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COUTINHO, Karyne Dias; SOMMER, Luiz Henrique. Discursos sobre Formação de 
Professores e Arte de Governar. Disponível em 
<http://www.curriculosemfronteiras.org/vol11iss1articles/coutinho-sommer.pdf> acesso em: 
14jun.2013. 
Coutinho é Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e 
Sommer é Professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). 
Os autores iniciam o artigo afirmando que pretendem enveredar por uma discussão 
sobre formação de professores como produto de um amálgama composto por poder e saber, 
política e ciência, governo e self-goverment. Enfatizam que os professores contemporâneos 
têm compartilhado um conjunto de certezas que articulam seu pertencimento a um ideário 
pedagógico identificado como crítico, radical, emancipatório, transformador. Neste sentido, 
enumeram os discursos pedagógicos predominantes, quais sejam: 
1) professor reflexivo (ou prático reflexivo) – que seria aquele que pesquisa, ou reflete sobre 
a própria prática. 
2) professor-pesquisador - conceito originalmente concebido por Lawrence Stenhouse. 
3) o discurso das competências – tem como grande representante Perrenoud. 
4) o professor como facilitador da aprendizagem – aquele que individualiza o plano de 
trabalho dos alunos como um instrumento para sua autodireção (self government. 
Coutinho e Sommer destacam que todas as pedagogias produzidas por esses discursos 
se justificariam em sua dimensão política por conta do compartilhamento de um ideário 
crítico, transformador, engajado, postulando a formação de sujeitos democráticos para a vida 
democrática, e, por outro lado, na sua dimensão “científica” na medida em que seriam 
desenvolvidas sob medida, seriam cientificamente ajustadas aos supostos interesses dos 
alunos. Essas pedagogias dariam forma à “escola sob medida”, tal como conceitualizado por 
Claparède. 
Os autores entendem que, considerando os rumos que segue a formação de professores 
atualmente, está-se testemunhando e por que não dizer protagonizando uma intensificação da 
lógica da educação como arte de governar. Assim, a partir dos estudos de Foucault (2006) 
sobre a governamentalização do Estado, esclarecem que a lógica da educação como arte de 
governar foi se desenvolvendo junto ao deslocamento da ênfase na disciplina, em que se tinha 
uma educação rígida, coercitiva e puramente instrucional,para a ênfase no governamento do 
ser por si, isto é, educação cujo centro é a própria criança, considerando-a em suas formas de 
pensamento e aprendizagem. Educação essa chamada de escolanovismo e que foi condição de
possibilidade para a lógica da educação como arte de governar, na medida em que a ênfase 
deste movimento estava na necessidade de se substituir a função disciplinadora da escola 
tradicional por uma função governamental da escola nova. 
No que tange às ciências envolvidas no processo de formação docente, os teóricos 
destacam a Psicologia, cujas teorias passaram a orientar mais intensamente as experiências 
educacionais, tanto as investigativas quanto as escolares, formando uma rede discursiva 
bastante afinada, constituída pela teia entre saberes psi, pesquisas sobre o desenvolvimento 
infantil, pesquisas educacionais, práticas escolares e formação de professores. 
Mais especificamente sobre formação docente no Brasil, Coutinho e Sommer 
salientam a atuação de Anísio Teixeira e Lourenço Filho e sua política de profissionalização 
docente, materializada sobretudo na Escola de Professores do Instituto de Educação do Rio de 
Janeiro na década de 1930. Ao propor uma formação de professores que enfatizava a 
substituição do sujeito dócil pelo sujeito que guia a si mesmo, aquele Instituto se movimentou 
no interior de uma racionalidade que direcionava as preocupações e práticas políticas das 
sociedades ocidentais nas três primeiras décadas do século passado, cuja lógica priorizava o 
governamento do ser por si: 
Os autores passam a tratar, então, do processo de implantação do Instituto, e sua 
consequente consolidação em centro de formação docente. Afirmam que é interessante 
observar que Anísio Teixeira utiliza expressões recém introduzidas no discurso educacional 
brasileiro para compor suas explicações, como acompanhar o desenvolvimento intelectual e 
moral das crianças; caracterizar de modo especial os métodos e os objetivos de 
ensino;conhecer e considerar a diversidade de estágios das idades infantis; respeitar a 
transição psicológica dos alunos; agrupar as matérias escolares por seções; formar de modo 
integral a personalidade do adolescente são próprios do Movimento da Escola Nova e ao 
mesmo tempo em que funcionam como condição de possibilidade para a lógica da educação 
como arte de governar. 
Enfatizam, outrossim, que o Instituto de Educação do Rio de Janeiro esteve envolvido 
na produção e circulação da ideia de que a escola tradicional deveria ser substituída, no Brasil, 
por uma escola nova. O que marcaria as diferenças entre as duas escolas é a predominância, 
em todos os trabalhos escolares, do fator psicobiológico do interesse, o estímulo constante à 
criança, o respeito à sua personalidade, colocando-a como eixo da escola e como centro de 
gravidade da educação. 
