1. O documento compara Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs), explicando suas diferenças em termos de sistemas, complexidade e aplicabilidade em propriedades rurais de diferentes tamanhos.
2. Discutem-se os conceitos e dinâmicas de sistemas de iLPF, com ênfase nos benefícios da integração de atividades agrícolas, pecuárias e florestais na mesma área.
3. Também são explicados os conce
Dia 3 - Simpósio 2 - Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas em SAFs - Luis adriano
1. O Papel dos Sistemas Integrados (iLPF) e dos
Sistemas Agroflorestais (SAFs) no Plano ABC
como ferramentas de mitigação de mudanças
climáticas
Luiz Adriano Maia Cordeiro
Eng.Agr., D.S., Pesquisador, Embrapa Sede
Departamento de Transferência de Tecnologia (DTT)
2. RESUMO
1. Comparativo entre iLPF e SAFs
2. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF)
3. Sistemas Agroflorestais (SAFs)
4. Dinâmica de Carbono em iLPF e SAFs
5. Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de
Carbono)
6. Considerações Finais
4. LAVOURA FLORESTA PECUÁRIA
Culturas+Árvores Culturas+Árvores+Animais Árvores+Animais
Sistema Silviagrícola Sistema Agrossilvipastoril Sistema Silvipastoril
Culturas+Animais
Sistema Agropastoril
Sistemas Integrados
5. Comparativo entre iLPF e SAFs
Sistemas Agroflorestais Integração Lavoura-Pecuária-
(SAFs) Floresta (iLPF)
• Sistema Silviagrícola é o • Não há um sistema predominante
predominante. (estratégia de produção).
• Presença obrigatória do • Iniciou com a Integração Lavoura-
componente florestal Pecuária (Sistema Agropastoril).
(madeireiro e não-madeireiro). • Maioria dos sistemas, há
• Eventualmente, com componente presença do componente animal
animal. (ou de pastagens).
• Alternativas de arranjos para • Alternativas de arranjos para
pequena propriedade rural. pequena, média e grande
• Sistemas Integrados mais propriedade rural.
complexos e mais diversos. • Sistemas integrados mais
simplificados.
7. Conceito da iLPF
“A iLPF é uma estratégia de
produção sustentável, que
integra atividades
agrícolas, pecuárias e florestais,
realizadas na mesma área, ...
8. Conceito da iLPF
... em cultivo consorciado, em sucessão ou
rotacionado, buscando efeitos sinérgicos entre
os componentes do agroecossistema,
contemplando a adequação ambiental, a
valorização do homem e a viabilidade
econômica.”
Fonte: Balbino et al. (2011)
Marco Referencial: integração lavoura-pecuária-floresta.
9. S
Sist e ma ant INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (iLP)
SISTEMA AGROPASTORIL
a Fé
Tecnologia
“Sistema Santa Fé”
1 2 3
4 5 6
7 8 9
11. • Espécies Madeiráveis: Eucalipto, Pinus, Teca, Paricá, etc.
• Espécies Forrageiras: Braquiárias, Andropogon, etc.
• Espécies de Plantas Anuais: soja, milho, sorgo, arroz, feijão, etc.
• Espécies de Animais: bovinos de corte, bovinos de leite, ovinos, etc.
Arroz Soja Milho
Sorgo Madeira ou Carne ou
Celulose Leite
• OBS: em prazo médio e longo quem permanece na iLPF é, normalmente, uma
espécie florestal e/ou uma espécie forrageira (pastejo).
