachoeira e Santo Amaro que se tornaram centros repulsores de população, ao mesmo tempo em que ocorria a ascensão de outros núcleos vinculados aos novos sistemas de transporte que ligavam toda a região Centro-Sul ao Nordeste, bem como no comércio de produtos industrializados. Pedrão é mais específico e explica como Cachoeira, “que sempre fora a porta de entrada para o sertão através do vale do Rio Paraguaçu, cedeu lugar a Santo Antônio de Jesus, onde se iniciou o plano de transporte rodoviário” (PEDRÃO, 2007, p. 15). O asfaltamento da BR 101, na década de 1970, potencializou a realização de fluxos dos produtos industrializados entre as regiões do Brasil para a Região Nordeste, bem como, em um sentido inverso, foi responsável pelo deslocamento de muitos migrantes do Nordeste para o sul e sudeste em busca de trabalho nessas regiões. A região do Recôncavo, por anos depois de iniciada a exploração do petróleo,
  • 7. caracterizou-se por ser uma zona repulsora de população, talvez porque essa população não encontrasse oportunidades para se realizar como população economicamente ativa na região em questão. A população migrou e tornou-se mão de obra não qualificada em outros espaços: às vezes na capital baiana, às vezes em outros estados brasileiros. Quanto aos que ficaram, segundo Pedrão, estes exerciam atividades de subsistência. Uma população à margem, constituindo uma sociedade em transição. Pedrão (2007) descreve bem os espaços sociais deixados vazios pela elite emigrante (desde o final do século XIX), que foram sendo gradativamente ocupados por aqueles que ficaram. Segundo Brito (2008), a implantação da Petrobras e da Refinaria Landulfo Alves, inaugurada em 1959, representava mais um projeto de obtenção de lucros das empresas citadas do que propriamente um projeto de desenvolvimento regional. Somente algumas cidades são agraciadas com as consequências positivas da modernização, o que torna a desigualdade entre os municípios ainda mais extremada e, consequentemente, torna o Recôncavo ainda mais fragmentado. Pedrão explica que a exploração de petróleo na região revalorizou terras, antes abandonadas em virtude da crise agrícola, dando liquidez aos seus proprietários, o que caracterizou um novo processo de formação de preços de terras onde ocorre “uma segmentação do mercado entre as áreas afetadas pela nova demanda de terras e pelas áreas onde não foi encontrado petróleo, já que os efeitos dessa demanda não se difundem no mercado de terras da região” (PEDRÃO, 2007, p. 16). O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA UFRB NO RECÔNCAVO A implantação da UFRB está inserida no projeto do Governo Federal denominado de Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). O objetivo do REUNI, segundo suas diretrizes gerais, é Criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível de graduação, para o aumento da qualidade dos cursos e pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais, respeitadas as características
  • 8. particulares de cada instituição e estimulada a diversidade do sistema de ensino superior (BRASIL, 2005, p. 9). A UFRB está inserida nesta lógica do atual Governo do Partido dos Trabalhadores (PT), que visa uma expansão que tem sido alvo de críticas dos mais diversos setores da sociedade que questionam, sobretudo, as condições em que tem ocorrido essa expansão e reestruturação do ensino superior no Brasil, contudo não é nosso objetivo levantar e discutir essa problemática neste momento. Como já dito em outros momentos, a UFRB adotou um modelo multicampi tendo como base o campus da Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, em Cruz das Almas. O modelo multicampi se diferencia daquele da formação da universidade na Bahia e no Brasil que representava mais um conglomerado ou uma reunião de faculdades, escolas e institutos já existentes. A UFRB vem se instalar no Recôncavo num período que Santos & Silveira (2001) denominaram de técnico-científico-informacional. Nesse período esses três componentes ganham grande relevância na produção social e, por conseguinte, na produção do espaço, e a universidade, nesta sociedade, deve ter um papel fundamental no desenvolvimento. A escolha do Recôncavo para sediar uma universidade não ocorreu de forma aleatória. Como dito, essa é uma região de grande importância histórica para a Bahia e o Brasil, além de ser uma das regiões mais urbanizadas da Bahia. Segundo o projeto de implantação da UFRB, de 2003, são 61,38 hab./km² em 15.000 km² de área. Este projeto afirma, ainda, que o Recôncavo é “uma região que resume a Bahia” (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, 2003, p. 14). Uma universidade tem o papel primordial de produzir conhecimento científico, o qual, por seu turno, é cada vez mais incorporado pelos interesses de uma mercado e uma economia globalizada. Esta aquisição de conhecimento no ambiente universitário possibilita um número maior de pessoas qualificadas para as exigências do mercado. Na própria região do Recôncavo temos a presença de algumas empresas que devem ter um
