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AULA 25 – LITERATURA 
PROFª Edna Prado 
MODERNISMO NO BRASIL – 
SEGUNDA FASE (PROSA) 
I – AUTORES 
A prosa da 2ª fase modernista caracteriza-se pelo regionalismo, 
pela relação do homem com o meio em que vive. 
A Literatura Brasileira já apresentava uma tendência regionalista. 
Desde o Romantismo, a busca de traços particulares da realidade 
brasileira já estava presente em algumas obras, entretanto, neste 
período, a partir das conquistas da primeira fase modernista e das idéias 
socialistas, os autores dão um novo tom a esse regionalismo. O livro A 
bagaceira de José Américo é considerado o primeiro romance 
regionalista do Modernismo. Mas seu valor deve-se mais à temática 
histórica da seca, dos retirantes e ao aspecto social do que aos aspectos 
literários. 
Veja os principais autores da prosa dessa segunda fase:
2ª FASE MODERNISTA (1930-1945) 
PROSA: 
* Raquel de Queirós 
* Graciliano Ramos 
* Jorge Amado 
* Érico Veríssimo 
* José Lins do Rego 
Quase todos esses autores voltaram-se basicamente para os 
temas do Nordeste, como a seca, o cangaço e o ciclo açucareiro. 
Com exceção de Érico Veríssimo que apresentou uma obra voltada 
para as relações do homem e a paisagem do Sul do Brasil. 
Veja a imagem da representante feminina da prosa dessa 2ª fase: 
Raquel de Queirós foi a primeira mulher a se “eleger imortal” na Academia 
Brasileira de Letras. Suas obras regionalistas destacam-se pela reflexão sobre a figura 
feminina numa sociedade patriarcal. 
Em seu livro O quinze, conta a história da luta de um povo contra 
a seca e a miséria, tema marcante da prosa modernista da segunda 
geração. A força da mulher nordestina também é tratada em toda sua
obra. Entre as suas figuras femininas destacam-se: Conceição em O 
quinze e Maria Bonita em O Lampião. 
Veja a imagem de Graciliano Ramos, outro importante autor desse 
momento: 
Graciliano Ramos é considerado pela crítica literária o melhor ficcionista dessa 
segunda fase. 
Sua obra é marcada pela ausência de sentimentalismo e por um 
forte poder de síntese, refletida na linguagem direta e precisa. 
Entre seus livros destacam-se Memórias do Cárcere e São Bernardo. 
Memórias do Cárcere é uma narrativa autobiográfica que analisa as 
atrocidades cometidas pela Ditadura Vargas. Por suas ligações com o 
partido comunista Graciliano Ramos foi realmente preso durante um 
ano. Em São Bernardo, Graciliano Ramos ao contar a história de Paulo 
Honório, rico proprietário da fazenda São Bernardo, que se casa com a 
professora Madalena, personagem fortemente influenciada por idéias 
progressistas, faz uma reflexão sobre o processo de coisificação do ser 
humano, (“muitas vezes mais preocupado com o ter e do que com o 
ser”). 
Mas é com outro livro que Graciliano Ramos alcança maior 
notoriedade. Veja as próximas imagens:
Menino Morto, de Cândido Portinari. 
Família de Retirantes, de Cândido Portinari. 
Menino Morto e Família de Retirantes apresentam o tema 
central de Vidas Secas - grande livro de Graciliano Ramos. 
Vidas Secas é um romance que narra a história de uma família 
de retirantes que abandona sua terra atingida por uma forte seca. A 
família é formada por Sinhá Vitória, a mãe; Fabiano, o pai; seus dois 
filhos, denominados apenas como menino mais velho e menino mais 
novo e os animais: o papagaio e a cachorra Baleia.
Veja um fragmento de Vidas Secas em que a família inicia a 
viagem em busca de uma vida melhor: 
“A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de 
manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia 
círculos altos em redor dos bichos moribundos. 
