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Mercredi Intensif


         Ana Elisa Andrighetti
Especialização em Terapia Intensiva HSL/AMIB
       Pós-graduanda AMIB/Redentor
  Medicina de Emergência HPS Porto Alegre



                                         27 de fevereiro de 2013
Apresentação do Caso
Paciente J.M.S., 77 anos, masculino, branco

07/01 – Chega à emergência às 14:42

• Queixa Principal: dificuldade de fala, cansaço e diminuição da
  acuidade visual. Sintomas iniciados aproximadamente às 3h
  antes, com melhora parcial e espontânea
• HMP: uso regular de Cardizem; troca de prótese de cabeça de
  fêmur em out/2012. Nega alergias
Apresentação do Caso
Paciente J.M.S., 77 anos, masculino, branco

07/01 – Chega à emergência às 14:42


Conduta inicial


                    ?
Apresentação do Caso
Paciente J.M.S., 77 anos, masculino, branco

07/01 – Chega à emergência às 14:42


Conduta inicial

• Iniciados AAS e Sinvastatina
• Solicitada TC de crânio, ECG, RxTx, laboratório
Exames de admissão
Hemograma Completo:
•   Hb: 14,8 g/dL; Hct: 45,4 %
•   LEUCOCITOS: 7,9 mil/mm3
•   B: 3 %; S: 64 %;L: 27 %; M: 6 %
•   PLAQUETAS: 208 mil/mm3

TAP : 11,4 seg; Ativ: 100,0 %; INR: 1,00
PTT : 27,6 seg / Rel: 1,15
GLICOSE : 99 mg/dL
Ur : 26 mg/Cr: 1,05 mg/dL
Na : 142 mEq/L; K : 5,1 mEq/L
PCR : 0,25 mg/dL
Hipótese Diagnóstica




      AIT X AVE ?
Apresentação do Caso

07/01 – Chega ao CTI às 23:41

      Neurológico:
      Não observado déficit motor em Ms superiores e inferiores.
      Disartria leve com discreta paresia facial E.
      Sem déficits visuais no momento do exame.
Exames CTI
Eco transtorácico:
• Válvulas Ao, Mi, Tricúspide e pulmonar com morfologia e
  movimentação normais.
• VE com espessura de paredes e diâmetros cavitários normais.
  Demais cavidades normais.
• Função sistólica global e diastólica do VE normal.
• VD normocontrátil.
• VCI com diâmetros normais, normodistendida, com variação
  respiratória normal.
• Color doppler e doppler pulsado mostram fluxos intracavitários
  normais.
Exames de admissão
Doppler de carótidas e vertebrais:
• Carótidas com exame de fácil realização técnica;
• Sistema carotídeo com diâmetros e pulsatilidade normais.
• Discreto espessamento médio-intimal difuso em ambas carótidas
  com pequenas (mínimas) placas de ateroma fibro – cálcicas e não
  obstrutivas em ambas regiões bulbares.
• Fluxos laminares de velocidades normais em ambas carótidas e
  seus respectivos ramos internos e externos.
• Vertebrais bem visualizadas e com contornos normais e fluxos de
  velocidades normais.
Evolução do Caso

08/01: mantém
discreta disartria
Evolução do Caso

08/01   09/01: surge queixa de disfagia; mantém
        paresia facial. Paciente não tolerou fazer
        RNM.
            Durante noite surge queixa de
            dificuldade ventilatória; mantinha SV
            estáveis
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01: RNM com anestesia sem intercorrências; paciente
                sem queixas ventilatórias, algo sonolento, mas de fácil
                despertar.

