SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 13
Baixar para ler offline
~
MAKRON
Books CAPíTULO t4ID
o DESEMPREGO
a desemprego e a inflação são os dois problemas mais graves que as economias
ocidentais devem enfrentar.
a desemprego, devido a suas conseqüências sociais e seus efeitos que podem incidir
sobre grupos sociais muito definidos (jovens sem experiência de trabalho, mulheres e
pessoas maiores de 45 anos), é especialmente grave, e a maioria dos governos deve
dedicar grandes quantidades de dinheiro para remediar suas conseqüências.
20.1 A INFORMAÇÃO SOBRE O DESEMPREGO:
A TAXA DE DESEMPREGO
No Brasil, a informação mais completa sobre a situação do mercado de trabalho é
fornecida pelo IBGE para seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife.
O IBGE define uma pessoa como desempregado nos seguintes termos:
"Considera-se desempregada toda pessoa de 16 ou mais anos que, durante a semana de
referência, isto é, a semana em que se fez a pesquisa, esteve procurando trabalho, isto
é, que tomou medidas para procurar trabalho ou que procurou estabelecer-se durante a
semana precedente".
350
Capo 20 O desemprego 351
20.1.1 A TAXA DE DESEMPREGO
A porcentagem de pessoas desocupadas em relação ao total da população ativa (os
ocupados mais os desempregados) é conhecida como taxa de desemprego.
Taxa de = Desempregados x 100
desemprego População ativa total
• Taxa de desemprego é o quociente entre o número de pessoas desempre-
gadas e o de ativos, expresso como porcentagem.
20.2 TIPOS DE DESEMPREGO
Para iniciar o estudo do desemprego, definiremos a seguinte tipologia: desemprego
sazonal, desemprego cíclico, desemprego friccional e desemprego estrutural.
20.2.1 DESEMPREGO SAZONAL
o desemprego sazonal surge sistematicamente em determinadas épocas do ano.
• O desemprego sazonal é o causado por variações na demanda de traba-
lho em diferentes momentos do ano.
Assim, na agricultura, o desemprego pode apresentar fortes variações sazonais
em função das épocas do plantio e da colheita. O mesmo ocorre no setor de turismo eu-
jos empregos, em determinadas épocas do ano, especialmente durante as férias de ve-
rão, sofrem uma forte ascensão e, durante os meses de inverno, são reduzidos
consideravelmente, sendo despedidos vários trabalhadores.
20.2.2 DESEMPREGO cíCLlCO
o desemprego cíclico está ligado às alterações de ritmo da atividade econômica, du-
rante as flutuações da economia.
o desemprego tem um forte componente cíclico; durante as recessões a taxa
de desemprego aumenta, e nas fases de recuperação e expansão ela diminui. Quanto
352 Introdução à Economia Capo 20
maior é a expansão e mais elevada a taxa de crescimento da produção, maior é a
redução do desemprego.
o fator-chave que explica este comportamento é a taxa de perda do emprego:
esta aumenta durante as recessões e diminui durante as fases de expansão.
• O desemprego cíclico acontece quando os trabalhadores e, em geral, os
fatores produtivos, ficam ociosos devido ao fato de o gasto da econo-
mia, durante certos períodos de tempo, ser insuficiente para dar em-
prego a todos os recursos.
Assim, quando se diz que a economia passou por uma "recessão" ou que está
"estancada", o desemprego resultante é um desemprego cíclico.
Durante as fases em que a atividade econômica é muito fraca, a taxa de
desemprego aumenta e, nas fases de recuperação e expansão, ela diminui.
20.2.3 DESEMPREGO FRICCIONAL
Algumas pessoas estão desempregadas porque procuram um emprego melhor ou porque
desejam mudar para uma região mais rica. Outras foram obrigadas a trocar de empresa,
porque foram despedidas ou porque a antiga empresa está atravessando uma crise,
devido às alterações do mercado. Porém, senão todos, uma boa parte desses traba-
lhadores encontrará um novo emprego; até que isso aconteça, pode passar algum tempo,
que dependerá, entre outros fatores, da informação disponível. Sempre haverá um deter-
minado número de indivíduos que estará desempregado pelas razões apontadas, mesmo
que se admita que eles não serão os mesmos que estão atualmente parados. Por outro
lado, a cada ano incorpora-se ao mercado de trabalho, pela primeira vez, um deter-
minado número de trabalhadores, e não é de se estranhar que aconteça uma certa
defasagem temporal, do abandono dos estudos até o ingresso no respectivo trabalho.
• O desemprego friccional é originado pela saída de seus empregos de
alguns trabalhadores que procuram outros melhores, porque algumas
empresas estão atravessando uma crise, ou porque os novos membros
da força de trabalho levam um certo tempo procurando emprego.
A existência de um certo nível de desemprego friccional é normal, porque a
mobilidade de trabalhadores de um emprego para outro ou de uma cidade para outra
requer um certo tempo, e o mesmo ocorre com as pessoas que se incorporam pela
primeira vez ao mercado de trabalho. O normal é que a maior parte dos desempregados
friccionais não tarde muito em encontrar um emprego.
Capo 20 O desemprego 353
20.2.4 DESEMPREGO ESTRUTURAL
Os desempregados estruturais são aqueles trabalhadores que, por razões de qualifica-
ção, não correspondem às necessidades reveladas pela demanda. A origem desse tipo de
desemprego é encontrada nas contínuas redistribuições de recursos que resultam das
variações na demanda de produtos, que ocorram no processo de crescimento econômico.
• O desemprego estrutural deve-se a desajustes entre a qualificação ou
localização da força de trabalho e à qualificação ou localização reque-
rida pelo empregador.
A renovação tecnológica e a automação fazem com que, dadas as novas con-
dições de produção, a capacitação e a experiência de certos trabalhadores não sejam as
desejadas. O desemprego estrutural também pode originar-se pelo deslocamento de uma
indústria de uma zona geográfica para outra.
O trabalhador que está desempregado por motivos estruturais - diferentemente
do que ocorre com o desemprego friccional -, não pode ser considerado como se
estivesse numa situação transitória entre dois empregos, de fato, só há duas opções;
enfrentar um prolongado período de desemprego ou trocar drasticamente de ocupação.
O desemprego friccional e o desemprego estrutural formam o chamado desem-
prego involuntário, Representam o montante de trabalhadores que desejam empregar-se
ao salário real vigente e que não encontram emprego.
20.3 AS CAUSAS DO DESEMPREGO
Para justificar a aparição do desemprego, pode-se recorrer basicamente a dois tipos de
explicações: a) o funcionamento do mercado de trabalho; e.h) o nível da demanda
agregada.
20.3.1 O FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE TRABALHO
Para alguns economistas - especialmente para os chamados clássicos ou monetarístas'
- (Esquema 20.1) -, a explicação do desemprego baseia-se no funcionamento do mer-
1. Os monetaristas são os continuadores das idéias dos economistas clássicos.
354 Introdução à Economia Capo 20
cado de trabalho e, em particular, no desejo dos trabalhadores de receberem salários
excessivamente elevados. Essa atitude dos trabalhadores, segundo os economistas, é
motivada pela própria legislação - que introduz normas, tais como salários mínimos - e
pela pressão dos sindicatos por salários mais altos.
• Numa perspectiva clássica ou monetarista, o desemprego acima do
friccional deve-se a uma política de salários inadequada. Esse desem-
prego é qualificado como voluntário.
Quando os salários são elevados, as empresas demandam uma quantidade de
mão-de-obra menor do que na situação em que os salários são baixos. Defende-se, pois,
em síntese, que o funcionamento do mercado de trabalho não difere de qualquer outro
bem ou serviço. Se o salário é excessivamente alto, isto é, se o salário é superior ao sa-
lário de equilíbrio, aparecerá um certo número de trabalhadores que não encontrará em-
prego. Assim, o desemprego pode dever-se ao próprio comportamento dos traba-
lhadores, quando esses, sob determinadas circunstâncias, recusam-se a trabalhar, devido
ao elevado seguro-desemprego que lhes compensa mais do que a busca por trabalho.
I
Keynesianos I Monetaristas
Controle da • O controle sobre a quantidade de • Controle estrito dos agregados
inflação dinheiro não é o único meio. A monetários (oferta monetária). Tem
competitividade e a produtividade de ser evitado todo o excesso de
têm de ser consideradas, o que liquidez sobre as necessidades
implica certo intervencionismo. que apresenta a economia.
Déficit público • Um déficit produtivo pode ser • O equilíbrio orçamentário deve
admissível. ser a norma.
• Uma política fiscal expansiva • Deve-se reduzir a intervenção do
pode incrementar a produção. setor público ao mínimo possível.
• Os efeitos redistributivos do gasto • Uma política fiscal expansiva não
público são desejáveis. consegue aumentar a produção.
Luta contra o • Estimular a demanda agregada. • O desemprego deve-se basica-
desemprego • Os ajustes devem recair não só mente ao fato de os salários
sobre os salários, mas também serem muitos elevados: crescem
sobre os excedentes. a um ritmo maior que a produti-
I vidade do trabalho.
Esquema 20.1 Diferentes opções diante dos grandes problemas da política econômica.
Capo 20 O desemprego 355
ANÁLISE GRÁFICA
Na Figura 20.1 observa-se que, quando salário é Wl, as empresas só demandam traba-
lho pela quantidade DA, sendo que a esses salários os trabalhadores que se dispõem a
trabalhar são DC. Em conseqüência, o número de trabalhadores desempregados será re-
presentado pelo segmento AC. Se o salário desce e alcança o nível de equilíbrio WO,
então há pleno emprego, pois as empresas aumentam a demanda por emprego em AB e,
por outro lado, a oferta de trabalho diminui na quantidade representada por BC, dado
que o salário foi reduzido.
Salário