- Anda, excomungado. 
O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o 
coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca 
aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança 
irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas 
dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. 
(...) 
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o 
filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a 
barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória 
estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns 
sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, 
guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se 
encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí 
a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o 
anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs 
o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que caíam sobre o 
peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, 
lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. 
E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio 
grande”. 
Graciliano Ramos 
A secura do ambiente e a dureza da vida aos poucos iam 
embrutecendo as personagens. 
Veja outro importante nome dessa fase:
Jorge Amado é talvez um dos autores mais conhecidos pelo público jovem. Isto 
porque, muitos de seus livros foram adaptados para a TV e o cinema. E ainda hoje, é 
um dos escritores brasileiros que mais vendeu livros. 
Seus livros traçam um verdadeiro e completo quadro do povo 
brasileiro, em especial do povo baiano. A linguagem simples, marcada 
por expressões populares, a preocupação com os costumes e as 
tradições populares e o bom humor fizeram de Jorge Amado um dos 
mais queridos escritores brasileiros. 
Sua vasta produção é comumente dividida em função da temática. 
Assim encontramos: 
DIVISÃO TEMÁTICA DA OBRA DE 
JORGE AMADO 
* Romances da Bahia 
* Romances ligados ao ciclo do cacau 
* Crônicas de costumes 
Romances da Bahia= Que retratam a vida das classes oprimidas na 
urbana Salvador. São livros de denúncia das desigualdades sociais. 
Entre eles destaca-se: Capitães da Areia. 
Romances ligados ao ciclo do cacau= Que retratam a exploração dos 
trabalhadores rurais, pela economia latifundiária no Nordeste. Segundo
o próprio Jorge Amado, foi a luta do cacau que o tornou romancista. 
Entre esses romances destacam-se: Cacau e Terras do Sem Fim. 
Crônicas de costumes= Que partem dos cenários do agreste e da 
zona cacaueira para uma reflexão sobre a vida, os amores e os 
costumes da sociedade. São desse ciclo as conhecidíssimas figuras 
femininas de Jorge Amado, como Gabriela, cravo e canela; Dona Flor 
e seus dois maridos, Tieta do Agreste e Teresa Batista cansada 
de guerra. 
Érico Veríssimo é o grande representante da região Sul do Brasil 
nessa segunda fase. E assim como Jorge Amado, também foi muito 
querido pelo público leitor. 
Sua obra é freqüentemente dividida em romances urbanos, 
históricos e políticos. Em seus romances urbanos analisa os conflitos 
e os valores de uma sociedade em crise. Entre os principais livros dessa 
categoria estão: Clarissa e Olhai os lírios do campo. A sua grande 
obra prima é a trilogia histórica O tempo e o vento, que narra a 
disputa pelo poder político entre importantes famílias na região Sul. 
Entre as personagens principais estão Ana Terra e Rodrigo Cambará. 
O livro Incidente em Antares, é um romance político em que 
Érico Veríssimo explora o absurdo e o fantástico. Num dado momento 
do romance os coveiros da cidade entram em greve e os mortos por sua 
vez, resolvem ressuscitar e denunciar a corrupção e a podridão moral 
existente na cidade. Ocorre uma fusão entre o plano real e o imaginário. 
E para concluirmos a aula, veja a imagem de José Lins do Rego:
José Lins do Rego, à direita sem chapéu e de óculos, foi um apaixonado por 
futebol, nessa foto, tirada no Maracanã, ele assistia ao jogo do seu time predileto, o 
Flamengo do Rio de Janeiro. 
José Lins do Rego foi um autor muito identificado com os 
costumes do povo e sua obra pautou-se fundamentalmente nas 
recordações de um menino que conviveu com as fazendas produtoras de 
cana. Seus principais temas são: da decadência dos engenhos 
produtores de açúcar e da estrutura patriarcal, as disputas políticas 
na região nordeste e o cangaço. Entre seus livros destacam-se: 
Menino de Engenho e Fogo Morto. 
