SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 56
Baixar para ler offline
CEETEPS
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
APOSTILA DE HIGIENE OCUPACIONAL
Professor:
Flávio Amorim Gomes de Araújo
VERSÃO 03
FEVEREIRO / 2008
Página 2 de 56
INTRODUÇÃO
O Técnico em Segurança do Trabalho (TST) tem um campo muito amplo de atuação, não só por poder atuar nos
mais diversos tipos de atividades econômicas, principalmente nas industrias de transformação, mas também por
atuarem, mesmo que numa determinada atividade econômica, em todas as áreas possíveis e com os mais
diferentes níveis hierárquicos.
Nesta diversificação de atuação o TST tem uma missão muito importante, em conjunto com os demais
componentes do SESMT e outros profissionais afins, que é o de antecipar e controlar os riscos originados nos
ambientes de trabalho. Neste foco de atuação está a Higiene Ocupacional, ciência que cuida do ambiente de
trabalho para prevenir doenças ou lesões nos trabalhadores, provenientes de atividades em ambientes de
trabalho com calor, ruído, vibração, manuseio de substâncias químicas, bioaresóis, agrotóxicos, etc. É uma
especialização de importância crescente, pois a conscientização de que o ambiente de trabalho não deve causar
danos à saúde do trabalhador tem se imposto, infelizmente, à custa de muitas vidas. Segundo a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) quase 2 em cada 3 trabalhadores no mundo inteiro estão expostos à substâncias
químicas, estimando-se que 1,5 a 2 bilhões de pessoas são afetadas.
Os trabalhadores podem encontrar no ambiente de trabalho, devido à inalação de ar impróprio, situações muito
perigosas. Por exemplo, respirar ar contaminado acima da chamada concentração Imediatamente Perigosa a
Vida ou à Saúde (IPVS) (por exemplo: 1.500 ppm de monóxido de carbono; 50.000 ppm de gás carbônico, 500
ppm de gás sulfídrico) produzem efeitos agudos irreversíveis à saúde, ou até morte imediata, dependendo das
circunstâncias. Inalar ar com deficiência de oxigênio produz as mesmas consequências quando a concentração
do O2 no ar cai abaixo de 12,5%, ao nível do mar (significa que a pressão parcial de O2 no ar é menor que 95 mm
de Hg), isto é, o ambiente também é considerado IPVS. Nestes casos a vítima perde a coordenação motora, tem
a sua capacidade de julgamento muito reduzida e ocorrem lesões irreversíveis no coração e se não for resgatada
imediatamente morrerá em alguns minutos. Mesmo resgatada, apresentará problemas de saúde pelo resto da
vida, devidos as lesões cerebrais e no músculo cardíaco.
Devido à sua abrangência podem trabalhar com Higienista Ocupacional profissionais das mais diversas áreas do
conhecimento (médicos do trabalho, enfermeiras do trabalho, físicos, biólogos, psicólogos e engenheiros
químicos, etc.).
O título de Higienista Ocupacional é dado hoje num curso de pós-gradução, oferecido a profissionais de formação
superior em outras ciências correlatas, principalmente aos Engenheiros de Segurança do Trabalho e Médicos do
Trabalho. Há também um órgão específico no Brasil para este tipo de profissional, a Associação Brasileira de
Higienista Ocupacional – ABHO e ainda destacamos a ACGIH – American Conference of Governmental Industrial
Hygyenists, órgão corresponde no EUA.
Neste módulo do curso, você futuro Técnico em Segurança do Trabalho, poderá iniciar o aprendizado nesta
ciência e visualizar o seu papel, também de fundamental importância na prevenção dos riscos ambientais.
Fevereiro de 2008.
Flávio Amorim Gomes Araújo
Página 3 de 56
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 02
ÍNDICE 03
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 04
UNIDADES DE MEDIDAS MAIS UTILIZADAS E SUAS PRINCIPAIS CONVERSÕES 05
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO A HIGIENE OCUPACIONAL 07
1. CONCEITOS INICIAIS 07
2. FASES DA HIGIENE OCUPACIONAL 07
3. AGENTES AMBIENTAIS 07
4. INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 08
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL 09
6. VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO 10
7. MEDIDAS DE CONTROLE 10
8. PROCESSOS TRABALHISTAS 10
CAPÍTULO II AGENTES FÍSICOS 11
1. RUÍDO 11
2. VIBRAÇÃO 28
3. PRESSÕES ANORMAIS 31
4. TEMPERATURAS EXTREMAS 32
4.1. CALOR 32
4.2. FRIO 36
5. RADIAÇÕES 38
5.1. RADIAÇÃO IONIZANTE 38
5.2. RADIAÇÃO NÃO-IONIZANTES 40
6. UMIDADE 41
CAPÍTULO III AGENTES QUÍMICOS 42
1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES 42
2. AERODISPERSÓIDES 43
3. GASES E VAPORES 44
4. ESTUDO DE ALGUNS AGENTES QUÍMICOS 44
5. CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS 45
6. LEGISLAÇÃO PERTINENTE 45
7. AVALIAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS 46
CAPÍTULO IV AGENTES BIOLÓGICOS 54
1. INTRODUÇÃO 54
2. LEGISLAÇÃO PERTINENTE 54
3. AVALIAÇÃO DOS AGENTES BIOLÓGICOS 54
4. MEDIDAS DE CONTROLE 54
5. EFEITOS A SAÚDE 55
SUGESTÕES DE SITES PARA CONSULTA 56
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 56
Página 4 de 56
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAF – Análise de Árvore de Falhas
ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygyenists
AFT – Auditor Fiscal do Trabalho
AIHA – American Industrial Hygiene Association
AMFE – Análise de Modos de Falhas e Efeitos
ARF – Análise de Risco de Função
ART – Análise de Risco de Tarefa
ASHRAE – Amercian Society of Heating Refrigerating and Air Conditioning Engineers
ASTM – American Society dor Testing Materials
BSI – British Standards Institution
CANPAT – Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho
CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho
CB – Corpo de Bombeiros
CCOHS – Canadian Centre for Occupational Health and Safety
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear
CPP – Código de Processo Penal
DSST – Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho
DRT – Delegacia Regional do Trabalho
EPA – Environmental Protection Agency
EPI – Equipamentos de Proteção Individual
EUA – Estados Unidos da América
FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho
HSE – Health and Safety Executive
IDLH – Immediate Dangerous to Life and Heath (concentração imediatamente perigosa à vida)
IEC – International Electrotechnical Commission
IMD – International Institute for Management Development
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
INRS – Institut National de Recherche et de Sécurité
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
ISSO – International Standart Organization
LTCAT – Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
NHO – Norma de Higiene Ocupacional (emitida pela Fundacentro)
NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health (EUA)
NIS – Nível de Intensidade Sonora
NPS – Nível de Pressão Sonora
NR – Norma Regulamentadora
NRR – Noise Reduction Rate (Nível de Redução do Ruído)
NRRsf – Noise Reduction Rate – self feet
OSHA – Occupational Safety and Health Administration (EUA)
OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series
OIT – Organização Internacional do Trabalho
OMS – Organização Mundial da Saúde
PAIR – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído
PAT – Programa de Alimentação do Trabalho
PIB – Produto Interno Bruto
PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário
SI – Sistema Internacional de Medidas
SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
SIT – Secretaria de Inspeção do Trabalho
SSO – Segurança e Saúde Ocupacional
STEL – Short Temperature Exposure Limit (limite de exposição para curta duração 15’ para 4 vezes ao
dias com intervalos mínimos de 60’)
SUS – Serviço Único de Saúde
TLV – Threshold Limit Value
TLV-C – Threshold Limit Value – Ceiling (valor teto)
TWA – Time Weighted Average (média ponderada no tempo para 8h/dia)
Página 5 de 56
UNIDADES DE MEDIDAS MAIS UTILIZADAS E SUAS PRINCIPAIS CONVERSÕES
UNIDADES DE PESO
1 t = 1000 kg
1 kN = 101,97 kg
1 lb = 0,45 kg = 453,59 g
1 kg = 1000 g
1 g = 10
2
cg = 10
3
mg = 10
6
µg = 10
9
ng
1 onça = 0,03 kg = 28,35 g
1 gr(grão) = 0,06 g = 64,8 mg
UNIDADES DE COMPRIMENTO
1 km = 1000 m
1 m = 10 dm = 10
2
cm = 10
3
mm = 10
6
µm = 10
9
nm = 10
10
Å
1 nm = 10
-9
metro = 10 Å (Ångstroms)
NANOMETRO (nm): um nano ("anão") metro é 1 milionésimo de milímetro. Por exemplo: para atingir a
grossura de um cabelo, são necessários 100 mil deles (100nm).
Com a abreviação nm o nanometro é uma unidade de medida de grandezas muito pequenas.
1 Å = 0,10 nm
ÅNGSTROM (Å): unidade usada para medidas de comprimentos de onda de radiação eletromagnética.
Um Ångstrom equivale a um centésimo milionésimo de um centímetro, ou seja, 0,00000001 centímetros.
Este número tão pequeno também pode ser escrito como 1 x 10
-8
centímetros, se usarmos a chamada
notação científica. O Ångstrom é, realmente, uma unidade de medida bastante especial. Basta notarmos
que uma folha de papel tem a espessura de, aproximadamente, 1.000.000 de Ångstrons. Temos também
que 10.000 Ångstroms correspondem a 1 micron. Seu símbolo, Å, é uma homenagem ao físico sueco
Ångstrom.
1 dm = 0,1 m
1 cm = 0,01 m
MEDIDAS USADAS NOS EUA E INGLATERRA
1 mi (milha) = 1609,34 m = 1,61 km
1 ft (pé) = 304,8 mm = 30,48 cm = 0,3 m
1 mão = 101,6 mm = 10,16 cm
1 in (polegada – também é usual pol ou “) = 25,4 mm = 2,54 cm
1 linha = 2,12 mm
MEDIDA NÁUTICA
1 milha náutica = 1,85 km = 1852 m
MEDIDAS ASTRONÔMICAS
1 pc (parsec) = 30.856.778.570.831,27 km
parsec (p.c.): unidade de distância frequentemente usada na Astronomia para medir distâncias a estrelas
e galáxias. Ela é definida como a distância na qual um objeto celeste, como por exemplo, uma estrela,
teria uma paralaxe de um segundo de arco. O parsec corresponde a 206265 unidades astronomicas e a
3,26 anos-luz. Isto significa que um parsec = 3,085678 x 10
13
km = 3,08 x 10
18
cm.
1 kiloparsec = 1 kpc = 1000 parsecs = 10
3
pc
1 megaparsec = 1 Mpc = 1 milhão de parsecs = 10
6
pc
1 ano-luz = 9.460.523.129.086,95 km
ano-luz (a.l.): unidade de distância usada na Astronomia. Ela corresponde à distância que a luz é capaz
de viajar durante um ano no vácuo. Um ano-luz equivale a 9460530000000 km (aproximadamente 9500
bilhões de quilômetros!). Usando a notação científica, escrevemos que 1 ano-luz = 9,46053 x 10
12
km.
Em termos de unidades astronômicas (UA) um ano-luz é igual a 63239 UA. Um ano-luz também equivale
a 0,3066 parsecs. Em termos de paralaxe, um ano-luz coresponde a uma paralaxe de 3,259 segundos de
arco.
1 ae ou ua (unidade astronômica) = 149597828.68 km
unidade astronômica (u.a.): medida de distância usada em Astronomia. A unidade astronomica é definida
como a distância média entre a Terra e o Sol. Uma unidade astronômica equivale a 149597870,691 km.
Em geral consideramos que a distância aproximada entre a Terra e o Sol (ou seja, uma unidade
astronômica) é igual a 150 milhões de quilômetros, aproximadamente 500 segundos-luz. Um feixe de luz
leva aproximadamente 8,3 minutos para viajar uma unidade astronomica.
Página 6 de 56
UNIDADES DE TEMPERATURA
1ºK (kelvin) = - 271,87ºC
1ºF (fahrenheit) = - 17,22ºC
1ºR (reaumur) = 1,25ºC
1 Rankine = - 271,9
UNIDADES DE ÁREA
1 km
2
= 10
6
m
2
= 100 ha
1 ha (hectare) = 104 m
2
1 m
2
= 10
2
dm
2
= 10
6
mm
2
= 10
12
m
2
= 10
18
nm²
UNIDADES DE ÁREA – EUA / INGLATERRA
1 município = 93,24 km
2
1 granja = 0,65 km
2
= 647496,87 m
2
1 acre = 4046,85 m
2
1 quadrado = 9,29 m
2
1 ft
2
= 0,09 m
2
= 92903,04 m
2
1 in
2
= 645,16 m
2
UNIDADES DE ENERGIA
1 kWh = 3599999.71 J
1 pé-libra = 1,36 J
1 kcal = 4186,8 J = 1000 cal
1 cal = 4,19 J
1 J = 6241506000000000000 eV = 6,241506 1x 10
18
Elétron-Volt (e.V.): é a energia adquirida por um elétron quando acelerado através de uma diferença de
potencial de 1 volt. Unidades muito usada pelos físicos de partículas elementares:
(keV): 1 keV = 10
3
e.V.; (MeV): 1 MeV = 10
6
e.V.; (GeV): 1 GeV = 10
9
e.V.; (TeV): 1 TeV = 10
12
e.V.
UNIDADES DE PRESSÃO
1 bar = 10
5
Pa = 1,02 kg/cm
2
= 10197,16 kg/m
2
= 10,2 mH2O = 0,99 atm
1 kg/cm
2
= 0,1 MPa = 0,98 bar = 10000 kg/m
2
= 98066,52 Pa = 10 mH2O = 0,97 atm
1 kg/m
2
= 9,81 Pa
1 Mpa = 10
6
Pa
1 Pa = 0,1 kg/m
2
1 mH2O = 0,01MPa = 0,1bar = 0,1kg/cm
2
= 9,81kPA = 999,97kg/m
2
= 9806,38Pa = 39,37inH2O = 100cmH2O =
0,1atm
UNIDADES DE VELOCIDADE
1 km/s = 1000 m/s = 3600 km/h = 1943,85 knot(nó) = 0,62 milha/s = 3280,84 pé/s = 1943,85 nó
1 m/s = 3,6 km/h = 2,24 milha/h = 3,28 pá/s = 1,94 nó
1 km//h = 0,28 m/s = 0,62 milha/h = 0,91 pé/s = 0,54 nó
1 nó = 0,51 m/s = 1,85 km/h = 1,15 milha/h = 1,69 pé/s
1 ano = 12 meses = 52 semanas = 635,25 dias = 8766 horas = 525960 minuto
1 minuto = 60 segundos
1 segundo = 10
3
ms = 10
3
µm = 10
9
nm
UNIDADES DE VOLUME
1 km
3
= 10
9
m
3
1 m
3
= 1000 l = 1000000ml = 6,11 barril = 28,38 bu(alqueire) = 113,51 pk(bique) = 227,02 gal(galão) = 908,08
qt(quarto) = 1816,17 pt(quartilho) = 1,31 yd
3
(terreno cúbico) = 8,65 barril = 35,31 ft
3
(pé cúbico)
1 litro = 1 dm
3
= 1000 cm
3
= 1000 ml = 1000000 mm
3
= 0,01 barril = 0,03 bu(alqueire) = 0,04 ft
3
= 0,23 gal = 66,67
colheres de sopa = 200 colheres de chá = 4,23 xícaras
1 ml = 1 cm
3
= 1000 mm
3
= 1000 µl = 0,07 colheres de sopa = 0,2 colheres de chá
UNIDADES DE TAMANHO ANGULAR
GRAU (...
o
): o tamanho de um objeto no céu pode ser medido pelo ângulo que ele cobre quando visto da Terra. O
círculo inteiro tem 360 graus.
MINUTO DE ARCO (...'): um minuto de arco é 1/60 de um grau. O diametro da Lua cheia é aproximadamente 1/2
grau ou seja, 30 minutos de arco.
SEGUNDO DE ARCO (..."):um segundo de arco é 1/60 de um minuto de arco ou então 1/3600 de um grau.
Página 7 de 56
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO A HIGIENE OCUPACIONAL
1. CONCEITOS INICIAIS
ACIDENTE DO TRABALHO: Decreto-Lei nº 79.037, de 24/12/76 – Regulamento do Seguro de Acidentes
do Trabalho. Artigo 2º - Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou a perda, permanente
ou temporária, da capacidade para o trabalho. Do ponto de vista prevencionista, entretanto, essa definição
não é satisfatória, pois o acidente é definido em função de suas conseqüências sobre o homem, ou seja,
as lesões perturbações ou doenças. Visando a sua prevenção, o acidente do trabalho, deve ser definido
como “qualquer ocorrência que interfere no andamento normal do trabalho”, mesmo que não cause lesão.
DOENÇA OCUPACIONAL: também pode ser chamada de doença do trabalho ou doença profissional.
Equipara-se ao acidente do trabalho. É causada geralmente por um agente ambiental agressor. Suas
lesões são muitas vezes de difícil percepção, por serem mediatas. Daí a importância de um PCMSO eficaz
e os exames médicos periódicos. Exemplos: surdez, pneumoconioses, lombalgia.
HIGIENE OCUPACIONAL: é a ciência que visa à antecipação (prevenção), reconhecimento, avaliação,
monitoramento e controle dos agentes ambientais presentes ou originados nos ambientes de trabalho, que
podem prejudicar a saúde e o bem estar dos trabalhadores e/ou comunidade.
Higiene Ocupacional é um conjunto de ciências e tecnologias que buscam a prevenção e o controle da
exposição ocupacional aos riscos ambientais. Sua ação é de caráter multidisciplinar e seu objetivo básico
envolve a identificação, o estudo, as avaliações e o gerenciamento dos riscos químicos, físicos e biológicos
presentes nos locais de trabalho.
2. FASES DA HIGIENE OCUPACIONAL
ANTECIPAÇÃO: identifica os riscos que poderão ocorrer, no ambiente de trabalho, ainda na fase de
projeto, instalação, ampliação, modificação ou substituição de equipamento ou processos prevendo os
riscos futuros. Esta etapa é qualitativa, podendo estar associada ao tipo de trabalho executado através das
técnicas modernas de análise de riscos;
RECONHECIMENTO: preocupa-se com os riscos presentes, avaliando profundamente o processo,
matérias primas, produtos intermediários e finais, condições de processo, métodos de trabalho e
equipamentos. Esta etapa é qualitativa, podendo estar associada ao tipo de trablaho executado na
elaboração do PPRA, mapa de riscos ambientais ou técnicas modernas de análise de riscos;
AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO: a NR-15 está relacionada diretamente com esta etapa, que se destina
a quantificar, periodicamente, os agentes agressivos identificados nas fases anteriores, utilizando, para
isso, intrumentação e metodologias adequadas que possam concluir se a exposição do trabalhador
encontra-se acima dos limites de tolerância estabelecidos;
CONTROLE E MELHORIA CONTÍNUA: após a avaliação é importante que se estabeleçam procedimentos
necessários para garantir que o agente não chegue a valores mais agressivos, nesta fase deve-se também
procurar a melhoria do processo a fim de se identificar valores ainda menos agressivos, devendo termos
em mente sempre os princípios de controle, em primeiro lugar o controle na fonte, depois o controle na
trajetória, em último caso o controle no trabalhador.
3. AGENTES AMBIENTAIS
São os riscos presentes nos locais de trabalho, capazes de afetar a saúde do trabalhador, devido à
presença de agentes físicos, químicos, biológicos, mecânicos ou ergonômicos.
A Portaria nº 25 de 29/12/94 alterou o texto da NR-09 e criou o PPRA, que na sua redação define:
AGENTES NOCIVOS: item 9.1.5 da NR-9: consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e
biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
AGENTES FÍSICOS: item 9.1.5.1: consideram-se agentes físicos, diversas formas, de energia a que
possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas
extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes bem como o infra-som e ultra-som.
AGENTES QUÍMICOS: item 9.1.5.2.: consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, na forma de poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.
AGENTES BIOLÓGICOS: item 9.1.5.3.: consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos,
parasitas, protozoários, vírus, entre outros.
Página 8 de 56
4. INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE
4.1. DEFINIÇÕES
INSALUBRE (dicionário médico): doentio, enfermo, prejudicial à saúde, nocivo;
INSALUBRIDADE: inadequado a vida;
PERICULOSIDADE: condição em que se coloca aquilo ou aquele que contribui ou oferece perigo perante
as leis;
PERIGOSO: em que há perigo, que causa ou ameaça perigo; que envolve periculosidade.
4.2. DEFINIÇÃO LEGAL – LEI 6.514 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977, NO SEU CAPÍTULO V, SEÇÃO XII
INSALUBRIDADE: “Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima
dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos".
PERICULOSIDADE: “Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, ..., aquelas que, por
natureza ou método de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis com inflamáveis ou
explosivos em condições de risco acentuado.”
4.3. GRAUS DE INSALUBRIDADE
GRAU MÁXIMO: 40% sobre o salário mínimo;
GRAU MÉDIO: 20% sobre o salário mínimo;
GRAU MÍNIMO: 10% sobre o salário mínimo.
Quando a avaliação for qualitativa a caracterização se dará através da elaboração de laudo técnico pericial
elaborado por Eng.Segurança ou Médico do Trabalho, conforme determina o Artigo 195 da CLT.
Estes valores não podem ser cumulativos e devem incidir sobre horas extras, adicional noturno, FGTS e
cálculos recisórios, não sendo obrigatório sobre premiações e participações no lucro da empresa.
RESUMO DOS ANEXOS DA NR-15
ANEXO Nº AGENTE NOCIVO GRAU DE INSALUBRIDADE
01 RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE 20 %
02 RUÍDO DE IMPACTO 20 %
03 CALOR 20 %
04(revogado)
ILUMINAÇÃO (revogado pela Portaria 3.751 de
23.11.90.)
20 % (revogado pela Portaria 3.751
de 23.11.90.)
05 RADIAÇÃO IONIZANTE 40 %
06 CONDIÇÕES HIPERBÁRICAS 40 %
07 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES 20 %
08 VIBRAÇÕES 20 %
09 FRIO 20 %
10 UMIDADE 20 %
11 AGENTES QUÍMICOS (via respiratória) 10 %, 20 % e 40 %
12 POEIRAS MINERAIS 40 %
13 AGENTES QUÍMICOS (específicos) 10 %, 20 % e 40 %
14 AGENTES BIOLÓGICOS 20 % e 40 %
4.4. GRAU DE PERICULOSIDADE
30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos
lucros da empresa.
4.5. TRABALHO DO MENOR
A idade mínima para o trabalho é de 16 anos, conforme Emenda Constitucional de 15/12/1998. Para as leis
trabalhistas, dos 16 aos 18 anos, o menor é relativamente incapaz, necessitando de assistência dos pais.
O inciso XXXIII do artigo 7º da Constituição Federal/1998 proibe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre
aos menores de 18 anos.
O inciso I do Art.405 da CLT proíbe o trabalho do menor em locais insalubres e perigosos, dando mais
detalhes e apresenta um quadro com os locais e serviços considerados perigosos ou insalubres para
menores de 18 anos.
Página 9 de 56
4.6. ELIMINAÇÃO DA INSALUBRIDADE
LEI 6.514 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977, NO SEU CAPÍTULO V, SEÇÃO XII
Art. 191. “A eliminação ou a neutralização da Insalubridade ocorrerá:
I. Com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos Limites de Tolerância;
II. Com a utilização de equipamentos de proteção individual pelo trabalhador, que diminuam a intensidade do
agente agressivo a limites de tolerância."
PORTARIA 3.214 DE 08 DE JUNHO DE 1978 – NR 15
Item 15.4.1. “A eliminação ou a neutralização da Insalubridade ocorrerá: a) com a adoção de medidas de ordem
geral que conservem o ambiente de trabalho dentro do LT; b) com a utilização de EPI”.
5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL
5.1. TIPOS DE AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA: na avaliação quantitativa você conseguir mensurar o valor do agente
agressor, normalmente através de instrumentos de medições. É importante a adoção de critérios, para
todos os agentes existe metodologia devidamente estabelecida em legislação ou normas, nacionais ou
internacionais.
AVALIAÇÃO QUALITATIVA: na avaliação qualitativa você apenas reconhece o agente presente no
ambiente, mas não consegue estabelecer um valor.
5.2. LIMITE DE TOLERÂNCIA (LT)
É a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição
ao agente, que não causará risco de dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral.
A legislação brasileira é omissa na definição de alguns LT, principalmente para alguns produtos químicos,
ficando a dúvida sobre que valor utilizar, no entanto com a última revisão na NR-09 (PPRA), no seu item
9.3.5.1, fica claro a possibilidade de utilização de outras normas internacionais (ACGIH, NIOSH, etc),
apenas para os casos de inexistência de LT na legislação brasileira. Para isso deve constar no laudo
técnico a referida norma, bem como a metodologia e outras informações pertinentes.
5.3. VALOR TETO (VT)
É o valor que não pode ser ultrapassado em hipótese alguma sobre risco iminente a saúde do trabalhador.
5.4. NÍVEL DE AÇÃO (NA)
É o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que
as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o
monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico.
Normalmente o NA equivale a 50% do LT.
5.5. NEXO CAUSAL
Procura comprovar a relação direta entre a doença e o exercício do trabalho. Para isso se faz necessário
verificar a eficácia da proteção fornecida pelo empregador, isto é, se as medidas adotadas efetivamente
eliminam, ou atenuam a exposição aos riscos ambientais de modo a impedir o surgimento de uma doença
ocupacional.
5.6. FATORES QUE INFLUENCIAM
DISTÂNCIA DA FONTE GERADORA
TEMPO DE CONCENTRAÇÃO / INTENSIDADE /
EXPOSIÇÃO NATUREZA DO RISCO
SENSIBILIDADE INDIVIDUAL
Página 10 de 56
6. VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO
CUTÂNEA: pode ser por contato direto da pele com o agente nocivo ou mesmo através de sua evaporação
e absorção pela pele.
DIGESTIVA: é uma via muitas vezes desconsiderada como perigosa nas empresas, no entanto deve-se
levar em conta a possibilidade de ingestão acidental ou mesmo uma dosagem errada de um medicamento,
por exemplo.
RESPIRATÓRIA: talvez seja a de mais difícil controle, especialmente no caso de agentes químicos.
7. MEDIDAS DE CONTROLE
NA FONTE: é sem dúvida a melhor forma de vir a controlar qualquer agente ambiental e deve ser sempre
a primeira opção de ação de controle.
NA TRAJETÓRIA: é uma forma alternativa de controle e deve ser utilizada quando não for possível
eliminar, atenuar ou controlar o agente na sua fonte de geração.
NO RECEPTOR: deve ser a última opção e só utilizada quando não houver outra medida para o controle
do agente ou numa situação provisória/emergência. Apesar de algumas vezes ser muito cômodo para
empregador a aplicação desta medida, no entanto é a medida que mais controle exige para a sua eficiente
aplicação, pois requer treinamento e disciplina do usuário, bem como um controle muito rígido no
equipamento de proteção, normalmente o mais usual é o EPI. Também requer um controle médico
eficiente (PCMSO), e adoção de outros programas de controle (PPRA, PGR, etc.), deixando a empresa e o
trabalhador vulneráveis, por não conseguir eliminar ou neutralizar o agente nocivo.
8. PROCESSO TRABALHISTA
8.1. RECLAMATÓRIAS TRABALHISTAS
O acidente de trabalho pode acarretar várias conseqüências jurídicas ao empregador, resultando, inclusive,
na indenização ou, até mesmo, numa ação criminal.
O direito do empregado reclamar judicialmente os adicionais de periculosidade e insalubridade prescreve
após dois anos da recisão do contrato de trabalho. O empregado (reclamante) poderá pleiteá-lo com
relação ao período máximo de cinco anos anteriores ao ingresso da reclamação na Justiça do Trabalho e
não no Ministério do Trabalho.
Além disso, indenizações devido a acidente de trabalho na área cível previdenciário, prescreve em 5 anos
(Lei 8213, de 1991, Artigo 104) e, as reparações civis (contra o empregador) prescrevem em 3 anos (art
206 § 3º, V do novo código civil brasileiro).
8.2. PERÍCIAS DO TRABALHO
A perícia relativa aos adicionais de risco poderá ocorrer após a demissão, o durante a vigência do contrato
de trabalho do reclamante com a reclamada. O perito é o engenheiro de segurança ou médico do trabalho
(Artigo 195 da CLT), autônomo, indicado pelo juiz do trabalho, e, portanto, a serviço da justiça do trabalho,
responsável pela elaboração do laudo técnico de insalubridade e periculosidade. Neste caso a perícia é
obrigatório, não podendo o juiz concluir por conta própria, o litígio em questão. O empregador poderá ter a
seu serviço os assistentes técnicos (engenheiro de segurança ou médico do trabalho), sendo funcionário
direto ou não da empresa que ficará responsável pelo laudo técnico de defesa.
A perícia deve ter especial atenção para os aspectos relevantes:
descrição das atividades, local de trabalho e equipamentos;
especificação dos riscos associados;
verificar cumprimento do PCMSO e PPRA;
avaliar os laudos ambientais quantitativos, caso necessário fazer avaliação no momento da perícia;
verificar EPI fornecidos, sua utilização, ficha de controle, CA – relação com agente agressor;
verificar registros de treinamentos, advertências relativas a SSO e outros documentos pertinentes –
acidentes, afastamentos, etc;
verificar se as atuais condições de trabalho são as mesmas da época do reclamante;
registrar com fotos o local periciado.
O Código de Processo Civil (CPC), através do Artigo 429, garante ao perito judicial ampla liberdade de
diligência, podendo ouvir testemunhas, solicitar documentos e produzir fotografias, no entanto sem expor a
reclamada de possíveis segredos industriais, etc. Devendo o perito ser imparcial, não devendo sensibilizar-
se por questões sócio-econômicas, também sendo vedado ao perito receber honorários diretamente de
qualquer das partes, devendo receber com depósito em juízo, devendo a parte sucumbente do processo,
arcar com os custos do mesmo.
Página 11 de 56
CAPÍTULO II AGENTES FÍSICOS
1. RUÍDO
1.1. CONCEITOS INICIAIS
1.1.1. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (NPS): a orelha humana é sensível a uma larga faixa de pressão sonora,
indo do limiar da audibilidade ao limiar da dor. O intervalo destes limites é da ordem de
100.000.000.000.000 de unidades, o que torna impossível trabalhar-se com escala linear na sua
quantificação. Para conseguir-se um valor de unidade mais compreensível, utiliza-se variação logarítmica,
cuja unidade é chamada decibel (dB). O valor de 1 decibel é a menor variação que a orelha humana pode
perceber, isto quer dizer que frações da unidade não são perceptíveis a orelha humana. Os limites de
audibilidade e da dor variam, em dB de 0 a 140.
1.1.2. RUÍDO DE FUNDO: a avaliação do ruído de fundo durante as medições também é importante na
determinação das fontes de ruído.
1.1.3. PROPAGAÇÃO COM OBSTÁCULOS: quando interpomos uma superfície no avanço de uma onda sonora,
esta se divide em várias partes: uma quantidade é refletida, a outra é absorvida e outra atravessa a
superfície (transmitida).
1.1.4. REFLEXÃO: quando a propagação de um trem de ondas é interrompida por uma superfície delimitadora do
meio elástico, ele volta ao meio primitivo, mudando sua direção.
1.1.5. ABSORÇÃO: é a propriedade de alguns materiais em não permitir que o som seja refletido por uma
superfície. A tabela a seguir mostra o Coeficiente de absorção "a" para alguns materiais.
Material
Espessura
[cm]
Freqüência [Hz]
125 250 500 1k 2k 4k
Lã de rocha 10 0,42 0,66 0,73 0,74 0,76 0,79
Lã de vidro solta 10 0,29 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85
Feltro 1,2 0.02 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85
Piso de tábuas de madeira sobre vigas 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07
Placas de cortiça sobre concreto 0,5 0,02 0,02 0,03 0,03 0,04 0,04
Carpete tipo forração 0,5 0,10 0,25 0,4
Tapete de lã 1,5 0,20 0,25 0,35 0,40 0,50 0,75
Concreto aparente 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03
Parede de alvenaria, não pintada 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,07
Vidro 0,18 0,06 0,04 0,03 0,03 0,02
Cortina de algodão com muitas dobras 0,07 0,31 0,49 0,81 0,61 0,54
1.1.6. REVERBERAÇÃO E TEMPO DE REVERBERAÇÃO: quando um som é gerado dentro de um ambiente
escuta-se primeiramente o som direto e, em seguida, o som refletido. No caso em que essas sensações se
sobrepõem, confundindo o som direto e o refletido, teremos a impressão de uma audição mais prolongada.
A esse fenômeno se dá o nome de reverberação. Se as paredes do local forem muito absorventes (pouco
reflexivas), o tempo de reverberação será muito pequeno, caso contrário ocorrerão muitas reflexões e o
tempo de reverberação será grande.
1.1.7. RESSONÂNCIA: é a coincidência de freqüências entre estados de vibração de dois ou mais corpos.
Sabemos que todo corpo capaz de vibrar, sempre o faz em sua freqüência natural. Quando temos um
corpo vibrando na freqüência natural de um segundo corpo, o primeiro induz o segundo a vibrar, dizemos
então que eles estão em ressonância.
Som Incidente
Som refletido
Som transmitido
Som absorvido
Onda refletida
Onda incidente
Ventres Nós
Página 12 de 56
1.1.8. CURVAS ISOFÔNICAS E OS CIRCUITOS DE COMPENSAÇÃO
A orelha humana não é igualmente sensível a todas as freqüências do espectro audível. É mais sensível na
faixa entre 2.000 Hz e 5.000 Hz e menos sensível para freqüências extremamente altas ou baixas. Assim
para avaliarmos a sensação auditiva ao ruído não é suficiente apenas à medida pura e simples da pressão
sonora, mas deve-se levar em conta também às freqüências que o compõe.
Os aparelhos eletrônicos usados nas aferições do ruído devem ter sensibilidade que variem com a
freqüência do mesmo modo que a orelha humana. Existem atualmente quatro padrões internacionais com
essa sensibilidade humana, são os denominados circuitos de compensação "A", "B", "C" e "D".
A escolha da resposta de freqüência nas Curvas de Compensação A, B, C ou D está relacionada à
capacidade de atenuação da orelha humana aos diversos níveis de ruído.
Sabe-se, entretanto, que somente o circuito de compensação "A" aproxima-se mais do comportamento da
orelha humana, sendo assim mais utilizado, conforme normas da OSHA, ACGIH, NR-15 e NHO-01.
1.2. O SOM
