1. Por: Alisson Vera Cruz
Analista de Monitoramento de Redes Sociais
A informação que desinforma
Até que ponto as redes sociais são inimigas do jornalismo?
Como sugere o nome, um veículo de comunicação possui o poder, se é que podemos dizer
assim, de comunicar e informar. Na maioria das vezes, uma informação só é considerada
verdadeira pela população quando esta é veiculada por um jornal, rádio ou TV. Mas,
atualmente, as gafes cometidas por jornalistas – sendo intencionais ou não – estão colocando
em xeque a “reputação” do jornalismo como um todo.
As redes sociais, além de atuarem como uma plataforma em que amigos trocam fotos e
mensagens, se tornaram fontes de informações para pautas jornalísticas. O que é bastante
positivo, já que textos informativos ganharam mais uma ferramenta para investigar pontos
importantes que serão transmitidos à população. Acontece que, assim como no mundooffline,
nem tudo é, de fato, verdade.
Na mídia online, todo viral – nome dado a textos, vídeos ou fotografias que alcançam um
grande número de compartilhamentos, gerando grandes repercussões – possui um início, que
geralmente é descartado pelos usuários das redes sociais e, também, por jornalistas que
consequentemente capturam as informações no que chamamos de “efeito manada”,
considerando que algumas matérias, por exemplo, são baseadas em elementos lançados nas
redes sociais.
Da mesma forma em que um jornalista vai às ruas com seu bloquinho e caneta para investigar
um caso e colher depoimentos de personagens, é muito importante, também, investigar o que
se é compartilhado ou comentado nas redes sociais. Com as postagens virais, fica bastante
difícil de distinguir informação de desinformação, já que, no fim, não se tem certeza da fonte
original.
Outro ponto importante é a necessidade de estar sempre no “pole position” das informações. A
pressa para transformar os dados obtidos em matérias publicadas em primeira mão, faz com
que o texto fique incompleto, com pobreza na notícia ou pior: com inverdades. E são nas redes
sociais que é possível medir o nível de exigência do leitor, que geralmente critica as matérias
vistas como inéditas e solicitam cada vez mais informações que ele sentiu falta.
Com a era da agilidade e para não perder o timing, normalmente algumas notícias são
baseadas em outras notícias, fazendo com que qualquer erro inicial seja desencadeado nas
próximas matérias. É o que pode acontecer com os portais fakes, que tem o objetivo literal de
inventar casos e serem utilizados em textos de importantes veículos de informação, que,
provavelmente, não investigou as informações ali apresentadas.
Sabendo utilizar as “novas plataformas” para se obter dados na era digital, é possível sim
trazer à população informações que, de fato, informem. Por ser aparentemente mais fácil,
deve-se realizar uma investigação mais apurada, com mais detalhes e, ao mesmo tempo,
inovar no quesito comunicação sem deixar para trás o verdadeiro objetivo do jornalismo.