Oferta de
trabalho
Oemandade
-.... trabalho
o A B c Emprego
Figura 20.1 o mercado de trabalho.
Para o nível de trabalho WO, o mercado de trabalho está em equilíbrio, com o
nível de emprego representado por OB. Quando o salário é Wl, o desemprego
vem representado pelo segmento AC.
20.3.2 o NíVEL DA DEMANDA AGREGADA
Para os economistas keynesianos, o desemprego deve-se, fundamentalmente, ao nível
insuficiente da demanda agregada por bens e serviços.
• Numa perspectiva keynesiana, defende-se que o desemprego acima do
friccional é involuntário, e ele ocorre porque o nível da demanda agre-
gada é insuficiente.
356 Introdução à Economia Capo 20
o emprego só aumentará se se aumentar o gasto total da economia, e para isso
o consumo das economias domésticas, os gastos com investimentos das empresas e o
gasto público ou as importações deverão ser estimulados.
Deve assinalar-se que o aumento do gasto não criará, necessariamente, muito
emprego, já que ele pode ser canalizado para a importação de bens do exterior. Mesmo
assim, há a possibilidade de que o aumento do gasto transfira-se para os preços, ao
procurarem as empresas aumentar seus lucros. Assim, se na economia brasileira aumen-
ta-se o gasto agregado de forma brusca, numa quantidade importante, possivelmente
não se poderia atender, de modo imediato, a toda a demanda por produtos nacionais,
porque as fábricas estão obsoletas ou porque não se dispõe dos meios necessários para
produzir os bens desejados.
ANÁLISE GRÁFICA
As idéias keynesianas podem ser representadas graficamente. Numa ótica keynesiana
supõe-se que a demanda e a oferta de trabalho são ambas notavelmente inelásticas
(Figura 20.2). Isso contribui para a explicação de que tanto um aumento como uma
diminuição dos salários teriam um reduzido efeito sobre a demanda e a oferta de
trabalho. A rigidez de ambas as curvas são justificadas, levando-se em conta que as
empresas necessitam dos trabalhadores para produzir, pois, caso contrário, elas teriam
de fechar as fábricas. Por outro lado, os trabalhadores necessitam de trabalho para obter
receitas que lhes permitam viver. A Figura 20.2a mostra como uma notável redução dos
salários de Wj para Wo só faria aumentar o emprego de OA para OB.
Além disso, a redução dos salários pode fazer com que - mediante o decrésci-
mo da demanda agregada, ao se diminuírem os gastos dos consumos dos trabalhadores
- a curva de demanda de trabalho sofra um deslocamento para a esquerda, de DT para
D' T' como conseqüência da redução do consumo, devido à queda das receitas dos
trabalhadores. Esse deslocamento da curva de demanda de trabalho para a esquerda
implicaria uma nova redução do emprego. Na Figura 20.2b, o nível de emprego seria Ot",
Assim, numa perspectiva keynesiana, a estratégia adequada para combater o
desemprego é aumentar a demanda ou o gasto agregado e, conseqüentemente, conseguir
que a curva de demanda de trabalho desloque-se para a direita.
Capo 20 O desemprego 357
Salário
Oferta de
trabalho (Or) Salário
Oferta de
1  ) trabalho (Or)
-.
A
': : ~,»
! ! -. Demanda de
:: tr, trabalho (Or)
: :
: :
o C O
(b)
Emprego
Demanda de
trabalho (Or)
Figura 20.2
o A B
(a)
Emprego
Como pode ser observado, mudanças bruscas no nível de salários só conseguem
alterar o nível de emprego em quantidades moderadas. Se os salários reduzem-se de
W1
para Wo
' o emprego só aumentará de DA para DB. Além disso, na redução dos
salários, reduz-se o consumo e a demanda de trabalho desloca-se para a esquerda.
EFEITOS SOBRE OS DESEMPREGADOS
o mercado de trabalho: modelo keynesiano.
20.4 OS EFEITOS ECONÔMICOS DO DESEMPREGO
o desemprego de uma parte importante da população ativa é provavelmente o maior
problema que um grande número de países enfrenta. Os efeitos do desemprego podem
ser analisados estudando-se as três seguintes categorias: efeitos sobre os desemprega-
dos, sobre os que trabalham e sobre a economia.
Convém dizer em primeiro lugar que, quando existem recursos ociosos, sua produção
potencial perde-se para sempre. Portanto, um primeiro custo para a sociedade são os
recursos não produzidos quando existe um certo volume de mão-de-obra desocupada.
Os custos mais graves do desemprego são para quem o sofre diretamente, isto
é, para os desempregados. Felizmente, o seguro-desemprego está em grande parte gene-
ralizado e a grande maioria daqueles que não encontram emprego podem recorrer a ele;
o subsídio do desemprego, contudo, não evita todos os males. O montante deste seguro
pode ser inferior ao salário nominal, e deve-se lembrar que nem toda a população tem
acesso ao seguro-desemprego. Por isso, pode-se afirmar que o desemprego é o primeiro
elemento determinante da pobreza.
358 Introdução à Economia Capo 20
o subsídio do desemprego cobre partes mínimas, porém, indiscutivelmente, o
nível de receitas - e como conseqüência deste, os gastos dos trabalhadores desemprega-
dos - é inferior ao dos que estão ocupados.
Porém, uma redução nas receitas é somente um dos problemas do desemprego,
que inclusive induz a problemas sociais, tais como o alcoolismo, a droga ou o suicídio.
O desempregado, ao se sentir rechaçado pela sociedade, sofre psiquicamente e, ao
procurar escapar, pode cair nas citadas situações. Este problema tende a apresentar-se
com maior intensidade entre os que sofrem desemprego de longa duração, isto é, por
período igualou superior a seis meses.
EFEITOS SOBRE OS QUE TRABALHAM
Ainda que, indiscutivelmente, a carga mais pesada do desemprego recaia sobre os
desempregados, os que trabalham também têm de pagar um alto preço pela falta de
trabalho. Por um lado, os que estão empregados são obrigados a pagar parte do custo do
desemprego, por meio de quotas ou impostos mais elevados. O seguro-desemprego é
financiado pelas quotas do seguro social dos trabalhadores e das empresas e, em parte,
pelas contribuições do setor público. Assim, quando o nível de desemprego aumenta, os
trabalhadores empregados contribuem para financiar os maiores custos derivados do
pagamento do seguro-desemprego, por meio de cotas e maiores impostos.
EFEITOS SOBRE A ECONOMIA
No nível macroeconômico, o desemprego também implica um alto custo, por causa da
produção que poderia ter sido efetivada.
Quando o desemprego perdura, pode haver conseqüências degradantes para
quem se vê obrigado a ficar parado. Porém, inclusive para a sociedade, é prejudicial que
uma parte da população ativa encontre-se durante um certo período desempregada. Os
bons hábitos de trabalho e a própria produtividade potencial dos trabalhadores serão
negativamente afetados.
O DESEMPREGO DE LONGA DURAÇÃO
Em nível internacional observou-se que tanto em períodos de prosperidade como nos de
crise, os trabalhadores de 50 ou mais anos têm muito mais dificuldades que os demais
para encontrar trabalho, e este é um dos grupos que se vê mais afetado pelo desemprego
de longa duração. Observou-se que, depois de um longo período de recessão, a porcen-
tagem da população em situação de desemprego prolongado aumenta de forma signifi-
Capo 20 O desemprego 359
cativa. Além disso, nos países onde existe um mercado de trabalho menos flexível, a
porcentagem de indivíduos com desemprego de longa duração é maior que nos países
nos quais a rigidez é menor.
• O desemprego de longa duração, isto é, o que é igualou superior a seis
meses, é muito mais grave em suas conseqüências sobre um indivíduo e
sua família que o desemprego de curta duração.
Em relação ao custo social do desemprego, destaca-se a desigual distribuição