13. Nova Canaã do
Norte - MT
1º ano: arroz + árvore
2º ano: arroz + árvore
3º ano: soja + árvore
4º ano: pasto + árvore
3º ano: Eucalyptus spp. x Soja
2º ano: Ochroma pyramidale x arroz 3º ano: Tectona grandis x Soja
14. SSP de freijó [Cordia alliodora (Ruiz
SSP de Teca (Tectona grandis L.F.) & Pavon) Oken],
SSP de paricá (Schizolobium SSP de samaúma (Ceiba pentandra
amazonicum Huber ex Ducke) Gaerth)
Fonte: Dutra et al. (2007)
Fotos: Rosana Maneschy
18. Conceito de SAF
SAF (Sistema Agroflorestal) é o nome coletivo para
sistemas de uso da terra e tecnologias nas quais espécies
lenhosas perenes (árvores, arbustos e palmeiras) são
deliberadamente usadas na mesma unidades de manejo
associadas com cultivos agrícolas e/ou animais de acordo
com o arranjo espacial, de maneira simultânea ou em uma
sequência temporal. Em um SAF deve haver tanto interações
ecológicas como econômicas entre os diferentes
componentes.
Fonte: Nair (1990), Montagnini (1992)
e Duboc (2008)
21. • Espécies Madeiráveis: Freijó, Castanheira, Paricá, Nim, Teca, Cedro,
Ipê, Mogno, Pau-Brasil, Taxi-Branco, etc.
• Espécies Frutíferas Perenes: Cupuaçu, Açaí, Cacau, Acerola, Graviola,
Pupunha, Caja Tapereba, Muruci, Manga, Goiaba, Jaca, Jambo, Citrus,
Jaboticaba, Lichia, etc.
• Espécies Frutíferas Semi-perenes: Banana, Maracujá, Mamão,
Melancia, Abóbora, Abacaxi, etc.
• Espécies de Plantas Adubadoras: Ingá, Gliricídia, Guandu, Tefrósia, etc.
• Espécies de Plantas Anuais: milho, arroz, feijão, mandioca, batata doce,
amendoim, feijão-caupi, etc.
• OBS: em prazo médio e longo quem permanece no SAF é, normalmente,
uma espécie florestal e/ou uma ou duas espécies frutíferas perenes.
22. Produção anual de culturas sombreadas em
SAFs 2005 a 2009- Altamira-PA
Produção das Culturas Agrícolas em kg
Ano Mogno Africano Mogno Africano Teca Mogno Africano Mogno Africano
X X X X X
Cacau1 Guaraná2 Guaraná2 Cupuaçu3 (3x3) Cupuaçu3 (6x6)
2005 107,060 Sem Dados Sem Dados Sem Dados Sem Dados
2006 76,480 41,250 40,080 434 54
2007 129,040 43,600 55,900 1115 284
2008 128,315 53,803 47,445 620 187
2009 216,030 29,900 20,230 571 257
Fonte: Pedro Celestino Filho, Guilherme
Britto e Giovanilda Viana (Embrapa
Amazônia Oriental/NAPT, Altamira-PA)
25. Dinâmica do Carbono em iLPF
Mg de C ha-1 ano-1
Melhorada
+ 0,2
- 0,2
+ 1,1
?
- 0,2
Fonte: Carvalho et al. (2010)
26. Potencial de sequestro de carbono e de mitigação da
emissão de GEEs do eucalipto (somente o tronco –
exigências do IPCC) em sistemas de iLPF aos 16 meses
Densidade Sequestro PNEB*
de árvores C (kg/árvore) C (t/ha) CO2eq (t/ha) (UA/ha)
357/ha. 4,3 1,5 5,5 3,04
227/ha. 4,1 0,9 3,4 1,84
* PNEB = Potencial de neutralização da emissão de GEEs de um bovino com 450 kg de peso
vivo (~ 1,5 t/ha/ano de CO2 eq.).
Fonte: Almeida et al. (2011).
Foto: A. N. Kichel
27. Dinâmica de Carbono em SAFs
• Exemplos de estoques de carbono em SAFs:
2 a 5 Mg de C ha-1 ano-1 (Fernandes, 2009)
3,75 Mg de C ha-1 ano-1 (May et al., 2005)
59 Mg de C ha-1 (muitos anos Peru) (Alegre e Arévalo, 2009)
80 Mg de C ha-1 (muitos anos Amazônia) (Mattos e Cau, 2009)
12 a 228 Mg de C ha-1 (muitos anos Trópico Úmido) (Cadisch et al., 2006)
• Capítulo de Livro: “Silvopasture and Carbon
Sequestration with special reference to the
Brazilian Savanna (Cerrado)”.