Os autores dizem que se voltarmos nosso olhar para o presente e focalizarmos os 
discursos sobre formação de professores, perceberemos a permanência de muitos princípios 
disseminados no seio do escolanovismo. Há muito pouco tempo o Construtivismo Pedagógico 
era entendido como a versão mais bem acabada da ciência pedagógica aqui no Brasil
redundando em sua utilização como teorização privilegiada quando da publicação dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais, dando identidade a projetos pedagógicos de escolas, a 
cursos de formação inicial e continuada de professores, de certo modo funcionando como 
lentes capazes de nos possibilitar enxergar as crianças como elas verdadeiramente são. 
Segundo Coutinho e Sommer, uma das máximas do construtivismo pedagógico tinha a 
ver com a afirmação de que a educação tem por objetivo promover a autonomia e que tal 
horizonte se conseguiria atingir a partir da consideração de que o desenvolvimento dos alunos 
é um processo biopsicosocial, o que colocava essa teorização como herdeira da noção de 
cientificidade desenvolvida dentro da Escola Nova. 
Os autores afirmam que se tomarmos como exemplo a legislação brasileira que 
normatiza os processos de formação de professores para a educação básica, é possível 
perceber a permanência de muitas das máximas de discursos: Um exemplo é a Resolução 
CNE/CP14 Nº1, publicada em 2002, que institui diretrizes curriculares nacionais para a 
formação de professores. Essa norma incorpora elementos do discurso do professor reflexivo, 
na medida em que determina como orientação para a aprendizagem “o princípio metodológico 
geral [...] [da] ação-reflexão-ação”. 
Ademais, o discurso do professor-pesquisador também é contemplado, ao assumir 
como uma de suas orientações principais “o aprimoramento em práticas investigativas” e “a 
pesquisa com foco no processo de ensino e de aprendizagem”. Para os autores, a referida 
resolução incorpora e funciona como vetor do discurso das competências, e o grande eixo 
estruturante das Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores é, portanto, 
a pedagogia das competências. 
Coutinho e Sommer dizem ainda que o ponto que querem destacar – para além das 
conexões inequívocas que existem entre os discursos atuais sobre formação de professores e o 
escolanovismo – tem a ver com as seguintes interrogações: 
Será que não estamos presenciando uma intensificação da educação como arte de 
governar na formação de professores atuais? 
A pedagogia das competências, e o modelo de professor a ela vinculado não seria uma 
clara expressão desta intensificação? 
Para complementar esse raciocínio, argumentam que se focarmos a efetividade da 
pedagogia das competências no Brasil, é inegável que ela se estrutura como uma bem acabada 
estratégia de controle e regulação da formação de professores atual, assumida pelo Estado, e 
inclusive incorporando elementos dos discursos dominantes do professor reflexivo e do 
professor-pesquisador.
Os teóricos elucidam que em termos foucaultianos, podemos ver em ação técnicas 
performativas que o docente deve aplicar sobre si mesmo, que é aquilo que Foucault 
denominou de tecnologias do eu . E que podemos significar o predomínio da pedagogia das 
competências como o estabelecimento de um “novo” regime do eu para os docentes 
contemporâneos. Regime do eu no qual cada docente se localiza à medida que efetua um 
balanço pessoal, presta contas (confessa suas verdades), assume sua formação como 
autoformação, mobilizada por uma prática reflexiva. Em uma expressão, age sobre si mesmo. 
Coutinho e Sommer finalizam o artigo sob o argumento de que se tomarmos governo 
enquanto condução da conduta, conforme expresso por Foucault no célebre texto O sujeito e o 
poder, desde sempre educar é governar, e ao professor que educa cabe apropriar-se de um 
determinado conjunto de saberes e práticas que, entre outros aspectos, medeiam a relação que 
cada um estabelece consigo mesmo (self-government) de modo a direcionar sua própria 
conduta como docente. Por extensão, qualquer processo de formação de professores se 
estrutura como uma relação de poder, é da ordem do governo, da condução de condutas e o 
qualifica a conduzir outras condutas. 
Sem dúvida esse é um artigo que nos leva a pensar sobre outras formas de ver a 
formação docente. Difícil é nos desapegarmos desses discursos já tão arraigados na nossa 
prática profissional cotidiana.
MACHADO, Lucília Regina de Souza . Diferenciais inovadores na formação de professores 
para a educação profissional. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, 
p. 8-22, 2008. Disponível 
em:<http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/rev_brasileira.pdf> . Acesso em 09jun.2013. 
Doutora em Educação e Coordenadora do Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação 
e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA (Belo Horizonte). 
A autora inicia o artigo comentando as metas 7 e 8 do item 7.3 do Plano Nacional de 
Educação (Lei nº 10.172, de 9 janeiro de 2001) que estabeleceu diretrizes e metas para a 
formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação, no prazo de dez 
anos. 
Diz a meta 7: “Modificar, dentro de um ano, as normas atuais que regulamentam a 
formação de pessoal docente para essa modalidade de ensino, de forma a aproveitar e 
valorizar a experiência profissional dos formadores”. Para Machado, não há clareza na 
extensão dessas modificações. 