entre a população ativa. Vários estudos mostraram claramente que determinados grupos
sofrem com maior intensidade o desemprego. Certas características pessoais e ocupa-
cionais determinam que a probabilidade de certos grupos estarem sem emprego é muito
superior à média da população ativa. Os mais afetados pelo desemprego são os jovens,
as mulheres, os maiores de 50 anos e as pessoas com reduzida qualificação.
TEXTO DE APOIO:
Os marreteiros
carem reclamam da concorrência desleal dos
marreteiros que, além de não serem estabe-
lecidos, não pagam impostos.
Isto coloca um claro dilema para as auto-
ridades. Por um lado, elas devem combater
uma atividade à margem da lei - a dos
marreteiros - e proteger os comerciantes
estabelecidos. Por outro lado, devem, de
alguma forma, amparar pessoas que sofre-
ram de maneira mais intensa as conseqüên-
cias da política econômica adotada no país.
Se a atividade economica desacelera-se, a
oferta de novos empregos torna-se escassa.
Uma das alternativas para os desempregados
é o trabalho de "rnarreteiro".
O "marreteiro" é um vendedor ambulante
nos grandes centros urbanos brasileiros.
Essa atividade é informal e sem o amparo da
lei. Com o aprofundamento da crise dos
anos 1990 a quantidade de marreteiros au-
mentou a taxas assustadoras nos centros ur-
banos. Por outro lado, os comerciantes que
em razão da crise vêem suas vendas despen-
360 Introdução à Economia Capo 20
Resumo
• Uma pessoa está desempregada quando
busca ativamente emprego e não o encon-
tra. A porcentagem das pessoas desocu-
padas em relação ao total da população
ativa é conhecida como taxa de desem-
prego. Os diferentes tipos de desemprego
são os seguintes: desemprego friccional,
de curta duração e causado pelo movi-
mento dos trabalhadores de um emprego
a outro; desemprego estrutural, causado
pelo fechamento de empresas em conse-
qüência de variações tecnológicas e pela
insuficiência de capital na economia; de-
semprego sazonal, causado pelas mu-
danças na demanda de trabalho nos diferen-
tes momentos do ano; e o desemprego CÍ-
clico, causado pela insuficiência de deman-
da por bens e serviços na economia.
• Para explicar as causas do desemprego,
podem-se usar duas teorias: uma que fo-
caliza o funcionamento do mercado de
trabalho; e outra que condiciona o desem-
prego ao nível de demanda agregada. A
primeira explicação, geralmente conhe-
cida como a visão clássica ou neoclássi-
ca, defende que o mercado de trabalho
não é, na essência, diferente de qualquer
bem ou serviço, de forma que, se por di-
versas razões for estabelecido um salário
excessivamente elevado, aparecerá um
certo número de trabalhadores que não
encontrarão emprego. Do ponto de vista
clássico, ou monetarista, os salários são
excessivamente elevados devido ao com-
portamento dos sindicatos e das autorida-
des econômicas que estabelecem medidas
tais como os salários mínimos. A explica-
ção alternativa, geralmente denominada
keynesiana, defende que o desemprego de-
ve-se, fundamentalmente, à insuficiência da
demanda agregada por bens e serviços.
• O desemprego é um dos maiores problemas
enfrentados na maioria das economias. Os
efeitos prejudiciais da desocupação são
sentidos nos três seguintes grupos: os que
estão desempregados (perda de receitas e
efeitos degradantes sobre a pessoa), sobre
os que trabalham (pois têm de pagar
maiores impostos e quotas de seguro so-
cial) e sobre o conjunto da economia
(pois fica sem empregar uma série de re-
cursos e sem produzir um amplo conjunto
de bens).
Desemprego de longa duração.
Desemprego conjuntural.
Desemprego voluntário.
Desemprego involuntário.
Monetaristas.
Keynesianos.
Conceitos básicos
Desemprego.
População ativa.
Taxa de desemprego.
Desemprego sazonal.
Desemprego friccional.
Desemprego estrutural.
Desemprego cíclico.
Capo 20 O desemprego 361
Questões
1. O que se entende por taxa de desem-
prego?
2. O desemprego friccional é um desem-
prego de longa ou de curta duração?
3. Em que se diferencia o desemprego fric-
cional do estrutural?
4. Que relação há entre o desemprego CÍ-
dica e a demanda agregada?
S. Em que sentido os sindicatos podem
contribuir para elevar o desemprego?
6. Mediante que tipo de medidas as autori-
dades econômicas podem procurar re-
duzir o desemprego?
7. Como se poderia sintetizar a teoria key-
nesiana sobre o desemprego?
8. Quais são os efeitos mais significativos
derivados da existência do desemprego?
9. Em que sentido pode-se justificar a se-
guinte afirmação: "O desemprego é vo-
luntário, dado que, se os trabalhadores
quisessem, ele desapareceria."?
10. Em que sentido o desemprego estrutural
deve-se à falta de intervenções?
11. Explique os efeitos que surgem dos se-
guintes fatos sobre o desemprego:
a) Uma redução do investimento.
b) Um aumento das importações.
c) Um aumento das exportações.
d) Uma redução do gasto público.
362 Introdução à Economia Cap.20
OS PAIS DA ECONOMIA
John Stuart MiII (1806-1873)
John Stuart Mil! (l806-1873)foi o último grande economista da
escola clássica. Realizou algumas contribuições importantes,
sistematizou e divulgou o corpo completo do pensamento econô-
mico de seus predecessores.
Desde a infância, Mil! recebeu uma educação rigorosa de seu
pai. Seu casamento com Harriet Taylor trouxe-lhe um sentido
humanitário da vida. Teve grande fé no progresso humano e
amor pela liberdade; exerceu uma apaixonada defesa pelos di-
reitos da mulher.
Ainda que J. S. Mil! tenha iniciado sua obra com o
objetivo de consolidar a análise clássica, de fato sua
contribuição para a economia foi muito mais longe,
pois revisou inclusive algumas das premissas da
tradição clássica. Assim, Mil! afastou-se da ortodo-
xia de sua época ao pôr em relevo que há dois tipos
de leis na ciência econômica: as de produção e as de
distribuição.
Segundo Mil!, dos dois tipos de leis econômi-
cas, umas eram imutáveis, por serem fixadas pela
natureza e tecnologia, e governavam a produção; as
conseqüências dessas leis estavam socialmente
determinadas e caíam sujeitas ao controle humano,
de forma que a distribuição existente da renda podia
ser aiterada.
Por outro lado, Mil! sentia-se preocupado pela
tendência à instabilidade que, provavelmente, coin-
cidiria com a aproximação do estado estacionário, e
com as taxas de lucros decrescentes. Mil! acreditava
que, com a chegada ao estado estacionário, alguns
empresários sentiriam-se inclinados a rechaçar a ta-
xa de lucro corrente e buscar negócios altamente
arriscados, na esperança de colher lucros superiores
à média.
Uma possível solução para esses problemas
seria a recorrência do Estado, por meio de impostos,
a uma parte crescente dos fundos que tinham a
possibilidade de serem investidos e sua utilização
para financiar projetos sociais lucrativos. Deste
modo, diminuiria a queda das taxas de lucro sobre o
capital privado e reduziria a volatibilidade do sis-
tema, evitando-se os inconvenientes do estado esta-
cionário; isto é, um baixo nível da atividade
econômica e elevadas taxas de desemprego entre a
população trabalhadora.
J. S. Mill, mesmo sendo incluído no grupo dos
economistas clássicos, dada a sua preocupação com
a instabilidade da atividade econômica, pode ser
considerado como um dos precursores das políticas
de estabilização de cunho keynesiano.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mankiw, n. gregory macroeconomía
Mankiw, n. gregory   macroeconomíaMankiw, n. gregory   macroeconomía
Mankiw, n. gregory macroeconomíaOberon666
 
