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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
 POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de
Administração e Ciências Contábeis em convênio com o
                     Arquivo Nacional


        Sistemas de
        Classificação
        Bibliográfica
               Daniel Ribeiro dos Santos
                 Nathalia Fernandes
                    Patrícia Marra
                      Thiago Lins
Introdução
O presente trabalho tem por objetivo apresentar
conceitos inerentes ao processo de classificação, bem
como apresentar alguns dos sistemas de classificação
mais utilizadas no campo da Biblioteconomia.

Serão apresentadas e analisadas a Classificação
Decimal de Dewey, a Classificação Decimal Universal e
a Classificação de Ranganathan, também conhecida
como Classificação Facetada.
Conceitos
Fundamentais
Classificar

A palavra classificar vem do latim classis, que designava
os grupos em que se dividia o povo romano. Foi
cunhada por Zedler, em 1733, no Universal Lexicon,
combinando as palavras latinas classis e facere, para
apresentar uma divisão de apelações do Direito Civil e,
só no fim do século XVIII, passou a ser empregada para
a ordenação das ciências. (PIEDADE, 1983, p. 16).
Classificação
“É o processo de reunir coisas, ideias ou seres, em grupos, de
acordo com seu grau de semelhança.” (SOUZA, 2012, p. 13).
“Entendida como processo mental de agrupamento de
elementos portadores de características comuns capazes de
ser reconhecidos como uma entidade ou conceito, constitui
uma das fases fundamentais do pensar humano.” (CAMPOS
apud PIEDADE, 1983, p. 16).
“Processo mental pelo qual as coisas são reunidas de
acordo com suas semelhanças ou separadas conforme suas
diferenças.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 84).
Classe

Conjunto de coisas ou ideias que
possuem um ou vários atributos,
predicados ou qualidades em comum.

  Exemplos: Mamíferos, Vertebrados,
              Animais.
Categorias
São as maiores classes de fenômenos, as classes
mais gerais que podem ser formadas.

Aristóteles deu o nome de categorias às classes
gerais em que, segundo ele, podemos situar
ordenadamente, as ideias que temos das
coisas.
As Dez Categorias de Aristóteles
1.   Substância (homem, cachorro, etc.);
2.   Qualidade (azul, virtuoso, etc.);
3.   Quantidade (grande, comprido, etc.);
4.   Relação (mais pesado, escravo, etc.);
5.   Duração (ontem, de manhã, etc.);
6.   Lugar (Brasil, na casa, etc.);
7.   Ação (falando, correndo, etc.);
8.   Paixão (derrotado, cortado, etc.);
9.   Maneira de ser (saudável, febril, etc.);
10. Posição (horizontal, sentado, etc.).
Gênero e Espécie

Gênero é um conjunto de coisas ou ideias que
podem ser divididas em dois ou mais grupos ou
espécies.

Espécies são os vários grupos resultantes da
divisão de um gênero por determinada
característica.
Gênero e Espécie

                                   Animais


                     Vertebrados             Invertebrados


 Mamíferos    Aves       Répteis


  Colibris   Pardais     Canários
Divisão em Cadeia
Uma série de classes, na qual uma é subdivisão da
precedente, denominando-se cadeia.
Exemplo:
 Ciências Puras
   Matemática
    Aritmética
      Números Decimais
Divisão em Renque
Renque é o conjunto de classes resultantes da aplicação
de uma única característica.
  Exemplo:
                    Ciências Puras


    Matemática      Física   Química    Botânica
Sistemas de Classificação
“Os sistemas de classificação são, basicamente, sistemas
pré-coordenados, são linguagens de indexação
artificiais, variando quanto à especificidade que
possibilitam.” (PIEDADE, 1983).

“Um mapa completo de qualquer área do
conhecimento, mostrando todos os seus conceitos e
suas relações.” (LANGRIDGE, 1977).
Sistemas de Classificação
  Um sistema de classificação inclui disciplinas e fenômenos.
            Disciplinas                         Fenômenos


 São ramos do conhecimento,          É tudo aquilo que é percebido
que estudam um conjunto de           pelos sentidos ou pela consciência,
fenômenos relacionados.              tudo o que se observa.

 Podem       ser:     Disciplinas    Podem ser: Entidades Concretas
Fundamentais ou Subdisciplinas.      ou Entidades Abstratas.
Sistemas de Classificação
Têm como principal objetivo organizar os documentos em
bibliotecas e centros de informação ou documentação
segundo os assuntos de que tratam tais documentos.

Os sistemas de classificação bibliográfica se baseiam em três
conceitos: categorias, divisão lógica (gênero/espécie) e
relacionamento.

Um sistema de classificação pode ser criado dedutiva ou
indutivamente.
CDD
Classificação
Decimal de Dewey
Classificação Decimal de
Dewey (CDD)
É um sistema de classificação utilizado
nacional e internacionalmente por bibliotecas
de todo o mundo, que tem por objetivo
organizar hierarquicamente a totalidade do
conhecimento em classes decimais

A CDD foi criada por Melvil Dewey em 1876,
sendo originalmente publicada na forma de
um folheto com autoria anônima, com um
total de 42 páginas (12 de introdução, 12 de
tabelas e 18 de índice), dividindo o
conhecimento em cerca de 1000 classes.
Classes da CDD
As 10 classes da CDD são:

000   Ciência da Computação, Informação e Generalidades
100   Filosofia e Psicologia
200   Religião
300   Ciências Sociais
400   Línguas
500   Ciências Puras
600   Tecnologia (Ciências Aplicadas)
700   Artes e Recreação
800   Literatura
900   História e Geografia
Classificação Decimal de Dewey
A segunda edição da CDD surge em 1885 com 314 páginas,
trazendo o nome do autor e o título Decimal Classification
and Relative Index

Atualmente a CDD se encontra em sua 23ª edição, sendo
composta por 4 volumes:

Volume I → Tabelas Auxiliares
Volumes II → Tabela de Áreas ou Assuntos(000 – 599)
Volumes III → Tabela de Áreas ou Assuntos (600 – 999)
Volume IV → Índice
Estrutura e Notação

Dewey dividiu o conhecimento na CDD em 9 classes, tendo
acrescentado a elas uma décima classe, por julgar importante ter
uma classe na qual pudessem ser inseridas as obras que tratam de
todos os assuntos, como enciclopédias, dicionários, etc.

As classes de Dewey são constituídas de números decimais,
suprimindo-se o zero e as vírgulas, compostas sempre por no
mínimo 3 dígitos.