Já a meta 8: “Estabelecer, com a colaboração entre o Ministério da Educação, o 
Ministério do Trabalho, as universidades, os Cefets, as escolas técnicas de nível superior, os 
serviços nacionais de aprendizagem e a iniciativa privada, programas de formação de 
formadores para a educação tecnológica e formação profissional”. Segundo a autora esta 
modificação não seria muito significativa, já que reitera a norma atual de formar professores 
para a educação profissional e tecnológica por meio de programas especiais. 
Machado explica-nos que a Setec/MEC, por intermédio do Departamento de Políticas 
e Articulações Institucionais, constituiu um grupo de trabalho (GT) para sistematizar as 
questões referentes ao diagnóstico e às propostas de alternativas. A formação deste GT 
(Formação de Professores para a Educação Profissional e Tecnológica) expressa o 
compromisso assumido pela Setec quando da realização do evento “Simpósio Educação 
Superior em Debate: Formação de Professores para a Educação Profissional e Tecnológica”, 
realizado em setembro de 2006 por esta Secretaria e pelo Inep. 
Em 2007, o GT reuniu-se em Brasília e em São Luís com a participação de 
representantes da Setec, Cefet/pelotas, Concefet e Cefet/Roraima, Senac/São Paulo, Anfope, 
Centro Universitário UMA, Sinasefe, Cefet/Minas Gerais, Cefet/Maranhão, Cefet/Campos, 
UTFPR. Portanto, seu artigo busca apresentar aspectos considerados fundamentais das 
considerações, indicações e recomendações que foram feitas nestas duas reuniões. 
Inicialmente, Machado discute o histórico, ainda que sucinto, da formação de 
professores para a educação profissional, destacando que a falta de concepções teóricas
consistentes e de políticas públicas amplas e contínuas tem caracterizado, historicamente, as 
iniciativas de formação de docentes especificamente para a educação profissional, no Brasil. 
Destaca que o começo dessas iniciativas deu-se com a criação da Escola Normal de Artes e 
Ofícios Wenceslau Brás, em 1917. 
Dentro desse histórico que a autora traz, é interessante destacar que em virtude da 
carência de professores de ensino técnico habilitados em nível superior, o MEC criou, em 
meados da década de sessenta, cursos emergenciais: esquema I e esquema II. O Esquema I 
que era voltado à complementação pedagógica de portadores de diploma de nível superior; e o 
esquema II, para técnicos diplomados e incluíam disciplinas pedagógicas do Esquema I e as 
de conteúdo técnico específico. 
Mais tarde, em 1977, a Resolução nº 3 do CFE instituiu a licenciatura plena para a 
parte de formação especial do 2º grau, fixando currículo mínimo e determinando que as 
instituições de ensino que ofertassem os Esquemas I e II os transformassem em licenciaturas. 
Contudo, Machado argumenta que 30 anos depois não se generalizou a licenciatura e pouco 
sucesso se obteve com relação à implantação dessa licenciatura. 
Após o escorço histórico, a autora passa tratar das licenciaturas para a educação 
profissional, destacando que a carência de pessoal docente qualificado tem se constituído 
num dos pontos nevrálgicos mais importantes que estrangulam a expansão da educação 
profissional no país. 
Ressalta que há, hoje, ofertas formativas diversificadas de formação de docentes para 
este campo, mas são muito reduzidas considerando o potencial de demanda e poucar são as 
iniciativas de cursos de licenciatura. Apesar disso, as licenciaturas têm sido apontadas como 
absolutamente essenciais por serem o espaço privilegiado da formação docente inicial e pelo 
importante papel que podem ter na profissionalização docente, para o desenvolvimento de 
pedagogias apropriadas às especificidades da educação profissional, o intercâmbio de 
experiências no campo da educação profissional, o desenvolvimento da reflexão pedagógica 
sobre a prática docente nesta área, o fortalecimento do elo entre ensino-pesquisa-extensão, 
pensar a profissão, as relações de trabalho e de poder nas instituições escolares, a 
responsabilidade dos professores etc. 
Neste sentido, a autora esclarece que as exigências com relação ao perfil dos docentes 
da educação profissional estão mais elevadas, porque o padrão da escola-oficina está superado. 
Hoje, os professores da educação profissional enfrentam novos desafios relacionados às 
mudanças organizacionais que afetam as relações profissionais, aos efeitos das inovações 
tecnológicas sobre as atividades de trabalho e culturas profissionais, ao novo papel que os 
sistemas simbólicos desempenham na estruturação do mundo do trabalho, ao aumento das
exigências de qualidade na produção e nos serviços, à exigência de maior atenção à justiça 
social, às questões éticas e de sustentabilidade ambiental. 
Por tudo isso, Lucília Machado chama a atenção para o perfil docente a ser formado 
para a Educação Profissional. Segundo a autora, esse perfil necessita de estar alicerçado em 
bases científicas, nos conceitos e princípios das ciências da natureza, da matemática e das 
ciências humanas, presentes nas tecnologias e que fundamentam suas opções estéticas e éticas 
e seu campo de atuação. Precisa, ainda, estar apoiado em bases instrumentais relativas a 
linguagens e códigos, que permitem ler e interpretar a realidade e comunicar-se com ela, 
habilidades mentais, psicomotoras e de relacionamento humano. 