Economia em exercícios – o modelo de oferta agregada e demanda agregada
Economia em exercícios – o modelo de oferta agregada e demanda agregadaEconomia em exercícios – o modelo de oferta agregada e demanda agregada
Economia em exercícios – o modelo de oferta agregada e demanda agregadaFelipe Leo
 
Citologia introdução-histórico
Citologia   introdução-históricoCitologia   introdução-histórico
Citologia introdução-históricomainamgar
 
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do Trabalho
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do TrabalhoSlides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do Trabalho
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do TrabalhoTurma Olímpica
 
Introdução à economia 1a parte conceitos básicos
Introdução à economia 1a parte conceitos básicosIntrodução à economia 1a parte conceitos básicos
Introdução à economia 1a parte conceitos básicosJoão Cláudio Arroyo
 
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 06 do Tomazi
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 06 do TomaziSlide livro Sociologia ensino médio capitulo 06 do Tomazi
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 06 do Tomazipascoalnaib
 
Reestruturação Produtiva - Brasil
Reestruturação Produtiva - BrasilReestruturação Produtiva - Brasil
Reestruturação Produtiva - BrasilEducação
 
Setor comércio e serviços
Setor comércio e serviçosSetor comércio e serviços
Setor comércio e serviçosHelena Will
 
unemployment economics
unemployment economicsunemployment economics
unemployment economicsSEME NSIKE
 
Mudança e transformação social
Mudança e transformação socialMudança e transformação social
Mudança e transformação socialEricka Bastos
 
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 05 do Tomazi
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 05 do TomaziSlide livro Sociologia ensino médio capitulo 05 do Tomazi
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 05 do Tomazipascoalnaib
 

Mais procurados (20)

Trabalho e sociedade
Trabalho e sociedadeTrabalho e sociedade
Trabalho e sociedade
 
Mankiw, n. gregory macroeconomía
Mankiw, n. gregory   macroeconomíaMankiw, n. gregory   macroeconomía
Mankiw, n. gregory macroeconomía
 
Economia em exercícios – o modelo de oferta agregada e demanda agregada
Economia em exercícios – o modelo de oferta agregada e demanda agregadaEconomia em exercícios – o modelo de oferta agregada e demanda agregada
Economia em exercícios – o modelo de oferta agregada e demanda agregada
 
mobility of labour
mobility of labourmobility of labour
mobility of labour
 
2+demanda+moeda
2+demanda+moeda2+demanda+moeda
2+demanda+moeda
 
Citologia introdução-histórico
Citologia   introdução-históricoCitologia   introdução-histórico
Citologia introdução-histórico
 
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do Trabalho
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do TrabalhoSlides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do Trabalho
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Divisão Social do Trabalho
 
Introdução à economia 1a parte conceitos básicos
Introdução à economia 1a parte conceitos básicosIntrodução à economia 1a parte conceitos básicos
Introdução à economia 1a parte conceitos básicos
 
Aula inicial
Aula inicialAula inicial
Aula inicial
 
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 06 do Tomazi
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 06 do TomaziSlide livro Sociologia ensino médio capitulo 06 do Tomazi
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 06 do Tomazi
 
Aula 3 elasticidade
Aula 3   elasticidadeAula 3   elasticidade
Aula 3 elasticidade
 
Reestruturação Produtiva - Brasil
Reestruturação Produtiva - BrasilReestruturação Produtiva - Brasil
Reestruturação Produtiva - Brasil
 
28
2828
28
 
Module 13 types of unemployment
Module 13 types of unemploymentModule 13 types of unemployment
Module 13 types of unemployment
 
Especiação Natural
Especiação NaturalEspeciação Natural
Especiação Natural
 
Capítulo 8 - Classe e Estratificação Social
Capítulo 8 - Classe e Estratificação SocialCapítulo 8 - Classe e Estratificação Social
Capítulo 8 - Classe e Estratificação Social
 
Setor comércio e serviços
Setor comércio e serviçosSetor comércio e serviços
Setor comércio e serviços
 
unemployment economics
unemployment economicsunemployment economics
unemployment economics
 
Mudança e transformação social
Mudança e transformação socialMudança e transformação social
Mudança e transformação social
 
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 05 do Tomazi
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 05 do TomaziSlide livro Sociologia ensino médio capitulo 05 do Tomazi
Slide livro Sociologia ensino médio capitulo 05 do Tomazi
 

Destaque

Introdução à economia troster e monchón cap 3
Introdução à economia troster e monchón cap 3Introdução à economia troster e monchón cap 3
Introdução à economia troster e monchón cap 3Claudia Sá de Moura
 
Introdução à economia troster e monchón cap 2
Introdução à economia troster e monchón cap 2Introdução à economia troster e monchón cap 2
Introdução à economia troster e monchón cap 2Claudia Sá de Moura
 
Introdução à economia troster e monchón cap 17
Introdução à economia troster e monchón cap 17Introdução à economia troster e monchón cap 17
Introdução à economia troster e monchón cap 17Claudia Sá de Moura
 
Introdução à economia troster e monchón cap 21
Introdução à economia troster e monchón cap 21Introdução à economia troster e monchón cap 21
Introdução à economia troster e monchón cap 21Claudia Sá de Moura
 
Livro introdução à economia cap 1 ao 3
Livro introdução à economia   cap 1 ao 3Livro introdução à economia   cap 1 ao 3
Livro introdução à economia cap 1 ao 3Ícaro Ferreira de Lima
 
001 belingieri-economia periodo-militar
001 belingieri-economia periodo-militar001 belingieri-economia periodo-militar
001 belingieri-economia periodo-militarClaudia Sá de Moura
 
A mercadoria - Os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento
A mercadoria - Os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimentoA mercadoria - Os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento
A mercadoria - Os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimentoStefanie Rodrigues
 
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2Alecsandro Willamy
 
Conceitos economicos
Conceitos economicosConceitos economicos
Conceitos economicosgustavosmotta
 
Fundamentos econômicos da sociedade
Fundamentos econômicos da sociedadeFundamentos econômicos da sociedade
Fundamentos econômicos da sociedadeIsabella Silva
 
Aula 3 – teoria geral do direito empresarial
Aula 3 – teoria geral do direito empresarialAula 3 – teoria geral do direito empresarial
Aula 3 – teoria geral do direito empresarialSidney Rego
 
Resolução leithold - vol. 01 e 02
Resolução   leithold - vol. 01 e 02Resolução   leithold - vol. 01 e 02
Resolução leithold - vol. 01 e 02Claudia Sá de Moura
 
Apostila direito empresarial i
Apostila direito empresarial iApostila direito empresarial i
Apostila direito empresarial iJúnior Santos
 
Respostas mankiw - capítulo 6 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 6 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 6 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 6 (superior)Luciano Pires
 
Direito empresarial resumo
Direito empresarial   resumoDireito empresarial   resumo
Direito empresarial resumocabra14
 
Respostas mankiw - capítulo 2 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 2 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 2 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 2 (superior)Luciano Pires
 
Respostas mankiw - capítulo 5 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 5 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 5 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 5 (superior)Luciano Pires
 

Destaque (20)

Introdução à economia troster e monchón cap 3
Introdução à economia troster e monchón cap 3Introdução à economia troster e monchón cap 3
Introdução à economia troster e monchón cap 3
 
Introdução à economia troster e monchón cap 2
Introdução à economia troster e monchón cap 2Introdução à economia troster e monchón cap 2
Introdução à economia troster e monchón cap 2
 
Introdução à economia troster e monchón cap 17
Introdução à economia troster e monchón cap 17Introdução à economia troster e monchón cap 17
Introdução à economia troster e monchón cap 17
 