  • 9. bom número de profissionais que vieram de outras localidades: Embrapa, Petrobras, Barragem de Pedra do Cavalo, instituições de ensino superior, entre outras. Apesar dos motivos expostos acima para implantação da universidade serem bem fundamentados e coerentes com as exigências do nosso tempo, sabe-se que uma instituição desse porte não é instalada sem critérios e interesses políticos. Alguns desses motivos, além da estrutura das cidades para receber a universidade, passam, também, pelo político-partidário que estas possuem. Coincidentemente ou não, as quatro cidades contempladas pela UFRB são governadas por prefeitos que compõem a base do Governo Federal do Partido dos Trabalhadores (PT e PMDB). Dois documentos de implantação da universidade – Subsídios para criação e implantação a partir do desmembramento da Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia (2003) e o Formulário de Apresentação de Propostas (2005) – trazem expressamente a necessidade da UFRB, tendo em vista o desenvolvimento local e regional e uma formatação da universidade numa estrutura multicampi, que, como sugere Fialho (2005), é uma tendência constituição por parte do Governo, tanto nas esferas federal e estadual, a implantação das instituições de ensino superior no formato multicampi, trazendo justamente essa perspectiva do desenvolvimento regional e a diminuição de disparidades sociais históricas. Quadro 5. IDH dos municípios do Território de Identidade do Recôncavo Município Índice de Desenvolvimento Humano, 2000 IDH - Renda, 2000 IDH - Educação, 2000 IDH - Longevidade, 2000 Aratuípe (BA) 0,588 0,513 0,681 0,569 Cabaceiras do Paraguaçu (BA) 0,582 0,457 0,672 0,617 Cachoeira (BA) 0,693 0,591 0,785 0,701 Castro Alves (BA) 0,654 0,540 0,735 0,689 Conceição do Almeida 0,653 0,563 0,727 0,669
  • 10. (BA) Cruz das Almas (BA) 0,723 0,679 0,845 0,645 Dom Macedo Costa (BA) 0,647 0,490 0,724 0,726 Governador Mangabeira (BA) 0,653 0,519 0,717 0,724 Jaguaripe (BA) 0,623 0,484 0,769 0,615 Maragogipe (BA) 0,650 0,492 0,762 0,696 Muniz Ferreira (BA) 0,639 0,501 0,755 0,662 Muritiba (BA) 0,672 0,554 0,738 0,725 Nazaré (BA) 0,657 0,579 0,748 0,645 Salinas da Margarida (BA) 0,675 0,554 0,785 0,688 Santo Amaro (BA) 0,696 0,603 0,759 0,725 Santo Antônio de Jesus (BA) 0,722 0,618 0,844 0,705 São Felipe (BA) 0,656 0,630 0,712 0,627 São Félix (BA) 0,660 0,558 0,785 0,637 Sapeaçu (BA) 0,675 0,537 0,832 0,657 Saubara (BA) 0,667 0,536 0,818 0,648 Varzedo (BA) 0,624 0,555 0,722 0,594 Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos 2000. Extraído de Henrique, Santana e Fernandes (2009). Observando as cidades escolhidas podemos chegar à conclusão que a escolha destas levou em consideração que as cidades já tivessem alguma estrutura e certa relevância no Recôncavo, conforme indicou a tabela do IDH dos municípios, visto que
  • 11. Santo Antônio de Jesus é uma das principais cidades do Recôncavo e possui um campus da Universidade do Estado da Bahia, e Cruz das Almas, que foi escolhida para abrigar a sede da Reitoria da UFRB, além do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas. Os dois campi que mais receberam investimentos para a implantação da universidade são os que podem ser vistos na tabela abaixo. Quadro 4. Investimentos na implantação da UFRB MUNICÍPIO VALORES (R$) Cruz das Almas 13.965.145,00 Santo Antônio de Jesus 5.761.228,68 Amargosa 4.225.868,31 Cachoeira 3.624.884,86 Fonte: Pró-Reitoria de Planejamento da UFRB (2012) O Estado trouxe evidente na instituição da UFRB a ideia de uma universidade multipolar e que fosse capaz de proporcionar o desenvolvimento regional com esses investimentos prioritários em cidades do Recôncavo que já possuem estruturas, inclusive universitárias. Parece ser mais um avanço na polarização que estas cidades já exercem no Recôncavo. Como dito, enquanto o Recôncavo atravessava um período de decadência Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas conseguiram se manter com relativo desenvolvimento. O comércio, uma atividade do setor terciário, era o que tornava estas cidades em questão centros polarizadores da região. Fato que ocorre com as outras cidades escolhidas, uma vez que todas têm atividades atuando como forças motrizes capazes de criar um efeito polarizador. Uma delas, por exemplo, no caso a cidade de Cachoeira, desenvolve o turismo como atividade motriz, possibilidade que Andrade (1970), entre as décadas de 60 e 70, já admitia como possível, citando exemplos europeus, apesar da cidade de Cachoeira não ter explorado muito bem esse potencial. As cidades de Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus apresentam um relativo destaque, como apontam Caldas e Souza (2009) quando fizeram uma análise do documento Regiões de Influência das Cidades (Regic), publicado pelo IBGE (2007).