                20h: Pcte ansioso; SV estáveis; sem déficits motores

                21h: “Pcte referindo que ‘a garganta está fechando’ e só
                consegue respirar sentado fora do leito. No momento muito
                ansioso. Lúcido”. PA 190X100mmHg; Fc 95bpm; Fr 20mpm;
                Sat O2 95% ; AP e exame cervical normais.
                Conduta: Diazepam (delirium)

                22h: Pcte mantém queixa de dificuldade ventilatória; exame
                físico normal; Sat O2 94%. Ansioso porém sonolento
                Conduta: NBZ, Hidrocostisona 100mg, 1amp de fenergam
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01

                      3:00: “Paciente acorda muito agitado, falando com
                      alguma confusão mental, porém responde, obedece
                      comandos. Acha que está em casa e apresenta
                      comportamento agressivo, tentando sair do leito”.
                      PA 200X100mmHg; Fc 100; Sat O2 97%
                      Conduta: Haldol IV. Iniciado Precedex® em BI

                      6:30: Plantão chamado porque “pcte apresentou
                      bradicardia. Solicito suspensão do Precedex®. Ao
                      chegar para examiná-lo, paciente apresenta PCR em
                      assistolia. Iniciadas compressões torácicas, feitas 3 amp
                      de adrenalina.
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01

                      6:35: “Paciente retorna em AESP. Feita 1 amp de
                      atropina. Paciente retorna RCR após 10min de parada.”
                         • PA 200x100mmHg; Fc 80bpm; Sat O2 96% em BVM
                         • IOT difícil. Chamada ajuda, tentativas sem sucesso.
                           Não tolerou máscara laríngea (queda da Sat O2-
                           60%). Retorna ventilação BVM, com melhora.
                           Solicitado presença do cirurgião da emergência

                      9:30: Cricotireoidostomia; noradrenalina 5mL/h; status
                      convulsivo; sedado (RAAS -5)
                      Solicitada TQT, nova TCC, EEG.
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01   12/01: RNM de
                              crânio e cervical
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01   12/01 13/01: Avaliado pela neurologia
                                    “Comatoso, G 7 (2+4+1), pupilas
                                    mióticas”
                                    SV estáveis.
                                    Sedação suspensa
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01   12/01 13/01    14/01
                                            Neurologia: “Miastenia Gravis?
                                            (ptose/diplopia/disartria/disfagia)
                                            Encefalopatia Anóxica pós PCR
                                            com crise convulsiva”
                                            “EEG digital com 30 min de
                                            duração mostrando padrão surto
                                            – supressão.”
Evolução do Caso
14/01 - Exames Laboratoriais:

AC FOLICO : 12,36 ng/Ml; VIT B12 : 903 pg/mL
HBSAG : N R; ANTI-HBS : <2.0 UI/L
HEPATITE C - ANTICORPOS : N R
VDRL : N R
FTA-ABS-IGG e IGM : N R
T4 LIVRE : 1,6 ng/dL; TSH : 0,04 mcUI/mL
HIV 1+2 - ANTICORPOS : N R
ANTI-RECEPTOR DE ACETILCOLINA : >20.00 nmol/L
ANTI-MUSK : < 0.05 nmol/L
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01   12/01 13/01   14/01   15/01: Início do
                                                    Mestinon®; ENMG
Evolução do Caso

08/01   09/01    10/01 11/01   12/01 13/01   14/01   15/01   ...


17/01: sem sedação;
- quadro comatoso;
- sem resposta à dor
Evolução do Caso

08/01   09/01    10/01 11/01     12/01 13/01   14/01   15/01   ...


17/01   18/01: EEG digital
        mostrando inatividade
        bioelétrica de forma difusa
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01    12/01 13/01        14/01     15/01   ...


17/01   18/01    ...   25/01: Terminou imunoglobulina.
                       RNM: restrição à difusão cortical
                       (fronto-temporo-parietal-occipital
                       bilateral). Estado vegetativo

                       Iniciada discussão sobre
                       terminalidade
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01    12/01 13/01   14/01     15/01   ...


17/01   18/01    ...   25/01    ...   01/02: Sedação
Evolução do Caso

08/01   09/01   10/01 11/01    12/01 13/01    14/01   15/01    ...