Introdução à economia troster e monchón cap 21
Introdução à economia troster e monchón cap 21Introdução à economia troster e monchón cap 21
Introdução à economia troster e monchón cap 21
 
Livro introdução à economia cap 1 ao 3
Livro introdução à economia   cap 1 ao 3Livro introdução à economia   cap 1 ao 3
Livro introdução à economia cap 1 ao 3
 
001 belingieri-economia periodo-militar
001 belingieri-economia periodo-militar001 belingieri-economia periodo-militar
001 belingieri-economia periodo-militar
 
A mercadoria - Os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento
A mercadoria - Os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimentoA mercadoria - Os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento
A mercadoria - Os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento
 
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
 
Aula direito empresarial- Das sociedades empresárias
Aula direito empresarial- Das sociedades empresáriasAula direito empresarial- Das sociedades empresárias
Aula direito empresarial- Das sociedades empresárias
 
Conceitos economicos
Conceitos economicosConceitos economicos
Conceitos economicos
 
Fundamentos econômicos da sociedade
Fundamentos econômicos da sociedadeFundamentos econômicos da sociedade
Fundamentos econômicos da sociedade
 
Aula 3 – teoria geral do direito empresarial
Aula 3 – teoria geral do direito empresarialAula 3 – teoria geral do direito empresarial
Aula 3 – teoria geral do direito empresarial
 
Resolução leithold - vol. 01 e 02
Resolução   leithold - vol. 01 e 02Resolução   leithold - vol. 01 e 02
Resolução leithold - vol. 01 e 02
 
Direito empresarial i aula 2
Direito empresarial i   aula 2Direito empresarial i   aula 2
Direito empresarial i aula 2
 
Apostila direito empresarial i
Apostila direito empresarial iApostila direito empresarial i
Apostila direito empresarial i
 
Respostas mankiw - capítulo 6 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 6 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 6 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 6 (superior)
 
Direito empresarial resumo
Direito empresarial   resumoDireito empresarial   resumo
Direito empresarial resumo
 
Respostas mankiw - capítulo 2 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 2 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 2 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 2 (superior)
 
Respostas mankiw - capítulo 5 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 5 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 5 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 5 (superior)
 
Direito Empresarial 2
Direito Empresarial 2Direito Empresarial 2
Direito Empresarial 2
 

Semelhante a Introdução à economia troster e monchón cap 20

A produção de bens e serviços
A produção de bens e serviçosA produção de bens e serviços
A produção de bens e serviçosMatheusGomes506497
 
Desindustrialização, rearranjo industrial e desemprego no Brasil. O caso do A...
Desindustrialização, rearranjo industrial e desemprego no Brasil. O caso do A...Desindustrialização, rearranjo industrial e desemprego no Brasil. O caso do A...
Desindustrialização, rearranjo industrial e desemprego no Brasil. O caso do A...Flavio Estaiano
 
Conflito Distributivo e o Fim da “Breve Era de Ouro” da Economia Brasileira
Conflito Distributivo e o Fim da “Breve Era de Ouro” da Economia BrasileiraConflito Distributivo e o Fim da “Breve Era de Ouro” da Economia Brasileira
Conflito Distributivo e o Fim da “Breve Era de Ouro” da Economia BrasileiraGrupo de Economia Política IE-UFRJ
 
O desemprego aula 20
O desemprego   aula 20O desemprego   aula 20
O desemprego aula 20niodePaula
 
odesemprego-aula20-210908010257.pdf
odesemprego-aula20-210908010257.pdfodesemprego-aula20-210908010257.pdf
odesemprego-aula20-210908010257.pdfmercadofinanceiro
 
RESUMO ECONOMIA.docx
RESUMO ECONOMIA.docxRESUMO ECONOMIA.docx
RESUMO ECONOMIA.docxVitriaPavan
 
Problemas Sociais - O Desemprego - Grupo5
Problemas Sociais - O Desemprego - Grupo5Problemas Sociais - O Desemprego - Grupo5
Problemas Sociais - O Desemprego - Grupo5marleneves
 
desemprego-130501214036-phpapp01.pdf
desemprego-130501214036-phpapp01.pdfdesemprego-130501214036-phpapp01.pdf
desemprego-130501214036-phpapp01.pdfmercadofinanceiro
 

Semelhante a Introdução à economia troster e monchón cap 20 (20)

A produção de bens e serviços
A produção de bens e serviçosA produção de bens e serviços
A produção de bens e serviços
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
Desindustrialização, rearranjo industrial e desemprego no Brasil. O caso do A...
Desindustrialização, rearranjo industrial e desemprego no Brasil. O caso do A...Desindustrialização, rearranjo industrial e desemprego no Brasil. O caso do A...
Desindustrialização, rearranjo industrial e desemprego no Brasil. O caso do A...
 
Desemprego
DesempregoDesemprego
Desemprego
 
Conflito Distributivo e o Fim da “Breve Era de Ouro” da Economia Brasileira
Conflito Distributivo e o Fim da “Breve Era de Ouro” da Economia BrasileiraConflito Distributivo e o Fim da “Breve Era de Ouro” da Economia Brasileira
Conflito Distributivo e o Fim da “Breve Era de Ouro” da Economia Brasileira
 
Ec 23.05 corrigido
Ec 23.05 corrigidoEc 23.05 corrigido
Ec 23.05 corrigido
 
O desemprego
O desemprego O desemprego
O desemprego
 
O desemprego aula 20
O desemprego   aula 20O desemprego   aula 20
O desemprego aula 20
 
odesemprego-aula20-210908010257.pdf
odesemprego-aula20-210908010257.pdfodesemprego-aula20-210908010257.pdf
odesemprego-aula20-210908010257.pdf
 
RESUMO ECONOMIA.docx
RESUMO ECONOMIA.docxRESUMO ECONOMIA.docx
RESUMO ECONOMIA.docx
 
Exercício
 Exercício Exercício
Exercício
 
Desemprego.pptx
Desemprego.pptxDesemprego.pptx
Desemprego.pptx
 
Desemprego
DesempregoDesemprego
Desemprego
 
Desemprego
DesempregoDesemprego
Desemprego
 
Desemprego
Desemprego Desemprego
Desemprego
 
Desemprego
DesempregoDesemprego
Desemprego
 
Mercado de trabalho e a evolução dos salários no Brasil
Mercado de trabalho e a evolução dos salários no BrasilMercado de trabalho e a evolução dos salários no Brasil
Mercado de trabalho e a evolução dos salários no Brasil
 
Problemas Sociais - O Desemprego - Grupo5
Problemas Sociais - O Desemprego - Grupo5Problemas Sociais - O Desemprego - Grupo5
Problemas Sociais - O Desemprego - Grupo5
 
Desemprego
DesempregoDesemprego
Desemprego
 
desemprego-130501214036-phpapp01.pdf
desemprego-130501214036-phpapp01.pdfdesemprego-130501214036-phpapp01.pdf
desemprego-130501214036-phpapp01.pdf
 

Mais de Claudia Sá de Moura

Mais de Claudia Sá de Moura (11)

Introducaoaeconomia
IntroducaoaeconomiaIntroducaoaeconomia
Introducaoaeconomia
 
Direito e economia globalizada
Direito e economia globalizadaDireito e economia globalizada
Direito e economia globalizada
 
Matematica aplicada-apostila
Matematica aplicada-apostilaMatematica aplicada-apostila
Matematica aplicada-apostila
 
Matematica basica 2_edicao_nacional_versao_online
Matematica basica 2_edicao_nacional_versao_onlineMatematica basica 2_edicao_nacional_versao_online
Matematica basica 2_edicao_nacional_versao_online
 
Matemática básica
Matemática básicaMatemática básica
Matemática básica
 
Matemática aplicada
Matemática aplicadaMatemática aplicada
Matemática aplicada
 
Matemática (livro)
Matemática (livro)Matemática (livro)
Matemática (livro)
 
Earl swokowski cálculo com geometria analítica - vol. 1 - 2ª edição
Earl swokowski   cálculo com geometria analítica - vol. 1 - 2ª ediçãoEarl swokowski   cálculo com geometria analítica - vol. 1 - 2ª edição
Earl swokowski cálculo com geometria analítica - vol. 1 - 2ª edição
 