É uma vibração que se propaga pelo ar em forma de ondas e que é percebida pela orelha humana.
É um fenômeno vibratório resultante de variações da pressão no ar. Essas variações de pressão se dão
em torno da pressão atmosférica e se propagam longitudinalmente, à velocidade de 344 m/s para 20ºC.
Qualquer fenômeno capaz de causar ondas de pressão no ar é considerado uma fonte sonora. Pode ser
um corpo sólido em vibração, uma explosão, um vazamento de gás a alta pressão, etc.
Basicamente, todo som se caracteriza por três variáveis físicas: freqüência, intensidade e timbre.
Certas características do som o tornam audível e permitem diferenciar os diversos sons: altura, intensidade
e timbre.
1.2.1. ALTURA DO SOM
É a característica que permite a orelha humana, diferenciar os sons graves de sons agudos. A altura
depende, apenas, da freqüência; nas baixas freqüências, as partículas de ar vibram lentamente e
produzem sons graves, enquanto que, nas freqüências elevadas, as partículas vibram rapidamente e
produzem sons agudos.
1.2.2. FREQÜÊNCIA SONORA (f)
É a número de oscilações por segundo do movimento vibratório do som. Para uma onda sonora em
propagação, é o nº de ondas que passam por um determinado referencial num intervalo de tempo.
UNIDADE: hertz (Hz) é a quantidade de ondas de um som propagado no tempo de 1 segundo.
TIPOS: sons de baixa freqüência são chamados de graves e os de alta freqüência de agudo.
FAIXA AUDÍVEL DE FREQÜÊNCIAS: dentro da faixa audível, verificamos que a orelha percebe as
freqüências de uma maneira não linear. Experiências demonstram que a orelha humana obedece a Lei de
Weber, de estímulo/sensação, ou seja, as sensações como cor, som, odor, dor, etc., variam como o
logaritmo dos estímulos que as produzem. As vibrações sonoras são detectáveis quando a variação de
pressão do ar atinge valores de ordem de 2 x 10
-5
Pa, para freqüência em torno de 1.000 Hz.
A faixa de freqüência audível ou captada pela orelha humana varia de 20 a 20.000 Hz.
Quanto maior a freqüência, mais agudo é o som. Os sons com menos de 20 Hz são chamados de infra-
sons e os sons com mais de 20.000 Hz são chamados de ultra-sons. Esta faixa de freqüências entre 20 e
20kHz é definida como faixa audível de freqüências ou banda audível.
20 20.000
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
63 125 250 500 1 K 2 K 4 K 8 K
NíveisdeSomdB
Freqüências Hz
Faixa ou banda audível
Hz
Infra-sons Ultra-sons
Página 13 de 56
1.2.3. COMPRIMENTO DE ONDA (λλλλ)
É o espaço percorrido pela perturbação, até o ponto em que a partícula passe a repetir o movimento.
Também pode ser definido como a distância
correspondente a uma oscilação completa.
O comprimento de onda é representado por λ.
Chamando de λλλλ o comprimento de onda do som e V a
velocidade de propagação da onda, pode-se escrever:
V = λλλλ . f
Portanto, um som de 32 Hz tem uma onda de 10,63
m e, um som de 20.000 Hz tem um comprimento de
onda de 1,7 cm.
1.2.4. BANDAS DE OITAVAS
Assim, os intervalos entre os sons de 100 e 200 Hz, 200 e 400 Hz, 400 e 800 Hz parecerão iguais na nossa
orelha. Portanto, pela Lei de Weber, concluímos que o intervalo entre freqüências não se mede pela
diferença de freqüências, mas pela relação entre elas. Desta maneira, se define uma oitava como sendo o
intervalo entre freqüências cuja relação seja igual a 2.
200
100
400
200
800
400
2= = = ⇒ 1 oita va
Atualmente, usamos como freqüência de referência (padronizada pelo SI), o valor de 1000 Hz, ficando as
oitavas com freqüência central em 500, 250, 125, 62,5, 31,25, e 2.000, 4.000, 8.000 e 16.000 Hz.
As freqüências audíveis são divididas em 3 faixas:
Baixas freqüências ou sons graves: as quatro oitavas de menor freqüência: 31.25; 62.5; 125 e 250 Hz.
Médias freqüências ou sons médios: as três oitavas centrais: 500; 1.000 e 2.000 Hz (são as mesmas
da voz humana).
Altas freqüências ou sons agudos: as três oitavas de maior freqüência: 4.000; 8.000 e 16.000 Hz.
1.2.5. INTENSIDADE
É a característica que permite a orelha humana, diferenciar sons fracos de sons fortes. Depende da
energia com que vibram as camadas de ar em contato com a orelha e, portanto, da amplitude de vibração
destas camadas. A intensidade do som é a quantidade de energia contida no movimento vibratório. Essa
intensidade se traduz com uma maior ou menor amplitude na vibração ou na onda sonora. Para um som de
média intensidade essa amplitude é da ordem de centésimos de milímetros.
Como podemos notar, do ponto de vista físico, a energia contida num fenômeno sonoro é desprezível, por
exemplo, a energia sonora contida num grito de "gol" de um estádio de futebol lotado, mal daria para
aquecer uma xícara de café. Se a energia da voz de toda a população de uma cidade como Bauru fosse
transformada em energia elétrica, seria o suficiente apenas para acender uma lâmpada de 50 ou 60 watts.
Ao fazermos uma relação entre a intensidade sonora e a audição, novamente nos encontramos com a Lei
de Weber, ou seja, conforme aumentamos a intensidade sonora a nossa orelha fica cada vez menos
sensível; ou ainda, precisamos aumentar a intensidade de maneira exponencial para que a orelha "sinta" o
som de maneira linear. Desta maneira, quando escutamos um aparelho de som que esteja reproduzindo 20
watts de potência elétrica, e aumentamos instantaneamente a sua potência para 40 watts, o som nos
parecerá mais intenso. Se quisermos agora, aumentar mais uma vez o som para que o resulte a mesma
sensação de aumento, teremos que passar para 80 watts.
Portanto, usamos uma escala logarítmica para a intensidade sonora, da mesma maneira que usamos para
a freqüência. Esquema da formação da escala em decibels.
10-16
Watts/cm2
10-14
10-12
10-10
10- 8
10- 6
10- 4
10- 2
Relações
1
102
104
106
108
10-10
1012
1014
Bel
0
2
4
6
8
10
12
14
decibel
0
20
40
60
80
100
120
140
Limiar de
audibilidade
Limiar de
audibilidade
λ/2
λ
λ
Página 14 de 56
1.2.6. DECIBEL
O nome BEL foi dado em homenagem a Alexandre Graham Bell, pesquisador de acústica e inventor do
telefone. A escala ficou reduzida em excesso, pois entre o limiar de audibilidade e o ruído de uma rua, por
exemplo, existem mais de oito unidades de sons audíveis. Por isso foi criado o décimo do BEL, o decibel:
podemos dizer então que o ruído de uma rua é de 80 dB ("d" minúsculo e "B" maiúsculo). Portanto, o
número de decibels (dB) nada mais é que aquele expoente da relação das intensidades físicas,
multiplicado por 10.
A intensidade sonora medida em decibels é definida como Nível de Pressão Sonora (NPS) ou Sound
Intesity Level (SIL), em inglês.
Intensidade Sonora watts / cm
2
ou BAR
Nível de Pressão Sonora – NPS decibels (dB)
O decibel não é uma unidade de medida, mas apenas uma escala.
O plural de decibel é decibels. O termo "decibeis" é errado, embora se tornou de uso popular. Assim, o
NPS, medido em decibels, satisfaz a construção fisiológica da nossa orelha. Matematicamente podemos
escrever: NPS = 10 x log (P / Pref), sendo P a pressão sonora de um som, e Pref
= 10
-16
w/cm
2
.
Voltando ao exemplo do aparelho de som com 20 watts, digamos que o aparelho reproduza 60 dB; com 40
w, o aparelho reproduzirá 63 dB, e com 80 w, 66 dB. Da mesma forma, um avião a jato produz perto de
140 dB de NPS; dois aviões idênticos produzirão 143 dB.
Portanto, na escala em decibels, o dobro de 70 dB é 73 dB, assim como o dobro de 120 dB é 123 dB. A
metade de 90 dB é 87 dB, assim como a metade 150 dB é 147 dB.
Desta forma, se uma máquina produz 60 dB, mil máquinas idênticas produzirão 90 dB. Para um operário
que trabalha 8 h/dia num ambiente com 100 dB, se ele trabalhar apenas 4 h/dia, ele estaria exposto, em a
97 dB.
Portanto o limiar de percepção auditiva é de 0 dB = 20µPa, já o limiar da dor está entre 120 dB e 130 dB. É
importante notar que existe uma nítida divisão entre os sons que se apresentam abaixo e acima da voz
humana; os sons com níveis inferiores à nossa voz são naturais, confortáveis e não causam perturbação;
ao contrário, os sons superiores à voz humana podem ser considerados ruídos, normalmente são
produzidos por máquinas, são indesejáveis, e causam perturbação ao homem.
1.2.7. TIMBRE
É a característica que permite a orelha humana distinguir dois sons de mesma altura (freqüência) emitidos
por fontes diferentes. Se nós tocarmos a mesma nota, na mesma altura (mesma freqüência) com a mesma
intensidade, em um piano e em um violino, notamos claramente a diferença. Em linguagem comum,
dizemos que os seus timbres são diferentes. Portanto, o timbre nos permite reconhecer a fonte geradora
do som. Tecnicamente, o timbre é a forma de onda da vibração sonora.
Faixa
de
Conversação
dB(A)
00
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10
11
12
13
14
Barulho das folhas na
brisa
Ru
Quarto de dormir à
noite
Ruído em uma
biblioteca
Som em uma sala de
estar
Escritório
Voz humana normal
Voz humana (alta)
Ruído do tráfego urbano
Ruído do metrô
Oficina Mecânica
Serra circular
Buzina de automóvel
Trovão forte
Martelete pneumático
Avião a jato na pista
Limite do conforto
Limite da dor
Limite da
percepção
15
Página 15 de 56
1.3. DEFINIÇÃO DE RUÍDO
Diferencia-se som de ruído, por ser o primeiro capaz de produzir sensações auditivas prazerosas, como
música ou fala, enquanto que o segundo é identificado por sensações desagradáveis, como barulho de
máquinas, buzinas, etc.
DEFINIÇÃO SUBJETIVA: é um som prejudicial à saúde humana que causa sensação desagradável e
irritante.
DEFINIÇÃO FÍSICA: é todo fenômeno acústico não periódico, sem componentes harmônicos definidos. É
um som de grande complexibilidade, resultante da superposição desarmônica de sons provenientes de
várias fontes.
1.4. TIPOS DE RUÍDO
1.4.1. RUÍDO CONTÍNUO: são aqueles cuja variação de nível de intensidade sonora é muito pequena em função
do tempo. São ruídos característicos de bombas de líquidos, motores elétricos, engrenagens, etc.
Exemplos: chuva, geladeiras, compressores, ventiladores.
1.4.2. RUÍDO INTERMITENTE: ruído cujo nível cai ao valor de fundo, várias vezes durante o período de
observação, sendo o tempo em que permanece em valor constante acima do valor de fundo da ordem de
segundos ou mais. São aqueles que apresentam grandes variações de nível em função do tempo. São
geradores desse tipo de ruído os trabalhos manuais, afiação de ferramentas, soldagem, o trânsito de
veículos, etc. São os ruídos mais comuns nos sons diários.
1.4.3. RUÍDO DE IMPACTO: ruído que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo,
em intervalos de tempo superiores a um segundo. São provenientes de explosões e impactos, tais como:
rebitadeiras, impressoras automáticas, britadeiras, prensas, etc.
1.5. LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Portaria 3.421/78 – NR-15 – Anexos 1 e 2, do MTE;
NHO-01 – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído Contínuo ou Intermitente e Impacto,
emitida pela Fundacentro.
1.6. AVALIAÇÃO DO RUÍDO
Para avaliação do nível de ruído podemos fazer desde uma simples avaliação local, passando por um
levantamento mais minucioso, até uma análise de alta precisão usando analisadores de freqüência.
No Brasil, os critérios para medição e avaliação do ruído em ambientes são fixados pelas Normas
Brasileiras da Associação Brasileira de Normas Técnicas. As principais são:
NBR 7.731 – Guia para execução de serviços de medição de ruído aéreo e avaliação dos seus efeitos
sobre o homem;
NBR 10.151 – Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade;
NBR 10.152 – Níveis de ruído para conforto acústico.
Trabalhos científicos relacionados com o ruído ambiental demonstram que uma pessoa só consegue
relaxar totalmente durante o sono, em níveis de ruído abaixo de 39 dB(A), enquanto a Organização Mundial
de Saúde estabelece 55 dB(A) como nível médio de ruído diário para uma pessoa viver bem. Portanto, os
ambientes localizados onde o ruído esteja acima dos níveis recomendados necessitam de um isolamento
acústico.
Acima de 75 dB(A), começa a acontecer o desconforto acústico, ou seja, para qualquer situação ou
atividade, o ruído passa a ser um agente de desconforto. Nessas condições há uma perda da
inteligibilidade da linguagem, a comunicação fica prejudicada, passando a ocorrer distrações, irritabilidade
e diminuição da produtividade no trabalho. Acima de 80 dB(A), as pessoas mais sensíveis podem sofrer
perda de audição, o que se generaliza para níveis acima de 85 dB(A).
80
90
dB
Ruído Contínuo
Temp
70
60
Tempo
Ruído Intermitente
80
90
dB
70
60
Ruído de Impacto
80
90
dB
Tempo
70
60
Página 16 de 56
1.6.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO
A) MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA
O medidor de pressão sonora simples, conhecido popularmente como decibelímetro, mede o ruído de
forma pontual, sem levar em consideração o tempo efeitvo de exposição à fonte, por isso não é possível
saber a dose de exposição. Existem alguns equipamentos, conhecidos como dosímetros, que calculam a
pressão sonora do ruído médio equivalente (TWA ou Leq), o que facilita posteriormente o cálculo da dose
com maior precisão.
A instrumentação para medição de ruído é a única que tem regulamentação internacional e a que
apresenta a maior versatilidade e opções de modelos, desde simples até complexas análises de níveis
sonoros, com diferentes graus de exatidão.
Os aparelhos de boa procedência atendem os padrões da IEC (International Electrotechnical Commission)
e do ANSI (Americam Standards Institute). Portanto ao comprar ou usar um equipamento de medida de
som, verifique se ele atende a uma dessas normas:
IEC 651 (1979) – Sound Level Meters
IEC 804 (1985) – Integrating-Averaging Sound Level Meters
ANSI S1.4 (1983) – Specification for Sound Level Meters
ANSI S1.25 (1991) – Specification for Personal Noise Dosimeters
ANSI S1.11 (1986) – Specification for Oitave Filters.
Os medidores de precisão constam, normalmente de: microfone; atenuador; circuitos de equalização;
circuitos integradores; mostrador (digital ou analógico) graduado em dB.
O microfone é peça vital no circuito, sendo sua função a de transformar um sinal mecânico (vibração
sonora) num sinal elétrico.
Obrigatoriamente os equipamentos devem conter:
2 curvas de ponderação – os circuitos de equalização devem fornecer ao usuário a opção de escolha
para as curvas A ou C. Alguns aparelhos contém as curvas B e D;
No mínimo, 2 constantes de tempo: lenta (slow) ou rápida (fast). Alguns aparelhos possuem as
constantes ‘impulso’ e ‘pico’;
Faixa de medida de 30 a 140 dB.
Calibrador.
A grande diferença entre as Curvas "A" e "C" está na atenuação para baixas freqüências. Portanto, se
durante uma medição de ruído, constatarmos uma grande diferença entre os valores medidos na escala "A"
e "C", isto significa que grande parte do ruído encontra-se na faixa de baixas freqüências.
Os tempos correspondentes às respostas: lenta (slow) é de um segundo e, rápida (fast), é de 0,125
segundos. A resposta lenta facilita as medições, quando existe muita variação de ruído no ambiente.
Dosímetro de ruido
marca Bruel &
Kjaer, modelo 2231.
Calibrador
marca Bruel
& Kjaer,
modelo 4230.
Filtro de freqüência
marca Bruel & Kjaer,
modelo 1625
Medidor de Nível de
Pressão Sonora – marca
Bruel & Kjaer modelo
2231, tipo 1.
Página 17 de 56
B) DOSIMETRIA PESSOAL DE RUÍDO (DOSIMETRO)
O dosímetro de ruído possui, no seu interior, um processador que
permite calcualar a dose de exposição do trabalhador em vários
níveis de exposição, além de fornecer outros parâmetros
importantes à conclusão do laudo técnico.
Embora não citada, explicitamente, na NR-15 – Anexo 1 – a
avaliação de ruído com a utilização do dosímetro é mais
recomendada, sendo legalmente válida, desde que realizada de
acordo com a norma FUNDACENTRO NHO-01.
Utilizar para determinação da "dose de ruído" dosímetros de ruído
(Noise Dose Meter) de uso pessoal, previamente calibrados com
pistão fone do mesmo fabricante.
O que difere basicamente o dosímetro do decibelimetro, é que neste primeiro você pode utilizá-lo tanto
como decibelímetro, como um dosador pessoal de ruído, onde o equipamento é colocado no próprio
trabalhador, acompanhando-o por toda ou parte de sua jornada de trabalho. Aliás esta discussão da
validação legal dos resultados do dosímetro tem sido feito pelos profissionais da área de segurança e
saúde ocupacional, pelo fato da legislação brasileira sem omissa, quanto ao uso desde equipamento, no
entanto não aceitar a validação dos seus resultados é, pelo menos, não aceitar a evolução e precisão
tecnológica, frente aos cálculos manuais, pois a margem de erro deve ser sempre em favor da segurança.
Para isso são importantes algumas recomendações específicas, para seu uso:
o sensor do equipamento deve estar posicionado na lapela (ombro) do trabalhador – margem de erro
de + 0,3 dB(A);
caso o trabalhador esteja exposto, por quase toda sua jornada de trabalho, exposto ao ruído contínuo,
utilize-o durante, pelo menos duas horas, pegando o período de permanência constante do trabalhador
no ambiente ruidoso;
caso o trabalhador fique exposto a diferentes níveis de pressão sonora ou esteja exposto a um ruído
intermitente, com grande variações e incidência de ruído de impacto, pegue toda a jornada de trabalho,
ou seja, 8 horas;
esteja atento para eventuais ocorrência de reuniões, máquinas paradas, manutenções, serviços de
limpeza, etc, pois as medições devem ser realizadas num dia de trabalho normal.
Outra vantagem muito importante para uso do dosimetro é que ele permite que façamos uma simulação
prática da eficiência de atenuação de um protetor auditivo do tipo concha. A atenuação dos protetores deve
ser determinada em campo real, através do seguinte procedimento:
instalar o sensor de um dosímetro de ruído, no interior de cada concha do protetor auditivo, passando o
cabo do mesmo de maneira ajustada, através de um furo feito no selo da concha, para tanto fazer uso
de dois dosímetros instalados nas mesmas condições um para cada concha;
fixar com auxílio de uma fita adesiva, o sensor de um terceiro dosímetro de ruído de mesmo modelo na
parte externa da concha, em posição e alturas aproximadamente iguais;
fazer três leituras para cada concha e utilizar dez conchas de cada modelo de protetor auditivo, quando
quiser testar a eficiência dos diferentes modelos;
chamamos a atenção para a colocação dos sensores dos dosímetros de ruído no interior de cada
concha do protetor auditivo, com a finalidade de captar e registrar o nível de ruído residual atenuado
em campo real, que chega a orelha do trabalhador. Um terceiro sensor preso a uma concha para
registrar os níveis de ruído do ambiente de trabalho sem atenuação pela proteção individual.
C) PRECAUÇÕES DURANTE AS MEDIÇÕES
verificar a bateria antes de cada medição;
verificar a calibração sempre que for usar o aparelho. O medidor, por ter um circuito eletrônico, é muito
sensível à temperatura, e o seu microfone tem alta sensibilidade à umidade e pressão atmosférica,
quando necessário calibrar, conforme recomendação do fabricante;
usar corretamente as curvas de ponderação "A", "B" ou "C";
usar de maneira adequada a constante de tempo “slow” ou “fast”;
medidor deve ser colocado na posição de trabalho do operário e na altura da orelha do mesmo;
deve ser evitada a interferência do vento no microfone do medidor. Para anular esse efeito, existe um
dispositivo denominado "windscreen" que evita o "sopro" sobre o microfone;
a distância do medidor à fonte de ruído deve estar de acordo com as Normas ISO 1999, ISO 1966/1 e
as recomendações ISO R 131, R 266 e R 495;
devem ser evitadas superfícies refletoras, que não sejam comuns ao ambiente;
recomenda-se fazer pelo menos 5 medições em cada local.
o principal causador de erros nas medições de ruído é o ruído de fundo, por isso devemos muitas
vezes medir o nível de ruído com a máquina em funcionamento e, em seguida, desligada, se a
diferença do nível for menor que 3 dB, devemos procurar estudar melhor o ruído de fundo;
os instrumentos mais modernos vêm com um software amigável para conexão direta no
microcomputador, utilizam o ambiente Windows, para impressão das leituras realizadas (alguns
instrumentos acumulam várias leituras, permitindo a opção de impressa de um relatório completo).
Página 18 de 56
1.7. LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE
NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e trinta minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Entende-se por ruído contínuo ou intermitente, para os fins de aplicação de limites de tolerância, o
ruído que não seja ruído de impacto.
Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de
nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta
(SLOW). As leituras devem ser feitas próximas a orelha do trabalhador. Utilizar microfone protegido
com filtro de vento e com inclinação aproximada de 45º em relação ao piso, tudo em conformidade
com o item nº 2 do Anexo nº 1 da NR 15.
Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição
diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado.
Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam
adequadamente protegidos.
As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou
intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.
Para verificação do espectro de áudio freqüência do ruído, utilizar um filtro 1/1 oitava, 31,5 Hz a 16
khz. A instrumentação deve ser devidamente aferida a cada série de amostragens, com pistão fone
do mesmo fabricante e as baterias tiveram seu tempo de utilização controlado.
Se durante a jornada de trabalho ocorrer dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes
níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes
frações.
1.7.1. VALOR TETO (VT)
As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente,
superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e eminente.
1.7.2. NÍVEL DE AÇÃO (NA)
É usual definir NA como 50% do valor de LT. No entanto para ruído contínuo ou intermitente esta regra
requer uma melhor compreensão do fenômeno. O LT de 85 dB é definido para a jornada diária de 8 horas.
Sabemos que a metade da energia acústica de uma ambiente com 85 dB(A) é 82 dB(A), no entanto o
tempo de exposição permitido para 82 dB é mais do que a metade do tempo de exposição permitido por,
que é de 4 horas, portanto como margem de segurança, devemos definir o NA pela metadade do tempo de
exposição permitido por lei, que nos dá o valor máximo de 80 dB(A).
Página 19 de 56
1.7.3. LIMITES DE TOLERÂNCIA EM OUTROS PAÍSES
País
Nível de
Ruído dB(A)
Tempo de
Exposição (h)
Taxa de
divisão dB(A)
Nível Máximo
dB(A)
Nível de Ruído
de impacto (dB)
Alemanha 85 8 3
Japão 90 8 -- --
França 90 40 3 -- --
Bélgica 90 40 5 110 140
Inglaterra 90 8 3 135 150
Itália 90 8 5 115 140
Dinamarca 90 40 3 115 --
Suécia 85 40 3 115 --
USA–OSHA 90 8 5 115 140
USA–NIOSH 85 8 5 -- --
Canadá 90 8 5 115 140
Austrália 90 8 3 115 --
Holanda 80 8 3
Espanha 85 8 3 110
Turquia 95 -- -- -- --
China 70 - 90 8 3
Finlândia 85 8 3
Hungria 85 8 3
Nova Zelândia 85 8 3
Israel 85 8 5
Noruega 85 8 3
Brasil 85 8 5 115 130
Tempo de exposição diária ou semanal.
Estabelece nível contínuo de prevenção = 85 dB(A)
Estabelece nível contínuo de prevenção = 80 dB(A)
1.7.4. LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE IMPACTO
Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior
a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo.
Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de pressão
sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser feitas
próximas a orelha do trabalhador. O limite de tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (linear).
Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo.
Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de resposta para
impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (fast) e circuito de compensação "C".
Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C).
Atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, a níveis de ruído
de impacto superiores a 140 dB (linear), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores
a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida (fast), oferecerão risco grave e iminente.
Nível de ruído de fundo, predominante entre picos do ruído de impacto, deve ser avaliado como ruído
contínuo.
Embora não citado na NR-15 – Anexo 2, é importante sabermos os efeitos diferenciados quando o
trabalhador estiver exposto a um número variado de impulsos (ruído de impacto). Por exemplo,
receber 100 impactos de 125 dB é diferente do que receber 10.000 impactos dos mesmos 125 dB.
Evidentemente, 10.000 impactos serão mais prejudiciais ao trabalhador; desta forma a relação de
número de impactos e nível de pico de ruído é que determinam o máximo permissível, segundo a
recomendaçãoda ACGIH. Isso é o que poderia ser chamado de dose de exposição ao ruído de
impacto.
Página 20 de 56
1.7.5. LIMITE DE TOLERÂNCIA PARA JORNADAS ACIMA DE 8 HORAS
T =
16
2
(LT-80)/5
log 16
LT = ( T
x 5 ) + 80
log 2
Onde:T – tempo da jornada requerido para o caso em questão – em horas;
q – taxa de troca igual a 5 (NR-15) ou 3 (NHO-01)
Exemplo: calcule o limite de tolerância para jornada de trabalho de 10 h.
Resposta: LT = (log (16/10) / log2) x 5 + 80 = 83,4 = 83 dB (A)
1.8. CÁLCULOS DE AVALIAÇÃO DO RUÍDO
PROPRIEDADES EXPONENCIAIS a
x
. a
y
= a
x+y
a
0
= 1
a
-n
= 1 ; onde n > 0
n
a
m/n
= (
n
√a)m
a
x
= N x = logaN
LEI DOS LOGARÍTIMOS loga(M.N) = loga(M) + loga(N)
loga ( M )= loga(M) - loga(N)
N
loga(1) = 0
loga(M)
n
= n.loga(M)
loga(a) = 1
loga(M) = x M = a
x
CÁLCULO DO NPS
NPS = log10(Ps/Pref.)
2
Bel
NPS = 10.log10 ( Ps )
2
dB
P
ref.
Pref =20 x 10
-6
Pa limiar inferior auditivo = 20 µPa
A potência é diretamente proporcional ao quadrado da pressão.
NPSt = NPS1 + NPS2 (Ps/Pref.)
2
= 10
NPSt/10
10.log10(10
NPSt/10
) = 10.log10(10
NPS1/10
+ 10
NPS2/10
)
(NPSt/10).10.log(10) = 10.log10(10
NPS1/10
+ 10
NPS2/10
)
NPSt = 10.log(10
NPS1/10
+10
NPS2/10
) dB
Página 21 de 56
PARA “n” FONTES SONORAS:
n
NPSt = 10.log. Σ (10
(NPSi)/10
)
i = 1
Exemplo: 90 + 87
NPSt = 10.log(10
90/10
+10
87/10
)
NPSt = 10.log(10
9
+10
8,7
)
NPSt = 91,76 dB = 92 dB(A)
PARA DIFERENÇA MAIOR OU IGUAL A 15
Exemplos: 90 + 70 = 90 ; 90 + 65 = 80 ; 105 + 50 = 105 – em dB(A)
Portanto diferenças maiores ou iguais a 15 em dB(A) prevalece sempre o maior valor.
PARA DIFERENÇA MAIOR OU IGUAL A 10 E MENOR QUE 15
Exemplo: 90 + 76 (em dB)
NPSt = 10.log(10
90/10
+10
76/10
)
NPSt = 10.log(10
9
+10
7,6
)
NPSt = 90,02 dB = 90 dB(A)
Outro exemplo: 90 + 80 (em dB)
NPSt = 10.log(10
90/10
+10
80/10
)
NPSt = 10.log(10
9
+10
8
)
NPSt = 90,41 dB = 90 dB(A)
Portanto diferenças maiores ou iguais a 10 em dB(A) prevalece sempre o maior valor.
PARA “n” FONTES SONORAS COM A MESMA INTENSIDADE
NPSt = NPSindividual + 10.log(n)
n NPSt n NPSt
1 80 1 80
2 83 10 83
4 86 100 86
8 89 1000 90
16 92
1.9. TEMPO DE EXPOSIÇÃO
Sabemos que o NPS para 8 horas diárias tem de ser menor que 85dB(A)
Texp = 8 / (2
(NPS-85)/q
)
1.10. FATOR DE MULTIPLICAÇÃO – “q”
RECOMENDAÇÕES:
OSHA – USA ISO – Europa NR-15 - BRASIL
dB(A) Texp
A cada 5dB(A)
diminui-se na
metade o tempo
de exposição,
por isso q = 5.
dB(A) Texp
A cada 3dB(A)
diminui-se na
metade o tempo
de exposição,
por isso q = 3.
dB(A) Texp A cada 5dB(A)
diminui-se na
metade o tempo
de exposição,
por isso q = 5.
90 8h 85 8h 85 8h
95 4h 88 4h 100 4h
100 2h 91 2h 105 2h
105 1h 94 1h ... ...
... ... 97 30’
... ...
EXEMPLOS
Para 89 dB(A), qual o tempo de exposição?
Texp = 8 = 3,1749 horas = 3 horas e 10,494 min = 3h10’30”
(2
(89-85)/3
)
Para 110 dB(A)
Texp = 8 = 1h 49min
(2
(110-85)/3
)
Página 22 de 56
1.11. AVALIAÇÃO DE RUÍDO A DISTÂNCIA
NPSx = NPSy - 20 log(x/y); onde x > y e NPSx < NPSy
Exemplo: a 10 metros ouve-se 94dB(A). Qual o NPS a 30m?
NPS30 = NPS10 - 20 log(30/10)
NPS30 = 94 - 20 log(30/10) = 94 – 9,5 = 84 dB(A)
Distância dB(A)
Sempre que se
dobra a distância
reduz-se 6dB(A)
1 m 100
2 m 94
4 m 88
8 m 82
16 m 76
... ...
1.12. AVALIAÇÃO DE RUÍDO REFLETIDO
NPSt = NPSy - 20 log(x/y) ; onde: y = (distância direta da fonte de ruído para o observador)
x = y + (distância da fonte de ruído até o objeto de refletância)
1.13. CÁLCULO DA DOSE DE RUÍDO
1.13.1. CONCEITO DE DOSE DE EXPOSIÇÃO
Caso ocorra durante a jornada de trabalho, dois ou mais períodos de exposição a ruído, de diferentes
níveis, contínuo ou intermitente, deve-se avaliar a exposição considerando o tempo efetivo da mesma,
em cada situação acústica presente no local, como o tempo permitido pela legislação, chamado Dose
de Exposição – “D”. Caso o valor de D seja maior que 1, a exposição estará acima do limite de
tolerância. Se a pessoa ficar 8h/dia exposto a 85dB(A) em ruído contínuo a dose é igual a 1 (D = 1).
O resultado do cálculo da dose é um valor admensional, que pode ser expresso em porcentagem, ou
seja, se o valor de D for maior que 1, significa que o valor da dose exceder em mais de 100% o valor do
Limite de Tolerância. Não se cálcula dose para ruído de impacto, mas vale salientar que se os dois tipos
de ruído estiverem presentes, haverá uma sobreposição de ondas que resultará num incremento nos
níveis de ruído contínuo ou inmtermitente.
1.13.2. FÓRMULA DE CÁLCULO
w
D = Σ (texp.real/texp.adm.)
i
ou seja,
C1 + C2 + C3 +.......................+ Cn
T1 T2 T3 Tn
Onde: D = dose de ruído
Cn = tempo total em que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico.
Tn = máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o quadro deste anexo.
1.13.3. EXEMPLO
Um trabalho está exposto aos seguintes níveis de ruído e tempos: 4h – 90dB(A); 2h – 80dB(A); 2h – 100
dB(A). Qual a dose acumulada?
D = 4/4 + 2/16 + 2/1 = 3,125
Para esta dose poderemos calcular o tempo de exposição máximo permissível:
Texp = 8 / (2
(NPS-85)/5
) = 8 / 3,125 = 2,56 h
1.14. CÁLCULO DO RUÍDO DE FUNDO
NPSt = RF + NPSm
NPSm nível de pressão sonora emitido pela máquina ou equipamento.
Exemplo: num determinado galpão industrial foi instalada uma determinada máquina e encontrado o valor
de 87 dB(A), sabendo que o ruído anterior existente no local, quando não havia nenhum máquina ou
equipamento em operação era 82 dB(A), quando efetivamente de ruído a máquina produz?
NPSt = RF + NPSm 87 = 82 + NPSm NPSm = 87 – 82 = 85,3 dB(A)
X2
X1
y
NPSy
Página 23 de 56
1.15. CÁLCULO DA ATENUAÇÃO DO PROTETOR AUDITIVO
dB(C) - NRR = dB(A)(ouvido)
25% de desconto para protetores cicum-auriculares;
50% de desconto para protetores de inserção de espuma lenta;
70% de desconto para protetores de inserção pré-moldados (polímeros de forma fixa).
dB(A) - (NRR - 7) = dB(A)(ouvido)
dB(A) - NPSsf = dB(A)(ouvido)
1.16. EFEITOS DO RUÍDO SOBRE A SAÚDE E O BEM ESTAR DAS PESSOAS
O ruído pode causar surdez, redução auditiva, cansaço, irritação, cefaléia, problemas do aparelho
digestivo, entre outros. Quando uma pessoa é submetida a altos níveis de ruído, existe a reação de todo
o organismo a esse estímulo.
1.16.1. ANATOMIA DA ORELHA HUMANA
Hoje em dia o nome chamado para todo sistema auditivo do homem é orelha, não mais se usando o nome
ouvido ou pavilhão auricular. A orelha é o órgão coletor dos estímulos externos, transformando as
vibrações sonoras em impulsos sonoros para o cérebro. É, sem dúvida, a estrutura mecânica mais
sensível do corpo humano, pois detecta quantidades mínimas de energia.
A orelha externa compõe-se de orelha própria dita, do
canal auditivo e do tímpano. A função da orelha é a de
uma corneta acústica, capaz de dar um acoplarento de
impedâncias entre o espaço exterior e o canal auditivo,
possibilitando melhor transferência de energia. Essa
corneta, tendo certa característica diretiva, ajuda a
localização da fonte sonora. As paredes do canal auditivo
são formadas de ossos e cartilagens. Em média, o canal
tem 25 mm de comprimento, 7 mm de diâmetro e cerca de
1 cm
3
de volume total. O tímpano (membrana timpânica) é
oblíquo e fecha o fundo do canal auditivo. Tem forma
aproximada de um cone com diâmetro da base de 10 mm.
É formado de uma membrana de 0,05 mm de espessura e
superfície de 85 mm
2
.