17/01   18/01    ...   25/01    ...   01/02    ...    19/02
                                                      6h20min: PCR em
                                                      assitolia;
                                                      Constatado óbito
MIASTENIA GRAVIS
Epidemiologia

• Relativamente incomum
• Prevalência nos EUA de 20/100.000
• Desordem auto imune caracterizada por fraqueza muscular
  flutuante, que piora com exercício e melhora ao repouso
• Em 2/3 dos pacientes, sintoma inicial é o envolvimento da
  musculatura ocular extrínseca
• 10% dos pacientes com sintomas restritos à musculatura
  ocular
Músculos extraoculares


  Reto superior              Oblíquo
                             superior

                              Reto
Reto
                              interno
externo

                         Reto
                         inferior
  Oblíquo inferior
MIASTENIA GRAVIS

                   Geralmente progride para
                   outros músculos: bulbares e
                   dos membros, resultando na
                   Miastenia Gravis
                   Generalizada



                                            1 língua
                                     2 palato mole
                                     3 nasofaringe
                                      4 orofaringe
                                        5 transição
                                             6 glote
                                               7 EES
MIASTENIA GRAVIS
Interferência de Gênero e idade:


              < 40 anos            :
  Puberdade/40-50 anos             :
              > 50 anos            :
MIASTENIA GRAVIS
Fisiopatologia:

Sistema imune produz
anticorpos que atacam os
receptores localizados no
lado muscular da junção
neuromuscular

Desconhece-se o que
desencadeia o ataque do
organismo contra os
próprios receptores

Predisposição genética:
papel essencial
MIASTENIA GRAVIS
Clínica:

Fraqueza flutuante: cansaço que piora com
atividades repetidas e melhora ao repouso

Piora da fraqueza também no calor,
infecções ou sob estresse

Distribuição: ocular, músculos bulbares,
musculatura proximal das extremidades ,
pescoço

Generalização dos sintomas em 50% dos
pacientes nos 2 primeiros anos

Mortalidade pela doença: 5 – 9%
MIASTENIA GRAVIS
Distribuição dos sintomas:


   25%    fraqueza leve

   36%    fraqueza moderada

          fraqueza severa, com disfagia,
   39%    reflexo da tosse deprimido e
          diminuição da capacidade vital

85%       fraqueza ocular
60% dos pacientes apresentam
fadiga mastigatória
(especialmente para sólidos)
CRISE MIASTÊNICA




• Precipitada por infecção, medicações (aminoglicosídeos, bloqueadores
  neuromusculares, sulfato de Mg, ẞ bloqueadores, fluorquinolonas,...)
• Fraqueza de extremidades – proximal/MsSs
• Extensor e flexor do pescoço comumente afetados
MIASTENIA GRAVIS
Diagnóstico

Teste do cloreto de edrofônio:

• Inibidor da acetilcolinesterase de curta duração
• Prolonga duração de ação da acetilcolina na JNM
• Administração IV = melhora objetiva na força muscular, especialmente
  ocular
• Risco de arritmia e hipotensão; atropina disponível para bradicardia
  severa
• Efeitos adversos: aumento da salivação e sudorese, náuseas, dores de
  estômago, fasciculações musculares
• Sensibilidade 71 – 95%
Teste do cloreto de edrofônio:
MIASTENIA GRAVIS
Diagnóstico
Teste do Gelo:

• Em paciente com ptose e
  contra indicação ao edrofônio



• Saco de gelo sobre o olho
  2 – 5 min = melhora da ptose
MIASTENIA GRAVIS
Diagnóstico
Teste Eletrofisiológico:

a) Estimulação Nervosa Repetida: testa transmissão neuromuscular
• diminuição força de 10% entre 1◦ e 5◦ estímulos
• teste + em 75% dos pacientes com MG generalizada e 50% com MG ocular