As classes da CDD Utilizam apenas um sinal gráfico, o ponto,
sempre após o terceiro algarismo da notação.
Subdivisões
Cada uma das dez classes principais da CDD é subdivisível em 9
classes menores, resultando em 100 divisões.

300   Ciências Sociais
310   Estatística
320   Ciência Política
330   Economia
340   Direito
350   Administração
360   Patologia e Serviços Sociais
370   Educação
380   Comércio. Comunicações. Transportes
390   Costumes e Folclore
Seções
Por sua vez cada uma das divisões é subdivisível em 9 seções, em
um total aproximado de 1000 seções.

380 Comércio. Comunicações. Transportes
381 Comércio Interno
382 Comércio Internacional
.
.
.
389 Metrologia e Padronização
Divisões Menores

As seções por sua vez também se subdividem em 9 divisões
menores, e assim sucessivamente.

300 Ciências Sociais
380    Comércio
382      Comércio Internacional
382.4        Serviços e Mercadorias Específicas
382.41            Produtos Agrícolas
Classificação Decimal de Dewey

   Para evitar a repetição de subdivisões o sistema
 orienta para o uso de subdivisões apresentadas em
       outros pontos da classificação, conforme
recomendações específicas ao longo das tabelas de
                        assunto.
    Essa característica confere maior dinamismo e
       consistência ao sistema de classificação.
Tabelas Auxiliares
A CDD possui basicamente 6 tabelas auxiliares:

Tabela 1 (T1) → Subdivisões Standard
Tabela 2 (T2) → Geografia, Períodos Históricos, Biografia
Tabela 3 (T3) → Subdivisões Para Literaturas Individuais e Artes
Tabela 4 (T4) → Subdivisões Para Línguas Individuais e Famílias de
Línguas
Tabela 5 (T5) → Grupos Raciais, Étnicos, Nacionais
Tabela 6 (T6) → Línguas
Tabelas Auxiliares
As tabelas auxiliares tem como principal função detalhar,
especificar ou caracterizar um determinado aspecto ou
elemento de um assunto obtido através das tabelas
principais.

As tabelas auxiliares podem compreender aspectos
relacionados à forma física do documento, à forma
intrínseca e extrínseca, à divisão política, física,
socioeconômica de um assunto, etc.
Índice e Edições Abreviadas
O índice da CDD é do tipo relativo, indicando sob cada
assunto todos os pontos do sistema em que se encontram
seus vários aspectos, incluindo também entradas relativas
para os termos das tabelas auxiliares.


A partir de 1894 a CDD passou a publicar edições
abreviadas, compostas por um único volume no qual as
classes e tabelas são apresentadas de forma menos
detalhada.
Atualização

    A CDD é atualizada por novas edições
 publicadas frequentemente em períodos de
anos relativamente longos. Entre uma edição e
outra as atualizações são publicadas no Dewey
  Decimal Classification, Additions, Notes and
           Decisions. (PIEDADE, 1983).
Atualização

 Os números de classificação descartados nas
   atualizações levavam 25 anos para serem
  novamente utilizados com outro significado.
     “Os símbolos de classificação fora de uso
  [atualmente] são impressos nas tabelas entre
 colchetes e acompanhados da nota ‘number
discontinued; class in...’ (Número descontinuado;
   classifique em...) (PIEDADE, 1983, p. 113-114).
CDU
Classificação
Decimal Universal
Histórico
Foi idealizada pelos belgas Paul Otlet (1869-1944) e Henry La
Fontaine (1854-1943), no final do século XIX.

Teve como base a CDD, que sofreu inovações radicais, e
transformou-se em uma classificação que permitia a síntese, isto
é, a construção de números compostos para indicar assuntos
interrelacionados.

Como       resultado,     apresentou       um      esquema  com
aproximadamente 33.000 subdivisões, que foi editado pelo Institut
International de Bibliographie (IIB), em Bruxelas, em 1904.
Histórico
Foi publicada na língua francesa, com o título de Manuel du
Répertoire Bibliographique Universal, que se tratava, de fato, da
primeira edição da CDU. No Brasil, a primeira biblioteca a adotar o
sistema foi a do Instituto Oswaldo Cruz, em 1909.

Uma segunda edição, ampliada para mais de 70.000 subdivisões, foi
também publicada pelo IIB, em 1927, agora sob o título de
Classification Décimale Universelle, e se tornou a edição-mestra da
CDU.

Várias outras edições desenvolvidas foram lançadas em seguida,
em alemão, novamente em francês, em japonês, em espanhol, em
português (que foi a 9ª edição).
Histórico
Além dessas, outros tipos de edições foram publicadas, e
variavam em tamanho de acordo com o grau de classificação
utilizado nos respectivos centros de informação. São elas:

 Edição média (em francês, russo, japonês, italiano e
  português).
 Edição abreviada (em quase todos os idiomas).
 Edição condensada (com 50 páginas, apenas em francês).
 Edição especial (para o uso de especialistas em determinadas
  áreas do conhecimento).
Estrutura
A CDU baseia-se em quatro características fundamentais:

 a decimalidade: é dividida em dez grandes classes, ou grupos, cada um
 por sua vez novamente subdivisível em outras tantas classes, até se atingir
 o nível de detalhamento requerido ou satisfatório.
 a universalidade: tem a pretensão e a capacidade de oferecer
 conceitos e símbolos para representar a totalidade do conhecimento.
 o caráter hierárquico: representa a concepção de uma unidade
 rigorosamente estruturada em partes necessariamente subordinadas ao
 todo.
 o caráter analítico-sintético: o sistema possibilita a combinação de
 números, através de símbolos ou sinais, formando assim números
 compostos que se interrelacionam.
A CDU apresenta-se em dois volumes: a Parte 1 – Tabela Sistemática e a
Parte 2 – Índice Alfabético. A tabela sistemática, por sua vez, subdivide-
se em outras duas tabelas: a Tabela Principal e as Tabelas Auxiliares.