Deve ficar claro, que o tímpano assemelha-se a um cone rígido sustentado em sua periferia por um anel de
grande elasticidade, que lhe permite oscilar como uma unidade, sem sair do seu eixo. Logo depois do
tímpano temos uma cavidade cheia de ar conhecida também como cavidade do tímpano, cujo volume é da
ordem de 1,5 cm3 e que contém 3 ossículos: o martelo (23 g), a bigorna (27 g) e o estribo (2,5 g). A função
de tais ossículos é, através de uma alavanca, acoplar mecanicamente o tímpano à cóclea (caracol),
triplicando a pressão do tímpano. Na parte interna da cavidade do tímpano, existem a janela oval e
redonda, que são as aberturas do caracol. As áreas de tais janelas são da ordem de 3,2 e 2 mm2
respectivamente. A janela redonda é fechada por uma membrana e a oval é fechada pelo "pé" do estribo.
A cadeia ossicular da orelha médio é mostrada
ao lado.
É possível visualizar:
martelo com o ligamento superior (1),
ligamento anterior (2), ligamento lateral (3)
e músculo tensor do tímpano (4);
a bigorna com seu ligamento superior (5) e
ligamento posterior (6);
estribo com o ligamento anular (7) e o
músculo estapédio (8).
O músculo estapédio tem uma importante função na proteção da audição contra os altos níveis de ruído.
Estribo
BigornaMartelo
Página 24 de 56
A orelha interna inicia-se pela janela oval, seguindo um canal semicircular que conduz ao caracol (cóclea)
que tem um comprimento de 30 a 35 mm e é dividido longitudinalmente em duas galerias, pela membrana
basilar. O caracol tem aspecto de um caramujo de jardim e mede cerca de 5 mm do ápice à base, com
uma parte mais larga de aproximadamente 9 mm. Pode-se dizer que o caracol consiste de um canal duplo
enrolado por 2,5 voltas em torno de um eixo ósseo. A janela oval fecha o compartimento superior e
transmite suas vibrações para a membrana basilar através da endolinfa, líquido viscoso que preenche esse
conduto. O comprimento da membrana basilar é de 32 mm; tem cerca de 0,1 mm de espessura próxima à
janela oval e 0,5 mm na outra extremidade. A janela redonda é uma membrana circular, muito elástica, que
fecha a parte superior do canal e, mediante suas contrações, compensa as variações de pressão
produzidas com oscilações da membrana basilar.
Sobre a membrana basilar estão distribuídas as células acústicas (Órgão de Corti), num total de 18 mil
(externas e internas), de onde saem os nervos que formam o nervo acústico e levam o sinal elétrico até o
cérebro.
A membrana basilar atua como um filtro
seletivo ou analisador de freqüências, em que
a percepção de cada freqüência se realiza em
um determinado ponto da membrana: as altas
freqüências excitam a parte próxima da
membrana oval e, à medida que se caminha
para dentro do caracol, a freqüência diminui.
O som sendo decomposto em sua freqüência
fundamental e suas harmônicas, é possível
para nós distinguir o timbre dos sons,
realizando uma verdadeira análise espectral.
Seção da membrana basilar.
1.16.2. EFEITOS SOBRE O SISTEMA AUDITIVO
SURDEZ TEMPORÁRIA – MUDANÇA TEMPORÁRIA DO LIMIAR AUDITIVO: ocorre após exposição do
indivíduo a ruído intenso, mesmo por um curto período de tempo. Isso pode ser observado, na prática,
quanto após termos estado em um local barulhento por algum tempo, notamos certa dificuldade de audição
ou precisamos falar mais forte para sermos ouvidos. A condição de perda permanece temporariamente,
sendo que a audição normal volta após algum tempo.
SURDEZ PERMANENTE: origina-se da exposição repetida, durante longos períodos, ocasionando uma
perda irreversível associada à destruição dos elementos sensoriais da audição. Normalmente afetam a
freqüência oral (500 a 2.000 Hz).
TRAUMA ACÚSTICO: perda repentina após a exposição a um ruído intenso, causados por explosões ou
impactos sonoros. Dependendo do tipo e da extensão pode haver uma perda temporária ou permanente.
OUTROS: são investigados outros efeitos indiretos do ruído, tais como, ações sobre o sistema
cardiovascular, alterações endócrinas (glândulas de secreção interna), desordens físicas, dificuldades
mentais e emocionais, irritabilidade, fadiga, etc.
O INSS publicou a OS 608/98, Norma Técnica sobre Perda Auditiva, onde apresenta aspectos técnicos
para identificar a PAIR, bem como regras para emissão da CAT de modo a garantir o auxílio-acidente.
1.16.3. MECANISMO DA PERDA AUDITIVA
As perdas de audição causadas por exposição ao ruído, PAIR, se caracterizam por iniciarem na faixa de
3000 Hz a 5000 Hz, sendo mais aguda em 4000 Hz. Esse processo é facilmente constatado através de um
exame audiométrico, aparecendo como uma curva em forma de "V".
1.16.4. FATORES QUE INFLUEM NA PERDA AUDITIVA
São quatro os fatores que contribuem para a perda auditiva:
O nível depressão sonora NPS;
O tempo de exposição;
A freqüência do ruído;
A susceptividade individual.
Os três primeiros itens são conhecidos e fáceis de medir. O 4º item (susceptividade individual) é bastante
interessante, pois indivíduos que se encontram num mesmo local ruidoso podem reagir de maneiras
diferentes: alguns são extremamente sensíveis ao ruído, enquanto outros parecem não ser atingidos pelo
mesmo.
Página 25 de 56
1.17. MEDIDAS DE CONTROLE DO RUÍDO
São medidas que devemos tomar, no sentido de atenuar o efeito do ruído sobre as pessoas. Controle nem
sempre significa supressão da causa, mas sim, uma manipulação do efeito.
Diagrama das Medidas de Controle
Medidasde
Controle
Controledo
Ruído
Providências
Sociais
na
fonte
no
meio
no
receptor
refúgio
deruído
rotatividade
defunção educação supervisãoe
treinamento
Monitoramento
20
21 22
23 24 25 26 27 28 29
30
É importante lembrar que não existem soluções mágicas que indiquem quais as medidas que irão
solucionar um problema de excesso de barulho. Nós devemos utilizar os nossos conhecimentos sobre
acústica, além de um conhecimento detalhado do processo industrial.
A fonte é a própria causa do ruído. O meio é o elemento transmissor do ruído, que pode ser o ar, o solo ou
a estrutura do prédio. O receptor é o operário. É importante esclarecermos a hierarquização dos três
elementos envolvidos no fenômeno: em primeiro lugar o controle na fonte, depois o controle no meio e, por
último o controle no operário.
1.17.1. CONTROLE DO RUÍDO NA FONTE
É a supressão da causa do ruído. A supressão da fonte do ruído é a melhor e a mais indicada maneira de
controlar o ruído. O ruído na fonte pode ser causado por fatores: mecânicos, pneumáticos, explosões e
implosões, hidráulicos, magnéticos.
1.17.2. CONTROLE DO RUÍDO NO MEIO DE PROPAGAÇÃO
Quando não for possível o controle na fonte ou de forma auxiliar, deve-se utilizar o controle no meio de
propagação do ruído, entre a fonte o receptor (trabalhador, comunidade, etc). Trata-se de uma técnica de
interrupção da propagação do som. Abaixo alguns exemplos.
Enclausuramento das partes de emissão de ruído para o ambiente.
Execução de manutenção preventiva sistemática em rolamentos e mancais das máquinas e motores
em geral, visando mantê-los lubrificados e ajustados de modo a evitar o agravamento dos níveis de
pressão sonora originais e manter o regular funcionamento das máquinas e equipamentos garantindo a
qualidade do produto final.
Difusores do sistema de ventilação geral das salas de produção possuem aletas direcionais reduzindo
a formação de turbulências nas saídas do ar contribuindo para a redução dos níveis de ruído geral no
ambiente.
Material absorvente acústico, contribuindo para redução do nível geral de ruído na medida em que
eliminam as possíveis reverberações nos ambientes.
1.17.3. CONTROLE DO RUÍDO NO RECEPTOR
Quando não houver outra forma de controle e como último recurso deve-se buscar o controle do ruído com
proteção no trabalhador, com a utilização de protetores auditivos.
Deve ser sempre a última medida a ser adotada e nunca de forma definitiva. Só devemos utilizar quando
todas as medidas de controle de ruído falharam ou não forem suficientes.
Em resumo podemos definir dois tipos diferentes de proteção auditiva:
de inserção ou tipo plug, podendo ainda serem dos tipos: pré-moldável ou moldável; e os
circum-auriculares ou tipo concha.
Página 26 de 56
1.17.4. CRITÉRIO PARA SELEÇÃO DOS PROTETORES AUDITIVOS
A escolha do protetor auditivo mais adequado, aos ambientes/atividades em estudo, deve estar
fundamentada em:
EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego mediante Certificado de Aprovação (CA);
Comportamento acústico do protetor frente ao espectro de audiofreqüência do ruído, medido em terço
de oitava em cada local de uso – confrontar dados do fabricante com as medições de campo;
Maior atenuação acústica possível – NRR e NRRsf;
Melhor desempenho em teste de atenuação real, em campo – no caso do tipo concha;
Desgastes dos componentes do protetor: no tipo plug estar atento para o material utilizado e no tipo
concha especial atenção para a deformação nas hastes de sustentação das conchas;
Maior conforto frente ao desenho ergonômico e no contato dos selos (almofadas) com a pele;
Peças de reposição disponíveis no mercado;
Custos envolvidos – tanto do protetor, quanto das peças de reposição, quando for o caso.
1.17.5. PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA
O PCA, também chamado de PPA – Programa de Proteção Auditiva, PGA – Programa de Gerenciamento
Auditivo ou ainda PGSA – Programa de Gerenciamento da Saúde Auditiva é o documento base para a
implantação de um programa de prevenção para a saúde auditiva de pessoas expostas ao ruído.
Tem o objetivo de criar e manter o compromisso entre todos os níveis hierárquicos da organização e à
prevenção e controle das perdas auditivas dos expostos ao ruído, busca soluções de engenharia visando o
controle de níveis de ruído, visando melhorar as condições do ambiente de trabalho, também define
critérios específicos para seleção, indicação, adaptação e acompanhamento das proteções auditivas, para
evitar possíveis Perdas Auditivas Induzidas pelo Ruído – PAIR.
A OS 608/98 do INSS determina a obrigatoriedade, por parte do empregador, de implementar um PCA
constituído dos seguintes tópicos:
Monitoramento da exposição no nível de pressão sonora elevado;
Controles de engenharia e administrativos;
Monitoramento audiométrico;
Indicação de EPI;
Educação e motivação;
Conservação de Registros;
Avaliação da eficácia e eficiência do programa.
A) PRINCIPAIS ITENS DE UM PCA
DESIGNAÇÃO DE RESPONSABILIDADES
Um bom PCA define claramente as responsabilidades de todos os níveis hierárquicos, desde a
presidencia/diretoria da empresa até o último nível hierárquico, também deve definir claramente as
responsabilidades técnicas específicas do SESMT.
PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO, MONITORIZAÇÃO E CONTROLE DOS AMBIENTES
O programa deve abordar requisitos técnicos para a avaliação do ruído e a calibração dos instrumentos
utilizados. Deve estar previsto os critérios para monitorização e procedimento de possíveis ajustes
necessários.
PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL
Deve apontar necessidades e ajustes na proteção coletiva.
Define critérios de seleção, classificação, homologação, aquisição, aplicação, treinamento, entrega,
registro, utilização e manutenção dos protetores auditivos.
AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Devendo fazer parte do PPRA, na avaliação ambiental, além dos valores da avaliação de ruído pontual,
deve-se constar os valores das doses por função, cálculos de atenuação dos protetores utilizados,
conforme informação do fabricante, e dentro do possível com avaliação em campo, além de definir os
critérios técnicos e normas utilizadas na avaliação.
INSPEÇÃO E AUDITORIA
O programa deve prever inspeções e auditorias de campo, para verificar principalmente a correta utilização
da proteção auditiva e conservação das proteções coletivas.
Página 27 de 56
GERENCIAMENTO AUDIOMÉTRICO
Devidamente alinhado com o PCMSO define critérios técnicos dos exames audiométricos, bem como os
de utilização e calibração do audiômetro.
A legislação brasileira determina que os níveis de ruído de fundo, na cabina audiométrica, estejam de
acordo com a OSHA 1981, apêndice D (na verdade o documento oficial da OSHA é de 1983). A proposta
de aprimoramento desta legislação, apresentada na Portaria 23, de 14/11/96, da SST, sugere que o ruído
de fundos das cabinas audiométricas esteja de acordo com a ISSO 8.253.1, embora a norma utilizada,
internacionamente, seja a ANSI S3.1-1991.
FREQÜÊNCIAS POR BANDA DE OITAVA (em Hz)
500 1.000 2.000 3.000 4.000 6.000 8.000
OSHA 1983 40 dB 40 dB 47 dB -- 57 dB -- 62 dB
ANSI S3.1-1991 22 dB 29 dB 34 dB 39 dB 42 dB 41 dB 45 dB
Observe que os níveis mínimos determinados pela OSHA são menos exigentes do que os da ANSI.
RELATÓRIO CONSOLIDADO
Anualmente deve-se emitir um relatório específico do programa, devidamente ajustado ao relatório anual
do PCMSO e PPRA, para evidenciar o desempenho do sistema como um todo.
Página 28 de 56
2. VIBRAÇÕES
2.1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES
Vibração é o movimento periódico, ou aleatório, de um elemento estrutural ou peça de uma máquina. É um
movimento repetitivo a partir de uma posição de repouso.
Embora praticamente inevitável e algumas vezes até necessária, ela pode causar problemas de saúde
para quem sofre seus efeitos. Estes problemas podem ir desde a sensação de enjôo, quando se viaja de
navio ou avião, até a trepidação incômoda de britadeiras a ar comprimido.
No ambiente industrial é freqüente a simultaneidade entre ruído e vibrações. No entanto, os efeitos que
estes dois agentes podem causar aos trabalhadores são diferentes:
RUÍDO desenvolve a sua ação fundamentalmente em relação a um órgão, a ORELHA.
As VIBRAÇÕES afetam zonas mais extensas do corpo, inclusivamente órgãos internos como o
cérebro, o fígado e o coração.
Na realidade, as vibrações transmitem-se ao organismo segundo três eixos espaciais (x, y, z), com
características físicas diferentes, e cujo efeito combinado é igual ao somatório dos efeitos parciais, tendo
ainda em conta as partes do corpo a elas sujeitas.
Um corpo está em vibração quando descreve um movimento oscilatório em torno de um ponto fixo. O
número de vezes em que o ciclo completo do movimento se repete durante o período de um segundo é
chamado de freqüência e, é medido em ciclos por segundo ou Hertz [Hz].
Ao contrário de outros agentes, onde o trabalhador é sujeito passivo, expondo-se aos riscos, no caso das
vibrações, deve haver, caracteristicamente, o contato entre o trabalhador e o equipamento ou máquina que
transmita a vibração.
A vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade. O corpo humano
possui uma vibração natural. Se uma freqüência externa coincide com a freqüência natural do sistema,
ocorre a ressonância, que implica em amplificação do movimento. A energia vibratória é absorvida pelo
corpo, como conseqüência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. O corpo humano possui
diferentes freqüências de ressonância.
O corpo humano reage às vibrações de formas diferentes. A sensibilidade às vibrações longitudinais (ao
longo do eixo z, da coluna vertebral) é distinta da sensibilidade transversal (eixos x ou y, ao longo dos
braços ou através do tórax). Em cada direção, a sensibilidade também varia com a freqüência, eis que,
para determinada freqüência, a aceleração tolerável é diferente daquela em outra freqüência.
2.2. TIPOS DE VIBRAÇÕES
As vibrações transmitidas ao corpo humano podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com a região
do corpo atingida.
VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO: é de baixa freqüência e alta amplitude, situa-se na faixa de 1 a 80 Hz,
mais especificamente 1 a 20 Hz. Estas vibrações são específicas para atividades de transporte e são
afetas à norma ISO 2631. São transmitidas ao corpo do trabalhador, na posição sentado, em pé ou
deitado; por exemplo, as vibrações a que estão expostas os motoristas de caminhão, operadores de
tratores, máquinas agrícolas, etc.
VIBRAÇÕES DE EXTREMIDADES: também conhecidas como segmentais, localizadas ou de mãos e
braços, são as mais estudadas, situam-se na faixa de 6,3 a 1250 Hz, ocorrendo nos trabalhos com
ferramentas manuais e normatizadas pela ISO5349.
2.3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE
A Portaria nº 3.214/78 do MTE – NR-15 – anexo nº 8:
item 1: “As atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada, às
vibrações localizadas, ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres, através de perícia
realizada no local de trabalho"
item 2: "A perícia, visando à comprovação ou não da exposição deve tomar por base os limites de
tolerância definidos pela Organização Internacional para a Normalização – ISO em suas normas ISO 2631
e ISO/DIS 5349 ou suas substitutas".
ISO 2631 – vibração transmitida para corpo inteiro (versão mais recente 1999)
ISO 5349 – vibrações localizadas (mãos e braços)
A ACGIH faz referências a limites admissíveis para tempo de exposição a vibrações localizadas podendo
ser utilizados como critério de avaliação já que a ISO 5349 é muito superficial, isto é, não há um limite
estabelecido e sim umas probabilidades de ocorrência de determinadas lesões.
Segundo NR-15 a exposição a vibrações acima do LT é considerada insalubre de grau médio, isto é, deve-
se conceder ao empregado um adicional de 20% do salário mínimo aos seus proventos.
2.4. NORMA ISO 5349
A metodologia especificada na ISO 5349 enumera os fatores que influenciam os efeitos da exposição às
vibrações transmitidas aos membros superiores: o espectro da freqüência da vibração; a magnitude da
vibração; a duração da exposição no período de trabalho; a exposição acumulada até a data.
Página 29 de 56
2.5. LIMITES DE TOLERÂNCIA
2.5.1. LIMITES DA ACGIH PARA VIBRAÇÕES DE MÃOS E BRAÇOS
A avaliação das vibrações de mãos e braços deve ser realizada com base nos critérios da ISO 5349 de
1986. A mensuração deve ser realizada para cada eixo (x, y e z), por meio da aceleração ponderada, rms,
correspondente ao eixo dominante.
LIMITES PARA EXPOSIÇÃO DA MÃO EM QUALQUER DAS DIREÇÕES X, Y OU Z
Duração Total da Exposição Diária
Valores do componente de aceleração dominante, rms,
ponderada, que não devem ser excedidos
m/s
2
g
4 horas e menos de 8 4 0,40
2 horas e menos de 4 6 0,61
1 hora e menos de 2 8 0,81
menos de 1 hora 12 1,22
Duração Total da Exposição Diária: tempo total que a vibração entra na mão por dia, seja continuamente,
seja intermitentemente.
Acelaração dominate: usualmente, um dos eixos é dominante sobre os demais. Se um ou mais eixos de
vibração exceder a exposição total diária, então o LT estará excedido.
2.5.2. LIMITES DA ACGIH PARA VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO
Para a vibração de corpo inteiro, a ACGIH utiliza como base a norma ISO 2631.
2.5.3. DIRETIVA 2002/44/EC DA COMUNIDADE EUROPÉIA
NÍVEL DE AÇÃO LIMITE DE EXPOSIÇÃO
Mãos e braços 2,5 m/s² A(8) 5,0 m/s² A(8)
Corpo inteiro 0,5 m/s² A(8) ou 9,1 VDV 1,15 m/s² A(8) ou 21 VDV
2.6. AVALIAÇÃO DAS VIBRAÇÕES
Sendo os fenômenos ruído e vibrações essencialmente semelhantes, os aparelhos para medição são
muito parecidos, mudando, apenas, a escala de medição (que poderá indicar aceleração, velocidade ou
deslocamento do movimento) e o tipo de transdutor (elemento que transforma o sinal mecânico em elétrico
ou vice-versa), substituindo-se o microfone do medidor de pressão sonora por um acelerômetro.
A avaliação é QUANTITATIVA, utilizando o Transdutor Piezoelétrico para medição de aceleração absoluta.
O Laudo Técnico deve constar com pelo menos:
a. o critério adotado;
b. o instrumental utilizado;
c. a metodologia de avaliação;
d. a descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição às vibrações;
e. o resultado da avaliação quantitativa;
f. as medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade, quando houver.
De uma forma geral, a vibração deve ser captada na superfície estrutural que suporta o corpo humano, o
mais próximo possível do ponto que atinge a pessoa exposta à vibração.
Preferencialmente a vibração deve ser medida nas três direções ortogonais.
A vibração pode ser caracterizada pelo deslocamento, velocidade ou aceleração, ou ainda, em decibels; no
entanto, a aceleração tem sido extensivamente utilizada como unidade em vibrações.
2.6.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO
No Brasil, o contratante de serviços de avaliação de vibrações deve ter um cuidado especial, eis que
muitas empresas estão avaliando vibrações ocupacionais com equipamentos destinados a avaliar vibração
em equipamentos, com finalidades de manutenção preditiva.
Outras empresas possuem equipamento para avaliação de vibrações com enfoque ocupacional; no
entanto, tais equipamentos estão defasados, pois seguem as normas ISO 5349 e 2631 antigas. Tais
equipamentos não contemplam as novas curvas de ponderação previstas nas novas normas.
Um dos mais modernos equipamentos que há em termos de avaliação de vibrações é o HAV Pro da Quest
Technologies, que inclui todas as inovações das versões atuais das normas ISO 5.349 e 2.631.
Página 30 de 56
2.7. EFEITOS DAS VIBRAÇÕES SOBRE O ORGANISMO
As vibrações afetam diferentes regiões do organismo, dependendo da aceleração e comprimento de onda.
As operações e atividades que geram vibrações podem afetar a saúde do trabalhador, causando diversas
doenças: alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações das mãos e braços,
osteoporose (perda de substância óssea), lesões na coluna vertebral, dores lombares, etc.
Por exemplo, o sistema tóraz-abdômen é muito sensível nas freqüências entre 3 Hz e 6 Hz; o globo ocular,
a freqüências entre 60 e 90 Hz; as mandíbulas e lábios, a freqüências entre 200 e 300 Hz. Em geral, as
faixas de interesse vão desde 0,1 a 1.000 Hz e desde 0,1 a 100 m/s
2
de aceleração rms.
Exposições a vibrações menores que 16 Hz, de alta energia (níveis de 140 dB ou mais), causam, por ação
mecânica, um afundamento do tórax, dando a sensação de constrição no peito, e tosse. Freqüências entre
3 Hz e 6 Hz, o efeito pode ser ainda mais acentuado. Experiências com animais, nessa faixa de freqüência,
não demonstram, oscilações de grande amplitude, para provocar deslocamentos significativos de
segmentos corporais, havendo, também, alterações de motricidade da musculatura lisa.
Em trabalhos com martelo vibratório, os efeitos localizam-se, principalmente, nos membros superiores:
cotovelos, articulações, mãos e dedos. Os problemas provocados pelo martelete podem ser do tipo:
ósteo-articular, tais como a artrose do cotovelo, necrose dos ossos dos dedos, deslocamentos
anatômicos, entre outros;
problemas musculares ou agioneurológico, onde encontram-se problemas como a doença de Raynaud
(dedos brancos e insensíveis);
problemas nervosos, alterando a sensibilidade táctil.
Nos últimos anos, diversos pesquisadores têm reunido dados sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos
das vibrações, como perda de equilíbrio, falta de concentração e visão turva, diminuindo a acuidade visual.
As vibrações podem afetar o conforto, reduzir o rendimento do trabalho e causar desordens das funções
fisiológicas, dando lugar ao desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa.
2.7.1. FATORES DECISIVOS PARA A CONSEQUÊNCIA DAS VIBRAÇÕES NO CORPO HUMANO:
pontos de aplicação no corpo;
frequência das oscilações;
aceleração das oscilações;
duração da ação;
frequência própria do organismo humano;
ressonância.
Cada sistema tem uma frequência própria. Quanto mais próxima a frequência excitadora chega a
frequência própria do sistema excitado, maior será a amplitude da oscilação forçada. Com isso, a
amplitude da oscilação forçada pode vir a ser maior que a oscilação excitadora. A esta manifestação,
chama-se de RESSONÂNCIA. De maneira inversa, em cada sistema as oscilações também podem ser
diminuídas, fenômeno que se designa por AMORTECIMENTO.
Assim, por exemplo, as oscilações verticais das pernas são significativamente amortecidas ao estar em pé.
Especialmente forte é o amortecimento dos tecidos do corpo para as frequências de 30 Hz.
2.8. MEDIDAS DE CONTROLE
A regra fundamental para controle da vibração é combater prioritariamente o estado de ressonância.
2.8.1. CONTROLE NA FONTE
A primeira providência em relação às vibrações é tentar reduzi-las junto à fonte, e geralmente é eficiente,
mas algumas vezes pode não ser exeqüível ou pode ser uma modificação onerosa.
2.8.2. CONTROLE NA TRAJETÓRIA (MEIO DE PROPAGAÇÃO)
ISOLAR A FONTE: quando não for possível eliminar a fonte, esta pode ser isolada, para que o trabalhador
não entre em contacto direto com ela.
CONTROLE DA TRANSMISSÃO: suprimir meio transmissor; realizar montagens anti-vibratórias:
introdução de elementos resilientes, tais como, molas ou apoios em borracha (fibra de vidro ou cortiça) que
reduzem a transmissão de energia vibratória; tratamento amortecedor dos elementos estruturais que
compõem o percurso de transmissão, de modo a absorver parte da energia vibratória produzida.
REDUÇÃO DA AMPLITUDE DAS VIBRAÇÕES
2.8.3. CONTROLE DA VIBRAÇÃO NO RECEPTOR
Se as providências anteriores não forem suficientes, pode-se proteger o trabalhador individual com certos
equipamentos, no entanto esta medida é mais usual como reforço as duas anteriores.
ferramentas com características antivibratórias;
luvas aintivibração: eficientes em vibrações de alta freqüência e
botas com solado em material absorvente;
práticas adequadas de trabalho: instruções e procedimentos;
programa de supervisão médica específico (PCMSO);
pausas de 10 minutos a cada hora contínua de exposição.
Página 31 de 56
3. PRESSÕES ANORMAIS
3.1. INTRODUÇÃO
Os trabalhos sob pressões anormais, ou seja, sob pressão superior à atmosférica, obedecem a uma série
de restrições e cuidados, entre os quais destacamos:
o trabalhador não poderá sofrer mais de uma compressão num período de 24 horas;
o tempo de trabalho sob ar comprimido nunca poderá exceder a 4 horas;
após a descompressão, os trabalhadores devem permanecer sob observação;
o trabalhador exposto a estas pressões, obrigatoriamente deve ter mais de 18 anos e ter
acompanhamento permanente de médico especializado.
3.2. AVALIAÇÃO
A avaliação feita é QUALITATIVA.
3.3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE
A Norma Regulamentadora nº 15, Anexo 6, estabelece normas e procedimentos, assim como apresenta
tabelas de descompressão, define os padrões para avaliação de candidatos a esta atividade e apresenta
tratamento recomendado para cada caso.
3.4. INSALUBRIDADE
Conforme estabelece a Portaria n.º 3214/78 do MTE – NR-15 – Anexo nº 6, item 1.3.19: “As atividades ou
operações realizadas sob ar comprimido serão consideradas insalubres de grau máximo.”
3.5. EFEITOS A SAÚDE
Em suma os efeitos sobre o organismo humano são: doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças
da pele, doenças circulatórias.
Os riscos à saúde do trabalhador existem diretamente em três fases da atividade:
fase de compressão (período de preparo inicial): problemas na orelha, afetando principalmente o
tímpano. Nesta fase é muito importante que a compressão seja lenta, gradual e controlada;
fase de pressão constante (execução do trabalho): quando há o equilíbrio ente as pressões internas e
externas os riscos são menores, exceto pela possibilidade de intoxicação por monóxido de carbono,
resultante da combustão;
fase descompressiva (período de preparo final): é a que representa maiores riscos, tais como:
problemas na orelha; embolia gasosa (bolhas no sangue); problemas no coração, pulmão, cérebro,
ossos e articulações; e enfisema subcutâneo (bolhas sob a pele).
3.6. MEDIDAS DE CONTROLE
Dentre os cuidados a serem tomamos destacamos os seguintes:
seguir rigorosamente as tabelas de tratamento;
ter acompanhamento qualificado;
utilizar oxigênio dentro das possibilidade de profundidade e tempo;
manter no local um conjunto de primeiros socorros e pessoas habilitadas ao uso – equipe de
atendimento a emergência, brigada, etc;
não utilizar oxigênio em profundidas maiores de 18 metros;
realizar tratamento médico específico – PCMSO.
Página 32 de 56
4. TEMPERATURAS EXTREMAS
4.1. CALOR
Forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude de
uma diferença de temperatura entre os mesmos. Calor é um agente físico
presente em uma série de atividades, tais como: siderurgia; fundição; indústria
do vidro; indústria têxtil, atividades com fornos, fundição de vidro, metais,
cerâmica.
A OIT recomenda como ideais, as temperaturas entre 20 e 25ºC, umidade
relativa do ar entre 30 e 70% e velocidade do vento entre 0,1 e 0,3 m/s, se a
carga de trabalho for leve e não transmitir calor radiante.
4.1.1. SOBRECARGA TÉRMICA
Sobrecarga térmica é a quantidade de energia que o organismo deve dissipar para
atingir o equilíbrio térmico. O organismo gera calor devido à atividade celular. Este
calor é chamado de calor metabólico e é a combinação do calor gerado pelo
metabolismo basal e o resultante da atividade física. Para que o equilíbrio térmico
seja mantido, a carga térmica metabólica deve ser dissipada. O organismo,
portanto, pode perder ou ganhar calor, de acordo com as condições ambientais.
A sobrecarga térmica está relacionada com o ambiente (exposição) e com a
atividade física do trabalhador (metabolismo). É diferente de desconforto térmico que está relacionado com
a sensibilidade das pessoas, situação geográfica, climas, costumes, roupas, etc. O desconforto térmico
tem uma abordagem específica na NR-17 (Ergonomia).
Quando o corpo é submetido a uma sobrecarga térmica ocorre uma tensão térmica que provoca reações
fisiológicas internas, uma vez que o organismo possui mecanismos termorreguladores que desencadeiam
respostas de controle, como, por exemplo: sudorese, aumento da pulsação e da temperatura interna do
corpo, síncope pelo calor ou desequilíbrio hídrico e salino.
4.1.2. PERDA DE CALOR
A quantificação da carga metabólica do corpo em função do tipo de atividade exercida, se encontra
indicada no Quadro 3 da Norma NR 15.
Mecanismos de perda de calor podem ser apresentados da seguite forma:
CIRCULAÇÃO CUTÂNEA: o fluxo sangüíneo da pele é de 250 ml por minuto. Em ambientes quentes
pode atingir 1500 ml/min. O tecido gorduroso subcutâneo funciona como um isolante térmico e diminui
a possibilidade de dissipação do calor.
IRRADIAÇÃO: ou radiação, é a transmissão de calor de um corpo, sob forma de ondas
eletromagnéticas da faixa do infravermelho. É quando a pele irradia calor para amenizar a temperatura
da região. Em condições ambientais normas a irradiação é responsável por 60% da perda calórica.
CONDUÇÃO-CONVECÇÃO: forma de perda de calor por contato. É a transferência de calor da
nossa pele para o ar. Se a temperatura do meio ambiente for maior do que o da superfície do corpo
humano, então o organismo cederá calor às moléculas do ar pelo fenômeno da condução. Se a
velocidade do ar é alta a perda de calor é maior.
EVAPORAÇÃO: conhecida como transpiração. A água é aquecida pelo calor do orgnismo até passar
para a fase de vapor e deixar a superfície do corpo. Para cada 1 litro de água que se evapora são
necessárias 580 calorias. A sudorese, em si, não indica perda calórica; esta só ocorre quando o suor
evapora. A perda de calor por evaporação é facilitada pela ação do vento e difcultada pela alta
umidade. A umidade do ar indica, em porcentagem, qual a porção de ar que está saturada com vapor
d’água, assim em ambientes muito úmidos, quase todo ar está saturado com vapor e a evaporação do
suor se torna difícil. O suor adere à pele e escorre pelo corpo, com pequena perda de calor e com
grande desconforto térmico. Ao contrário em ambientes secos todo suor produzido é evaporado, não se
prendento ao corpo, com grande redução da temperatura corpórea e bom conforto térmico.
Por isso, no clima quente, o corpo absoreve calor de várias formas, mas somente pode perder calor de
forma eficiente através da transpiração.
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

