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14 I O DIA I BAIXADA I DOMINGO, 29/3/2009


   ENTREVISTA                                 FERNANDA MONTENEGRO, ATRIZ



‘Maior proximidade com o público’
                                                                                                                       FOTOS DIVULGAÇÃO
                                                                                                                                          mas uma visão minha a partir
                                                                                                                                          do que ela simbolizou para
                                                                                                                                          mim nas leituras. Extraímos a
                                                                                                                                          versão pessoal que eu tenho so-
                                                                                                                                          bre esses textos.
                                                                                                                                          ■ Além do monólogo ‘Viver
                                                                                                                                          sem Tempos Mortos’, o pro-
                                                                                                                                          jeto inclui a exibição de al-
                                                                                                                                          guns filmes da sua carrei-
                                                                                                                                          ra, como ‘Central do Bra-
                                                                                                                                          sil’, debates e sorteio de li-
                                                                                                                                          vros. Qual é a conexão entre
                                                                                                                                          o seu trabalho no cinema e a
                                                                                                                                          obra da Simone de Beau-
                                                                                                                                          voir?
                                                                                                                                          ● Preferi trazer filmes meus e
                                                                                                                                          faço isso sem nenhum pudor.
                                                                                                                                          Em todos eles há perfis femini-
                                                                                                                                          nos muito fortes, complexos co-
                                                                                                                                          mo a Dora, de Central do Bra-
                                                                                                                                          sil. Elas se assemelham ao que
                                                                                                                                          representou a Simone. É um
                                                                                                                                          projeto que abrange uma perso-
                                                                                                                                          nalidade importante, que in-
                                                                                                                                          fluenciou o comportamento fe-
                                                                                                                                          minino e o feminista. Os sor-
                                                                                                                                          teios dos livros são uma forma
                                                                                                                                          de estimular o público e com-
                                                                                                                                          pletamentar os debates feitos
                                                                                                                                          sobre os temas.
                                                                                                                                          ■ É díficil encontrar artis-
                                                                                                                                          tas dispostos a conversar
                                                                                                                                          com o público. Como você
                                                                                                                                          encara a aproximação com
                                                                                                                                          o espectador, mesmo depois
                                                                                                    preços bastante acessíveis pa-        de ser tão consagrada?
>FERNANDAMONTENEGROestreianaterça-feiraumatempo-                                                    ra a população. Cada cidade           ● Quis o destino que eu tivesse
rada de duas semanas da encenação teatral ‘Viver sem Tempos                                         dessa tem seus grupos cultu-          uma galeria de personagens e
Mortos’, dirigida por Felipe Hirsch e baseada nas cartas da escri-                                  rais e a sua expressão teatral,       de autores notáveis na minha
tora francesa Simone de Beauvoir. O monólogo faz parte do pro-                                      sobrevivendo da maneira que           carreira. Mas o que eu quero
jeto ‘Caminhos da Liberdade’, que conta com uma mostra de fil-                                      pode, muitas vezes com dificul-       mostrar é a relação que o ator
mes da atriz e debates com a participação dela e da socióloga Ro-                                   dades. Mas eles realizam um           tem com um escritor importan-
siska Darcy de Oliveira.                                                                            trabalho importantíssimo              te. Fazer um trabalho desses é
   Antes de começar as apresentações nas unidades do Sesc de                                        aqui. Penso que há um público         exaustivo, mas eu acredito no
Nova Iguaçu e de São João de Meriti, a atriz fala sobre o projeto                                   querendo ver mais espetáculos         público e ele nunca me desa-
                                                                               “A Simone foi a
inédito na carreira. Ela comenta ainda a volta aos palcos da Bai-                                                                         pontou. Nunca.
                                                                                                    importantes passando pela
                                                                               primeira pessoa
xada Fluminense depois de seis anos e a oportunidade de ter um                                      Baixada Fluminense.                   ■ O que você espera alcan-
contato mais próximo com o público. A entrada é gratuita.Terça                                      ■ E o que você espera do pú-          çar com um projeto ousado
                                                                               a falar sobre
e quarta-feira, às 17h. Quinta a domingo, às 19h.                                                   blico que vai assisti-la em           e gratuito?
                                                                               o universo                                                 ● A minha preocupação é for-
                                                                                                    Nova Iguaçu e em São João
                                                                               feminino com                                               mar plateia aqui na Baixada.
                                                                                                    de Meriti?