b) Eletromiografia de Fibra Única: teste diagnóstico mais sensível
• mede tempo entre 1◦ e 2◦ potencial de ação, que tende a aumentar
• anormal em 95 – 99% dos pacientes
• não é específico
MIASTENIA GRAVIS
Diagnóstico
Teste Imunológico:
a)   Concentração Sérica de Anticorpo anti – AChR:
•    altamente específico
•    sensibilidade de 85% para MG generalizada
•    concentração do anticorpo não se relaciona com gravidade da doença
•    pode ser negativo na imunossupressão ou precocemente na doença

b) Anticorpos Contra Proteínas Citoplasmáticas no Músculo Estriado:
• prevalente em pctes com MG + Timoma (ou apenas Timoma)

c) Miastenia Gravis com Anticorpo Anti – AChR negativo:
• testar anticorpo anti – MUsK → positivo em 40% pctes
MIASTENIA GRAVIS
Diagnóstico

Tomografia ou ressonância de tórax:
• Em todos pacientes → excluir timoma
• Cautela no contraste iodado: pode exacerbar fraqueza muscular da
  doença


Avaliação da tireóide
MIASTENIA GRAVIS
Tratamento
• Conforme gravidade
• Avaliação individual


Inibidor da acetilcolinesterase:
•   Primeira linha de tratamento; resposta variável
•   Aumenta a quantidade de acetilcolina na JNM
•   Não altera progressão /desfecho
•   Piridostigmina → dose inicial 15-30mg cada 4-6h
         → efeitos adversos pelas propriedades colinérgicas: cólicas
         abdominais, diarréia, salivação, secreção brônquica, náusea,
         sudorese, bradicardia, fasciculações e câimbras
         → doses elevadas na IRC pioram fraqueza muscular
MIASTENIA GRAVIS
Tratamento
Terapias Imunomoduladoras De Curto Prazo:
• Imunoglobulina
• Rápido início de ação (dias), mas efeito transitório
• Uso na Crise Miastênica e em pré-operatório; também para manter
  remissão
• Complicações: trombose (aumento da viscosidade)


Plasmaferese:
• Melhora a força na maioria dos pctes
• 4-6 sessões
• Efeitos adversos: hipotensão, parestesia, infecções,
                     complicações tromboembólicas nos catéteres,
                     tendência a sangramento por diminuição de
                     fatores de coagulação
MIASTENIA GRAVIS
Tratamento
Imunoterapia de Longo Prazo:
• Remissão ou quase remissão
• Corticosteróide: quando sintoma não controla com inibidor da
  acetilcolinesterase
• Boa resposta com doses altas; titular até menor dose efetiva
• Pode haver exacerbação temporária
MIASTENIA GRAVIS
Tratamento
Imunossupressores Não Esteróides
a) Azatioprina:
• Reduz síntese de ácido nucléico
• Interfere na proliferação de células T e B
• Efetiva em 70 – 90% dos pacientes
• Resposta clínica demorada; mais efetiva se
    combinada com prednisona
• Efeitos adversos: hepatotoxicidade, leucopenia

 b) Micofenolato:
• Bloqueia proliferação de células T e B
• Doses elevadas associadas a mielossupressão
• Contra indicado na gravidez;
• Cautela se IRC, doenças TGI, supressão da medula
    óssea, idosos
MIASTENIA GRAVIS
Tratamento
Imunossupressores Não Esteróides
           c) Ciclofosfamida:
           • IV ou VO
           • > 50% dos pctes assintomáticos após 1 ano de tto
           • Efeitos adversos: perda de cabelo, náuseas, vômitos,
               anorexia, descoloração da pele

           d) Ciclosporina:
           • Bloqueia síntese dos receptores da IL-2
           • Usada quando não tolera azatioprina

           e) Tacrolimus:
           • Sucesso em baixas doses
           • Menos nefrotóxico que ciclospirina
MIASTENIA GRAVIS
Tratamento
MG Resistente Ao
Tratamento:
• TMO ou rituximab +
  ciclosporina

Cirurgia:
• Timectomia: aconselhada
  quando fraqueza está
  controlada para permitir
  procedimento
• Corticóide + Ig IV pré
  cirúrgico

Reabilitação:
• Ajuda a aliviar sintomas
MIASTENIA GRAVIS
Tratamento
Reabilitação:

• Intensidade e progresso dos exercícios dependem do estagio da doença e
  das condições gerais de saúde



                    Manejo interdisciplinar:
         Neurologista | Fisioterapeuta | Terapia ocupacional
                     Fonoaudiólogo | Psicólogo
OBRIGADA!!!


