O documento discute as raízes do subdesenvolvimento africano, incluindo a colonização europeia a partir do século XVI, que introduziu a escravidão e exploração dos recursos. A conferência de Berlim no século XIX dividiu a África entre as potências europeias, desestruturando as sociedades locais. Isso contribuiu para problemas atuais como fronteiras artificiais e conflitos étnicos.
3. Um dos principais motivos do subdesenvolvimento
africano é a forma de ocupação e exploração, que
corresponde à forma de colonização que ocorreu
não somente na África, mas também na América e
Ásia.
A África permaneceu, durante muito tempo,
servindo como ponto de apoio às caravanas
portuguesas que iam em direção à Índia, até esse
momento não existia de forma efetiva a
exploração.
No século XVI, os europeus começaram a capturar
negros africanos com o intuito de vendê-los (como
mercadoria) para o trabalho escravo, eles foram
distribuídos por vários países do mundo, o Brasil foi
o país que mais utilizou mão de obra escrava. A
escravidão perdurou por três séculos.
Subdesenvolvimento Africano e suas raízes
4.
5. A colonização da África no século
XIX
No século XIX, a Europa já tinha iniciado o
processo de industrialização; como a atividade
exigia grande quantidade de matéria prima, houve
a expansão da exploração na África e na Ásia, mas
houve outro motivo que fez intensificar o
aumento da exploração, foi a descolonização da
América do Norte.
Impulsionados pelo crescimento industrial, os
países que tinham iniciado sua estruturação
promoveram um encontro para definir a divisão
do continente africano e estabelecer quais áreas
seriam exploradas, essa foi denominada de
Conferência de Berlim, na qual participaram:
Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, entre outros.
Nesse mesmo período aconteceram várias
expedições ditas ‘científicas’ na África, mas na
verdade a intenção primordial era a de detectar e
conhecer os recursos minerais existentes.
6. A Conferência de Berlim
A Conferência de Berlim estabeleceu a partilha e provocou uma
desestruturação nas sociedades africanas, com isso surgiram inúmeros
problemas: os europeus, na partilha, mudaram as fronteiras nativas
e incitaram a rivalidades étnicas, pois quando as fronteiras foram
estabelecidas, em razão da diversidade cultural, muitos grupos rivais ficaram
juntos e outros se separaram; houve uma mudança produtiva, pois deixaram
o cultivo de subsistência para atender aos interesses europeus, esses
introduziram a monocultura e a extração mineral. Em todo esse processo, os
europeus não tiveram respeito com os africanos, pois não levaram em conta
a identidade cultural do povo.
7. As resistências e a dominação cultural
• Com a presença dos europeus, que impuseram sua cultura,
alguns grupos se rebelaram e se confrontaram. Como os africanos
não tinham armas, foram facilmente derrotados, até porque os
europeus possuíam experiência em guerras.
• As imposições culturais foram no sentido de fazê-los vestir
roupas, já que alguns grupos tribais não tinham esse costume,
mudança de hábitos alimentares, mudança da língua e religião
(introduzindo o catolicismo), mudança produtiva, enfim, houve a
perda da identidade cultural, essa dominação ocorreu até a
metade do século XX.
8. Até no início do século XX, somente a Libéria era
independente, em 1920, o Egito; em 1940, Etiópia e a África
do Sul.
• Embora tenha ocorrido a descolonização, o processo de
estruturação da África enfrenta vários problemas, tais
como dificuldades internas que remetem às questões
políticas, as lutas tribais, que são heranças da partilha; os
governos ditatoriais, que muitas vezes são
extremamente corruptos, a dependência financeira e o
neocolonialismo
O processo de descolonização
10. A economia da maioria dos
países africanos é baseada no
desenvolvimento de atividades
primárias, e o grande volume da
produção destina-se à
comercialização e principalmente
à exportação.