Apostila de-matemática-ester-parte-i
Apostila de-matemática-ester-parte-iApostila de-matemática-ester-parte-i
Apostila de-matemática-ester-parte-i
 
Apostila economia i
Apostila economia iApostila economia i
Apostila economia i
 
Apostila unijuí matemática aplicada à administração 2
Apostila unijuí   matemática aplicada à administração 2Apostila unijuí   matemática aplicada à administração 2
Apostila unijuí matemática aplicada à administração 2
 

Introdução à economia troster e monchón cap 20

  • 1. ~ MAKRON Books CAPíTULO t4ID o DESEMPREGO a desemprego e a inflação são os dois problemas mais graves que as economias ocidentais devem enfrentar. a desemprego, devido a suas conseqüências sociais e seus efeitos que podem incidir sobre grupos sociais muito definidos (jovens sem experiência de trabalho, mulheres e pessoas maiores de 45 anos), é especialmente grave, e a maioria dos governos deve dedicar grandes quantidades de dinheiro para remediar suas conseqüências. 20.1 A INFORMAÇÃO SOBRE O DESEMPREGO: A TAXA DE DESEMPREGO No Brasil, a informação mais completa sobre a situação do mercado de trabalho é fornecida pelo IBGE para seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife. O IBGE define uma pessoa como desempregado nos seguintes termos: "Considera-se desempregada toda pessoa de 16 ou mais anos que, durante a semana de referência, isto é, a semana em que se fez a pesquisa, esteve procurando trabalho, isto é, que tomou medidas para procurar trabalho ou que procurou estabelecer-se durante a semana precedente". 350
  • 2. Capo 20 O desemprego 351 20.1.1 A TAXA DE DESEMPREGO A porcentagem de pessoas desocupadas em relação ao total da população ativa (os ocupados mais os desempregados) é conhecida como taxa de desemprego. Taxa de = Desempregados x 100 desemprego População ativa total • Taxa de desemprego é o quociente entre o número de pessoas desempre- gadas e o de ativos, expresso como porcentagem. 20.2 TIPOS DE DESEMPREGO Para iniciar o estudo do desemprego, definiremos a seguinte tipologia: desemprego sazonal, desemprego cíclico, desemprego friccional e desemprego estrutural. 20.2.1 DESEMPREGO SAZONAL o desemprego sazonal surge sistematicamente em determinadas épocas do ano. • O desemprego sazonal é o causado por variações na demanda de traba- lho em diferentes momentos do ano. Assim, na agricultura, o desemprego pode apresentar fortes variações sazonais em função das épocas do plantio e da colheita. O mesmo ocorre no setor de turismo eu- jos empregos, em determinadas épocas do ano, especialmente durante as férias de ve- rão, sofrem uma forte ascensão e, durante os meses de inverno, são reduzidos consideravelmente, sendo despedidos vários trabalhadores. 20.2.2 DESEMPREGO cíCLlCO o desemprego cíclico está ligado às alterações de ritmo da atividade econômica, du- rante as flutuações da economia. o desemprego tem um forte componente cíclico; durante as recessões a taxa de desemprego aumenta, e nas fases de recuperação e expansão ela diminui. Quanto
  • 3. 352 Introdução à Economia Capo 20 maior é a expansão e mais elevada a taxa de crescimento da produção, maior é a redução do desemprego. o fator-chave que explica este comportamento é a taxa de perda do emprego: esta aumenta durante as recessões e diminui durante as fases de expansão. • O desemprego cíclico acontece quando os trabalhadores e, em geral, os fatores produtivos, ficam ociosos devido ao fato de o gasto da econo- mia, durante certos períodos de tempo, ser insuficiente para dar em- prego a todos os recursos. Assim, quando se diz que a economia passou por uma "recessão" ou que está "estancada", o desemprego resultante é um desemprego cíclico. Durante as fases em que a atividade econômica é muito fraca, a taxa de desemprego aumenta e, nas fases de recuperação e expansão, ela diminui. 20.2.3 DESEMPREGO FRICCIONAL Algumas pessoas estão desempregadas porque procuram um emprego melhor ou porque desejam mudar para uma região mais rica. Outras foram obrigadas a trocar de empresa, porque foram despedidas ou porque a antiga empresa está atravessando uma crise, devido às alterações do mercado. Porém, senão todos, uma boa parte desses traba- lhadores encontrará um novo emprego; até que isso aconteça, pode passar algum tempo, que dependerá, entre outros fatores, da informação disponível. Sempre haverá um deter- minado número de indivíduos que estará desempregado pelas razões apontadas, mesmo que se admita que eles não serão os mesmos que estão atualmente parados. Por outro lado, a cada ano incorpora-se ao mercado de trabalho, pela primeira vez, um deter- minado número de trabalhadores, e não é de se estranhar que aconteça uma certa defasagem temporal, do abandono dos estudos até o ingresso no respectivo trabalho. • O desemprego friccional é originado pela saída de seus empregos de alguns trabalhadores que procuram outros melhores, porque algumas empresas estão atravessando uma crise, ou porque os novos membros da força de trabalho levam um certo tempo procurando emprego. A existência de um certo nível de desemprego friccional é normal, porque a mobilidade de trabalhadores de um emprego para outro ou de uma cidade para outra requer um certo tempo, e o mesmo ocorre com as pessoas que se incorporam pela primeira vez ao mercado de trabalho. O normal é que a maior parte dos desempregados friccionais não tarde muito em encontrar um emprego.
  • 4. Capo 20 O desemprego 353 20.2.4 DESEMPREGO ESTRUTURAL Os desempregados estruturais são aqueles trabalhadores que, por razões de qualifica- ção, não correspondem às necessidades reveladas pela demanda. A origem desse tipo de desemprego é encontrada nas contínuas redistribuições de recursos que resultam das variações na demanda de produtos, que ocorram no processo de crescimento econômico. • O desemprego estrutural deve-se a desajustes entre a qualificação ou localização da força de trabalho e à qualificação ou localização reque- rida pelo empregador. A renovação tecnológica e a automação fazem com que, dadas as novas con- dições de produção, a capacitação e a experiência de certos trabalhadores não sejam as desejadas. O desemprego estrutural também pode originar-se pelo deslocamento de uma indústria de uma zona geográfica para outra. O trabalhador que está desempregado por motivos estruturais - diferentemente do que ocorre com o desemprego friccional -, não pode ser considerado como se estivesse numa situação transitória entre dois empregos, de fato, só há duas opções; enfrentar um prolongado período de desemprego ou trocar drasticamente de ocupação. O desemprego friccional e o desemprego estrutural formam o chamado desem- prego involuntário, Representam o montante de trabalhadores que desejam empregar-se ao salário real vigente e que não encontram emprego. 20.3 AS CAUSAS DO DESEMPREGO Para justificar a aparição do desemprego, pode-se recorrer basicamente a dois tipos de explicações: a) o funcionamento do mercado de trabalho; e.h) o nível da demanda agregada. 20.3.1 O FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE TRABALHO Para alguns economistas - especialmente para os chamados clássicos ou monetarístas' - (Esquema 20.1) -, a explicação do desemprego baseia-se no funcionamento do mer- 1. Os monetaristas são os continuadores das idéias dos economistas clássicos.