     Ana Elisa Andrighetti
       ana.hps@gmail.com

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  • 1. Mercredi Intensif Ana Elisa Andrighetti Especialização em Terapia Intensiva HSL/AMIB Pós-graduanda AMIB/Redentor Medicina de Emergência HPS Porto Alegre 27 de fevereiro de 2013
  • 2. Apresentação do Caso Paciente J.M.S., 77 anos, masculino, branco 07/01 – Chega à emergência às 14:42 • Queixa Principal: dificuldade de fala, cansaço e diminuição da acuidade visual. Sintomas iniciados aproximadamente às 3h antes, com melhora parcial e espontânea • HMP: uso regular de Cardizem; troca de prótese de cabeça de fêmur em out/2012. Nega alergias
  • 3. Apresentação do Caso Paciente J.M.S., 77 anos, masculino, branco 07/01 – Chega à emergência às 14:42 Conduta inicial ?
  • 4. Apresentação do Caso Paciente J.M.S., 77 anos, masculino, branco 07/01 – Chega à emergência às 14:42 Conduta inicial • Iniciados AAS e Sinvastatina • Solicitada TC de crânio, ECG, RxTx, laboratório
  • 5.
  • 6.
  • 7. Exames de admissão Hemograma Completo: • Hb: 14,8 g/dL; Hct: 45,4 % • LEUCOCITOS: 7,9 mil/mm3 • B: 3 %; S: 64 %;L: 27 %; M: 6 % • PLAQUETAS: 208 mil/mm3 TAP : 11,4 seg; Ativ: 100,0 %; INR: 1,00 PTT : 27,6 seg / Rel: 1,15 GLICOSE : 99 mg/dL Ur : 26 mg/Cr: 1,05 mg/dL Na : 142 mEq/L; K : 5,1 mEq/L PCR : 0,25 mg/dL
  • 9. Apresentação do Caso 07/01 – Chega ao CTI às 23:41 Neurológico: Não observado déficit motor em Ms superiores e inferiores. Disartria leve com discreta paresia facial E. Sem déficits visuais no momento do exame.
  • 10. Exames CTI Eco transtorácico: • Válvulas Ao, Mi, Tricúspide e pulmonar com morfologia e movimentação normais. • VE com espessura de paredes e diâmetros cavitários normais. Demais cavidades normais. • Função sistólica global e diastólica do VE normal. • VD normocontrátil. • VCI com diâmetros normais, normodistendida, com variação respiratória normal. • Color doppler e doppler pulsado mostram fluxos intracavitários normais.
  • 11. Exames de admissão Doppler de carótidas e vertebrais: • Carótidas com exame de fácil realização técnica; • Sistema carotídeo com diâmetros e pulsatilidade normais. • Discreto espessamento médio-intimal difuso em ambas carótidas com pequenas (mínimas) placas de ateroma fibro – cálcicas e não obstrutivas em ambas regiões bulbares. • Fluxos laminares de velocidades normais em ambas carótidas e seus respectivos ramos internos e externos. • Vertebrais bem visualizadas e com contornos normais e fluxos de velocidades normais.
  • 12. Evolução do Caso 08/01: mantém discreta disartria
  • 13. Evolução do Caso 08/01 09/01: surge queixa de disfagia; mantém paresia facial. Paciente não tolerou fazer RNM. Durante noite surge queixa de dificuldade ventilatória; mantinha SV estáveis
  • 14. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01: RNM com anestesia sem intercorrências; paciente sem queixas ventilatórias, algo sonolento, mas de fácil despertar. 20h: Pcte ansioso; SV estáveis; sem déficits motores 21h: “Pcte referindo que ‘a garganta está fechando’ e só consegue respirar sentado fora do leito. No momento muito ansioso. Lúcido”. PA 190X100mmHg; Fc 95bpm; Fr 20mpm; Sat O2 95% ; AP e exame cervical normais. Conduta: Diazepam (delirium) 22h: Pcte mantém queixa de dificuldade ventilatória; exame físico normal; Sat O2 94%. Ansioso porém sonolento Conduta: NBZ, Hidrocostisona 100mg, 1amp de fenergam