As atividades primárias que mais
se destacam são a agricultura
(monocultora de produtos
tropicais), introduzida durante a
colonização por meio do sistema
de plantation e as atividades
extrativas mineral e vegetal.
É nas atividades primárias que está empregada a maior parte da
população economicamente ativa (PEA) desses países, com
algumas exceções, como nos casos da África do Sul, Argélia,
Egito e Tunísia. A atividade industrial é bem pouco difundida,
sendo a África o continente com o menor índice de
industrialização no mundo.
12. A agricultura na África Islâmica - de forma tradicional, com
recursos técnicos básicos e de baixa produtividade.
A maioria dos camponeses dessa região se dedicam à
atividades pecuárias ( de ovinos e caprinos)
Na África Subsaariana - grandes lavouras monocultoras
cultivadas em terras com maior fertilidade.
As atividades agropecuárias são praticadas de maneiras
distintas na África Islâmica e na África Subsaariana.
13. Mesmo com a presença do maior deserto do
mundo, o Saara com cerca de 10.000.000km²
e também de muitas áreas de clima
semiárido, na África Islâmica são
desenvolvidos importantes cultivos agrícolas,
principalmente nas regiões litorâneas da
Argélia, Tunísia e Líbia, e nas áreas de solos
férteis na margem do Rio Nilo, no Egito.
Rio Nilo - Egito
14. • Na África Subsaariana são cultivadas: café, cana-de-açúcar,
amendoim algodão, chá, banana, abacaxi e cacau. Assim essa
região destaca-se como grande produtora e exportadora
mundial desses produtos.
• As condições climáticas limitam o desenvolvimento das
atividades agropecuárias em diversas regiões do continente
africano.
• No Saara o desenvolvimento da agropecuária de subsistência
restringe-se aos oásis espalhados na imensidão do deserto.
Os oásis são utilizador para irrigar
as áreas em sua volta permitindo
a produção de frutas, cereais,
hortaliças e pequenas criações de
animais.
Na África Islâmica, existem vários
oásis importantes para a
população que vive em meio do
Saara. Oásis no Saara - Argélia
15. Por que muitos países africanos
têm que importar alimentos?
• A agricultura de subsistência, ou para o consumo próprio, se
caracteriza pelo uso de instrumentos e técnicas rudimentares
e tem baixo rendimento.
• O lavrador faz a queimada para limpar o terreno e,
posteriormente, com a enxada, tira os torrões de terra e faz a
semeadura, utilizando as próprias cinzas, ricas em potássio,
como fertilizante.
• O uso constante de queimadas prejudica o solo, obrigando o
agricultor a se deslocar para outras áreas, onde reproduz o
mesmo sistema de cultivo. O fogo ateado às matas destrói os
microrganismos do solo e transforma troncos e folhas em
cinzas, impedindo a formação da matéria orgânica
fundamental à manutenção da fertilidade do solo.
16.
17. Desertificação do Sahel
• Nas últimas décadas, a região do Sahel tem sido afetada pelo avanço
da desertificação, processo que se inicia com a degradação das terras e leva solos
produtivos a se tornarem completamente estéreis, semelhantes aos desertos.
As principais causas dessa desertificação são:
• Desmatamento – cortes das árvores para lenha, cercas e quebra ventos;
• Criação de gado (pisoteio do gado destrói a vegetação e deixa o solo mais
exposto, além de se alimentarem de galhos mais baixos e gramíneas);
• Construção excessiva de poços artesianos
que exauri os lençóis freáticos.
Poço artesanal no Senegal
18. Uma estrutura fundiária desigual
• Na África Subsaariana, convive, lado a lado, uma agricultura monocultora
comercial, desenvolvida em grandes propriedades rurais, e uma
agricultura de subsistência, realizada por comunidades que exploram a
terra de forma coletiva.