Veja um fragmento do livro Menino de engenho: 
“Coitado do Santa Fé! Já o conheci de fogo morto. E nada é mais 
triste do que engenho de fogo morto. Uma desolação de fim de vida, de 
ruína, que dá à paisagem rural uma melancolia de cemitério 
abandonado. Na bagaceira, crescendo, o mata-pasto de cobrir gente, o 
melão entrando pelas fornalhas, os moradores fugindo para outros 
engenhos, tudo deixado para um canto, e até os bois de carro vendidos 
para dar de comer aos seus donos. Ao lado da prosperidade e da riqueza 
do meu avô, eu vira ruir, até no prestígio de sua autoridade, aquele 
simpático velhinho que era o Coronel Lula de Holanda, com seu Santa 
Fé caindo aos pedaços (...)” 
II – EXERCÍCIOS 
1) (FUVEST) – Costuma-se reconhecer que a obtenção de 
verossimilhança (capacidade de tornar a ficção semelhante à verdade) é 
a principal dificuldade artística inerente à composição de São Bernardo. 
Essa dificuldade decorre principalmente: 
a) da mistura de narrativa psicológica, individual, com intenções 
doutrinárias, políticas e sociais. 
b) da junção do estilo seco, econômico, com caráter épico eloqüente, 
dos fatos narrados. 
c) do caráter inverossímil da acumulação de capital da zona árida do 
Nordeste.
d) da incompatibilidade de base entre o narrador-personagem e 
Madalena, que torna difícil crer em seu casamento. 
e) da distância que há entre a brutalidade do narrador-personagem e 
a sofisticação da narrativa. 
R: e 
2) (PUCCAMP) – A leitura de romances como Vidas Secas, São 
Bernardo ou Angústia permite afirmar sobre Graciliano Ramos que: 
a) sua grande capacidade fabuladora e o tom lírico de sua linguagem 
servem a uma obra dominada pelo impulso, em que se mesclam 
romantismo e realismo, poesia e documento. 
b) sua obra transcende as limitações do regional ao evoluir para uma 
perspectiva universal, ao mesmo tempo que sua expressão parte 
para o experimentalismo e para as invenções vocabulares 
inovadoras. 
c) sua obra, preocupada em fixar os costumes e falas locais do meio 
rural e da cidade, é um registro fiel da realidade nordestina, quase 
um documento transfigurado em ficção. 
d) sua obra, toda condicionada pela realidade humana e social de 
uma árida região de coronéis e cangaceiros, apresenta uma 
narrativa linear, mas de linguagem exuberante, própria dos 
grandes contadores de história. 
e) tanto o enfoque trágico do destino do homem ligado às raízes 
regionais quanto a análise dos conflitos existenciais do homem 
urbano conferem uma dimensão universal à sua obra. 
R: e 
3) (PUCCAMP) – Sobre José Lins Rego, é correto afirmar que: 
a) se definiu, certa vez, como “apenas um baiano romântico e 
sensual”, assumindo-se como contador de histórias de 
pescadores e marinheiros de sua terra. 
b) retratou em sua obra a dura relação entre o homem e o meio, 
em especial a condição subumana do nordestino retirante. 
c) sempre se declarou escritor espontâneo e instintivo, consciente 
de que sua obra continha muito de sua experiência pessoal em 
regiões da Paraíba e de Pernambuco. 
d) escreve a saga da pequena burguesia depois de 1930, num tom 
leve e descontraído de crônica e costumes.
e) é considerado mais por ter publicado a obra marco da literatura 
social nordestina, A Bagaceira, do que pelos méritos de grande 
escritor. 