A Tabela Principal é identificada como a notação primária, e apresenta
as seguintes classes principais:

0 Generalidades. Informação. Organização.
1 Filosofia. Psicologia.
2 Religião. Teologia.
3 Ciências Sociais. Economia. Direito. Política. Assistência Social.
Educação.
4 Classe vaga
5 Matemática e Ciências Naturais.
6 Ciências Aplicadas. Medicina. Tecnologia.
7 Arte. Belas-artes. Recreação. Diversões. Esportes.
8 Linguagem. Linguística. Literatura.
9 Geografia. Biografia. História.
Cada uma dessas classes ocupadas pode, por sua vez, ser
dividida para formar classes mais específicas (ou subclasses). Essas
subclasses compreendem conceitos mais restritos e podem ser
representadas por números mais extensos. Por exemplo, a classe 5
divide-se nas seguintes subclasses:

50 Generalidades sobre as ciências puras
51 Matemática
52 Astronomia. Astrofísica. Pesquisa espacial
53 Física
54 Química. Ciências mineralógicas
55 Ciências da Terra. Geociências. Geologia. Meteorologia
56 Paleontologia
57 Ciências biológicas em geral
58 Botânica
59 Zoologia
As Tabelas Principais são divididas hierarquicamente, com a hierarquia numérica
refletindo a hierarquia conceitual. As classes genéricas ficam no nível mais elevado e
as classes específicas no nível mais baixo da hierarquia. Quanto mais específico o
assunto, mais números vão sendo atribuídos a ele, sempre respeitando o conceito das
classes. A fim de facilitar a leitura, um ponto é acrescentado depois de cada grupo de
três algarismos. Assim, na classe 6, teríamos, por exemplo:

6 Ciências Aplicadas. Medicina. Tecnologia
62 Engenharia
621 Engenharia mecânica em geral
621.3 Engenharia elétrica
621.39 Telecomunicações
621.397 Transmissão de imagens
     .
     .
     .

621.397.132.12 Televisão colorida com canal de transmissão comum para os sinais nas
cores primárias
As Tabelas Auxiliares apresentam-se em duas divisões: os sinais gráficos e as subdivisões auxiliares. O
uso dessas tabelas permite, além dos números simples, a construção de números compostos e
sínteses.

Entre os sinais gráficos, temos:


+           Adição: Coordenação.
            Serve para unir números não consecutivos na tabela.
            Ex.: Mineração e metalurgia.
            622+669


/           Barra Oblíqua: Extensão consecutiva.
            Usado para agrupar números consecutivos na tabela.
            Ex.: Biologia, Zoologia e Botânica.
           57/59 (equivalente a 57+58+59)


:           Relação
            Usado para relacionar dois ou mais assuntos.
            Ex.: Sistemas de coleta de lixo que utilizam escoadores de lixo.
              628.463:692.758
            Pode ser invertida, permitindo duas ou mais entradas nos catálogos.
[ ]   Colchetes
      Usados para agrupar conceitos tornando mais claro o
      relacionamento existente entre eles.
      Ex.: Estatísticas de mineração e metalurgia.
           31:[622+669]



::    Dois pontos duplos
      Serve para fixar a ordem-de-citação das notações que
      representam dois conceitos, não possibilitando assim a
      reversão.
      Ex.: Fotografia de guerra
       77.044::355
Entre as subdivisões auxiliares, temos:

Auxiliares comuns independentes

Não precisam vir seguidos após um número de classificação da tabela
principal.

=   Língua
    Indica a língua ou a forma linguística.
    Ex.: Enciclopédia geral em língua inglesa.
         030=111

(0...) Forma
      Indica a forma ou a apresentação de um documento.
      Ex.1: Manual de Física.
           53(035)
      Ex.2: História da Medicina
                  61(091)
(1/9) Lugar
      Indica o âmbito geográfico, localização ou outro aspecto espacial de um
assunto.
      Ex.1: Salários na França.
           331.2(44)

     Ex.2: Economia dos transportes no Brasil.
           338.47(81)

(=...) Raça, grupos étnicos
       Indica os aspectos étnicos de um assunto.
       Ex.: Folclore norte-ameríndios (índio norte-americano)
              398(=81/=82)

“...” Tempo
      Indica a data, o momento ou período de tempo de um assunto.
      Ex.1: Literatura inglesa no século XIX.
                821.111“18”
      Ex.2: Movimentos políticos do Brasil nos anos 20.
                329(81)“192”
Auxiliares comuns dependentes

Devem vir após um número de classificação da tabela principal.

.00 Ponto de vista
    Indica aspectos sob os quais um assunto pode ser visto, tanto pelo
autor/apresentador do documento quanto pelo grupo a que os mesmos pertencem.
      Ex.1: Prognósticos sobre a situação econômica do Brasil no século XXI
      338.1(81)“20”.001.18
      Ex.2: Pesquisa sobre classificações bibliográficas.
       025.4.001.5

-03 Materiais
    Indica os elementos constitutivos dos objetos e dos produtos, sobretudo da
indústria.
    Ex.: Canos de plástico.
    621.643-036.5
-05 Pessoas
    Indica tipos de pessoas ou de características pessoais, como idade, sexo, nacionalidade,
parentesco, tendências, constituição física, condições de saúde e de trabalho, situação
empregatícia e funcional, nível de renda e de escolaridade, classe social, estado civil, etc.
     Ex.1.: Astrônomos.
     52-05
     Ex.2: Engenheiros nucleares.
    621.039-055.1

*    Asterisco
    Indica que a notação ou notações que se seguem não pertencem ao sistema CDU.
    Ex.1: NBR6023 – Referência bibliográfica
    006.72*NBR6023
    Ex.2: Categoria peso-mosca (máximo 51kg) no boxe.
    796.83*kg51

A/Z Alfabética
    Detalha com palavras (e não números, CDU ou outros) o assunto.
    Ex.1: Pintura de Lígia Clark.
    75CLARK
    Ex.2: Ensino superior na cidade de Petrópolis.
    378(815.3Petrópolis)
Ordem de citação e ordem de arquivamento

Ordem de citação ou ordem horizontal

É a ordem em que os elementos são citados para formar o número de classificação. Deve seguir a
seguinte ordem:

Número CDU 1/9 Tabela principal
.00 Ponto de vista
(1/9) Lugar
(=...) Raça
“...” Tempo
(0...) Forma
=      Língua

Ex.:
(81) Brasil – lugar
(043) Tese – forma
329.05 Movimento dos partidos políticos – número CDU da Tabela principal
“1968” Data – tempo
329.05(81)“1968”(043) – Tese sobre o Movimentos dos partidos políticos em 1968.
Ordem de arquivamento ou ordem vertical

Indica a ordem de arrumação dos livros nas estantes ou a ordem de arquivamento das
fichas no catálogo. Deve respeitar a seguinte ordem:

Número CDU 1/9 Tabela principal
+       Adição
/       Barra oblíqua
Nº simples
::    Dois pontos duplos
:     Relação
[ ] Colchetes
=      Língua
(0...) Forma
(1/9) Lugar
(= ) Raça
“”       Tempo
A/Z Alfabética
.00 Ponto de vista
-03 Materiais
-05 Pessoas
Exemplo de Ordem de Arquivamento:

  A ordem de arquivamento das seguintes notações seria:

329.1/.6
329.11
329.12
622.341.1:338.124.4
622.341.1=111
622.341.1(430)
Índice Alfabético
O índice da CDU apresenta os assuntos em ordem
alfabética, palavra por palavra, incluindo todas as
divisões principais, auxiliares comuns e especiais. Não
tem a pretensão de se sobrepor ao sistema, e sim servir
de instrumento facilitador a quem o pesquisa.
CLASSIFICAÇÃO
FACETADA
CLASSIFICAÇÃO FACETADA
A Teoria da Classificação Facetada foi desenvolvida
pelo matemático e bibliotecário indiano Shiyali
Ramamrita Ranganathan em 1933.

Ranganathan estava insatisfeito com os sistemas de
classificação existentes CDD e CDU, e assim decidiu criar
seu próprio sistema, visando melhorar a representação
de assuntos complexos e/ou compostos.
A classificação facetada representou uma grande
mudança       na    metodologia      vigente para
elaboraração de sistemas de classificação.

As classificações existentes até então, uniam os
assuntos, por meio de relacões hierárquicas, o que
mantinha a classificação rígida.
Ranganathan percebeu a necessidade de elaborar
     esquemas de classificação que pudessem
     acompanhar as mudanças e a evolução do
 conhecimento, classificando o mesmo em grandes
classes e conceitos básicos, ou elementos, de acordo
             com certas características.
Categorias fundamentais de Ranganathan e a base
de sua classificação: PMEST

Personalidade: distingue um assunto.
Matéria: material físico do qual um assunto pode ser
composto.
Energia: ação que ocorre em torno de um assunto
Espaço: componente geográfico da localização de
um assunto.
Tempo: período associado com um assunto.
A elaboração de facetas é feita a partir da inspeção do
assunto com o propósito de identificar conceitos e termos que
possam ser particionados em facetas. Além disso, cada faceta
pode ser subdivida em subfacetas.


                          EXEMPLO:
“CIRCULATION OF PERIODICALS IN UNIVERSITY LIBRARIES IN INDIA
                     UP TO THE 1970S”
          A classificação resultante é 234;46:6.44’N7
“CIRCULATION OF PERIODICALS IN UNIVERSITY LIBRARIES IN
                INDIA UP TO THE 1970S”
                      234;46:6.44’N7


 O número 2 indica a classe básica Library Science, o
 número 3 indica que é qualquer biblioteca acadêmica e o
 número 4 indica que é uma biblioteca universitária =
 personalidade.

 ;46 → o ponto e vírgula indica o valor da matéria, neste
 caso 46 corresponde a periódicos.
“CIRCULATION OF PERIODICALS IN UNIVERSITY LIBRARIES IN
                 INDIA UP TO THE 1970S”
                       234;46:6.44’N7

 :6 → o símbolo de dois pontos indica um valor de Energia.
 No domínio da Library Science, facetas que estão
 relacionadas ao conceito de Energy, descrevem ações, tais
 como, catalogar (55), circulação (6), etc.

 .44 → o ponto indica um valor de Espaço, onde o número
 44 é atribuído a Índia.

 ‘N7 → o apóstrofo indica um valor de Tempo. A letra inicial
 indica o século N= 1990 – 1999, enquanto o número indica a
 década.
A grande vantagem da classificação facetada são as
diversas possibilidades de navegação e recuperação da
informação.

O que a distingue das demais classificações que são
supracitadas e enumerativas, é que a classificação facetada
é analítico–sintética, ou seja, possui uma estrutura
multidimensional e de fácil aplicabilidade.

Ela também permite identificar cada um dos sentidos a que
se refere um assunto, através das categorias chamadas de
PMEST.
A Classificação Facetada e a
Tecnologia

A classificação facetada passou de uma classificação
quase que desconhecida para uma aliada da
tecnologia.
Sendo utilizada nos dias atuais para classificar
hipertextos e ajudar na recuperação de informação
virtual.
Considerações Finais

 As classificações são importantes
instrumentos para organização do
conhecimento e recuperação da
             informação.
Referências
CAMPOS, Astério (1978). O Processo classificatório como fundamento das
linguagens de indexação. R. Bibliotecon. Brasília, v. 6, n. 1, p. 1-8.
CAMPOS, Maria Luiza de Almeida. Linguagem documentária: teorias que
fundamentam sua elaboração. Niterói, EDUFF, 2001. 133 p.
CLASSIFICAÇÃO Decimal Universal:         edição-padrão   internacional   em   língua
portuguesa. Brasília, DF: IBICT, 1997.
CUNHA, Murilo Basto da; CAVALCANTI, Cordélia Robalino de Oliveira. Dicionário de
biblioteconomia e arquivologia. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2008.
DEWEY, Mevil. Dewey decimal classification and relative index. 21. ed. Albany:
Forest Press; Online Computer Library Center, 1996. 4v.
GOMES, H. E.; MOTTA, D. F. da; CAMPOS, M. L. de A. Revisitando Ranganathan: a
classificação      na          rede.        2006.         Disponível     em:
<http://www.conexaorio.com/biti/revisitando/revisitando.htm#canones>. Acesso
em: 22 ag. 2012.
LANGRIDGE, Derek . Classificação: abordagem para estudantes de biblioteconomia. Rio de
Janeiro: Interciência, 1977.

LIMA, Vânia Mara Alves. Terminologia, comunicação e representação documentária. São Paulo:
ECA/USP, 1998.Disponível emhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27143/tde-11052004-
122839/ Acesso em: 18 ago.2012.

LIMA, G. A. B. A análise facetada na modelagem conceitual de sistemas de hipertexto: uma
revisão de literatura. Perspectiva em Ciência da Informação. Belo Horizonte, v. 7, n. 2, p. 189-196,
jul./dez. 2002. Disponível em:
<portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/407/219>. Acesso em 20 ago. 2012.

OLIVEIRA, Regina Maria Soares de. A Classificação Decimal Universal: origem, estrutura, situação
atual. Brasília, DF: ABDF : INL, 1980.