• Nas comunidades nativas os agricultores são pobres e eles não recebem
assistência do governo. A tecnologia é rústica e a produtividade é baixa. Já
nas propriedades dos brancos, os recursos empregados são mais
avançados (mecanização agrícola, sementes selecionadas, melhoramento
genético)
19. A fome na África
Causas naturais
A África passa por uma crise de pobreza e fome, onde que um
das principais causas é a causa naturais que inclui a seca, clima,
terremotos, inundações, pragas de insetos, falta de chuva e
água, falta de semente e muitas outras causas que já deixaram
muitos mortos.
20. Causas humanas
Citamos acima algumas causa da pobreza na África, porém a
pior delas é a causa humanas que inclui conflitos civis, guerras
que impedem a chegada de alimentos nas regiões, invasões,
destruição de colheitas, distribuição ineficientes dos alimentos
e muito mais.
21. E a monocultura, qual a sua relação
com a fome?
A produção monocultora produz reflexos sociais negativos, isso
acontece porque o cultivo de alimentos (inhame, mandioca,
sorgo), que fazem parte da dieta local, não é produzido para dar
lugar a produtos de exportação. Por não serem autossuficientes
na produção de alimentos, esses países são obrigados a importar,
o que agrava ainda mais os problemas ligados à fome.
22. África – Mineração
A abundância de jazidas minerais foi um dos
aspectos naturais da África que mais atraíram os
colonizadores europeus, os quais necessitavam
cada vez mais de matérias-primas para abastecer a
crescente industrialização de seus países.
• A maior parte do território africano é constituído
de terrenos geologicamente muito antigos (Pré-
Cambriano) e portanto bastante desgastados pela
ação erosiva. Assim há um afloramento de rochas
e minerais.
23. Atualmente, apenas cinco países africanos exploram jazidas
de diamante em seus territórios, produzindo cerca de 45% do
total mundial desse mineral. Na Namíbia, no sudoeste da
África, a exploração de diamantes e outros minérios, como o
urânio, o chumbo e o cádmio gera grande parte do PIB. A
mineração é realizada, sobretudo, por empresas europeias,
norte-americanas e sul-africanas.
Mina em Botsuana no
sul da África.
As minas de diamantes
são exploradas desde
seu descobrimento.
24. Rede de Transportes
O sistema de transportes é bastante precário e constitui um entrave ao
desenvolvimento industrial africano. Implantado pelos colonizadores,
tinha como principal finalidade possibilitar o escoamento de matérias-
primas e gêneros agrícolas para os portos marítimos, de onde os
produtos seguiam para as metrópoles. Por isso, hoje a África ressente-se
da falta de uma rede rodoviária e ferroviária que interligue eficazmente
suas regiões.
26. Industrialização na África
• A indústria africana é uma das mais
pobres do mundo.
• O setor que mais se destaca é o ligado à
mineração. Mesmo a grande variedade
de matérias-primas, sobretudo minerais,
que poderia ser utilizada para promover
a indústria africana, é destinada
basicamente ao mercado externo.
Atuando nesse panorama, as modestas indústrias africanas dedicam-
se, em geral, ao beneficiamento de matérias-primas, como
madeiras, óleos comestíveis, açúcar e algodão, ou ao
beneficiamento de minérios para exportação. As poucas cidades que
apresentam algumas indústrias estão quase sempre no litoral.
O sistema de transportes, bastante precário, constitui um entrave ao
desenvolvimento industrial. A África ainda não possui uma rede
rodoviária e ferroviária que interligue eficazmente suas regiões.
27. O setor industrial é muito limitado. Faltam capitais,
tecnologia, mão-de-obra especializada, uma melhor rede de
transportes e mercado consumidor pois o nível de renda da
população é muito baixo. A maior parte dos países africanos
é dependente da importação de produtos industrializados.
Fatores que provocam deficiências no setor industrial:
falta de interesse por parte dos empresários locais e das
multinacionais em investir na implantação de indústrias;
reduzido desenvolvimento tecnológico;
falta de mão-de-obra qualificada;
rede de transportes precária;
mercado consumidor restrito (com baixo poder
aquisitivo).