Ademais, o professor da educação profissional deve ser capaz de permitir que seus 
alunos compreendam, de forma reflexiva e crítica, os mundos do trabalho, dos objetos e dos 
sistemas tecnológicos dentro dos quais estes evoluem; as motivações e interferências das 
organizações sociais pelas quais e para as quais estes objetos e sistemas foram criados e 
existem; a evolução do mundo natural e social do ponto de vista das relações humanas com o 
progresso tecnológico; como os produtos e processos tecnológicos são concebidos, fabricados 
e como podem ser utilizados; métodos de trabalho dos ambientes tecnológicos e das 
organizações de trabalho. 
Definido o perfil, Machado passa a demonstrar as propostas de cursos de licenciatura 
destinados à formação inicial de docentes para e educação profissional. São quatro as 
propostas: 
I) Curso de licenciatura para graduados – com carga horária mínima global de 
1.200 horas, estrutura curricular pedagógica dividida em 800 horas de formação didático-pedagógica 
e 400 horas de estágio pedagógico supervisionado, habilitados para docência em: 
cursos técnicos de nível médio e cursos superiores de graduação tecnológica; com docência de 
Docência apenas dos conteúdos profissionais, no âmbito das bases tecnológicas do seu 
conhecimento; tendo como vantagens para os formandos o fato de poderem atuar em 
profissões regulamentadas, com responsabilidade técnica pela docência e o curso poder se 
equivaler a um curso de especialização; 
II – Curso de licenciatura integrado com o curso de graduação em tecnologia com 
carga horária mínima global de 4000 horas, estrutura curricular pedagógica dividida em 2400 
horas, 2000 horas ou 1600 horas de educação tecnológica e 800 horas de formação didático-pedagógica, 
400 horas de estágio pedagógico supervisionado, 400 horas de estágio 
profissional específico; habilitados para docência em: cursos técnicos de nível médio; com 
docência apenas dos conteúdos profissionais, no âmbito das bases tecnológicas do seu 
conhecimento; tendo como vantagens para os formandos a existência de economia de carga
horária graças ao currículo integrado (possível economia máxima de carga horária pela 
integração: 400 horas). 
III - Curso de licenciatura para técnicos de nível médio ou equivalente - com 
carga horária mínima global de 2400 horas, estrutura curricular pedagógica dividida em 
800horas – parte técnica e de conhecimentos gerais da educação básica, 800 horas de 
formação didático-pedagógica, 400 horas de estágio pedagógico supervisionado, 400 horas 
de estágio profissional específico; habilitados para docência em: cursos técnicos de nível 
médio; com docência apenas dos conteúdos profissionais, no âmbito das bases tecnológicas 
do seu conhecimento; tendo como vantagens para os formandos a valorização de seus 
conhecimentos e de suas experiências de curso técnico de nível médio. 
IV – Curso de licenciatura para concluintes do ensino médio - com carga horária 
mínima global de 3200 horas, estrutura curricular pedagógica dividida em 1200 horas de 
conteúdo técnico específico, 800 horas de formação didático-pedagógica, 400 horas de 
revisão de conhecimentos da educação básica, 400 horas de estágio pedagógico 
supervisionado, 400 horas de estágio profissional específico; habilitados para docência em 
cursos técnicos de nível médio (referente a ocupações não regulamentadas em lei); com 
docência apenas dos conteúdos profissionais, no âmbito das bases tecnológicas do seu 
conhecimento; tendo como vantagens para os formandos a incorporação da formação do 
técnico de nível médio na modalidade subsequente. 
Na última parte do texto, a autora trata das questões gerais sobre a organização 
curricular e pedagógica das licenciaturas para e educação profissional. Salienta que como todo 
currículo escolar, o conjunto dos conteúdos da formação dos professores para a educação 
profissional, em quaisquer das modalidades de licenciatura acima expostas, não deve ser 
constituído simplesmente de uma agregação, mas ordenado, organizado e articulado segundo 
finalidades a serem alcançadas. Por isso, é importante realizar estudos e pesquisas sobre os 
conteúdos do processo de ensino-aprendizagem da tecnologia e sobre a organização desses 
conteúdos tomando-se em conta sua especificidade. 
Machado enfatiza ainda que alguns temas podem ser tratados de forma transversal; os 
conteúdos específicos do campo tecnológico devem levar em conta as bases epistemológicas, 
sociológicas, políticas, psicológicas e didáticas próprias da área; e que tais conteúdos 
correspondem a complexos tecnológicos que envolvem aspectos da realidade natural e social 
implicados na atividade humana do trabalho, transpostos para outro contexto de trabalho, o 
educacional, alicerçados em sólidas bases científicas e nas especificidades dos saberes 
profissionais. 