  • 5. 354 Introdução à Economia Capo 20 cado de trabalho e, em particular, no desejo dos trabalhadores de receberem salários excessivamente elevados. Essa atitude dos trabalhadores, segundo os economistas, é motivada pela própria legislação - que introduz normas, tais como salários mínimos - e pela pressão dos sindicatos por salários mais altos. • Numa perspectiva clássica ou monetarista, o desemprego acima do friccional deve-se a uma política de salários inadequada. Esse desem- prego é qualificado como voluntário. Quando os salários são elevados, as empresas demandam uma quantidade de mão-de-obra menor do que na situação em que os salários são baixos. Defende-se, pois, em síntese, que o funcionamento do mercado de trabalho não difere de qualquer outro bem ou serviço. Se o salário é excessivamente alto, isto é, se o salário é superior ao sa- lário de equilíbrio, aparecerá um certo número de trabalhadores que não encontrará em- prego. Assim, o desemprego pode dever-se ao próprio comportamento dos traba- lhadores, quando esses, sob determinadas circunstâncias, recusam-se a trabalhar, devido ao elevado seguro-desemprego que lhes compensa mais do que a busca por trabalho. I Keynesianos I Monetaristas Controle da • O controle sobre a quantidade de • Controle estrito dos agregados inflação dinheiro não é o único meio. A monetários (oferta monetária). Tem competitividade e a produtividade de ser evitado todo o excesso de têm de ser consideradas, o que liquidez sobre as necessidades implica certo intervencionismo. que apresenta a economia. Déficit público • Um déficit produtivo pode ser • O equilíbrio orçamentário deve admissível. ser a norma. • Uma política fiscal expansiva • Deve-se reduzir a intervenção do pode incrementar a produção. setor público ao mínimo possível. • Os efeitos redistributivos do gasto • Uma política fiscal expansiva não público são desejáveis. consegue aumentar a produção. Luta contra o • Estimular a demanda agregada. • O desemprego deve-se basica- desemprego • Os ajustes devem recair não só mente ao fato de os salários sobre os salários, mas também serem muitos elevados: crescem sobre os excedentes. a um ritmo maior que a produti- I vidade do trabalho. Esquema 20.1 Diferentes opções diante dos grandes problemas da política econômica.
  • 6. Capo 20 O desemprego 355 ANÁLISE GRÁFICA Na Figura 20.1 observa-se que, quando salário é Wl, as empresas só demandam traba- lho pela quantidade DA, sendo que a esses salários os trabalhadores que se dispõem a trabalhar são DC. Em conseqüência, o número de trabalhadores desempregados será re- presentado pelo segmento AC. Se o salário desce e alcança o nível de equilíbrio WO, então há pleno emprego, pois as empresas aumentam a demanda por emprego em AB e, por outro lado, a oferta de trabalho diminui na quantidade representada por BC, dado que o salário foi reduzido. Salário Oferta de trabalho Oemandade -.... trabalho o A B c Emprego Figura 20.1 o mercado de trabalho. Para o nível de trabalho WO, o mercado de trabalho está em equilíbrio, com o nível de emprego representado por OB. Quando o salário é Wl, o desemprego vem representado pelo segmento AC. 20.3.2 o NíVEL DA DEMANDA AGREGADA Para os economistas keynesianos, o desemprego deve-se, fundamentalmente, ao nível insuficiente da demanda agregada por bens e serviços.
  • 7. • Numa perspectiva keynesiana, defende-se que o desemprego acima do friccional é involuntário, e ele ocorre porque o nível da demanda agre- gada é insuficiente. 356 Introdução à Economia Capo 20 o emprego só aumentará se se aumentar o gasto total da economia, e para isso o consumo das economias domésticas, os gastos com investimentos das empresas e o gasto público ou as importações deverão ser estimulados. Deve assinalar-se que o aumento do gasto não criará, necessariamente, muito emprego, já que ele pode ser canalizado para a importação de bens do exterior. Mesmo assim, há a possibilidade de que o aumento do gasto transfira-se para os preços, ao procurarem as empresas aumentar seus lucros. Assim, se na economia brasileira aumen- ta-se o gasto agregado de forma brusca, numa quantidade importante, possivelmente não se poderia atender, de modo imediato, a toda a demanda por produtos nacionais, porque as fábricas estão obsoletas ou porque não se dispõe dos meios necessários para produzir os bens desejados. ANÁLISE GRÁFICA As idéias keynesianas podem ser representadas graficamente. Numa ótica keynesiana supõe-se que a demanda e a oferta de trabalho são ambas notavelmente inelásticas (Figura 20.2). Isso contribui para a explicação de que tanto um aumento como uma diminuição dos salários teriam um reduzido efeito sobre a demanda e a oferta de trabalho. A rigidez de ambas as curvas são justificadas, levando-se em conta que as empresas necessitam dos trabalhadores para produzir, pois, caso contrário, elas teriam de fechar as fábricas. Por outro lado, os trabalhadores necessitam de trabalho para obter receitas que lhes permitam viver. A Figura 20.2a mostra como uma notável redução dos salários de Wj para Wo só faria aumentar o emprego de OA para OB. Além disso, a redução dos salários pode fazer com que - mediante o decrésci- mo da demanda agregada, ao se diminuírem os gastos dos consumos dos trabalhadores - a curva de demanda de trabalho sofra um deslocamento para a esquerda, de DT para D' T' como conseqüência da redução do consumo, devido à queda das receitas dos trabalhadores. Esse deslocamento da curva de demanda de trabalho para a esquerda implicaria uma nova redução do emprego. Na Figura 20.2b, o nível de emprego seria Ot", Assim, numa perspectiva keynesiana, a estratégia adequada para combater o desemprego é aumentar a demanda ou o gasto agregado e, conseqüentemente, conseguir que a curva de demanda de trabalho desloque-se para a direita.
  • 8. Capo 20 O desemprego 357 Salário Oferta de trabalho (Or) Salário Oferta de 1 ) trabalho (Or) -. A ': : ~,» ! ! -. Demanda de :: tr, trabalho (Or) : : : : o C O (b) Emprego Demanda de trabalho (Or) Figura 20.2 o A B (a) Emprego Como pode ser observado, mudanças bruscas no nível de salários só conseguem alterar o nível de emprego em quantidades moderadas. Se os salários reduzem-se de W1 para Wo ' o emprego só aumentará de DA para DB. Além disso, na redução dos salários, reduz-se o consumo e a demanda de trabalho desloca-se para a esquerda. EFEITOS SOBRE OS DESEMPREGADOS o mercado de trabalho: modelo keynesiano. 20.4 OS EFEITOS ECONÔMICOS DO DESEMPREGO o desemprego de uma parte importante da população ativa é provavelmente o maior problema que um grande número de países enfrenta. Os efeitos do desemprego podem ser analisados estudando-se as três seguintes categorias: efeitos sobre os desemprega- dos, sobre os que trabalham e sobre a economia. Convém dizer em primeiro lugar que, quando existem recursos ociosos, sua produção potencial perde-se para sempre. Portanto, um primeiro custo para a sociedade são os recursos não produzidos quando existe um certo volume de mão-de-obra desocupada. Os custos mais graves do desemprego são para quem o sofre diretamente, isto é, para os desempregados. Felizmente, o seguro-desemprego está em grande parte gene- ralizado e a grande maioria daqueles que não encontram emprego podem recorrer a ele; o subsídio do desemprego, contudo, não evita todos os males. O montante deste seguro pode ser inferior ao salário nominal, e deve-se lembrar que nem toda a população tem acesso ao seguro-desemprego. Por isso, pode-se afirmar que o desemprego é o primeiro elemento determinante da pobreza.
  • 9. 358 Introdução à Economia Capo 20 o subsídio do desemprego cobre partes mínimas, porém, indiscutivelmente, o nível de receitas - e como conseqüência deste, os gastos dos trabalhadores desemprega- dos - é inferior ao dos que estão ocupados. Porém, uma redução nas receitas é somente um dos problemas do desemprego, que inclusive induz a problemas sociais, tais como o alcoolismo, a droga ou o suicídio. O desempregado, ao se sentir rechaçado pela sociedade, sofre psiquicamente e, ao procurar escapar, pode cair nas citadas situações. Este problema tende a apresentar-se com maior intensidade entre os que sofrem desemprego de longa duração, isto é, por período igualou superior a seis meses. EFEITOS SOBRE OS QUE TRABALHAM Ainda que, indiscutivelmente, a carga mais pesada do desemprego recaia sobre os desempregados, os que trabalham também têm de pagar um alto preço pela falta de trabalho. Por um lado, os que estão empregados são obrigados a pagar parte do custo do desemprego, por meio de quotas ou impostos mais elevados. O seguro-desemprego é financiado pelas quotas do seguro social dos trabalhadores e das empresas e, em parte, pelas contribuições do setor público. Assim, quando o nível de desemprego aumenta, os trabalhadores empregados contribuem para financiar os maiores custos derivados do pagamento do seguro-desemprego, por meio de cotas e maiores impostos. EFEITOS SOBRE A ECONOMIA No nível macroeconômico, o desemprego também implica um alto custo, por causa da produção que poderia ter sido efetivada. Quando o desemprego perdura, pode haver conseqüências degradantes para quem se vê obrigado a ficar parado. Porém, inclusive para a sociedade, é prejudicial que uma parte da população ativa encontre-se durante um certo período desempregada. Os bons hábitos de trabalho e a própria produtividade potencial dos trabalhadores serão negativamente afetados. O DESEMPREGO DE LONGA DURAÇÃO Em nível internacional observou-se que tanto em períodos de prosperidade como nos de crise, os trabalhadores de 50 ou mais anos têm muito mais dificuldades que os demais para encontrar trabalho, e este é um dos grupos que se vê mais afetado pelo desemprego de longa duração. Observou-se que, depois de um longo período de recessão, a porcen- tagem da população em situação de desemprego prolongado aumenta de forma signifi-
