O documento discute transtornos ansiosos, síndrome do pânico e depressão em crianças e adolescentes. Ele descreve os principais tipos de transtornos ansiosos como transtorno de ansiedade de separação e transtorno de ansiedade fóbica. Também aborda classificações, sintomas e tratamentos para esses transtornos e para a depressão em diferentes faixas etárias da infância e adolescência.
1. TRANSTORNOS ANSIOSOS, SÍNDROME DO PÂNICO
E DEPRESSÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
DR. CLÁUDIO COSTA
IPEMED-2012
Dr. Cláudio Costa - Belo Horizonte
2. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Generalidades:
A vivência ansiosa é um fato natural da
vida, comum desde a infância.
Ansiedade e angústia são componentes
normais do desenvolvimento e sua ausência
é patológica, colocando em risco a própria
vida.
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3. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
O que é ansiedade?
A) conceito psicológico:
– Trata-se de uma vivência de sofrimento
psíquico, não necessariamente uma doença.
– Caracteriza-se por sentimento de medo
antecipatório diante de um evento considerado
ameaçador.
– Sinal e tentativa para restabelecer coerência
psíquica
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4. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
O que é ansiedade?
Conceito neurofisiológico:
– Descarga neuronal no tronco cerebral,
desencadeando reações autonômicas:
Liberação de noradrenalina pelo locus ceruleus
Liberação de serotonina na região central da rafe
Estimulação do sistema límbico nas situações de
ameaça: medo antecipatório
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5. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Modelo homeostático:
Homeostase necessidade
tensão da necessidade ação restauradora
Se eficaz: volta a homeostase
Não eficaz: permance a tensão de necessidade,
portanto permanece a ansiedade : sintoma
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6. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Modelo psicanalítico:
A partir de Freud, a ansiedade é definida como
uma tensão psíquica derivada de conflitos
inconscientes, diante de conteúdos libidinais não
aceitáveis pelo Eu e Super-Eu.
Mobilização dos “mecanismos de defesa”
disponíveis: negação, recalque, sublimação, etc.
Os conteúdos recalcados reaparecem sob forma de
sintomas neuróticos (mais aceitáveis pelo Eu)
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7. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Modelo conductual (psicológico)
– A conduta humana ocorre em três áreas:
– Área mental: pensamento, sentimentos,
dúvidas, desejos, etc.
– área corporal: movimentos, funcionamento
geral, sensações sensoperceptivas, etc.
– Área social: relacionamento interpessoal,
aproximação ou afastamento, etc.
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8. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Modeloconductual e os “Transtornos
Ansiosos”
Medo
Angústia
Ansiedade
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9. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Área social: MEDO: o medo é aprendido e
está ligado a uma situação específica
(educação e experiência). Faz parte do
desenvolvimento normal.
Patologia do medo:
ausência: risco, inconsequência...
excesso: fobias, inibição, fobia social...
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10. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Áreacorporal: ANGÚSTIA: sensações de
extremo mal-estar acompanhadas de
manifestações somáticas neurovegetativas.
Denotam insegurança diante de perigo
indeterminado ou do desconhecido.
• Exemplo: angústia do 8º mês – normal no
desenvolvimento
• Patologia: doenças psicossomáticas
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11. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Área Mental: ANSIEDADE: vivência de
mal-estar, desequilíbrio, fantasias de perigo
iminente.
Invade todo o organismo (áreas corporal e
social).
Substrato da maioria dos transtornos
psicopatológicos.
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12. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
FORMAS CLÍNICAS:
As formas clínicas variam de acordo com a idade e
o desenvolvimento e obedecem ao arsenal de
recursos adquiridos pela criança.
No início da vida, predominam as formas
corporais.
À medida em que a criança se desenvolve, as
manifestações somáticas cedem lugar a
manifestações psíquicas e sociais
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13. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
– No bebê, o corpo é o instrumento principal de
relação com o mundo exterior. Assim, as angústias
precoces se manifestarão como:
Transtornos de sono
Estados de hipertonia
Dificuldades alimentares
Irritabilidade
Hipervigilância (imobilidade silenciosa e atentiva)
Transtornos psicossomáticos diversos – trato
gastrointestinal - trato respiratório – etc.
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14. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
– Na infância e adolescência, aparecem sintomas
ligados ao desempenho escolar, respostas às
exigências parentais, mudanças corporais:
Inquietação
Fobias específicas, inespecíficas
Fobia escolar
Angústia de separação
Transtornos obsessivos
Angústia
Podem aparecer, também, as manifestações
somáticas
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15. Transtornos ansiosos na infância e adolescência
“Cartão do Dia dos Pais- Paciente 09 anos”
Caio, 8 anos. Julho, 2012
16. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
CLASSIFICAÇÃO:
Tanto a CID-10 quanto o DSM-IV têm
um capítulo intitulado:
Transtornos emocionais com início
específico na infância (F 93 / 309.21 )
Transtorno de ansiedade de separação
Transtorno de ansiedade fóbica
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17. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Transtorno de ansiedade de separação:
– Preocupação irrealista e aflitiva sobre possíveis
danos acometendo os pais ou importantes figuras de
vinculação
– Relutância ou recusa persistente em ir para a escola,
separar-se dos pais, dormir fora de casa
– Medos antecipatórios quando a criança toma
conhecimento de viagens dos pais
– Sintomas físicos concomitantes: cefaléias, distúrbios
gastro-intestinais, pesadelos repetitivos com temas
de separação
– Início antes dos 18 anos
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18. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Transtornode ansiedade de separação:
Epidemiologia:
– Incidência maior em torno de 11 anos
– Prevalência: 3,5 a 5,4 % (Costello-1999)
Diagnóstico diferencial:
– Principalmente com Depressão
– É comum a comorbidade
– Simples evasão escolar, gazeta, fuga das
responsabilidades
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19. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Transtorno de ansiedade fóbica na infância:
– Classificam-se aqui os medos (fobias) que se
iniciam no período apropriado do
desenvolvimento, porém com intensidade
excessiva e duração maior do que 4 semanas.