PIEDADE, M. A. Requião. Introdução à teoria da classificação. Rio de Janeiro: Interciência, 1983.

SILVA, Odilon Pereira da; GANIM, Fátima. Manual da CDU. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 1994.

SOUZA, Sebastião de. CDU: Como entender e utilizar a 2ª edição-padrão internacional em língua
portuguesa. Brasília, DF: Thesaurus, 2010.

VICKERY, B. C. Classificação e indexação nas ciências. Rio de Janeiro: BNG/Brasilart, 1980.
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Curso de Classificação Bibliográfica

  • 1. CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Administração e Ciências Contábeis em convênio com o Arquivo Nacional Sistemas de Classificação Bibliográfica Daniel Ribeiro dos Santos Nathalia Fernandes Patrícia Marra Thiago Lins
  • 2. Introdução O presente trabalho tem por objetivo apresentar conceitos inerentes ao processo de classificação, bem como apresentar alguns dos sistemas de classificação mais utilizadas no campo da Biblioteconomia. Serão apresentadas e analisadas a Classificação Decimal de Dewey, a Classificação Decimal Universal e a Classificação de Ranganathan, também conhecida como Classificação Facetada.
  • 4. Classificar A palavra classificar vem do latim classis, que designava os grupos em que se dividia o povo romano. Foi cunhada por Zedler, em 1733, no Universal Lexicon, combinando as palavras latinas classis e facere, para apresentar uma divisão de apelações do Direito Civil e, só no fim do século XVIII, passou a ser empregada para a ordenação das ciências. (PIEDADE, 1983, p. 16).
  • 5. Classificação “É o processo de reunir coisas, ideias ou seres, em grupos, de acordo com seu grau de semelhança.” (SOUZA, 2012, p. 13). “Entendida como processo mental de agrupamento de elementos portadores de características comuns capazes de ser reconhecidos como uma entidade ou conceito, constitui uma das fases fundamentais do pensar humano.” (CAMPOS apud PIEDADE, 1983, p. 16). “Processo mental pelo qual as coisas são reunidas de acordo com suas semelhanças ou separadas conforme suas diferenças.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 84).
  • 6. Classe Conjunto de coisas ou ideias que possuem um ou vários atributos, predicados ou qualidades em comum. Exemplos: Mamíferos, Vertebrados, Animais.
  • 7. Categorias São as maiores classes de fenômenos, as classes mais gerais que podem ser formadas. Aristóteles deu o nome de categorias às classes gerais em que, segundo ele, podemos situar ordenadamente, as ideias que temos das coisas.
  • 8. As Dez Categorias de Aristóteles 1. Substância (homem, cachorro, etc.); 2. Qualidade (azul, virtuoso, etc.); 3. Quantidade (grande, comprido, etc.); 4. Relação (mais pesado, escravo, etc.); 5. Duração (ontem, de manhã, etc.); 6. Lugar (Brasil, na casa, etc.); 7. Ação (falando, correndo, etc.); 8. Paixão (derrotado, cortado, etc.); 9. Maneira de ser (saudável, febril, etc.); 10. Posição (horizontal, sentado, etc.).
  • 9. Gênero e Espécie Gênero é um conjunto de coisas ou ideias que podem ser divididas em dois ou mais grupos ou espécies. Espécies são os vários grupos resultantes da divisão de um gênero por determinada característica.
  • 10. Gênero e Espécie Animais Vertebrados Invertebrados Mamíferos Aves Répteis Colibris Pardais Canários
  • 11. Divisão em Cadeia Uma série de classes, na qual uma é subdivisão da precedente, denominando-se cadeia. Exemplo: Ciências Puras Matemática Aritmética Números Decimais
  • 12. Divisão em Renque Renque é o conjunto de classes resultantes da aplicação de uma única característica. Exemplo: Ciências Puras Matemática Física Química Botânica
  • 13. Sistemas de Classificação “Os sistemas de classificação são, basicamente, sistemas pré-coordenados, são linguagens de indexação artificiais, variando quanto à especificidade que possibilitam.” (PIEDADE, 1983). “Um mapa completo de qualquer área do conhecimento, mostrando todos os seus conceitos e suas relações.” (LANGRIDGE, 1977).
  • 14. Sistemas de Classificação Um sistema de classificação inclui disciplinas e fenômenos. Disciplinas Fenômenos  São ramos do conhecimento,  É tudo aquilo que é percebido que estudam um conjunto de pelos sentidos ou pela consciência, fenômenos relacionados. tudo o que se observa.  Podem ser: Disciplinas  Podem ser: Entidades Concretas Fundamentais ou Subdisciplinas. ou Entidades Abstratas.
  • 15. Sistemas de Classificação Têm como principal objetivo organizar os documentos em bibliotecas e centros de informação ou documentação segundo os assuntos de que tratam tais documentos. Os sistemas de classificação bibliográfica se baseiam em três conceitos: categorias, divisão lógica (gênero/espécie) e relacionamento. Um sistema de classificação pode ser criado dedutiva ou indutivamente.
  • 17. Classificação Decimal de Dewey (CDD) É um sistema de classificação utilizado nacional e internacionalmente por bibliotecas de todo o mundo, que tem por objetivo organizar hierarquicamente a totalidade do conhecimento em classes decimais A CDD foi criada por Melvil Dewey em 1876, sendo originalmente publicada na forma de um folheto com autoria anônima, com um total de 42 páginas (12 de introdução, 12 de tabelas e 18 de índice), dividindo o conhecimento em cerca de 1000 classes.
  • 18. Classes da CDD As 10 classes da CDD são: 000 Ciência da Computação, Informação e Generalidades 100 Filosofia e Psicologia 200 Religião 300 Ciências Sociais 400 Línguas 500 Ciências Puras 600 Tecnologia (Ciências Aplicadas) 700 Artes e Recreação 800 Literatura 900 História e Geografia
  • 19. Classificação Decimal de Dewey A segunda edição da CDD surge em 1885 com 314 páginas, trazendo o nome do autor e o título Decimal Classification and Relative Index Atualmente a CDD se encontra em sua 23ª edição, sendo composta por 4 volumes: Volume I → Tabelas Auxiliares Volumes II → Tabela de Áreas ou Assuntos(000 – 599) Volumes III → Tabela de Áreas ou Assuntos (600 – 999) Volume IV → Índice