R: c 
4) (ITA) – Assinale a melhor opção, considerando as seguintes 
asserções sobre Fabiano, personagem de Vidas Secas, de Graciliano 
Ramos: 
I) Devido às dificuldades pelas quais passou no sertão, tornou-se 
um homem rude, mandante da morte de vários inimigos 
seus. 
II) Comparava-se, com orgulho, aos animais, pois era um 
homem errante que vivia fugindo da seca. 
III) Sentia-se fraco para exigir seus direitos diante de patrões e 
autoridades, por isso não se considerava um homem, mas um 
bicho. 
Está (ão) correta(s): 
a) Apenas a I. 
b) Apenas a III. 
c) I e III. 
d) Apenas a III. 
e) I e III. 
R: e

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  • 1. AULA 25 – LITERATURA PROFª Edna Prado MODERNISMO NO BRASIL – SEGUNDA FASE (PROSA) I – AUTORES A prosa da 2ª fase modernista caracteriza-se pelo regionalismo, pela relação do homem com o meio em que vive. A Literatura Brasileira já apresentava uma tendência regionalista. Desde o Romantismo, a busca de traços particulares da realidade brasileira já estava presente em algumas obras, entretanto, neste período, a partir das conquistas da primeira fase modernista e das idéias socialistas, os autores dão um novo tom a esse regionalismo. O livro A bagaceira de José Américo é considerado o primeiro romance regionalista do Modernismo. Mas seu valor deve-se mais à temática histórica da seca, dos retirantes e ao aspecto social do que aos aspectos literários. Veja os principais autores da prosa dessa segunda fase:
  • 2. 2ª FASE MODERNISTA (1930-1945) PROSA: * Raquel de Queirós * Graciliano Ramos * Jorge Amado * Érico Veríssimo * José Lins do Rego Quase todos esses autores voltaram-se basicamente para os temas do Nordeste, como a seca, o cangaço e o ciclo açucareiro. Com exceção de Érico Veríssimo que apresentou uma obra voltada para as relações do homem e a paisagem do Sul do Brasil. Veja a imagem da representante feminina da prosa dessa 2ª fase: Raquel de Queirós foi a primeira mulher a se “eleger imortal” na Academia Brasileira de Letras. Suas obras regionalistas destacam-se pela reflexão sobre a figura feminina numa sociedade patriarcal. Em seu livro O quinze, conta a história da luta de um povo contra a seca e a miséria, tema marcante da prosa modernista da segunda geração. A força da mulher nordestina também é tratada em toda sua
  • 3. obra. Entre as suas figuras femininas destacam-se: Conceição em O quinze e Maria Bonita em O Lampião. Veja a imagem de Graciliano Ramos, outro importante autor desse momento: Graciliano Ramos é considerado pela crítica literária o melhor ficcionista dessa segunda fase. Sua obra é marcada pela ausência de sentimentalismo e por um forte poder de síntese, refletida na linguagem direta e precisa. Entre seus livros destacam-se Memórias do Cárcere e São Bernardo. Memórias do Cárcere é uma narrativa autobiográfica que analisa as atrocidades cometidas pela Ditadura Vargas. Por suas ligações com o partido comunista Graciliano Ramos foi realmente preso durante um ano. Em São Bernardo, Graciliano Ramos ao contar a história de Paulo Honório, rico proprietário da fazenda São Bernardo, que se casa com a professora Madalena, personagem fortemente influenciada por idéias progressistas, faz uma reflexão sobre o processo de coisificação do ser humano, (“muitas vezes mais preocupado com o ter e do que com o ser”). Mas é com outro livro que Graciliano Ramos alcança maior notoriedade. Veja as próximas imagens:
  • 4. Menino Morto, de Cândido Portinari. Família de Retirantes, de Cândido Portinari. Menino Morto e Família de Retirantes apresentam o tema central de Vidas Secas - grande livro de Graciliano Ramos. Vidas Secas é um romance que narra a história de uma família de retirantes que abandona sua terra atingida por uma forte seca. A família é formada por Sinhá Vitória, a mãe; Fabiano, o pai; seus dois filhos, denominados apenas como menino mais velho e menino mais novo e os animais: o papagaio e a cachorra Baleia.