CIPA Treinamento.ppt
CIPA Treinamento.pptCIPA Treinamento.ppt
CIPA Treinamento.pptAdelmaSiles
 
Trabalhe com Segurança - Segurança e medicina do Trabalho
Trabalhe com Segurança - Segurança e medicina do TrabalhoTrabalhe com Segurança - Segurança e medicina do Trabalho
Trabalhe com Segurança - Segurança e medicina do TrabalhoRafael Seixas
 
NR 05 CIPA - 16 HORAS 2022.pptx
NR 05 CIPA - 16 HORAS 2022.pptxNR 05 CIPA - 16 HORAS 2022.pptx
NR 05 CIPA - 16 HORAS 2022.pptxArenioSoares
 
Apostila ibutg
Apostila ibutgApostila ibutg
Apostila ibutgElba2015
 
Treinamento NR-12- 2023.pptx
Treinamento NR-12- 2023.pptxTreinamento NR-12- 2023.pptx
Treinamento NR-12- 2023.pptxAntonio Bezerra
 
Tst acidentes do trabalho
Tst   acidentes do trabalhoTst   acidentes do trabalho
Tst acidentes do trabalhoBolivar Motta
 
Segurança e higiene do trabalho - Aula 2
Segurança e higiene do trabalho - Aula 2Segurança e higiene do trabalho - Aula 2
Segurança e higiene do trabalho - Aula 2IBEST ESCOLA
 
NR 18 - Condições de Meio Ambiente e Trabalho na Industria da Construção
NR 18 - Condições de Meio Ambiente e Trabalho na Industria da ConstruçãoNR 18 - Condições de Meio Ambiente e Trabalho na Industria da Construção
NR 18 - Condições de Meio Ambiente e Trabalho na Industria da ConstruçãoWillian Machado Moro dos Santos
 
Treinamento básico de segurança
Treinamento básico de segurançaTreinamento básico de segurança
Treinamento básico de segurançaconbetcursos
 
Treinamento em Altura NR - 35.ppt
Treinamento em Altura NR - 35.pptTreinamento em Altura NR - 35.ppt
Treinamento em Altura NR - 35.pptEmersonluizNeves1
 
NR05 - Cipa 20h -2023.pptx
NR05 - Cipa 20h -2023.pptxNR05 - Cipa 20h -2023.pptx
NR05 - Cipa 20h -2023.pptxAndreLuis202744
 
Ppra.marcenaria.doc
Ppra.marcenaria.docPpra.marcenaria.doc
Ppra.marcenaria.docLuis Araujo
 
TREINAMENTO DE ERGONOMIA
TREINAMENTO DE ERGONOMIATREINAMENTO DE ERGONOMIA
TREINAMENTO DE ERGONOMIAAne Costa
 

Mais procurados (20)

CIPA Treinamento.ppt
CIPA Treinamento.pptCIPA Treinamento.ppt
CIPA Treinamento.ppt
 
O.s para padeiros
O.s para padeirosO.s para padeiros
O.s para padeiros
 
Trabalhe com Segurança - Segurança e medicina do Trabalho
Trabalhe com Segurança - Segurança e medicina do TrabalhoTrabalhe com Segurança - Segurança e medicina do Trabalho
Trabalhe com Segurança - Segurança e medicina do Trabalho
 
NR 05 CIPA - 16 HORAS 2022.pptx
NR 05 CIPA - 16 HORAS 2022.pptxNR 05 CIPA - 16 HORAS 2022.pptx
NR 05 CIPA - 16 HORAS 2022.pptx
 
Apostila ibutg
Apostila ibutgApostila ibutg
Apostila ibutg
 
Treinamento NR-12- 2023.pptx
Treinamento NR-12- 2023.pptxTreinamento NR-12- 2023.pptx
Treinamento NR-12- 2023.pptx
 
Tst acidentes do trabalho
Tst   acidentes do trabalhoTst   acidentes do trabalho
Tst acidentes do trabalho
 
ERGONOMIA
ERGONOMIA  ERGONOMIA
ERGONOMIA
 
Segurança e higiene do trabalho - Aula 2
Segurança e higiene do trabalho - Aula 2Segurança e higiene do trabalho - Aula 2
Segurança e higiene do trabalho - Aula 2
 
Pcmso
PcmsoPcmso
Pcmso
 
NR 18 - Condições de Meio Ambiente e Trabalho na Industria da Construção
NR 18 - Condições de Meio Ambiente e Trabalho na Industria da ConstruçãoNR 18 - Condições de Meio Ambiente e Trabalho na Industria da Construção
NR 18 - Condições de Meio Ambiente e Trabalho na Industria da Construção
 
Treinamento básico de segurança
Treinamento básico de segurançaTreinamento básico de segurança
Treinamento básico de segurança
 
O que é higiene ocupacional
O que é higiene ocupacionalO que é higiene ocupacional
O que é higiene ocupacional
 
Treinamento em Altura NR - 35.ppt
Treinamento em Altura NR - 35.pptTreinamento em Altura NR - 35.ppt
Treinamento em Altura NR - 35.ppt
 
NR05 - Cipa 20h -2023.pptx
NR05 - Cipa 20h -2023.pptxNR05 - Cipa 20h -2023.pptx
NR05 - Cipa 20h -2023.pptx
 
Ppra.marcenaria.doc
Ppra.marcenaria.docPpra.marcenaria.doc
Ppra.marcenaria.doc
 
Aula 5 epi
Aula 5   epiAula 5   epi
Aula 5 epi
 
TREINAMENTO DE ERGONOMIA
TREINAMENTO DE ERGONOMIATREINAMENTO DE ERGONOMIA
TREINAMENTO DE ERGONOMIA
 
ERGONOMIA NO TRABALHO
ERGONOMIA NO TRABALHOERGONOMIA NO TRABALHO
ERGONOMIA NO TRABALHO
 
Higiene, saúde e segurança do trabalho
Higiene, saúde e segurança do trabalhoHigiene, saúde e segurança do trabalho
Higiene, saúde e segurança do trabalho
 

Destaque

Curso básico de higiene ocupacional fr
Curso básico de higiene ocupacional frCurso básico de higiene ocupacional fr
Curso básico de higiene ocupacional frTst Valadares
 
Apostila de higiene ocupacional
Apostila de higiene ocupacional   Apostila de higiene ocupacional
Apostila de higiene ocupacional Robson Peixoto
 
Higiene ocupacional i
Higiene ocupacional i Higiene ocupacional i
Higiene ocupacional i Tst Valadares
 
Apostila curso tec seg trabalho
Apostila curso tec seg trabalhoApostila curso tec seg trabalho
Apostila curso tec seg trabalhomjmcreatore
 
Apostila de agentes fisicos
Apostila de agentes fisicosApostila de agentes fisicos
Apostila de agentes fisicosJota68
 
Tipos de ruídos power point
Tipos de ruídos   power pointTipos de ruídos   power point
Tipos de ruídos power pointTaniabastos15
 