Conclui o artigo afirmando que na formação dos docentes para a educação profissional 
é fundamental trabalhar diferentes formas de realização da transposição didática dos
conteúdos específicos, por isso se prevê proporcionar a maior proximidade possível do 
processo de ensino aprendizagem com o contexto social e das relações do trabalho garantindo 
uma ampla base científico-tecnológica e a articulação entre teoria e atividades práticas. 
De fato, Machado nos vai ver o quanto ainda precisa ser feito em relação a questão da 
formação docente para educação profissional, especialmente, hoje, em que se assiste ao 
processo de expansão e interiorização da mesma. Indubitavelmente, esse é um artigo que 
auxilia bastante na compreensão sobre o que pode ser feito nessa área de formação docente e 
como pode ser feito.

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Coutinho resenha mabel

  • 1. COUTINHO, Karyne Dias; SOMMER, Luiz Henrique. Discursos sobre Formação de Professores e Arte de Governar. Disponível em <http://www.curriculosemfronteiras.org/vol11iss1articles/coutinho-sommer.pdf> acesso em: 14jun.2013. Coutinho é Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Sommer é Professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Os autores iniciam o artigo afirmando que pretendem enveredar por uma discussão sobre formação de professores como produto de um amálgama composto por poder e saber, política e ciência, governo e self-goverment. Enfatizam que os professores contemporâneos têm compartilhado um conjunto de certezas que articulam seu pertencimento a um ideário pedagógico identificado como crítico, radical, emancipatório, transformador. Neste sentido, enumeram os discursos pedagógicos predominantes, quais sejam: 1) professor reflexivo (ou prático reflexivo) – que seria aquele que pesquisa, ou reflete sobre a própria prática. 2) professor-pesquisador - conceito originalmente concebido por Lawrence Stenhouse. 3) o discurso das competências – tem como grande representante Perrenoud. 4) o professor como facilitador da aprendizagem – aquele que individualiza o plano de trabalho dos alunos como um instrumento para sua autodireção (self government. Coutinho e Sommer destacam que todas as pedagogias produzidas por esses discursos se justificariam em sua dimensão política por conta do compartilhamento de um ideário crítico, transformador, engajado, postulando a formação de sujeitos democráticos para a vida democrática, e, por outro lado, na sua dimensão “científica” na medida em que seriam desenvolvidas sob medida, seriam cientificamente ajustadas aos supostos interesses dos alunos. Essas pedagogias dariam forma à “escola sob medida”, tal como conceitualizado por Claparède. Os autores entendem que, considerando os rumos que segue a formação de professores atualmente, está-se testemunhando e por que não dizer protagonizando uma intensificação da lógica da educação como arte de governar. Assim, a partir dos estudos de Foucault (2006) sobre a governamentalização do Estado, esclarecem que a lógica da educação como arte de governar foi se desenvolvendo junto ao deslocamento da ênfase na disciplina, em que se tinha uma educação rígida, coercitiva e puramente instrucional,para a ênfase no governamento do ser por si, isto é, educação cujo centro é a própria criança, considerando-a em suas formas de pensamento e aprendizagem. Educação essa chamada de escolanovismo e que foi condição de
  • 2. possibilidade para a lógica da educação como arte de governar, na medida em que a ênfase deste movimento estava na necessidade de se substituir a função disciplinadora da escola tradicional por uma função governamental da escola nova. No que tange às ciências envolvidas no processo de formação docente, os teóricos destacam a Psicologia, cujas teorias passaram a orientar mais intensamente as experiências educacionais, tanto as investigativas quanto as escolares, formando uma rede discursiva bastante afinada, constituída pela teia entre saberes psi, pesquisas sobre o desenvolvimento infantil, pesquisas educacionais, práticas escolares e formação de professores. Mais especificamente sobre formação docente no Brasil, Coutinho e Sommer salientam a atuação de Anísio Teixeira e Lourenço Filho e sua política de profissionalização docente, materializada sobretudo na Escola de Professores do Instituto de Educação do Rio de Janeiro na década de 1930. Ao propor uma formação de professores que enfatizava a substituição do sujeito dócil pelo sujeito que guia a si mesmo, aquele Instituto se movimentou no interior de uma racionalidade que direcionava as preocupações e práticas políticas das sociedades ocidentais nas três primeiras décadas do século passado, cuja lógica priorizava o governamento do ser por si: Os autores passam a tratar, então, do processo de implantação do Instituto, e sua consequente consolidação em centro de formação docente. Afirmam que é interessante observar que Anísio Teixeira utiliza expressões recém introduzidas no discurso educacional brasileiro para compor suas explicações, como acompanhar o desenvolvimento intelectual e moral das crianças; caracterizar de modo especial os métodos e os objetivos de ensino;conhecer e considerar