28. Economiasdependentes,populaçõesdebilitadas.
• Na década de 1960, muitas nações africanas tornaram-se
independentes. Empréstimos foram concedidos a juros baixos para
serem empregados na construção de estradas, ferrovias, usinas
elétricas, aeroportos, hospitais, escolas, entre outros.
• A maior parte dos empréstimos cedidos por bancos americanos e
europeus foram desviados para fins militares, como a compra de
armamentos, ou para enriquecer membros corruptos do poder
público.
• Os juros desses empréstimos multiplicaram fazendo disparar o valor
da dívida externa dos países.
• O pagamento da dívida tem comprometido grande parte do PIB de
vários países africanos, limitando a capacidade de investir em
setores (saúde e a educação para população.
• Foi construída apenas uma infraestrutura mínima na maioria dos
países africanos, que passou a atender indústrias e empresas
agrícolas multinacionais.
29.
30. A baixa qualidade de vida dos africanos é proveniente de diversos
fatores. É possível apontar como os principais: a dívida externa e a
corrupção.
A dívida externa consome grande parte da receita das nações,
além disso, existe ainda o desvio de verbas, de recursos que
deveriam ser investidos em serviços sociais básicos (moradia,
saúde, educação, entre outros); por isso, grande parte da
população africana não desfruta de políticas assistencialistas.
Assim, a qualidade dos serviços públicos é precária, o que resulta
no pior IDH do mundo.
31. A África é o continente que apresenta a maior taxa de
crescimento vegetativo do mundo, cerca de 2% ao ano, fato que
agrava ainda mais os problemas sociais existentes (epidemia de
doenças, fome, desemprego, e muitos outros). Se o
crescimento populacional africano continuar nesse ritmo, no
ano de 2020 a população absoluta do continente será de
aproximadamente 1,3 bilhão de habitantes.
32. Apesar de apresentar taxas de mortalidade elevadas em
todas as faixas etárias, as taxas de natalidade são altas, em
média, 3,7% ao ano.
A expectativa de vida é muito baixa, geralmente um
africano não vive mais que 49 anos. Desequilíbrio que afeta
diretamente a população economicamente ativa, pois a
quantidade de trabalhadores não é suficiente para manter
os jovens que ainda não ingressaram no mercado de
trabalho.
33. Êxodo rural e urbanização na África
• Causas ligadas ao êxodo rural:
empobrecimento dos solos;
apropriação de áreas agrícolas e
pastoris coletivas por propriedades
monocultoras;
intensos conflitos políticos e étnicos
Geralmente as taxas de urbanização são muito elevadas nos
países de maior desenvolvimento industrial. Porém, em países
predominantemente agrários a população urbana vem
crescendo.
34.
35. Desigualdadesno espaçourbano africano
Mesmo após o processo de descolonização da África, vários
centros urbanos continuaram apresentando o espaço
dividido racialmente. O exemplo mais conhecido foi o
Apartheid.
36. No continente africano existe falta de condições em diversas
áreas. Nomeadamente na área de saúde e de acessos, a vias
e comunicações. Mas também têm falta de condições no que
diz respeito ao comércio, educação, alimentação, que
envolve a produção agrícola e o clima que são fatores
negativos pois contribuem para que continue a haver fome
em África.
37.
38. Grandes fluxos migratórios
• Século XV e XVI – africanos para América – Escravos.
• Após século XIX – migrações internas em função da introdução
das atividades de mineração e plantation.
• Recentemente – êxodo rural. Também tem migração de uma
área rural para outra.
41. Além dos fatores da migração interna, há outros
fatores que têm causadoas migraçõesexternas:
• Crises econômicas
• Governos Ditatoriais
Consequências:
• Perda da PEA
• Abandono de aldeias