  • 15. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 3:00: “Paciente acorda muito agitado, falando com alguma confusão mental, porém responde, obedece comandos. Acha que está em casa e apresenta comportamento agressivo, tentando sair do leito”. PA 200X100mmHg; Fc 100; Sat O2 97% Conduta: Haldol IV. Iniciado Precedex® em BI 6:30: Plantão chamado porque “pcte apresentou bradicardia. Solicito suspensão do Precedex®. Ao chegar para examiná-lo, paciente apresenta PCR em assistolia. Iniciadas compressões torácicas, feitas 3 amp de adrenalina.
  • 16. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 6:35: “Paciente retorna em AESP. Feita 1 amp de atropina. Paciente retorna RCR após 10min de parada.” • PA 200x100mmHg; Fc 80bpm; Sat O2 96% em BVM • IOT difícil. Chamada ajuda, tentativas sem sucesso. Não tolerou máscara laríngea (queda da Sat O2- 60%). Retorna ventilação BVM, com melhora. Solicitado presença do cirurgião da emergência 9:30: Cricotireoidostomia; noradrenalina 5mL/h; status convulsivo; sedado (RAAS -5) Solicitada TQT, nova TCC, EEG.
  • 17. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01: RNM de crânio e cervical
  • 18. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01: Avaliado pela neurologia “Comatoso, G 7 (2+4+1), pupilas mióticas” SV estáveis. Sedação suspensa
  • 19. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01 14/01 Neurologia: “Miastenia Gravis? (ptose/diplopia/disartria/disfagia) Encefalopatia Anóxica pós PCR com crise convulsiva” “EEG digital com 30 min de duração mostrando padrão surto – supressão.”
  • 20. Evolução do Caso 14/01 - Exames Laboratoriais: AC FOLICO : 12,36 ng/Ml; VIT B12 : 903 pg/mL HBSAG : N R; ANTI-HBS : <2.0 UI/L HEPATITE C - ANTICORPOS : N R VDRL : N R FTA-ABS-IGG e IGM : N R T4 LIVRE : 1,6 ng/dL; TSH : 0,04 mcUI/mL HIV 1+2 - ANTICORPOS : N R ANTI-RECEPTOR DE ACETILCOLINA : >20.00 nmol/L ANTI-MUSK : < 0.05 nmol/L
  • 21. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01 14/01 15/01: Início do Mestinon®; ENMG
  • 22. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01 14/01 15/01 ... 17/01: sem sedação; - quadro comatoso; - sem resposta à dor
  • 23. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01 14/01 15/01 ... 17/01 18/01: EEG digital mostrando inatividade bioelétrica de forma difusa
  • 24. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01 14/01 15/01 ... 17/01 18/01 ... 25/01: Terminou imunoglobulina. RNM: restrição à difusão cortical (fronto-temporo-parietal-occipital bilateral). Estado vegetativo Iniciada discussão sobre terminalidade
  • 25. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01 14/01 15/01 ... 17/01 18/01 ... 25/01 ... 01/02: Sedação
  • 26. Evolução do Caso 08/01 09/01 10/01 11/01 12/01 13/01 14/01 15/01 ... 17/01 18/01 ... 25/01 ... 01/02 ... 19/02 6h20min: PCR em assitolia; Constatado óbito
  • 27. MIASTENIA GRAVIS Epidemiologia • Relativamente incomum • Prevalência nos EUA de 20/100.000 • Desordem auto imune caracterizada por fraqueza muscular flutuante, que piora com exercício e melhora ao repouso • Em 2/3 dos pacientes, sintoma inicial é o envolvimento da musculatura ocular extrínseca • 10% dos pacientes com sintomas restritos à musculatura ocular