a diversidade de estágios das idades infantis; respeitar a transição psicológica dos alunos; agrupar as matérias escolares por seções; formar de modo integral a personalidade do adolescente são próprios do Movimento da Escola Nova e ao mesmo tempo em que funcionam como condição de possibilidade para a lógica da educação como arte de governar. Enfatizam, outrossim, que o Instituto de Educação do Rio de Janeiro esteve envolvido na produção e circulação da ideia de que a escola tradicional deveria ser substituída, no Brasil, por uma escola nova. O que marcaria as diferenças entre as duas escolas é a predominância, em todos os trabalhos escolares, do fator psicobiológico do interesse, o estímulo constante à criança, o respeito à sua personalidade, colocando-a como eixo da escola e como centro de gravidade da educação. Os autores dizem que se voltarmos nosso olhar para o presente e focalizarmos os discursos sobre formação de professores, perceberemos a permanência de muitos princípios disseminados no seio do escolanovismo. Há muito pouco tempo o Construtivismo Pedagógico era entendido como a versão mais bem acabada da ciência pedagógica aqui no Brasil
  • 3. redundando em sua utilização como teorização privilegiada quando da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, dando identidade a projetos pedagógicos de escolas, a cursos de formação inicial e continuada de professores, de certo modo funcionando como lentes capazes de nos possibilitar enxergar as crianças como elas verdadeiramente são. Segundo Coutinho e Sommer, uma das máximas do construtivismo pedagógico tinha a ver com a afirmação de que a educação tem por objetivo promover a autonomia e que tal horizonte se conseguiria atingir a partir da consideração de que o desenvolvimento dos alunos é um processo biopsicosocial, o que colocava essa teorização como herdeira da noção de cientificidade desenvolvida dentro da Escola Nova. Os autores afirmam que se tomarmos como exemplo a legislação brasileira que normatiza os processos de formação de professores para a educação básica, é possível perceber a permanência de muitas das máximas de discursos: Um exemplo é a Resolução CNE/CP14 Nº1, publicada em 2002, que institui diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores. Essa norma incorpora elementos do discurso do professor reflexivo, na medida em que determina como orientação para a aprendizagem “o princípio metodológico geral [...] [da] ação-reflexão-ação”. Ademais, o discurso do professor-pesquisador também é contemplado, ao assumir como uma de suas orientações principais “o aprimoramento em práticas investigativas” e “a pesquisa com foco no processo de ensino e de aprendizagem”. Para os autores, a referida resolução incorpora e funciona como vetor do discurso das competências, e o grande eixo estruturante das Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores é, portanto, a pedagogia das competências. Coutinho e Sommer dizem ainda que o ponto que querem destacar – para além das conexões inequívocas que existem entre os discursos atuais sobre formação de professores e o escolanovismo – tem a ver com as seguintes interrogações: Será que não estamos presenciando uma intensificação da educação como arte de governar na formação de professores atuais? A pedagogia das competências, e o modelo de professor a ela vinculado não seria uma clara expressão desta intensificação? Para complementar esse raciocínio, argumentam que se focarmos a efetividade da pedagogia das competências no Brasil, é inegável que ela se estrutura como uma bem acabada estratégia de controle e regulação da formação de professores atual, assumida pelo Estado, e inclusive incorporando elementos dos discursos dominantes do professor reflexivo e do professor-pesquisador.
  • 4. Os teóricos elucidam que em termos foucaultianos, podemos ver em ação técnicas performativas que o docente deve aplicar sobre si mesmo, que é aquilo que Foucault denominou de tecnologias do eu . E que podemos significar o predomínio da pedagogia das competências como o estabelecimento de um “novo” regime do eu para os docentes contemporâneos. Regime do eu no qual cada docente se localiza à medida que efetua um balanço pessoal, presta contas (confessa suas verdades), assume sua formação como autoformação, mobilizada por uma prática reflexiva. Em uma expressão, age sobre si mesmo. Coutinho e Sommer finalizam o artigo sob o argumento de que se tomarmos governo enquanto condução da conduta, conforme expresso por Foucault no célebre texto O sujeito e o poder, desde sempre educar é governar, e ao professor que educa cabe apropriar-se de um determinado conjunto de saberes e práticas que, entre outros aspectos, medeiam a relação que cada um estabelece consigo mesmo (self-government) de modo a direcionar sua própria conduta como docente. Por extensão, qualquer processo de formação de professores se estrutura como uma relação de poder, é da ordem do governo, da condução de condutas e o qualifica a conduzir outras condutas. Sem dúvida esse é um artigo que nos leva a pensar sobre outras formas de ver a formação docente. Difícil é nos desapegarmos desses discursos já tão arraigados na nossa prática profissional cotidiana.