■ ODIA:Comosurgiuoproje-                                                                            ● Vamos ter uma proximidade           Tenho mais de 70 anos de tea-
                                            obra de Simone Beauvoir e          propriedade”
                                                                                                    muito grande com o público e          tro e sou de uma geração que es-
to Caminhos da Liberdade?                   de que forma ela te influen-
● Fernanda Montenegro: – O                                                                          tenho certeza de que será recí-       tá morrendo. Perdemos os ato-
                                            ciou?
projeto é fruto de um trabalho              ● A Simone foi a primeira pes-                          pocro. Quando venho até a Bai-        res Fernando Torres, Raul Cor-
de pesquisa meu, juntamente                 soa a falar sobre o universo fe-                        xada sou recebida com muito           tez, Paulo Autran e Gianfran-
com o Sérgio Britto. A idéia ini-           minino com propriedade. O                               carinho nos espaços culturais.        cesco Guarnieri, então é impor-
cial era fazer uma peça que                 meu primeiro contato com a                              Como a encenação é um monó-           tante mostrar o significado do
mostrasse a relação de cumpli-              obra dela foi com o livro ‘O Se-                        logo e ainda temos os debates,        trabalho dentro do teatro para
cidade entre Simone de Beau-                gundo Sexo’ (a obra analisa o                           vamos fazer com que esse con-         o público, independente de ser
voir e Jean-Paul Sartre (Beau-              papel da mulher na socieda-                             tato seja maior e mais intenso.       Nova Iguaçu ou São Paulo.
voir e Sartre foram casados),               de), nos anos 40. Foi a coisa                           ■ Em qual texto da Simone             ■ O diretor do projeto, Feli-
mas o Sérgio acabou tendo                   mais estonteante que eu já li e                         Beauvoir foi baseado este             pe Hirsch, ressaltou a sua
uma série de compromissos e                 que me tocou muito durante a                            projeto ‘Caminhos da Liber-           dedicação nos ensaios. O
só a parte da Simone ficou                  minha juventude. Na época eu                            dade’?                                que move você depois de tan-
                                                                               “Meu primeiro
pronta. Então, eu resolvi ence-             tinha 15 para 16 anos.                                  ● O que vamos mostrar é uma           to tempo atuando?
                                                                               contato com a
ná-la e mostrá-la para o públi-                                                                     encenação chamada ‘Viver              ● Essa dedicação não é só mi-
                                            ■ Você não faz umatempora-
co. O projeto deve ter uma tem-                                                                     sem Tempos Mortos’, baseada           nha, mas de todos que estão no
                                            da na Baixada Fluminense           obra dela foi pelo
porada de seis meses, passan-                                                                       nas cartas escritas por ela           projeto. É uma cumplicidade
                                            há seis anos. Por que a re-
                                                                               livro ‘O Segundo
do por São Paulo ainda no pri-                                                                      quando Sartre foi convocado           que vai ser alcançada no palco
                                            gião foi escolhida para ser o
                                                                               Sexo’. Eu tinha 15
meiro semestre do ano e Rio de                                                                      para lutar na Segunda Guerra          e, com certeza, o público da Bai-
                                            ponto de partida para esse
Janeiro no segundo.                                                                                 Mundial. O monólogo não vai           xada vai ser bem receptivo e ca-
                                            novo projeto?                      para 16 anos”
                                            ● Aqui há espaços e teatros com                         ser uma interpretação dela,           rinhoso comigo mais uma vez.
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Entrevista com Fernanda Montenegro sobre o projeto Caminhos da Liberdade