  • 20. Estrutura e Notação Dewey dividiu o conhecimento na CDD em 9 classes, tendo acrescentado a elas uma décima classe, por julgar importante ter uma classe na qual pudessem ser inseridas as obras que tratam de todos os assuntos, como enciclopédias, dicionários, etc. As classes de Dewey são constituídas de números decimais, suprimindo-se o zero e as vírgulas, compostas sempre por no mínimo 3 dígitos. As classes da CDD Utilizam apenas um sinal gráfico, o ponto, sempre após o terceiro algarismo da notação.
  • 21. Subdivisões Cada uma das dez classes principais da CDD é subdivisível em 9 classes menores, resultando em 100 divisões. 300 Ciências Sociais 310 Estatística 320 Ciência Política 330 Economia 340 Direito 350 Administração 360 Patologia e Serviços Sociais 370 Educação 380 Comércio. Comunicações. Transportes 390 Costumes e Folclore
  • 22. Seções Por sua vez cada uma das divisões é subdivisível em 9 seções, em um total aproximado de 1000 seções. 380 Comércio. Comunicações. Transportes 381 Comércio Interno 382 Comércio Internacional . . . 389 Metrologia e Padronização
  • 23. Divisões Menores As seções por sua vez também se subdividem em 9 divisões menores, e assim sucessivamente. 300 Ciências Sociais 380 Comércio 382 Comércio Internacional 382.4 Serviços e Mercadorias Específicas 382.41 Produtos Agrícolas
  • 24. Classificação Decimal de Dewey Para evitar a repetição de subdivisões o sistema orienta para o uso de subdivisões apresentadas em outros pontos da classificação, conforme recomendações específicas ao longo das tabelas de assunto. Essa característica confere maior dinamismo e consistência ao sistema de classificação.
  • 25. Tabelas Auxiliares A CDD possui basicamente 6 tabelas auxiliares: Tabela 1 (T1) → Subdivisões Standard Tabela 2 (T2) → Geografia, Períodos Históricos, Biografia Tabela 3 (T3) → Subdivisões Para Literaturas Individuais e Artes Tabela 4 (T4) → Subdivisões Para Línguas Individuais e Famílias de Línguas Tabela 5 (T5) → Grupos Raciais, Étnicos, Nacionais Tabela 6 (T6) → Línguas
  • 26. Tabelas Auxiliares As tabelas auxiliares tem como principal função detalhar, especificar ou caracterizar um determinado aspecto ou elemento de um assunto obtido através das tabelas principais. As tabelas auxiliares podem compreender aspectos relacionados à forma física do documento, à forma intrínseca e extrínseca, à divisão política, física, socioeconômica de um assunto, etc.
  • 27. Índice e Edições Abreviadas O índice da CDD é do tipo relativo, indicando sob cada assunto todos os pontos do sistema em que se encontram seus vários aspectos, incluindo também entradas relativas para os termos das tabelas auxiliares. A partir de 1894 a CDD passou a publicar edições abreviadas, compostas por um único volume no qual as classes e tabelas são apresentadas de forma menos detalhada.
  • 28. Atualização A CDD é atualizada por novas edições publicadas frequentemente em períodos de anos relativamente longos. Entre uma edição e outra as atualizações são publicadas no Dewey Decimal Classification, Additions, Notes and Decisions. (PIEDADE, 1983).
  • 29. Atualização Os números de classificação descartados nas atualizações levavam 25 anos para serem novamente utilizados com outro significado. “Os símbolos de classificação fora de uso [atualmente] são impressos nas tabelas entre colchetes e acompanhados da nota ‘number discontinued; class in...’ (Número descontinuado; classifique em...) (PIEDADE, 1983, p. 113-114).
  • 31. Histórico Foi idealizada pelos belgas Paul Otlet (1869-1944) e Henry La Fontaine (1854-1943), no final do século XIX. Teve como base a CDD, que sofreu inovações radicais, e transformou-se em uma classificação que permitia a síntese, isto é, a construção de números compostos para indicar assuntos interrelacionados. Como resultado, apresentou um esquema com aproximadamente 33.000 subdivisões, que foi editado pelo Institut International de Bibliographie (IIB), em Bruxelas, em 1904.
  • 32. Histórico Foi publicada na língua francesa, com o título de Manuel du Répertoire Bibliographique Universal, que se tratava, de fato, da primeira edição da CDU. No Brasil, a primeira biblioteca a adotar o sistema foi a do Instituto Oswaldo Cruz, em 1909. Uma segunda edição, ampliada para mais de 70.000 subdivisões, foi também publicada pelo IIB, em 1927, agora sob o título de Classification Décimale Universelle, e se tornou a edição-mestra da CDU. Várias outras edições desenvolvidas foram lançadas em seguida, em alemão, novamente em francês, em japonês, em espanhol, em português (que foi a 9ª edição).
  • 33. Histórico Além dessas, outros tipos de edições foram publicadas, e variavam em tamanho de acordo com o grau de classificação utilizado nos respectivos centros de informação. São elas:  Edição média (em francês, russo, japonês, italiano e português).  Edição abreviada (em quase todos os idiomas).  Edição condensada (com 50 páginas, apenas em francês).  Edição especial (para o uso de especialistas em determinadas áreas do conhecimento).
  • 34. Estrutura A CDU baseia-se em quatro características fundamentais:  a decimalidade: é dividida em dez grandes classes, ou grupos, cada um por sua vez novamente subdivisível em outras tantas classes, até se atingir o nível de detalhamento requerido ou satisfatório.  a universalidade: tem a pretensão e a capacidade de oferecer conceitos e símbolos para representar a totalidade do conhecimento.  o caráter hierárquico: representa a concepção de uma unidade rigorosamente estruturada em partes necessariamente subordinadas ao todo.  o caráter analítico-sintético: o sistema possibilita a combinação de números, através de símbolos ou sinais, formando assim números compostos que se interrelacionam.