  • 12. Segundo os autores, esse estudo “identifica e propõe, dentro de um arcabouço teórico- metodológico próprio, os principais centros urbanos brasileiros, suas regiões de influência e, por fim, a rede urbana brasileira e sua hierarquia” (CALDAS e SOUZA, 2009, p. 538). Nesse estudo as cidades de Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas apresentam certo grau de influência na sua região imediata, a primeira é classificada como um Centro Sub-Regional A e a segunda um Centro Sub-Regional B. Para os autores, esse fato ocorre devido à descentralização da oferta de bens e serviços que vem ocorrendo no Brasil na primeira década do século XXI. Essa formatação multicampi da universidade é pensada a partir da ideia de multipolarização e especialização de cada campus. Em Cruz das Almas um campus ligado às Ciências Ambientais, em Santo Antônio de Jesus cursos ligado à área de saúde, em Amargosa cursos voltados para a formação de professores e em Cachoeira um campus voltado para as Ciências Humanas. Estando previstos em Santo Amaro, cursos ligados à cultura e ao entretenimento, e Feira de Santana, que será um “centro de energia e sustentabilidade”, como afirmou o Vice-Reitor da UFRB, Silvio Soglia. Neste pensamento, segundo os projetos de implantação da universidade, a ideia é tornar cada cidade um centro de especialidades de acordo com as características culturais, ambientais e sociais de cada localidade. Essa característica da UFRB é justificada por uma predisposição que cada município possui, seria uma espécie de “vocação”. Podemos comprovar a nossa afirmação anterior com uma citação do próprio documento de o que objetivo da universidade seria “de ocupar lugar estratégico e redefinidor da matriz de desenvolvimento socioeconômico e cultural da região em foco” (BRASIL, 2003, p. 5). A partir dessas informações podemos chegar à conclusão que a UFRB, como uma ação estatal, visa inserir o Recôncavo Baiano no processo técnico- científico-informacional, buscando, também, ser uma oportunidade para aqueles que moram na região de ingressar em curso superior. Contudo esse projeto de desenvolvimento regional não parece claro, já que se tem observado uma dispersão grande de recursos e uma série de notícias sobre a implantação de outros campi da UFRB até mesmo fora do Recôncavo Baiano, já que o município de Feira de Santana receberá um campus da UFRB.