  • 1. 14 I O DIA I BAIXADA I DOMINGO, 29/3/2009 ENTREVISTA FERNANDA MONTENEGRO, ATRIZ ‘Maior proximidade com o público’ FOTOS DIVULGAÇÃO mas uma visão minha a partir do que ela simbolizou para mim nas leituras. Extraímos a versão pessoal que eu tenho so- bre esses textos. ■ Além do monólogo ‘Viver sem Tempos Mortos’, o pro- jeto inclui a exibição de al- guns filmes da sua carrei- ra, como ‘Central do Bra- sil’, debates e sorteio de li- vros. Qual é a conexão entre o seu trabalho no cinema e a obra da Simone de Beau- voir? ● Preferi trazer filmes meus e faço isso sem nenhum pudor. Em todos eles há perfis femini- nos muito fortes, complexos co- mo a Dora, de Central do Bra- sil. Elas se assemelham ao que representou a Simone. É um projeto que abrange uma perso- nalidade importante, que in- fluenciou o comportamento fe- minino e o feminista. Os sor- teios dos livros são uma forma de estimular o público e com- pletamentar os debates feitos sobre os temas. ■ É díficil encontrar artis- tas dispostos a conversar com o público. Como você encara a aproximação com o espectador, mesmo depois preços bastante acessíveis pa- de ser tão consagrada? >FERNANDAMONTENEGROestreianaterça-feiraumatempo- ra a população. Cada cidade ● Quis o destino que eu tivesse rada de duas semanas da encenação teatral ‘Viver sem Tempos dessa tem seus grupos cultu- uma galeria de personagens e Mortos’, dirigida por Felipe Hirsch e baseada nas cartas da escri- rais e a sua expressão teatral, de autores notáveis na minha tora francesa Simone de Beauvoir. O monólogo faz parte do pro- sobrevivendo da maneira que carreira. Mas o que eu quero jeto ‘Caminhos da Liberdade’, que conta com uma mostra de fil- pode, muitas vezes com dificul- mostrar é a relação que o ator mes da atriz e debates com a participação dela e da socióloga Ro- dades. Mas eles realizam um tem com um escritor importan- siska Darcy de Oliveira. trabalho importantíssimo te. Fazer um trabalho desses é Antes de começar as apresentações nas unidades do Sesc de aqui. Penso que há um público exaustivo, mas eu acredito no Nova Iguaçu e de São João de Meriti, a atriz fala sobre o projeto querendo ver mais espetáculos público e ele nunca me desa- “A Simone foi a inédito na carreira. Ela comenta ainda a volta aos palcos da Bai- pontou. Nunca. importantes passando pela primeira pessoa xada Fluminense depois de seis anos e a oportunidade de ter um Baixada Fluminense. ■ O que você espera alcan- contato mais próximo com o público. A entrada é gratuita.Terça ■ E o que você espera do pú- çar com um projeto ousado a falar sobre e quarta-feira, às 17h. Quinta a domingo, às 19h. blico que vai assisti-la em e gratuito? o universo ● A minha preocupação é for- Nova Iguaçu e em São João feminino com mar plateia aqui na Baixada. de Meriti? ■ ODIA:Comosurgiuoproje- ● Vamos ter uma proximidade Tenho mais de 70 anos de tea- obra de Simone Beauvoir e propriedade” muito grande com o público e tro e sou de uma geração que es- to Caminhos da Liberdade? de que forma ela te influen- ● Fernanda Montenegro: – O tenho certeza de que será recí- tá morrendo. Perdemos os ato- ciou? projeto é fruto de um trabalho ● A Simone foi a primeira pes- pocro. Quando venho até a Bai- res Fernando Torres, Raul Cor- de pesquisa meu, juntamente soa a falar sobre o universo fe- xada sou recebida com muito tez, Paulo Autran e Gianfran- com o Sérgio Britto. A idéia ini- minino com propriedade. O carinho nos espaços culturais. cesco Guarnieri, então é impor- cial era fazer uma peça que meu primeiro contato com a Como a encenação é um monó- tante mostrar o significado do mostrasse a relação de cumpli- obra dela foi com o livro ‘O Se- logo e ainda temos os debates, trabalho dentro do teatro para cidade entre Simone de Beau- gundo Sexo’ (a obra analisa o vamos fazer com que esse con- o público, independente de ser voir e Jean-Paul Sartre (Beau- papel da mulher na socieda- tato seja maior e mais intenso. Nova Iguaçu ou São Paulo. voir e Sartre foram casados), de), nos anos 40. Foi a coisa ■ Em qual texto da Simone ■ O diretor do projeto, Feli- mas o Sérgio acabou tendo mais estonteante que eu já li e Beauvoir foi baseado este pe Hirsch, ressaltou a sua uma série de compromissos e que me tocou muito durante a projeto ‘Caminhos da Liber- dedicação nos ensaios. O só a parte da Simone ficou minha juventude. Na época eu dade’? que move você depois de tan- “Meu primeiro pronta. Então, eu resolvi ence- tinha 15 para 16 anos. ● O que vamos mostrar é uma to tempo atuando? contato com a ná-la e mostrá-la para o públi- encenação chamada ‘Viver ● Essa dedicação não é só mi- ■ Você não faz umatempora- co. O projeto deve ter uma tem- sem Tempos Mortos’, baseada nha, mas de todos que estão no da na Baixada Fluminense obra dela foi pelo porada de seis meses, passan- nas cartas escritas por ela projeto. É uma cumplicidade há seis anos. Por que a re- livro ‘O Segundo do por São Paulo ainda no pri- quando Sartre foi convocado que vai ser alcançada no palco gião foi escolhida para ser o Sexo’. Eu tinha 15 meiro semestre do ano e Rio de para lutar na Segunda Guerra e, com certeza, o público da Bai- ponto de partida para esse Janeiro no segundo. Mundial. O monólogo não vai xada vai ser bem receptivo e ca- novo projeto? para 16 anos” ● Aqui há espaços e teatros com ser uma interpretação dela, rinhoso comigo mais uma vez. ■ Quando você conheceu a