  • 35. A CDU apresenta-se em dois volumes: a Parte 1 – Tabela Sistemática e a Parte 2 – Índice Alfabético. A tabela sistemática, por sua vez, subdivide- se em outras duas tabelas: a Tabela Principal e as Tabelas Auxiliares. A Tabela Principal é identificada como a notação primária, e apresenta as seguintes classes principais: 0 Generalidades. Informação. Organização. 1 Filosofia. Psicologia. 2 Religião. Teologia. 3 Ciências Sociais. Economia. Direito. Política. Assistência Social. Educação. 4 Classe vaga 5 Matemática e Ciências Naturais. 6 Ciências Aplicadas. Medicina. Tecnologia. 7 Arte. Belas-artes. Recreação. Diversões. Esportes. 8 Linguagem. Linguística. Literatura. 9 Geografia. Biografia. História.
  • 36. Cada uma dessas classes ocupadas pode, por sua vez, ser dividida para formar classes mais específicas (ou subclasses). Essas subclasses compreendem conceitos mais restritos e podem ser representadas por números mais extensos. Por exemplo, a classe 5 divide-se nas seguintes subclasses: 50 Generalidades sobre as ciências puras 51 Matemática 52 Astronomia. Astrofísica. Pesquisa espacial 53 Física 54 Química. Ciências mineralógicas 55 Ciências da Terra. Geociências. Geologia. Meteorologia 56 Paleontologia 57 Ciências biológicas em geral 58 Botânica 59 Zoologia
  • 37. As Tabelas Principais são divididas hierarquicamente, com a hierarquia numérica refletindo a hierarquia conceitual. As classes genéricas ficam no nível mais elevado e as classes específicas no nível mais baixo da hierarquia. Quanto mais específico o assunto, mais números vão sendo atribuídos a ele, sempre respeitando o conceito das classes. A fim de facilitar a leitura, um ponto é acrescentado depois de cada grupo de três algarismos. Assim, na classe 6, teríamos, por exemplo: 6 Ciências Aplicadas. Medicina. Tecnologia 62 Engenharia 621 Engenharia mecânica em geral 621.3 Engenharia elétrica 621.39 Telecomunicações 621.397 Transmissão de imagens . . . 621.397.132.12 Televisão colorida com canal de transmissão comum para os sinais nas cores primárias
  • 38. As Tabelas Auxiliares apresentam-se em duas divisões: os sinais gráficos e as subdivisões auxiliares. O uso dessas tabelas permite, além dos números simples, a construção de números compostos e sínteses. Entre os sinais gráficos, temos: + Adição: Coordenação. Serve para unir números não consecutivos na tabela. Ex.: Mineração e metalurgia. 622+669 / Barra Oblíqua: Extensão consecutiva. Usado para agrupar números consecutivos na tabela. Ex.: Biologia, Zoologia e Botânica. 57/59 (equivalente a 57+58+59) : Relação Usado para relacionar dois ou mais assuntos. Ex.: Sistemas de coleta de lixo que utilizam escoadores de lixo. 628.463:692.758 Pode ser invertida, permitindo duas ou mais entradas nos catálogos.
  • 39. [ ] Colchetes Usados para agrupar conceitos tornando mais claro o relacionamento existente entre eles. Ex.: Estatísticas de mineração e metalurgia. 31:[622+669] :: Dois pontos duplos Serve para fixar a ordem-de-citação das notações que representam dois conceitos, não possibilitando assim a reversão. Ex.: Fotografia de guerra 77.044::355
  • 40. Entre as subdivisões auxiliares, temos: Auxiliares comuns independentes Não precisam vir seguidos após um número de classificação da tabela principal. = Língua Indica a língua ou a forma linguística. Ex.: Enciclopédia geral em língua inglesa. 030=111 (0...) Forma Indica a forma ou a apresentação de um documento. Ex.1: Manual de Física. 53(035) Ex.2: História da Medicina 61(091)
  • 41. (1/9) Lugar Indica o âmbito geográfico, localização ou outro aspecto espacial de um assunto. Ex.1: Salários na França. 331.2(44) Ex.2: Economia dos transportes no Brasil. 338.47(81) (=...) Raça, grupos étnicos Indica os aspectos étnicos de um assunto. Ex.: Folclore norte-ameríndios (índio norte-americano) 398(=81/=82) “...” Tempo Indica a data, o momento ou período de tempo de um assunto. Ex.1: Literatura inglesa no século XIX. 821.111“18” Ex.2: Movimentos políticos do Brasil nos anos 20. 329(81)“192”
  • 42. Auxiliares comuns dependentes Devem vir após um número de classificação da tabela principal. .00 Ponto de vista Indica aspectos sob os quais um assunto pode ser visto, tanto pelo autor/apresentador do documento quanto pelo grupo a que os mesmos pertencem. Ex.1: Prognósticos sobre a situação econômica do Brasil no século XXI 338.1(81)“20”.001.18 Ex.2: Pesquisa sobre classificações bibliográficas. 025.4.001.5 -03 Materiais Indica os elementos constitutivos dos objetos e dos produtos, sobretudo da indústria. Ex.: Canos de plástico. 621.643-036.5
  • 43. -05 Pessoas Indica tipos de pessoas ou de características pessoais, como idade, sexo, nacionalidade, parentesco, tendências, constituição física, condições de saúde e de trabalho, situação empregatícia e funcional, nível de renda e de escolaridade, classe social, estado civil, etc. Ex.1.: Astrônomos. 52-05 Ex.2: Engenheiros nucleares. 621.039-055.1 * Asterisco Indica que a notação ou notações que se seguem não pertencem ao sistema CDU. Ex.1: NBR6023 – Referência bibliográfica 006.72*NBR6023 Ex.2: Categoria peso-mosca (máximo 51kg) no boxe. 796.83*kg51 A/Z Alfabética Detalha com palavras (e não números, CDU ou outros) o assunto. Ex.1: Pintura de Lígia Clark. 75CLARK Ex.2: Ensino superior na cidade de Petrópolis. 378(815.3Petrópolis)
  • 44. Ordem de citação e ordem de arquivamento Ordem de citação ou ordem horizontal É a ordem em que os elementos são citados para formar o número de classificação. Deve seguir a seguinte ordem: Número CDU 1/9 Tabela principal .00 Ponto de vista (1/9) Lugar (=...) Raça “...” Tempo (0...) Forma = Língua Ex.: (81) Brasil – lugar (043) Tese – forma 329.05 Movimento dos partidos políticos – número CDU da Tabela principal “1968” Data – tempo 329.05(81)“1968”(043) – Tese sobre o Movimentos dos partidos políticos em 1968.
  • 45. Ordem de arquivamento ou ordem vertical Indica a ordem de arrumação dos livros nas estantes ou a ordem de arquivamento das fichas no catálogo. Deve respeitar a seguinte ordem: Número CDU 1/9 Tabela principal + Adição / Barra oblíqua Nº simples :: Dois pontos duplos : Relação [ ] Colchetes = Língua (0...) Forma (1/9) Lugar (= ) Raça “” Tempo A/Z Alfabética .00 Ponto de vista -03 Materiais -05 Pessoas