Higiene apresentação
Higiene apresentaçãoHigiene apresentação
Higiene apresentaçãoCEWK2010
 
Curso Avaliação de Agentes Químicos -FUNDACENTRO-BA-2014
Curso Avaliação de Agentes Químicos -FUNDACENTRO-BA-2014Curso Avaliação de Agentes Químicos -FUNDACENTRO-BA-2014
Curso Avaliação de Agentes Químicos -FUNDACENTRO-BA-2014Denise Santana
 
Apostila de Avaliação Ambiental
Apostila de Avaliação AmbientalApostila de Avaliação Ambiental
Apostila de Avaliação Ambientalguest521d43dc
 
Modelo de ppra muito bom123
Modelo de ppra muito bom123Modelo de ppra muito bom123
Modelo de ppra muito bom123Andrea Galak
 
Agentes químicos
Agentes químicosAgentes químicos
Agentes químicosakhenatoni
 
Higiene e segurança no trabalho
Higiene e segurança no trabalhoHigiene e segurança no trabalho
Higiene e segurança no trabalhoMiguelCarapinha94
 
Higiene e Segurança no Trabalho
Higiene e Segurança no TrabalhoHigiene e Segurança no Trabalho
Higiene e Segurança no TrabalhoCamila Falcão
 
Volume vi código de edificação
Volume vi código de edificaçãoVolume vi código de edificação
Volume vi código de edificaçãoplanodiretor2011
 
Prova 47 técnico de segurança do trabalho júnior
Prova 47   técnico de segurança do trabalho júniorProva 47   técnico de segurança do trabalho júnior
Prova 47 técnico de segurança do trabalho júniorMarcelo Vieira
 
Como calcular o quadro de iluminação e ventilação
Como calcular o quadro de iluminação e ventilaçãoComo calcular o quadro de iluminação e ventilação
Como calcular o quadro de iluminação e ventilaçãoEdmar Rocha
 

Destaque (20)

Manual ruido
Manual ruidoManual ruido
Manual ruido
 
Curso básico de higiene ocupacional fr
Curso básico de higiene ocupacional frCurso básico de higiene ocupacional fr
Curso básico de higiene ocupacional fr
 
Apostila de higiene ocupacional
Apostila de higiene ocupacional   Apostila de higiene ocupacional
Apostila de higiene ocupacional
 
Higiene ocupacional i
Higiene ocupacional i Higiene ocupacional i
Higiene ocupacional i
 
Apostila curso tec seg trabalho
Apostila curso tec seg trabalhoApostila curso tec seg trabalho
Apostila curso tec seg trabalho
 
Apostila de agentes fisicos
Apostila de agentes fisicosApostila de agentes fisicos
Apostila de agentes fisicos
 
4 higiene ocupacional
4   higiene ocupacional4   higiene ocupacional
4 higiene ocupacional
 
Tipos de ruídos power point
Tipos de ruídos   power pointTipos de ruídos   power point
Tipos de ruídos power point
 
Higiene apresentação
Higiene apresentaçãoHigiene apresentação
Higiene apresentação
 
Curso Avaliação de Agentes Químicos -FUNDACENTRO-BA-2014
Curso Avaliação de Agentes Químicos -FUNDACENTRO-BA-2014Curso Avaliação de Agentes Químicos -FUNDACENTRO-BA-2014
Curso Avaliação de Agentes Químicos -FUNDACENTRO-BA-2014
 
Apostila de Avaliação Ambiental
Apostila de Avaliação AmbientalApostila de Avaliação Ambiental
Apostila de Avaliação Ambiental
 
Modelo de ppra muito bom123
Modelo de ppra muito bom123Modelo de ppra muito bom123
Modelo de ppra muito bom123
 
Agentes químicos
Agentes químicosAgentes químicos
Agentes químicos
 
Higiene e segurança no trabalho
Higiene e segurança no trabalhoHigiene e segurança no trabalho
Higiene e segurança no trabalho
 
Higiene e Segurança no Trabalho
Higiene e Segurança no TrabalhoHigiene e Segurança no Trabalho
Higiene e Segurança no Trabalho
 
Volume vi código de edificação
Volume vi código de edificaçãoVolume vi código de edificação
Volume vi código de edificação
 
Prova 47 técnico de segurança do trabalho júnior
Prova 47   técnico de segurança do trabalho júniorProva 47   técnico de segurança do trabalho júnior
Prova 47 técnico de segurança do trabalho júnior
 
Como calcular o quadro de iluminação e ventilação
Como calcular o quadro de iluminação e ventilaçãoComo calcular o quadro de iluminação e ventilação
Como calcular o quadro de iluminação e ventilação
 
Power ação
Power açãoPower ação
Power ação
 
Apostila excel
Apostila excelApostila excel
Apostila excel
 

Semelhante a Apostila sobre higiene ocupacional

Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacionalApostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacionalNayara Mendes Neves
 
PPRA2008081407081210
PPRA2008081407081210PPRA2008081407081210
PPRA2008081407081210Andrea Galak
 
Ltcat laudo técnico das condições ambientais de trabalho avaliação de insalub...
Ltcat laudo técnico das condições ambientais de trabalho avaliação de insalub...Ltcat laudo técnico das condições ambientais de trabalho avaliação de insalub...
Ltcat laudo técnico das condições ambientais de trabalho avaliação de insalub...Klezio Portes Reis Portes
 
Ppraimc modificado
Ppraimc modificadoPpraimc modificado
Ppraimc modificadoNestor Neto
 
Higiene e Segurança na Profissão
Higiene e Segurança na ProfissãoHigiene e Segurança na Profissão
Higiene e Segurança na ProfissãoCristina Folgado
 
Apr analise preliminar de risco
Apr   analise preliminar de riscoApr   analise preliminar de risco
Apr analise preliminar de riscoMarco Carvalho
 
5. hst riscos num postbalhoo de tra
5. hst riscos num postbalhoo de tra5. hst riscos num postbalhoo de tra
5. hst riscos num postbalhoo de traGilson Adao
 
61119524 1-nr-13-treinamento-em-seguranca-na-operacao-de-unidades-de-processo...
61119524 1-nr-13-treinamento-em-seguranca-na-operacao-de-unidades-de-processo...61119524 1-nr-13-treinamento-em-seguranca-na-operacao-de-unidades-de-processo...
61119524 1-nr-13-treinamento-em-seguranca-na-operacao-de-unidades-de-processo...Universiy
 
aula01-higieneocupacional-191015195832.ppt
aula01-higieneocupacional-191015195832.pptaula01-higieneocupacional-191015195832.ppt
aula01-higieneocupacional-191015195832.pptVictorSchueler
 
Apost. Avaliação Ambiental.ppt
Apost. Avaliação Ambiental.pptApost. Avaliação Ambiental.ppt
Apost. Avaliação Ambiental.pptandrikazi
 
Exemplos De Mapas De Riscos
Exemplos De Mapas De RiscosExemplos De Mapas De Riscos
Exemplos De Mapas De RiscosSantos de Castro
 
Minicurso empregos verdes
Minicurso empregos verdesMinicurso empregos verdes
Minicurso empregos verdesLucy Jesus
 

Semelhante a Apostila sobre higiene ocupacional (20)

Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacionalApostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
 
PPRA2008081407081210
PPRA2008081407081210PPRA2008081407081210
PPRA2008081407081210
 
Proteção EPI e EPC
Proteção EPI e EPCProteção EPI e EPC
Proteção EPI e EPC
 
Ltcat laudo técnico das condições ambientais de trabalho avaliação de insalub...
Ltcat laudo técnico das condições ambientais de trabalho avaliação de insalub...Ltcat laudo técnico das condições ambientais de trabalho avaliação de insalub...
Ltcat laudo técnico das condições ambientais de trabalho avaliação de insalub...
 
Ppraimc modificado
Ppraimc modificadoPpraimc modificado
Ppraimc modificado
 
Higiene e Segurança na Profissão
Higiene e Segurança na ProfissãoHigiene e Segurança na Profissão
Higiene e Segurança na Profissão
 
Apr analise preliminar de risco
Apr   analise preliminar de riscoApr   analise preliminar de risco
Apr analise preliminar de risco
 
Avaliacao ambiental
Avaliacao ambientalAvaliacao ambiental
Avaliacao ambiental
 
5. hst riscos num postbalhoo de tra
5. hst riscos num postbalhoo de tra5. hst riscos num postbalhoo de tra
5. hst riscos num postbalhoo de tra
 
Lista seguraça do trabalho
Lista seguraça do trabalhoLista seguraça do trabalho
Lista seguraça do trabalho
 
61119524 1-nr-13-treinamento-em-seguranca-na-operacao-de-unidades-de-processo...
61119524 1-nr-13-treinamento-em-seguranca-na-operacao-de-unidades-de-processo...61119524 1-nr-13-treinamento-em-seguranca-na-operacao-de-unidades-de-processo...
61119524 1-nr-13-treinamento-em-seguranca-na-operacao-de-unidades-de-processo...
 
Nho 09 2013
Nho 09 2013Nho 09 2013
Nho 09 2013
 
Nho 09 portal
Nho 09 portalNho 09 portal
Nho 09 portal
 
Nho 09 portal
Nho 09 portalNho 09 portal
Nho 09 portal
 
Nho 09 portal (1)
Nho 09 portal (1)Nho 09 portal (1)
Nho 09 portal (1)
 
aula01-higieneocupacional-191015195832.ppt
aula01-higieneocupacional-191015195832.pptaula01-higieneocupacional-191015195832.ppt
aula01-higieneocupacional-191015195832.ppt
 
Apost. Avaliação Ambiental.ppt
Apost. Avaliação Ambiental.pptApost. Avaliação Ambiental.ppt
Apost. Avaliação Ambiental.ppt
 
Exemplos De Mapas De Riscos
Exemplos De Mapas De RiscosExemplos De Mapas De Riscos
Exemplos De Mapas De Riscos
 
Minicurso empregos verdes
Minicurso empregos verdesMinicurso empregos verdes
Minicurso empregos verdes
 