Exemplos:
Medo de animais: no período pré-escolar
Medo de escuro: entre os 18m e 2 anos
Medo da morte: em torno dos 8 anos
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20. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Transtornos fóbico-ansiosos que se classificam
como no adulto:
Transtorno Fóbico: específica, inespecífica,
fobia social
Transtorno de Pânico – ansiedade paroxística
aguda
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC)
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21. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Transtorno de Pânico:
Mais raro na infância. Mais comum no final
da adolescência.
Crises repetidas de angústia, com sintomas
somáticos e psicológicos: taquicardia, dor
pré-cordial, taquipnéia, sudorese, distúrbios
gástricos, sensação e medo de morte
iminente, etc.
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22. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Tratamentos:
Prevenção: orientação dos pais e
acolhimento atencioso do bebê ou da
criança; atenção aos fatores psicológicos:
descuido, abandono, ambiente estressante
Psicoterapia: resolução de conflitos
inconscientes – ludoterapia
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23. Transtornos ansiosos na
infância e adolescência
Tratamento psicofarmacológico:
Ansiolíticos: Cuidados com indução à dependência e
abuso da droga
– Iniciar com dosagens baixas: 0,25mg/dia
Antidepressivos:
Tricíclicos: bastante eficazes. Contradindicações quando
há arritmias cardíacas. Valorizar efeitos colaterais: boca
seca, tremor, insônia.
ISRS: também eficazes. História de excitação e alguns
raros casos de suicídio.
Betabloqueadores: uso não bem estabelecido.
Efeitos adversos: depressão, bradicardia. Contra-
indicações: asma e diabetes.Horizonte
Dr. Cláudio Costa - Belo
24. Depressão em crianças e
adolescentes
Não há uma classificação específica para
Transtornos de Humor em crianças e
adolescentes. Portanto: Classificação igual à
do adulto.
Depressão Maior (depressão clássica)
Transtorno bipolar
Distimia
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25. Depressão em crianças e
adolescentes
Os sintomas variam de acordo com a idade, o
período evolutivo e as capacidades expressivas.
depressão no bebê: recusa à alimentação,
inquietação, irritabilidade, transtorno de sono.
- Hospitalismo: quadro grave, evoluindo da inibição
psicomotora, para irritabilidade, desconhecimento
do ambiente, imobilidade, posição em decúbito,
olhar perdido, marasmo, morte.
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26. Depressão em crianças e
adolescentes
Depressão durante a segunda infância:
Quanto mais nova, predominam as manifestações
somáticas (doenças de pele, transtornos gástricos,
inapetência, insônia).
Na idade escolar e pré-púbere: irritabilidade,
sentimentos de menos-valia, ideação de ruína e
suicídio, inibição social.
Insônia ou hipersônia
Inapetência ou excesso de apetite
Perda de prazer nas atividades anteriormente
prazerosas
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27. Depressão em crianças e
adolescentes
Depressão na adolescência:
Insônia
Irritabilidade
Isolamento social
Perda de prazer
Alterações do apetite e peso
Abuso de substância (álcool e drogas)
Comportamento anti-social
Pensamentos de ruína – ideação e tentativas de
auto-extermínio
Mais comum em meninas
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28. Depressão em crianças e
adolescentes
Tratamentos:
– Orientação familiar
– Terapia familiar
– Psicoterapia: individual ou grupal
– Psicofarmacoterapia
– Internação hospitalar
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29. Depressão em crianças e
adolescentes
Psicofarmacoterapia:
– Avaliar:
Gravidade do caso
Idade do paciente
Avaliação “risco x benefício”
História familiar positiva para determinado
fármaco
Presença de sintomas físicos, transtornos
alimentares, insônia, inibição social
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30. Depressão em crianças e
adolescentes
Fatores de risco para uso de psicofármacos
antidepressivos na adolescência:
Abuso (supervalorização)
Dependência psicológica
Desconhecimento por parte do profissional
Uso irregular: subdosagem, intervalos
inadequados entre as tomadas, substituições
precipitadas, excesso de medicação
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31. Depressão em crianças e
adolescentes
Farmacoterapia: Drogas mais usadas
Estabilizadores do humor: lítio, ácido
valpróico, carbamazepina, antipsicóticos
atípicos (olanzapina, risperidona)
Antidepressivos tricíclicos: imipramina,
clomipramina, amitriptilina
ISRS: sertralina, paroxetina, fluoxetina,
citalopram, venlafaxina
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32. Depressão em crianças e
adolescentes
Efeitos colaterais dos antidepressivos:
– Pelo bloqueio dos receptores muscarínicos (efeitos
anticolinérgicos):
Boca seca
Constipação
Sedação
Taquicardia
Retenção urinária
– Pelo bloqueio dos receptores alfa-1 e alfa-2
adrenérgicos:
Hipotensão e sedação
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