  • 10. Capo 20 O desemprego 359 cativa. Além disso, nos países onde existe um mercado de trabalho menos flexível, a porcentagem de indivíduos com desemprego de longa duração é maior que nos países nos quais a rigidez é menor. • O desemprego de longa duração, isto é, o que é igualou superior a seis meses, é muito mais grave em suas conseqüências sobre um indivíduo e sua família que o desemprego de curta duração. Em relação ao custo social do desemprego, destaca-se a desigual distribuição entre a população ativa. Vários estudos mostraram claramente que determinados grupos sofrem com maior intensidade o desemprego. Certas características pessoais e ocupa- cionais determinam que a probabilidade de certos grupos estarem sem emprego é muito superior à média da população ativa. Os mais afetados pelo desemprego são os jovens, as mulheres, os maiores de 50 anos e as pessoas com reduzida qualificação. TEXTO DE APOIO: Os marreteiros carem reclamam da concorrência desleal dos marreteiros que, além de não serem estabe- lecidos, não pagam impostos. Isto coloca um claro dilema para as auto- ridades. Por um lado, elas devem combater uma atividade à margem da lei - a dos marreteiros - e proteger os comerciantes estabelecidos. Por outro lado, devem, de alguma forma, amparar pessoas que sofre- ram de maneira mais intensa as conseqüên- cias da política econômica adotada no país. Se a atividade economica desacelera-se, a oferta de novos empregos torna-se escassa. Uma das alternativas para os desempregados é o trabalho de "rnarreteiro". O "marreteiro" é um vendedor ambulante nos grandes centros urbanos brasileiros. Essa atividade é informal e sem o amparo da lei. Com o aprofundamento da crise dos anos 1990 a quantidade de marreteiros au- mentou a taxas assustadoras nos centros ur- banos. Por outro lado, os comerciantes que em razão da crise vêem suas vendas despen-
  • 11. 360 Introdução à Economia Capo 20 Resumo • Uma pessoa está desempregada quando busca ativamente emprego e não o encon- tra. A porcentagem das pessoas desocu- padas em relação ao total da população ativa é conhecida como taxa de desem- prego. Os diferentes tipos de desemprego são os seguintes: desemprego friccional, de curta duração e causado pelo movi- mento dos trabalhadores de um emprego a outro; desemprego estrutural, causado pelo fechamento de empresas em conse- qüência de variações tecnológicas e pela insuficiência de capital na economia; de- semprego sazonal, causado pelas mu- danças na demanda de trabalho nos diferen- tes momentos do ano; e o desemprego CÍ- clico, causado pela insuficiência de deman- da por bens e serviços na economia. • Para explicar as causas do desemprego, podem-se usar duas teorias: uma que fo- caliza o funcionamento do mercado de trabalho; e outra que condiciona o desem- prego ao nível de demanda agregada. A primeira explicação, geralmente conhe- cida como a visão clássica ou neoclássi- ca, defende que o mercado de trabalho não é, na essência, diferente de qualquer bem ou serviço, de forma que, se por di- versas razões for estabelecido um salário excessivamente elevado, aparecerá um certo número de trabalhadores que não encontrarão emprego. Do ponto de vista clássico, ou monetarista, os salários são excessivamente elevados devido ao com- portamento dos sindicatos e das autorida- des econômicas que estabelecem medidas tais como os salários mínimos. A explica- ção alternativa, geralmente denominada keynesiana, defende que o desemprego de- ve-se, fundamentalmente, à insuficiência da demanda agregada por bens e serviços. • O desemprego é um dos maiores problemas enfrentados na maioria das economias. Os efeitos prejudiciais da desocupação são sentidos nos três seguintes grupos: os que estão desempregados (perda de receitas e efeitos degradantes sobre a pessoa), sobre os que trabalham (pois têm de pagar maiores impostos e quotas de seguro so- cial) e sobre o conjunto da economia (pois fica sem empregar uma série de re- cursos e sem produzir um amplo conjunto de bens). Desemprego de longa duração. Desemprego conjuntural. Desemprego voluntário. Desemprego involuntário. Monetaristas. Keynesianos. Conceitos básicos Desemprego. População ativa. Taxa de desemprego. Desemprego sazonal. Desemprego friccional. Desemprego estrutural. Desemprego cíclico.
  • 12. Capo 20 O desemprego 361 Questões 1. O que se entende por taxa de desem- prego? 2. O desemprego friccional é um desem- prego de longa ou de curta duração? 3. Em que se diferencia o desemprego fric- cional do estrutural? 4. Que relação há entre o desemprego CÍ- dica e a demanda agregada? S. Em que sentido os sindicatos podem contribuir para elevar o desemprego? 6. Mediante que tipo de medidas as autori- dades econômicas podem procurar re- duzir o desemprego? 7. Como se poderia sintetizar a teoria key- nesiana sobre o desemprego? 8. Quais são os efeitos mais significativos derivados da existência do desemprego? 9. Em que sentido pode-se justificar a se- guinte afirmação: "O desemprego é vo- luntário, dado que, se os trabalhadores quisessem, ele desapareceria."? 10. Em que sentido o desemprego estrutural deve-se à falta de intervenções? 11. Explique os efeitos que surgem dos se- guintes fatos sobre o desemprego: a) Uma redução do investimento. b) Um aumento das importações. c) Um aumento das exportações. d) Uma redução do gasto público.
  • 13. 362 Introdução à Economia Cap.20 OS PAIS DA ECONOMIA John Stuart MiII (1806-1873) John Stuart Mil! (l806-1873)foi o último grande economista da escola clássica. Realizou algumas contribuições importantes, sistematizou e divulgou o corpo completo do pensamento econô- mico de seus predecessores. Desde a infância, Mil! recebeu uma educação rigorosa de seu pai. Seu casamento com Harriet Taylor trouxe-lhe um sentido humanitário da vida. Teve grande fé no progresso humano e amor pela liberdade; exerceu uma apaixonada defesa pelos di- reitos da mulher. Ainda que J. S. Mil! tenha iniciado sua obra com o objetivo de consolidar a análise clássica, de fato sua contribuição para a economia foi muito mais longe, pois revisou inclusive algumas das premissas da tradição clássica. Assim, Mil! afastou-se da ortodo- xia de sua época ao pôr em relevo que há dois tipos de leis na ciência econômica: as de produção e as de distribuição. Segundo Mil!, dos dois tipos de leis econômi- cas, umas eram imutáveis, por serem fixadas pela natureza e tecnologia, e governavam a produção; as conseqüências dessas leis estavam socialmente determinadas e caíam sujeitas ao controle humano, de forma que a distribuição existente da renda podia ser aiterada. Por outro lado, Mil! sentia-se preocupado pela tendência à instabilidade que, provavelmente, coin- cidiria com a aproximação do estado estacionário, e com as taxas de lucros decrescentes. Mil! acreditava que, com a chegada ao estado estacionário, alguns empresários sentiriam-se inclinados a rechaçar a ta- xa de lucro corrente e buscar negócios altamente arriscados, na esperança de colher lucros superiores à média. Uma possível solução para esses problemas seria a recorrência do Estado, por meio de impostos, a uma parte crescente dos fundos que tinham a possibilidade de serem investidos e sua utilização para financiar projetos sociais lucrativos. Deste modo, diminuiria a queda das taxas de lucro sobre o capital privado e reduziria a volatibilidade do sis- tema, evitando-se os inconvenientes do estado esta- cionário; isto é, um baixo nível da atividade econômica e elevadas taxas de desemprego entre a população trabalhadora. J. S. Mill, mesmo sendo incluído no grupo dos economistas clássicos, dada a sua preocupação com a instabilidade da atividade econômica, pode ser considerado como um dos precursores das políticas de estabilização de cunho keynesiano.