Junia artigo final
Junia artigo finalJunia artigo final
Junia artigo final
 

Apostila sobre higiene ocupacional

  • 1. CEETEPS CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO APOSTILA DE HIGIENE OCUPACIONAL Professor: Flávio Amorim Gomes de Araújo VERSÃO 03 FEVEREIRO / 2008
  • 2. Página 2 de 56 INTRODUÇÃO O Técnico em Segurança do Trabalho (TST) tem um campo muito amplo de atuação, não só por poder atuar nos mais diversos tipos de atividades econômicas, principalmente nas industrias de transformação, mas também por atuarem, mesmo que numa determinada atividade econômica, em todas as áreas possíveis e com os mais diferentes níveis hierárquicos. Nesta diversificação de atuação o TST tem uma missão muito importante, em conjunto com os demais componentes do SESMT e outros profissionais afins, que é o de antecipar e controlar os riscos originados nos ambientes de trabalho. Neste foco de atuação está a Higiene Ocupacional, ciência que cuida do ambiente de trabalho para prevenir doenças ou lesões nos trabalhadores, provenientes de atividades em ambientes de trabalho com calor, ruído, vibração, manuseio de substâncias químicas, bioaresóis, agrotóxicos, etc. É uma especialização de importância crescente, pois a conscientização de que o ambiente de trabalho não deve causar danos à saúde do trabalhador tem se imposto, infelizmente, à custa de muitas vidas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) quase 2 em cada 3 trabalhadores no mundo inteiro estão expostos à substâncias químicas, estimando-se que 1,5 a 2 bilhões de pessoas são afetadas. Os trabalhadores podem encontrar no ambiente de trabalho, devido à inalação de ar impróprio, situações muito perigosas. Por exemplo, respirar ar contaminado acima da chamada concentração Imediatamente Perigosa a Vida ou à Saúde (IPVS) (por exemplo: 1.500 ppm de monóxido de carbono; 50.000 ppm de gás carbônico, 500 ppm de gás sulfídrico) produzem efeitos agudos irreversíveis à saúde, ou até morte imediata, dependendo das circunstâncias. Inalar ar com deficiência de oxigênio produz as mesmas consequências quando a concentração do O2 no ar cai abaixo de 12,5%, ao nível do mar (significa que a pressão parcial de O2 no ar é menor que 95 mm de Hg), isto é, o ambiente também é considerado IPVS. Nestes casos a vítima perde a coordenação motora, tem a sua capacidade de julgamento muito reduzida e ocorrem lesões irreversíveis no coração e se não for resgatada imediatamente morrerá em alguns minutos. Mesmo resgatada, apresentará problemas de saúde pelo resto da vida, devidos as lesões cerebrais e no músculo cardíaco. Devido à sua abrangência podem trabalhar com Higienista Ocupacional profissionais das mais diversas áreas do conhecimento (médicos do trabalho, enfermeiras do trabalho, físicos, biólogos, psicólogos e engenheiros químicos, etc.). O título de Higienista Ocupacional é dado hoje num curso de pós-gradução, oferecido a profissionais de formação superior em outras ciências correlatas, principalmente aos Engenheiros de Segurança do Trabalho e Médicos do Trabalho. Há também um órgão específico no Brasil para este tipo de profissional, a Associação Brasileira de Higienista Ocupacional – ABHO e ainda destacamos a ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygyenists, órgão corresponde no EUA. Neste módulo do curso, você futuro Técnico em Segurança do Trabalho, poderá iniciar o aprendizado nesta ciência e visualizar o seu papel, também de fundamental importância na prevenção dos riscos ambientais. Fevereiro de 2008. Flávio Amorim Gomes Araújo
  • 3. Página 3 de 56 ÍNDICE INTRODUÇÃO 02 ÍNDICE 03 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 04 UNIDADES DE MEDIDAS MAIS UTILIZADAS E SUAS PRINCIPAIS CONVERSÕES 05 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO A HIGIENE OCUPACIONAL 07 1. CONCEITOS INICIAIS 07 2. FASES DA HIGIENE OCUPACIONAL 07 3. AGENTES AMBIENTAIS 07 4. INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 08 5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL 09 6. VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO 10 7. MEDIDAS DE CONTROLE 10 8. PROCESSOS TRABALHISTAS 10 CAPÍTULO II AGENTES FÍSICOS 11 1. RUÍDO 11 2. VIBRAÇÃO 28 3. PRESSÕES ANORMAIS 31 4. TEMPERATURAS EXTREMAS 32 4.1. CALOR 32 4.2. FRIO 36 5. RADIAÇÕES 38 5.1. RADIAÇÃO IONIZANTE 38 5.2. RADIAÇÃO NÃO-IONIZANTES 40 6. UMIDADE 41 CAPÍTULO III AGENTES QUÍMICOS 42 1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES 42 2. AERODISPERSÓIDES 43 3. GASES E VAPORES 44 4. ESTUDO DE ALGUNS AGENTES QUÍMICOS 44 5. CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS 45 6. LEGISLAÇÃO PERTINENTE 45 7. AVALIAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS 46 CAPÍTULO IV AGENTES BIOLÓGICOS 54 1. INTRODUÇÃO 54 2. LEGISLAÇÃO PERTINENTE 54 3. AVALIAÇÃO DOS AGENTES BIOLÓGICOS 54 4. MEDIDAS DE CONTROLE 54 5. EFEITOS A SAÚDE 55 SUGESTÕES DE SITES PARA CONSULTA 56 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 56
  • 4. Página 4 de 56 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AAF – Análise de Árvore de Falhas ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygyenists AFT – Auditor Fiscal do Trabalho AIHA – American Industrial Hygiene Association AMFE – Análise de Modos de Falhas e Efeitos ARF – Análise de Risco de Função ART – Análise de Risco de Tarefa ASHRAE – Amercian Society of Heating Refrigerating and Air Conditioning Engineers ASTM – American Society dor Testing Materials BSI – British Standards Institution CANPAT – Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho CB – Corpo de Bombeiros CCOHS – Canadian Centre for Occupational Health and Safety CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear CPP – Código de Processo Penal DSST – Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho DRT – Delegacia Regional do Trabalho EPA – Environmental Protection Agency EPI – Equipamentos de Proteção Individual EUA – Estados Unidos da América FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho HSE – Health and Safety Executive IDLH – Immediate Dangerous to Life and Heath (concentração imediatamente perigosa à vida) IEC – International Electrotechnical Commission IMD – International Institute for Management Development INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial INRS – Institut National de Recherche et de Sécurité INSS – Instituto Nacional do Seguro Social ISSO – International Standart Organization LTCAT – Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho MTE – Ministério do Trabalho e Emprego NHO – Norma de Higiene Ocupacional (emitida pela Fundacentro) NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health (EUA) NIS – Nível de Intensidade Sonora NPS – Nível de Pressão Sonora NR – Norma Regulamentadora NRR – Noise Reduction Rate (Nível de Redução do Ruído) NRRsf – Noise Reduction Rate – self feet OSHA – Occupational Safety and Health Administration (EUA) OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series OIT – Organização Internacional do Trabalho OMS – Organização Mundial da Saúde PAIR – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído PAT – Programa de Alimentação do Trabalho PIB – Produto Interno Bruto PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário SI – Sistema Internacional de Medidas SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial SIT – Secretaria de Inspeção do Trabalho SSO – Segurança e Saúde Ocupacional STEL – Short Temperature Exposure Limit (limite de exposição para curta duração 15’ para 4 vezes ao dias com intervalos mínimos de 60’) SUS – Serviço Único de Saúde TLV – Threshold Limit Value TLV-C – Threshold Limit Value – Ceiling (valor teto) TWA – Time Weighted Average (média ponderada no tempo para 8h/dia)
  • 5. Página 5 de 56 UNIDADES DE MEDIDAS MAIS UTILIZADAS E SUAS PRINCIPAIS CONVERSÕES UNIDADES DE PESO 1 t = 1000 kg 1 kN = 101,97 kg 1 lb = 0,45 kg = 453,59 g 1 kg = 1000 g 1 g = 10 2 cg = 10 3 mg = 10 6 µg = 10 9 ng 1 onça = 0,03 kg = 28,35 g 1 gr(grão) = 0,06 g = 64,8 mg UNIDADES DE COMPRIMENTO 1 km = 1000 m 1 m = 10 dm = 10 2 cm = 10 3 mm = 10 6 µm = 10 9 nm = 10 10 Å 1 nm = 10 -9 metro = 10 Å (Ångstroms) NANOMETRO (nm): um nano ("anão") metro é 1 milionésimo de milímetro. Por exemplo: para atingir a grossura de um cabelo, são necessários 100 mil deles (100nm). Com a abreviação nm o nanometro é uma unidade de medida de grandezas muito pequenas. 1 Å = 0,10 nm ÅNGSTROM (Å): unidade usada para medidas de comprimentos de onda de radiação eletromagnética. Um Ångstrom equivale a um centésimo milionésimo de um centímetro, ou seja, 0,00000001 centímetros. Este número tão pequeno também pode ser escrito como 1 x 10 -8 centímetros, se usarmos a chamada notação científica. O Ångstrom é, realmente, uma unidade de medida bastante especial. Basta notarmos que uma folha de papel tem a espessura de, aproximadamente, 1.000.000 de Ångstrons. Temos também que 10.000 Ångstroms correspondem a 1 micron. Seu símbolo, Å, é uma homenagem ao físico sueco Ångstrom. 1 dm = 0,1 m 1 cm = 0,01 m MEDIDAS USADAS NOS EUA E INGLATERRA 1 mi (milha) = 1609,34 m = 1,61 km 1 ft (pé) = 304,8 mm = 30,48 cm = 0,3 m 1 mão = 101,6 mm = 10,16 cm 1 in (polegada – também é usual pol ou “) = 25,4 mm = 2,54 cm 1 linha = 2,12 mm MEDIDA NÁUTICA 1 milha náutica = 1,85 km = 1852 m MEDIDAS ASTRONÔMICAS 1 pc (parsec) = 30.856.778.570.831,27 km parsec (p.c.): unidade de distância frequentemente usada na Astronomia para medir distâncias a estrelas e galáxias. Ela é definida como a distância na qual um objeto celeste, como por exemplo, uma estrela, teria uma paralaxe de um segundo de arco. O parsec corresponde a 206265 unidades astronomicas e a 3,26 anos-luz. Isto significa que um parsec = 3,085678 x 10 13 km = 3,08 x 10 18 cm. 1 kiloparsec = 1 kpc = 1000 parsecs = 10 3 pc 1 megaparsec = 1 Mpc = 1 milhão de parsecs = 10 6 pc 1 ano-luz = 9.460.523.129.086,95 km ano-luz (a.l.): unidade de distância usada na Astronomia. Ela corresponde à distância que a luz é capaz de viajar durante um ano no vácuo. Um ano-luz equivale a 9460530000000 km (aproximadamente 9500 bilhões de quilômetros!). Usando a notação científica, escrevemos que 1 ano-luz = 9,46053 x 10 12 km. Em termos de unidades astronômicas (UA) um ano-luz é igual a 63239 UA. Um ano-luz também equivale a 0,3066 parsecs. Em termos de paralaxe, um ano-luz coresponde a uma paralaxe de 3,259 segundos de arco. 1 ae ou ua (unidade astronômica) = 149597828.68 km unidade astronômica (u.a.): medida de distância usada em Astronomia. A unidade astronomica é definida como a distância média entre a Terra e o Sol. Uma unidade astronômica equivale a 149597870,691 km. Em geral consideramos que a distância aproximada entre a Terra e o Sol (ou seja, uma unidade astronômica) é igual a 150 milhões de quilômetros, aproximadamente 500 segundos-luz. Um feixe de luz leva aproximadamente 8,3 minutos para viajar uma unidade astronomica.
  • 6. Página 6 de 56 UNIDADES DE TEMPERATURA 1ºK (kelvin) = - 271,87ºC 1ºF (fahrenheit) = - 17,22ºC 1ºR (reaumur) = 1,25ºC 1 Rankine = - 271,9 UNIDADES DE ÁREA 1 km 2 = 10 6 m 2 = 100 ha 1 ha (hectare) = 104 m 2 1 m 2 = 10 2 dm 2 = 10 6 mm 2 = 10 12 m 2 = 10 18 nm² UNIDADES DE ÁREA – EUA / INGLATERRA 1 município = 93,24 km 2 1 granja = 0,65 km 2 = 647496,87 m 2 1 acre = 4046,85 m 2 1 quadrado = 9,29 m 2 1 ft 2 = 0,09 m 2 = 92903,04 m 2 1 in 2 = 645,16 m 2 UNIDADES DE ENERGIA 1 kWh = 3599999.71 J 1 pé-libra = 1,36 J 1 kcal = 4186,8 J = 1000 cal 1 cal = 4,19 J 1 J = 6241506000000000000 eV = 6,241506 1x 10 18 Elétron-Volt (e.V.): é a energia adquirida por um elétron quando acelerado através de uma diferença de potencial de 1 volt. Unidades muito usada pelos físicos de partículas elementares: (keV): 1 keV = 10 3 e.V.; (MeV): 1 MeV = 10 6 e.V.; (GeV): 1 GeV = 10 9 e.V.; (TeV): 1 TeV = 10 12 e.V. UNIDADES DE PRESSÃO 1 bar = 10 5 Pa = 1,02 kg/cm 2 = 10197,16 kg/m 2 = 10,2 mH2O = 0,99 atm 1 kg/cm 2 = 0,1 MPa = 0,98 bar = 10000 kg/m 2 = 98066,52 Pa = 10 mH2O = 0,97 atm 1 kg/m 2 = 9,81 Pa 1 Mpa = 10 6 Pa 1 Pa = 0,1 kg/m 2 1 mH2O = 0,01MPa = 0,1bar = 0,1kg/cm 2 = 9,81kPA = 999,97kg/m 2 = 9806,38Pa = 39,37inH2O = 100cmH2O = 0,1atm UNIDADES DE VELOCIDADE 1 km/s = 1000 m/s = 3600 km/h = 1943,85 knot(nó) = 0,62 milha/s = 3280,84 pé/s = 1943,85 nó 1 m/s = 3,6 km/h = 2,24 milha/h = 3,28 pá/s = 1,94 nó 1 km//h = 0,28 m/s = 0,62 milha/h = 0,91 pé/s = 0,54 nó 1 nó = 0,51 m/s = 1,85 km/h = 1,15 milha/h = 1,69 pé/s 1 ano = 12 meses = 52 semanas = 635,25 dias = 8766 horas = 525960 minuto 1 minuto = 60 segundos 1 segundo = 10 3 ms = 10 3 µm = 10 9 nm UNIDADES DE VOLUME 1 km 3 = 10 9 m 3 1 m 3 = 1000 l = 1000000ml = 6,11 barril = 28,38 bu(alqueire) = 113,51 pk(bique) = 227,02 gal(galão) = 908,08 qt(quarto) = 1816,17 pt(quartilho) = 1,31 yd 3 (terreno cúbico) = 8,65 barril = 35,31 ft 3 (pé cúbico) 1 litro = 1 dm 3 = 1000 cm 3 = 1000 ml = 1000000 mm 3 = 0,01 barril = 0,03 bu(alqueire) = 0,04 ft 3 = 0,23 gal = 66,67 colheres de sopa = 200 colheres de chá = 4,23 xícaras 1 ml = 1 cm 3 = 1000 mm 3 = 1000 µl = 0,07 colheres de sopa = 0,2 colheres de chá UNIDADES DE TAMANHO ANGULAR GRAU (... o ): o tamanho de um objeto no céu pode ser medido pelo ângulo que ele cobre quando visto da Terra. O círculo inteiro tem 360 graus. MINUTO DE ARCO (...'): um minuto de arco é 1/60 de um grau. O diametro da Lua cheia é aproximadamente 1/2 grau ou seja, 30 minutos de arco. SEGUNDO DE ARCO (..."):um segundo de arco é 1/60 de um minuto de arco ou então 1/3600 de um grau.
  • 7. Página 7 de 56 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO A HIGIENE OCUPACIONAL 1. CONCEITOS INICIAIS ACIDENTE DO TRABALHO: Decreto-Lei nº 79.037, de 24/12/76 – Regulamento do Seguro de Acidentes do Trabalho. Artigo 2º - Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou a perda, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Do ponto de vista prevencionista, entretanto, essa definição não é satisfatória, pois o acidente é definido em função de suas conseqüências sobre o homem, ou seja, as lesões perturbações ou doenças. Visando a sua prevenção, o acidente do trabalho, deve ser definido como “qualquer ocorrência que interfere no andamento normal do trabalho”, mesmo que não cause lesão. DOENÇA OCUPACIONAL: também pode ser chamada de doença do trabalho ou doença profissional. Equipara-se ao acidente do trabalho. É causada geralmente por um agente ambiental agressor. Suas lesões são muitas vezes de difícil percepção, por serem mediatas. Daí a importância de um PCMSO eficaz e os exames médicos periódicos. Exemplos: surdez, pneumoconioses, lombalgia. HIGIENE OCUPACIONAL: é a ciência que visa à antecipação (prevenção), reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos agentes ambientais presentes ou originados nos ambientes de trabalho, que podem prejudicar a saúde e o bem estar dos trabalhadores e/ou comunidade. Higiene Ocupacional é um conjunto de ciências e tecnologias que buscam a prevenção e o controle da exposição ocupacional aos riscos ambientais. Sua ação é de caráter multidisciplinar e seu objetivo básico envolve a identificação, o estudo, as avaliações e o gerenciamento dos riscos químicos, físicos e biológicos presentes nos locais de trabalho. 2. FASES DA HIGIENE OCUPACIONAL ANTECIPAÇÃO: identifica os riscos que poderão ocorrer, no ambiente de trabalho, ainda na fase de projeto, instalação, ampliação, modificação ou substituição de equipamento ou processos prevendo os riscos futuros. Esta etapa é qualitativa, podendo estar associada ao tipo de trabalho executado através das técnicas modernas de análise de riscos; RECONHECIMENTO: preocupa-se com os riscos presentes, avaliando profundamente o processo, matérias primas, produtos intermediários e finais, condições de processo, métodos de trabalho e equipamentos. Esta etapa é qualitativa, podendo estar associada ao tipo de trablaho executado na elaboração do PPRA, mapa de riscos ambientais ou técnicas modernas de análise de riscos; AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO: a NR-15 está relacionada diretamente com esta etapa, que se destina a quantificar, periodicamente, os agentes agressivos identificados nas fases anteriores, utilizando, para isso, intrumentação e metodologias adequadas que possam concluir se a exposição do trabalhador encontra-se acima dos limites de tolerância estabelecidos; CONTROLE E MELHORIA CONTÍNUA: após a avaliação é importante que se estabeleçam procedimentos necessários para garantir que o agente não chegue a valores mais agressivos, nesta fase deve-se também procurar a melhoria do processo a fim de se identificar valores ainda menos agressivos, devendo termos em mente sempre os princípios de controle, em primeiro lugar o controle na fonte, depois o controle na trajetória, em último caso o controle no trabalhador. 3. AGENTES AMBIENTAIS São os riscos presentes nos locais de trabalho, capazes de afetar a saúde do trabalhador, devido à presença de agentes físicos, químicos, biológicos, mecânicos ou ergonômicos. A Portaria nº 25 de 29/12/94 alterou o texto da NR-09 e criou o PPRA, que na sua redação define: AGENTES NOCIVOS: item 9.1.5 da NR-9: consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. AGENTES FÍSICOS: item 9.1.5.1: consideram-se agentes físicos, diversas formas, de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes bem como o infra-som e ultra-som. AGENTES QUÍMICOS: item 9.1.5.2.: consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, na forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. AGENTES BIOLÓGICOS: item 9.1.5.3.: consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.
  • 8. Página 8 de 56 4. INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 4.1. DEFINIÇÕES INSALUBRE (dicionário médico): doentio, enfermo, prejudicial à saúde, nocivo; INSALUBRIDADE: inadequado a vida; PERICULOSIDADE: condição em que se coloca aquilo ou aquele que contribui ou oferece perigo perante as leis; PERIGOSO: em que há perigo, que causa ou ameaça perigo; que envolve periculosidade. 4.2. DEFINIÇÃO LEGAL – LEI 6.514 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977, NO SEU CAPÍTULO V, SEÇÃO XII INSALUBRIDADE: “Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos". PERICULOSIDADE: “Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, ..., aquelas que, por natureza ou método de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.” 4.3. GRAUS DE INSALUBRIDADE GRAU MÁXIMO: 40% sobre o salário mínimo; GRAU MÉDIO: 20% sobre o salário mínimo; GRAU MÍNIMO: 10% sobre o salário mínimo. Quando a avaliação for qualitativa a caracterização se dará através da elaboração de laudo técnico pericial elaborado por Eng.Segurança ou Médico do Trabalho, conforme determina o Artigo 195 da CLT. Estes valores não podem ser cumulativos e devem incidir sobre horas extras, adicional noturno, FGTS e cálculos recisórios, não sendo obrigatório sobre premiações e participações no lucro da empresa. RESUMO DOS ANEXOS DA NR-15 ANEXO Nº AGENTE NOCIVO GRAU DE INSALUBRIDADE 01 RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE 20 % 02 RUÍDO DE IMPACTO 20 % 03 CALOR 20 % 04(revogado) ILUMINAÇÃO (revogado pela Portaria 3.751 de 23.11.90.) 20 % (revogado pela Portaria 3.751 de 23.11.90.) 05 RADIAÇÃO IONIZANTE 40 % 06 CONDIÇÕES HIPERBÁRICAS 40 % 07 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES 20 % 08 VIBRAÇÕES 20 % 09 FRIO 20 % 10 UMIDADE 20 % 11 AGENTES QUÍMICOS (via respiratória) 10 %, 20 % e 40 % 12 POEIRAS MINERAIS 40 % 13 AGENTES QUÍMICOS (específicos) 10 %, 20 % e 40 % 14 AGENTES BIOLÓGICOS 20 % e 40 % 4.4. GRAU DE PERICULOSIDADE 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. 4.5. TRABALHO DO MENOR A idade mínima para o trabalho é de 16 anos, conforme Emenda Constitucional de 15/12/1998. Para as leis trabalhistas, dos 16 aos 18 anos, o menor é relativamente incapaz, necessitando de assistência dos pais. O inciso XXXIII do artigo 7º da Constituição Federal/1998 proibe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 anos. O inciso I do Art.405 da CLT proíbe o trabalho do menor em locais insalubres e perigosos, dando mais detalhes e apresenta um quadro com os locais e serviços considerados perigosos ou insalubres para menores de 18 anos.
  • 9. Página 9 de 56 4.6. ELIMINAÇÃO DA INSALUBRIDADE LEI 6.514 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977, NO SEU CAPÍTULO V, SEÇÃO XII Art. 191. “A eliminação ou a neutralização da Insalubridade ocorrerá: I. Com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos Limites de Tolerância; II. Com a utilização de equipamentos de proteção individual pelo trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância." PORTARIA 3.214 DE 08 DE JUNHO DE 1978 – NR 15 Item 15.4.1. “A eliminação ou a neutralização da Insalubridade ocorrerá: a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro do LT; b) com a utilização de EPI”. 5. AVALIAÇÃO AMBIENTAL 5.1. TIPOS DE AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO QUANTITATIVA: na avaliação quantitativa você conseguir mensurar o valor do agente agressor, normalmente através de instrumentos de medições. É importante a adoção de critérios, para todos os agentes existe metodologia devidamente estabelecida em legislação ou normas, nacionais ou internacionais. AVALIAÇÃO QUALITATIVA: na avaliação qualitativa você apenas reconhece o agente presente no ambiente, mas não consegue estabelecer um valor. 5.2. LIMITE DE TOLERÂNCIA (LT) É a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará risco de dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral. A legislação brasileira é omissa na definição de alguns LT, principalmente para alguns produtos químicos, ficando a dúvida sobre que valor utilizar, no entanto com a última revisão na NR-09 (PPRA), no seu item 9.3.5.1, fica claro a possibilidade de utilização de outras normas internacionais (ACGIH, NIOSH, etc), apenas para os casos de inexistência de LT na legislação brasileira. Para isso deve constar no laudo técnico a referida norma, bem como a metodologia e outras informações pertinentes. 5.3. VALOR TETO (VT) É o valor que não pode ser ultrapassado em hipótese alguma sobre risco iminente a saúde do trabalhador. 5.4. NÍVEL DE AÇÃO (NA) É o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico. Normalmente o NA equivale a 50% do LT. 5.5. NEXO CAUSAL Procura comprovar a relação direta entre a doença e o exercício do trabalho. Para isso se faz necessário verificar a eficácia da proteção fornecida pelo empregador, isto é, se as medidas adotadas efetivamente eliminam, ou atenuam a exposição aos riscos ambientais de modo a impedir o surgimento de uma doença ocupacional. 5.6. FATORES QUE INFLUENCIAM DISTÂNCIA DA FONTE GERADORA TEMPO DE CONCENTRAÇÃO / INTENSIDADE / EXPOSIÇÃO NATUREZA DO RISCO SENSIBILIDADE INDIVIDUAL
  • 10. Página 10 de 56 6. VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO CUTÂNEA: pode ser por contato direto da pele com o agente nocivo ou mesmo através de sua evaporação e absorção pela pele. DIGESTIVA: é uma via muitas vezes desconsiderada como perigosa nas empresas, no entanto deve-se levar em conta a possibilidade de ingestão acidental ou mesmo uma dosagem errada de um medicamento, por exemplo. RESPIRATÓRIA: talvez seja a de mais difícil controle, especialmente no caso de agentes químicos. 7. MEDIDAS DE CONTROLE NA FONTE: é sem dúvida a melhor forma de vir a controlar qualquer agente ambiental e deve ser sempre a primeira opção de ação de controle. NA TRAJETÓRIA: é uma forma alternativa de controle e deve ser utilizada quando não for possível eliminar, atenuar ou controlar o agente na sua fonte de geração. NO RECEPTOR: deve ser a última opção e só utilizada quando não houver outra medida para o controle do agente ou numa situação provisória/emergência. Apesar de algumas vezes ser muito cômodo para empregador a aplicação desta medida, no entanto é a medida que mais controle exige para a sua eficiente aplicação, pois requer treinamento e disciplina do usuário, bem como um controle muito rígido no equipamento de proteção, normalmente o mais usual é o EPI. Também requer um controle médico eficiente (PCMSO), e adoção de outros programas de controle (PPRA, PGR, etc.), deixando a empresa e o trabalhador vulneráveis, por não conseguir eliminar ou neutralizar o agente nocivo. 8. PROCESSO TRABALHISTA 8.1. RECLAMATÓRIAS TRABALHISTAS O acidente de trabalho pode acarretar várias conseqüências jurídicas ao empregador, resultando, inclusive, na indenização ou, até mesmo, numa ação criminal. O direito do empregado reclamar judicialmente os adicionais de periculosidade e insalubridade prescreve após dois anos da recisão do contrato de trabalho. O empregado (reclamante) poderá pleiteá-lo com relação ao período máximo de cinco anos anteriores ao ingresso da reclamação na Justiça do Trabalho e não no Ministério do Trabalho. Além disso, indenizações devido a acidente de trabalho na área cível previdenciário, prescreve em 5 anos (Lei 8213, de 1991, Artigo 104) e, as reparações civis (contra o empregador) prescrevem em 3 anos (art 206 § 3º, V do novo código civil brasileiro). 8.2. PERÍCIAS DO TRABALHO A perícia relativa aos adicionais de risco poderá ocorrer após a demissão, o durante a vigência do contrato de trabalho do reclamante com a reclamada. O perito é o engenheiro de segurança ou médico do trabalho (Artigo 195 da CLT), autônomo, indicado pelo juiz do trabalho, e, portanto, a serviço da justiça do trabalho, responsável pela elaboração do laudo técnico de insalubridade e periculosidade. Neste caso a perícia é obrigatório, não podendo o juiz concluir por conta própria, o litígio em questão. O empregador poderá ter a seu serviço os assistentes técnicos (engenheiro de segurança ou médico do trabalho), sendo funcionário direto ou não da empresa que ficará responsável pelo laudo técnico de defesa. A perícia deve ter especial atenção para os aspectos relevantes: descrição das atividades, local de trabalho e equipamentos; especificação dos riscos associados; verificar cumprimento do PCMSO e PPRA; avaliar os laudos ambientais quantitativos, caso necessário fazer avaliação no momento da perícia; verificar EPI fornecidos, sua utilização, ficha de controle, CA – relação com agente agressor; verificar registros de treinamentos, advertências relativas a SSO e outros documentos pertinentes – acidentes, afastamentos, etc; verificar se as atuais condições de trabalho são as mesmas da época do reclamante; registrar com fotos o local periciado. O Código de Processo Civil (CPC), através do Artigo 429, garante ao perito judicial ampla liberdade de diligência, podendo ouvir testemunhas, solicitar documentos e produzir fotografias, no entanto sem expor a reclamada de possíveis segredos industriais, etc. Devendo o perito ser imparcial, não devendo sensibilizar- se por questões sócio-econômicas, também sendo vedado ao perito receber honorários diretamente de qualquer das partes, devendo receber com depósito em juízo, devendo a parte sucumbente do processo, arcar com os custos do mesmo.
  • 11. Página 11 de 56 CAPÍTULO II AGENTES FÍSICOS 1. RUÍDO 1.1. CONCEITOS INICIAIS 1.1.1. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (NPS): a orelha humana é sensível a uma larga faixa de pressão sonora, indo do limiar da audibilidade ao limiar da dor. O intervalo destes limites é da ordem de 100.000.000.000.000 de unidades, o que torna impossível trabalhar-se com escala linear na sua quantificação. Para conseguir-se um valor de unidade mais compreensível, utiliza-se variação logarítmica, cuja unidade é chamada decibel (dB). O valor de 1 decibel é a menor variação que a orelha humana pode perceber, isto quer dizer que frações da unidade não são perceptíveis a orelha humana. Os limites de audibilidade e da dor variam, em dB de 0 a 140. 1.1.2. RUÍDO DE FUNDO: a avaliação do ruído de fundo durante as medições também é importante na determinação das fontes de ruído. 1.1.3. PROPAGAÇÃO COM OBSTÁCULOS: quando interpomos uma superfície no avanço de uma onda sonora, esta se divide em várias partes: uma quantidade é refletida, a outra é absorvida e outra atravessa a superfície (transmitida). 1.1.4. REFLEXÃO: quando a propagação de um trem de ondas é interrompida por uma superfície delimitadora do meio elástico, ele volta ao meio primitivo, mudando sua direção. 1.1.5. ABSORÇÃO: é a propriedade de alguns materiais em não permitir que o som seja refletido por uma superfície. A tabela a seguir mostra o Coeficiente de absorção "a" para alguns materiais. Material Espessura [cm] Freqüência [Hz] 125 250 500 1k 2k 4k Lã de rocha 10 0,42 0,66 0,73 0,74 0,76 0,79 Lã de vidro solta 10 0,29 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85 Feltro 1,2 0.02 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85 Piso de tábuas de madeira sobre vigas 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07 Placas de cortiça sobre concreto 0,5 0,02 0,02 0,03 0,03 0,04 0,04 Carpete tipo forração 0,5 0,10 0,25 0,4 Tapete de lã 1,5 0,20 0,25 0,35 0,40 0,50 0,75 Concreto aparente 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03 Parede de alvenaria, não pintada 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,07 Vidro 0,18 0,06 0,04 0,03 0,03 0,02 Cortina de algodão com muitas dobras 0,07 0,31 0,49 0,81 0,61 0,54 1.1.6. REVERBERAÇÃO E TEMPO DE REVERBERAÇÃO: quando um som é gerado dentro de um ambiente escuta-se primeiramente o som direto e, em seguida, o som refletido. No caso em que essas sensações se sobrepõem, confundindo o som direto e o refletido, teremos a impressão de uma audição mais prolongada. A esse fenômeno se dá o nome de reverberação. Se as paredes do local forem muito absorventes (pouco reflexivas), o tempo de reverberação será muito pequeno, caso contrário ocorrerão muitas reflexões e o tempo de reverberação será grande. 1.1.7. RESSONÂNCIA: é a coincidência de freqüências entre estados de vibração de dois ou mais corpos. Sabemos que todo corpo capaz de vibrar, sempre o faz em sua freqüência natural. Quando temos um corpo vibrando na freqüência natural de um segundo corpo, o primeiro induz o segundo a vibrar, dizemos então que eles estão em ressonância. Som Incidente Som refletido Som transmitido Som absorvido Onda refletida Onda incidente Ventres Nós