  • 5. MACHADO, Lucília Regina de Souza . Diferenciais inovadores na formação de professores para a educação profissional. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 1, p. 8-22, 2008. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/rev_brasileira.pdf> . Acesso em 09jun.2013. Doutora em Educação e Coordenadora do Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA (Belo Horizonte). A autora inicia o artigo comentando as metas 7 e 8 do item 7.3 do Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172, de 9 janeiro de 2001) que estabeleceu diretrizes e metas para a formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação, no prazo de dez anos. Diz a meta 7: “Modificar, dentro de um ano, as normas atuais que regulamentam a formação de pessoal docente para essa modalidade de ensino, de forma a aproveitar e valorizar a experiência profissional dos formadores”. Para Machado, não há clareza na extensão dessas modificações. Já a meta 8: “Estabelecer, com a colaboração entre o Ministério da Educação, o Ministério do Trabalho, as universidades, os Cefets, as escolas técnicas de nível superior, os serviços nacionais de aprendizagem e a iniciativa privada, programas de formação de formadores para a educação tecnológica e formação profissional”. Segundo a autora esta modificação não seria muito significativa, já que reitera a norma atual de formar professores para a educação profissional e tecnológica por meio de programas especiais. Machado explica-nos que a Setec/MEC, por intermédio do Departamento de Políticas e Articulações Institucionais, constituiu um grupo de trabalho (GT) para sistematizar as questões referentes ao diagnóstico e às propostas de alternativas. A formação deste GT (Formação de Professores para a Educação Profissional e Tecnológica) expressa o compromisso assumido pela Setec quando da realização do evento “Simpósio Educação Superior em Debate: Formação de Professores para a Educação Profissional e Tecnológica”, realizado em setembro de 2006 por esta Secretaria e pelo Inep. Em 2007, o GT reuniu-se em Brasília e em São Luís com a participação de representantes da Setec, Cefet/pelotas, Concefet e Cefet/Roraima, Senac/São Paulo, Anfope, Centro Universitário UMA, Sinasefe, Cefet/Minas Gerais, Cefet/Maranhão, Cefet/Campos, UTFPR. Portanto, seu artigo busca apresentar aspectos considerados fundamentais das considerações, indicações e recomendações que foram feitas nestas duas reuniões. Inicialmente, Machado discute o histórico, ainda que sucinto, da formação de professores para a educação profissional, destacando que a falta de concepções teóricas
  • 6. consistentes e de políticas públicas amplas e contínuas tem caracterizado, historicamente, as iniciativas de formação de docentes especificamente para a educação profissional, no Brasil. Destaca que o começo dessas iniciativas deu-se com a criação da Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Brás, em 1917. Dentro desse histórico que a autora traz, é interessante destacar que em virtude da carência de professores de ensino técnico habilitados em nível superior, o MEC criou, em meados da década de sessenta, cursos emergenciais: esquema I e esquema II. O Esquema I que era voltado à complementação pedagógica de portadores de diploma de nível superior; e o esquema II, para técnicos diplomados e incluíam disciplinas pedagógicas do Esquema I e as de conteúdo técnico específico. Mais tarde, em 1977, a Resolução nº 3 do CFE instituiu a licenciatura plena para a parte de formação especial do 2º grau, fixando currículo mínimo e determinando que as instituições de ensino que ofertassem os Esquemas I e II os transformassem em licenciaturas. Contudo, Machado argumenta que 30 anos depois não se generalizou a licenciatura e pouco sucesso se obteve com relação à implantação dessa licenciatura. Após o escorço histórico, a autora passa tratar das licenciaturas para a educação profissional, destacando que a carência de pessoal docente qualificado tem se constituído num dos pontos nevrálgicos mais importantes que estrangulam a expansão da educação profissional no país. Ressalta que há, hoje, ofertas formativas diversificadas de formação de docentes para este campo, mas são muito reduzidas considerando o potencial de demanda e poucar são as iniciativas de cursos de licenciatura. Apesar disso, as licenciaturas têm sido apontadas como absolutamente essenciais por serem o espaço privilegiado da formação docente inicial e pelo importante papel que podem ter na profissionalização docente, para o desenvolvimento de pedagogias apropriadas às especificidades da educação profissional, o intercâmbio de experiências no campo da educação profissional, o desenvolvimento da reflexão pedagógica sobre a prática docente nesta área, o fortalecimento do elo entre ensino-pesquisa-extensão, pensar a profissão, as relações de trabalho e de poder nas instituições escolares, a responsabilidade dos professores etc. Neste sentido, a autora esclarece que as exigências com relação ao perfil dos docentes da educação profissional estão mais elevadas, porque o padrão da escola-oficina está superado. Hoje, os professores da educação profissional enfrentam novos desafios relacionados às mudanças organizacionais que afetam as relações profissionais, aos efeitos das inovações tecnológicas sobre as atividades de trabalho e culturas profissionais, ao novo papel que os sistemas simbólicos desempenham na estruturação do mundo do trabalho, ao aumento das