  • 28. Músculos extraoculares Reto superior Oblíquo superior Reto Reto interno externo Reto inferior Oblíquo inferior
  • 29.
  • 30. MIASTENIA GRAVIS Geralmente progride para outros músculos: bulbares e dos membros, resultando na Miastenia Gravis Generalizada 1 língua 2 palato mole 3 nasofaringe 4 orofaringe 5 transição 6 glote 7 EES
  • 31.
  • 32. MIASTENIA GRAVIS Interferência de Gênero e idade: < 40 anos : Puberdade/40-50 anos : > 50 anos :
  • 33. MIASTENIA GRAVIS Fisiopatologia: Sistema imune produz anticorpos que atacam os receptores localizados no lado muscular da junção neuromuscular Desconhece-se o que desencadeia o ataque do organismo contra os próprios receptores Predisposição genética: papel essencial
  • 34. MIASTENIA GRAVIS Clínica: Fraqueza flutuante: cansaço que piora com atividades repetidas e melhora ao repouso Piora da fraqueza também no calor, infecções ou sob estresse Distribuição: ocular, músculos bulbares, musculatura proximal das extremidades , pescoço Generalização dos sintomas em 50% dos pacientes nos 2 primeiros anos Mortalidade pela doença: 5 – 9%
  • 35. MIASTENIA GRAVIS Distribuição dos sintomas: 25% fraqueza leve 36% fraqueza moderada fraqueza severa, com disfagia, 39% reflexo da tosse deprimido e diminuição da capacidade vital 85% fraqueza ocular
  • 36. 60% dos pacientes apresentam fadiga mastigatória (especialmente para sólidos)
  • 37. CRISE MIASTÊNICA • Precipitada por infecção, medicações (aminoglicosídeos, bloqueadores neuromusculares, sulfato de Mg, ẞ bloqueadores, fluorquinolonas,...) • Fraqueza de extremidades – proximal/MsSs • Extensor e flexor do pescoço comumente afetados
  • 38. MIASTENIA GRAVIS Diagnóstico Teste do cloreto de edrofônio: • Inibidor da acetilcolinesterase de curta duração • Prolonga duração de ação da acetilcolina na JNM • Administração IV = melhora objetiva na força muscular, especialmente ocular • Risco de arritmia e hipotensão; atropina disponível para bradicardia severa • Efeitos adversos: aumento da salivação e sudorese, náuseas, dores de estômago, fasciculações musculares • Sensibilidade 71 – 95%
  • 39. Teste do cloreto de edrofônio:
  • 40. MIASTENIA GRAVIS Diagnóstico Teste do Gelo: • Em paciente com ptose e contra indicação ao edrofônio • Saco de gelo sobre o olho 2 – 5 min = melhora da ptose
  • 41. MIASTENIA GRAVIS Diagnóstico Teste Eletrofisiológico: a) Estimulação Nervosa Repetida: testa transmissão neuromuscular • diminuição força de 10% entre 1◦ e 5◦ estímulos • teste + em 75% dos pacientes com MG generalizada e 50% com MG ocular b) Eletromiografia de Fibra Única: teste diagnóstico mais sensível • mede tempo entre 1◦ e 2◦ potencial de ação, que tende a aumentar • anormal em 95 – 99% dos pacientes • não é específico
  • 42. MIASTENIA GRAVIS Diagnóstico Teste Imunológico: a) Concentração Sérica de Anticorpo anti – AChR: • altamente específico • sensibilidade de 85% para MG generalizada • concentração do anticorpo não se relaciona com gravidade da doença • pode ser negativo na imunossupressão ou precocemente na doença b) Anticorpos Contra Proteínas Citoplasmáticas no Músculo Estriado: • prevalente em pctes com MG + Timoma (ou apenas Timoma) c) Miastenia Gravis com Anticorpo Anti – AChR negativo: • testar anticorpo anti – MUsK → positivo em 40% pctes