  • 5. Veja um fragmento de Vidas Secas em que a família inicia a viagem em busca de uma vida melhor: “A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor dos bichos moribundos. - Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. (...) Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande”. Graciliano Ramos A secura do ambiente e a dureza da vida aos poucos iam embrutecendo as personagens. Veja outro importante nome dessa fase:
  • 6. Jorge Amado é talvez um dos autores mais conhecidos pelo público jovem. Isto porque, muitos de seus livros foram adaptados para a TV e o cinema. E ainda hoje, é um dos escritores brasileiros que mais vendeu livros. Seus livros traçam um verdadeiro e completo quadro do povo brasileiro, em especial do povo baiano. A linguagem simples, marcada por expressões populares, a preocupação com os costumes e as tradições populares e o bom humor fizeram de Jorge Amado um dos mais queridos escritores brasileiros. Sua vasta produção é comumente dividida em função da temática. Assim encontramos: DIVISÃO TEMÁTICA DA OBRA DE JORGE AMADO * Romances da Bahia * Romances ligados ao ciclo do cacau * Crônicas de costumes Romances da Bahia= Que retratam a vida das classes oprimidas na urbana Salvador. São livros de denúncia das desigualdades sociais. Entre eles destaca-se: Capitães da Areia. Romances ligados ao ciclo do cacau= Que retratam a exploração dos trabalhadores rurais, pela economia latifundiária no Nordeste. Segundo
  • 7. o próprio Jorge Amado, foi a luta do cacau que o tornou romancista. Entre esses romances destacam-se: Cacau e Terras do Sem Fim. Crônicas de costumes= Que partem dos cenários do agreste e da zona cacaueira para uma reflexão sobre a vida, os amores e os costumes da sociedade. São desse ciclo as conhecidíssimas figuras femininas de Jorge Amado, como Gabriela, cravo e canela; Dona Flor e seus dois maridos, Tieta do Agreste e Teresa Batista cansada de guerra. Érico Veríssimo é o grande representante da região Sul do Brasil nessa segunda fase. E assim como Jorge Amado, também foi muito querido pelo público leitor. Sua obra é freqüentemente dividida em romances urbanos, históricos e políticos. Em seus romances urbanos analisa os conflitos e os valores de uma sociedade em crise. Entre os principais livros dessa categoria estão: Clarissa e Olhai os lírios do campo. A sua grande obra prima é a trilogia histórica O tempo e o vento, que narra a disputa pelo poder político entre importantes famílias na região Sul. Entre as personagens principais estão Ana Terra e Rodrigo Cambará. O livro Incidente em Antares, é um romance político em que Érico Veríssimo explora o absurdo e o fantástico. Num dado momento do romance os coveiros da cidade entram em greve e os mortos por sua vez, resolvem ressuscitar e denunciar a corrupção e a podridão moral existente na cidade. Ocorre uma fusão entre o plano real e o imaginário. E para concluirmos a aula, veja a imagem de José Lins do Rego:
  • 8. José Lins do Rego, à direita sem chapéu e de óculos, foi um apaixonado por futebol, nessa foto, tirada no Maracanã, ele assistia ao jogo do seu time predileto, o Flamengo do Rio de Janeiro. José Lins do Rego foi um autor muito identificado com os costumes do povo e sua obra pautou-se fundamentalmente nas recordações de um menino que conviveu com as fazendas produtoras de cana. Seus principais temas são: da decadência dos engenhos produtores de açúcar e da estrutura patriarcal, as disputas políticas na região nordeste e o cangaço. Entre seus livros destacam-se: Menino de Engenho e Fogo Morto. Veja um fragmento do livro Menino de engenho: “Coitado do Santa Fé! Já o conheci de fogo morto. E nada é mais triste do que engenho