  • 12. Página 12 de 56 1.1.8. CURVAS ISOFÔNICAS E OS CIRCUITOS DE COMPENSAÇÃO A orelha humana não é igualmente sensível a todas as freqüências do espectro audível. É mais sensível na faixa entre 2.000 Hz e 5.000 Hz e menos sensível para freqüências extremamente altas ou baixas. Assim para avaliarmos a sensação auditiva ao ruído não é suficiente apenas à medida pura e simples da pressão sonora, mas deve-se levar em conta também às freqüências que o compõe. Os aparelhos eletrônicos usados nas aferições do ruído devem ter sensibilidade que variem com a freqüência do mesmo modo que a orelha humana. Existem atualmente quatro padrões internacionais com essa sensibilidade humana, são os denominados circuitos de compensação "A", "B", "C" e "D". A escolha da resposta de freqüência nas Curvas de Compensação A, B, C ou D está relacionada à capacidade de atenuação da orelha humana aos diversos níveis de ruído. Sabe-se, entretanto, que somente o circuito de compensação "A" aproxima-se mais do comportamento da orelha humana, sendo assim mais utilizado, conforme normas da OSHA, ACGIH, NR-15 e NHO-01. 1.2. O SOM É uma vibração que se propaga pelo ar em forma de ondas e que é percebida pela orelha humana. É um fenômeno vibratório resultante de variações da pressão no ar. Essas variações de pressão se dão em torno da pressão atmosférica e se propagam longitudinalmente, à velocidade de 344 m/s para 20ºC. Qualquer fenômeno capaz de causar ondas de pressão no ar é considerado uma fonte sonora. Pode ser um corpo sólido em vibração, uma explosão, um vazamento de gás a alta pressão, etc. Basicamente, todo som se caracteriza por três variáveis físicas: freqüência, intensidade e timbre. Certas características do som o tornam audível e permitem diferenciar os diversos sons: altura, intensidade e timbre. 1.2.1. ALTURA DO SOM É a característica que permite a orelha humana, diferenciar os sons graves de sons agudos. A altura depende, apenas, da freqüência; nas baixas freqüências, as partículas de ar vibram lentamente e produzem sons graves, enquanto que, nas freqüências elevadas, as partículas vibram rapidamente e produzem sons agudos. 1.2.2. FREQÜÊNCIA SONORA (f) É a número de oscilações por segundo do movimento vibratório do som. Para uma onda sonora em propagação, é o nº de ondas que passam por um determinado referencial num intervalo de tempo. UNIDADE: hertz (Hz) é a quantidade de ondas de um som propagado no tempo de 1 segundo. TIPOS: sons de baixa freqüência são chamados de graves e os de alta freqüência de agudo. FAIXA AUDÍVEL DE FREQÜÊNCIAS: dentro da faixa audível, verificamos que a orelha percebe as freqüências de uma maneira não linear. Experiências demonstram que a orelha humana obedece a Lei de Weber, de estímulo/sensação, ou seja, as sensações como cor, som, odor, dor, etc., variam como o logaritmo dos estímulos que as produzem. As vibrações sonoras são detectáveis quando a variação de pressão do ar atinge valores de ordem de 2 x 10 -5 Pa, para freqüência em torno de 1.000 Hz. A faixa de freqüência audível ou captada pela orelha humana varia de 20 a 20.000 Hz. Quanto maior a freqüência, mais agudo é o som. Os sons com menos de 20 Hz são chamados de infra- sons e os sons com mais de 20.000 Hz são chamados de ultra-sons. Esta faixa de freqüências entre 20 e 20kHz é definida como faixa audível de freqüências ou banda audível. 20 20.000 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 63 125 250 500 1 K 2 K 4 K 8 K NíveisdeSomdB Freqüências Hz Faixa ou banda audível Hz Infra-sons Ultra-sons
  • 13. Página 13 de 56 1.2.3. COMPRIMENTO DE ONDA (λλλλ) É o espaço percorrido pela perturbação, até o ponto em que a partícula passe a repetir o movimento. Também pode ser definido como a distância correspondente a uma oscilação completa. O comprimento de onda é representado por λ. Chamando de λλλλ o comprimento de onda do som e V a velocidade de propagação da onda, pode-se escrever: V = λλλλ . f Portanto, um som de 32 Hz tem uma onda de 10,63 m e, um som de 20.000 Hz tem um comprimento de onda de 1,7 cm. 1.2.4. BANDAS DE OITAVAS Assim, os intervalos entre os sons de 100 e 200 Hz, 200 e 400 Hz, 400 e 800 Hz parecerão iguais na nossa orelha. Portanto, pela Lei de Weber, concluímos que o intervalo entre freqüências não se mede pela diferença de freqüências, mas pela relação entre elas. Desta maneira, se define uma oitava como sendo o intervalo entre freqüências cuja relação seja igual a 2. 200 100 400 200 800 400 2= = = ⇒ 1 oita va Atualmente, usamos como freqüência de referência (padronizada pelo SI), o valor de 1000 Hz, ficando as oitavas com freqüência central em 500, 250, 125, 62,5, 31,25, e 2.000, 4.000, 8.000 e 16.000 Hz. As freqüências audíveis são divididas em 3 faixas: Baixas freqüências ou sons graves: as quatro oitavas de menor freqüência: 31.25; 62.5; 125 e 250 Hz. Médias freqüências ou sons médios: as três oitavas centrais: 500; 1.000 e 2.000 Hz (são as mesmas da voz humana). Altas freqüências ou sons agudos: as três oitavas de maior freqüência: 4.000; 8.000 e 16.000 Hz. 1.2.5. INTENSIDADE É a característica que permite a orelha humana, diferenciar sons fracos de sons fortes. Depende da energia com que vibram as camadas de ar em contato com a orelha e, portanto, da amplitude de vibração destas camadas. A intensidade do som é a quantidade de energia contida no movimento vibratório. Essa intensidade se traduz com uma maior ou menor amplitude na vibração ou na onda sonora. Para um som de média intensidade essa amplitude é da ordem de centésimos de milímetros. Como podemos notar, do ponto de vista físico, a energia contida num fenômeno sonoro é desprezível, por exemplo, a energia sonora contida num grito de "gol" de um estádio de futebol lotado, mal daria para aquecer uma xícara de café. Se a energia da voz de toda a população de uma cidade como Bauru fosse transformada em energia elétrica, seria o suficiente apenas para acender uma lâmpada de 50 ou 60 watts. Ao fazermos uma relação entre a intensidade sonora e a audição, novamente nos encontramos com a Lei de Weber, ou seja, conforme aumentamos a intensidade sonora a nossa orelha fica cada vez menos sensível; ou ainda, precisamos aumentar a intensidade de maneira exponencial para que a orelha "sinta" o som de maneira linear. Desta maneira, quando escutamos um aparelho de som que esteja reproduzindo 20 watts de potência elétrica, e aumentamos instantaneamente a sua potência para 40 watts, o som nos parecerá mais intenso. Se quisermos agora, aumentar mais uma vez o som para que o resulte a mesma sensação de aumento, teremos que passar para 80 watts. Portanto, usamos uma escala logarítmica para a intensidade sonora, da mesma maneira que usamos para a freqüência. Esquema da formação da escala em decibels. 10-16 Watts/cm2 10-14 10-12 10-10 10- 8 10- 6 10- 4 10- 2 Relações 1 102 104 106 108 10-10 1012 1014 Bel 0 2 4 6 8 10 12 14 decibel 0 20 40 60 80 100 120 140 Limiar de audibilidade Limiar de audibilidade λ/2 λ λ
  • 14. Página 14 de 56 1.2.6. DECIBEL O nome BEL foi dado em homenagem a Alexandre Graham Bell, pesquisador de acústica e inventor do telefone. A escala ficou reduzida em excesso, pois entre o limiar de audibilidade e o ruído de uma rua, por exemplo, existem mais de oito unidades de sons audíveis. Por isso foi criado o décimo do BEL, o decibel: podemos dizer então que o ruído de uma rua é de 80 dB ("d" minúsculo e "B" maiúsculo). Portanto, o número de decibels (dB) nada mais é que aquele expoente da relação das intensidades físicas, multiplicado por 10. A intensidade sonora medida em decibels é definida como Nível de Pressão Sonora (NPS) ou Sound Intesity Level (SIL), em inglês. Intensidade Sonora watts / cm 2 ou BAR Nível de Pressão Sonora – NPS decibels (dB) O decibel não é uma unidade de medida, mas apenas uma escala. O plural de decibel é decibels. O termo "decibeis" é errado, embora se tornou de uso popular. Assim, o NPS, medido em decibels, satisfaz a construção fisiológica da nossa orelha. Matematicamente podemos escrever: NPS = 10 x log (P / Pref), sendo P a pressão sonora de um som, e Pref = 10 -16 w/cm 2 . Voltando ao exemplo do aparelho de som com 20 watts, digamos que o aparelho reproduza 60 dB; com 40 w, o aparelho reproduzirá 63 dB, e com 80 w, 66 dB. Da mesma forma, um avião a jato produz perto de 140 dB de NPS; dois aviões idênticos produzirão 143 dB. Portanto, na escala em decibels, o dobro de 70 dB é 73 dB, assim como o dobro de 120 dB é 123 dB. A metade de 90 dB é 87 dB, assim como a metade 150 dB é 147 dB. Desta forma, se uma máquina produz 60 dB, mil máquinas idênticas produzirão 90 dB. Para um operário que trabalha 8 h/dia num ambiente com 100 dB, se ele trabalhar apenas 4 h/dia, ele estaria exposto, em a 97 dB. Portanto o limiar de percepção auditiva é de 0 dB = 20µPa, já o limiar da dor está entre 120 dB e 130 dB. É importante notar que existe uma nítida divisão entre os sons que se apresentam abaixo e acima da voz humana; os sons com níveis inferiores à nossa voz são naturais, confortáveis e não causam perturbação; ao contrário, os sons superiores à voz humana podem ser considerados ruídos, normalmente são produzidos por máquinas, são indesejáveis, e causam perturbação ao homem. 1.2.7. TIMBRE É a característica que permite a orelha humana distinguir dois sons de mesma altura (freqüência) emitidos por fontes diferentes. Se nós tocarmos a mesma nota, na mesma altura (mesma freqüência) com a mesma intensidade, em um piano e em um violino, notamos claramente a diferença. Em linguagem comum, dizemos que os seus timbres são diferentes. Portanto, o timbre nos permite reconhecer a fonte geradora do som. Tecnicamente, o timbre é a forma de onda da vibração sonora. Faixa de Conversação dB(A) 00 10 20 30 40 50 60 70 80 90 10 11 12 13 14 Barulho das folhas na brisa Ru Quarto de dormir à noite Ruído em uma biblioteca Som em uma sala de estar Escritório Voz humana normal Voz humana (alta) Ruído do tráfego urbano Ruído do metrô Oficina Mecânica Serra circular Buzina de automóvel Trovão forte Martelete pneumático Avião a jato na pista Limite do conforto Limite da dor Limite da percepção 15
  • 15. Página 15 de 56 1.3. DEFINIÇÃO DE RUÍDO Diferencia-se som de ruído, por ser o primeiro capaz de produzir sensações auditivas prazerosas, como música ou fala, enquanto que o segundo é identificado por sensações desagradáveis, como barulho de máquinas, buzinas, etc. DEFINIÇÃO SUBJETIVA: é um som prejudicial à saúde humana que causa sensação desagradável e irritante. DEFINIÇÃO FÍSICA: é todo fenômeno acústico não periódico, sem componentes harmônicos definidos. É um som de grande complexibilidade, resultante da superposição desarmônica de sons provenientes de várias fontes. 1.4. TIPOS DE RUÍDO 1.4.1. RUÍDO CONTÍNUO: são aqueles cuja variação de nível de intensidade sonora é muito pequena em função do tempo. São ruídos característicos de bombas de líquidos, motores elétricos, engrenagens, etc. Exemplos: chuva, geladeiras, compressores, ventiladores. 1.4.2. RUÍDO INTERMITENTE: ruído cujo nível cai ao valor de fundo, várias vezes durante o período de observação, sendo o tempo em que permanece em valor constante acima do valor de fundo da ordem de segundos ou mais. São aqueles que apresentam grandes variações de nível em função do tempo. São geradores desse tipo de ruído os trabalhos manuais, afiação de ferramentas, soldagem, o trânsito de veículos, etc. São os ruídos mais comuns nos sons diários. 1.4.3. RUÍDO DE IMPACTO: ruído que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, em intervalos de tempo superiores a um segundo. São provenientes de explosões e impactos, tais como: rebitadeiras, impressoras automáticas, britadeiras, prensas, etc. 1.5. LEGISLAÇÃO PERTINENTE Portaria 3.421/78 – NR-15 – Anexos 1 e 2, do MTE; NHO-01 – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído Contínuo ou Intermitente e Impacto, emitida pela Fundacentro. 1.6. AVALIAÇÃO DO RUÍDO Para avaliação do nível de ruído podemos fazer desde uma simples avaliação local, passando por um levantamento mais minucioso, até uma análise de alta precisão usando analisadores de freqüência. No Brasil, os critérios para medição e avaliação do ruído em ambientes são fixados pelas Normas Brasileiras da Associação Brasileira de Normas Técnicas. As principais são: NBR 7.731 – Guia para execução de serviços de medição de ruído aéreo e avaliação dos seus efeitos sobre o homem; NBR 10.151 – Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade; NBR 10.152 – Níveis de ruído para conforto acústico. Trabalhos científicos relacionados com o ruído ambiental demonstram que uma pessoa só consegue relaxar totalmente durante o sono, em níveis de ruído abaixo de 39 dB(A), enquanto a Organização Mundial de Saúde estabelece 55 dB(A) como nível médio de ruído diário para uma pessoa viver bem. Portanto, os ambientes localizados onde o ruído esteja acima dos níveis recomendados necessitam de um isolamento acústico. Acima de 75 dB(A), começa a acontecer o desconforto acústico, ou seja, para qualquer situação ou atividade, o ruído passa a ser um agente de desconforto. Nessas condições há uma perda da inteligibilidade da linguagem, a comunicação fica prejudicada, passando a ocorrer distrações, irritabilidade e diminuição da produtividade no trabalho. Acima de 80 dB(A), as pessoas mais sensíveis podem sofrer perda de audição, o que se generaliza para níveis acima de 85 dB(A). 80 90 dB Ruído Contínuo Temp 70 60 Tempo Ruído Intermitente 80 90 dB 70 60 Ruído de Impacto 80 90 dB Tempo 70 60
  • 16. Página 16 de 56 1.6.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO A) MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA O medidor de pressão sonora simples, conhecido popularmente como decibelímetro, mede o ruído de forma pontual, sem levar em consideração o tempo efeitvo de exposição à fonte, por isso não é possível saber a dose de exposição. Existem alguns equipamentos, conhecidos como dosímetros, que calculam a pressão sonora do ruído médio equivalente (TWA ou Leq), o que facilita posteriormente o cálculo da dose com maior precisão. A instrumentação para medição de ruído é a única que tem regulamentação internacional e a que apresenta a maior versatilidade e opções de modelos, desde simples até complexas análises de níveis sonoros, com diferentes graus de exatidão. Os aparelhos de boa procedência atendem os padrões da IEC (International Electrotechnical Commission) e do ANSI (Americam Standards Institute). Portanto ao comprar ou usar um equipamento de medida de som, verifique se ele atende a uma dessas normas: IEC 651 (1979) – Sound Level Meters IEC 804 (1985) – Integrating-Averaging Sound Level Meters ANSI S1.4 (1983) – Specification for Sound Level Meters ANSI S1.25 (1991) – Specification for Personal Noise Dosimeters ANSI S1.11 (1986) – Specification for Oitave Filters. Os medidores de precisão constam, normalmente de: microfone; atenuador; circuitos de equalização; circuitos integradores; mostrador (digital ou analógico) graduado em dB. O microfone é peça vital no circuito, sendo sua função a de transformar um sinal mecânico (vibração sonora) num sinal elétrico. Obrigatoriamente os equipamentos devem conter: 2 curvas de ponderação – os circuitos de equalização devem fornecer ao usuário a opção de escolha para as curvas A ou C. Alguns aparelhos contém as curvas B e D; No mínimo, 2 constantes de tempo: lenta (slow) ou rápida (fast). Alguns aparelhos possuem as constantes ‘impulso’ e ‘pico’; Faixa de medida de 30 a 140 dB. Calibrador. A grande diferença entre as Curvas "A" e "C" está na atenuação para baixas freqüências. Portanto, se durante uma medição de ruído, constatarmos uma grande diferença entre os valores medidos na escala "A" e "C", isto significa que grande parte do ruído encontra-se na faixa de baixas freqüências. Os tempos correspondentes às respostas: lenta (slow) é de um segundo e, rápida (fast), é de 0,125 segundos. A resposta lenta facilita as medições, quando existe muita variação de ruído no ambiente. Dosímetro de ruido marca Bruel & Kjaer, modelo 2231. Calibrador marca Bruel & Kjaer, modelo 4230. Filtro de freqüência marca Bruel & Kjaer, modelo 1625 Medidor de Nível de Pressão Sonora – marca Bruel & Kjaer modelo 2231, tipo 1.
  • 17. Página 17 de 56 B) DOSIMETRIA PESSOAL DE RUÍDO (DOSIMETRO) O dosímetro de ruído possui, no seu interior, um processador que permite calcualar a dose de exposição do trabalhador em vários níveis de exposição, além de fornecer outros parâmetros importantes à conclusão do laudo técnico. Embora não citada, explicitamente, na NR-15 – Anexo 1 – a avaliação de ruído com a utilização do dosímetro é mais recomendada, sendo legalmente válida, desde que realizada de acordo com a norma FUNDACENTRO NHO-01. Utilizar para determinação da "dose de ruído" dosímetros de ruído (Noise Dose Meter) de uso pessoal, previamente calibrados com pistão fone do mesmo fabricante. O que difere basicamente o dosímetro do decibelimetro, é que neste primeiro você pode utilizá-lo tanto como decibelímetro, como um dosador pessoal de ruído, onde o equipamento é colocado no próprio trabalhador, acompanhando-o por toda ou parte de sua jornada de trabalho. Aliás esta discussão da validação legal dos resultados do dosímetro tem sido feito pelos profissionais da área de segurança e saúde ocupacional, pelo fato da legislação brasileira sem omissa, quanto ao uso desde equipamento, no entanto não aceitar a validação dos seus resultados é, pelo menos, não aceitar a evolução e precisão tecnológica, frente aos cálculos manuais, pois a margem de erro deve ser sempre em favor da segurança. Para isso são importantes algumas recomendações específicas, para seu uso: o sensor do equipamento deve estar posicionado na lapela (ombro) do trabalhador – margem de erro de + 0,3 dB(A); caso o trabalhador esteja exposto, por quase toda sua jornada de trabalho, exposto ao ruído contínuo, utilize-o durante, pelo menos duas horas, pegando o período de permanência constante do trabalhador no ambiente ruidoso; caso o trabalhador fique exposto a diferentes níveis de pressão sonora ou esteja exposto a um ruído intermitente, com grande variações e incidência de ruído de impacto, pegue toda a jornada de trabalho, ou seja, 8 horas; esteja atento para eventuais ocorrência de reuniões, máquinas paradas, manutenções, serviços de limpeza, etc, pois as medições devem ser realizadas num dia de trabalho normal. Outra vantagem muito importante para uso do dosimetro é que ele permite que façamos uma simulação prática da eficiência de atenuação de um protetor auditivo do tipo concha. A atenuação dos protetores deve ser determinada em campo real, através do seguinte procedimento: instalar o sensor de um dosímetro de ruído, no interior de cada concha do protetor auditivo, passando o cabo do mesmo de maneira ajustada, através de um furo feito no selo da concha, para tanto fazer uso de dois dosímetros instalados nas mesmas condições um para cada concha; fixar com auxílio de uma fita adesiva, o sensor de um terceiro dosímetro de ruído de mesmo modelo na parte externa da concha, em posição e alturas aproximadamente iguais; fazer três leituras para cada concha e utilizar dez conchas de cada modelo de protetor auditivo, quando quiser testar a eficiência dos diferentes modelos; chamamos a atenção para a colocação dos sensores dos dosímetros de ruído no interior de cada concha do protetor auditivo, com a finalidade de captar e registrar o nível de ruído residual atenuado em campo real, que chega a orelha do trabalhador. Um terceiro sensor preso a uma concha para registrar os níveis de ruído do ambiente de trabalho sem atenuação pela proteção individual. C) PRECAUÇÕES DURANTE AS MEDIÇÕES verificar a bateria antes de cada medição; verificar a calibração sempre que for usar o aparelho. O medidor, por ter um circuito eletrônico, é muito sensível à temperatura, e o seu microfone tem alta sensibilidade à umidade e pressão atmosférica, quando necessário calibrar, conforme recomendação do fabricante; usar corretamente as curvas de ponderação "A", "B" ou "C"; usar de maneira adequada a constante de tempo “slow” ou “fast”; medidor deve ser colocado na posição de trabalho do operário e na altura da orelha do mesmo; deve ser evitada a interferência do vento no microfone do medidor. Para anular esse efeito, existe um dispositivo denominado "windscreen" que evita o "sopro" sobre o microfone; a distância do medidor à fonte de ruído deve estar de acordo com as Normas ISO 1999, ISO 1966/1 e as recomendações ISO R 131, R 266 e R 495; devem ser evitadas superfícies refletoras, que não sejam comuns ao ambiente; recomenda-se fazer pelo menos 5 medições em cada local. o principal causador de erros nas medições de ruído é o ruído de fundo, por isso devemos muitas vezes medir o nível de ruído com a máquina em funcionamento e, em seguida, desligada, se a diferença do nível for menor que 3 dB, devemos procurar estudar melhor o ruído de fundo; os instrumentos mais modernos vêm com um software amigável para conexão direta no microcomputador, utilizam o ambiente Windows, para impressão das leituras realizadas (alguns instrumentos acumulam várias leituras, permitindo a opção de impressa de um relatório completo).
  • 18. Página 18 de 56 1.7. LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e trinta minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Entende-se por ruído contínuo ou intermitente, para os fins de aplicação de limites de tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas a orelha do trabalhador. Utilizar microfone protegido com filtro de vento e com inclinação aproximada de 45º em relação ao piso, tudo em conformidade com o item nº 2 do Anexo nº 1 da NR 15. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente. Para verificação do espectro de áudio freqüência do ruído, utilizar um filtro 1/1 oitava, 31,5 Hz a 16 khz. A instrumentação deve ser devidamente aferida a cada série de amostragens, com pistão fone do mesmo fabricante e as baterias tiveram seu tempo de utilização controlado. Se durante a jornada de trabalho ocorrer dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações. 1.7.1. VALOR TETO (VT) As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e eminente. 1.7.2. NÍVEL DE AÇÃO (NA) É usual definir NA como 50% do valor de LT. No entanto para ruído contínuo ou intermitente esta regra requer uma melhor compreensão do fenômeno. O LT de 85 dB é definido para a jornada diária de 8 horas. Sabemos que a metade da energia acústica de uma ambiente com 85 dB(A) é 82 dB(A), no entanto o tempo de exposição permitido para 82 dB é mais do que a metade do tempo de exposição permitido por, que é de 4 horas, portanto como margem de segurança, devemos definir o NA pela metadade do tempo de exposição permitido por lei, que nos dá o valor máximo de 80 dB(A).
  • 19. Página 19 de 56 1.7.3. LIMITES DE TOLERÂNCIA EM OUTROS PAÍSES País Nível de Ruído dB(A) Tempo de Exposição (h) Taxa de divisão dB(A) Nível Máximo dB(A) Nível de Ruído de impacto (dB) Alemanha 85 8 3 Japão 90 8 -- -- França 90 40 3 -- -- Bélgica 90 40 5 110 140 Inglaterra 90 8 3 135 150 Itália 90 8 5 115 140 Dinamarca 90 40 3 115 -- Suécia 85 40 3 115 -- USA–OSHA 90 8 5 115 140 USA–NIOSH 85 8 5 -- -- Canadá 90 8 5 115 140 Austrália 90 8 3 115 -- Holanda 80 8 3 Espanha 85 8 3 110 Turquia 95 -- -- -- -- China 70 - 90 8 3 Finlândia 85 8 3 Hungria 85 8 3 Nova Zelândia 85 8 3 Israel 85 8 5 Noruega 85 8 3 Brasil 85 8 5 115 130 Tempo de exposição diária ou semanal. Estabelece nível contínuo de prevenção = 85 dB(A) Estabelece nível contínuo de prevenção = 80 dB(A) 1.7.4. LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE IMPACTO Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser feitas próximas a orelha do trabalhador. O limite de tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo. Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (fast) e circuito de compensação "C". Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C). Atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (linear), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida (fast), oferecerão risco grave e iminente. Nível de ruído de fundo, predominante entre picos do ruído de impacto, deve ser avaliado como ruído contínuo. Embora não citado na NR-15 – Anexo 2, é importante sabermos os efeitos diferenciados quando o trabalhador estiver exposto a um número variado de impulsos (ruído de impacto). Por exemplo, receber 100 impactos de 125 dB é diferente do que receber 10.000 impactos dos mesmos 125 dB. Evidentemente, 10.000 impactos serão mais prejudiciais ao trabalhador; desta forma a relação de número de impactos e nível de pico de ruído é que determinam o máximo permissível, segundo a recomendaçãoda ACGIH. Isso é o que poderia ser chamado de dose de exposição ao ruído de impacto.
  • 20. Página 20 de 56 1.7.5. LIMITE DE TOLERÂNCIA PARA JORNADAS ACIMA DE 8 HORAS T = 16 2 (LT-80)/5 log 16 LT = ( T x 5 ) + 80 log 2 Onde:T – tempo da jornada requerido para o caso em questão – em horas; q – taxa de troca igual a 5 (NR-15) ou 3 (NHO-01) Exemplo: calcule o limite de tolerância para jornada de trabalho de 10 h. Resposta: LT = (log (16/10) / log2) x 5 + 80 = 83,4 = 83 dB (A) 1.8. CÁLCULOS DE AVALIAÇÃO DO RUÍDO PROPRIEDADES EXPONENCIAIS a x . a y = a x+y a 0 = 1 a -n = 1 ; onde n > 0 n a m/n = ( n √a)m a x = N x = logaN LEI DOS LOGARÍTIMOS loga(M.N) = loga(M) + loga(N) loga ( M )= loga(M) - loga(N) N loga(1) = 0 loga(M) n = n.loga(M) loga(a) = 1 loga(M) = x M = a x CÁLCULO DO NPS NPS = log10(Ps/Pref.) 2 Bel NPS = 10.log10 ( Ps ) 2 dB P ref. Pref =20 x 10 -6 Pa limiar inferior auditivo = 20 µPa A potência é diretamente proporcional ao quadrado da pressão. NPSt = NPS1 + NPS2 (Ps/Pref.) 2 = 10 NPSt/10 10.log10(10 NPSt/10 ) = 10.log10(10 NPS1/10 + 10 NPS2/10 ) (NPSt/10).10.log(10) = 10.log10(10 NPS1/10 + 10 NPS2/10 ) NPSt = 10.log(10 NPS1/10 +10 NPS2/10 ) dB
  • 21. Página 21 de 56 PARA “n” FONTES SONORAS: n NPSt = 10.log. Σ (10 (NPSi)/10 ) i = 1 Exemplo: 90 + 87 NPSt = 10.log(10 90/10 +10 87/10 ) NPSt = 10.log(10 9 +10 8,7 ) NPSt = 91,76 dB = 92 dB(A) PARA DIFERENÇA MAIOR OU IGUAL A 15 Exemplos: 90 + 70 = 90 ; 90 + 65 = 80 ; 105 + 50 = 105 – em dB(A) Portanto diferenças maiores ou iguais a 15 em dB(A) prevalece sempre o maior valor. PARA DIFERENÇA MAIOR OU IGUAL A 10 E MENOR QUE 15 Exemplo: 90 + 76 (em dB) NPSt = 10.log(10 90/10 +10 76/10 ) NPSt = 10.log(10 9 +10 7,6 ) NPSt = 90,02 dB = 90 dB(A) Outro exemplo: 90 + 80 (em dB) NPSt = 10.log(10 90/10 +10 80/10 ) NPSt = 10.log(10 9 +10 8 ) NPSt = 90,41 dB = 90 dB(A) Portanto diferenças maiores ou iguais a 10 em dB(A) prevalece sempre o maior valor. PARA “n” FONTES SONORAS COM A MESMA INTENSIDADE NPSt = NPSindividual + 10.log(n) n NPSt n NPSt 1 80 1 80 2 83 10 83 4 86 100 86 8 89 1000 90 16 92 1.9. TEMPO DE EXPOSIÇÃO Sabemos que o NPS para 8 horas diárias tem de ser menor que 85dB(A) Texp = 8 / (2 (NPS-85)/q ) 1.10. FATOR DE MULTIPLICAÇÃO – “q” RECOMENDAÇÕES: OSHA – USA ISO – Europa NR-15 - BRASIL dB(A) Texp A cada 5dB(A) diminui-se na metade o tempo de exposição, por isso q = 5. dB(A) Texp A cada 3dB(A) diminui-se na metade o tempo de exposição, por isso q = 3. dB(A) Texp A cada 5dB(A) diminui-se na metade o tempo de exposição, por isso q = 5. 90 8h 85 8h 85 8h 95 4h 88 4h 100 4h 100 2h 91 2h 105 2h 105 1h 94 1h ... ... ... ... 97 30’ ... ... EXEMPLOS Para 89 dB(A), qual o tempo de exposição? Texp = 8 = 3,1749 horas = 3 horas e 10,494 min = 3h10’30” (2 (89-85)/3 ) Para 110 dB(A) Texp = 8 = 1h 49min (2 (110-85)/3 )
  • 22. Página 22 de 56 1.11. AVALIAÇÃO DE RUÍDO A DISTÂNCIA NPSx = NPSy - 20 log(x/y); onde x > y e NPSx < NPSy Exemplo: a 10 metros ouve-se 94dB(A). Qual o NPS a 30m? NPS30 = NPS10 - 20 log(30/10) NPS30 = 94 - 20 log(30/10) = 94 – 9,5 = 84 dB(A) Distância dB(A) Sempre que se dobra a distância reduz-se 6dB(A) 1 m 100 2 m 94 4 m 88 8 m 82 16 m 76 ... ... 1.12. AVALIAÇÃO DE RUÍDO REFLETIDO NPSt = NPSy - 20 log(x/y) ; onde: y = (distância direta da fonte de ruído para o observador) x = y + (distância da fonte de ruído até o objeto de refletância) 1.13. CÁLCULO DA DOSE DE RUÍDO 1.13.1. CONCEITO DE DOSE DE EXPOSIÇÃO Caso ocorra durante a jornada de trabalho, dois ou mais períodos de exposição a ruído, de diferentes níveis, contínuo ou intermitente, deve-se avaliar a exposição considerando o tempo efetivo da mesma, em cada situação acústica presente no local, como o tempo permitido pela legislação, chamado Dose de Exposição – “D”. Caso o valor de D seja maior que 1, a exposição estará acima do limite de tolerância. Se a pessoa ficar 8h/dia exposto a 85dB(A) em ruído contínuo a dose é igual a 1 (D = 1). O resultado do cálculo da dose é um valor admensional, que pode ser expresso em porcentagem, ou seja, se o valor de D for maior que 1, significa que o valor da dose exceder em mais de 100% o valor do Limite de Tolerância. Não se cálcula dose para ruído de impacto, mas vale salientar que se os dois tipos de ruído estiverem presentes, haverá uma sobreposição de ondas que resultará num incremento nos níveis de ruído contínuo ou inmtermitente. 1.13.2. FÓRMULA DE CÁLCULO w D = Σ (texp.real/texp.adm.) i ou seja, C1 + C2 + C3 +.......................+ Cn T1 T2 T3 Tn Onde: D = dose de ruído Cn = tempo total em que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico. Tn = máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o quadro deste anexo. 1.13.3. EXEMPLO Um trabalho está exposto aos seguintes níveis de ruído e tempos: 4h – 90dB(A); 2h – 80dB(A); 2h – 100 dB(A). Qual a dose acumulada? D = 4/4 + 2/16 + 2/1 = 3,125 Para esta dose poderemos calcular o tempo de exposição máximo permissível: Texp = 8 / (2 (NPS-85)/5 ) = 8 / 3,125 = 2,56 h 1.14. CÁLCULO DO RUÍDO DE FUNDO NPSt = RF + NPSm NPSm nível de pressão sonora emitido pela máquina ou equipamento. Exemplo: num determinado galpão industrial foi instalada uma determinada máquina e encontrado o valor de 87 dB(A), sabendo que o ruído anterior existente no local, quando não havia nenhum máquina ou equipamento em operação era 82 dB(A), quando efetivamente de ruído a máquina produz? NPSt = RF + NPSm 87 = 82 + NPSm NPSm = 87 – 82 = 85,3 dB(A) X2 X1 y NPSy
  • 23. Página 23 de 56 1.15. CÁLCULO DA ATENUAÇÃO DO PROTETOR AUDITIVO dB(C) - NRR = dB(A)(ouvido) 25% de desconto para protetores cicum-auriculares; 50% de desconto para protetores de inserção de espuma lenta; 70% de desconto para protetores de inserção pré-moldados (polímeros de forma fixa). dB(A) - (NRR - 7) = dB(A)(ouvido) dB(A) - NPSsf = dB(A)(ouvido) 1.16. EFEITOS DO RUÍDO SOBRE A SAÚDE E O BEM ESTAR DAS PESSOAS O ruído pode causar surdez, redução auditiva, cansaço, irritação, cefaléia, problemas do aparelho digestivo, entre outros. Quando uma pessoa é submetida a altos níveis de ruído, existe a reação de todo o organismo a esse estímulo. 1.16.1. ANATOMIA DA ORELHA HUMANA Hoje em dia o nome chamado para todo sistema auditivo do homem é orelha, não mais se usando o nome ouvido ou pavilhão auricular. A orelha é o órgão coletor dos estímulos externos, transformando as vibrações sonoras em impulsos sonoros para o cérebro. É, sem dúvida, a estrutura mecânica mais sensível do corpo humano, pois detecta quantidades mínimas de energia. A orelha externa compõe-se de orelha própria dita, do canal auditivo e do tímpano. A função da orelha é a de uma corneta acústica, capaz de dar um acoplarento de impedâncias entre o espaço exterior e o canal auditivo, possibilitando melhor transferência de energia. Essa corneta, tendo certa característica diretiva, ajuda a localização da fonte sonora. As paredes do canal auditivo são formadas de ossos e cartilagens. Em média, o canal tem 25 mm de comprimento, 7 mm de diâmetro e cerca de 1 cm 3 de volume total. O tímpano (membrana timpânica) é oblíquo e fecha o fundo do canal auditivo. Tem forma aproximada de um cone com diâmetro da base de 10 mm. É formado de uma membrana de 0,05 mm de espessura e superfície de 85 mm 2 . Deve ficar claro, que o tímpano assemelha-se a um cone rígido sustentado em sua periferia por um anel de grande elasticidade, que lhe permite oscilar como uma unidade, sem sair do seu eixo. Logo depois do tímpano temos uma cavidade cheia de ar conhecida também como cavidade do tímpano, cujo volume é da ordem de 1,5 cm3 e que contém 3 ossículos: o martelo (23 g), a bigorna (27 g) e o estribo (2,5 g). A função de tais ossículos é, através de uma alavanca, acoplar mecanicamente o tímpano à cóclea (caracol), triplicando a pressão do tímpano. Na parte interna da cavidade do tímpano, existem a janela oval e redonda, que são as aberturas do caracol. As áreas de tais janelas são da ordem de 3,2 e 2 mm2 respectivamente. A janela redonda é fechada por uma membrana e a oval é fechada pelo "pé" do estribo. A cadeia ossicular da orelha médio é mostrada ao lado. É possível visualizar: martelo com o ligamento superior (1), ligamento anterior (2), ligamento lateral (3) e músculo tensor do tímpano (4); a bigorna com seu ligamento superior (5) e ligamento posterior (6); estribo com o ligamento anular (7) e o músculo estapédio (8). O músculo estapédio tem uma importante função na proteção da audição contra os altos níveis de ruído. Estribo BigornaMartelo