  • 7. exigências de qualidade na produção e nos serviços, à exigência de maior atenção à justiça social, às questões éticas e de sustentabilidade ambiental. Por tudo isso, Lucília Machado chama a atenção para o perfil docente a ser formado para a Educação Profissional. Segundo a autora, esse perfil necessita de estar alicerçado em bases científicas, nos conceitos e princípios das ciências da natureza, da matemática e das ciências humanas, presentes nas tecnologias e que fundamentam suas opções estéticas e éticas e seu campo de atuação. Precisa, ainda, estar apoiado em bases instrumentais relativas a linguagens e códigos, que permitem ler e interpretar a realidade e comunicar-se com ela, habilidades mentais, psicomotoras e de relacionamento humano. Ademais, o professor da educação profissional deve ser capaz de permitir que seus alunos compreendam, de forma reflexiva e crítica, os mundos do trabalho, dos objetos e dos sistemas tecnológicos dentro dos quais estes evoluem; as motivações e interferências das organizações sociais pelas quais e para as quais estes objetos e sistemas foram criados e existem; a evolução do mundo natural e social do ponto de vista das relações humanas com o progresso tecnológico; como os produtos e processos tecnológicos são concebidos, fabricados e como podem ser utilizados; métodos de trabalho dos ambientes tecnológicos e das organizações de trabalho. Definido o perfil, Machado passa a demonstrar as propostas de cursos de licenciatura destinados à formação inicial de docentes para e educação profissional. São quatro as propostas: I) Curso de licenciatura para graduados – com carga horária mínima global de 1.200 horas, estrutura curricular pedagógica dividida em 800 horas de formação didático-pedagógica e 400 horas de estágio pedagógico supervisionado, habilitados para docência em: cursos técnicos de nível médio e cursos superiores de graduação tecnológica; com docência de Docência apenas dos conteúdos profissionais, no âmbito das bases tecnológicas do seu conhecimento; tendo como vantagens para os formandos o fato de poderem atuar em profissões regulamentadas, com responsabilidade técnica pela docência e o curso poder se equivaler a um curso de especialização; II – Curso de licenciatura integrado com o curso de graduação em tecnologia com carga horária mínima global de 4000 horas, estrutura curricular pedagógica dividida em 2400 horas, 2000 horas ou 1600 horas de educação tecnológica e 800 horas de formação didático-pedagógica, 400 horas de estágio pedagógico supervisionado, 400 horas de estágio profissional específico; habilitados para docência em: cursos técnicos de nível médio; com docência apenas dos conteúdos profissionais, no âmbito das bases tecnológicas do seu conhecimento; tendo como vantagens para os formandos a existência de economia de carga
  • 8. horária graças ao currículo integrado (possível economia máxima de carga horária pela integração: 400 horas). III - Curso de licenciatura para técnicos de nível médio ou equivalente - com carga horária mínima global de 2400 horas, estrutura curricular pedagógica dividida em 800horas – parte técnica e de conhecimentos gerais da educação básica, 800 horas de formação didático-pedagógica, 400 horas de estágio pedagógico supervisionado, 400 horas de estágio profissional específico; habilitados para docência em: cursos técnicos de nível médio; com docência apenas dos conteúdos profissionais, no âmbito das bases tecnológicas do seu conhecimento; tendo como vantagens para os formandos a valorização de seus conhecimentos e de suas experiências de curso técnico de nível médio. IV – Curso de licenciatura para concluintes do ensino médio - com carga horária mínima global de 3200 horas, estrutura curricular pedagógica dividida em 1200 horas de conteúdo técnico específico, 800 horas de formação didático-pedagógica, 400 horas de revisão de conhecimentos da educação básica, 400 horas de estágio pedagógico supervisionado, 400 horas de estágio profissional específico; habilitados para docência em cursos técnicos de nível médio (referente a ocupações não regulamentadas em lei); com docência apenas dos conteúdos profissionais, no âmbito das bases tecnológicas do seu conhecimento; tendo como vantagens para os formandos a incorporação da formação do técnico de nível médio na modalidade subsequente. Na última parte do texto, a autora trata das questões gerais sobre a organização curricular e pedagógica das licenciaturas para e educação profissional. Salienta que como todo currículo escolar, o conjunto dos conteúdos da formação dos professores para a educação profissional, em quaisquer das modalidades de licenciatura acima expostas, não deve ser constituído simplesmente de uma agregação, mas ordenado, organizado e articulado segundo finalidades a serem alcançadas. Por isso, é importante realizar estudos e pesquisas sobre os conteúdos do processo de ensino-aprendizagem da tecnologia e sobre a organização desses conteúdos tomando-se em conta sua especificidade. Machado enfatiza ainda que alguns temas podem ser tratados de forma transversal; os conteúdos específicos do campo tecnológico devem levar em conta as bases epistemológicas, sociológicas, políticas, psicológicas e didáticas próprias da área; e que tais conteúdos correspondem a complexos tecnológicos que envolvem aspectos da realidade natural e social implicados na atividade humana do trabalho, transpostos para outro contexto de trabalho, o educacional, alicerçados em sólidas bases científicas e nas especificidades dos saberes profissionais. Conclui o artigo afirmando que na formação dos docentes para a educação profissional é fundamental trabalhar diferentes formas de realização da transposição didática dos
  • 9. conteúdos específicos, por isso se prevê proporcionar a maior proximidade possível do processo de ensino aprendizagem com o contexto social e das relações do trabalho garantindo uma ampla base científico-tecnológica e a articulação entre teoria e atividades práticas. De fato, Machado nos vai ver o quanto ainda precisa ser feito em relação a questão da formação docente para educação profissional, especialmente, hoje, em que se assiste ao processo de expansão e interiorização da mesma. Indubitavelmente, esse é um artigo que auxilia bastante na compreensão sobre o que pode ser feito nessa área de formação docente e como pode ser feito.