de fogo morto. Uma desolação de fim de vida, de ruína, que dá à paisagem rural uma melancolia de cemitério abandonado. Na bagaceira, crescendo, o mata-pasto de cobrir gente, o melão entrando pelas fornalhas, os moradores fugindo para outros engenhos, tudo deixado para um canto, e até os bois de carro vendidos para dar de comer aos seus donos. Ao lado da prosperidade e da riqueza do meu avô, eu vira ruir, até no prestígio de sua autoridade, aquele simpático velhinho que era o Coronel Lula de Holanda, com seu Santa Fé caindo aos pedaços (...)” II – EXERCÍCIOS 1) (FUVEST) – Costuma-se reconhecer que a obtenção de verossimilhança (capacidade de tornar a ficção semelhante à verdade) é a principal dificuldade artística inerente à composição de São Bernardo. Essa dificuldade decorre principalmente: a) da mistura de narrativa psicológica, individual, com intenções doutrinárias, políticas e sociais. b) da junção do estilo seco, econômico, com caráter épico eloqüente, dos fatos narrados. c) do caráter inverossímil da acumulação de capital da zona árida do Nordeste.
  • 9. d) da incompatibilidade de base entre o narrador-personagem e Madalena, que torna difícil crer em seu casamento. e) da distância que há entre a brutalidade do narrador-personagem e a sofisticação da narrativa. R: e 2) (PUCCAMP) – A leitura de romances como Vidas Secas, São Bernardo ou Angústia permite afirmar sobre Graciliano Ramos que: a) sua grande capacidade fabuladora e o tom lírico de sua linguagem servem a uma obra dominada pelo impulso, em que se mesclam romantismo e realismo, poesia e documento. b) sua obra transcende as limitações do regional ao evoluir para uma perspectiva universal, ao mesmo tempo que sua expressão parte para o experimentalismo e para as invenções vocabulares inovadoras. c) sua obra, preocupada em fixar os costumes e falas locais do meio rural e da cidade, é um registro fiel da realidade nordestina, quase um documento transfigurado em ficção. d) sua obra, toda condicionada pela realidade humana e social de uma árida região de coronéis e cangaceiros, apresenta uma narrativa linear, mas de linguagem exuberante, própria dos grandes contadores de história. e) tanto o enfoque trágico do destino do homem ligado às raízes regionais quanto a análise dos conflitos existenciais do homem urbano conferem uma dimensão universal à sua obra. R: e 3) (PUCCAMP) – Sobre José Lins Rego, é correto afirmar que: a) se definiu, certa vez, como “apenas um baiano romântico e sensual”, assumindo-se como contador de histórias de pescadores e marinheiros de sua terra. b) retratou em sua obra a dura relação entre o homem e o meio, em especial a condição subumana do nordestino retirante. c) sempre se declarou escritor espontâneo e instintivo, consciente de que sua obra continha muito de sua experiência pessoal em regiões da Paraíba e de Pernambuco. d) escreve a saga da pequena burguesia depois de 1930, num tom leve e descontraído de crônica e costumes.
  • 10. e) é considerado mais por ter publicado a obra marco da literatura social nordestina, A Bagaceira, do que pelos méritos de grande escritor. R: c 4) (ITA) – Assinale a melhor opção, considerando as seguintes asserções sobre Fabiano, personagem de Vidas Secas, de Graciliano Ramos: I) Devido às dificuldades pelas quais passou no sertão, tornou-se um homem rude, mandante da morte de vários inimigos seus. II) Comparava-se, com orgulho, aos animais, pois era um homem errante que vivia fugindo da seca. III) Sentia-se fraco para exigir seus direitos diante de patrões e autoridades, por isso não se considerava um homem, mas um bicho. Está (ão) correta(s): a) Apenas a I. b) Apenas a III. c) I e III. d) Apenas a III. e) I e III. R: e