  • 24. Página 24 de 56 A orelha interna inicia-se pela janela oval, seguindo um canal semicircular que conduz ao caracol (cóclea) que tem um comprimento de 30 a 35 mm e é dividido longitudinalmente em duas galerias, pela membrana basilar. O caracol tem aspecto de um caramujo de jardim e mede cerca de 5 mm do ápice à base, com uma parte mais larga de aproximadamente 9 mm. Pode-se dizer que o caracol consiste de um canal duplo enrolado por 2,5 voltas em torno de um eixo ósseo. A janela oval fecha o compartimento superior e transmite suas vibrações para a membrana basilar através da endolinfa, líquido viscoso que preenche esse conduto. O comprimento da membrana basilar é de 32 mm; tem cerca de 0,1 mm de espessura próxima à janela oval e 0,5 mm na outra extremidade. A janela redonda é uma membrana circular, muito elástica, que fecha a parte superior do canal e, mediante suas contrações, compensa as variações de pressão produzidas com oscilações da membrana basilar. Sobre a membrana basilar estão distribuídas as células acústicas (Órgão de Corti), num total de 18 mil (externas e internas), de onde saem os nervos que formam o nervo acústico e levam o sinal elétrico até o cérebro. A membrana basilar atua como um filtro seletivo ou analisador de freqüências, em que a percepção de cada freqüência se realiza em um determinado ponto da membrana: as altas freqüências excitam a parte próxima da membrana oval e, à medida que se caminha para dentro do caracol, a freqüência diminui. O som sendo decomposto em sua freqüência fundamental e suas harmônicas, é possível para nós distinguir o timbre dos sons, realizando uma verdadeira análise espectral. Seção da membrana basilar. 1.16.2. EFEITOS SOBRE O SISTEMA AUDITIVO SURDEZ TEMPORÁRIA – MUDANÇA TEMPORÁRIA DO LIMIAR AUDITIVO: ocorre após exposição do indivíduo a ruído intenso, mesmo por um curto período de tempo. Isso pode ser observado, na prática, quanto após termos estado em um local barulhento por algum tempo, notamos certa dificuldade de audição ou precisamos falar mais forte para sermos ouvidos. A condição de perda permanece temporariamente, sendo que a audição normal volta após algum tempo. SURDEZ PERMANENTE: origina-se da exposição repetida, durante longos períodos, ocasionando uma perda irreversível associada à destruição dos elementos sensoriais da audição. Normalmente afetam a freqüência oral (500 a 2.000 Hz). TRAUMA ACÚSTICO: perda repentina após a exposição a um ruído intenso, causados por explosões ou impactos sonoros. Dependendo do tipo e da extensão pode haver uma perda temporária ou permanente. OUTROS: são investigados outros efeitos indiretos do ruído, tais como, ações sobre o sistema cardiovascular, alterações endócrinas (glândulas de secreção interna), desordens físicas, dificuldades mentais e emocionais, irritabilidade, fadiga, etc. O INSS publicou a OS 608/98, Norma Técnica sobre Perda Auditiva, onde apresenta aspectos técnicos para identificar a PAIR, bem como regras para emissão da CAT de modo a garantir o auxílio-acidente. 1.16.3. MECANISMO DA PERDA AUDITIVA As perdas de audição causadas por exposição ao ruído, PAIR, se caracterizam por iniciarem na faixa de 3000 Hz a 5000 Hz, sendo mais aguda em 4000 Hz. Esse processo é facilmente constatado através de um exame audiométrico, aparecendo como uma curva em forma de "V". 1.16.4. FATORES QUE INFLUEM NA PERDA AUDITIVA São quatro os fatores que contribuem para a perda auditiva: O nível depressão sonora NPS; O tempo de exposição; A freqüência do ruído; A susceptividade individual. Os três primeiros itens são conhecidos e fáceis de medir. O 4º item (susceptividade individual) é bastante interessante, pois indivíduos que se encontram num mesmo local ruidoso podem reagir de maneiras diferentes: alguns são extremamente sensíveis ao ruído, enquanto outros parecem não ser atingidos pelo mesmo.
  • 25. Página 25 de 56 1.17. MEDIDAS DE CONTROLE DO RUÍDO São medidas que devemos tomar, no sentido de atenuar o efeito do ruído sobre as pessoas. Controle nem sempre significa supressão da causa, mas sim, uma manipulação do efeito. Diagrama das Medidas de Controle Medidasde Controle Controledo Ruído Providências Sociais na fonte no meio no receptor refúgio deruído rotatividade defunção educação supervisãoe treinamento Monitoramento 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 É importante lembrar que não existem soluções mágicas que indiquem quais as medidas que irão solucionar um problema de excesso de barulho. Nós devemos utilizar os nossos conhecimentos sobre acústica, além de um conhecimento detalhado do processo industrial. A fonte é a própria causa do ruído. O meio é o elemento transmissor do ruído, que pode ser o ar, o solo ou a estrutura do prédio. O receptor é o operário. É importante esclarecermos a hierarquização dos três elementos envolvidos no fenômeno: em primeiro lugar o controle na fonte, depois o controle no meio e, por último o controle no operário. 1.17.1. CONTROLE DO RUÍDO NA FONTE É a supressão da causa do ruído. A supressão da fonte do ruído é a melhor e a mais indicada maneira de controlar o ruído. O ruído na fonte pode ser causado por fatores: mecânicos, pneumáticos, explosões e implosões, hidráulicos, magnéticos. 1.17.2. CONTROLE DO RUÍDO NO MEIO DE PROPAGAÇÃO Quando não for possível o controle na fonte ou de forma auxiliar, deve-se utilizar o controle no meio de propagação do ruído, entre a fonte o receptor (trabalhador, comunidade, etc). Trata-se de uma técnica de interrupção da propagação do som. Abaixo alguns exemplos. Enclausuramento das partes de emissão de ruído para o ambiente. Execução de manutenção preventiva sistemática em rolamentos e mancais das máquinas e motores em geral, visando mantê-los lubrificados e ajustados de modo a evitar o agravamento dos níveis de pressão sonora originais e manter o regular funcionamento das máquinas e equipamentos garantindo a qualidade do produto final. Difusores do sistema de ventilação geral das salas de produção possuem aletas direcionais reduzindo a formação de turbulências nas saídas do ar contribuindo para a redução dos níveis de ruído geral no ambiente. Material absorvente acústico, contribuindo para redução do nível geral de ruído na medida em que eliminam as possíveis reverberações nos ambientes. 1.17.3. CONTROLE DO RUÍDO NO RECEPTOR Quando não houver outra forma de controle e como último recurso deve-se buscar o controle do ruído com proteção no trabalhador, com a utilização de protetores auditivos. Deve ser sempre a última medida a ser adotada e nunca de forma definitiva. Só devemos utilizar quando todas as medidas de controle de ruído falharam ou não forem suficientes. Em resumo podemos definir dois tipos diferentes de proteção auditiva: de inserção ou tipo plug, podendo ainda serem dos tipos: pré-moldável ou moldável; e os circum-auriculares ou tipo concha.
  • 26. Página 26 de 56 1.17.4. CRITÉRIO PARA SELEÇÃO DOS PROTETORES AUDITIVOS A escolha do protetor auditivo mais adequado, aos ambientes/atividades em estudo, deve estar fundamentada em: EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego mediante Certificado de Aprovação (CA); Comportamento acústico do protetor frente ao espectro de audiofreqüência do ruído, medido em terço de oitava em cada local de uso – confrontar dados do fabricante com as medições de campo; Maior atenuação acústica possível – NRR e NRRsf; Melhor desempenho em teste de atenuação real, em campo – no caso do tipo concha; Desgastes dos componentes do protetor: no tipo plug estar atento para o material utilizado e no tipo concha especial atenção para a deformação nas hastes de sustentação das conchas; Maior conforto frente ao desenho ergonômico e no contato dos selos (almofadas) com a pele; Peças de reposição disponíveis no mercado; Custos envolvidos – tanto do protetor, quanto das peças de reposição, quando for o caso. 1.17.5. PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA O PCA, também chamado de PPA – Programa de Proteção Auditiva, PGA – Programa de Gerenciamento Auditivo ou ainda PGSA – Programa de Gerenciamento da Saúde Auditiva é o documento base para a implantação de um programa de prevenção para a saúde auditiva de pessoas expostas ao ruído. Tem o objetivo de criar e manter o compromisso entre todos os níveis hierárquicos da organização e à prevenção e controle das perdas auditivas dos expostos ao ruído, busca soluções de engenharia visando o controle de níveis de ruído, visando melhorar as condições do ambiente de trabalho, também define critérios específicos para seleção, indicação, adaptação e acompanhamento das proteções auditivas, para evitar possíveis Perdas Auditivas Induzidas pelo Ruído – PAIR. A OS 608/98 do INSS determina a obrigatoriedade, por parte do empregador, de implementar um PCA constituído dos seguintes tópicos: Monitoramento da exposição no nível de pressão sonora elevado; Controles de engenharia e administrativos; Monitoramento audiométrico; Indicação de EPI; Educação e motivação; Conservação de Registros; Avaliação da eficácia e eficiência do programa. A) PRINCIPAIS ITENS DE UM PCA DESIGNAÇÃO DE RESPONSABILIDADES Um bom PCA define claramente as responsabilidades de todos os níveis hierárquicos, desde a presidencia/diretoria da empresa até o último nível hierárquico, também deve definir claramente as responsabilidades técnicas específicas do SESMT. PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO, MONITORIZAÇÃO E CONTROLE DOS AMBIENTES O programa deve abordar requisitos técnicos para a avaliação do ruído e a calibração dos instrumentos utilizados. Deve estar previsto os critérios para monitorização e procedimento de possíveis ajustes necessários. PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL Deve apontar necessidades e ajustes na proteção coletiva. Define critérios de seleção, classificação, homologação, aquisição, aplicação, treinamento, entrega, registro, utilização e manutenção dos protetores auditivos. AVALIAÇÃO AMBIENTAL Devendo fazer parte do PPRA, na avaliação ambiental, além dos valores da avaliação de ruído pontual, deve-se constar os valores das doses por função, cálculos de atenuação dos protetores utilizados, conforme informação do fabricante, e dentro do possível com avaliação em campo, além de definir os critérios técnicos e normas utilizadas na avaliação. INSPEÇÃO E AUDITORIA O programa deve prever inspeções e auditorias de campo, para verificar principalmente a correta utilização da proteção auditiva e conservação das proteções coletivas.
  • 27. Página 27 de 56 GERENCIAMENTO AUDIOMÉTRICO Devidamente alinhado com o PCMSO define critérios técnicos dos exames audiométricos, bem como os de utilização e calibração do audiômetro. A legislação brasileira determina que os níveis de ruído de fundo, na cabina audiométrica, estejam de acordo com a OSHA 1981, apêndice D (na verdade o documento oficial da OSHA é de 1983). A proposta de aprimoramento desta legislação, apresentada na Portaria 23, de 14/11/96, da SST, sugere que o ruído de fundos das cabinas audiométricas esteja de acordo com a ISSO 8.253.1, embora a norma utilizada, internacionamente, seja a ANSI S3.1-1991. FREQÜÊNCIAS POR BANDA DE OITAVA (em Hz) 500 1.000 2.000 3.000 4.000 6.000 8.000 OSHA 1983 40 dB 40 dB 47 dB -- 57 dB -- 62 dB ANSI S3.1-1991 22 dB 29 dB 34 dB 39 dB 42 dB 41 dB 45 dB Observe que os níveis mínimos determinados pela OSHA são menos exigentes do que os da ANSI. RELATÓRIO CONSOLIDADO Anualmente deve-se emitir um relatório específico do programa, devidamente ajustado ao relatório anual do PCMSO e PPRA, para evidenciar o desempenho do sistema como um todo.
  • 28. Página 28 de 56 2. VIBRAÇÕES 2.1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES Vibração é o movimento periódico, ou aleatório, de um elemento estrutural ou peça de uma máquina. É um movimento repetitivo a partir de uma posição de repouso. Embora praticamente inevitável e algumas vezes até necessária, ela pode causar problemas de saúde para quem sofre seus efeitos. Estes problemas podem ir desde a sensação de enjôo, quando se viaja de navio ou avião, até a trepidação incômoda de britadeiras a ar comprimido. No ambiente industrial é freqüente a simultaneidade entre ruído e vibrações. No entanto, os efeitos que estes dois agentes podem causar aos trabalhadores são diferentes: RUÍDO desenvolve a sua ação fundamentalmente em relação a um órgão, a ORELHA. As VIBRAÇÕES afetam zonas mais extensas do corpo, inclusivamente órgãos internos como o cérebro, o fígado e o coração. Na realidade, as vibrações transmitem-se ao organismo segundo três eixos espaciais (x, y, z), com características físicas diferentes, e cujo efeito combinado é igual ao somatório dos efeitos parciais, tendo ainda em conta as partes do corpo a elas sujeitas. Um corpo está em vibração quando descreve um movimento oscilatório em torno de um ponto fixo. O número de vezes em que o ciclo completo do movimento se repete durante o período de um segundo é chamado de freqüência e, é medido em ciclos por segundo ou Hertz [Hz]. Ao contrário de outros agentes, onde o trabalhador é sujeito passivo, expondo-se aos riscos, no caso das vibrações, deve haver, caracteristicamente, o contato entre o trabalhador e o equipamento ou máquina que transmita a vibração. A vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade. O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma freqüência externa coincide com a freqüência natural do sistema, ocorre a ressonância, que implica em amplificação do movimento. A energia vibratória é absorvida pelo corpo, como conseqüência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. O corpo humano possui diferentes freqüências de ressonância. O corpo humano reage às vibrações de formas diferentes. A sensibilidade às vibrações longitudinais (ao longo do eixo z, da coluna vertebral) é distinta da sensibilidade transversal (eixos x ou y, ao longo dos braços ou através do tórax). Em cada direção, a sensibilidade também varia com a freqüência, eis que, para determinada freqüência, a aceleração tolerável é diferente daquela em outra freqüência. 2.2. TIPOS DE VIBRAÇÕES As vibrações transmitidas ao corpo humano podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com a região do corpo atingida. VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO: é de baixa freqüência e alta amplitude, situa-se na faixa de 1 a 80 Hz, mais especificamente 1 a 20 Hz. Estas vibrações são específicas para atividades de transporte e são afetas à norma ISO 2631. São transmitidas ao corpo do trabalhador, na posição sentado, em pé ou deitado; por exemplo, as vibrações a que estão expostas os motoristas de caminhão, operadores de tratores, máquinas agrícolas, etc. VIBRAÇÕES DE EXTREMIDADES: também conhecidas como segmentais, localizadas ou de mãos e braços, são as mais estudadas, situam-se na faixa de 6,3 a 1250 Hz, ocorrendo nos trabalhos com ferramentas manuais e normatizadas pela ISO5349. 2.3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE A Portaria nº 3.214/78 do MTE – NR-15 – anexo nº 8: item 1: “As atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada, às vibrações localizadas, ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres, através de perícia realizada no local de trabalho" item 2: "A perícia, visando à comprovação ou não da exposição deve tomar por base os limites de tolerância definidos pela Organização Internacional para a Normalização – ISO em suas normas ISO 2631 e ISO/DIS 5349 ou suas substitutas". ISO 2631 – vibração transmitida para corpo inteiro (versão mais recente 1999) ISO 5349 – vibrações localizadas (mãos e braços) A ACGIH faz referências a limites admissíveis para tempo de exposição a vibrações localizadas podendo ser utilizados como critério de avaliação já que a ISO 5349 é muito superficial, isto é, não há um limite estabelecido e sim umas probabilidades de ocorrência de determinadas lesões. Segundo NR-15 a exposição a vibrações acima do LT é considerada insalubre de grau médio, isto é, deve- se conceder ao empregado um adicional de 20% do salário mínimo aos seus proventos. 2.4. NORMA ISO 5349 A metodologia especificada na ISO 5349 enumera os fatores que influenciam os efeitos da exposição às vibrações transmitidas aos membros superiores: o espectro da freqüência da vibração; a magnitude da vibração; a duração da exposição no período de trabalho; a exposição acumulada até a data.
  • 29. Página 29 de 56 2.5. LIMITES DE TOLERÂNCIA 2.5.1. LIMITES DA ACGIH PARA VIBRAÇÕES DE MÃOS E BRAÇOS A avaliação das vibrações de mãos e braços deve ser realizada com base nos critérios da ISO 5349 de 1986. A mensuração deve ser realizada para cada eixo (x, y e z), por meio da aceleração ponderada, rms, correspondente ao eixo dominante. LIMITES PARA EXPOSIÇÃO DA MÃO EM QUALQUER DAS DIREÇÕES X, Y OU Z Duração Total da Exposição Diária Valores do componente de aceleração dominante, rms, ponderada, que não devem ser excedidos m/s 2 g 4 horas e menos de 8 4 0,40 2 horas e menos de 4 6 0,61 1 hora e menos de 2 8 0,81 menos de 1 hora 12 1,22 Duração Total da Exposição Diária: tempo total que a vibração entra na mão por dia, seja continuamente, seja intermitentemente. Acelaração dominate: usualmente, um dos eixos é dominante sobre os demais. Se um ou mais eixos de vibração exceder a exposição total diária, então o LT estará excedido. 2.5.2. LIMITES DA ACGIH PARA VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO Para a vibração de corpo inteiro, a ACGIH utiliza como base a norma ISO 2631. 2.5.3. DIRETIVA 2002/44/EC DA COMUNIDADE EUROPÉIA NÍVEL DE AÇÃO LIMITE DE EXPOSIÇÃO Mãos e braços 2,5 m/s² A(8) 5,0 m/s² A(8) Corpo inteiro 0,5 m/s² A(8) ou 9,1 VDV 1,15 m/s² A(8) ou 21 VDV 2.6. AVALIAÇÃO DAS VIBRAÇÕES Sendo os fenômenos ruído e vibrações essencialmente semelhantes, os aparelhos para medição são muito parecidos, mudando, apenas, a escala de medição (que poderá indicar aceleração, velocidade ou deslocamento do movimento) e o tipo de transdutor (elemento que transforma o sinal mecânico em elétrico ou vice-versa), substituindo-se o microfone do medidor de pressão sonora por um acelerômetro. A avaliação é QUANTITATIVA, utilizando o Transdutor Piezoelétrico para medição de aceleração absoluta. O Laudo Técnico deve constar com pelo menos: a. o critério adotado; b. o instrumental utilizado; c. a metodologia de avaliação; d. a descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição às vibrações; e. o resultado da avaliação quantitativa; f. as medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade, quando houver. De uma forma geral, a vibração deve ser captada na superfície estrutural que suporta o corpo humano, o mais próximo possível do ponto que atinge a pessoa exposta à vibração. Preferencialmente a vibração deve ser medida nas três direções ortogonais. A vibração pode ser caracterizada pelo deslocamento, velocidade ou aceleração, ou ainda, em decibels; no entanto, a aceleração tem sido extensivamente utilizada como unidade em vibrações. 2.6.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO No Brasil, o contratante de serviços de avaliação de vibrações deve ter um cuidado especial, eis que muitas empresas estão avaliando vibrações ocupacionais com equipamentos destinados a avaliar vibração em equipamentos, com finalidades de manutenção preditiva. Outras empresas possuem equipamento para avaliação de vibrações com enfoque ocupacional; no entanto, tais equipamentos estão defasados, pois seguem as normas ISO 5349 e 2631 antigas. Tais equipamentos não contemplam as novas curvas de ponderação previstas nas novas normas. Um dos mais modernos equipamentos que há em termos de avaliação de vibrações é o HAV Pro da Quest Technologies, que inclui todas as inovações das versões atuais das normas ISO 5.349 e 2.631.
  • 30. Página 30 de 56 2.7. EFEITOS DAS VIBRAÇÕES SOBRE O ORGANISMO As vibrações afetam diferentes regiões do organismo, dependendo da aceleração e comprimento de onda. As operações e atividades que geram vibrações podem afetar a saúde do trabalhador, causando diversas doenças: alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações das mãos e braços, osteoporose (perda de substância óssea), lesões na coluna vertebral, dores lombares, etc. Por exemplo, o sistema tóraz-abdômen é muito sensível nas freqüências entre 3 Hz e 6 Hz; o globo ocular, a freqüências entre 60 e 90 Hz; as mandíbulas e lábios, a freqüências entre 200 e 300 Hz. Em geral, as faixas de interesse vão desde 0,1 a 1.000 Hz e desde 0,1 a 100 m/s 2 de aceleração rms. Exposições a vibrações menores que 16 Hz, de alta energia (níveis de 140 dB ou mais), causam, por ação mecânica, um afundamento do tórax, dando a sensação de constrição no peito, e tosse. Freqüências entre 3 Hz e 6 Hz, o efeito pode ser ainda mais acentuado. Experiências com animais, nessa faixa de freqüência, não demonstram, oscilações de grande amplitude, para provocar deslocamentos significativos de segmentos corporais, havendo, também, alterações de motricidade da musculatura lisa. Em trabalhos com martelo vibratório, os efeitos localizam-se, principalmente, nos membros superiores: cotovelos, articulações, mãos e dedos. Os problemas provocados pelo martelete podem ser do tipo: ósteo-articular, tais como a artrose do cotovelo, necrose dos ossos dos dedos, deslocamentos anatômicos, entre outros; problemas musculares ou agioneurológico, onde encontram-se problemas como a doença de Raynaud (dedos brancos e insensíveis); problemas nervosos, alterando a sensibilidade táctil. Nos últimos anos, diversos pesquisadores têm reunido dados sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos das vibrações, como perda de equilíbrio, falta de concentração e visão turva, diminuindo a acuidade visual. As vibrações podem afetar o conforto, reduzir o rendimento do trabalho e causar desordens das funções fisiológicas, dando lugar ao desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa. 2.7.1. FATORES DECISIVOS PARA A CONSEQUÊNCIA DAS VIBRAÇÕES NO CORPO HUMANO: pontos de aplicação no corpo; frequência das oscilações; aceleração das oscilações; duração da ação; frequência própria do organismo humano; ressonância. Cada sistema tem uma frequência própria. Quanto mais próxima a frequência excitadora chega a frequência própria do sistema excitado, maior será a amplitude da oscilação forçada. Com isso, a amplitude da oscilação forçada pode vir a ser maior que a oscilação excitadora. A esta manifestação, chama-se de RESSONÂNCIA. De maneira inversa, em cada sistema as oscilações também podem ser diminuídas, fenômeno que se designa por AMORTECIMENTO. Assim, por exemplo, as oscilações verticais das pernas são significativamente amortecidas ao estar em pé. Especialmente forte é o amortecimento dos tecidos do corpo para as frequências de 30 Hz. 2.8. MEDIDAS DE CONTROLE A regra fundamental para controle da vibração é combater prioritariamente o estado de ressonância. 2.8.1. CONTROLE NA FONTE A primeira providência em relação às vibrações é tentar reduzi-las junto à fonte, e geralmente é eficiente, mas algumas vezes pode não ser exeqüível ou pode ser uma modificação onerosa. 2.8.2. CONTROLE NA TRAJETÓRIA (MEIO DE PROPAGAÇÃO) ISOLAR A FONTE: quando não for possível eliminar a fonte, esta pode ser isolada, para que o trabalhador não entre em contacto direto com ela. CONTROLE DA TRANSMISSÃO: suprimir meio transmissor; realizar montagens anti-vibratórias: introdução de elementos resilientes, tais como, molas ou apoios em borracha (fibra de vidro ou cortiça) que reduzem a transmissão de energia vibratória; tratamento amortecedor dos elementos estruturais que compõem o percurso de transmissão, de modo a absorver parte da energia vibratória produzida. REDUÇÃO DA AMPLITUDE DAS VIBRAÇÕES 2.8.3. CONTROLE DA VIBRAÇÃO NO RECEPTOR Se as providências anteriores não forem suficientes, pode-se proteger o trabalhador individual com certos equipamentos, no entanto esta medida é mais usual como reforço as duas anteriores. ferramentas com características antivibratórias; luvas aintivibração: eficientes em vibrações de alta freqüência e botas com solado em material absorvente; práticas adequadas de trabalho: instruções e procedimentos; programa de supervisão médica específico (PCMSO); pausas de 10 minutos a cada hora contínua de exposição.
  • 31. Página 31 de 56 3. PRESSÕES ANORMAIS 3.1. INTRODUÇÃO Os trabalhos sob pressões anormais, ou seja, sob pressão superior à atmosférica, obedecem a uma série de restrições e cuidados, entre os quais destacamos: o trabalhador não poderá sofrer mais de uma compressão num período de 24 horas; o tempo de trabalho sob ar comprimido nunca poderá exceder a 4 horas; após a descompressão, os trabalhadores devem permanecer sob observação; o trabalhador exposto a estas pressões, obrigatoriamente deve ter mais de 18 anos e ter acompanhamento permanente de médico especializado. 3.2. AVALIAÇÃO A avaliação feita é QUALITATIVA. 3.3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE A Norma Regulamentadora nº 15, Anexo 6, estabelece normas e procedimentos, assim como apresenta tabelas de descompressão, define os padrões para avaliação de candidatos a esta atividade e apresenta tratamento recomendado para cada caso. 3.4. INSALUBRIDADE Conforme estabelece a Portaria n.º 3214/78 do MTE – NR-15 – Anexo nº 6, item 1.3.19: “As atividades ou operações realizadas sob ar comprimido serão consideradas insalubres de grau máximo.” 3.5. EFEITOS A SAÚDE Em suma os efeitos sobre o organismo humano são: doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças da pele, doenças circulatórias. Os riscos à saúde do trabalhador existem diretamente em três fases da atividade: fase de compressão (período de preparo inicial): problemas na orelha, afetando principalmente o tímpano. Nesta fase é muito importante que a compressão seja lenta, gradual e controlada; fase de pressão constante (execução do trabalho): quando há o equilíbrio ente as pressões internas e externas os riscos são menores, exceto pela possibilidade de intoxicação por monóxido de carbono, resultante da combustão; fase descompressiva (período de preparo final): é a que representa maiores riscos, tais como: problemas na orelha; embolia gasosa (bolhas no sangue); problemas no coração, pulmão, cérebro, ossos e articulações; e enfisema subcutâneo (bolhas sob a pele). 3.6. MEDIDAS DE CONTROLE Dentre os cuidados a serem tomamos destacamos os seguintes: seguir rigorosamente as tabelas de tratamento; ter acompanhamento qualificado; utilizar oxigênio dentro das possibilidade de profundidade e tempo; manter no local um conjunto de primeiros socorros e pessoas habilitadas ao uso – equipe de atendimento a emergência, brigada, etc; não utilizar oxigênio em profundidas maiores de 18 metros; realizar tratamento médico específico – PCMSO.
  • 32. Página 32 de 56 4. TEMPERATURAS EXTREMAS 4.1. CALOR Forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude de uma diferença de temperatura entre os mesmos. Calor é um agente físico presente em uma série de atividades, tais como: siderurgia; fundição; indústria do vidro; indústria têxtil, atividades com fornos, fundição de vidro, metais, cerâmica. A OIT recomenda como ideais, as temperaturas entre 20 e 25ºC, umidade relativa do ar entre 30 e 70% e velocidade do vento entre 0,1 e 0,3 m/s, se a carga de trabalho for leve e não transmitir calor radiante. 4.1.1. SOBRECARGA TÉRMICA Sobrecarga térmica é a quantidade de energia que o organismo deve dissipar para atingir o equilíbrio térmico. O organismo gera calor devido à atividade celular. Este calor é chamado de calor metabólico e é a combinação do calor gerado pelo metabolismo basal e o resultante da atividade física. Para que o equilíbrio térmico seja mantido, a carga térmica metabólica deve ser dissipada. O organismo, portanto, pode perder ou ganhar calor, de acordo com as condições ambientais. A sobrecarga térmica está relacionada com o ambiente (exposição) e com a atividade física do trabalhador (metabolismo). É diferente de desconforto térmico que está relacionado com a sensibilidade das pessoas, situação geográfica, climas, costumes, roupas, etc. O desconforto térmico tem uma abordagem específica na NR-17 (Ergonomia). Quando o corpo é submetido a uma sobrecarga térmica ocorre uma tensão térmica que provoca reações fisiológicas internas, uma vez que o organismo possui mecanismos termorreguladores que desencadeiam respostas de controle, como, por exemplo: sudorese, aumento da pulsação e da temperatura interna do corpo, síncope pelo calor ou desequilíbrio hídrico e salino. 4.1.2. PERDA DE CALOR A quantificação da carga metabólica do corpo em função do tipo de atividade exercida, se encontra indicada no Quadro 3 da Norma NR 15. Mecanismos de perda de calor podem ser apresentados da seguite forma: CIRCULAÇÃO CUTÂNEA: o fluxo sangüíneo da pele é de 250 ml por minuto. Em ambientes quentes pode atingir 1500 ml/min. O tecido gorduroso subcutâneo funciona como um isolante térmico e diminui a possibilidade de dissipação do calor. IRRADIAÇÃO: ou radiação, é a transmissão de calor de um corpo, sob forma de ondas eletromagnéticas da faixa do infravermelho. É quando a pele irradia calor para amenizar a temperatura da região. Em condições ambientais normas a irradiação é responsável por 60% da perda calórica. CONDUÇÃO-CONVECÇÃO: forma de perda de calor por contato. É a transferência de calor da nossa pele para o ar. Se a temperatura do meio ambiente for maior do que o da superfície do corpo humano, então o organismo cederá calor às moléculas do ar pelo fenômeno da condução. Se a velocidade do ar é alta a perda de calor é maior. EVAPORAÇÃO: conhecida como transpiração. A água é aquecida pelo calor do orgnismo até passar para a fase de vapor e deixar a superfície do corpo. Para cada 1 litro de água que se evapora são necessárias 580 calorias. A sudorese, em si, não indica perda calórica; esta só ocorre quando o suor evapora. A perda de calor por evaporação é facilitada pela ação do vento e difcultada pela alta umidade. A umidade do ar indica, em porcentagem, qual a porção de ar que está saturada com vapor d’água, assim em ambientes muito úmidos, quase todo ar está saturado com vapor e a evaporação do suor se torna difícil. O suor adere à pele e escorre pelo corpo, com pequena perda de calor e com grande desconforto térmico. Ao contrário em ambientes secos todo suor produzido é evaporado, não se prendento ao corpo, com grande redução da temperatura corpórea e bom conforto térmico. Por isso, no clima quente, o corpo absoreve calor de várias formas, mas somente pode perder calor de forma eficiente através da transpiração.