  • 43. MIASTENIA GRAVIS Diagnóstico Tomografia ou ressonância de tórax: • Em todos pacientes → excluir timoma • Cautela no contraste iodado: pode exacerbar fraqueza muscular da doença Avaliação da tireóide
  • 44. MIASTENIA GRAVIS Tratamento • Conforme gravidade • Avaliação individual Inibidor da acetilcolinesterase: • Primeira linha de tratamento; resposta variável • Aumenta a quantidade de acetilcolina na JNM • Não altera progressão /desfecho • Piridostigmina → dose inicial 15-30mg cada 4-6h → efeitos adversos pelas propriedades colinérgicas: cólicas abdominais, diarréia, salivação, secreção brônquica, náusea, sudorese, bradicardia, fasciculações e câimbras → doses elevadas na IRC pioram fraqueza muscular
  • 45. MIASTENIA GRAVIS Tratamento Terapias Imunomoduladoras De Curto Prazo: • Imunoglobulina • Rápido início de ação (dias), mas efeito transitório • Uso na Crise Miastênica e em pré-operatório; também para manter remissão • Complicações: trombose (aumento da viscosidade) Plasmaferese: • Melhora a força na maioria dos pctes • 4-6 sessões • Efeitos adversos: hipotensão, parestesia, infecções, complicações tromboembólicas nos catéteres, tendência a sangramento por diminuição de fatores de coagulação
  • 46. MIASTENIA GRAVIS Tratamento Imunoterapia de Longo Prazo: • Remissão ou quase remissão • Corticosteróide: quando sintoma não controla com inibidor da acetilcolinesterase • Boa resposta com doses altas; titular até menor dose efetiva • Pode haver exacerbação temporária
  • 47. MIASTENIA GRAVIS Tratamento Imunossupressores Não Esteróides a) Azatioprina: • Reduz síntese de ácido nucléico • Interfere na proliferação de células T e B • Efetiva em 70 – 90% dos pacientes • Resposta clínica demorada; mais efetiva se combinada com prednisona • Efeitos adversos: hepatotoxicidade, leucopenia b) Micofenolato: • Bloqueia proliferação de células T e B • Doses elevadas associadas a mielossupressão • Contra indicado na gravidez; • Cautela se IRC, doenças TGI, supressão da medula óssea, idosos
  • 48. MIASTENIA GRAVIS Tratamento Imunossupressores Não Esteróides c) Ciclofosfamida: • IV ou VO • > 50% dos pctes assintomáticos após 1 ano de tto • Efeitos adversos: perda de cabelo, náuseas, vômitos, anorexia, descoloração da pele d) Ciclosporina: • Bloqueia síntese dos receptores da IL-2 • Usada quando não tolera azatioprina e) Tacrolimus: • Sucesso em baixas doses • Menos nefrotóxico que ciclospirina
  • 49. MIASTENIA GRAVIS Tratamento MG Resistente Ao Tratamento: • TMO ou rituximab + ciclosporina Cirurgia: • Timectomia: aconselhada quando fraqueza está controlada para permitir procedimento • Corticóide + Ig IV pré cirúrgico Reabilitação: • Ajuda a aliviar sintomas
  • 50. MIASTENIA GRAVIS Tratamento Reabilitação: • Intensidade e progresso dos exercícios dependem do estagio da doença e das condições gerais de saúde Manejo interdisciplinar: Neurologista | Fisioterapeuta | Terapia ocupacional Fonoaudiólogo | Psicólogo
  • 51. OBRIGADA!!! Ana Elisa Andrighetti ana.hps@gmail.com