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Leia o texto com muita atenção. E em seguida responda as questões de 1 a 11.
Quando a filha adolescente anunciou que ia dormir com o namorado, o pai não disse nada. Não a recriminou, não lembrou os
rígidos padrões morais de sua juventude. Homem avançado, esperava que aquilo acontecesse um dia. Só não esperava que
acontecesse tão cedo.
Mas tinha uma exigência, além das clássicas recomendações. A moça podia dormir com o namorado:
─ Mas aqui em casa.
Ela, por sua vez, não protestou. Até ficou contente. Aquilo resultava em inesperada comodidade. Vida amorosa em
domicílio, o que mais podia desejar? Perfeito.
O namorado não se mostrou menos satisfeito. Entre outras razões, porque passaria a partilhar o abundante café da
manhã da família. Aliás, seu apetite era espantoso: diante do olhar assombrado e melancólico do dono da casa, devorava
toneladas do melhor requeijão, do mais fino presunto, tudo regado a litros de suco de laranja.
Um dia, o namorado sumiu. Brigamos, disse a filha, mas já estou saindo com outro. O pai pediu que ela trouxesse o
rapaz. Veio, e era muito parecido com o anterior: magro, cabeludo, com apetite descomunal.
Breve, o homem descobriria que constância não era uma característica fundamental de sua filha. Os namorados
começaram a se suceder em ritmo acelerado. Cada manhã de domingo, era uma nova surpresa: este é o Rodrigo, este é o
James, este é o Tato, este é o Cabeça. Lá pelas tantas, ele desistiu de memorizar nomes ou mesmo fisionomias. Se estava na
mesa do café da manhã, era namorado. Às vezes, também acontecia ─ ah, essa próstata, essa próstata ─ que ele levantava à
noite para ir ao banheiro e cruzava com um dos galãs no corredor. Encontro insólito, mas os cumprimentos eram sempre gentis.
Uma noite, acordou, como de costume, e, no corredor, deu de cara com um rapaz que o olhou apavorado. Tranquilizou-o:
─ Eu sou o pai da Melissa. Não se preocupe, fique à vontade. Faça de conta que a casa é sua.
E foi deitar.
Na manhã seguinte, a filha desceu para tomar café. Sozinha.
─ E o rapaz? ─ perguntou o pai.
─ Que rapaz? ─ disse ela.
Algo lhe ocorreu, e ele, nervoso, pôs-se de imediato a checar a casa. Faltava o CD player, faltava a máquina
fotográfica, faltava a impressora do computador. O namorado não era namorado. Paixão poderia nutrir, mas era pela
propriedade alheia.
Um único consolo restou ao perplexo pai: aquele, pelo menos, não fizera estrago no café da manhã.
Moacyr Scliar (Crônica extraída da Revista Zero Hora, 26/4/1998, e contida no livro Boa Companhia: crônicas, organizado por
Humberto Werneck, São Paulo: Companhia das Letras, 2006, 2. reimpressão, pp. 205-6.)
01. (D2) No texto procure uma palavra que possa
substituir os termos grifados nas frases abaixo.
a) “Não a censurou, não lembrou os rígidos padrões
morais de sua juventude.”
b) “Encontro inusitado, mas os cumprimentos eram
sempre gentis.”
02. (D9) Qual é o tipo de crônica escrita por Moacyr
Scliar?
03. (D10) Essa crônica contém elementos
predominantemente narrativos. Agora localize no texto
cada um desses elementos.
a) Situação inicial –
b) Conflito –
c) Clímax –
d) Desfecho –
05. (D10) Quais são os personagens desse texto?
06. (D10) Qual o cenário onde a história acontece?
07. (D11) Por que o pai da jovem era realmente um
homem avançado?
08. (D6) Qual é o tema retratado nessa crônica?
09. (D12) Qual o objetivo desse texto?
10. (D10) Como se apresenta o narrador nessa
crônica?
11. (D10) Como o narrador conseguiu tornar o cômico o
equívoco do pai, no final do texto?

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