  • 13. CONSIDERAÇÕES FINAIS No espaço regional verifica-se um aumento das interações espaciais e a consolidação de Santo Antônio de Jesus e de Cruz das Almas, ao atrair estudantes, e a cidade de Cachoeira, que, depois de um longo período relegada nas políticas governamentais, volta a ter certa importância na rede urbana do Recôncavo, também motivada pelo fluxo de estudantes e profissionais ligados à universidade. O REUNI, programa do Governo Federal, vem se caracterizando pela interiorização do ensino superior no país e, apesar de a Bahia estar sendo contemplada com a Universidade Federal do Recôncavo, a forma como isto vem ocorrendo leva a uma reflexão sobre a forma como o Estado vem conduzindo essa expansão, pois, apesar de muitos benefícios que uma instituição de ensino superior pode levar para as cidades, é necessário que esse processo ocorra de forma coerente com os princípios que norteiam o projeto. Uma das conclusões que se pode retirar da reflexão realizada nesta dissertação é observar como o Estado brasileiro ainda permanece inerte quanto à disposição de se pensar a educação no Brasil mais seriamente, neste caso específico o Ensino Superior. Não se trata de uma novidade, pois outros trabalhos discutem muito claramente estas questões, contudo nesta pesquisa se buscou revelar outras faces desse problema analisando a influência que uma universidade pode ter na vida de uma cidade pequena e média da Bahia. Problemas de ordem habitacional, visto que, como outras instituições de ensino superior da Bahia, não preparam a sua estrutura para receber estudantes de outras localidades. O pensamento sobre o desenvolvimento regional neste período técnico- científico-informacional sempre dá um destaque ao papel do conhecimento como um fator primordial no desenvolvimento. Para muitos, a universidade teria essa função de encabeçar um projeto de desenvolvimento e esta ideia, como demonstrado ao longo dessa pesquisa, é constante nos documentos oficiais de constituição da UFRB. A UFRB nestes documentos surge como uma forma de “salvação” para um Recôncavo que ficou atrasado no decurso da história, pelo menos essa é a impressão
  • 14. que os documentos deixam. A princípio, pode-se pensar que a UFRB tem dado essa resposta à sociedade no que tange ao desenvolvimento, visto que a maioria dos seus alunos é das classes C, D e E. Porém esse perfil de alunos que representa a maioria dos estudantes da universidade requer um projeto consistente de permanência destes na universidade e perspectivas claras destes ingressarem no mercado de trabalho, até mesmo nos municípios onde a universidade está inserida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Manuel Correia de. Espaço, polarização e desenvolvimento. 2. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1970. BOAVENTURA, Edivaldo M. A construção da universidade baiana. Salvador: EDUFBA, 2009. BRASIL. Subsídios para criação e implantação a partir do desmembramento da Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia. Disponível em < www.ufrb.edu.br >. Acesso em 10 de setembro de 2010. (2003) BRASIL. UFRB em números. Disponível em < www.ufrb.edu.br >. Acesso em 14 de junho de 2012 BRITO, Cristovão. A PETROBRAS e a gestão do território do Recôncavo. Salvador: EDUFBA, 2008. CALDAS, Alcides dos Santos & SOUZA, Fábio Antônio Moura de. A rede urbana da Bahia segundo o REGIC 2007. Bahia Análise & Dados. V. 19, n. 2, Cidades: conceitos, processos e história. SEI. Salvador, 2009. FIALHO, Nadia Hage. Universidade multicampi. Brasília: Plano Editora, 2005. HENRIQUE, W.; SANTANA, E.; FERNANDES, H. Reestruturação urbana em cidades médias e pequenas do Recôncavo a partir da instalação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Bahia Análise & Dados. V. 19, n. 2, Cidades: conceitos, processos e história. SEI. Salvador, 2009. HENRIQUE, Wendel. As universidades como agentes na (re)estruturação urbana de cidades pequenas. Um estudo sobre Passau/Alemanha. In: XII Simpósio Nacional de Geografia Urbana - Simpurb, 2011, Belo Horizonte. Anais do XII Simpurb. Belo Horizonte : UFMG, 2011. v. 01. p. 01-12.
  • 15. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Região de influência das cidades 2007. Rio de Janeiro, 2008. PEDRÃO, Fernando. Novos e velhos elementos da formação social do recôncavo da Bahia de Todos os Santos. Revista Recôncavos. Centro de Artes, Humanidades e Letras, UFRB, vol. 1, Ano I, p. 8-22, 2007. SANFELIU, C. B. Del concepto ciudad media al de ciudad intermedia em los tiempos de la globalización. In: SANFELIU, C. B & SPOSITO, M. E. B.(Orgs.). Las ciudades medias o intermédias em um mundo globalizado/ As cidades médias ou intermediárias em um mundo globalizado. Lleida: Ediciones de la Universidade de Lleida, 2009. Santo Antônio de Jesus. Prefeitura: Plano Diretor Municipal (P. D. M.) de Santo Antônio de Jesus. Projeto de Lei nº 016 de 11 de dezembro de 2002. Câmara Municipal de Santo Antônio de Jesus: 2002. SANTOS, Milton. A rede urbana do Recôncavo. Salvador: Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais - Universidade Federal da Bahia, Imprensa Oficial, 1959. SANTOS, Milton & SILVEIRA, Maria Laura. O ensino superior público e particular e o território brasileiro. Brasília: ABMES, 2000.