Fonte: Nair et al. (2011). In: Kumar e Nair (2011)
28. 5. Plano ABC (Agricultura de Baixa
Emissão de Carbono)
29. Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às
Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma
Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura
Plano ABC
Objetivo Geral:
Promover a mitigação da emissão de GEE na agricultura,
no âmbito da Política Nacional de Mudanças Climáticas
(PNMC), melhorando a eficiência no uso de recursos
naturais, aumentando resiliência de sistemas produtivos e de
comunidades rurais, e possibilitar a adaptação do setor
agropecuário às mudanças climáticas.
30. Objetivos Específicos do Plano ABC
Contribuir para a consecução dos compromissos de redução da emissão de GEE
assumidos voluntariamente pelo Brasil no âmbito dos acordos climáticos
internacionais e previstos na legislação;
Garantir o aperfeiçoamento contínuo e sustentado das práticas de manejo que
reduzam a emissão dos GEE e adicionalmente que aumentem a fixação
atmosférica de CO2 na vegetação e no solo dos setores da agricultura brasileira;
Incentivar a adoção de Sistemas de Produção Sustentáveis que assegurem a
redução de emissões de GEE, enquanto elevem simultaneamente a renda dos
produtores, sobretudo com a expansão das seguintes tecnologias: (i) Recuperação
de Pastagens Degradadas; (ii) Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e
Sistemas Agroflorestais (SAFs); (iii) Sistema Plantio Direto (SPD); (iv) Fixação
Biológica do Nitrogênio (FBN); e, (v) Florestas Plantadas;
Incentivar o uso de Tratamento de Dejetos Animais para geração de energia e
compostagem;
Incentivar os estudos e aplicação de técnicas de adaptação de plantas, de
sistemas produtivos e de comunidades rurais aos novos cenários de aquecimento
atmosférico, em especial aquelas de maior vulnerabilidade; e,
Promover esforços para se reduzir o desmatamento de florestas decorrente dos
avanços da pecuária e outros fatores, nos Biomas Amazônia e Cerrado.
31. Histórico do Plano ABC
• COP-15: governo brasileiro divulgou o compromisso de
redução das emissões até 2020, entre 36,1% e 38,9%.
• Ações voluntárias (NAMAs):
1) Redução, em 80%, da taxa de desmatamento na Amazônia, e em 40% no
Cerrado;
2) Adoção na agricultura de: recuperação de pastagens degradadas; integração
lavoura-pecuária-floresta; sistema plantio direto e fixação biológica de nitrogênio;
3) Ampliação da eficiência energética: uso de bicombustíveis, oferta de
hidrelétricas e fontes alternativas de biomassa, eólicas, pequenas centrais
hidrelétricas, e uso de carvão de florestas plantadas na siderurgia.
32. Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC)
• Esse compromisso acelerou a Política Nacional sobre Mudança do
Clima – PNMC (Lei Federal nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009).
• Prevê ações de P&D e TT, estratégias de fomento, linhas de
financiamento, medidas fiscais, etc., bem como formas de
Monitoramento, Reporte e Verificação (MRV) e Adaptação.
• Poder Executivo estabelecerá os Planos Setoriais de Mitigação e de
Adaptação em setores da economia.
• Decreto Federal nº 7.390, de 9 de dezembro de 2010, regulamenta os
arts. 6o, 11 e 12 da Lei no 12.187 que institui a PNMC, e dá outras
providências.
33. Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas
para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de
Carbono na Agricultura
Compromissos do Plano ABC
Processo Tecnológico Compromisso
(aumento de área/uso)
Recuperação de Pastagens Degradadas 15,0 milhões ha
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF)1 4,0 milhões ha
Sistema Plantio Direto 8,0 milhões ha
Fixação Biológica de Nitrogênio 5,5 milhões ha
Florestas Plantadas 3,0 milhões ha
Tratamento de Dejetos Animais 4,4 milhões m3
Total
1 Incluindo Sistemas Agroflorestais (SAFs) = 2,76 milhões de hectares.
34. Programas do Plano ABC
1. Recuperação de Pastagens Degradadas
2. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e de
Sistemas Agroflorestais (SAFs)
3. Sistema Plantio Direto (SPD)
4. Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN)
5. Florestas Plantadas
6. Tratamento dos Dejetos Animais
7. Adaptação às Mudanças Climáticas
35. Programa 2: iLPF e SAFs
Meta: ampliar a área com iLPF e SAFs em 4 milhões de hectares
Ações:
• Capacitar produtores rurais e técnicos
• Manter e ampliar as redes de URTs em sistemas de produção de iLPF e
de SAFs como suporte as ações de transferência de tecnologia e ao
monitoramento de longo prazo
• Realizar eventos de transferência de tecnologia
• Disponibilizar insumos básicos (mudas) para implantação de iLPF e de
SAFs nos estabelecimentos de agricultores familiares e de assentados
da reforma agrária.
Resultados Esperados:
• Implantação de 4 milhões de ha com uso da iLPF e dos SAFs até 2020;
• Técnicos e produtores rurais capacitados.
Indicadores de Resultado: Área (ha) implantada com iLPF e SAFs.
36. Ações Previstas – Mitigação, Monitoramento
e Adaptação
1. Divulgação;
2. Capacitação (técnicos e produtores);
3. Transferência de Tecnologia;
4. Assistência Técnica e Planejamento Rural;
5. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação;
6. Disponibilização de insumos;
7. Regularização fundiária e ambiental;
8. Fomento a viveiros e redes de coletas de sementes;
9. Monitoramento (MRV) – Laboratório Virtual;
10. Adaptação, redução de vulnerabilidades e aumento de resiliência;
11. Ações transversais (sensibilização, articulação, etc.);
12. Crédito e Linhas de Financiamento (p.e. Programa ABC).
37. Programa ABC
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono
(ABC): é uma linha de crédito criada pelo MAPA.
Valor disponibilizado (2011) = R$ 3,15 Bilhões (5,5% a.a.).
Finalidade: financiar investimentos fixos e semi-fixos, além do
custeio (30-40%), destinados à:
recuperação de áreas e pastagens degradadas;
implantação de sistemas orgânicos de produção agropecuária;
implantação e melhoramento de sistemas plantio direto;
implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-
pecuária-floresta;
implantação, manutenção e manejo de florestas comerciais, inclusive aquelas destinadas ao uso industrial
ou à produção de carvão vegetal;
adequação ou regularização das propriedades rurais frente à legislação ambiental, inclusive a recuperação
de reserva legal e de áreas de preservação permanente, bem como o tratamento de dejetos e resíduos, entre
outros;
implantação de planos de manejo florestal sustentável; e
implantação e manutenção de florestas de dendezeiro, prioritariamente em áreas produtivas degradadas.
39. Fórum Brasileiro
de Mudanças
Lei 12.187 e Climáticas
Casa Civil,
Ministérios e
Decreto 7.390 (PNMC) (FBMC)
Sociedade
Planos Setoriais de Mitigação e Adaptação
Desmatamento Desmatamento Agricultura Eficiência Carvão na Outros Planos
Amazônia Cerrado Energética Siderurgia Setoriais
OEPAs
1.Recuperação de Pastagens Degradadas
ATER
Universidades 2.Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF)
3.Sistema de Plantio Direto (SPD)
4.Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN)
Tecnologias,
Serviços e 5.Florestas Plantadas
Produtos 6.Tratamento de Resíduos Animais