  • 46. Exemplo de Ordem de Arquivamento: A ordem de arquivamento das seguintes notações seria: 329.1/.6 329.11 329.12 622.341.1:338.124.4 622.341.1=111 622.341.1(430)
  • 47. Índice Alfabético O índice da CDU apresenta os assuntos em ordem alfabética, palavra por palavra, incluindo todas as divisões principais, auxiliares comuns e especiais. Não tem a pretensão de se sobrepor ao sistema, e sim servir de instrumento facilitador a quem o pesquisa.
  • 49. CLASSIFICAÇÃO FACETADA A Teoria da Classificação Facetada foi desenvolvida pelo matemático e bibliotecário indiano Shiyali Ramamrita Ranganathan em 1933. Ranganathan estava insatisfeito com os sistemas de classificação existentes CDD e CDU, e assim decidiu criar seu próprio sistema, visando melhorar a representação de assuntos complexos e/ou compostos.
  • 50. A classificação facetada representou uma grande mudança na metodologia vigente para elaboraração de sistemas de classificação. As classificações existentes até então, uniam os assuntos, por meio de relacões hierárquicas, o que mantinha a classificação rígida.
  • 51. Ranganathan percebeu a necessidade de elaborar esquemas de classificação que pudessem acompanhar as mudanças e a evolução do conhecimento, classificando o mesmo em grandes classes e conceitos básicos, ou elementos, de acordo com certas características.
  • 52. Categorias fundamentais de Ranganathan e a base de sua classificação: PMEST Personalidade: distingue um assunto. Matéria: material físico do qual um assunto pode ser composto. Energia: ação que ocorre em torno de um assunto Espaço: componente geográfico da localização de um assunto. Tempo: período associado com um assunto.
  • 53. A elaboração de facetas é feita a partir da inspeção do assunto com o propósito de identificar conceitos e termos que possam ser particionados em facetas. Além disso, cada faceta pode ser subdivida em subfacetas. EXEMPLO: “CIRCULATION OF PERIODICALS IN UNIVERSITY LIBRARIES IN INDIA UP TO THE 1970S” A classificação resultante é 234;46:6.44’N7
  • 54. “CIRCULATION OF PERIODICALS IN UNIVERSITY LIBRARIES IN INDIA UP TO THE 1970S” 234;46:6.44’N7  O número 2 indica a classe básica Library Science, o número 3 indica que é qualquer biblioteca acadêmica e o número 4 indica que é uma biblioteca universitária = personalidade.  ;46 → o ponto e vírgula indica o valor da matéria, neste caso 46 corresponde a periódicos.
  • 55. “CIRCULATION OF PERIODICALS IN UNIVERSITY LIBRARIES IN INDIA UP TO THE 1970S” 234;46:6.44’N7  :6 → o símbolo de dois pontos indica um valor de Energia. No domínio da Library Science, facetas que estão relacionadas ao conceito de Energy, descrevem ações, tais como, catalogar (55), circulação (6), etc.  .44 → o ponto indica um valor de Espaço, onde o número 44 é atribuído a Índia.  ‘N7 → o apóstrofo indica um valor de Tempo. A letra inicial indica o século N= 1990 – 1999, enquanto o número indica a década.
  • 56. A grande vantagem da classificação facetada são as diversas possibilidades de navegação e recuperação da informação. O que a distingue das demais classificações que são supracitadas e enumerativas, é que a classificação facetada é analítico–sintética, ou seja, possui uma estrutura multidimensional e de fácil aplicabilidade. Ela também permite identificar cada um dos sentidos a que se refere um assunto, através das categorias chamadas de PMEST.
  • 57. A Classificação Facetada e a Tecnologia A classificação facetada passou de uma classificação quase que desconhecida para uma aliada da tecnologia. Sendo utilizada nos dias atuais para classificar hipertextos e ajudar na recuperação de informação virtual.
  • 58. Considerações Finais As classificações são importantes instrumentos para organização do conhecimento e recuperação da informação.
  • 59. Referências CAMPOS, Astério (1978). O Processo classificatório como fundamento das linguagens de indexação. R. Bibliotecon. Brasília, v. 6, n. 1, p. 1-8. CAMPOS, Maria Luiza de Almeida. Linguagem documentária: teorias que fundamentam sua elaboração. Niterói, EDUFF, 2001. 133 p. CLASSIFICAÇÃO Decimal Universal: edição-padrão internacional em língua portuguesa. Brasília, DF: IBICT, 1997. CUNHA, Murilo Basto da; CAVALCANTI, Cordélia Robalino de Oliveira. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2008. DEWEY, Mevil. Dewey decimal classification and relative index. 21. ed. Albany: Forest Press; Online Computer Library Center, 1996. 4v. GOMES, H. E.; MOTTA, D. F. da; CAMPOS, M. L. de A. Revisitando Ranganathan: a classificação na rede. 2006. Disponível em: <http://www.conexaorio.com/biti/revisitando/revisitando.htm#canones>. Acesso em: 22 ag. 2012.
  • 60. LANGRIDGE, Derek . Classificação: abordagem para estudantes de biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 1977. LIMA, Vânia Mara Alves. Terminologia, comunicação e representação documentária. São Paulo: ECA/USP, 1998.Disponível emhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27143/tde-11052004- 122839/ Acesso em: 18 ago.2012. LIMA, G. A. B. A análise facetada na modelagem conceitual de sistemas de hipertexto: uma revisão de literatura. Perspectiva em Ciência da Informação. Belo Horizonte, v. 7, n. 2, p. 189-196, jul./dez. 2002. Disponível em: <portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/407/219>. Acesso em 20 ago. 2012. OLIVEIRA, Regina Maria Soares de. A Classificação Decimal Universal: origem, estrutura, situação atual. Brasília, DF: ABDF : INL, 1980. PIEDADE, M. A. Requião. Introdução à teoria da classificação. Rio de Janeiro: Interciência, 1983. SILVA, Odilon Pereira da; GANIM, Fátima. Manual da CDU. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 1994. SOUZA, Sebastião de. CDU: Como entender e utilizar a 2ª edição-padrão internacional em língua portuguesa. Brasília, DF: Thesaurus, 2010. VICKERY, B. C. Classificação e indexação nas ciências. Rio de Janeiro: BNG/Brasilart, 1980.